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à Saúde
Ocupacional
Crisleide Maria da Silva Nascimento Acioly
Curso Técnico em
Segurança do
Trabalho
Legislação Aplicada
à Saúde
Ocupacional
Crisleide Maria da Silva Nascimento
Acioly
Curso Técnico em
Segurança do Trabalho
Educação a Distância
Recife
3.1 Insalubridade..........................................................................................................................................39
3.2 Periculosidade........................................................................................................................................44
4.Competência 04 | Legislação Relativa à Ergonomia...................................................................48
Referências..................................................................................................................................58
Minicurrículo do Professor...........................................................................................................60
Introdução
Olá Estudante!
É com grande satisfação que iniciaremos mais uma etapa do nosso curso com a
disciplina de Legislação Aplicada à Saúde Ocupacional. Desejamos que você seja muito bem-vindo
(a)!
Antes de tudo, apesar de saber que esta temática não é uma das mais preferidas pelo
estudante e profissional da área de Saúde e Segurança, vale ressaltar a importância da Legislação
em nossa atuação profissional, visto que para que haja a garantia da saúde e segurança do
trabalhador é necessário que as empresas contem com os serviços especializados dos profissionais
de segurança, pois desta forma irão garantir o cumprimento da legislação relativa a Segurança do
trabalhador.
É importante lembrar também que, além de ser benéfico para o trabalhador, foco de
nosso estudo, o cumprimento da legislação vigente traz inúmeros benefícios para as organizações,
visto que, esta ação inibe a aplicação de multas e penalidades bem como a ocorrência de ações
trabalhistas. Isso significa que o cumprimento da legislação só traz benefícios para ambos os lados.
Interessante, não é mesmo?
Então, o que você acha de explorar esse conteúdo e adquirir conhecimentos relativos a
ele? Conhecimentos que lhe proporcionarão o desenvolvimento de uma visão crítica, a qual será o
diferencial em sua atuação como profissional. Isto porque, não podemos tratar do que não
conhecemos e o conhecimento da legislação será fundamental para direcionar a ação a ser tomada,
ou mesmo a orientação a ser dada ao seu colaborador! Então, vamos adiante!
Nossa disciplina será trabalhada por um período de quatro semanas, e na primeira delas
você irá conhecer sobre a Legislação Relativa à saúde Ocupacional, onde, nos aprofundaremos na
Constituição Federal, Consolidação das Leis Trabalhistas, conceitos relacionados à acidente e
doença ocupacional, entre outros. Já na segunda semana trataremos da Legislação Relativa à
Prevenção de Riscos Ambientais, onde será necessário entender o que são os riscos, para que
possamos atuar sobre eles de forma eficiente. Na terceira semana abordaremos sobre a Legislação
Relativa à Periculosidade e Insalubridade, onde serão vistos alguns conceitos básicos, porém
fundamentais para o entendimento do conteúdo.
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Finalizando com a quarta semana, onde você aprenderá Sobre a Legislação Relativa à
Ergonomia, onde serão vistos conceitos e ações que devem ser seguidas com o objetivo de tornar o
ambiente de trabalho mais seguro.
ATENÇÃO!
Não esqueça que a sua participação no AVA é fundamental. Nossa
equipe de professores estará sempre disponível para esclarecer as possíveis
dúvidas, nos canais de comunicação (Fóruns, chats e mensagens diretas).
Vamos nessa? Este é o momento de buscar o diferencial para sua vida
profissional!
Bons Estudos!
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1.Competência 01 | Legislação Relativa à Saúde Ocupacional
No Brasil, a legislação trabalhista trata de um conjunto de leis e de normas que devem
ser seguidas por empregador e empregado, visto que estas têm por objetivo direcionar quanto aos
direitos e deveres de ambas as partes.
Agora que você acessou o podcast, vamos dar continuidade ao nosso assunto…
Você sabia que todo o direito está associado a um dever? E muitas vezes acabamos
cobrando de nossos subordinados, esquecendo que esta é uma via de mão dupla! Como assim uma
via de mão dupla? Deixa eu te mostrar de forma prática: Sabemos que é dever, obrigação do
empregador, o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Por outro lado, é dever
do funcionário utilizar, de forma correta, o equipamento recebido durante a jornada de trabalho.
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É importante termos em mente que, as Leis as quais estabelecem procedimentos a
serem seguidos no nosso ambiente laboral não surgiram de uma hora para outra, há todo um
processo evolutivo por trás disso, que é importante ressaltarmos para que o entendimento seja
facilitado.
O que eu quero dizer com isso? É que precisamos compreender de que forma surgiram
as leis, sendo assim, é importante o conhecimento de alguns conceitos que serão bastante
utilizados daqui por diante.
O primeiro conceito que devemos compreender é o que significa a palavra NORMA, isto
porque, o profissional de segurança irá se deparar em seu cotidiano com as Normas
Regulamentadoras, as NRs, e este é um termo bastante utilizado em nossa formação. Então o que
seria uma norma? Conforme descrito no dicionário, a norma é o que determina um
comportamento, uma conduta, uma ação, ou seja, é um princípio que serve de regra, um padrão a
ser seguido. Ex.: as NRs - Normas Regulamentadoras da Segurança do Trabalho. As NR 's
estabelecem procedimentos a serem seguidos com o intuito de garantir a integridade física dos
trabalhadores no que diz respeito a saúde e segurança.
Outro conceito de grande relevância é a definição da palavra DECRETO. Podemos dizer
que o decreto é um ato administrativo, o qual é emitido por uma autoridade competente, podendo
ser pelo poder executivo da união, estado ou município. O Decreto tem por finalidade ordenar o
cumprimento de alguma lei existente. Ex: O Decreto -Lei Nº 5.452, de 1º de maio de 1943, aprova a
Consolidação das Leis do Trabalho.
Mas o que seria uma LEI? Podemos afirmar que a Lei é uma regra proveniente de ações
do poder legislativo, e sua finalidade é regular o comportamento do cidadão com o objetivo de
proporcionar uma boa relação entre os membros da sociedade, ou seja, um princípio que deve ser
seguido. Ex.: A Lei 11.340/06, sancionada no dia 7 de agosto de 2006, ou Lei Maria da Penha é a
principal medida de enfrentamento na violência contra a mulher em território brasileiro.
Outro termo bastante utilizado refere-se à PORTARIA, mas o que seria uma portaria?
Podemos defini-la como um ato administrativo ordinário, ou seja, aquele que tem como finalidade
disciplinar o funcionamento da Administração Pública ou a conduta de seus agentes. Ex.: A norma
regulamentadora foi originalmente editada pela Portaria MTB nº 3.214, de 08 de junho de 1978, de
forma a regulamentar os artigos 166 e 167 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
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E para finalizar, vamos a definição de RESOLUÇÃO, que se trata de um ato legislativo de
efeito interno e conteúdo concreto, que regula matérias privadas da Casa Legislativa. Essas são de
caráter político, processual, legislativo ou administrativo. Ex: Resolução Normativa nº 245 de 20 de
janeiro de 2012. Define as atribuições das categorias de Profissionais que menciona, registrados em
CRQs, atuantes na área Química da Segurança do Trabalho.
Quando falamos sobre instituir uma norma, estamos com o objetivo de inserir algo em um
determinado padrão. Essa necessidade de padronização é dada desde o início das civilizações, isto
porque a comunicação entre as pessoas era primordial, o que desencadeou o processo de
padronização à medida que a sociedade também se desenvolvia.
No curso de Segurança do trabalho, muito se fala sobre as Normas regulamentadoras, as
quais, de uma certa forma, também têm por objetivo a padronização, lembrando que antes do
surgimento destas, no Brasil houve uma evolução que deve ser citada.
Iniciando pelo ano de 1940, onde foi fundada a Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT. Tendo pleno reconhecimento nacional, a ABNT adquiriu status e autonomia suficientes para
se tornar membro fundador da ISO - International Organization of Standardization.
Então no ano de 1947 surgiu a ISO, que tem por objetivo determinar padrões para produtos
e processos, sendo formada pelos órgãos de normalização de diversos países, sendo a ABNT
representante do Brasil.
