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Legislação e Normas

Aplicada a Segurança do
Trabalho
Débora Silva dos Santos

Técnico em
Segurança do Trabalho
Legislação e Normas
Aplicada a Segurança do
Trabalho
Débora Silva dos Santos

Curso Técnico em
Segurança do Trabalho

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | fevereiro 2024


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
Débora Silva dos Santos Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Revisão
Ana Pernambuco de Souza
Débora Silva dos Santos

Coordenação de Curso Coordenação Geral (ETEPAC)


Alcione Moraes de Melo Souza Arnaldo Luiz da Silva Junior
Gustavo Henrique Tavares
Coordenação Design Educacional Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Deisiane Gomes Bazante Paulo Euzébio Bispo
Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................5

UNIDADE 01 | Compreender o processo da evolução histórica na Legislação Trabalhista, bem como


a sua relação com a Saúde e Segurança do Trabalho ......................................................................6

1.1 Surgimento e Evolução da Legislação........................................................................................................ 6


1.2 Constituição Federal e CLT ...................................................................................................................... 10
UNIDADE 02 | Conhecer a Importância das Normas Regulamentadoras – NRs e principais Normas
Internacionais, a partir de sua aplicabilidade no ambiente laboral ............................................... 17

2.1 Criação e importância das Normas Regulamentadoras .......................................................................... 17


2.2 Noções básicas sobre o Direito Civil e Trabalhista .................................................................................. 23
UNIDADE 03 | Compreender sobre o direito do trabalhador a partir das legislações previdenciárias
.................................................................................................................................................... 28

3.1. Legislação Previdenciária ....................................................................................................................... 28


3.2. Responsabilidade Civil e Penal/Criminal ................................................................................................ 31
3.3 Relações entre a OIT e a Segurança do Trabalho .................................................................................... 35
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 37

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 38

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................. 40


INTRODUÇÃO
Caro Estudante,
Seja bem-vindo (a) a Disciplina de Legislação e Normas Aplicada à Segurança do Trabalho.
Nesta primeira unidade, vamos estudar e compreender o processo da evolução histórica na
Legislação Trabalhista, bem como a sua relação com a Saúde e Segurança do Trabalho. Na segunda
unidade, vamos estudar e conhecer a importância das Normas Regulamentadoras - NRs e as principais
Normas Internacionais, a partir de sua aplicabilidade no ambiente laboral. Já, na terceira unidade,
vamos estudar e compreender sobre o Direito do Trabalhador a partir das Legislações Previdenciárias.
Durante essa disciplina, iremos discutir alguns aspectos relacionados ao surgimento e
evolução da Legislação. A Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. A criação
e importância das Normas Regulamentadoras. Falaremos sobre noções básicas em relação ao Direito
Civil e Trabalhista. Iremos abordar a Legislação Previdenciária. Responsabilidades Civil e Penal, e a
relação entre a Organização Internacional do Trabalho - OIT e a Segurança do Trabalho.

ATENÇÃO! Não esqueça que a sua participação no AVA é fundamental. Nossa


equipe de professores, estará sempre disponível para esclarecer as possíveis
dúvidas, nos canais de comunicação (Fóruns, chats e mensagens diretas). Este é
o momento de buscar o diferencial para sua vida profissional caro estudante!

O objetivo principal desta disciplina é preparar você, caro estudante, para aplicar de
forma efetiva as Normas e Leis de Segurança do Trabalho em ambientes laborais, contribuindo para
a proteção da saúde e a integridade dos trabalhadores, e o cumprimento das boas práticas no campo
da Segurança e da Legislação Trabalhista. Você, caro estudante, nos acompanha nessa jornada?
Desejamos a você uma trajetória de sucesso! Bons estudos!
Prof.ª Débora Silva dos Santos

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UNIDADE 01 | Compreender o processo da evolução histórica na
Legislação Trabalhista, bem como a sua relação com a Saúde e Segurança
do Trabalho
Que tal, antes de prosseguir com o estudo desta unidade, saber a importância das leis e
normas para a saúde e segurança dos trabalhadores?!

Acesse o AVA e ouça o podcast desta unidade para conhecer o que irá
acontecer ao longo desta semana e a importância das leis e normas para a saúde e
segurança dos trabalhadores.

Agora que você já teve acesso ao podcast, vamos dar continuidade ao nosso conteúdo!
Se alguém lhe perguntar “Você já teve alguma experiência ou conhece alguém que
precisou lidar com a Legislação Trabalhista em seu ambiente de trabalho?”, O que você responderá?
Pensando rápido, pode parecer um pouco difícil dar uma resposta adequada, não é? Porém, sabemos
que a Legislação Trabalhista, hoje, está por toda a parte, em todo lugar, e conseguimos facilmente
citar exemplos de elementos reais ligados a ela. E como será que ela surgiu? Você sabe? Você
consegue imaginar o mundo sem a Legislação Trabalhista? Iniciaremos a busca pelas respostas para
essas e outras questões nesta primeira unidade.
Você me acompanha nessa jornada? Que tal começarmos buscando responder “Como se
deu o surgimento e evolução da Legislação”?

1.1 Surgimento e Evolução da Legislação

Esta unidade visa discutir aspectos ligados às Leis Trabalhistas e nós assumimos que você
não possui uma formação jurista, é importante começarmos nossa jornada pela compreensão do que
entendemos por leis, e as quais esta se relaciona com o que iremos estudar. Consideramos, nesta
unidade, a definição de leis dada pelo dicionário Michaelis (1998) para o qual: “A palavra “lei” pode
ter diferentes significados, a depender do contexto em que será utilizada”. Conforme o Dicionário
Michaelis, a lei pode ser entendida como o conjunto de costumes, práticas ou regras que constituem

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a lei orgânica, prescrevendo a natureza e as condições de existência de um Estado ou de outra forma
de comunidade organizada. Além disso, a lei pode ser vista como tudo que é juridicamente
obrigatório.

Figura 01 – Livro representando as leis.


Fonte: https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-2212/os-sindicatos-na-revolucao-industrial-britanica/
Descrição da Figura: Um livro, com predominância da cor marrom, é simbolizado por uma balança em amarelo,
destacando seu compromisso com a justiça e equidade. A presença da balança representa o símbolo da lei, focando a
busca por imparcialidade na aplicação das normas legais.

Está preparado, caro estudante, para explorar essa temática e refletir sobre ela? Então,
vamos aos estudos.
Você como futuro Técnico de Segurança do Trabalho precisa estar por dentro das Leis
Trabalhistas. Mas, você conhece a história da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT? E a
importância dos direitos e deveres que ela contém?
Tudo começou entre o fim do século XIX e o início do século XX, nessa época, o Brasil
estava passando por mudanças sociais e econômicas muito profundas. A escravidão foi abolida nessa
época, os imigrantes chegaram ao Brasil e a indústria se desenvolveu, mas a jornada diária de trabalho
ainda era precária passando de 15 horas. Isso sem falar na mão de obra infantil. Essas mudanças
refletem aquilo que estava acontecendo ao redor do mundo. Trabalhadores em ampla desvantagem,
e empregadores como mão de obra farta, principalmente devido ao aumento da população.

Figura 02 – Mão de obra escrava.


Fonte: https://www.canva.com/

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Descrição da imagem: Na imagem de tons escuros, vemos dois homens. Um deles está representado com uma
corrente no pescoço, simbolizando desafios e opressão. A corrente no pescoço destaca a privação de liberdade e
injustiças enfrentadas por muitos. A imagem busca transmitir uma mensagem poderosa sobre a história e as lutas
enfrentadas por aqueles que foram submetidos a adversidades.

