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Gestão e Organização

escolar
Renata Paula dos Santos Moura

Técnico em
Secretaria Escolar
Gestão e Organização
escolar
Renata Paula dos Santos Moura

Curso Técnico em
Secretaria Escolar

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Agosto 2023


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
Renata Paula dos Santos Moura Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Revisão
Ana Pernambuco de Souza
Renata Paula dos Santos Moura

Coordenação de Curso Coordenação Geral (ETEPAC)


Iracema Cristina Batista da Silva Arnaldo Luiz da Silva Junior
Gustavo Henrique Tavares
Coordenação Design Educacional Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Deisiane Gomes Bazante Paulo Euzébio Bispo

Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 5

UNIDADE 01 | Compreender o processo de evolução da administração para a gestão escolar ....... 7

1.1 O Processo de Administração na Educação ............................................................................................. 13


1.2 Desafios da Administração no Campo Educacional ................................................................................. 15
UNIDADE 02 | Identificar os diferentes estilos de gestão nas situações específicas existentes na
escola......................................................................................................................................... 20

2.1. As concepções de Organização e Gestão Escolar ................................................................................... 20


2.2. As dimensões de abrangência da Gestão Escolar ................................................................................... 25
UNIDADE 03 | Entender a estrutura da escola e o funcionamento dos diversos segmentos,
considerando suas atribuições legais .......................................................................................... 35

3.1. A escola e a sua estrutura organizacional ............................................................................................... 36


3.2. Os elementos constitutivos do processo organizacional ........................................................................ 39
3.3. As funções e atribuições dos profissionais da instituição educacional .................................................. 50
UNIDADE 04 | Realizar atividades de apoio à gestão escolar, no que diz respeito ao planejamento,
execução e acompanhamento de projetos, programas e rotinas administrativas do processo
educacional ................................................................................................................................ 61

4.1. Estratégias de apoio à gestão escolar nas ações de planejamento, execução e acompanhamento de
projetos e programas educacionais ............................................................................................................... 61
CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 75

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 77


INTRODUÇÃO
Estudante, vamos desbravar um percurso de ensino-aprendizagem. É com grande alegria
que iniciamos a disciplina de Gestão e Organização Escolar! Seja bem-vindo! Será uma viagem
instigante percorrendo caminhos sobre a gestão e a organização escolar relacionando-a à rotina da
escola, conhecendo a sua dinâmica e a sua estrutura.
O técnico em Secretaria Escolar além de ser um profissional de grande importância para
o suporte na organização técnica e administrativa da instituição deve conhecer a respeito da gestão
da escola e da concepção de educação. Sendo assim, o trabalho da gestão se constrói a partir do
desenvolvimento de referenciais, de fundamentos legais e conceituais que embasem e orientem o
trabalho do gestor e da comunidade escolar como um todo.
A nossa primeira parada, a Unidade 01, tem como objetivo compreender o processo de
evolução da administração para a gestão escola, neste momento, vamos dialogar sobre como se
constituiu a administração na educação e os seus principais desafios do campo educacional.
Em seguida, com a chegada da Unidade 02, aperta o cinto de segurança que vamos
acelerar essa viagem e identificar os diferentes estilos de gestão nas situações específicas existentes
na escola. Iremos nos aproximar das concepções de organização de gestão escolar, assim como as
dimensões de abrangência da gestão escolar.
Nossa terceira parada será na Unidade 03, nesta semana, vamos entender a estrutura da
escola e o funcionamento dos diversos segmentos, considerando suas atribuições legais.
Compreender os elementos constitutivos do processo organizacional, as funções e atribuições dos
profissionais da instituição educacional.
O último desembarque será na Unidade 04, momento de nos aproximarmos e conhecer
mais sobre a realização das atividades de apoio à gestão escolar, no que diz respeito ao planejamento,
à execução e o acompanhamento de projetos, de programas e de rotinas administrativas do processo
educacional.
Sabia que, nesse componente, você identificará mais aspectos que se referem ao papel
do técnico em Secretaria Escolar do apoio pedagógico ao burocrático?
Discutiremos sobre as leis e normas que orientam a função do profissional e a
normatização de documentos da vida escolar, visto que, uma instituição só funciona qualitativamente

5
se todos os segmentos trabalharem coletivamente, tendo o/a estudante como centro de toda a sua
atenção.
Deixa-me te contar algo bem importante! Agora, faz o seguinte, registra essa informação
e a leva ao longo dessa viagem: “a ação da gestão, não deve se limitar a aspectos burocráticos e para
isso, o gestor precisa ter como centro além do estudante, a concepção sobre a educação, o seu papel
profissional na liderança e organização da escola”.
Você está acomodado? Se organiza aí na sua poltrona, cadeira ou onde você estiver,
vamos lá! Espero que esse componente proporcione grandes contribuições para a sua formação e
forneça elementos que engrandeçam o seu processo de ensino-aprendizagem!
Bons estudos!

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UNIDADE 01 | Compreender o processo de evolução da administração
para a gestão escolar
Estudante, que tal conhecer um pouco sobre o processo de administração na educação
para gestão escolar? Você já se questionou sobre a educação e suas mudanças em cada momento da
nossa história? Será que a gestão de uma escola acompanhou esse processo e as mudanças?
Interessante atentar para essas reflexões.
Nesta primeira unidade, você irá entender o processo de administração na educação para
a gestão escolar, ou seja, compreender o paradigma1 de administração para gestão (educacional e
escolar) e como esse percurso foi se constituindo até chegar à atualidade.

Espere um pouco... Antes de iniciar, vai lá e escuta o Podcast da primeira


unidade com dicas da semana. Vamos lá!

Agora que você já ouviu o Podcast, que tal trazer uma breve reflexão sobre a função social
da educação e da escola?
Sim. É importante enfocar nesse debate, sabe por quê? Porque o que a gestão entende
e defende enquanto educação (e escola) é elemento central da configuração da gestão escolar de um
determinado contexto.
Uma discussão pertinente, visto que é a educação que contribui no processo de formação
de cada pessoa e consequente ingresso no mundo do trabalho. A educação é o elemento principal a
ser considerado quando abordamos sobre a gestão e o estudante é o centro desse processo
formativo. A educação nos parâmetros legais visa à formação integral do indivíduo e, por isso, não
podemos deixar de enfatizar aqui a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional conhecida como a LDB (Vamos falar bastante dessa lei!) que em seu
artigo 2º discorre: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e

1
Você sabe o significado de paradigma? Fonte:
https://www.significados.com.br/paradigma/#:~:text=Paradigma%20%C3%A9%20um%20modelo%20ou,ser%20seguido
%20em%20determinada%20situa%C3%A7%C3%A3o.

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nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
A educação é um processo contínuo que impacta na sua qualificação profissional e
consequente constituição do seu ambiente de atuação, já que a Secretaria Escolar é um espaço
fundamental para a Gestão Escolar e o seu funcionamento qualitativo.
A escola é uma instituição social ímpar, ao mesmo tempo em que possui formas de
organização e de funcionamento muito semelhante a qualquer outra (escola), apresenta
particularidades que lhe são próprias, fruto da sua própria trajetória histórica (BUENO, 2001).

Que tal aprofundar as leituras sobre esse debate? Você pode ler o texto
intitulado:
Função social da escola e organização do trabalho pedagógico de autoria de
José Geraldo Silveira Bueno
(Fonte:
https://www.scielo.br/j/er/a/mxNpBCnthBt3Wt6GxDf3qPd/abstract/?lang=pt
#).
É só acessar o QR Code abaixo:

Sem dúvida, é importante refletir sobre a escola e oferecer subsídios para a organização
do trabalho administrativo-pedagógico, visto que a organização, em si, se constitui em elemento
fundamental para o desenvolvimento de processos de democratização da gestão e do ensino no país.
Estudante, muitos são os desafios para a educação! E os limites e possibilidades de cada
escola estão dados exatamente por uma situação imprecisa: não se pode imaginar, sob o risco de
entrarmos num romantismo descolado da realidade, que uma escola possa quebrar os processos de
seletividade e de exclusão escolar, e se organizar de tal forma que elimine as interferências externas
que não coincidam com a sua proposta. Precisamos ter em mente que a instituição escolar está
imersa em uma realidade social que a configura e reconfigura cotidianamente.

8
A escola possui um espaço de autonomia que lhe permite, dentro de limites, se constituir
em frentes de resistência aos processos de seletividade e de exclusão massivos em nosso país
(BUENO, 2001).
Com a experiência de uma gestão escolar que valoriza e exerce os princípios
democráticos (dispostos em lei como aprofundaremos a seguir), a escola passa a se aproximar de
uma prática inovadora de educação integral - dialogando com as Competências Socioemocionais -
de cada sujeito envolvido no processo de ensino-aprendizagem.

Quer saber um pouco mais sobre as Competências Socioemocionais?


Acessa:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-
praticas/aprofundamentos/195-competencias-socioemocionais-como-fator-
de-protecao-a-saude-mental-e-ao-bullying

Agora vamos avançar mais um pouco e conhecer alguns conceitos centrais e o percurso
da administração e gestão escolar.

Gestão
A gestão se caracteriza como ato de gerir, administrar, gerenciar, liderar etc. Ela é
associada, na maioria das vezes à chefia ao controle das ações de um determinado grupo de
indivíduos. Existe uma diferenciação entre a gestão educacional e a gestão escolar com
especificidades no que se refere aos espaços escolares e aos contextos diversos. Não se preocupe,
você irá identificar essas questões ao longo da nossa caminhada.

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Figura 01 – Gestão descentralizada e trabalho em equipe.
Fonte: https://www.ionsistemas.com.br/wp-content/uploads/2019/12/312393-gestao-descentralizada-quais-sao-os-
beneficios-1024x683.jpg
Audiodescrição da figura: Imagem representando várias pessoas de diferentes cores com as mãos unidas formando um
círculo, demonstrando trabalho em equipe através da diversidade e da coletividade.

Sistemas Educacionais
As instituições de ensino ou organizações que compõem o Sistema Educacional se
caracterizam como unidades sociais, ou seja, são organismos vivos, heterogêneos e dinâmicos. E
como se caracterizam por uma rede de relações, a diversidade de estabelecimentos de ensino é
composta por elementos que nelas interfere, direta ou indiretamente. Essas unidades sociais
(instituições) existem para alcançar determinados objetivos e, dessa maneira, a sua direção demanda
um novo enfoque de organização, plena e competente.

Gestão Educacional
O termo gestão educacional é utilizado habitualmente para designar a ação dos
dirigentes, este surge em substituição ao conceito de: “administração educacional”. Mas, por que
essa mudança? Em resumo, a administração sintetiza a tarefa de administrar em dois termos:
racionalização dos recursos e coordenação do esforço coletivo em função dos objetivos (PARO, 1996).

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A concepção de gestão educacional implica outra maneira de mobilizar meios e
procedimentos para alcançar os objetivos da organização, abarcando,
fundamentalmente, aspectos técnicos – administrativos, gerenciais e
pedagógicos.

Entretanto, os objetivos educacionais se diferem dos empresariais, assim como as


demandas e especificidades dessas organizações são distintas como veremos mais a diante. Existem
várias concepções e modalidades de gestão, você irá conhecê-las ao longo das unidades.

Cultura Organizacional
A cultura organizacional como um conceito central na análise da organização tem
importância significativa para compreensão da gestão e de como ela se configura em uma
determinada instituição (educacional ou escolar), visto que a relação das práticas culturais dos
indivíduos e sua subjetividade tem relação direta na dinâmica interna de cada organização.

“A escola é, também, um mundo social, que tem suas características de vida


próprias, seus ritmos e seus ritos, sua linguagem, seu imaginário, seus modos
próprios de regulação e de transgressão, seu regime próprio de produção e de
gestão de símbolos” (FORQUIN, 1993, p. 167).

Logo, a cultura organizacional pode ser definida como o conjunto de fatores sociais,
culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da organização e dos sujeitos que a
compõem.

Gestão Escolar
A gestão escolar constitui o conjunto das condições e dos meios utilizados para assegurar
o bom funcionamento da instituição viabilizando alcançar os objetivos educacionais de forma
qualitativa.

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A gestão escolar refere-se ao conjunto de normas, de diretrizes, de estrutura
organizacional, de ações e de procedimentos que asseguram a racionalização
do uso de recursos humanos, materiais, financeiros e intelectuais assim como a
coordenação e o acompanhamento do trabalho das pessoas.

A gestão é o caminho que viabiliza as condições e os meios para que a instituição escolar
disponha de condições favoráveis para alcançar os objetivos específicos.

Gestão Democrática
A gestão democrática é fundamentada em uma perspectiva de gerir que viabilize a
organização e a coordenação de atitudes e ações que tenham como objetivo, principal ampliar e
garantir a participação social, ou seja, a comunidade escolar é considerada ativa em todo o processo
da gestão, participando de todas as tomadas de decisões da instituição.
Estudante, em uma gestão democrática, é indispensável que cada participante tenha
conhecimento de seu papel e funções enquanto membros da comunidade escolar. Vamos fazer uma
breve pausa na leitura e assistir ao vídeo indicado abaixo. Vamos lá!

Vamos acessar uma animação a respeito do tema em discussão?


Gestão em Foco - Gestão Democrática
https://www.youtube.com/watch?v=hFS0HEagFP4

Falar sobre gestão da educação e da escola implica em não pensar apenas em uma
determinada instituição e na racionalização do trabalho que essa opta com vistas a alcançar os
próprios objetivos. Paro (2001) reforça: é necessário colocar em foco o caráter institucional e
formativo da escola.

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A comunidade escolar é composta por professores, estudantes, pais e ou
responsáveis, direção, equipe pedagógica, comunidade na qual a escola está
inserida e demais funcionários.

Depois de estudar alguns conceitos que envolvem a educação e o seu processo


administrativo e organizacional. Que tal assistir a nossa vídeoaula da semana!?

Acesse a nossa vídeoaula e aproveite esse momento para refletir mais ainda
sobre os conteúdos da primeira unidade!