Só após 30 anos do surgimento da ISO, no ano de 1977 foram criadas as Normas
Regulamentadoras a partir da lei N° 6.514, tendo por base o capítulo V, Título II, da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), que apresenta relação com a segurança e medicina do trabalho.
As NR’s foram aprovadas pela Portaria N° 3.214, em 08 de junho de 1978, e de acordo com o
disposto na NR 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, devem ser de
cumprimento obrigatório por empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, assim como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, desde
que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
Já se tratando dos decretos, é importante ressaltar que, na área de segurança do trabalho,
temos alguns marcos que devem ser lembrados, tais como:
O decreto que dá origem à primeira lei brasileira relacionada ao infortúnio laboral
(acidente), ou seja, o Decreto de nº 13.488 de 12 de março de 1919, o qual prever a
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obrigatoriedade de reparo, por parte do empregador, aos danos causados ao trabalhador em
decorrência de sua atividade laboral. Este decreto estabelece que o empregador é responsável
pelos riscos aos quais o trabalhador estava exposto. Outro decreto-Lei que não poderia deixar de
ser mencionado é o de n°5452, o qual aprovou a CLT em 01 de maio de 1943. É importante ter o
conhecimento de que este foi considerado o instrumento jurídico que efetivou a prática da
prevenção de acidentes no Brasil.
Um decreto de grande importância para nós, profissionais de segurança do trabalho é o
decreto-Lei n° 7036 de 10 de novembro de 1944, este aborda sobre a reforma da Lei de acidentes
de trabalho, de acordo com o disposto no capítulo V do Título II da CLT.
E para finalizar, temos o decreto n° 7086 de 25 de julho de 1972, no qual está estabelecido a
prioridade da Política do Programa Nacional de Valorização do Trabalhador, que dentre suas
prioridades inseriu a Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho.
Você percebeu, que a legislação voltada a segurança do trabalho é relativamente nova
quando comparada ao tempo que as atividades laborais são realizadas? Pois bem, apesar de terem
o surgimento tardio, este foi essencial na melhoria das condições de saúde e segurança para os
trabalhadores.
Fique atento (a), pois inúmeros são os decretos e normas relacionados à saúde e segurança
do trabalho, os quais podem ser considerados como uma evolução do que está disposto tanto na
Constituição Federal de 1988, quanto na Consolidação das leis do trabalho, isto significa que estas
foram a base principal no processo histórico da legislação trabalhista.
Então iniciando com a Constituição, acompanhe a seguir como foram dadas as nossas
conquistas.
Voltando ao ano de 1988, podemos relembrar um marco em nossa nação, pois neste
ano ocorreu a promulgação, ou seja, a publicação da Constituição Federal de 1988 (CF/1988),
constituição esta que vigora até os dias atuais.
Mas você deve estar se perguntando… qual a ligação da CF com as questões relativas à
Saúde e Segurança do trabalho? Entenda…
1
A CF estabelece os direitos e condições contratuais mínimas que devem ser
consideradas nas relações de trabalho. É conhecida como: “Aquela que fortaleceu a cidadania”,
sendo assim chamada de constituição cidadã.
A partir da CF, inúmeras foram as conquistas, dentre as quais podemos citar: Redução
na jornada de trabalho (sendo oito horas diárias e 44 horas semanais); Direito do trabalhador ao
décimo terceiro salário; Direito ao aviso prévio; Licença -maternidade de 120 dias para as mulheres;
Licença-paternidade de 5 dias para os homens; Direito de greve, entre outros.
Essas conquistas mencionadas acima, são consideradas inéditas e passou por uma
dificuldade de aceitação por parte dos empregadores. Isto porque os empresários alegavam que
tais benefícios tornariam inviável o crescimento econômico. Uma informação que muitos
desconhecem, mas que vale a pena lembrar, é que A CF de 1988 foi a sétima na história do Brasil,
também chamada de Carta Magna, sendo antecedida pelas seguintes:
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Figura 1: Infográfico contendo as constituições que antecederam a CF de 1988.
Fonte: o autor
Descrição da imagem: A imagem traz um quadro bege, onde na parte superior há uma faixa vermelha com o título:
constituições que antecederam a CF de 1988. O quadro está dividido em 2, por uma linha do tempo ao centro. Para
cada uma das constituições há uma figura correspondente ao lado oposto do quadro de forma a intercalar figuras e
constituições referentes. Iniciando, de cima para baixo, com o martelo que representa o direito – ao lado constituição
de 1824.Abaixo constituição de 1891 – ao lado uma carta com uma pena de escrita sobreposta. A seguir, uma caneta
marcando três lacunas – ao lado Constituição de 1934. Logo abaixo, Constituição de 1937 e ao lado três mãos erguidas
fechadas. Logo abaixo uma lacuna marcada - ao lado Constituição de 1946 e finalizando o quadro com Constituição de
1967 – ao lado 5 livros empilhados. Fim da audiodescrição.
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Convido você a pausar um pouco a leitura e fixar o conteúdo apresentado,
através do vídeo intitulado: História das Constituições do Brasil, que está
disponível no link a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=lViaYqJ10BA&t=54s
“ O Trabalho dignifica o homem”... quem nunca ouviu esta frase? Ou então… “Na época
do seu avô, com 9 anos já se trabalhava”... estas e inúmeras expressões ouvimos em nosso
cotidiano, isto porque, na sociedade em que vivemos, o trabalho é motivo de orgulho e enobrece o
homem, visto que a partir do trabalho se adquire independência financeira e função econômica na
sociedade. Porém, você sabia que este termo “Trabalho” nem sempre foi motivo de orgulho? Até
nos dias de hoje associamos trabalho como algo que desprende sacrifício, por exemplo: “Esta
atividade dá muito trabalho! ”, ou mesmo, “ vamos realizar esta ação de forma menos trabalhosa”,
ou então, “desse jeito teremos um retrabalho”.
1
A palavra trabalho já foi sinônimo de escravidão, submissão, falta de capacidade
intelectual, entre outros. Na antiguidade, o trabalho era destinado a quem não tinha habilidades
técnicas para o exercício de funções de destaque na sociedade, como as políticas ou artísticas.
Esta ideia de que o trabalho traz dignidade às pessoas, surgiu apenas em nossos tempos
modernos, a partir das revoluções industriais, o que nos trouxe um novo tipo de convivência social.
Em nosso país, toda conquista social relacionada ao trabalho ocorreu de forma tardia, e
isso se deu porque a ligação com o trabalho escravo perdurou durante muito tempo.
E nessa viagem histórica, de forma bem abrangente, podemos lembrar que no fim do
século XIX, iniciaram-se os movimentos com o intuito de garantir avanços legais voltados às
questões trabalhistas, e foi nesse período que se deu o surgimento da Liga Operária no Rio de
Janeiro, bem como a lei que proibia o trabalho para menores de 12 anos.
Já no início do século XX, foram estabelecidas normas que previam o direito a férias,
assim como alguns direitos relacionados aos acidentes de trabalho. O que impulsionou a criação
destas leis foi a abolição da escravidão, o que proporcionou nova perspectiva trabalhista e
econômica para o país.
Diante deste cenário, um grande marco que deve ser considerado foi a instituição da
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a qual regulamentou as leis relacionadas aos direitos do
trabalhador, o que indica que todo trabalhador contratado de acordo com o que rege a CLT estão
submetidos ao que é estabelecido por ela.
As primeiras regras contempladas na CLT referiam-se a greve, acidente de trabalho e
seguros sociais, regras estas que surgiram nos estados europeus e passaram por modificações,
tendo por objetivo adequá-las a necessidade do país, sem que fosse perdido o seu objetivo
principal, que é a valorização do trabalhador.
Desde a sua criação, a CLT passou por algumas modificações de extrema importância, e
dentre estas modificações podemos ressaltar as ações relacionadas ao direito trabalhista, que se
destacou na atualização realizada em 1977, onde foram inseridos em seus capítulos benefícios
relativos à medicina do trabalho e a segurança do trabalhador.