Nesse período, o Brasil tinha apenas algumas Leis Trabalhistas isoladas como Decreto
1.313 de 1891 que regulamenta a fiscalização de fábricas com mão de obra com menores de idade.
Após a Primeira Guerra Mundial, veio o aumento do desemprego e os baixos salários.
Levando os trabalhadores a lutarem por seus direitos, assim um ano depois do fim da guerra em 1919,
foi criada a Organização Internacional do Trabalho - OIT, com o intuito de trazer mais uniformidade
para essas reivindicações. Com isso, aos poucos, o cenário começou a mudar, e, no Natal de 1925, o
Presidente Arthur Bernardes sanciona a Lei (Decreto 4.982 de 24 de dezembro de 1925) concede
anualmente 15 dias de férias aos empregados e operários.
A Legislação Trabalhista Brasileira começa a ganhar forma depois da crise de 29 durante
o governo Getúlio Dornellas Vargas, contudo as primeiras leis publicadas foram pensadas mais para
organizar os fatores de produção do que para garantir direitos.
O salário mínimo é finalmente definido por meio do decreto - Lei nº 2.162 por Getúlio
Vargas e passa a vigorar no dia 1.º de maio de 1940 no Dia do Trabalhador. E para unificar as Leis
vigentes, Getúlio Vargas decreta a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, em 1943 durante o
Estado Novo, e não foi por coincidência que o decreto foi assinado no dia 1.º de maio.

Figura 03 – Trabalhadores reivindicando seus direitos.


Fonte: https://www.canva.com/
Descrição da imagem: Uma cena visual mostra vários trabalhadores nas ruas, empunhando cartazes enquanto
reivindicam por seus direitos. A imagem retrata um protesto ou manifestação onde os participantes expressam suas
demandas e preocupações relacionadas ao trabalho e à busca por condições mais justas.

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A partir desse momento em diante, a CLT passou por mudanças desde então. Depois de
um longo processo que recebeu críticas de patrões e forte pressão de sindicatos, João Goulart assina
a Lei que decreta o 13.º salário em 1962 garantindo um salário a mais por ano para o trabalhador.
Em 1966 durante o Regime Militar, foi criado o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –
FGTS, com o objetivo de fornecer uma garantia ao trabalhador demitido sem justa causa e de
financiar obras na área da habitação.
A Constituição de 1988 ampliou os direitos e, atualmente, a CLT tem quase mil artigos
com direitos e deveres de empregadores e de empregados. Atualmente ela ainda passa por muitas
mudanças, algumas são pequenas, outras bem significativas, como é o caso da reforma Trabalhista
de 2017, que buscou atualizar as relações laborais segundo as transformações digitais, relacionais e
sociais. Saiba caro estudante que os direitos e deveres trabalhistas vão seguir sempre mudando sendo
constantemente atualizados conforme a necessidade, portanto, você deve se manter sempre
atualizado.
Vamos falar agora sobre a Legislação Aplicada à Segurança do Trabalho e, para iniciarmos,
falaremos um pouco mais da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que tem como objetivo
reduzir a pobreza e promover a melhoria de oportunidades para os trabalhadores, afim de que eles
possam ter acesso a um trabalho digno e produtivo em condições de liberdade, de equidade, de
segurança e de dignidade humana.
Ela é uma instituição tripartite que estabelece a filosofia e direitos humanos
fundamentais: “Código Internacional do Trabalho”, e esse estabelecimento acontecem através das
Convenções que nada mais são do que recomendações que têm por objetivo a universalização das
normas de justiça social relacionadas ao trabalho, e cada estado-membro é obrigado a apresentar a
cada dois anos um relatório sobre a aplicação da convenção.
Então, o que é importante que você entenda sobre a OIT? Ela é uma instituição que é
tripartite, ou seja, ela tem um representante dos trabalhadores, um representante dos
empregadores, e um representante do estado que estão discutindo questões importantes.
Como exemplo, os “trabalhadores (as) domésticos (as)”, no mundo inteiro, faltava uma
legislação que cuidasse especificamente dessa categoria de atividade econômica de serviço. Então,
todos os países-membros, os estados-membros fizeram suas comissões tripartites, para pensar e
refletir sobre a justiça social de quem é empregado (a) doméstico (a).

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E saiu uma convenção que foi assinada pelo Brasil, e não por acaso, no início do Século
XXI, tivemos uma legislação que deu mais seguridade social aos trabalhadores domésticos.
A OIT surge pós-Segunda Guerra Mundial e ela está associada diretamente à Organização
das Nações Unidas – ONU, e como o Brasil é um país associado a um estado-membro da OIT, ele pode
acatar se assina ou não as Convenções. E elas são importantes porque, quando o Brasil ou qualquer
outro Estado-membro atinge as metas da Convenção, ele tem mais credibilidade internacional, por
exemplo, para pedir um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional – FMI, ele tem também um
poder de voz mais forte na ONU, porque ele está cumprindo as regras que foram estabelecidas pelas
Convenções.
É importante que você entenda como funciona a Convenção que vai determinar as regras
e vai falar sobre justiça social de algumas atividades profissionais, e que o Brasil pode ratificar, ou
seja, ele pode dizer que concordar e que precisa rever essas condições de trabalho, com isso, se o
Brasil assina, ele tem que cumprir.
Você conseguiu entender? Tudo bem até aqui? Espero que sim! Como eu sei que você
caro estudante tem o perfil investigativo, próprio de quem vai exercer a profissão de Técnico de
Segurança do Trabalho, então sugiro que leia este material que separei para aprofundamento dos
seus estudos:

Que tal se aprofundar sobre a ONU? É só clicar:


https://brasil.un.org/pt-br

1.2 Constituição Federal e CLT

Para você, caro estudante, conhecer de maneira geral todas as questões legais
relacionadas à Saúde e Segurança do Trabalho, temos a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
sendo instituída pelo Decreto-Lei 5.452 de 1943, durante a Era Vargas o governo populista do
Presidente Getúlio Vargas, que começou a instituir os direitos para os trabalhadores de maneira geral.
Dessa forma, a CLT também instituiu algumas Normas Específicas para a Área de Saúde e
Segurança no Trabalho. Então, até hoje, e desde 1943 temos Normas e que sempre vão evoluindo os

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requisitos regulamentares, com as instituições específicas, e as suas determinações, como, por
exemplo, as Normas Regulamentadoras – NRs para instituir as práticas e organizar as rotinas em
Saúde e Segurança do Trabalho no Brasil. Com o principal objetivo, a prevenção de acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho para com os Trabalhadores.
No Artigo 2.º, do Decreto-Lei da CLT que se considera empregador a empresa individual,
ou coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica. Com isso, todo empresário, ou seja,
aquela pessoa que constitui o CNPJ que desenvolve uma empresa, e contrata pessoas, assume o risco
da atividade econômica que quer desenvolver, estando com a obrigatoriedade de cumprir requisitos
legais das legislações na área trabalhista, e começa-se pela CLT.
Na CLT, nós temos vários artigos que são relacionados à Saúde e Segurança do Trabalho,
em especificamente o Capítulo V, que versa sobre Saúde, Segurança e Medicina do Trabalho. É
importante que você futuro Técnico de Segurança do Trabalho, conheça e pratique, porque além de
você atuar na área de Saúde e Segurança do Trabalho, você irá atuar com as questões de prevenção
de acidentes e doenças ocupacionais. Muitas vezes, você vai está orientando os trabalhadores em
conjunto com os gestores e liderança das empresas no sentido da aplicação da legislação, pois não
somos profissionais fiscalizadores da legislação, mas somos profissionais que atuam praticando e
literalmente cumprindo a legislação.
Está tudo bem até este ponto, caro estudante? Caso contrário, recomendo que reveja o
conteúdo antes de continuar com a leitura.
Para um maior aprofundamento acerca da CLT, é necessário, caro estudante, conhecê-la
a fundo, e isso pode ser feito a partir da consulta na íntegra.

Que tal se aprofundar sobre a CLT? É só clicar:


https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/535468/clt_e_normas
_correlatas_1ed.pdf
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/535468/clt_e_normas

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Figura 04 – Mudança das leis e decretos.
Fonte: https://www.canva.com/
Descrição da imagem: A imagem destaca um imponente martelo da lei, símbolo de justiça e autoridade, ao lado de um
documento que simboliza a mudança legal, representando a concretização de novas leis e a garantia de justiça e
evolução na sociedade.