Após assistir à vídeoaula vamos dar continuidade, agora você irá percorrer por um breve
debate sobre o processo de administração, na educação, tratando de mudanças e diferentes
concepções até a atualidade.

1.1 O Processo de Administração na Educação

Assim como foi afirmado, a educação teve todo um processo histórico e com a
administração escolar não foi diferente. Estudante, compreender a gestão como um processo político
e administrativo nos impõe a necessidade de compreender conceitos de gestão e administração, de
forma contextualizada. Afinal, cada período demanda de um contexto sociopolítico que abarca
determina configuração de sociedade. Sendo assim, as instituições escolares estão inseridas nessa
realidade e dependem dela para trabalhar de acordo com o que é exigido em cada momento. Essas
mudanças são contextualizadas e o trabalho dentro das unidades escolares vai se adaptando e
reorganizando de forma que atenda às expectativas da sociedade.
Em cada momento histórico, tivemos diferentes configurações de modelos de administrar
a escola e, com isso, passamos de um modelo centralizador, tecnicista, setorizado, hierarquizado a
um modelo em oposição que trata de uma concepção democrática. Essas diferentes formas de
administração escolar subdividem-se da seguinte maneira: o primeiro refere-se à administração no
período colonial, a qual fora baseada no direito romano. O segundo, Era Republicana, divide-se em

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quatro fases. São elas: fase organizacional, comportamental, desenvolvimentista e sociocultural.
Cada uma correspondente a um modelo específico de gestão da educação definido de acordo com
cada época.
Cabia, portanto, aos educadores, adaptarem-se aos períodos e gerirem as instituições
escolares de forma que atendessem às necessidades do momento.
Nas décadas de 70 e 80, o sistema escolar foi marcado pelo centralismo, autoritarismo e
estruturas burocráticas-padrões. A unidade escolar era organizada de “fora para dentro”. O poder de
decisão da equipe escolar, nessa época, era praticamente inexistente sobre seus objetivos e até sobre
a estrutura e organização pedagógica e de equipe escolar.
Após esse período republicano, é proposto um novo paradigma da educação: o paradigma
multidimensional. Este é repleto de características e tem o objetivo de atender às necessidades da
escola que, com as mudanças da sociedade, passa a evoluir gradativamente exigindo outros meios
do processo administrativo.
Os anos 90 são caracterizados por grandes mudanças na área educacional. Devido às
transformações do mercado com o capitalismo e a era da Globalização, sendo assim, a educação
precisaria acompanhar essa evolução de modo que se ajustasse ao desenvolvimento de mercado do
país. No final dessa década, passamos por modificações no setor educacional. Nesse sentido, existiu
um foco principal na gestão, na esperança de haver transformações positivas especialmente no nível
da educação básica quando adotadas as propostas de uma gestão democrática.
Estudante, a sociedade contemporânea caracteriza-se por um processo de mudanças
quase instantâneas e não se compara aos períodos anteriores. Essa velocidade tem sido responsável
por alterações profundas nem sempre perceptíveis de imediato, essas vão influenciando
processualmente nas organizações e consequentemente a instituição escolar. Por isso, a questão da
gestão e os novos conceitos que a fundamentam constituem preocupação central dos
administradores modernos na busca de um novo paradigma que atenda às demandas atuais.
A gestão ou administração escolar precisa ter como intuito principal a “mediação dos
objetivos que irão atender às necessidades dos que fazem o processo educativo e, ainda ser flexível
à medida que surjam outros objetivos” (BOTLER, 2013, p. 88). Diante disso, a escola passa a ser vista
como uma instituição complexa na qual os problemas enfrentados não fazem parte apenas do
sistema escolar, como também são advindos de uma sociedade diversificada.

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Daí a importância de termos profissionais atualizados e capacitados para gerir uma
instituição escolar, visto que esse profissional precisa atentar para a concepção de educação de
acordo com a nossa legislação (CF/88 e LDB/96) – uma educação centrada na formação integral do
indivíduo - estar atento ao contexto sociopolítico e cultural, percebendo a importância do seu papel
enquanto mediador no processo de gerir a escola coletivamente.
Esse processo desafiador e acompanhado de mudanças e limitações o que reflete na
forma como se organiza uma determinada administração de uma escola, como veremos no item a
seguir.

1.2 Desafios da Administração no Campo Educacional

Estudante, conforme foi visto, administrar é um processo racional de organização, bem


como um processo de influência estabelecida nas unidades de ação de “fora para dentro”, e envolve
um jogo de forças de pessoas e de recursos, de forma racional e mecanicista. Porém, esse grupo
envolvido na ação de administrar deve ser movido por um objetivo comum, o coletivo atua para que
os objetivos organizacionais sejam realizados como demonstra a figura abaixo.

Figura 02 – Os desafios de gerir uma escola no coletivo


Fonte: https://portal.ifrn.edu.br/campus/natalzonanorte/noticias/campus-inicia-encontro-pedagogico-com-
cafe-da-manha-para-os-servidores/image_preview
Audiodescrição da figura: Imagem representa através de figuras um círculo de pessoas diversas sentadas em
uma mesa redonda, representadas em cores diferentes e todas as dez estão com peças que completam o quebra-
cabeça no centro do círculo, ou seja, todos trabalham juntos focados no objetivo central da instituição que é comum a
todos.

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Desse modo, o ato de administrar corresponderia a chefiar e controlar, mediante uma
visão objetiva de quem atua sobre a maneira distanciada e orientada por alguns pressupostos.
Segundo Moraes (2018), o modelo de gerenciar uma instituição pode variar e se adequar ou não a
esses pressupostos que veremos a seguir:

a) Na maioria das vezes, o ambiente de trabalho e o comportamento humano são


previsíveis, podendo ser controlados;
b) Crise, ambiguidade e incerteza não são vivenciadas como oportunidades de
crescimento e transformação e são encarados como disfunção e como problemas a
serem evitados;
c) O sucesso, ao ser alcançado, mantém-se por si mesmo e não demanda esforço de
manutenção e responsabilidade de maior desenvolvimento;
d) A responsabilidade maior do chefe é a de obtenção e garantia de recursos
necessários para o funcionamento perfeito da unidade;
e) Modelos de administração que deram certo não necessitam ser mudados;
f) Pode haver uma adaptação de modelos de ação que deram certo em outros
contextos e esses podem funcionar;
g) O participante da organização acaba, muitas vezes, aceita imposições;
h) O participante da instituição que, por vezes, é tido como “colaborador” fica à
disposição de aceitar os modelos estabelecidos e agir de acordo com ele sem
questionar e debater a respeito;
i) O importante é fazer o máximo, e não fazer melhor e o diferente;
j) É o administrador quem estabelece as regras do jogo;
k) A objetividade garante bons resultados e essa é a meta principal, sendo a técnica o
elemento fundamental para a melhoria do trabalho.
(Texto adaptado).

Estamos caminhando para a finalização da unidade. Vamos relembrar e aprofundar


algumas informações importantes? Vem comigo!

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A gestão educacional refere-se ao âmbito dos sistemas educacionais; a gestão escolar diz
respeito aos estabelecimentos de ensino; a gestão democrática, por sua vez, constitui-se num “eixo
transversal”, podendo estar presente, ou não, em uma ou outra esfera.
De acordo com a Constituição e a LDB, a gestão da educação nacional se expressa através
da organização dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal; das incumbências da União, dos
Estados e dos Municípios; das diferentes formas de articulação entre as instâncias normativas,
deliberativas e executivas do setor educacional; e da oferta de educação escolar pelo setor público e
privado. No âmbito do Poder Público, a educação é tarefa compartilhada entre a União, os Estados,
o Distrito Federal (DF) e os Municípios, sendo organizada sob a forma de regime de colaboração. As
definições advindas das políticas educacionais permitem situar o terreno da gestão educacional como
espaço das ações dos governos, sejam eles federal, estaduais e municipais.
Estudante, vimos que a gestão escolar, como o próprio nome diz, refere-se à esfera de
abrangência dos estabelecimentos de ensino. A LDB de 1996 foi a primeira das leis de educação a
dispensar atenção particular à gestão escolar, atribuindo um significativo número de incumbências
às unidades de ensino. Essa perspectiva assinala um momento em que a escola passou a configurar-
se como um novo foco da política educacional. Aprofundaremos a seguir.
Segundo a LDB, a elaboração e a execução de uma proposta pedagógica é a primeira e
principal das atribuições da escola, devendo sua gestão orientar-se para tal finalidade. A proposta
pedagógica é, com efeito, a “bússola” da escola, definindo caminhos e rumos que uma determinada
comunidade busca para si e para aqueles que se agregam em seu entorno.
São tarefas específicas da escola a gestão de seu pessoal, assim como de seus recursos
materiais e financeiros. Gerir seu patrimônio imaterial e material. Imaterial: refere-se às pessoas, às
ideias e à cultura produzida em seu interior; Material: diz respeito a prédios e a instalações, a
equipamentos, a laboratórios, a livros, enfim, tudo aquilo que se traduz na parte física de uma
instituição escolar.
Além dessas atribuições, e acima de qualquer outra dimensão, está a incumbência de
zelar pelo que constitui a própria razão de ser da escola – o ensino e a aprendizagem. Assim, tanto
lhe cabe “velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente”, como “assegurar o
cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas”, como “prover meios para a recuperação
de alunos de menor rendimento” (Incisos III, IV e V). Esses três dispositivos remetem ao coração das

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responsabilidades de uma escola. Ao exercer com sucesso tais incumbências, a instituição realiza a
essência de sua proposta pedagógica.
No discurso pedagógico, a gestão democrática da educação está associada ao
estabelecimento de mecanismos institucionais e à organização de ações que desencadeiem
processos de participação social: na formulação de políticas educacionais; na determinação de
objetivos e fins da educação; no planejamento; nas tomadas de decisão; na definição sobre alocação
de recursos e necessidades de investimentos; na execução das deliberações; nos momentos de
avaliação (MEDEIROS; LUCE, 2006).
Estudante, limitar a gestão democrática à esfera escolar é algo que pode estar posto na
LDB, mas que está longe de alcançar as expectativas dos educadores que, mais e mais, querem (e
devem!) ser agentes da formulação e da gestão da(s) política(s).
A gestão democrática da escola é, portanto, apenas um desses espaços de intervenção
que se articula a outros, no campo da política e em diferentes formas de exercício da cidadania e da
militância.
Nesta unidade, você estudou o processo histórico da educação e, por conseguinte sobre
a administração ao longo desses períodos. Espero que você tenha percebido que a administração no
contexto educacional tem pressupostos para além da administração tradicional (empresarial). Sendo
assim, a administração, no contexto escolar, deve ser proposta considerando a cultura organizacional
de cada instituição.
Na próxima unidade, serão abordados os segmentos escolares dentro de uma instituição
escolar e a sua participação direta no processo de gestão.
Estudante, a nossa primeira unidade foi finalizada. A expectativa é que você tenha
aproveitado ao máximo! Lembre-se de que esse espaço de ensino-aprendizagem é todo seu e vamos
continuar a nossa viagem aperfeiçoando os conhecimentos sobre a Gestão Escolar!
E para aprofundar ainda mais os seus estudos, assista a vídeoaula, escuta o Podcast acesse
e leia o material complementar, participe dos fóruns e das demais atividades. Interaja e coopere para
uma aprendizagem processual, dinâmica e significativa, isso irá trazer aspectos positivos para a sua
formação técnica em Secretaria Escolar.

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A segunda unidade tem como objetivo identificar os diferentes estilos de gestão nas
situações específicas existentes na escola. Assim como aprofundar o debate sobre as concepções de
organização e gestão escolar e as dimensões de abrangência da gestão escolar.
Vamos em frente!

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UNIDADE 02 | Identificar os diferentes estilos de gestão nas situações
específicas existentes na escola
Chegamos a nossa segunda parada: a Unidade 02. Aqui iremos trabalhar sobre as
concepções de Organização e Gestão Escolar e as dimensões de abrangência da Gestão Escolar. Te
convido a se aproximar e conhecer os “estilos” de gestão que podem ser observados em uma
instituição educacional. Você sabia que algumas delas já estão superadas? Interessante, não é?
Com as mudanças ao longo da história da educação, as concepções e os paradigmas da
gestão também foram se modificando e as singularidades da instituição escolar consequentemente
se adaptam as alterações sociopolíticas e culturais da sociedade. Mas, isso não significa que um
modelo substitui o outro e assim sucessivamente. De fato, as escolas ainda vivenciam gestões que se
configuram como modelos administrativos clássicos (administração empresarial) como você verá a
seguir.

Que tal, ouvir o nosso Podcast da unidade, corre lá!

2.1. As concepções de Organização e Gestão Escolar

A organização e os processos de gestão assumem diferentes modalidades de acordo com


a concepção que se tenha das finalidades sociais e políticas da educação em relação à sociedade e à
formação dos estudantes. Dessa forma, se posicionássemos as concepções em uma linha contínua,
teríamos em um dos extremos a concepção técnico-científica (científico-racional) e, no outro, a
sociocrítica.
Estudante, aos poucos o educando se tornou o centro da aprendizagem (processo
educativo) tendo uma relação horizontal e dialogada com o educador, com isso passou a participar
do processo de gestão através de mecanismos que permitam esse engajamento e ativismo na tomada
de decisões dentro da escola. Atualmente, percebemos que o estilo de gerir as instituições é alinhado

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com a concepção democrática e preza por um trabalho coletivo que agregue todos os membros da
comunidade escolar.

Gestão (do latim gestio – Õnis) significa ato de gerir, gerência, administração.
Gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, é direção.
Desse modo, relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a
atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel.