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No Ano em que a CLT completou 70 anos (2013), o Tribunal Superior do
Trabalho elaborou uma série de reportagens sobre o tema, dentre elas
temos a abordagem do surgimento da CLT. O vídeo apresentado é intitulado
como:
Série CLT 70 anos. Vale a pena conferir!
https://www.youtube.com/watch?v=x3a2PKNAYWM
Você sabia que este documento Pontifício foi basicamente uma carta direcionada
aos bispos? Ela relatava as condições das classes trabalhadoras e teve como título:
Encíclica Rerum Novarum que tem por tradução: Das coisas novas.
A elaboração deste projeto foi dividida em dois segmentos, onde um deles abordava o
que fosse referente ao direito do trabalho e o outro contemplava o que tinha relação com a
1
Previdência Social. O resultado foi encaminhado ao ministério do trabalho e após passar por
avaliação, teve sua aprovação.
E porque estamos falando neste assunto? Será que a CLT realmente traz questões
voltadas à saúde e segurança dos trabalhadores ou apenas garantem que o empregador esteja
acobertado no que se refere às questões trabalhistas?
A resposta é SIM… os artigos do 154 a 223, do Capítulo V da CLT, referem-se a
Segurança e da Medicina do Trabalho, contemplando as obrigações tanto dos empregadores
quanto dos trabalhadores, bem como regras relativas ao bem-estar, segurança e prevenção de
acidentes dentro das organizações. Lembrando que a CLT foi criada para ligar toda a legislação
trabalhista existente, tendo por principal objetivo regulamentar as relações individuais e coletivas
de trabalho.
Juntamente com a CLT destacamos também a atuação das Normas Regulamentadoras,
as famosas NRs, que apresentam um criterioso conjunto de recomendações e procedimentos a
serem seguidos, relacionados à saúde, segurança e medicina do trabalho, as quais iremos abordar a
seguir.
Enquanto a CLT traz regras de forma mais abrangente sobre Segurança e Medicina do
Trabalho, as Normas Regulamentadoras - NRs as apresentam de forma direcionada e específica
sobre a temática. De acordo com o artigo 200 da CLT, cabe ao Ministério do Trabalho o
estabelecimento de disposições que complementam as normas relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho.
Podemos dizer que as NRs são deliberações complementares ao capítulo V da CLT,
sendo assim estas apresentam as responsabilidades, os direitos e as obrigações que cabem tanto ao
empregador quanto ao empregado.
Conforme apresentado anteriormente, o surgimento das NRs se deu a partir da portaria
3.514, pois bem, nesta primeira publicação que nos referimos foram aprovadas 28 NRs, no entanto
contamos atualmente com 38 normas, as quais foram criadas no decorrer dos anos, com o objetivo
de garantir a saúde e segurança dos trabalhadores em suas atividades laborais, de forma específica,
nos mais diversos segmentos econômicos. No período, da Criação das NRs, grande era o número de
1
trabalhadores informais bem como o alto índice de acidentes, e foi por este motivo que o governo
brasileiro, a partir das resoluções da Organização Internacional do trabalho (OIT), tomou a iniciativa
de criar as normas com o intuito de mudar o cenário atual. Cabe a Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho, tanto a elaboração quanto a revisão ou atualização das NRs, através de um
sistema tripartite, que é composto por representantes do governo, dos empregadores e dos
trabalhadores, sendo assim, a Comissão Tripartite Paritária Permanente - CTPP é a instância de
discussão para a elaboração e atualização das normas.
As Normas Regulamentadoras têm por principal objetivo orientar ações a serem
seguidas pelos empregadores a fim de tornar o ambiente laboral seguro e livre de acidentes.
E por falar em acidentes, o que acha de nos aprofundarmos nesta temática, que sem
dúvida faz parte do nosso cotidiano como profissional de segurança? Vamos então conhecer a lei
que trata desse assunto de forma bem específica.
Além do conceito de acidente que está previsto na referida lei previdenciária, também
é abordado sobre as gradações aplicadas ao infortúnio laboral, as quais classificam-se em
temporária ou permanente, parcial ou total. Mas como entender sobre estas gradações? Se liga na
figura a seguir:
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Figura 2: Tipos de Incapacidade causados por acidente.
Fonte: O autor
Descrição da Imagem: A imagem apresenta uma ilustração contendo no canto superior direito o desenho de uma
mulher negra, em pé, segurando uma prancheta. Já no canto inferior esquerdo temos o desenho de um homem negro,
sentado segurando o braço. Entre os dois desenhos estão descritos e enumerados os três tipos de incapacidades após
um acidente. Fim da audiodescrição.
E aí… ficou entendida a diferença? O que você acha de pausar um pouco a leitura e
apresentar lá no nosso fórum um exemplo prático de Incapacidade após um
acidente? Você estará pondo em prática o aprendizado e ao mesmo tempo
contribuindo com os demais colegas! Te espero lá!
Voltando ao nosso conteúdo… Você deve ter percebido que a temática que trata sobre
acidente do trabalho é bastante polêmica e repleta de ressalvas as quais devem ser consideradas.
Cabe a nós, como profissionais de segurança e sobretudo como trabalhadores, estarmos bem
atentos ao que é estabelecido por lei neste quesito. Então, vamos nos aprofundar?
1
1.5.1 Doenças consideradas acidente do trabalho – Art. 20 da Lei nº 8.213
Doenças causadas por transtornos psicológicos então, podem ser consideradas como
um acidente de trabalho? Sim, desde que comprovado o nexo causal, ou seja, origem da causa, com
a atividade laboral desenvolvida. Entendeu porque não necessariamente deve haver lesão corporal
para ser considerado um acidente? Pois bem, a própria Lei 8.213 em seu Artigo 20 define doenças
profissionais e doenças do trabalho, que se enquadram sim na definição de acidente.
Doença Profissional e doença do Trabalho… parecem a mesma coisa não é mesmo? Pois não
são… Deixa eu te explicar bem direitinho para que você aprenda a diferença e jamais esqueça! Uma
dica é que você associe a definição com a nomenclatura! Como assim professora?
Quando falamos em PROFissão...nos referimos a atividade desenvolvida não é mesmo?
Então, basta associar que: Doença PROFissional tem ligação com a PROFissão. Ex.: Em um canteiro
de obras, o operador de betoneira, mesmo com a proteção devida, poderá absorver poeira ao
realizar sua atividade e adquirir uma pneumoconiose (doença respiratória), neste caso, ele
desenvolverá uma doença profissional, pois é relativa à sua profissão. Quando falamos em
TRABalho… nos referimos ao local onde atuamos. Ex.: Te vejo no trabalho, ou seja, te vejo no local
de trabalho. Então, basta associar que: Doença do TRABalho tem ligação com o ambiente de
TRABalho. Ex.Suponha que naquele mesmo canteiro de obras citado
anteriormente, um engenheiro atue em sua sala montada em um container situado próximo às
betoneiras. Porém, este profissional trabalha com as janelas abertas e consequentemente recebe
toda partícula em suspensão advindo das betoneiras, com o agravante de não utilizar proteção
respiratória. Certamente este trabalhador desenvolverá uma pneumoconiose, porém relativa ao
ambiente ao qual ele se encontra e não causado por sua profissão como no exemplo anterior. Neste
1
caso, ele desenvolverá uma doença do trabalho. Dessa forma fica fácil, não é mesmo? Então, por
definição temos: I - Doença profissional: Entendida como aquela
produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - Doença do trabalho: Entendida como
aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente.
Fique atento(a), pois não são consideradas doenças do trabalho: a doença degenerativa;
a doença inerente a grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa; a doença endêmica
adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é
resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Há também
casos onde apesar de não serem considerados acidente, podem ser equiparados a ele! Ficou
confuso? Então vamos entender a seguir.
Que tal dar uma paradinha na leitura e clicar lá na videoaula? Nela vamos
explicar, de forma detalhada, quais os casos que se equiparam a um acidente
do trabalho, conforme apresentado na Lei 8.213. Te espero lá!
2
Agora que você se inteirou sobre o conteúdo da videoaula, eu te pergunto, são muitos
os detalhes e particularidades que devem ser observadas, não é verdade? É por isso que toda a
ocorrência deve ser investigada, para que assim se possa chegar a conclusões que vão determinar
se o caso em questão é ou não um acidente de trabalho. Além disso, sabemos que os acidentes são
bastante recorrentes e podem acontecer em qualquer empresa, havendo assim diversas
implicações e procedimentos que devem ser seguidos em casos onde o trabalhador se acidente. Um
desses procedimentos é o de registrar a Comunicação de Acidente do trabalho - CAT, e conhecer o
que é a CAT e como se dá seu funcionamento é essencial para nós profissionais da área de
segurança do trabalho, bem como para qualquer trabalhador.