E, em 1977, a Lei 6.514 alterou o Capítulo V da CLT, e os artigos que ficaram em vigência
depois dessa modificação são os artigos de 154 a 201 e este Capítulo V trata em especial das
obrigatoriedades das empresas e dos direitos e deveres dos empregados quanto às medidas de
prevenção e proteção.
Muitos trabalhadores acabam achando que só têm direitos, mas eles também têm
deveres, e as empresas também acabam achando que só têm direitos e não possuem deveres,
portanto, é importante que todos os trabalhadores de qualquer atividade realizada no nosso país
leiam os artigos 154 a 201 do Capítulo V da CLT para entender o que é obrigatório a empresa fornecer,
quais são os seus deveres, e quais são seus direitos, dentro desse contexto de Saúde e Medicina do
Trabalho.
No Artigo 155, estão as disposições gerais e lhe incumbe ao órgão no ambiente nacional
competente em matéria de Segurança e Medicina do Trabalho: I - estabelecer os limites da sua
competência, para a aplicação, é sobre esse Capítulo, especialmente os referidos no artigo 200.
Você sabe quem é o órgão de competência de fiscalização de questões relacionadas à
Saúde e Segurança do trabalho no Brasil?
É o Ministério do Trabalho e Emprego, órgão responsável pela atuação, fiscalização e
normatização da Segurança e Trabalho no Brasil.

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Da Inspeção Prévia e do Embargo e Interdição, vamos ter uma Norma Regulamentadora
específica sobre esse tema. Vamos estar abordando sobre as Normas Regulamentadoras na próxima
Unidade.
No Artigo 161 conforme regulamento técnico da Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho do Ministério da Economia, à vista do relatório técnico do Auditor Fiscal, então o Ministério
da Economia, antigo Ministério do Trabalho, tem sua equipe de fiscalização que são os Auditores-
fiscais do trabalho que executam a fiscalização. Do cumprimento da legislação, e sempre que houver
alguma fiscalização, que pode ser por denúncia, e houver um grave ou iminente risco para o
trabalhador, o Auditor Fiscal pode fazer nessa inspeção prévia, um embargo ou interdição. Então, o
Auditor Fiscal poderá interditar a atividade do estabelecimento, ou interditar só uma máquina, só um
setor da empresa que está apresentando um risco grave e iminente para aqueles trabalhadores, e o
restante dos setores daquela empresa que não estão apresentando nenhum risco, não será
interditado.
Dos órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho que chamamos de Serviços
Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT existe também uma Norma
Regulamentadora específica para a composição do SESMT, temos no Artigo 162 que as empresas
estarão obrigadas a manter os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho, significa
que a empresa a partir do momento que estiver no enquadramento específico da Norma
Regulamentadora n.º 4 que é o SESMT atual, ela pode sofrer alterações assim como qualquer outra
norma, enquadrando-se nos requisitos determinados pela norma nós teremos então a
obrigatoriedade daquela empresa, conforme quesitos, de constituir o SESMT, vai ter que contratar
profissionais esses profissionais vão ter claramente disposições ou a tarefas, e às atividades
específicas para serem realizadas no ambiente de trabalho.
Entre os objetivos do SESMT está a proteção do trabalhador no seu ambiente de trabalho,
bem como reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais.
Aprofunde seus conhecimentos sobre o SESMT:

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Obrigatoriedade do SESMT:
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-
conteudo/2023/setembro/portaria-do-mte-obriga-registro-dos-servicos-
especializados-em-seguranca-e-medicina-no-trabalho-via-plataforma-gov.br

https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-
conteudo/2023/setembro/portaria-do-mte-obriga-registro-dos-servicos-
especializados-em-seguranca-e-medicina-no-trabalho-via-plataforma-gov.br

São muitas as orientações dispostas na CLT sobre Saúde e Segurança do Trabalho no


Brasil, recomendo que faça uma leitura minuciosa, e estude a fundo toda a CLT, pois vimos que as
empresas têm a obrigação de cumprir e fazer cumprir as Normas de Segurança do Trabalho e de
instruir os trabalhadores sobre as precauções para evitar acidentes. Aos trabalhadores, também cabe
observar os requisitos das Normas de Segurança. Portanto, todos têm sua parcela de
responsabilidade na prevenção de acidentes, onde as ações preventivas em Saúde e Segurança do
trabalho aumentam, sem dúvida, alguma a produtividade das empresas.
Na próxima unidade, estaremos conhecendo sobre as Normas Regulamentadoras – NRs,
e comece a perceber, caro estudante, que, na CLT, basearam-se Normas Regulamentadoras
específicas para o desenvolvimento das nossas práticas profissionais na área de Saúde e Segurança
do Trabalho.
Hora de fazer aquela pausa, caro estudante. Sigamos na nossa jornada!

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Figura 5: Infográfico contendo as constituições que antecederam a CF de 1988.
Fonte: Accioly,2023.
Descrição da imagem: A imagem traz um quadro na cor bege, onde, na parte superior, há uma faixa vermelha com o
título: constituições que antecederam a CF de 1988. O quadro está dividido por uma linha do tempo ao centro. Para
cada uma das constituições, há uma figura correspondente ao lado oposto da divisão do quadro de forma a intercalar
figuras e constituições referentes. Iniciando, de cima para baixo, com o martelo que representa o direito – ao lado
Constituição de 1824. Abaixo, Constituição de 1891 – ao lado uma carta com uma pena de escrita sobreposta. A seguir,
uma caneta marcando três lacunas – ao lado Constituição de 1934. Logo abaixo, Constituição de 1937 e, ao lado, três
mãos erguidas fechadas. Logo abaixo, uma lacuna marcada - ao lado Constituição de 1946 e finalizando o quadro com
Constituição de 1967 – ao lado 5 livros empilhados. Fim da audiodescrição.

Agora vamos falar da nossa Constituição Federal de 1988, também conhecida como
Constituição Cidadã, e em especial o seu título II que fala de direitos e garantias fundamentais. No
Título II, Capítulo II dispõem os direitos sociais e no Artigo 6.º a seguinte informação:
Art.6.º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
Previdência Social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
Em 1988 na Constituição Cidadã, dos direitos e garantias fundamentais está a Proteção à
Saúde do Trabalhador.

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Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXII - Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança.
XXIII - Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
forma da lei.
XXVIII - Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado quando, incorrer em dolo ou culpa.

Na década de 70 em especial, o Brasil começou a figurar entre um dos países que mais
tinham acidentes do trabalho com óbito, e isso se deu em especial devido à quantidade de grandes
obras que estavam acontecendo no nosso país por decisões do governo militar, ou seja, muitas obras
estavam acontecendo como a construção de usinas hidrelétricas, estádios de futebol, estradas e
pontes entre outras. Importantes obras estavam sendo construídas no Brasil, mas infelizmente com
essas grandes obras vieram junto grandes acidentes. Com isso, a Organização Internacional do
Trabalho e o Fundo Monetário Internacional olharam para o Brasil e disseram que deveriam ser
criadas normas e procedimentos para evitar essa quantidade de acidentes ou então o Brasil iria ter
como consequência problemas internacionais.

Chegou a hora de revisar todo nosso conteúdo, recomendo agora que você
acesse a videoaula desta semana: até lá!

Chegamos ao momento final da unidade, até aqui, você foi capaz de conhecer e
aprofundar conhecimentos sobre a importância de compreender o processo da evolução histórica na
legislação trabalhista, bem como a sua relação com a saúde e Segurança do Trabalho. Espero que
você tenha gostado dessa unidade. Bons estudos!