Você acabou de ver que o ato de gerir tem relação com a administração ou mesmo com
a tomada de decisão. Já que o curso é na modalidade de ensino a distância é você que administra seu
tempo de estudo. Qual o horário do dia que você reserva para se dedicar ao seu curso? E responder
as atividades? Participar dos fóruns? Enfim, gerir requer organização para atingir os objetivos e no
caso da gestão voltada para a educação é algo essencial! Vamos conferir como acontece?
A gestão da educação se responsabiliza por viabilizar e mediar o processo educacional de
maneira qualitativa. Ela abarca a educação de forma integral considerando desde a organização
técnico-científica ao contexto cultural e a realidade de cada localidade e os sujeitos inseridos. Dessa
forma, a gestão preza em cumprir – uma educação comprometida com a aprendizagem significativa,
relacionando o currículo integralmente (currículo tradicional e o oculto), respeitando as diferenças,
considerando a construção de um mundo mais humano e justo para todos, independentemente de
raça, cor, credo, orientação sexual etc.

Figura 03 - Gestão Democrática


Fonte: https://encrypted-
tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRwwhWb39wjfbfX4zc2SkkhlFFDsQLFuwF1kXDQmHxTr7PEr_a2_g&s

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Audiodescrição da figura: A tirinha apresenta em seu primeiro quadro quatro crianças caminhando em direção à escola
e conversando, uma delas diz: “A gente não precisa concordar...”. No segundo quadro ela continua e fala: “... A gente
precisa é de democracia para poder continuar discordando!”.

Estudante, como foi tratado ao longo das unidades, uma gestão democrática promove a
participação da comunidade escolar nos processos; nas formulações ou reformulações e tomadas de
decisão coletivas. Participando das discussões e reflexões sobre as metas, objetivos, estratégias e
procedimentos da escola, a respeito dos aspectos pedagógicos e relativos à gestão administrativa,
dos recursos humanos e financeiros.
Assim sendo, é imprescindível que a gestão escolar seja partilhada, coletiva, participativa,
democrática e que todos juntos – diretor, pais e responsáveis, comunidade, professores, estudantes,
funcionários – percorram caminhos, busquem soluções para os desafios e alcancem objetivos
benéficos para a educação.
A concepção técnico-científica tem como enfoque uma visão burocrática e tecnicista de
escola. Suas características seriam uma gestão que se confunde com um modelo de administração
clássica (empresarial) com uma direção centralizada em uma pessoa, as decisões são tomadas de
cima para baixo de forma hierarquizada e considerando um planejamento elaborado anteriormente,
sem a participação de professores, de estudantes, de funcionários e da comunidade escolar.
Nessa concepção, a organização escolar é tomada como uma realidade objetiva, neutra,
técnica, que funciona racionalmente e, por isso, pode ser planejada, organizada e controlada, no
intuito de alcançar maiores índices de resultados mensuráveis e índices de eficácia e eficiência. Essa
concepção acaba valorizando mais o processo administrativo e seus mecanismos de controle do que
as pessoas que deveriam estar envolvidas ao longo do processo de gestão da instituição.
Já, na concepção sociocrítica, a organização escolar é idealizada como um sistema que
agrega pessoas, considerando o caráter intencional de suas ações e as interações sociais que se
estabelecem entre si e com o contexto sociopolítico, nas formas democráticas de tomada de decisões.
Nessa concepção, a instituição não é algo objetivo, elemento neutro, mas construção social que é
permeada de sujeitos ativos professores, estudantes, pais ou responsáveis, ou seja, a comunidade
escolar como um todo. O processo de tomada de decisões dá-se coletivamente, possibilitando aos
participantes, discutir e deliberar de maneira colaborativa. Sendo assim, a abordagem sociocrítica da
escola se desdobra em diversas formas de gestão democrática. Como veremos a seguir, existem
diferentes estilos de gestão.

22
Sem dúvida, a escola que se quer necessita de abertura ao diálogo, voltada para os
anseios da sociedade contemporânea e pautada nos princípios democráticos – descentralização,
participação e transparência – onde a comunidade escolar possa construir propostas e alternativas
que fortaleçam a união em torno da gestão do ensino.
Uma gestão que está envolvida em uma lógica democrática visa alcançar de maneira mais
viável a eficácia escolar, isto é, possibilitar uma aprendizagem significativa aos estudantes. O sistema
escolar vem sendo o foco da gestão escolar, materializado através da construção de um Projeto
Político Pedagógico que seja elaborado coletivamente, implicando em rupturas de um sistema
autoritário de gerir.
Você lembra que, na primeira unidade, foi discutido que a descentralização e a
democratização da gestão não ocorreram ‘da noite para o dia’, foram se consolidando
processualmente e pode-se afirmar que esse processo de democratização da gestão (não apenas a
educacional e escolar) ainda é vivenciado.
A democratização da gestão ganha força na década de 1980, por meio das reformas
legislativas, concentrando-se em três vertentes básicas da gestão escolar:
1. Participação da Comunidade Escolar na Eleição de Diretores da escola;
2. Criação de um Conselho Escolar que tenha tanto domínio deliberativo quanto poder
decisório;
3. Repasse de Recursos Financeiros às escolas e, consequentemente o aumento de sua
autonomia.
Dessa maneira, a gestão democrática tem como enfoque o ensino de qualidade, que
implica a participação coletiva e a autonomia nas decisões, com o comprometimento de tornar a
escola mais eficiente e ativa, caracterizando um desafio na operacionalização das Políticas Públicas
de Educação.
A gestão democrática conta com os Órgãos Colegiados, instrumentos que viabilizam o
processo de gerir coletivamente e é embasada legalmente (base legal).
ÓRGÃOS COLEGIADOS
• Conselho Escolar
• Conselho de Classe
• Grêmio Estudantil
• Unidade Executora

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INSTRUMENTOS DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

• Projeto Político Pedagógico


• Regimento Escolar
• Planejamento Estratégico

BASE LEGAL

• Constituição Federal de 1988;


• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996;
• Plano Nacional de Educação - substitutivo ao Projeto de Lei nº 8.035/10;
• Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007 - Dispõe sobre a implementação do Plano de
Metas e Compromisso Todos pela Educação;
• Portaria nº 2.896 de 16 de setembro de 2004 - Cria o Programa Nacional de
Fortalecimento dos Conselhos Escolares;
• Constituição do Estado de Pernambuco;
• Decreto nº 27.928, de 17 de maio de 2005 - Regulamenta o processo para provimento na
função de representação de diretor junto às escolas públicas estaduais, e dá outras
providências;
• Decreto nº 33.982, de 01 de outubro de 2009 - Prorroga o mandato dos atuais Diretores
das Escolas Públicas Estaduais, e dá providências correlatas;
• Decreto nº 35.957, de 30 de novembro de 2010 - Dispõe sobre a prorrogação de mandato
dos Diretores das Escolas Públicas Estaduais, sobre diretrizes para a eleição e para
programa de formação continuada de gestores escolares, e dá providências correlatas;
• Lei nº 7. 398, de 04 de novembro de 1985 - Dispõe sobre a organização de entidades
representativas dos estudantes de 1º e 2º graus e dá outras providências.

Antes de seguir para o próximo item, vamos dar uma pausa na leitura e
acessar a videoaula da semana?

Agora que você já acessou o material, iremos conhecer as diferentes dimensões de


abrangência da Gestão Escolar. Vamos lá!

24
2.2. As dimensões de abrangência da Gestão Escolar

Nossa! São muitas informações, não é? Não se preocupe, aos poucos você irá entender
que a gestão escolar abrange diferentes áreas. Com a democratização e a descentralização, a escola
ficou encarregada e com a responsabilidade de gerenciar as dimensões que envolvem recursos e
atribuições pedagógicas e financeiras, incluindo recursos humanos, recursos físicos e materiais de
forma qualitativa. Ou seja, uma escola democrática tem uma abrangência de atuação, que contempla
basicamente, cinco esferas: 1) resultados, 2) pedagógico, 3) participação, 4) pessoas, 5) recursos
físicos e financeiros. Detalhadas a seguir.

Gestão por resultados


A teoria clássica da administração fundamenta que o centro da atenção no ato de
administrar deve ser o resultado, este é simbolizado pelo lucro. Dessa maneira, os gestores têm como
função permitir e incentivar que as organizações formulem planos; coloquem em prática estes planos,
avaliem as consequências das ações e, por fim, empreguem este controle para ajustar o
planejamento, fazendo com que o ciclo: planejamento-ação-controle possa se reproduzir
sucessivamente.

Figura 04 - Gestão por Resultado.


Fonte: https://blog.egestor.com.br/o-que-e-gestao-por-resultados/
Audiodescrição da figura: A figura demonstra gráficos de diferentes formas e cores; estatísticas em papéis e em um
notebook; no canto esquerdo tem dois lápis e no canto direito um braço segurando um dos papéis.

25
Estudante, a gestão para resultados é um instrumento administrativo que, através da sua
metodologia, adequa o planejamento, a ação e o controle, gerando a eficiência e a eficácia da
instituição. Essa gestão se organiza através de um planejamento sequencial todo direcionado ao
modelo que beneficie uma gestão vinculada a resultados.
Incluindo: missão; diagnóstico de desempenho; objetivos estratégicos; indicadores,
metas, monitoramento de desempenho; e plano de ação.
Sendo assim, a gestão por resultados: “Significa ter clareza com relação aos resultados
que se quer alcançar e, a partir daí, planejar e mobilizar esforços e recursos para concretizá-los”, além
de realizar autoavaliações sistemáticas e correções de orientação, quando for necessária alguma
mudança para obter melhores resultados e impactos positivos.
É importante destacar que uma etapa de grande relevância é a avaliação dos resultados
obtidos. Essa avaliação além de analisar, determina, mensura, evidencia os resultados alcançados,
por meio de indicadores que fornecem dados e informações confiáveis.
Existem diferentes tipos de avaliação por resultados, podemos destacar (MORAES, 2018):
A Avaliação Institucional que avalia a escola como um todo: a qualidade da gestão, dos
resultados alcançados, incluindo o rendimento dos estudantes, o nível de formação dos professores,
a qualidade das instalações, a participação dos pais e responsáveis nas atividades da escola etc.
Geralmente existem premiações e/ou bonificações a partir dos resultados como, por exemplo, o
Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar que é um instrumento avaliativo.
Já a Avaliação Pedagógica é realizada com os estudantes e tem como objetivo identificar
a assimilação destes em relação aos conteúdos estudados, o que produz a aprovação ou não.
Comumente, é executada por meio de provas ou outros instrumentos avaliativos, utilizados pelo
professor como questionários, atividades, seminários etc.
A Avaliação do rendimento escolar é uma ferramenta que tem por intuito a comparação
do desempenho dos estudantes com parâmetros estabelecidos antecipadamente e não com os
conteúdos trabalhados em sala de aula como a avaliação pedagógica. Como por exemplo: o ENEM e
o boletim da escola.
A Avaliação Interna que é realizada dentro da instituição, com o objetivo de estimar os
resultados de setores ou pessoas como, por exemplo: professores avaliam estudantes; gestão avalia
professores etc.

26
Na Avaliação Externa, a avaliação é realizada por agentes alheios à instituição avaliada.
Como por exemplo: a comunidade escolar avaliando a escola.
E a Autoavaliação que é uma maneira de realizar uma avaliação pelo próprio agente sobre
si, podendo avaliar-se em termos de resultados ou de processos.

Gestão Pedagógica
Com as mudanças advindas após a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB/1996), foram vivenciadas transformações na forma como as instituições educacionais
lidam com a educação e consequentemente com a sua gestão. É a partir desse processo que se deriva
o paradigma resultante da democratização da educação.
Estudante, com as orientações da UNESCO para as Políticas Educacionais do Terceiro
Milênio, a ênfase do projeto educacional muda de “ensino” para “aprendizagem”, e desloca-se o eixo
da liberdade de ensino para o direito de aprendizagem, ou seja, amplia-se a perspectiva educacional
para uma visão macro da formação do indivíduo. Com isso, o paradigma do conteúdo ensinado
também foi modificado e deixou de ser compreendido como algo acabado, concluso, para se tornar
um veículo para formar cidadãos, mais criativos e ativos diante de questões sociais.
No novo paradigma educacional, os conteúdos e metodologias de ensino devem ser
estabelecidos com o enfoque no desenvolvimento do estudante, esse paradigma passa a ser o centro
do processo. Dessa maneira, a autonomia delegada às escolas admite a procura por soluções
coerentes e condizentes para efetivar-se esta nova proposta de educação.
Nesse contexto, a Gestão Pedagógica compreende uma ação coletiva e integral que tenha
a finalidade fundamental de educar o estudante. Isto é, o objetivo é buscar processualmente
estratégias para desenvolver nos educandos competências para lidar de forma produtiva com a vida
em sociedade, além de incentivar e prover oportunidades de melhores chances de realizações de
seus projetos de vida.
A Gestão Pedagógica inclui uma dimensão ampla e processual de gerir, assim como
demonstra o esquema abaixo, tendo o estudante como elemento central em todas as etapas.

27
AVALIAR

ANALISAR CONHECER

GESTÃO
PEDAGÓGICA

APLICAR PLANEJAR

Figura 05 - Gestão Pedagógica.


Fonte: Autora.
Audiodescrição da figura: A figura apresenta um esquema cíclico que trata elementos fundamentais relacionados à
Gestão Pedagógica, representada ao centro e no entorno em círculos coloridos, temos: Avaliar; Conhecer; Planejar;
Aplicar e Analisar, etapas a serem consideradas nesse processo de gerir a escola.