O que acha de nos aprofundarmos nesta temática? Isso possibilitará que tenhamos o
conhecimento devido quando nos depararmos com uma situação em que seja necessário a abertura
de uma CAT. Vamos lá?
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Figura 3: Página da Previdência Social para Cadastro de CAT
Fonte: Previdência Social
Descrição da imagem: A imagem apresentada é um print da tela do cadastro da CAT, disponível no site da previdência
social, a qual apresenta um formulário a ser preenchido pelo usuário, contendo campos (lacunas) que permitem
informações tais como: tipo de CAT, tipo de empregador, número da documentação do beneficiário bem como
informações sobre o acidente. Fim da audiodescrição.
2
Você sabia que a empresa tem por obrigação informar à Previdência Social
TODOS os acidentes de trabalho ocorridos, mesmo nos casos onde não haja
afastamento de suas atividades.
1.6 E-social
Muito ouvimos falar do eSocial, mas na verdade do que se trata? O eSocial é um projeto
desenvolvido pelo Governo Federal com o intuito de unificar o envio de informações pelo
empregador, sobre os trabalhadores que lhe prestam serviços remunerados. Trata-se de um
sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas.
Foi a partir do decreto 8.373 de 2014 que o eSocial foi estabelecido, com o objetivo
de reduzir as questões burocráticas no envio de informações, facilitando assim o trabalho por parte
do empregador. Mas, e para o trabalhador? Qual a vantagem da implantação do eSocial?
2
Com a utilização desse sistema, o profissional tem a garantia de preservação de seus
direitos, bem como o sigilo de suas informações pessoais. Sendo assim, de certa forma o eSocial
interfere diretamente na Gestão da Segurança do Trabalho dos colaboradores.
E para nós, que atuamos como profissionais de Saúde e Segurança, o que modificou?
Podemos afirmar que o eSocial trouxe alterações bastante significativas na rotina do profissional de
Segurança e Saúde Ocupacional, isto porque, todo o envio de informações relativas ao posto de
trabalho para os órgãos competentes (Ministério do Trabalho, Receita federal e INSS), serão
realizados de forma eletrônica, não sendo mais necessário visitas ou solicitações formais aos
referidos órgãos. Outra vantagem com essa modificação é que receberemos periodicamente
informativos referentes aos profissionais que têm direito a insalubridade, periculosidade e
aposentadoria especial, acompanhado de justificativas técnicas.
A proposta de padronização determinada pelo eSocial garante a conferência de
informações de forma mais eficaz, visto que, são necessários dados advindos tanto do setor de
Recursos Humanos da organização, bem como do setor de Segurança e saúde ocupacional, como
por exemplo a emissão de Comunicação de acidentes do Trabalho - CAT e de Atestado de Saúde
Ocupacional - ASO, e o cruzamento de dados destes setores distintos, porém, que funcionam
juntos, fica bem mais fácil quando centralizados em um sistema.
Além de informações desse tipo, para que se obtenha êxito no uso dessa ferramenta é
fundamental possuir um sistema eletrônico que possibilite a integração das informações dos
funcionários, bem como de seus postos de trabalho. Dentre estas informações, devem ser
considerados os laudos técnicos, os quais atestam a existência ou não de condições insalubres e ou
perigosas, o que indicará questões relativas à aposentadoria especial em todos os setores da
empresa.
2
Pois bem, caro estudante, finalizamos aqui nossa primeira semana de aprendizado quanto a
Legislação Aplicada à Saúde Ocupacional, cansativo? Foi… sei que são muitas as informações
relativas à legislação que um profissional precisa conhecer para obter êxito em sua atuação!
Vamos fazer o seguinte… faça uma pausinha, responda a sua atividade semanal e vamos
recuperar nossas energias para voltarmos com tudo para a competência 2!
Deixa eu te contar, lá você irá conhecer sobre a Legislação Relativa à Prevenção de Riscos
Ambientais, importante para sua atuação? Demais não é mesmo? Então não perde não!
2
2.Competência 02 | Legislação Relativa à Prevenção de Riscos Ambientais
E aí caro estudante, recuperou suas forças para darmos seguimento a segunda
competência?
2
fábrica ou da empresa, pelo contrário, se estende ao próprio local de moradia ou ao ambiente
urbano.
Já para NASCIMENTO (1999) o meio ambiente de trabalho é, exatamente, o complexo
máquina-trabalho; envolvendo as edificações, o estabelecimento, os equipamentos de proteção, as
condições de salubridade (iluminação, conforto térmico, instalações elétricas), condições de
periculosidade, as medidas de proteção ao trabalhador, jornadas de trabalho e horas extras,
intervalos, descansos, férias, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, entre outros
que formam o conjunto de condições de trabalho.
De maneira geral, o meio ambiente laboral é o foco de nossos estudos, e para que
possamos garantir boas condições relativas à saúde e segurança neste meio, é necessário o
cumprimento do que é determinado pela legislação.
Pois bem, quais legislações são essas, que garantirão condições seguras aos
trabalhadores em relação aos riscos ambientais? Vejamos a seguir:
2
ambiente laboral, consequentemente implicará em uma infração penal, acarretando prisão
detenção ou multa de acordo com os arts. 14 e 15 da Lei 6.938/81 e arts. 14 a 17 da Lei 7.802/89.
Já se tratando da Consolidação das leis do Trabalho - CLT em seu capítulo V, de acordo
com o Art. 154 e seguintes, podemos acompanhar as obrigações do empregador bem como as
atribuições das Delegacias Regionais do Trabalho.
2.2 ACGIH
Na verdade, o que é essa ACGIH e porque ela é importante? Ela pode ser considerada
uma legislação? Calma… vamos entender tudo isso!
A sigla ACGIH significa: American Conference of Governmental Industrial Hygienists, ou
seja, Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, refere-se a uma associação
privada, que possui sede nos Estados Unidos. Essa Associação é composta por profissionais da área
de higiene ocupacional.
A ACGIH tem por principal objetivo promover a proteção de todo trabalhador que esteja
exposto a fatores de risco em seu ambiente laboral. É importante lembrar que suas publicações são
consideradas referências mundiais, no que se refere a análise de riscos físicos, químicos e
biológicos.
2
De acordo com registro de alguns pesquisadores, a ACGIH foi fundada no ano de 1938,
porém só no ano de 1946 publicou a primeira lista que continha os valores referentes aos TLV’s
(hreshold Limit Values), o que significa Limite de Exposição Ocupacional, a partir daí, a ACGIH realiza
uma atualização anual sobre esses valores, visto que , estes limites de exposição são dinâmicos, ou
seja, apresentam alterações frequentes a partir de descobertas epidemiológicas, ou mesmo
correlações com registros sobre alterações na saúde ou conforto dos trabalhadores.
Então, conforme apresentado, esta associação, além de outros trabalhos, desenvolve o
estudo e estabelece os limites de exposição ocupacional para substâncias químicas e agentes
físicos, bem como para os índices de exposição aos agentes biológicos, adotados
internacionalmente.
Os limites estabelecidos, para cada fator de risco, têm utilização em diversos países e
serve como base para a elaboração das normas de saúde e segurança. É muito importante nos
mantermos sempre atualizados, e o acompanhamento das publicações por parte da ACGIH pode ser
considerada uma excelente maneira de se manter atualizado na nossa área de Saúde e Segurança.
Suas publicações são de tamanha importância que servem de base para a elaboração das definições
e tabelas de limite de exposição dispostas nas Normas Regulamentadoras.
No caso do Brasil, o estabelecimento de critérios teve início com a Portaria 3.214, de 8
de junho de 1978, aprovando assim as famosas NR’s relativas à Segurança e Medicina do Trabalho,
as quais serão abordadas a seguir.
Nossas Normas Regulamentadoras… Eita, que essas não poderiam deixar de ser citadas!