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UNIDADE 02 | Conhecer a Importância das Normas Regulamentadoras –
NRs e principais Normas Internacionais, a partir de sua aplicabilidade no
ambiente laboral

2.1 Criação e importância das Normas Regulamentadoras

Nesta unidade, vamos conversar um pouco sobre o que são as Normas Regulamentadoras
conhecidas como NRs. Elas são dispositivos complementares ao Capítulo V da CLT, ou seja, as NRs
existem para complementar a CLT.
E aí, caro estudante, você sabe o que é uma NR? Se você quer saber mais sobre essas
legislações, venha comigo nessa jornada!
Antes de conhecer as principais normas, é fundamental que você saiba o que é
exatamente uma NR. Você tem algum palpite? Bem as Normas Regulamentadoras também
conhecidas pela sigla NR são o conjunto de determinações e procedimentos técnicos relacionados à
Segurança e Saúde do Trabalhador em determinada atividade produtiva.
O artigo 200 da CLT normatiza as NRs, ele relata que cabe ao Ministério do Trabalho
estabelecer as normas de segurança complementares, e essas normas complementares são as NRs.
A CLT no seu Capítulo V fala sobre Segurança do Trabalho, porém, como o assunto de segurança
trabalha exigia uma maior atenção, existiu a necessidade de se ter uma legislação complementar a
CLT, regulamentando a relação de trabalho no que diz respeito à Saúde e Segurança. Assim se
originaram as Normas Regulamentadoras - NRs, detalhando minuciosamente o que já estava
estabelecido na CLT.
Mas, você pode estar se perguntando qual foi a origem das Normas Regulamentadoras?
Qual legislação que deu origem às NRs?
As Normas Regulamentadoras foram criadas pela portaria do Ministério do Trabalho e
Emprego - MTB 3.214 em 8 de Junho de 1978, essa portaria aprovou as 28 NRs que existiam na época,
durante esse período, praticamente todas as áreas ocupacionais necessitavam de um direcionamento
legal para que pudessem ser efetuadas ações de melhorias nos ambientes de trabalho, pois o número
de acidentes e de adoecimentos era extremamente alto e, com o passar dos anos, outras normas

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foram elaboradas com o objetivo de assegurar a manutenção da segurança, e saúde de trabalhadores,
em segmentos econômicos.
Atualmente, existem 38 Normas Regulamentadoras. Ao longo do tempo, as 28 NRs iniciais
foram sendo revisadas e acrescentadas novas, porém dessas ,38 NRs existentes no momento, apenas
36 NRs estão vigentes. Duas NRs foram canceladas, ou seja, revogadas: NR 2 que tratava da inspeção
prévia, e a NR 27 que tratava sobre o registro profissional do Técnico de Segurança do Trabalho.
Você sabe como as Normas Regulamentadoras são criadas? E por que elas são
importantes para o ambiente profissional?
Elas são criadas a partir das necessidades que podem surgir da parte do sindicato, dos
trabalhadores, do governo, ou do número de acidente ou de adoecimento que está alto, então
qualquer uma dessas necessidades pode provocar a comissão tripartite que como já vimos ela é
formada por representantes do Governo dos trabalhadores e dos empregados.
Essa comissão tripartite se reúne para criar ou alterar as NRs, e é feito nesse modelo de
tripartismo justamente para que os três entes tenham voto, tenham oportunidade de se expressar,
e para que a norma não fique nem pendente para o governo, ou para os trabalhadores, ou pendente
só para empresa, por isso esses três órgãos são convocados.
As NRs são importantes, pois reunirem as obrigações, direitos, e deveres, que devem ser
cumpridos, tanto por empregadores, quanto por empregados, e elas cumprem um papel muito
importante, que é o de garantir o ambiente de trabalho mais seguro, livre de riscos, e
consequentemente prevenir a ocorrência de acidentes como também de doenças ocupacionais.
Como vimos, atualmente existem 36 Normas Regulamentadoras definidas pelo Ministério
do Trabalho e Emprego, o MTE, que abrangem diferentes atividades ocupacionais, elas
complementam o Capítulo V da Segurança e da Medicina do Trabalho, do título II da consolidação
das leis do trabalho, a CLT, conforme visto anteriormente.
A NR 1 é uma das principais e mais abrangentes normas existentes no Brasil, ela serve
como base para interpretar as demais regulamentações de saúde e segurança do trabalho. Por isso,
você futuro Técnico de Segurança do Trabalho deve ficar atento às suas diretrizes para ajudar as
empresas a cumprir todas as obrigações legais.
Já a NR 4 é responsável por estabelecer os critérios necessários para organização dos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, o SESMT, incluindo

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a necessidade de que a equipe seja composta por profissionais ligados à área da Saúde e Segurança,
como Médicos, e Técnicos de Segurança do Trabalho. Conforme previsto na CLT, toda empresa deve
obrigatoriamente constituir o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho, o SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador
no local de trabalho a partir da redução de acidentes e doenças ocupacionais.
A NR 5 determina a criação de outra comissão de extrema importância para a Saúde
Segurança do Trabalho, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio – CIPA, ela
consiste em uma equipe de fiscalização interna que possibilita a participação ativa dos trabalhadores
nas questões relacionadas à segurança e as condições de trabalho, além disso a CIPA, também
incentiva a conscientização da prevenção de acidentes e das doenças de trabalho por meio da
organização de campanhas internas como a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho
(a SIPAT) para assim, assegurar um local de trabalho seguro para as atividades ocupacionais que serão
exercidas.
Também temos a NR 26 voltada para melhorias das condições de trabalho na indústria,
essa NR tem como objetivo alertar a todos sobre a necessidade de prevenir acidentes por meio da
sinalização de segurança.
Compartilhamos com você, caro estudante, ensinamentos e trechos valiosos de algumas
NRs, mas todas as 36 Normas Regulamentadoras apresentam instruções importantíssimas em seus
textos, você futuro Técnico de Segurança do Trabalho não pode deixar de fazer a leitura e estudar
todas as Normas Regulamentadoras, é muito importante que você conheça as NRs, para assim instruir
de forma adequada as equipes, sobre as principais regras de segurança na empresa que você estará
atuando.
Tudo certo até aqui? Se não estiver, recomendo revisar o conteúdo antes de continuar
com a leitura.
Agora você, caro estudante, pode estar se perguntando, e quem deve cumprir as NRs?
Toda empresa que possui empregado regido pela CLT as NRs são aplicáveis, ou seja, elas só são
aplicáveis aos trabalhadores regidos pela CLT, sejam eles da iniciativa pública ou da iniciativa privada.
Caso uma determinada empresa não tenha trabalhadores da iniciativa pública celetista, então não há
obrigatoriedade no cumprimento de NR.

19
Vamos tratar sobre as hierarquias de aplicação das NRs, um ponto importante das NRs é
que em 2018 surgiu a portaria 787 que criou uma espécie de hierarquia de aplicação das Normas
regulamentadoras. Anteriormente era comum se tratar de um mesmo assunto em duas NRs por
temos como exemplo o direito de recusa, essa temática aparecia na NR 9 e na NR 1 como também
na NR 6
̈ . Com as alterações atuais, o direito recusa agora só consta na NR 1.
A exemplo das NR 18, da NR 31 que são Normas Setoriais, e a NR 1, sendo comum que
essas Normas, em algum momento tratem sobre a mesma temática, por isso a Portaria SIT Nº 787 DE
27/11/2018 criou a hierarquia de aplicação das Normas Regulamentadoras. Essa portaria separou as
Normas Regulamentadoras em três categorias diferentes: NRs Gerais, NRs Especiais e NRs Setoriais.
Convido a você agora a analisar a tabela a seguir, que apresenta a disposição de todas as Normas
Regulamentadoras - NRs e suas categorias.

Vale a pena conhecer melhor sobre, Tabela de Classificação das normas


Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho, publicada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego.
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-
informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-
tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/tabela-de-
classificacao-de-nrs-1.pdf/
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-
informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-
tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/tabela-de-
classificacao-de-nrs-1.pdf/

20
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS

GERAIS ESPECIAIS SETORIAIS REVOGADAS


NR - 01 NR - 06 NR – 18 NR – 02
NR – 03 NR – 08 NR – 22 NR – 27
NR – 04 NR – 10 NR – 29
NR – 05 NR – 11 NR – 30
NR – 07 NR – 12 NR – 31
NR – 09 NR – 13 NR – 32
NR – 17 NR – 14 NR – 34
NR – 28 NR – 15 NR – 36
NR – 16 NR – 37
NR – 19 NR – 38
NR – 20
NR – 21
NR – 23
NR – 24
NR – 25
NR – 26
NR – 33
NR – 35

Figura 06 – Tabela de Classificação das Normas Regulamentadoras.