Segundo Moraes (2018), existem aspectos que influenciam diretamente o “sucesso” de


uma Gestão Pedagógica, o autor listou alguns desses fatores indispensáveis:
ambiente escolar que reforce valores;
confiabilidade e encorajamento por parte dos professores;
unidade escolar organizada dentro de uma estrutura viável e com princípios que
visem o coletivo, limpeza e respeito;
percepção da capacidade dos estudantes em apreender o conteúdo ensinado;
interdisciplinaridade de disciplinas;
planejamento ou preparação de aulas contextualizadas e condizentes com o nível
de aprendizagem dos estudantes, com acontecimentos e tendências do meio, e
com conhecimentos e informações atualizadas;
avaliações realizadas pela coordenação pedagógica, considerando a
aprendizagem do estudante, e que os resultados obtidos sejam compartilhados e
discutidos entre coordenação pedagógica e professores, além de socializados;

28
planos, objetivos e metas construídos conjuntamente por professores e
coordenação pedagógica com ética e comprometimento, ou seja, é importante
guardar o sigilo quanto a falhas, erros, indisciplinas por parte de professores;
proposta pedagógica direcionada à ação do professor;
diálogo entre gestão e professores acerca dos resultados da aprendizagem;
ação constante e preventiva, desse modo, o gestor precisa estar constantemente
informado sobre estudantes com desanimo e/ou dificuldades de aprendizagem;
a partir da avaliação de aprendizagem é de suma importância tomar providências
corretivas adequadas diante de resultados negativos demonstrados;
considerar a matriz curricular, o registro de classe e a didática.

Você sabia que a Proposta Pedagógica ou Projeto Político-Pedagógico é um instrumento


fundamental da Gestão Pedagógica, visto que, a partir dele é que derivam as diretrizes, orientações
que permitem implicações positivas. Isto é, resultados qualitativos são alcançados quando essas
orientações são bem delineadas. É de grande valia a articulação que esse instrumento proporciona,
articulando, permanentemente, a promoção entre: intenções educativas, conteúdos a serem
trabalhados e os recursos disponíveis. Assim como será aprofundado em breve.
Estudante, foi visto que a educação na concepção democrática é orientada pela LDB/1996
que em seu Artigo 3º apresenta que o ensino deve ser organizado a partir dos princípios de:
I – Igualdade de condições de acesso e permanência na escola;
II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte
e o saber;
III – Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas;
IV – Respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V – Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII – Valorização do profissional da educação escolar;
VIII – Gestão democrática do ensino público, na forma da lei e da legislação dos sistemas
de ensino;
IX – Garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extraescolar;

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X – Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (BRASIL, 1996).

Gestão Participativa e Estratégica


A Gestão Participativa e Estratégica é definida como um espaço de gestão que assim como
o próprio nome sugere, envolve todos os participantes no processo de tomada de decisão,
partilhando as responsabilidades e avaliando as ações e as estratégias a serem assumidas em prol do
coletivo e, principalmente, do ensino-aprendizagem centrado no estudante. Sendo assim, na
perspectiva democrática e descentralizadora a Gestão Participativa escolar proporciona: igualdade
de condições na participação e distribuição justa de poder, responsabilidades e benefícios.

Gestão de Pessoas
Estudante, a discussão a respeito da Gestão de Pessoas é embasada, sobretudo, na
aplicação de técnicas e de instrumentos relacionados à administração, a fim de se obter os resultados
a partir das pessoas e para as pessoas.
A Gestão de Pessoas está relacionada, especialmente, às questões mais subjetivas, como
o poder de fazer os resultados acontecerem, através de fatores como: motivação, confiança e
relações interpessoais, que demandam conhecimento sobre o indivíduo.
Em resumo, uma Gestão de Pessoas deve considerar:
1. motivação;
2. comunicação;
3. trabalho em equipe;
4. conhecimento e competência;
5. treinamento e desenvolvimento.
Desse modo, as demandas que envolvem os indivíduos, estão para além da gerência das
questões relativas às relações de trabalho como: cargos e salários, férias e afastamento etc. Assuntos
importantes, porém, que tem direcionamento voltado para as rotinas de Recursos Humanos, que se
configuram em cumprimento a regulamentos próprios das empresas.
Enfatiza-se que é indispensável, para a qualidade da Gestão de Pessoas, a comunicação e
uma gestão que seja “exemplo” e inspire as outras pessoas, a comunidade escolar como um todo.

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Assim, percebe-se que a instituição escolar é um sistema que só alcança a sua finalidade quando
existe uma liderança capaz de inspirar o coletivo na busca de resultados melhores.

Se quiser saber mais a respeito da Gestão de Pessoas, pode acessar o QR Code


abaixo:
https://www.hostinger.com.br/blog/gestao-de-pessoas/#h-o-que-gest-o-de-
pessoas

Gestão de serviços de apoio, recursos físicos e financeiros


Você já parou para pensar como um ambiente adequado é importante no
desenvolvimento dos estudos e consequente aprendizagem qualificada? Como é a estrutura da
escola que você estuda (atua) ou estudou (atuou)? Os recursos financeiros precisam ser bem
empregados para que haja uma boa administração e destinação correta do dinheiro público.

SAIBA MAIS!
Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar
http://portal.inep.gov.br/artigo/-
/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/premio-nacional-de-referencia-em-
gestao-escolar/21206

A Gestão de serviços de apoio, recursos físicos e financeiros aborda questões ligadas a


organização dos registros escolares, utilização das instalações e equipamentos, preservação do
patrimônio, interação escola e comunidade, captação de recursos e gestão de recursos financeiros,
assim como destaca o Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar do ano de 2006.

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Estudante conheça alguns exemplos de escolas que foram premiadas por terem destaque
em relação à forma de gerir a instituição.

Acesse: https://avozdacidade.com/wp/diretora-de-ciep-de-itatiaia-conquista-
premio-gestao-escolar/
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=jig5HNSsSrQ&feature=youtu.be

Portanto, os seus objetivos se fundam na manutenção do ambiente físico, para que esse
espaço contribua para a educação e a formação dos estudantes: limpeza, organização,
funcionalidade, garantia do funcionamento eficaz e harmônico dos diversos processos de apoio, tais
como: documentação, contabilidade, compras, serviços gerais etc. Logo, sendo a forma mais viável e
melhor empregada de uso dos recursos financeiros e administrados pela instituição escolar.

Gestão de recursos físicos


Com relação aos recursos físicos, listam-se aqueles que dizem respeito às instalações e
equipamentos de uma escola: “sala de aula, laboratórios, quadras esportivas, cantina, cozinha,
banheiros, carteiras, armários, computadores e tudo mais que compõe o cenário físico, no qual as
atividades pedagógicas se desenvolvem”, sabe-se que a qualidade colabora para a melhoria dos
resultados da escola, por propiciar melhores condições para a realização da Proposta Pedagógica da
instituição escolar.
Sendo assim, a gestão deve priorizar e ter um olhar atento para as melhorias nas
instalações e equipamentos da escola. Existe uma necessidade de se realizar um diagnóstico dos
recursos físicos disponíveis, para assim identificar os principais pontos e falhas a serem
aperfeiçoados. Tendo como critério para a realização do diagnóstico e monitoramento a segurança e
o bem-estar daqueles que frequentam a escola e a qualidade dos resultados pedagógicos que se
pretende obter.

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Figura 06 – A importância da infraestrutura na escola e os benefícios no ensino-aprendizagem.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/professor-heroi-os-desafios-de-ensinar-nas-escolas-publicas-
6wc66u3ttetihef3fvw44h1ro/
Audiodescrição da figura: A figura apresenta um registro fotográfico em uma escola com a infraestrutura precária, a
foto é em uma sala de aula com o teto repleto de infiltrações com riscos de prejudicar as pessoas que fazem parte da
instituição.

Gestão de recursos financeiros


No âmbito do contexto escolar, a Gestão de recursos financeiros está relacionada com a
administração do dinheiro disponível para o financiamento de atividades em uma escola. No caso das
escolas públicas, esses recursos são oriundos de duas fontes: governo federal e estadual.
A Gestão dos recursos financeiros de uma escola obedece às regras e aos critérios
pertinentes à captação dos recursos, à utilização deles e prestação de contas, as quais variam de
acordo com a fonte de onde provém o dinheiro de acordo com a nossa legislação. Dessa maneira, as
instruções de cada fonte devem ser seguidas para garantir uma administração financeira
transparente e livre de problemas. Portanto, a Gestão de recursos financeiros também é essencial
para intensificar as ações positivas no cotidiano escolar e garantir uma educação de qualidade.
Estudante, nessa unidade foi trabalhado que a Gestão Escolar abrange diferentes
dimensões e a Gestão Democrática é a principal maneira de gerir uma organização escolar.
A Gestão Democrática considera a participação de toda a comunidade escolar nas
tomadas de decisões da unidade de ensino. Além disso, valoriza ao educando como a figura central
no processo de ensino-aprendizagem e visa o seu desenvolvimento integral como cidadão e
preparado para o mundo do trabalho, ou seja, a realização de seu projeto de vida.

33
Antes de irmos para a terceira unidade, que tal assistir um vídeo?

Acesse o vídeo com a entrevista realizada com o Professor Vitor Paro a respeito
da Gestão Escolar com enfoque na Gestão Democrática.
O conteúdo na integra está disponível no seguinte endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs

Na segunda unidade, identificamos os diferentes estilos de gestão nas situações


específicas existentes na escola. Conhecemos as concepções de Organização e Gestão Escolar e as
dimensões de abrangência da Gestão Escolar. Viu o quanto já aprendemos nessas duas semanas!
Assim como havia afirmado, a nossa viagem irá desbravar diferentes territórios do
conhecimento em torno da Gestão e Organização escolar.
Na próxima unidade, você irá entender a estrutura da escola e o funcionamento dos
diversos segmentos, considerando suas atribuições legais. Ou seja, iremos conhecer os elementos
constitutivos do processo organizacional, as funções e as atribuições dos profissionais da instituição
educacional.
Vamos em frente!

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UNIDADE 03 | Entender a estrutura da escola e o funcionamento dos
diversos segmentos, considerando suas atribuições legais
Estudante, você já parou para refletir sobre: Quais os mecanismos de democratização da
escola? Qual a diferença entre esses segmentos? Mas, será que todas as escolas possuem esses
mecanismos? Vamos dar continuidade a nossa viagem sobre a Gestão e a Organização escolar.
Nessa unidade, você irá entender a estrutura da escola e o funcionamento dos diversos
segmentos, considerando suas atribuições legais.
Assim como vimos, a gestão democrática não se restringe ao campo educacional, este
processo de gerir de forma compartilhada e incentivando a participação da comunidade escolar
advém do processo de democratização do país e a luta de educadores, profissionais da educação e
movimentos sociais organizados em defesa de um projeto de educação pública de qualidade social e
democrática.
De acordo com Vitor Henrique Paro (2008): “(...) a democracia só se efetiva por atos e
relações que se dão no nível da realidade concreta, (...) pois democracia não se concede, se realiza”
(p. 18).

Quer conhecer mais a respeito desse teórico e acessar publicações?


Acessa o QR Code abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs

Essas lutas em prol da democratização da educação pública e de qualidade se


intensificaram a partir da década de 1980, resultando na aprovação do princípio de gestão
democrática na educação, na Constituição Federal de 1988 (Art. 206). A Constituição Federal (CF/88)
estabeleceu princípios para a educação brasileira, dentre eles: obrigatoriedade, gratuidade,
liberdade, igualdade e gestão democrática, sendo esses regulamentados através de leis
complementares.

35
3.1. A escola e a sua estrutura organizacional

Estudante, quando pensar em estrutura da escola e seus mecanismos (segmentos), você


não pode imaginar o funcionamento da escola de maneira setorizada, onde cada setor funcione
isoladamente e de forma hierarquizada dentro da instituição. Mas, ao contrário do que pensamos,
quando nos referimos a mecanismos, estamos falando dos grupos, onde o trabalho é coletivo e todos
contribuem com a escola para que ela funcione de maneira mais democrática.
As escolas e os sistemas de ensino precisam criar mecanismos para garantir a participação
da comunidade escolar no processo de organização e gestão dessas instâncias educativas. Um dos
objetivos centrais da gestão é além de priorizar a educação integral do indivíduo (estudantes no
centro), garantir a participação efetiva dos membros da comunidade escolar. É necessário um
ambiente propício que estimule trabalhos conjuntos, que considere igualmente todos os setores,
coordenando os esforços de funcionários, professores, pessoal técnico-pedagógico, estudantes e pais
e/ou responsáveis envolvidos no processo educacional, o gestor, em parceria com o conselho escolar
precisa propiciar este ambiente participativo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabelece e
regulamenta as diretrizes gerais para a educação e seus respectivos sistemas de ensino. Em
cumprimento ao Art. 214 da CF/88, ela (enquanto lei complementar da educação), dispõe sobre a
elaboração do Plano Nacional de Educação – PNE (Art. 9º), resguardando os princípios constitucionais
e, inclusive, de gestão democrática. É fundamental recuperarmos, nos textos legais (CF/88, na LDB/96
e no PNE) o respaldo para a implementação de processos de gestão nos sistemas de ensino e,
particularmente, nas unidades escolares de forma articulada à discussão da democratização da
gestão escolar.

Estudante, você já parou um pouco e assistiu a nossa videoaula da semana? Que


tal, ir conferir esse material tão significativo que colabora com o seu processo
formativo!

36
Agora que você já assistiu ao material, vamos dar continuidade a nossa discussão sobre a
democratização na educação e consequentemente na escola...
A democratização começa no interior da escola, por meio da criação de espaços nos quais
professores, funcionários, estudantes, pais e/ou responsáveis de estudantes etc. possam discutir
criticamente o cotidiano escolar. Desse modo, quando nos referimos à organização de uma escola,
estamos falando do conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional, ações, procedimentos
e condições concretas que garantam o bom funcionamento da escola e da sala de aula, tendo em
vista a aprendizagem e o desenvolvimento do estudante. Por isso, oferecem meios mais seguros e
eficazes para atender aos objetivos e funções da escola.
Nessas direções, é que se implementam e vivenciam graus progressivos de autonomia
da/na escola toda essa dinâmica deve ocorrer como um processo de aprendizado político, sendo
fundamental para a construção da gestão democrática e para a instituição de uma nova cultura na
escola. Nesse sentido, a democratização da gestão escolar implica a superação dos processos
centralizados de decisão e a vivência da gestão colegiada, na qual as decisões surgem das discussões
coletivas, envolvendo todos os segmentos da escola num processo pedagógico.
No âmbito educacional, a gestão democrática tem sido defendida como dinâmica a ser
efetivada nas unidades escolares e tem como intuito viabilizar processos coletivos de participação e
decisão. Apesar da superficialidade com que a LDB/96 trata da questão da gestão da educação, ao
determinar os princípios que devem reger o ensino, indica que um deles é a gestão democrática. No
artigo 14, a LDB/96 define que os sistemas de ensino devem estabelecer normas para o
desenvolvimento da gestão democrática nas escolas públicas de educação básica e que essas normas
devem, primeiro, estar de acordo com as peculiaridades de cada sistema e, segundo, garantir a
“participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola”, além
da “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”.
A gestão democrática, no sentido amplo, pode ser entendida como espaço de
participação, de descentralização do poder e de exercício de cidadania. Nesse viés, a estrutura
organizacional de escolas se diferencia conforme a legislação, dos Estados e dos Municípios e segundo
as concepções de organização e gestão adotadas, mas pode-se apresentar a estrutura básica das
funções que expressam a organização do trabalho em uma escola.