De forma geral, TODAS as NR 's têm a mesma finalidade: Garantir condições adequadas aos
trabalhadores no desenvolvimento de suas atividades! As NR’s são baseadas na Lei nº 6.514, e
servem de apoio ao cumprimento da CLT, por esse motivo as organizações devem as pôr em
prática, amparando os trabalhadores que atuam no regime de carteira assinada. Conforme o artigo
157, cabe às empresas:
I – Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
2
II – Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a
tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III – adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV – Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
Então, além de apresentar as obrigações, por parte dos empregadores, para a garantia
de condições seguras no ambiente de trabalho, as NR’s também apresentam deveres aos
trabalhadores, e o cumprimento das normas por ambas as partes trará maior segurança ao
trabalhador no desenvolver de suas atividades. Desta forma, podemos afirmar que as NRs trazem
garantias tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores, pois quando são levadas a
sério é possível: a prevenção de acidentes, a garantia de um ambiente laboral seguro, a promoção
de ações preventivas relacionadas a acidentes e saúde mental, a correção ou ajuste em possíveis
falhas na realização de atividades. Além destas podemos acrescentar: a redução nas chances de
processos trabalhistas e a garantia de se manter uma boa imagem da empresa no mercado.
De acordo com dados de uma pesquisa, realizada pelo Observatório Digital de
Segurança e Saúde do Trabalho, contabiliza-se a morte de um trabalhador a cada 3 horas e 40
minutos decorrente de um acidente de trabalho. Preocupante não é mesmo?
Você poderá ter acesso a maiores informações pelo link abaixo, que traz
como título a matéria da Agência Brasil: A cada 3 horas e 40 minutos uma
pessoa morre por acidente de trabalho.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-04/cada-3-horas-e-40-
minutos-uma-pessoa-morre-por-acidente-de-trabalho
3
Atualmente contamos com 37 NRs, as quais passam por constante atualização, daí a
importância de estarmos sempre atentos a essas mudanças. De acordo com o artigo terceiro da
portaria Nº 787, de 27 de novembro de 2018, as NRs são classificadas em três tipos:
Normas Gerais: As normas gerais podem ser aplicadas em qualquer organização,
independentemente de seu segmento, de acordo com o inciso 1, do artigo terceiro
da referida portaria:
“Consideram-se gerais as normas que regulamentam aspectos decorrentes da
relação jurídica prevista na Lei sem estarem condicionadas a outros requisitos, como
atividades, instalações, equipamentos ou setores e atividades econômicas
específicas.”
E como saberei quais normas se enquadram nas classificações citadas? Fique atento na
figura a seguir!
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Figura 4: Classificação das NRs
Fonte: O autor
Descrição da imagem: A imagem apresentada traz um quadro nas cores branca e amarela intercaladas, onde estão
divididas as Normas Gerais, Normas Especiais e Normas Setoriais. Fim da audiodescrição.
3
Conforme apresentado anteriormente, as NRs passam por constante atualização,
portanto, cabe a nós, profissionais da área, estarmos sempre atentos a estas atualizações.
Por exemplo, a NR 38, que trata da segurança e saúde no trabalho nas atividades de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, que entrará em vigor em janeiro de 2024, se
enquadra como Norma Setorial, visto que é direcionada para um setor de trabalho específico.
E agora, como saberei se a norma que estou utilizando para consulta está atualizada?
Presta atenção na dica, não cochila não! Sempre que você precisar consultar uma NR, o local mais
adequado, que permite o acesso a norma atualizada é no site do Ministério do Trabalho e
previdência, nele, temos a garantia de estarmos acessando todas as NRs atualizadas e na íntegra!
Confere lá!
Agora que você já conferiu nossa videoaula e está por dentro das últimas atualizações,
vamos prosseguir a nossa leitura!
De acordo com o que foi apresentado, podemos concluir que o não cumprimento das
NRs poderá acarretar inúmeros prejuízos para ambas as partes (empregador e empregado). A
empresa que desrespeitar o que está estabelecido na norma, será responsabilizada no âmbito
administrativo, previdenciário, trabalhista, tributário, civil e criminal. Essas responsabilidades
3
podem ocorrer por aplicação de multas por parte do Ministério do Trabalho, obrigatoriedade no
pagamento de adicionais (insalubridade e periculosidade), despesas médicas, pagamento de
pensões vitalícias, entre outras.
Pois bem… percebeu que o cumprimento do que é estabelecido pela legislação vai além
do “cumprir por cumprir”? Sem dúvidas, grande é a nossa responsabilidade diante das vidas que
nos é confiada, ao desenvolvermos nosso papel de Técnicos! Sigamos com nosso conteúdo !
2.4 NIOSH
O NIOSH é a sigla para National Institute for Occupational Safety and Health , que
significa em português: Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional.
Este instituto surgiu em 1980 e refere-se à agência federal dos Estados Unidos, a qual
tem por finalidade a realização de pesquisas bem como a produção de medidas com o intuito de
prevenir lesões e doenças ocupacionais durante as atividades. O método de avaliação do NIOSH
consiste na avaliação da atividade desenvolvida de acordo com um limite de peso recomendado, o
chamado LPR e o índice de levantamento conhecido como IL, os quais trataremos adiante.
Podemos considerar o NIOSH como uma das ferramentas ser utilizadas na ergonomia,
isto porque existe uma equação, conhecida como equação de NIOSH, utilizada para calcular o peso
máximo que pode ser manuseado por um único trabalhador, onde para isso deve ser considerado
alguns aspectos, que serão apresentados posteriormente. Mas como esta equação foi
determinada?
Se deu a partir da reunião de um grupo de pesquisadores com o intuito de formular
um método eficaz para este ponto, onde foi feito o levantamento de referências bibliográficas do
3
mundo inteiro. A partir daí chegaram à conclusão de que deveria ser levado em consideração os
aspectos:
Epidemiológico: o qual se dar a partir do estudo de doenças e seus efeitos para o
trabalhador, bem como formas de prevenção e tratamento;
Psicológico: neste aspecto é levado em conta o comportamento humano diante de
determinadas situações;
Biomecânico: neste aspecto é considerado tanto a estrutura quanto a função do
sistema biológico, a partir de métodos, conceitos e leis da mecânica;
Fisiológico: o qual se baseia no estudo das funções do organismo em relação ao
trabalho físico.
3
NHO Norma de higiene ocupacional : procedimento técnico : avaliação da exposição ocupacional ao
01 ruído.
NHO Norma de higiene ocupacional : método de ensaio : análise qualitativa da fração volátil (vapores
02 orgânicos) em colas, tintas e vernizes por cromatografia gasosa / detector de ionização de chama.
NHO Norma de higiene ocupacional : método de ensaio : método de coleta e análise de fibras em locais
04 de trabalho - análise por microscopia ótica de contraste de fase
NHO Norma de higiene ocupacional : procedimento técnico: avaliação da exposição ocupacional aos
05 raios-x nos serviços de radiologia
NHO Norma de higiene ocupacional : procedimento técnico: coleta de material particulado sólido
08 suspenso no ar de ambientes de trabalho
NHO Norma de higiene ocupacional : procedimento técnico: avaliação dos níveis de iluminamento em
11 ambientes internos de trabalho
3
Você poderá ter acesso as NHO’s, na íntegra e atualizada, na página oficial do
Governo Federal, disponível em:
https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/centrais-de-conteudo/biblioteca/
nhos
Vale a pena conferir!
3
Vemos a partir daí a necessidade de se investir em treinamentos, atualizações,
implantações de medidas preventivas, e estas tem sido uma ótima estratégia para a redução dos
números citados anteriormente, bem como o cumprimento das legislações vigentes.
Se as normas que foram apresentadas nesta competência, forem cumpridas
rigorosamente, o trabalhador estará apto para a realização de uma atividade segura e produtiva e
ao mesmo tempo o empregador terá tranquilidade por não estar susceptível a multas e implicações
judiciais, conforme apresentado na videoaula.
Percebeu que o fato de se cumprir o que a legislação estabelece só traz benefícios
para todos? Pois sigamos para mais uma competência, apresentando esta importância no que diz
respeito a periculosidade e insalubridade.