Fonte: O autor.
Descrição da imagem: Tabela nas cores verde, amarelo, vermelha e marrom, contendo a Classificação das Normas
Regulamentadoras.

Portanto, as Normas Regulamentadoras - NRs Gerais são aquelas que não são nem
especiais, nem setoriais, são normas que falam de assuntos mais gerais, de maneira mais aberta. Já
as Normas Regulamentadoras - NRs Especiais são aquelas que abordam atividades, instalações, ou
equipamentos e que não são normas de setores econômicos específicos. Por fim, as Normas
Regulamentadoras - NRs Setoriais são aquelas que abordam apenas um setor econômico e específico.
Tratando-se de hierarquia de NR, a NR que tem um peso maior é a NR Setorial, ou seja, aquela NR
que trabalha com um setor econômico específico.
Sobre a importância das NRS, estabelecem padrões mínimos de segurança a serem
seguidos pelas empresas, são esses padrões mínimos, que são importantes para dar um
direcionamento, para que as empresas possam implementar essas estratégias de segurança a fim de
proteger a Saúde e a Segurança dos trabalhadores.

21
A NR visa à Saúde e Segurança dos trabalhadores ao abordar Equipamentos de Proteção
Coletiva - EPC, Equipamentos de Proteção Individual -, EPI, como também em medidas
administrativas.
As Normas Regulamentadoras (NRs) contribuem para o aprimoramento constante dos
padrões de segurança. Isso se deve à sua constante atualização, que reflete melhorias e assegura
operações seguras alinhadas à realidade e ao contexto temporal da empresa.
As NRs também ajudam a difundir e fortalecer a Cultura de Segurança das empresas, se
as empresas têm uma Cultura de Segurança fortalecida, é mais fácil o cumprimento das NRs, caso
contrário de empresas com uma Cultura de Segurança enfraquecida, é mais difícil o cumprimento das
NRs.
As NRs são importantes, mas elas só vão funcionar nas empresas se houver uma correta
implementação, se as lideranças das empresas se envolverem, difundirem as práticas de
segurança,difundido-as como um compromisso de todos, só assim elas terão as Normas
Regulamentadoras com potencial, de melhorar efetivamente as condições do ambiente de trabalho.
Empresas que não investem em Segurança do Trabalho devem começar a investir e a
entender as Normas Regulamentadoras. Isso é fundamental para o êxito das empresas. Sabemos que
o acidente trabalho causa custo para as empresas, e bastante sofrimento para o acidentado, e o custo
que ele causa para as empresas, em diversas frentes diferentes, desde o custo Previdenciário, exige
em muitos casos, quando há afastamento contratação de mão de obra temporária, exige treinamento
de uma pessoa que vai substituir o acidentado, elevando o custo de indenizações relacionadas
acidentes de trabalho.
As Normas Regulamentadoras vêm fazer um contraponto a isso, ela vem trazer os
parâmetros mínimos para que a empresa possa produzir com segurança. Então, embora as Normas
Regulamentadoras consigam melhorar a Segurança do Trabalho, as empresas só até certo nível, ainda
assim elas têm muita importância, porque a partir daquele nível de cultura que as empresas estão,
de melhoria, é possível vir com outras práticas de segurança mais aprofundadas, Segurança
Psicológica, Cuidado Ativo, e assim conseguir fazer com que a empresa alcance níveis de maturidade
de Cultura de Segurança muito mais elevados.

22
Chegou a hora de revisar alguns conceitos e conhecer outros detalhes sobre Normas
Regulamentadoras – NRs, e para um maior aprofundamento acerca das NRs, é necessário conhecê-
las a fundo, e isto pode ser feito a partir da consulta das Normas Regulamentadoras na íntegra.

Que tal se aprofundar sobre as Normas Regulamentadoras – NRs?


https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/assuntos/inspecao-do-
trabalho/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-
nrs
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/assuntos/inspecao-do-
trabalho/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-
nrs

Espero que você tenha gostado de todas as informações que compartilhei com você
durante esta unidade, e se você gostou do conteúdo deixe o seu comentário no nosso Fórum, pois o
seu comentário também é muito importante. Então, não deixe de enviar seu comentário ou sua
dúvida e compartilhar experiências com seus colegas.

2.2 Noções básicas sobre o Direito Civil e Trabalhista

Vamos tratar sobre a Legislação Trabalhista, Previdenciária e Tributária. Atualmente em


tempo de Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas –
eSocial, nunca esteve tão em discussão as divergências, e as convergências, das leis brasileiras, e as
consequências relacionadas ao seu atendimento, ou não atendimento.
Na área de Segurança do Trabalho especificamente, temos certa confusão, e certo
debate, quando o tema é legislação, principalmente as Legislações Trabalhista, e Previdenciária, e
essa confusão acontece principalmente na hora de elaborar os documentos, os laudos, o Perfil
Profissiográfico Previdenciário - PPP, programas, entre outros.
Vamos agora, caro estudante, falar sobre essas leis, e suas diferenças, e onde entra cada
lauda, e cada programa dentro da sua respectiva legislação. Vamos nessa jornada!
Temos as Consolidações das Leis Trabalhistas publicadas em 1943, e dentro das leis da
CLT, Existem artigos relacionados à Saúde e Segurança do Trabalho. Especificamente na legislação a

23
CLT dentro do seu Capítulo 5 a partir do artigo 155 até o artigo 201 são os artigos que abordam Sobre
Saúde e Segurança do Trabalho dentro da CLT.
A Legislação Previdenciária é uma legislação extensa, e, nesta unidade, vamos tratar só
sobre as questões relacionadas à Segurança do Trabalho, onde estaremos aprendendo um pouco
mais também sobre a legislação que se relaciona com aposentadoria especial, que está diretamente
ligado à Segurança do Trabalho.
Vamos estudar sobre algumas leis que fazem abordagens referentes à aposentadoria
especial principalmente com relação ao Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT
e o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, são eles, a instrução Normativa nº 128, o Decreto
3.048, e o Anexo 4, e a Lei 8.213 que fala sobre planos e benefícios da Previdência Social, que faz
abordagens a aposentadoria especial, e tem uma ligação direta com a Segurança do Trabalho.
Sobre documentação que é a que gera confusão, vamos iniciar falando da documentação
exigida na Legislação e Trabalhista, onde estaremos estudando os principais, e o primeiro deles do
Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR, que veio com a atualização da NR 1, saindo o Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, entrando o PGR, que é um programa exigido pela
Legislação Trabalhista, outro programa que é exigido pela Lei Trabalhista é o Programa de Controle
Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO, previsto na NR 7.
E, por fim, temos o Laudo Técnico de Insalubridade e Periculosidade – LTIPE, que é o
previsto pelas NR 15 de insalubridade, e a NR 16 de periculosidade. Esse laudo tem como objetivo,
concluir pela presença ou ausência de atividade insalubre e perigosa. O LTIPE não faz abordagem
referente à aposentadoria especial, e é muito importante, caro estudante, que você fique atento a
essa informação, pois o LTIPE não conclui por aposentadoria especial.
Em relação aos documentos previdenciários, temos basicamente o Laudo Técnico das
Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT, e o preenchimento do Perfil Profissiográfico
Previdenciário - PPP, que é também uma exigência presidencial, mas está diretamente ligada ao
LTCAT, e que hoje está ligado também ao eSocial.
Mas você, caro estudante, pode estar se perguntando o que é o LTCAT?
O Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT é o lado que vai concluir
pela presença, ou ausência, de atividades especiais, ele não conclui sobre atividades insalubres, e não
conclui sobre atividades perigosas. Essa confusão acaba acontecendo, porque muitas das atividades