37
Toda Unidade de Ensino possui objetivos que determinam as funções e responsabilidades
entre seus segmentos. Dessa maneira, para garantir que a escola funcione efetivamente e, de forma
democrática, é indispensável estabelecer uma estrutura de ordem interna, no sentido de definir e
dispor de funções que assegurem o funcionamento da escola. E essa estrutura é, na maioria das vezes,
representada graficamente por um organograma.

Figura 07 – Organograma Básico da Escola.


Fonte: Autora.
Audiodescrição da figura: Organograma em forma de ciclo, onde se observa todos os segmentos escolares como o
conselho escolar, setor técnico e administrativo, pedagógico, pais, responsáveis e comunidade ao redor dos
professores, estudantes e gestão.

Assim como vemos na figura, um organograma demonstra os diferentes setores que


compõem a instituição escolar e as inter-relações entre estes. É importante lembrar que assim como
colocamos anteriormente, o trabalho é co-participativo, visto que é em função da organização como
um todo. Ou seja, uma atuação colaborativa para atender de forma qualitativa os objetivos da
instituição.
Além disso, não se pode aceitar que o Projeto Político Pedagógico (PPP) seja pensado,
elaborado e revisitado (atualizado) apenas por diretores, pedagogos ou encaminhado pelos sistemas
de ensino sem discussão prévia, desconsiderando o coletivo, as especificidades, as realidades da
comunidade escolar, e as expectativas que estas têm em relação à qualidade da educação que será
oferecida ao estudante.

38
É preciso compreender que a gestão não se resume em ações de ordem administrativa
no interior da escola. Ela está diretamente ligada a outras instâncias, configurando, assim, uma
divisão de poderes, visto que, a gestão escolar está atrelada a gestão educacional e as diferentes
instâncias de poder.
Estudante, nesta unidade, você irá se aproximar mais ainda da escola conhecer a sua
estrutura organizacional, os elementos constitutivos do processo organizacional, as funções e
atribuições dos profissionais da instituição educacional.
Você deve lembrar que são considerados participantes da escola: pais e/ou responsáveis,
educandos, funcionários e professores. Todos os segmentos têm assegurado o direito de
organizarem-se livremente em associações, entidades e agremiações, devendo a escola oportunizar
condições para esta organização. Cabe aos segmentos a elaboração dos regimentos internos de suas
organizações.

Antes de dar seguimento a sua caminhada aqui na disciplina, que tal ouvir o
Podcast da unidade?

Agora que você já escutou o Podcast, vamos conversar um pouco sobre a os mecanismos
que viabilizam a democratização na escola!

3.2. Os elementos constitutivos do processo organizacional

Conselho Escolar
Estudante, você já escutou algo sobre o Conselho Escolar? Já participou ou conhece
alguém que participa do Conselho? Que tal entender a importância desse mecanismo no processo de
democratização de uma Gestão Escolar?

39
O Conselho Escolar é um dos principais mecanismos de institucionalização da
gestão democrática na escola, pode ser considerado como um espaço de
democracia participativa, é o órgão em que a direção da escola é exercida por
todos os segmentos que representam a comunidade escolar (pais ou
responsáveis, estudantes, professores, funcionários e direção). Os diferentes
segmentos têm a oportunidade de defender seus interesses e aspirações em
prol da instituição escolar.

A criação do Conselho Escolar, nesse contexto, torna-se essencial, pois, a partir de


relações dialógicas nas comunidades escolares pode possibilitar a implantação da ação conjunto com
a corresponsabilidade de todos no processo educativo. Passando a descentralizar as tomadas de
decisão e consequentemente a participação e responsabilidade na definição dos rumos da escola.
Estudante, o Conselho traz diferentes e discordantes vozes para o interior da escola, é,
portanto, o acesso que a comunidade tem para atuar na gestão levando também o movimento da
realidade. O Conselho é um tipo de gestão colegiada que foi adotado em meados de 1980 nas
administrações públicas, a partir do processo de abertura política no Brasil, com o objetivo de
favorecer a democratização da gestão.

Dica de leitura!
Estudante que tal aprofundar os conhecimentos e realizar a leitura do texto a
seguir:
http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/5294/2548

O Conselho Escolar é regulamentado pela nossa legislação como um órgão deliberativo e


coletivo responsável pela tomada de decisões referentes ao funcionamento, aos projetos, aos
significados e às práticas escolares, assim como você irá ver a seguir.

40
A escola é um espaço fundamental para o desenvolvimento da democracia
participativa é nela que acontece a construção de uma cidadania emancipadora
e, basicamente, da qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens. Dessa
forma, para que exista uma gestão democrática na escola é fundamental a
existência de espaços favoráveis para que novas relações sociais entre os
diversos segmentos escolares possam acontecer.

O Conselho Escolar seria um órgão deliberativo e coletivo, é responsável pela tomada de


decisões referentes ao funcionamento, aos projetos, aos significados e às práticas escolares. Vale
ressaltar que o conselho também se destina ao acompanhamento do desenvolvimento da prática
educativa e consequentemente o processo de ensino-aprendizagem.
Sendo assim, a função do Conselho é político-pedagógica, definido como Órgão Colegiado
que representa a comunidade escolar, é uma instância deliberativa nas unidades escolares, sendo um
local de debate e tomada de decisões. Constitui-se pelos representantes dos diferentes segmentos
que formam a escola. Logo, o conselho proporciona: delegação de responsabilidades e de
envolvimento dos participantes na gestão.

O Conselho Escolar é um órgão colegiado que tem as funções: consultivas;


deliberativas; fiscais e mobilizadoras com a característica de parceiro em todas
as atividades da escola.

Estudante, é importante perceber que as funções do conselho são essenciais para a


construção de uma escola democrática. Em relação às funções consultivas, em sintonia com a
administração da escola, abrangem as decisões coletivas relacionadas com as questões
administrativas, financeiras e político-pedagógicas. Ou seja, analisa as questões encaminhadas pelos
diversos segmentos da escola e apresenta sugestões ou soluções, essas podem ou não ser acatadas
pela direção da unidade escolar.
Quanto às funções deliberativas, propõe-se a tomada de decisões referentes às linhas
gerais da escola, incluindo, pois, o gerenciamento dos recursos públicos. Elaboram normas internas
da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, administrativo

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ou financeiro. Funções fiscais (acompanhamentos e avaliação) acompanhando a execução das ações
pedagógicas, administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas das
escolas e a qualidade social do cotidiano escolar (NAVARRO, 2004).
Além disso, esse colegiado desempenha funções mobilizadoras. Ou seja, tem o papel de
mobilizar toda a comunidade em busca da melhoria da qualidade do ensino, do acesso, da
permanência e da aprendizagem dos estudantes, na intenção de assegurar o cumprimento da
legislação em vigor. Contribuindo, assim, para a efetivação da democracia participativa e para a
melhoria da qualidade social da educação.

As funções do Conselho Escolar vão repercutir diretamente sobre o cotidiano


das instituições escolares, reforçando a gestão democrática e fomentando a
participação efetiva de outros membros da comunidade escolar no processo
decisório da escola.

A gestão colegiada, no cumprimento de sua função socioeducativa, acompanha e avalia a


escola na observância dos seus propósitos, em obediência às políticas públicas do Estado e da
legislação em vigor. Dessa forma, agora destaco abaixo as atribuições do Conselho Escolar (NAVARRO,
2004) na busca de uma educação de qualidade.
No que se refere à prática política da organização escolar:
Elaborar o Regimento Interno do Conselho Escolar; coordenar o processo de discussão,
elaboração ou alteração do Regimento Escolar; convocar assembleias gerais da comunidade escolar
ou se seus segmentos; garantir a participação das comunidades escolar e local na definição do projeto
político pedagógico da unidade escolar.
No tocante à prática pedagógica da escola:
Promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e
valorizam a cultura da comunidade local; propor e coordenar alterações curriculares na unidade
escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento
significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola; propor e coordenar discussões junto aos
segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitando a
legislação vigente.

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Já a respeito da prática organizacional da instituição:
Participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar,
observada a legislação vigente; acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono
escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias,
intervenções pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da
educação escolar; elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando
ampliar a qualificação de sua atuação; aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção
da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for
o caso; fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar; promover
relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares.
Então, o exercício dessas atribuições viabiliza o processo de aprendizado de uma gestão
comprometida democraticamente, transformando a prática escolar cotidianamente e enfrentando a
postura autoritária de algumas gestões. Dessa forma, o Conselho Escolar tem papel fundamental na
construção de uma cultura democrática nas escolas.
Espera um pouco, que tal fazer uma pequena pausa na leitura e assistir ao vídeo sugerido
abaixo, vamos lá!

Vamos acessar uma animação a respeito do tema em discussão?


Gestão em Foco - Conselho Escolar
https://www.youtube.com/watch?v=gQM4NrMeBS4

Conselho de Classe
Estudante, e o Conselho de Classe? Você conhece? Sabe quais os seus objetivos? E quem
participa? Agora, te convido para saber mais sobre o Conselho! O Conselho de Classe é um dos
mecanismos de participação da comunidade na gestão e no processo de ensino-aprendizagem
desenvolvido na unidade escolar. Constitui-se numa das instâncias de vital importância num processo
de gestão democrática, pois:

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"(...) guarda em si a possibilidade de articular os diversos segmentos da escola
e tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo central em torno
do qual se desenvolve o processo de trabalho escolar" (DALBEN, 1995, p. 16).

O Conselho não deve ser uma instância que tem como função reunir-se ao final de cada
bimestre ou do ano letivo para definir a aprovação ou reprovação de estudantes, mas deve atuar em
espaço de avaliação permanente, que tenha como objetivo avaliar o trabalho pedagógico e as
atividades da escola.
Estudante é essa instância colegiada que tem a responsabilidade de agir
burocraticamente de maneira pedagógica, ou seja, extrapolando as barreiras burocráticas e
promovendo um processo avaliativo que seja capaz de considerar as ações pedagógicas de forma que
possam gerar conhecimento.
O Conselho de Classe possibilita a articulação de diversos segmentos da instituição escolar
e tem como objeto de estudo o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, podemos dizer que
o conselho é um elemento que articula os vários segmentos da escola, direcionando para um
processo que vise à melhoria do ensino-aprendizagem, que é o eixo central em torno do qual se
desenvolve o processo do trabalho escolar.
Portanto, o Conselho se constitui em um espaço de encontro de posições diversificadas
referentes ao desempenho do estudante e não fica restrito a avaliação de apenas uma pessoa. Não
deve ser considerado um espaço de punir os estudantes, e sim avaliar de maneira qualitativa os erros,
acertos e o que precisa melhorar, por exemplo.

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O Conselho de Classe tem a função de dar conta de importantes problemas
didáticos – pedagógicos para que suas possibilidades educativas se ampliem,
propiciando uma ação reflexiva e avaliativa nos professores impulsionando os
profissionais a identificarem a importância desse espaço. Ele efetiva a vivência
de um espaço que relaciona o ensino com a avaliação de aprendizagem de
qualitativamente, considerando demandas coletivas e individuais dos
estudantes.

O Conselho de Classe determina que os professores tenham em mente as metas


educacionais a serem desenvolvidas e avaliadas de forma processual. Considerando prioritariamente
a aprendizagem dos estudantes, estabelecendo princípios para a formação multidimensional do
indivíduo, assim como o exercício da cidadania. Assim sendo, a sua finalidade na escola é, de fato,
partilhar as dificuldades e os sucessos vivenciados, de modo que sejam feitas as intervenções
necessárias para garantir a fluidez do processo de ensino-aprendizagem e a qualidade educacional.

Quem deve participar? Como se trata de um espaço para avaliação numa


perspectiva crítica, quem participa do Conselho de Classe são: professores,
orientadores, supervisores, coordenadores e, em determinados casos,
estudantes e gestor da escola.

É no momento da realização deste colegiado que ocorre a avaliação parcial dos


estudantes. Desse modo, os participantes podem avaliar também a sua prática face aos objetivos e
critérios colocados admitindo:
viabilizar uma avaliação mais dinâmica e qualitativa;
aperfeiçoar a compreensão dos acontecimentos, decorrente da exposição de
diferentes opiniões a respeito dos fatos;
analisar o histórico e o currículo dos envolvidos;
avaliar os resultados dos procedimentos empregados;
favorecer a integração entre professores;

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tomar decisões coletivamente, visando à melhoria do ensino-aprendizagem.
Quando o Ministério da Educação (MEC) transferiu os recursos diretamente para as
escolas, através do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), criado em 1995, a Unidade Executora
(UEx) começou a se tornar um espaço de grande importância, visto que a gestão passou a se
responsabilizar ainda mais e ter autonomia de investir na manutenção da escola, respeitando a
legislação vigente.
Estudante, o PDDE tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter
suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito
Federal e às escolas privadas de educação especial que são mantidas por entidades sem fins
lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de
assistência social, ou outras similares de atendimento direto e gratuito ao público.