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3.Competência 03 | Legislação Relativa à Periculosidade e Insalubridade
Iniciando nossa terceira competência, mais uma semana de aprendizado…então vamos
recuperar o fôlego para esta maratona de conhecimentos? Pois bem, a temática que será abordada,
é um assunto bastante comum em nosso cotidiano como profissional da área… trata-se dos
adicionais de periculosidade e de insalubridade!
Já ia esquecendo, e acredito que você também! Você já acessou o podcast dessa
semana? Está imperdível! Corre lá…porque quando iniciarmos o conteúdo dessa semana de
aprendizado você não vai querer parar!
Agora que você já acessou o podcast, que certamente despertou curiosidade sobre o
que será trabalhado nessa semana de aprendizado, sigamos com o conteúdo!
Certamente você já deve ter ouvido falar sobre, mas já lhe adianto que este é um
assunto que gera bastante dúvidas entre os trabalhadores!
3.1 Insalubridade
O termo Insalubridade, como diz a própria nomenclatura, é algo não salubre, ou seja,
não é bom para a saúde, pois pode causar doenças ao trabalhador no desenvolver de sua atividade
laboral.
Conforme com o que está estabelecido na legislação, a insalubridade é definida de
acordo com o grau do agente nocivo, sendo levado em consideração o tipo de atividade que o
trabalhador desenvolve em sua jornada de trabalho, neste caso são observados os limites de
tolerância, as taxas de metabolismo e o tempo de exposição do trabalhador.
Sendo assim, podemos afirmar que: São consideradas atividades insalubres, aquelas que
por sua própria natureza, condições ou métodos de trabalho, expõem o trabalhador a agentes
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nocivos, os quais podem se apresentar acima dos limites de tolerância fixados, seja em razão de sua
natureza, de sua intensidade e o tempo de exposição do trabalhador aos seus efeitos.
Como saberei se o trabalhador está atuando em um ambiente insalubre?
Pois bem, não se preocupe, futuro Técnico em segurança! Temos a legislação e as
Normas Regulamentadoras a nosso favor, pois estas estão disponíveis e são essenciais para serem
consultadas por nós profissionais da área!
Estão previstos nos anexos da NR 15 a discriminação de todos os agentes considerados
nocivos à saúde, bem como os seus limites de tolerância.
Conforme você pôde observar, esses anexos estão divididos em: Ruído contínuo ou
intermitente; Ruído de impacto; calor; Radiações ionizantes; Condições hiperbáricas; Radiações
não-ionizantes; Vibrações; Frio; Umidade; Agentes químicos, os quais têm a insalubridade
caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho; Poeiras minerais; outros
agentes químicos; e os Agentes biológicos.
Bastante detalhe, não é mesmo? Mas fique tranquilo! Os referidos agentes serão
tratados na disciplina de Higiene Ocupacional! O nosso objetivo aqui é o de entender a importância
da legislação na promoção da saúde e segurança do trabalhador, então sigamos…
Em conformidade com o artigo 192 da CLT, o desenvolvimento do trabalho em
condições insalubres, ou seja, acima dos limites de tolerância estabelecidos pela SEPRT (Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho), assegura ao trabalhador o direito de adicional de 40%
(quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento), tendo como base de cálculo o
salário mínimo, sendo assim classificados respectivamente em graus máximo, médio e mínimo.
É importante ficar atento que: em casos onde haja a incidência de mais de um fator de
insalubridade, deverá ser considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial.
4
Ex: O trabalhador que atua em um ambiente hospitalar, está exposto a agentes
biológicos, visto que há presença de pacientes infectados, porém o setor em que ele desenvolve sua
atividade, ao ser avaliado, comprovou-se que o grau de insalubridade era o mínimo (20%),
considere que este trabalhador desenvolve uma atividade bastante específica que requer o
manuseio de um determinado produto químico, o qual lhe confere o direito a receber, acrescido de
seu salário, o valor de 40% (grau máximo)... e agora? Este trabalhador deverá receber 20% + 40%, o
que totalizará um adicional de 60%?
Não, de forma alguma! O adicional de insalubridade não é cumulativo! Neste caso opta-
se pelo que é mais vantajoso para o trabalhador, ou seja, ele receberá um adicional de grau máximo
(40%).
Quando uma empresa paga o adicional de insalubridade ao trabalhador, significa que
não há possibilidades de atenuar o risco ali existente!
Vou trazer um exemplo prático, para que este ponto fique bem claro: Digamos que na
minha petroquímica há um grupo de trabalhadores exposto a um determinado agente químico, o
qual está acima do limite de tolerância, estabelecido pelos anexos da NR 15. O trabalhador que ali
atua, recebe um adicional de insalubridade equivalente ao grau máximo (40%), porém, ao substituir
a matéria prima utilizada como insumo, este ambiente passa a se enquadrar em um ambiente
salubre, ou seja, o novo produto utilizado está dentro do limite de tolerância estabelecido pela NR
15.
Neste caso… o adicional de 40% antes recebido pelo trabalhador pode ser retirado de
seu salário?
Deve! Quando um adicional de insalubridade é retirado dos proventos de um
trabalhador é motivo de comemoração para nós profissionais da área! Isto indica que as condições
de trabalho foram melhoradas naquele setor!
Mas você acredita, que por parte do trabalhador, na maioria das organizações, esta
passa a ser uma ação que gera insatisfação? Isto porque, o trabalhador se sente prejudicado por
deixar de receber aquele valor que ele já contava mensalmente! Muitos deles não entendem que a
retirada de um adicional de insalubridade indica condições de melhoria!
Daí eu volto aquela reflexão que deixei no comecinho desta competência, lembra? Se não…
vamos relembrar: Você considera o adicional de Insalubridade um benefício para o trabalhador?
4
Pois bem, benefício… pela própria nomenclatura indica um bem que está sendo feito!
Então reflita… vender a própria saúde em parcelas mensais é um benefício?
Não confunda benefício com direito adquirido está bem? Após esta reflexão …sigamos
com nosso conteúdo.
De acordo com o estabelecido no artigo 194 da CLT, o qual aborda sobre a concessão de
equipamento de proteção individual (EPI), bem como a adoção de medidas que mantenham salubre
o ambiente de trabalho, eliminando ou atenuando os riscos ali presentes. Em caso onde estes não
sejam possíveis ou mesmo devidamente ineficazes, é concedido um acréscimo financeiro salarial
em troca do aumento do risco à saúde do empregado, sendo assim esta ação denominada
“monetização do risco”.
E o que vem a ser essa monetização do risco: trata-se de uma compensação financeira
fornecida ao empregado que está exposto a agentes nocivos a sua saúde durante o
desenvolvimento de sua atividade laboral.
Sem dúvidas, esta definição é bastante polêmica, visto que nela é questionada a ética do
legislador por colocar valores na qualidade de vida saudável do trabalhador, isto porque, a própria
constituição federal, trata sobre a dignidade da pessoa humana como princípios fundamentais.
Para que você entenda a importância da temática, segue um dado bem relevante: De
acordo com FERNANDES (2020), o tema insalubridade aparece no ranking dos assuntos mais
recorrentes nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) com mais de 59 mil processos trabalhistas
relacionados a ele.
Falamos anteriormente sobre grau mínimo, médio e máximo… 10%, 20% e 40%, mas
como realizar esses cálculos? Este é realizado de maneira bastante simples! Conforme apresentado
anteriormente, o cálculo tem por base o salário mínimo. Vamos então aprender de forma prática?
Considerando que o valor do salário mínimo no ano de 2022 no Brasil é de R$ 1.210,44.
Acompanhe como fica o cálculo dentro de cada grau de insalubridade.
4
Para insalubridade de Grau médio
A base de cálculo é a mesma, porém adequando o cálculo para 20%: R$ 1.210,44 x 0,20
= R$ 242,88 acrescido ao seu salário.
Para insalubridade de Grau máximo
Seguindo o mesmo raciocínio dos anteriores, para esse que é o maior grau de
insalubridade, temos: R$ 1.210,44 x 0,40 = 418,00
Um lembrete importante: Conforme apresentado anteriormente, na NR 15 estão
estabelecidos os limites de tolerância, porém, para que seja definida de forma oficial se alguma
atividade é considerada ou não insalubre, é necessário a emissão de um laudo a partir de perícia.