24
que geram insalubridade, também geram aposentadoria especial, mas não é uma regra inflexível,
pois não são todas as atividades insalubres que geram aposentadoria especial. São documentos
exigidos por Legislação Diferente, Insalubridade Trabalhista, Aposentadoria Especial Previdenciário.
O LTCAR é um documento, ou seja, um Laudo Técnico exigido pela Legislação
Previdenciária, nele consta a conclusão se no ambiente de trabalho existe alguma atividade que vai
ensejar aposentadoria especial, que vai permitir que o trabalhador se aposente depois de 15, 20 ou
25 anos de exposição ao risco.
Já o Preenchimento do Perfil Profissional Previdenciário – PPP é feito com base nas
informações existentes no LTCAT, e atualmente é o evento S-2240 do eSocial, que em Janeiro de 2003
já está sendo o PPP em meio eletrônico, que é o preenchimento correto do evento S-2240 do eSocial.
Portanto, o PPP também é vinculado à Legislação Previdenciária, porque ele assume informações
prestadas dentro do LTCAT.
Mas você pode estar se perguntando onde então os tributos?
Falamos anteriormente sobre o Laudo de Insalubridade e Periculosidade, existe um
recolhimento relacionado a esses adicionais, mas não chega a ser um tributo, pois não é pago ao
governo, mas é um recolhimento do adicional de insalubridade, e periculosidade que é repassado ao
trabalhador. Então existe uma arrecadação, para empresa, um recolhimento que está relacionado à
Legislação Trabalhista, que é o adicional de insalubridade, e o adicional de periculosidade, pagas
direto ao trabalhador.
Com relação à Tributação Previdenciária, a Legislação Previdenciária é mais apertada,
onde atualmente temos o eSocial que é um grande fiscal de tributos online, a Tributação
Previdenciária está muito relacionada à aposentadoria especial, onde temos o Financiamento da
Aposentadoria por Condições Especiais de Trabalho – FACET. Saiba, caro estudante, que quando o
trabalhador está disposto à atividade que vai garantir a ele o direito de aposentadoria especial, a
empresa tem que recolher o percentual do seu salário, e repassar ao governo, pois esse trabalhador
vai se aposentar com um ano de antecedência. Portanto, essa aposentadoria precisa ser financiada.
A empresa que expõe seu trabalhador à condição especial, deverá financiar essa
aposentadoria antecipada, ou seja, essa aposentadoria especial.
Além do FACET, temos outras questões como o Seguro de Acidente do Trabalho – SAT, a
denominação SAT era utilizada pela redação original do art. 22, II, da Lei nº 8.212/91. No entanto,

25
com a alteração do texto promovida pela Lei nº 9.732/98, a nomenclatura foi modificada para Grau
de Incidência de Incapacidade Laborativa Decorrentes de Riscos Ambientais do Trabalho - GILRAT,
onde as duas nomenclaturas são utilizadas atualmente, e o Fator Acidentário de Prevenção - FAP,
tributos relacionados à Legislação Previdenciária, mas que não iremos tratar nesta disciplina.
E o RAT (Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais
do Trabalho - GIL/RAT é um percentual pago pelas empresas não optantes pelo Simples Nacional à
Previdência Social, considerando o nível de risco das atividades desempenhadas pelos colaboradores.
Chegou a hora de você, caro estudante, conhecer mais alguns conceitos e conhecer
outros detalhes sobre Seguro de Acidente do Trabalho – SAT, e o Fator Acidentário de Prevenção –
FAP.

Acesse o link e conheça um pouco sobre o adicional ao RAT :


https://www.migalhas.com.br/depeso/381295/adicional-ao-rat-mais-um-alvo-
na-mira-do-leao

Recomendo que você pesquise e leia sobre o Seguro de Acidente do Trabalho


– SAT/GILRAT, e o Fator Acidentário de Prevenção – FAP.

Você, caro estudante, como futuro Técnico de Segurança, também é um agente no


fortalecimento dessas questões relacionadas, não perca a oportunidade de buscar sempre iniciativas
que alertem aos trabalhadores para esses aspectos. Conto com você!

Ah, mas antes finalizar os estudos desta unidade, acessa o seu AVA e ouça o
podcasts com a revisão dos principais assuntos abordados nesta semana de
estudos.

26
Agora se prepare, na próxima unidade, falaremos sobre o direito do trabalhador a partir
das Legislações Previdenciárias. Até lá!

27
UNIDADE 03 | Compreender sobre o direito do trabalhador a partir das
legislações previdenciárias

3.1. Legislação Previdenciária

Para iniciarmos nossa jornada de estudo sobre a Legislação Previdenciária, recomendo


que você, caro estudante, dirija-se ao podcast desta unidade que está disponível lá no AVA.

Vamos ao podcast da Competência disponível lá no AVA?!

Acessou o podcast?! Agora sim, vamos conversar sobre a Legislação Previdenciária, onde
são somente duas leis da Previdência, e só nos interessa mesmo uma dessas leis.
No estudo da Legislação Previdenciária de uma forma geral existem duas leis, a Lei
8.212/91 que trata do custeio da previdência, de onde vem o dinheiro, as fontes de arrecadação, é
aquele dinheiro que é descontado do empregado aquela alíquota de 11% (onze por cento) sobre o
salário do empregado, a empresa faz mais a contribuição da parte dela que resulta em três vezes a
mais do que o empregado recolhe.
Temos o Seguro de Acidente de Trabalho – SAT, seguro contra acidente de trabalho
existem as contribuições para o sistema S, SENAI, SESC, e Serviço Social, mas essas questões estão
mais voltadas para a área administrativa que para área de atuação do profissional de segurança!
Na Saúde e Segurança do trabalho, estudaremos somente uma pequena parte da
Legislação da Lei 8.213 também de 91, que trata dos benefícios da Previdência.
Se você quer saber mais sobre a Legislação Previdenciária ou sobre a Lei 8.213/91
recomendo que você pesquise na internet sobre essa temática.

28
Que tal se aprofundar sobre a LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2
08.213-1991?OpenDocument
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm

A Previdência tem vários benefícios como o auxílio-doença, a aposentadoria, o salário-


maternidade, o auxílio-reclusão e entre outros, mas para você futuro Técnico de Segurança do
Trabalho vai interessar somente o que está no Artigo 19 da Lei 8.213.
Mas, você pode estar se perguntando o que existe nesse artigo?
Da Lei 8.213 todo profissional de Saúde e segurança do trabalho, deve conhecer esses
benefícios, que é o benefício do seguro acidente do trabalho, e a aposentadoria especial.
No Artigo 19, essa legislação previdenciária é aquela que traz o conceito legal de acidente
no trabalho.
Infelizmente existem muitos profissionais da área da segurança e até da área jurídica que
se perguntar onde está o conceito legal de acidente do trabalho, ele não saberá informar, ou vai dizer
que está nas CLT, e sabemos que isso não é verdade, então você, caro estudante, e futuro Técnico de
segurança fique sabendo que o conceito legal de acidente do trabalho consta no Artigo 19 desta
Legislação Previdenciária da Lei 8.213/91.
Portanto, a partir do Artigo 19, vai se desdobrando toda uma série de situações que
também serão consideradas como Acidente do Trabalho, entrando o conceito de seguro nos horários
e nos intervalos de repouso e alimentação, o acidente ocorrido durante a satisfação das necessidades
fisiológicas, o acidente de trajeto. Na sequência desse Artigo 19, Artigo 20 e 21, que vai trazendo
todas essas situações consideradas como Acidente do Trabalho tem o conceito de doenças do
trabalho.
Esse Seguro Acidente no Trabalho é aquele pagamento que a Previdência faz para o
trabalhador que se acidentou, e esse acidente por Acidente do Trabalho, ele vai receber o seguro
contra Acidente do Trabalho.