O programa engloba várias ações e objetiva a melhoria da infraestrutura física


e pedagógica das escolas e o reforço da autogestão escolar nos planos
financeiro, administrativo e didático, contribuindo para elevar os índices de
desempenho da educação básica.

Sobre os recursos do programa, eles são transferidos de acordo com o número


de estudantes extraído do Censo Escolar do ano anterior ao do repasse,
independentemente da celebração de convênio ou instrumento congênere.

É importante destacar que a UEx além de ter como objetivo gerenciar os recursos
financeiros destinados às escolas públicas das redes estaduais ou municipais, deve administrar as
verbas, se responsabilizar pela manutenção e conservação dos equipamentos, assim como pela
estrutura física da instituição. Nesse sentido, a UEx deve colaborar na integração da comunidade com
a escola visando uma maior participação das famílias na construção do conhecimento dos estudantes.
Dessa maneira, os representantes precisam ser os mesmos que formam o Conselho
Escolar, pais e responsáveis, estudantes, professores, funcionários e o gestor. Porém, em algumas

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instituições a mudança em relação ao Conselho Escolar em UEx não trouxe uma preocupação em
inserir os membros da comunidade na administração de assuntos relacionados a instituição escolar.
Limitando esse trabalho ao corpo de funcionários da escola.
Assim, prevalece uma prática centralizadora e autoritária em inúmeras instituições. O
MEC (BRASIL, 2006, p. 60) enfatiza que: “o coletivo da escola deve participar da definição das
prioridades, dos objetivos e de como eles serão atingidos”, trazendo também o destino dos recursos
e como esses devem ser aplicados. Logo, a UEx não deve ser entendida como um mecanismo de
controle da gestão e precisa priorizar o ambiente democrático inserindo a comunidade na construção
desse espaço de trabalho coletivo.
A UEx, assim como os demais mecanismos de democratização da gestão escolar
viabilizam o comportamento autônomo dos indivíduos e assim esses passam a expressar as suas
opiniões no que se refere aos assuntos da escola (técnicos-administrativos e pedagógicos)
contribuindo para a construção de um ambiente democrático.
Portanto, a UEx deve programar as atividades anuais no que se refere às ações
administrativas, pedagógicas e financeiras, o planejamento deve se basear em necessidades da
comunidade escolar e local. Um programa anual voltado para o plano de ação da escola como forma
de garantir os fins socioeducativos.
Estudante é importante perceber que quando as pessoas se sentem parte da vida escolar
passam a assumir a responsabilidade por decisões e pelo futuro da instituição. Segundo o MEC (2006,
p.40): “é indispensável à participação da comunidade no acompanhamento e fiscalização dos
recursos que são destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino”, as organizações que
prezam por uma gestão transparente necessitam, sobretudo, inserir a comunidade em todas as
atuações realizadas.

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Você já conhecia a UEx? A UEx é uma associação civil com personalidade jurídica
de direito privado, sem fins lucrativos, representativa das escolas públicas,
integrada por membros da comunidade escolar: pais e responsáveis,
estudantes, funcionários, professores e membros da comunidade local. Além
disso, é de suma importância, sabermos que qualquer membro da comunidade
pode ser o presidente da UEx, não havendo a obrigatoriedade desse cargo ser
exercido pelo diretor da escola ou por um servidor público.

Estudante, a UEx tem diversas atribuições, é importante conhecer e identificar as


atribuições dessa entidade, assim como listadas abaixo:
gerir os recursos financeiros transferidos para a manutenção e o desenvolvimento
do ensino;
administrar e controlar recursos provenientes de doações, campanhas e de outras
fontes;
transparência e realização de prestação de contas dos recursos repassados,
arrecadados e doados;
promover atividades pedagógicas, assim como a manutenção e conservação física
de equipamentos e aquisição de materiais.

Grêmio Estudantil
A gestão da escola que tem como princípio a democracia deve incentivar a criação e/ou
implementação do Grêmio Estudantil. Os estudantes têm assegurado pela Lei Federal n°. 7.398 de
04/11/1985, o direito de se organizarem livremente através de agremiações estudantis, devendo a
instituição escolar, garantir o espaço e as condições para essa organização.
Você conhece algum Grêmio Estudantil? Já ouviu falar? Já participou? Estudante, o
objetivo do Grêmio Estudantil é reunir o corpo discente da escola com a finalidade de discutir e
defender os interesses individuais e coletivos, incentivar a cultura literária, artística e desportiva,
organizar palestras e debates sobre questões relacionadas ao ensino-aprendizagem e outros temas
de interesse dos estudantes.

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O grêmio é um local excepcional para a ampliação das relações pessoais, para o
fortalecimento de vínculos, companheirismo, para escuta e respeito do outro em seus
posicionamentos e opiniões (MOREIRA, 2001). Do mesmo modo, proporciona uma dimensão
educativa muito significativa para os seus participantes.

A participação no grêmio envolve aspectos importantes no que se refere ao


senso crítico, bem como ao aprendizado de outras dimensões para além da sala
de aula. Uma educação integral baseada também à prática no sentido educativo
mais amplo, sociopolítico, relacionada também ao fazer coletivo, ao
relacionamento com os outros.

Através do Grêmio Estudantil, muitas vezes ausentes das escolas, os estudantes tendem
a enriquecer o processo formativo, exercem atividades participativas como exercício prático, que
ultrapassam os aprendizados exclusivamente teóricos (SANTOS, 1996). Aqui não estamos
desconsiderando a importância da teoria, enfatizamos as experiências participativas para ampliar os
saberes tendo os estudantes como centro do processo educativo.
Atuar no grêmio é exercer o poder por parte da representação estudantil. O Grêmio
Estudantil também representa responsabilidade em responder por seus atos e, por conseguinte, o
comprometimento com a instituição em diversos fatores e na prestação de contas.
Comprometimento com o cotidiano escolar, o processo de construção de ensino-aprendizagem, as
situações de conflitos também se apresentam como oportunidades de aprendizado e de diálogo.
Antes de tratar sobre a Associação de Pais e Mestres, você pode assistir a esse vídeo
indicado abaixo sobre o Grêmio Estudantil.

Vamos acessar uma animação a respeito do tema em discussão?


Gestão em Foco - Grêmio Escolar
https://www.youtube.com/watch?v=FVm-0q-frss

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Associação de Pais e Mestres
Estudante, você já ouviu falar em Associação de Pais e Mestres (AMP)? A AMP é outro
mecanismo que viabiliza e fortalece o processo democrático, considerado como entidade civil com
personalidade jurídica própria, sem caráter lucrativo, formado pelos pais ou responsáveis dos
estudantes regularmente matriculados na escola. Uma entidade que é regida por regulamentação e
estatuto próprio. A AMP tem como objetivo o estabelecimento de vínculos entre a instituição e a
família contribuindo, sobremaneira, no processo educativo. A associação tem como função a atuação
junto ao Conselho Escolar.
O Decreto nº 31.113 de 18 de dezembro de 1986 que dispõe sobre a existência das
Associações de Pais e Professores e revoga o Decreto nº 15.792 de 07 de dezembro de 1981 que
aprovou o estatuto unificado das associações. A Associação de Pais e Mestres também viabiliza a
construção de parcerias com a equipe gestora e outras instâncias, instituições e outras organizações
governamentais e não governamentais (ONGs) visando contribuir com a melhoria dos setores
pedagógicos e administrativos, garante a participação nas reuniões de Conselhos de Classe e de
estudos. Além disso, a associação encaminha junto a equipe gestora projetos que contemplem as
necessidades da comunidade escolar.
Agora vamos conhecer mais sobre as funções e atribuições dos profissionais que
compõem a instituição educacional.

3.3. As funções e atribuições dos profissionais da instituição educacional

Estudante, agora vamos assinalar cada uma das atribuições dos profissionais que fazem a
escola cotidianamente. Cada município e estado tem formas distintas de organizar as escolas. Dessa
maneira, é importante elucidar as singularidades de cada cargo para evitar que as funções e
atribuições sejam realizadas de forma errônea.

Você já ouviu o Podcast da unidade 03? Ainda não? Que tal dar uma pequena
pausa na leitura e ouvir agora. Vamos lá!

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É importante destacar que apesar das definições sobre os cargos e suas funções, cada
realidade escolar pode mudar a configuração do seu quadro de profissionais, esse pode estar
completo ou ter cargos acumulando mais de uma função na mesma instituição. Nas escolas da rede
pública, sejam elas municipais, estaduais ou federais é comum encontrar profissionais que acumulam
funções, devemos atentar para as possibilidades de acúmulo previstas em lei, pois essa acumulação
pode causar uma perda de identidade do profissional na institucional e, por conseguinte,
sobrecarregar o funcionário.
Na escola, existem várias pessoas que exercem determinadas funções e trabalham para
assegurar o funcionamento pleno, viável e qualitativo na instituição. As funções são estabelecidas e
definidas pela Secretaria de Educação com o intuito de alinhar as atribuições dos profissionais,
auxiliar no trabalho, viabilizar as competências de cada integrante do quadro profissional. A
Secretaria de Educação tem o objetivo de trabalhar da melhor forma e elaborar com objetividade os
programas de formação dos profissionais respeitando as especificidades de cada função.
O gestor da instituição tem a responsabilidade de gerir de maneira assertiva e
democrática a escola, construir uma gestão pedagógica que contemple questões técnico-
administrativas, buscando fortalecer o vínculo com a comunidade, lidar com os recursos financeiros
e materiais, zelando da melhor maneira na manutenção de um relacionamento com a Secretaria e
um clima organizacional favorável e agradável para a escola e a comunidade escolar como um todo.
O coordenador pedagógico tem como dever principal acompanhar os assuntos relativos as questões
pedagógicas no cotidiano da organização e garantir a formação continuada dos professores.
Assim como foi discutido, as instituições escolares necessitam de uma estrutura
organizacional interna. Geralmente a estrutura organizacional de uma escola é prevista no
Regimento Escolar ou na legislação específica do município ou estado. Sabe-se que a escola é uma
instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e
afetivas dos estudantes, através da aprendizagem de conteúdos que vão de conhecimentos a
habilidades, procedimentos, atitudes, valores etc. para tornarem-se cidadãos ativos, cientes do
exercício de seus deveres e dos direitos na vida em sociedade.
Para que a escola alcance seu objetivo primordial que é o ensino-aprendizagem dos
educandos, a instituição deve ter uma estrutura organizacional que favoreça o trabalho do professor
e demais profissionais que atuam na mesma. Sendo assim, é necessário considerar uma

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interdependência entre os objetivos e as funções na/da escola, a gestão e a organização do trabalho
escolar. Antes de falar sobre cada função e atribuição que fazem parte da escola, vamos nos
aproximar da nossa realidade.
O Decreto nº 48.477, de 26 de dezembro de 2019 que institui o Regimento Escolar Unificado
Substitutivo das Unidades Escolares da Rede Estadual de Ensino do Estado de Pernambuco trata em
seu Capítulo IV que a Estrutura Organizacional se constitui do seguinte modo:
Art. 79. A estrutura organizacional das Unidades Escolares deverá estar assim constituída:
I - Equipe gestora:
a) gestor;
b) gestor adjunto;
c) equipe pedagógica:
1) educador de apoio; e
2) analista educacional;
d) conselho escolar, parte integrante dos órgãos colegiados;
II - Secretaria escolar;
III - Equipe docente; e
IV - Equipe de apoio administrativo e de serviços gerais.

Estudante, é importante acessar o Decreto nº 48.477, de 26 de dezembro de


2019 na integra e neste documento tem aspectos de suma relevância para a
nossa disciplina. Link de acesso:
https://legis.alepe.pe.gov.br/texto.aspx?id=48557&tipo=TEXTOORIGINAL

Equipe gestora
A Equipe gestora seria como um tronco da instituição, pois assegura o funcionamento
dela como um eixo central da organização. Essa equipe se trata de um órgão colegiado responsável
pela administração e coordenação do trabalho pedagógico coletivo e tem como funções: articular,
propor, problematizar, mediar, operacionalizar e acompanhar todo o processo político-pedagógico
da escola, a partir das deliberações e encaminhamentos do Conselho Escolar. O trabalho da Equipe

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gestora também é desafiador, pois acaba sendo responsável pela organização cotidiana da escola e
nesse processo procura romper com a dicotomia do administrativo e pedagógico, tentando viabilizar
um trabalho descentralizado e que considere as diferentes dimensões da instituição.

A Equipe gestora é formada por: Gestor, Vice Gestor, integrantes do Serviço de


Coordenação Pedagógica e da Coordenação Cultural.

O Gestor e o gestor adjunto são eleitos de acordo com a legislação em vigência. O papel
do Gestor é diverso e multifacetado, ele precisa conhecer e dinamizar a estrutura organizacional da
instituição escolar. Iremos conhecer algumas das atribuições desses profissionais, porém vale a pena
ressaltar que por vezes o cotidiano e a dinâmica de cada instituição repercutem nessa atuação
modificando-a e adequando-a a realidade de cada escola.
Dentre as atribuições desses profissionais, podemos destacar: em conjunto com o
Conselho Escolar e demais componentes da Equipe gestora, participar e coordenar as discussões e a
elaboração da Proposta Político Pedagógica da escola, bem como acompanhar sua execução; assim
como do Plano Anual, responsabilizando-se pela sua execução; cumprir e fazer cumprir as disposições
legais, as determinações de órgãos superiores e as constantes deste Regimento; responsabilizar-se
pela organização e funcionamento da escola, perante os órgãos do poder público municipal e a
comunidade, responsabilizando-se pelos atos administrativos, bem como pela veracidade das
informações prestadas pela escola; assinar expedientes e documentos da escola e, juntamente com
o secretário da Escola; assinar toda documentação relativa à vida escolar dos estudantes.
O gestor adjunto é coparticipante da gestão e tem a função, principalmente de
supervisionar, apoiar e caso seja necessário uma eventual substituição do Gestor fica a cargo desse
profissional exercer a função temporariamente. O gestor adjunto, tem como atribuições: promover
a articulação entre os setores e os recursos humanos em torno da finalidade e objetivos da Escola,
assim como dinamizar o fluxo de informações. Essas são as principais funções e atribuições desse
profissional, porém sabemos que cada instituição tem uma maneira de se organizar e, por vezes, as
atribuições variam e configuram-se de maneiras diferenciadas.