Esse laudo só pode ser emitido por um Médico do Trabalho ou um Engenheiro de Segurança do
Trabalho.
Já que falamos em laudo, que tal dar uma paradinha para conferir a nossa
videoaula que trata exatamente sobre esse assunto! Corre lá …está
imperdível!
4
vezes se confunde com a insalubridade! Mas, antes de prosseguirmos com o conteúdo de leitura,
que tal descansar um pouco a mente? Mas o descanso que estou sugerindo é associado ao
aprendizado!
3.2 Periculosidade
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“É responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização do que é
considerado periculoso, mediante laudo técnico elaborado por Médico do Trabalho ou Engenheiro
de Segurança do Trabalho. ”
Importante lembrar que só é possível afirmar se existe ou não o direito ao pagamento
de adicional perigoso após a realização de uma avaliação do ambiente ocupacional por profissional
habilitado.
Ainda de acordo com a NR 16:
“São consideradas atividades ou operações perigosas as executadas com explosivos
sujeitos a:
a) degradação química ou auto catalítica;
b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos
sísmicos, choque e atritos.
É importante ressaltar que esta temática também é abordada no art. 193 da CLT, onde
se determina o que é periculosidade, como é o seu pagamento, o valor ao qual corresponde e
algumas atividades que são consideradas como tal.
Diferente do adicional de insalubridade, o adicional de periculosidade apresenta apenas
um nível, o qual contempla um acréscimo de 30% em cima do salário do trabalhador. Ainda
diferindo da insalubridade, que utiliza o salário mínimo para a base de cálculo, no caso de adicional
de periculosidade considera-se o salário base do trabalhador.
4
Suponha que um trabalhador que atua com segurança patrimonial, conforme visto
anteriormente este tem direito ao adicional de periculosidade, receba um salário base de R$
3.000,00, considerando que este corresponde a 30% do valor do salário bruto, temos:
R$ 3.000,00 x 0,3 = R$900,00 de adicional acrescido em seu salário.
O referido acréscimo salarial tem por base os artigos 193 e 197 da CLT, além destes,
ressaltamos que outras legislações também tratam deste acréscimo que é a Constituição da
República Federativa do Brasil em seu artigo 7;
É importante lembrar que somente o trabalhador empregado tem direito a este
acréscimo, isso indica que outras categorias profissionais, tais como os profissionais liberais e os
trabalhadores autônomos, não usufruem desse benefício.
Uma dúvida bastante comum é em relação ao acúmulo dos adicionais (Insalubridade e
Periculosidade), da mesma forma que exemplificamos anteriormente, quando citamos a exposição
aos riscos em diferentes níveis de periculosidade, lembra? O raciocínio é o mesmo!
Em casos onde a realização de determinada atividade configure uma situação periculosa
e insalubre ao mesmo tempo, é determinado conforme previsto no § 2º do artigo 193 da CLT que
não é permitido o acúmulo dos dois adicionais. Sendo assim, o trabalhador tem o direito de optar
pelo adicional de insalubridade caso seja mais vantajoso para ele.
Falando em termos de aposentadoria especial, para um trabalhador que desenvolve
uma atividade considerada perigosa, normalmente esta é concedida após o acúmulo de 25 anos de
trabalho, porém há situações que podem ser consideradas mais danosas., permitindo a redução
desse tempo de serviço, podendo chegar a 15 anos de trabalho.
Será que quando o trabalhador se expõe ao elemento que gera a periculosidade,
mesmo que em apenas uma parte do expediente ou em alguns dias de trabalho, o adicional deve
ser mantido?
De acordo com o estabelecido na CLT em seu artigo 193, apenas os empregados que
realizam atividades perigosas de forma permanente, possuem o direito de receber o adicional de
periculosidade, ou seja, aqueles que são expostos de forma eventual não têm esse direito.
Ex: Um trabalhador que atua no setor de manutenção de determinada empresa, precisa
realizar um serviço no interior de uma cisterna, local por definição considerado um espaço
4
confinado. Este tipo de manutenção (limpeza) é realizado de forma esporádica, uma vez a cada 6
meses. Neste caso, o empregador é desobrigado, por lei, a fornecer este adicional ao trabalhador
Da mesma forma, podemos considerar que no caso do trabalhador que desenvolve
atividade perigosa, assim que esta atividade com contato ao elemento periculoso for finalizada, ou
quando houver a troca de função que não exponha mais o trabalhador ao perigo, o adicional deve
ser retirado.
O conceito de atividades perigosas que determinam o adicional de periculosidade está
definido nos incisos I e II do artigo 193 da CLT. No primeiro deles, é dito que estas atividades
perigosas são as que expõem o trabalhador a um risco acentuado e de forma permanente. Já no
segundo inciso são listadas as atividades que expõem o trabalhador, porém voltadas ao perigo
relativo a roubos ou outros tipos de violência física, nas atividades de segurança patrimonial ou
pessoal. Foram incluídos também na lista de atividades perigosas de que trata a CLT, a partir da Lei
12.997/14, atividades em que o trabalhador utiliza a motocicleta. Trabalhadores expostos a
substâncias radioativas ou radiação ionizante, também podem receber o adicional de
periculosidade, desde que preencham os demais requisitos legais.
Fique atento! O direito ao adicional de periculosidade é dado por Lei! Portanto, é de
extrema importância estarmos informados sobre as demais normas da CLT, pois a partir destas é
garantida a proteção do trabalhador diante situações de risco, englobando não só a periculosidade,
mas a insalubridade conforme estudamos nesta semana.
O ideal é que a empresa não precise pagar estes adicionais, isto indica que está
fornecendo condições propícias para o desenvolvimento de um trabalho seguro!
Agora é respirar para o início da nossa última competência! Vamos lá… ânimo… pois
vamos tratar da legislação voltada às questões ergonômicas! Te espero lá!
4
4.Competência 04 | Legislação Relativa à Ergonomia
Iniciamos a última semana de aprendizado da nossa disciplina de Legislação Aplicada à
Saúde Ocupacional, cansado (a)? Pois eu já estou é com saudades… Vamos embora recuperar
nossas forças para darmos seguimento ao conteúdo.
Ergonomia é um conteúdo que não pode ser esquecido ao se tratar de Saúde
Ocupacional, e por ser tão importante é que temos uma disciplina específica que trata da
Ergonomia de forma bem detalhada. Para a nossa, o papel é o de apresentar a legislação específica
para a referida temática. Então vamos em frente!
A ergonomia está diretamente ligada a relação que envolve o bem-estar, o conforto, a
produtividade e principalmente a saúde dos trabalhadores, não sendo apenas uma questão de
aplicação de um conceito, é necessário atuar de forma ativa para a sua implementação nos
ambientes de uma empresa, e esta implementação além de garantir condições dignas de trabalho
também atende o que estabelece a legislação.
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No ano de 2018, por meio da Portaria MTb nº 876, de 24 de outubro, o subitem
17.5.3.3, referente à disposição sobre iluminância, passou por alterações, as quais deixaram de ter
por base a da norma técnica ABNT NBR 5413 e passam a considerar a Norma de Higiene
Ocupacional nº 11 (NHO 11), que será apresentada mais adiante e trata da Avaliação dos Níveis de
Iluminamento em Ambientes de Trabalho Internos. A NR 17 também passou por atualização na
redação, realizada em outubro de 2021, finalizando com uma nova atualização em dezembro de
2022, que você pode conferir na íntegra a partir do link:
4
Outra norma que deve ser levada em consideração quando tratamos da temática
ergonomia é a NHO 11, que aborda procedimento técnico: avaliação dos níveis de iluminamento em
ambientes internos de trabalho. Então vamos conhecer melhor esta norma a seguir:
4.2 NHO 11
De acordo com o que foi apresentado anteriormente a NIOSH é uma ferramenta ergonômica
de extrema importância, onde a partir dela ficou estabelecido um método que considera, para
qualquer situação de trabalho onde se realize o levantamento manual de cargas, um Limite de Peso
Recomendado, o chamado LPR. A partir de seu cálculo é que se obtém o Índice de Levantamento IL.