29
Já os conceitos de doença profissional, e doença do trabalho, também estão todos nesses
artigos iniciando nos Artigos 19, 20 e 21. Portanto, lá estão todos esses conceitos.
Para você, caro estudante, entender a diferença do Salário do Seguro Acidente do
trabalho ou a diferença para o benefício comum do auxílio-doença, então está tudo nessa Legislação
Previdenciária.
Para os profissionais ligados à área da Segurança do Trabalho, o que interessa é a
Aposentadoria Especial, aquela aposentadoria que acontece quando o trabalhador fica doente em
razão da exposição de alguns agentes físicos, de alguns agentes químicos, ou da combinação desses
agentes, em que o empregado pode ser aposentado com 15, 20 e 25 anos de contribuição, e daqui
gera uma necessidade de conhecimento mais aprofundado nesse Ativo 57 que está a Aposentadoria
Especial.
Você, caro estudante, e futuro profissional da área da Segurança do Trabalho vai ser
responsável pela elaboração do LTCAT do Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho.
Assim como na Legislação Trabalhista as Normas Regulamentadoras regularizam e
explicam detalhadamente todos os Artigos do Capítulo 5 da CLT, na Legislação Previdenciária, temos
uma Norma Regulamentadora. A Lei 8.213 no Artigo 57 trata da Aposentadoria Especial, mas é bem
resumido, relata que o trabalhador exposto a certas condições de insalubridade, tem o direito à
aposentadoria especial em 15, 20, ou 25 anos de contribuição.
No Decreto 3.048/99, você vai ver que ele é enorme, cheio de emendas, porque a
Legislação Previdenciária sofre alterações quase que diárias, e, nesse Arquivo, você vai abrir o Decreto
3.048, vai-se mantendo aquilo que foi escrito anteriormente e vão se inserindo essas novas
alterações.
O Decreto 3.048 regulamenta e esclarecem as duas Legislações Previdenciárias da Lei
8.212, e todos os Artigos e benefícios da Lei 8.213, mais para os profissionais da área da Segurança
do Trabalho só interessa o que está no Artigo 64 deste Decreto que regulamenta a Aposentadoria
Especial, e principalmente o que expõe o Laudo Técnico das condições ambientais do trabalho LTCAT,
à maneira, as técnicas, e como é que deve ser elaborar o LTCAT, que é o laudo legal que a Previdência
utiliza para constatar se o trabalhador tem direito a aposentadoria seja de 15, 20, ou 25 anos, então
é através do LTCAT que o trabalhador consegue na Previdência Social esse direito da aposentadoria
especial é extremamente complexo. Somente os Engenheiros de Segurança do Trabalho e os Médicos

30
de Segurança do Trabalho. Podem elaborar esse Laudo Técnico das Condições Ambientais no
Trabalho.
O Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, nada mais é do que um resumo, onde o
LTCAT se transforma no PPP, as informações resumidas em duas ou três folhas, que o trabalhador vai
apresentar no INSS.
Abordamos aqui de forma resumida as principais informações que você futuro Técnico de
Segurança do Trabalho precisa saber sobre a Legislação Previdenciária.
Espero que você tenha gostado de ter estudado sobre Legislação Aplicada em Saúde e
Segurança do Trabalho e que, sobretudo, tenha entendido. Bons estudos!

3.2. Responsabilidade Civil e Penal/Criminal

Vamos iniciar falando sobre a Responsabilidade Civil e a Responsabilidade Criminal nos


acidentes e nas doenças do trabalho.
Temos visto algumas trocas de informações envolvendo esse assunto de
Responsabilidade Civil e Criminal nos acidentes de trabalho, e muita confusão, muitas informações
erradas, transmitindo ideias erradas.
Mas você, caro estudante, pode estar se perguntando, como é que se aplica? Como é que
se interpreta essa questão da Responsabilidade Civil e da Responsabilidade Penal?
Vamos iniciar com os conceitos mais simples sobre responsabilidade, primeiro devemos
entender o que é responsabilidade. Na nossa vida a partir de certo momento, a partir de certa idade,
nós somos responsáveis por todos os nossos atos por todos os atos praticados, tanto na esfera civil,
quanto na esfera penal. Saiba, caro estudante, que até os 18 anos os pais são responsáveis por tudo
aquilo que os filhos fazem, e a partir dos 18 anos adquirimos a maioridade, passando assim a sermos
os responsáveis pelos nossos atos.
E a responsabilidade juridicamente falando tem dois campos, a Responsabilidade Civil e
a Responsabilidade Criminal. Sobre a Responsabilidade Civil significa dizer que somos responsáveis
por todos os atos praticados dentro do Direito Civil, portanto, é qualquer tipo de relação comercial
que temos com alguém, aquilo faz parte do Direito Civil, e é especificamente a Responsabilidade Civil
que estamos tratamos aqui, e é quando, por exemplo, você, caro estudante, comete algum ato e você
causa um prejuízo a alguém. A Responsabilidade Civil está ligada a indenização.

31
Outro lado da responsabilidade juridicamente falando é a Responsabilidade Criminal,
onde podemos fazer tudo na vida, desde que não seja proibido por lei.
No código penal, está definido o que é crime, e se você, caro estudante, cometer um
daqueles crimes você vai responder criminalmente por aquele crime, sendo penalizado, lá, na esfera
cível, a pena que vai caber a você é de indenizar aquela pessoa que sofreu o prejuízo, aqui na
Responsabilidade Criminal a pena é outra, é privação da liberdade, é restrição de direitos.
Espero que você tenha entendido o conceito de Responsabilidade Civil e
Responsabilidade Criminal.
Vamos entender a agora Responsabilidade Civil, e a Responsabilidade Criminal, nos
acidentes no trabalho, a responsabilidade da empresa, a responsabilidade dos profissionais de Saúde
e Segurança do Trabalho.
Vamos seguir adiante com a nossa jornada!
Vamos, então, agora partirmos de um exemplo para analisarmos a Responsabilidade Civil
e a Responsabilidade Criminal. Imagine um acidente no trabalho: esse acidente, na pior das hipóteses,
o empregado pode vir a falecer, ou, então, ele pode sofrer uma lesão corporal, e a qual pode ser
simples, ou uma lesão mais grave, que leve à incapacidade total. Muitas vezes, no acidente acontece
uma lesão, que o trabalhador passa por um sofrimento e depois vem a falecer. Vamos considerar tão
somente se houve a morte, ou se houve somente uma lesão.
No caso do acidente do trabalho, temos duas responsabilidades em paralelo, temos a
Responsabilidade Civil e a Responsabilidade Criminal, onde a Responsabilidade Civil é da empresa a
obrigação de indenizar o empregado, indenizará família do empregado, e se o empregado perdeu a
capacidade para o trabalho ele vai ter que ser indenizado, independente do direito previdenciário.
Está bem claro no artigo 7º da constituição no inciso 28, que o empregado tem o direito à indenização
independentemente do direito previdenciário.
Portanto, a empresa responde civilmente através da indenização, através da
Responsabilidade Civil. Então, é a empresa quem vai pagar qualquer tipo de prejuízo ou de
indenização.
A empresa não sofre Responsabilidade Criminal, porém os diretores da empresa em
algum caso podem responder criminalmente, mas, a princípio, vamos pensar assim no acidente do
trabalho a empresa responde na esfera civil. A Responsabilidade Civil, e o profissional em Segurança

32
do Trabalho, o Técnico de Segurança do Trabalho, ou o Engenheiro vão responder o processo penal,
a Responsabilidade Criminal. Se instaurando todo o processo, começando com o inquérito policial,
depois vem à ação penal, se houve somente lesão, o trabalhador somente se machucou levemente,
ou gravemente, vai responder por lesão corporal conforme está no artigo 129 do Código Penal, caso
o empregado tenha falecido, vai responder o artigo 121, que é homicídio culposo.
Veja, caro estudante, que as penas variam, e no tipo lesão corporal culposo essa pena
será aumentada em 1/3 (um terço) pela inobservância de condições técnicas de responsabilidade
técnica, no homicídio da mesma forma, a pena será aumentada de 1/3 (um terço) se constatado que
houve inobservância de medidas técnicas e de prevenção.
O Técnico de Segurança do Trabalho pode ser responsabilizado criminalmente e
responder processo.
No caso de lesão, a pena normalmente não passa de quatro anos, porém, quando se tem
a falta de inobservância de preceitos técnicos, essa pena é aumentada em 1/3 (um terço) de forma
que o Técnico de Segurança pode ser condenado no sistema fechado, pois a partir de quatro anos o
regime é fechado, claro que há vários aspectos que devem ser analisados, mas isso é
Responsabilidade Criminal.
E quem é que responde criminalmente, então?
São os profissionais das áreas de Segurança Trabalho, e da Saúde do Trabalho, quando for
caso de doença que cause a perda de capacidade orgânica, que o trabalhador venha a morrer e a
responsabilidade seja do médico.
Portanto, na Responsabilidade Criminal pode responder o Técnico de Segurança da
empresa, ou o consultor, aquele profissional que era responsável por tomar as medidas de prevenção
e que infelizmente não tomou.