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Estudante, indico parar um pouco a leitura e assistir à vídeoaula da semana,
vamos lá!

Agora que você já assistiu à vídeoaula dessa unidade, indico voltar lá no Decreto nº
48.477, de 26 de dezembro de 2019 e realizar a leitura detalhada das atribuições destes
profissionais.
O Decreto citado trata sobre a Equipe Pedagógica, e em seu Art. 85 enfatiza que: “A
Equipe Pedagógica deverá ser constituída por pedagogos/professores selecionados para exercer a
função de Educador de Apoio e por Analistas Educacional” e detalha as seguintes atribuições:

Subseção I
Das Atribuições do Educador de Apoio
Art. 86. São atribuições do Educador de Apoio:
I - coordenar com os demais segmentos da escola, o planejamento, a construção, a
implementação e a avaliação do projeto político-pedagógico;
II - coordenar, sistematizar, acompanhar e avaliar prioritariamente as ações pedagógicas
na escola;
III - articular, incentivar e promover a formação continuada dos(as) docentes, na
dimensão pedagógica, de forma articulada com as equipes técnicas de ensino e de normatização da
Secretaria de Educação e Esportes e das Gerências Regionais de Educação;
IV - acompanhar, articulado com a gestão escolar, a efetivação do currículo escolar e das
aprendizagens dos(as) estudantes;
V - acompanhar os resultados pedagógicos das turmas sob sua responsabilidade na
escola;
VI - contribuir com a ação docente, em relação aos processos do ensino e aprendizagem,
propondo subsídios pedagógicos, com vistas à melhoria das aprendizagens dos(as) estudantes;
VII - apoiar e subsidiar as famílias e(ou) responsáveis pelos(as) estudantes, em relação ao
desempenho escolar e outros temas do cotidiano;

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VIII - realizar reuniões pedagógicas com os professores, asseguradas no calendário escolar
anual; e
IX - atuar em todas as etapas e modalidades de ensino, bem como nos programas e
projetos da educação básica.

O Decreto coloca sobre as atribuições de cada função de modo detalhado, a seguir vamos
conhecer as atribuições do Analista Educacional:

Subseção II
Das Atribuições do Analista Educacional
Art. 87. O Analista Educacional deverá exercer as seguintes atribuições:
I - articular junto ao Gestor da Unidade Escolar e equipe técnica da GRE os problemas do
cotidiano escolar, em busca de soluções imediatas a partir da coleta e consolidação dos dados, como
também do acompanhamento diário da gestão escolar com vistas a atender à Política de
Modernização do Estado;
II - assegurar para que as ações sejam realizadas em conformidade com o Plano de Ação
da Unidade Escolar e com o Termo de Compromisso;
III - acompanhar diariamente as atividades do cotidiano escolar;
IV - cumprir as atividades dentro do prazo estabelecido pela SEE/PE;
V - informar imediatamente à equipe técnica da GRE qualquer situação que impeça a
realização das aulas;
VI - coletar e consolidar as planilhas de acompanhamento do Programa Gestão Nota 10,
para possibilitar as intervenções em tempo hábil;
VII - verificar o cumprimento dos 200(duzentos) dias letivos e das 800(oitocentas) horas;
VIII - responsabilizar-se conjuntamente com a Gestão Escolar pelos resultados e o alcance
das metas da Unidade Escolar;
IX - ser o elo entre a Unidade Escolar e a GRE no processo de implementação das ações
do Programa Gestão Nota 10; e
X - acompanhar junto à Gestão Escolar, as ações de intervenção que se fizerem
necessárias.

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Biblioteca
A Biblioteca constitui-se no local para guarda, preparo técnico e circulação dos materiais
bibliográficos, do arquivo ou conjuntos organizados de periódicos e videoteca dentro da comunidade
escolar. As atividades da biblioteca são exercidas por professores eleitos por seus pares, a partir da
apresentação de projeto de trabalho com o aval da Direção e do Conselho Escolar. A biblioteca é
coordenada por um bibliotecário nomeado para esta função e/ou educador. Competências do
Coordenador da Biblioteca:
planejar, organizar e agilizar o seu funcionamento, observando as normas
específicas para esta instituição.
coordenar as funções dos demais membros da biblioteca.

Corpo docente
O corpo docente é constituído por educadores e por especialistas, devidamente
habilitados, tendo as seguintes atribuições:
planejar, executar, avaliar e registrar os objetivos e as atividades do processo
educativo, numa perspectiva coletiva e integradora, a partir da Proposta Político-
Pedagógica, do Plano Anual da Escola e de Cursos e Bases Curriculares vigentes;
identificar, em conjunto com as pessoas envolvidas na ação pedagógica,
educandos que apresentem dificuldades no processo educativo e, a partir disso,
planejar e executar estudos contínuos de tal forma que sejam garantidas novas
oportunidades de aprendizagem e maior tempo de reflexão;
participar de todo o processo avaliativo da Escola, respeitando o regimento
escolar e prazos estabelecidos em cronograma;
participar dos momentos de formação que propiciem o aprimoramento de seu
desempenho profissional;
participar das elaborações da Proposta Político Pedagógica, do Plano Anual, dos
Planos de Estudos e de cursos de acordo com o disposto na legislação vigente;
participar dos processos de eleição desencadeados na Escola;

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responsabilizar-se pela conservação de todos os espaços físicos, bem como de
materiais existentes na escola e que são patrimônio de uso coletivo;
elaborar seus Planos de Trabalho;
conhecer e cumprir o disposto no presente Regimento;
cumprir as demais funções inerentes ao cargo.

Corpo discente
O corpo discente é formado por todos os educandos matriculados nesta unidade de
ensino, tendo como atribuições:
integrar o Conselho Escolar, agremiações e demais espaços organizados na Escola
a fim de participar efetivamente da construção do processo coletivo de
elaboração e reelaboração da proposta Político- Pedagógica da Escola e do
Regimento Escolar;
participar dos processos de eleição desencadeados na Escola;
zelar pela conservação de todos os espaços físicos, bem como de materiais
existentes na Escola e que são patrimônio de uso coletivo;
comprometer-se com seu processo de aprendizagem no que se refere ao
aprofundamento do conhecimento, assiduidade, realização de tarefas diárias e de
utilização e conservação de material de uso pessoal;
conhecer e cumprir o disposto no presente Regimento.

Pais e responsáveis
Este segmento é formado pelos pais, mães ou responsáveis de todos os educandos
matriculados nesta unidade de ensino, tendo como atribuições:
integrar o Conselho Escolar, agremiações e demais espaços organizados na Escola
a fim de participar efetivamente da construção do processo coletivo de
elaboração e reelaboração da proposta Político- Pedagógica da Escola e do
Regimento Escolar;
participar dos processos de eleição desencadeados na Escola;

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zelar juntamente com seus filhos pela conservação de todos os espaços físicos,
bem como de materiais existentes na escola e que são patrimônio de uso coletivo;
comprometer-se com o processo de aprendizagem e assiduidade de seu filho;
participar do processo de eleição dos pais, mães ou responsáveis representantes
por turma, processo este disciplinado no Plano Anual da Escola;
conhecer e cumprir o disposto no presente Regimento.

Funcionários
Este segmento é formado pelos funcionários da escola que também devem participar da
comunidade escolar de forma ativa, pois fazem parte da instituição e compõem a educação. Esses
funcionários devem participar efetivamente da construção do processo coletivo de elaboração e
reelaboração da Proposta Político Pedagógica da Escola e do Regimento Escolar.

ATRIBUIÇÕES DOS FUNCIONÁRIOS DA ESCOLA


Integrar o Conselho Escolar, agremiações e demais espaços organizados na Escola;
Participar dos processos de eleição desencadeados na escola;
Responsabilizar-se pela conservação e limpeza de todos os espaços físicos, bem como de
materiais existentes na escola e que são patrimônio de uso coletivo;
Responsabilizar-se pela execução das tarefas atinentes ao serviço de nutrição, quando for o caso;
Responsabilizar-se, sob a coordenação do Secretário, pela execução das tarefas atinentes à
secretaria, quando for o caso;
Conhecer e cumprir o disposto no presente Regimento e cumprir as demais funções inerentes ao
cargo.

Secretaria Escolar
Estudante, agora chegou um momento de bastante atenção! Agora iremos conhecer mais
a respeito do serviço de Secretaria. Setor que é composto, preferencialmente, por funcionário lotado
como assistente administrativo.
Vamos tratar mais especificamente do Técnico em Secretaria Escolar, esse profissional
auxilia nas atribuições e demandas da Secretaria da Escola. O técnico atua visando a preservação e o
arquivamento dos registros e documentos escolares; assessora nos processos de matrícula e de
transferência de estudantes; auxilia com a supervisão e devidas orientações: na elaboração,

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expedição, conservação e arquivamento dos registros e documentos administrativos e pedagógicos,
tanto físicos quanto digitais. É, sobretudo, um profissional que auxilia nos serviços do secretário e do
gestor escolar, contribuindo para o atendimento às demandas da comunidade (interna e externa),
além de manter um bom relacionamento interpessoal.

Serviços gerais
Os Serviços Gerais abrangem a conservação e limpeza e tem as seguintes atribuições:
zelar pela conservação e limpeza da Escola;
solicitar, com a devida antecedência, o material necessário à manutenção da
limpeza;
executar a limpeza de todas as dependências, móveis, utensílios e equipamentos;
responsabilizar-se pela conservação e uso adequado do material de limpeza;
verificar, diariamente, as condições de ordem e higiene de todas as dependências,
móveis, utensílios e equipamentos da Escola, comunicando à Direção possíveis
alterações.

Gostou de conhecer mais sobre os recursos humanos que operam e fazem da


escola uma “instituição viva” que é gerida coletivamente? Importante, não é?
Você também conheceu as funções de cada profissional dentro da organização
escolar.

Estudante, você percebeu que dentro de uma escola pode-se encontrar uma grande
quantidade de profissionais envolvidos em diversas funções, mas essa configuração muda de acordo
com a estrutura organizacional de cada escola. É importante considerar que o objetivo desses
profissionais deve ser, principalmente, uma educação de qualidade social.
Para tanto, é muito importante valorizar o trabalho em equipe, visando aos objetivos do
planejamento da instituição e o trabalho descentralizado e democrático.

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Recomendo essa animação a seguir para refletir sobre a importância do
trabalho em equipe.
“É mais inteligente ‘trabalhar’ [adaptado] em grupo.”:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=4We7SNkSYTk&featur
e=emb_logo

Ao longo dessa unidade, você também pode conhecer e aproximar-se dos segmentos que
uma instituição escolar deve possuir. Esses são mecanismos que viabilizam uma prática de gestão
democrática na escola.
Na próxima unidade, você discutirá a respeito da realização das atividades de apoio à
gestão escolar, no que diz respeito ao planejamento, execução e acompanhamento de projetos,
programas e rotinas administrativas do processo educacional
Vamos caminharmos para a próxima unidade? Mas, antes vou deixar aqui uma sugestão
de filme e espero que você aproveite!

SUGESTÃO DE FILME

Quando sinto que já sei: Custeado por meio de financiamento coletivo, o filme
registra práticas inovadoras na educação brasileira. Os diretores investigaram
iniciativas em oito cidades brasileiras e colheram depoimentos de pais, alunos,
educadores e profissionais.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg

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UNIDADE 04 | Realizar atividades de apoio à gestão escolar, no que diz
respeito ao planejamento, execução e acompanhamento de projetos,
programas e rotinas administrativas do processo educacional
Estudante, caminhamos juntos/as ao longo dessa trajetória repleta de ensino-
aprendizagem, você está chegando ao final dessa viagem e espera-se que esse processo tenha sido
significativo para a sua formação!
A unidade 04 irá abordar sobre a realização das atividades de apoio à gestão escolar, no
que diz respeito ao planejamento, execução e acompanhamento de projetos, programas e rotinas
administrativas do processo educacional. Você irá perceber que para um planejamento
contextualizado e participativo existem diferentes estratégias. É importante se aproximar da
construção do Projeto Político-Pedagógico (PPP), como instrumento processual e com etapas que
além de considerar as metas (a curto, médio e longo prazo), abrange detalhes de “como executar” e
principalmente “como avaliar” os resultados educacionais.

4.1. Estratégias de apoio à gestão escolar nas ações de planejamento, execução e


acompanhamento de projetos e programas educacionais

O planejamento incide em ações e procedimentos para a tomada de decisões a respeito


de objetivos e de atividades a serem realizadas a partir desses objetivos. Desse modo, é um processo
de conhecimento e de análise da realidade escolar considerando o cotidiano da instituição, com o
intuito de um plano ou projeto.
Será que se planejar é uma tarefa que está ligada à gestão ou à administração? Você já
pensou nisso? Para alcançar determinado objetivo, um planejamento é necessário? Estudante, o
planejamento do trabalho permite cautela em relação ao que será realizado e os aspectos que devem
ser considerados na organização escolar, priorizando as atividades que necessitam de maior cuidado
e atenção ao longo do ano. Nesse sentido, podem ser distribuídas as responsabilidades a cada setor
da escola e aos membros da equipe.
Toda instituição escolar precisa de um plano de trabalho, assim como as organizações. O
plano de trabalho orienta, indica os objetivos e meios de execução, ou seja, evitamos a improvisação

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e a falta de direcionamento. A atividade de planejamento resulta consequentemente no que
denominamos de Projeto Político-Pedagógico, essa designação pode variar a depender da instituição
ou fonte, podemos encontrar: Projeto Pedagógico-Curricular, Projeto Pedagógico, Projeto Educativo,
Projeto da Escola, Plano Escolar e Plano Curricular. Vale ressaltar que todas as denominações se
referem ao mesmo objeto. A seguir você irá conhecer mais sobre o Projeto Político-Pedagógico (PPP).