Sendo assim, a norma estipula que se o referido IL calculado for menor que a unidade (1.0), indica
que o trabalhador se encontra em condições seguras, visto que as chances de lesões são mínimas.
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Em situações onde o IL calculado for no intervalo de 1.0 a 2.0 significa que há um risco
presente e em situações onde o valor encontrado for acima de 2.0 indica que há grande risco de
lesões.
Como a nossa disciplina não é específica para a abordagem da ergonomia e sim para as
legislações que a rege, não vamos nos aprofundar no referido cálculo nem iremos cobrá-los nas
atividades propostas, mas o vídeo a seguir traz uma abordagem bem interessante sobre este
cálculo.
Para a determinação do LPR, devem ser considerados alguns fatores tais como: a
distância horizontal entre a carga e o operador, a distância vertical, a origem da carga, o
deslocamento vertical, o ângulo desse manuseio, a frequência média dos levantamentos e a
qualidade da pega. A seguir, a partir da figura apresentada, você pode verificar que há um
procedimento relacionado à movimentação manual de cargas, onde está sendo indicado o passo a
passo para a realização de tal.
5
Figura 5: Exemplo de posicionamento adequado na execução de uma atividade.
Fonte: DDS Temas
Descrição da imagem: a imagem apresenta uma sequência que orienta a forma adequada que o trabalhador
deve elevar um volume, sendo dividido em 5 passos a serem seguidos. Fim da audiodescrição.
4.4 NBRs
Ainda não havíamos falado sobre elas, não é mesmo? As importantíssimas Normas
Brasileiras Técnicas, NBRs, que trata de um conjunto de normas e diretrizes com o objetivo de
trazer a padronização de serviços e processos, bem como a elaboração de produtos.
As referidas normas têm sua produção por parte da ABNT que é a Associação Brasileira
de Normas Técnicas, instituição fundada no ano de 1940 e reconhecida pelo Governo Federal. É
importante lembrar que as NBRs não são obrigatórias, por este motivo não há sanções legais, em
termos de cumprimentos e penalidades, nos casos em que não forem adotadas, mas mesmo
sabendo da não obrigatoriedade de seu cumprimento, empresários e gestores reconhecem os
benefícios trazidos para sua organização tais como: o aumento da produtividade, redução ou
5
mesmo a eliminação de falhas no processo produtivo, desenvolvimento de um trabalho mais
seguro, entre outros.
Grande é o quantitativo de NBRs que são voltadas para as mais diversas questões
ergonômicas, dentre elas podemos citar:
NBR ISO 11226 que tem por título: Ergonomia - Avaliação de posturas estáticas de
trabalho;
NBR ISO 11228 -1 que tem por título: Ergonomia - Movimentação manual parte 1 -
Levantamento e transporte de cargas;
NBR ISO 11228 -2 que tem por título: Ergonomia - Movimentação manual parte 2 -
Empurrar e puxar;
NBR ISO 11228 -3 que tem por título: Ergonomia - Movimentação de cargas leves
em alta frequência de repetição.
ABNT-NBR 13966:2008 – Ensaio para atendimento das dimensões de mesas de
escritório de uso geral, os requisitos mecânicos, de segurança e ergonômicos.
ABNT ISO/TS 20646 - Diretrizes Ergonômicas para a otimização das cargas de
trabalho sobre o sistema musculoesquelético.
ABNT ISO 7250-1 - Medidas básicas do corpo humano para o projeto técnico - Parte
1: definições de medidas corporais e pontos anatômicos.
NBR 13962 - Móveis para escritório - cadeiras - Requisitos e Métodos de Ensaio.
Enfim, conforme mencionado anteriormente, inúmeras são as NBRs que tem como foco
principal as questões ergonômicas, sejam elas objetivando a padronização de procedimentos ou
mesmo determinando o mobiliário que irá compor o ambiente laboral. Cabe a nós, como
profissionais da área, estarmos atentos às condições locais para que possamos oferecer ao nosso
trabalhador um ambiente seguro e saudável.
A instrução Normativa - IN, pode ser considerada como um ato administrativo, ou seja,
uma norma complementar que tende a completar o que está disposto em uma portaria, um
decreto, entre outros. A IN jamais poderá confrontar leis e decretos, pelo contrário, esta deve estar
5
em consonância com o que é ordenado juridicamente. Um exemplo de IN, bastante utilizada no que
se refere às questões ergonômicas é a do INSS nº 98 /2003, vamos ver o que ela traz?
Esta reconhece e aprova Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) como doenças do trabalho.
Abrindo um pequeno parêntese para que você entenda um pouco sobre a dimensão do
conteúdo que estamos abordando…
Tanto a LER quanto o DORT são danos resultantes da sobrecarga, ou seja, da utilização
excessiva, do sistema que movimenta o esqueleto humano, sem que haja um tempo adequado para
a recuperação deste. Estas enfermidades geralmente são identificadas em estágio avançado, onde
há ocorrência de vários sintomas na grande maioria em membros superiores. Dentre estes sintomas
é comum identificar dores, fadiga e sensação de peso sobre o membro.
De acordo com o Ministério da Saúde (2018), essas enfermidades estão relacionadas à
atividade laboral e podem prejudicar tanto a produtividade quanto a participação na força de
trabalho, o que pode levar a um comprometimento financeiro. Ainda de acordo com dados do
ministério da saúde, estas são responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho, tendo
grande representatividade nos custos relativos a indenizações, tratamentos para o trabalhador e
investimento em sua reintegração ao trabalho.
Então a IN do INSS nº 98 /2003 ao reconhecer a LER e o DORT como doenças do
trabalho, avalia e analisa possibilidades para o afastamento das atividades laborais. Podemos
destacar as doenças consideradas mais comuns entre as LER/ DORT as tendinites, inflamações em
nervos e articulações, além das dores crônicas na região das costas e pescoço.
Além das IN, tanto a CF quanto a CLT também abordam esta temática conforme
estudaremos a seguir.
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A CF/88, apresenta em seu capítulo II, que trata Dos Direitos Sociais em seu artigo 7º, o
inciso XV que trata do repouso semanal remunerado, já no inciso XXII, há referências sobre a
duração da jornada de trabalho. Em ambos incisos percebemos a preocupação relacionada ao
descanso do trabalhador, fator este considerado primordial nos princípios ergonômicos.
Ao tratarmos dos descansos mencionados na constituição, os quais são reconhecidos
como essenciais, porém tratando-se de um intervalo mais amplo (entre jornadas e entre semanas),
podemos reporta-los como essenciais também no decorrer de uma única jornada…como assim
professora?
Estou me referindo a adoção de pausas. Você sabia que esta é uma estratégia
organizacional bastante eficaz na prevenção de doenças ocupacionais? Pois bem, é uma ação
simples e que não exige grandes investimentos e está estabelecida na NR 17.
E por falar em pausa, o que acha de fazer uma pequena pausa na leitura e
conferir a nossa videoaula que trata exatamente sobre esta temática? Te
aguardo lá!
Agora que você voltou da sua “pausa de aprendizado”, vamos dar continuidade no
conteúdo que já está no finalzinho… vamos lá!
Tratando-se da CLT, podemos citar dois artigos que se referem à Ergonomia, são o art.
198 que regulamenta sobre o peso máximo permitido a ser sustentado por um trabalhador e o art.
199 que trata sobre a exigência bem como a disponibilização de assentos para os trabalhadores que
desenvolvem suas atividades em pé.
Sobre esta questão de se desenvolver atividades em pé, o próprio texto trazido tanto
pela CLT quanto pela NR 17 acaba trazendo dúvidas e polêmicas, isto porque, se forem levados em
consideração “ao pé da letra” da escrita apresentada, o direito do trabalhador não está assegurado
por completo. Entenda…no artigo 199 da CLT temos que:
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A forma da escrita dá margens para que empregadores retirem dos trabalhadores este
direito, por alegarem que determinados serviços não permitem serem desenvolvidos com o
trabalhador sentado. O mesmo acontece com o disposto na NR 17, que traz o seguinte texto:
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Conclusão
Estimado Estudante,
“Eu não posso mudar o mundo, mas posso mudar a vida de alguém”.
Mário Fortuna
Pense nisso!
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Referências
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Minicurrículo do Professor