33
Figura 07 – Técnico de Segurança do Trabalho X Responsabilidade.
Fonte: https://www.canva.com/
Descrição da imagem: Imagem de um Técnico de Segurança do Trabalho analisando as Normas e Leis.

É importante que você saiba, caro estudante, é que a Responsabilidade tanto Civil quanto
Criminal pode ser por ação, ou por omissão. Por ação, é quando o profissional manda fazer alguma
coisa, a exemplo quando manda o trabalhador fazer uma atividade em altura, mas não dá o
treinamento, ou não dá condições de segurança, e o trabalhador cai, e se acidenta ou morre.
E por omissão, quando o profissional deixa de aplicar certas medidas de segurança, como
exemplo, o trabalhador vai fazer alguma atividade, e como não há nenhuma norma, ou ordem de
serviço, não existe nenhuma providência, existindo, assim, uma omissão do Técnico em Segurança
do Trabalho.
Então, a Responsabilidade pode ser tanto por ação, quando faz alguma coisa, e por
omissão quando o profissional de Segurança do Trabalho deixa de fazer alguma coisa, tendo como
consequência um acidente, ou uma doença do trabalho.
A Responsabilidade Civil, a responsabilidade de indenizar é da empresa, a
Responsabilidade Criminal onde pode ser por lesão corporal, ou por homicídio culposo, é de
responsabilidade dos profissionais.
Espero que você tenha entendido, caro estudante! Se tiver algum questionamento, deixe
no Fórum que teremos o maior prazer em responder.

34
3.3 Relações entre a OIT e a Segurança do Trabalho

Vamos falar sobre a Organização Internacional do Trabalho - OIT, essa é uma das Agências
especializadas da ONU, que surgiu em 1919, e a sua sede na cidade de Genebra na Suíça.
Mas você, caro estudante, deve estar se perguntando, como é que pode uma agência da
ONU que surgiu em 1919? Sendo que a ONU só surgiu em 1944?
A OIT surgiu dentro daquele conceito da Liga das Nações, ao final da 1ª Guerra Mundial,
e como a Liga das Nações deixou de existir, em 1945 a Organização Internacional do Trabalho foi
anexada então à ONU, ela é uma das suas agências de trabalho, que atua fortemente em todo o
mundo.
A existência da Organização Internacional do Trabalho é justificada pela necessidade de
se organizar Legislações Trabalhistas ao redor do mundo, nos países, e essa é uma necessidade que
surgiu desde os primórdios da industrialização. Se considerarmos que a partir da 1ª Revolução
Industrial as condições de trabalho humano passaram a melhorar mesmo que lentamente, então se
consegue entender a necessidade da existência de uma agência especificamente ligada ao trabalho.
A OIT hoje, conta com 187 países membros.
E você pode estar se perguntando como é que se dá essa representatividade dos países?
É um sistema conhecido como tripartite, onde cada país-membro tem o seu
representante do governo, como é comum na nessas associações Internacionais, mas além do
representante do governo, cada país também tem um representante dos trabalhadores, e um
representante dos empregadores, portanto são três indivíduos para cada um dos 187 países
membros.
Sabe-se que o objetivo geral da Organização Internacional do Trabalho é de promover
oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo,
em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.
Para a Organização Internacional do Trabalho – OIT, é condição fundamental para a
superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia de governabilidade
democrática e desenvolvimento sustentável, sendo essa a missão da Organização Internacional do
Trabalho.
Para alcançar essa missão, a OIT conta com quatro objetivos chamados de estratégicos,
que seriam as ações dessa organização no mundo.

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As quatro ações estratégicas, ou objetivos estratégicos, onde o primeiro é de garantir que
as Normas Internacionais do trabalho sejam respeitadas principalmente os princípios e direitos
fundamentais do trabalho, o segundo é de promover o trabalho de qualidade para todos, e o terceiro
é de proteger socialmente os trabalhadores e, por fim, o quarto que é o de fortalecer, e fomentar um
diálogo igualitário entre os empregadores, e trabalhadores.
As ações da OIT são discutidas anualmente numa conferência que é realizada na cidade
de Genebra, e conta com os representantes de todos os países-membros, lembrando que esses
representantes são três para cada país, um do governo, um dos trabalhadores, e um dos
empregadores, é uma organização, então, tripartite.
Essa convenção é chamada de Convenção Internacional do Trabalho. Ela vai discutir,
então, ano a ano as principais pautas relacionadas ao desenvolvimento da qualidade do trabalho no
mundo.
O Brasil, como membro da OIT, participa de todas essas convenções, atuando, e tendo
direito a voto e veto.
A OIT, como Organização Internacional, não pode atuar de forma direta nas leis que os
países desenvolvem, nas leis que os países estabelecem isso tem a ver com a soberania Nacional, o
que a organização internacional do trabalho faz é recomendar resoluções, regras, para as legislações
do trabalho específicas.
Portanto, muitas das leis trabalhistas que existem não só no Brasil, mas em todo o mundo,
são resultados dessas determinações, resoluções e recomendações que a Organização Internacional
do Trabalho. Como exemplo, as resoluções que viraram leis no Brasil, como férias e o 13º salário,
todos esses aspectos são, portanto, recomendações da organização internacional do trabalho e que,
muitas vezes, acabam virando leis nos seus países signatários.
Espero que você tenha gostado da disciplina! Bons estudos e até a próxima!

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CONCLUSÃO
Chegamos ao fim desta jornada!
Esperamos que essa disciplina tenha te ajudado a compreender os fatos gerais sobre a
Legislação e Normas aplicadas à Segurança do Trabalho, mais do que isso, desenvolver a
compreensão das Normas e das legislações brasileiras aplicada na área da Segurança do Trabalho.
Afinal, o objetivo principal desta disciplina foi preparar você, caro estudante, para aplicar de forma
efetiva as Normas e Leis de Segurança do Trabalho em ambientes laborais, contribuindo para a
proteção da saúde e a integridade dos trabalhadores, e o cumprimento das boas práticas no campo
da Segurança e a Legislação Trabalhista.

Bons estudos. Até a próxima!

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REFERÊNCIAS

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Janeiro, Contraponto, 2002. ISBN: 85-85910-47-X.

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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4552.htm>. Acesso em: 20
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FORTES, S.B. Previdência Social no Estado Democrático de Direito. São Paulo, LTr, 2005

LASALLE, Ferdinand. O que é uma constituição? Belo Horizonte, Líder, 2004. ISBN-10: 8588466104.

_______. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em:


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MAGALHÃES, H. J. Evolução Histórico-Legislativa da Previdência Social (1960-2008) - Benefícios. Texto


para Discussão (IPEA. Brasília), 2011.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998-
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TEIXEIRA, A. O Conceito de Seguridade Social na Constituição de 1988. Em: MORAES, Marcelo Viana
Estevão de. A Previdência Social e a Revisão Constitucional. Brasília, CEPAL/MPS.

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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Débora Silva dos Santos


Olá, sou Débora Silva dos Santos, graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) , em Licenciatura em Ciências Agrícolas pela UFRPE, Técnica
de Segurança do Trabalho pela EAD Pernambuco, e pós-graduada em Engenharia de Segurança do
Trabalho pela Faculdade Joaquim Nabuco, e Professora da Educação Profissional do Curso Técnico
em Segurança do Trabalho pela EAD. Encaro com entusiasmo a oportunidade de exercer a função de
professora da Educação Profissional pela Educação a Distância de Pernambuco - EAD Pernambuco.
Mas, é importante dizer que, sinto-me lisonjeada em fazer parte da Escola Técnica Estadual Professor
Antônio Carlos Gomes da Costa - ETEPAC, onde juntos com outros profissionais e toda equipe que
formam o EAD Pernambuco estamos dando-os a oportunidade de formar esses jovens e qualificá-los
por meio desses cursos técnicos.

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