Lembre-se de algo bem importante: escutar o Podcast dessa unidade antes de


dar continuidade à leitura. Vamos lá!

O Projeto Político-Pedagógico
Estudante, uma curiosidade: você já viu um PPP? Por acaso... Você já participou da
construção de um projeto? Conheceu o PPP da sua escola (onde estuda ou atua)? Que tal conhecer a
importância desse documento e se aproximar do projeto como um instrumento possível de ser
vivenciado na instituição?

O projeto é um documento que propõe uma direção política e pedagógica para


o trabalho escolar. Ele estabelece metas, prevê as ações, designa métodos e
instrumentos de ação. O PPP possui múltiplas dimensões, é, sobretudo,
pedagógico porque formula objetivos sociais e políticos. E meios formativos
para dar uma direção ao processo educativo, indicando “por que” e “como” se
ensina e, principalmente, orientando o trabalho para as finalidades sociais e
políticas esperadas pelo grupo de docentes.

Nesse contexto, o documento expressa uma “atitude pedagógica” que dar um sentido às
práticas educativas, onde quer que sejam realizadas, e firmar as condições organizativas e
metodológicas para a viabilização da atividade educativa (LIBÂNEO, 1998). O projeto também propõe
o currículo, o referencial concreto da proposta pedagógica, isto é, a projeção dos objetivos, das
orientações e das diretrizes que devem estar previstas nele. Não podemos deixar de considerar que
o projeto em prática (ação) também realimenta e modifica o currículo da instituição.

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Percebemos uma estreita relação entre o projeto pedagógico e a proposta curricular, já
que existe um diálogo entre os objetivos e as estratégias para o ensino. Assim sendo, o planejamento
precisa considerar o currículo e nesse sentido, é formulado e reformulado cotidianamente a partir
das reivindicações da sociedade e do estudante. Portanto, o currículo assim como o projeto é
revisitado e consideram aspectos filosóficos, políticos, culturais e pedagógicos, considerando as
experiências educacionais de cada realidade escolar.

Figura 08 – Projeto Político-Pedagógico e sua amplitude na educação.


Fonte: Autora.
Audiodescrição da figura: Esquema trazendo o Projeto Político Pedagógico (PPP) como elemento central que envolve
organização da vida escolar, organização do processo de ensino-aprendizagem, organização das atividades de apoio
técnico-administrativo e organização de atividades que assegurem a relação entre a escola e a comunidade.

Como demonstra o esquema acima o PPP reúne os aspectos e o processo organizacional


que compõem a escola, consequentemente as práticas de organização e de gestão executam esse
procedimento nas atividades e ações rotineiras da escola, isto é, processo relativo à organização
como um todo para atender ao projeto de maneira viável.
Estudante, é importante destacar que o PPP é um documento que também acaba
reproduzindo as intenções e as práticas cotidianas da equipe escolar, então, está intrinsecamente
ligado às formas de organização e de gestão de cada escola. Desse modo, não basta que a instituição
tenha o projeto ele precisa ser vivenciado, visitado e revisitado pela comunidade escolar.

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Antes de prosseguir nesta caminhada vou te dar uma dica: acessa a videoaula
da semana!

É no PPP que se apresentam e definem as metas escolares e uma delas é exatamente a


construção de uma escola democrática. Dessa maneira, ao ser desenvolvido como estratégia de
planejamento e organização da instituição precisa dar conta de princípios e valores que compõem as
ações da escola, priorizando o atendimento aos direitos dos cidadãos, sujeitos que constituem esse
espaço e o reelaboram cotidianamente.

O termo projeto vem do latim projectu e significa lançar para adiante ou ainda,
ideia que se forma para executar ou realizar algo no futuro, plano, desígnio,
empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema.

Segundo o teórico da educação Gadotti (2000) o PPP deve ser compreendido como um
“desenho” do futuro, isto é, uma ideia a ser construída e transformada na posteridade. Projetar é
olhar para a frente e pensar como vai fazê-lo, procurando alternativas consistentes; “todo projeto
supõe rupturas com o presente sobre o futuro”, reforça o autor. Assim como colocado anteriormente,
o PPP é a própria organização do trabalho pedagógico da escola em sua integralidade. Veiga (1995)
aponta que o planejamento da escola é construído e vivenciado em todos os momentos por todos os
envolvidos com o processo educativo da instituição.
Veiga (2003, p. 276) apresenta algumas características fundamentais do Projeto Político-
Pedagógico:
a) É um movimento de luta em prol da democratização da escola que não esconde
as dificuldades e os pessimismos da realidade educacional, mas não se deixa levar
por esta, procurando enfrentar o futuro com esperança em busca de novas
possibilidades e novos compromissos. É um movimento constante para orientar a
reflexão e ação da escola.

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b) Está voltado para a inclusão a fim de atender a diversidade de alunos, sejam quais
forem sua procedência social, necessidades e expectativas educacionais
(CARBONELL, 2002).
c) Por ser coletivo e integrador, o projeto, quando elaborado, executado e avaliado,
requer o desenvolvimento de um clima de confiança que favoreça o diálogo, a
cooperação, a negociação e o direito das pessoas de intervirem na tomada de
decisões que afetam a vida da instituição educativa e de comprometerem-se com
a ação.
d) Existe um vínculo estreito entre autonomia e PPP. A autonomia possui o sentido
sociopolítico e está voltada para o delineamento da identidade institucional.
e) A legitimidade de um projeto político-pedagógico está estreitamente ligada ao
grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos com o processo educativo,
o que requer continuidade de ações.
f) Configura unicidade e coerência ao processo educativo, deixa claro que a
preocupação com o trabalho pedagógico enfatiza não só a especificidade
metodológica e técnica, mas volta-se também para as questões mais amplas, ou
seja, a das relações da instituição educativa com o contexto social.

Estudante, você já se propôs a pensar em algum projeto para a sua vida? Para a
concretização desse projeto seria necessário o envolvimento de mais alguém? Como já foi enfatizado
anteriormente o Projeto Político- Pedagógico (PPP) é uma construção democrática devendo ser
construído de forma participativa pelos sujeitos que compõem a escola.
Logo, as etapas de construção, reelaboração e avaliação do PPP precisam de uma ação
coletiva, envolvendo não só a direção escolar e a equipe pedagógica, como também momentos
coletivos que reúnam a comunidade escolar. É indispensável discutir sobre o PPP, também, nas horas-
atividade dos professores, reuniões de pais, conselhos de classe, reuniões pedagógicas, do Conselho
Escolar e do Grêmio Estudantil, ou seja, o PPP faz parte da rotina da escola ao longo do ano letivo.

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A construção do Projeto Político-Pedagógico é uma atribuição da escola e
sabemos que não existem instituições escolares iguais. Sendo assim, não há
modelos padronizados a serem seguidos por todas as escolas. Entretanto,
existe, uma orientação por parte do sistema educacional e dos seus órgãos
executores (estaduais e municipais) com a função de auxiliar a elaboração do
PPP e as incumbências das organizações escolares nessa tarefa.

Figura 09 – Projeto Político Pedagógico (PPP) e a sua construção


Fonte: Autora.
Audiodescrição da figura: Esquema trazendo o Projeto Político Pedagógico (PPP) como elemento central que envolve
etapas que se correlacionam como: a participação, a reflexão, o diagnóstico e o planejamento.

De acordo com a legislação, é de responsabilidade do Conselho Escolar das organizações


escolares aprovarem o projeto. O PPP é um documento que deve trazer o “retrato” da instituição e,
por isso, a sua construção precisa da participação dos diversos segmentos da escola, a comunidade
escolar deve ser chamada a participar.
O PPP deve ser um documento “vivo” que faz parte da rotina escolar sendo revisitado
quando necessário, visto que muitos projetos não passam de formalidades burocráticas e ficam
engavetados, desatualizados e não condizem com a realidade da instituição. O projeto nunca estará
finalizado, devido a sua dinamicidade e constantes mudanças.

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É importante perceber que não existe uma forma padronizada de implementar o PPP,
cada escola tem um ritmo e tempo convenientes a sua realidade. Nesse contexto, construir um
projeto pedagógico de uma escola é nutrir constantemente a reflexão e a elaboração, fazendo o uso
de aspectos da realidade local e fatores históricos, ou seja, o PPP deve ser também um projeto
contextualizado, que adentre questões relevantes do interesse da comunidade escolar como um
todo.

O PPP deve considerar a realidade local, mas você já parou para pensar na
diversidade do Brasil?
A instituição pode inserir em seu projeto ações que viabilizem a diversidade,
insiram o contexto local ou também levar os estudantes para vivenciarem
outras realidades.

Estudante, as escolas têm autonomia de construir e de implementar o PPP. Porém, de


acordo com as orientações das Secretarias de Educação (municipal e estadual). Dessa forma, é
importante que você se aproxime desse roteiro com o intuito de conhecer um pouco mais a respeito
desse documento.
O PPP é construído, sobretudo em três etapas:
1. Mobilização da comunidade escolar;

2. Elaboração do PPP;

3. Implementação e Avaliação.

Essas etapas não acontecem de forma linear, elas funcionam de maneira cíclica, visto que
o projeto está em constante mudança e as atualizações requerem revisitar cada uma das etapas.
Apesar das escolas seguirem um modelo próprio de organização do PPP de acordo com cada Sistema
de Ensino e dinâmica escolar, existe a indicação de um Roteiro para o documento do Projeto Político
Pedagógico por parte da Secretaria de Educação do estado de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2012).
Vale enfatizar que, ao construir o PPP, alguns aspectos devem ser considerados, o texto
não deve apresentar contradições teóricas, não pode ter ausência dos princípios constitucionais da
educação, principalmente, quanto à obrigatoriedade, à gratuidade, à laicidade e à qualidade do

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ensino; deve contemplar uma proposta de gestão democrática; precisa trazer uma proposta
curricular articulada em seus termos; o projeto deve também, trazer a previsão para a formação
continuada dos segmentos escolares e para a melhoria da infraestrutura e materiais no geral. Desse
modo, na elaboração, de um PPP é necessário ressalvar as bases legais que sustentam a educação
nacional e as especificidades locais.
Estudante, existem algumas perguntas essenciais a serem realizadas pela equipe escolar
no momento em que estão construindo o PPP, sobretudo, no que se refere ao currículo. Reflexões
como:
• O que se pode fazer?
• Que medidas devem ser tomadas para que a escola melhore e favoreça o ensino-
aprendizagem?
• Como viabilizar esse processo para que ele se torne mais eficaz e proveitoso por parte
da maioria dos estudantes?
• Dessa forma, é indispensável que a discussão sobre o documento final seja concluída
com a determinação das tarefas, de prazos, de formas de acompanhamento e
avaliação. Refletir também sobre: o que se fará? Quem fará? Quais são os critérios
de avaliação?

O currículo é um elemento de grande importância no PPP. Ele não pode ser


compreendido como um emaranhado de disciplinas a serem trabalhadas, mas sim como um conjunto
de conteúdos cognitivos e simbólicos (saberes, competências, representações, tendências e valores)
transmitidos (de modo explícito ou implícito) nas práticas pedagógicas e nas instituições de
escolarização, isto é, tudo aquilo a que poderíamos chamar de dimensão cognitiva e cultural da
educação escolar (MORAES, 2018).

Observe o quanto é significativo considerar o currículo de acordo com cada


localidade e inseri-lo no PPP.

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“A educação quilombola como resistência de suas comunidades e culturas” por
Ingrid Matuoka – Acesse a matéria completa e conheça mais sobre essa
realidade: https://educacaointegral.org.br/reportagens/educacao-quilombola-
como-resistencia-de-comunidades-e-culturas/

Figura 10 - Cartazes nos corredores da escola quilombola Dona Rosa Geralda da Silveira, feitos pelas crianças
(Crédito: Acervo pessoal).
Fonte: https://educacaointegral.org.br/reportagens/educacao-quilombola-como-resistencia-de-comunidades-
e-culturas/
Audiodescrição da figura: A figura apresenta três cartazes produzidos por crianças em uma escola quilombola
e trazem aspectos da cultura local viabilizando através da representatividade a história de vida dessas crianças.

Portanto, o currículo caracteriza-se como a reunião de tudo o que se deve aprender, de


modo formal ou informal. Logo, a elaboração do PPP demanda dos envolvidos uma definição dos
componentes curriculares, articulando as experiências concretas dos estudantes, os conhecimentos
científicos e a realidade social. Sendo assim, a finalidade principal é que a escola consiga em sua
prática pedagógica, viabilizar uma formação cidadã que possibilite uma compreensão da sociedade
em que se inserem. Uma formação crítica e autônoma, a fim de superar as adversidades em meio às
desigualdades e construir um projeto de vida capaz de atender às demandas de cada indivíduo da
maneira mais viável e dentro de uma coletividade.

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Assim como colocado, o PPP sintetiza os objetivos e as metas que a escola deseja
alcançar, podendo ser resumido da seguinte maneira:

É um projeto que reúne propostas de ação que devem ser executadas em um


determinado período de tempo; é político já que visa à formação de cidadãos
pautada numa perspectiva de homem e sociedade que se quer implementar,
por considerar a escola como um espaço de formação; é pedagógico por
implicar em situações que abrangem as diferentes estratégias pedagógicas que
envolvem professores, pais, alunos e comunidade, num amplo movimento de
participação no contexto educativo em busca de uma ação de qualidade social
(BOTLER, 2013).

Ou seja, o PPP é desafiador, pois, ao mesmo tempo em que é político, é pedagógico e faz
com que a instituição encare as suas próprias contradições e adversidades refletindo sobre e
buscando saídas.
A Secretaria de Educação de Pernambuco elabora um documento norteador no intuito de
analisar e realizar os pareceres dos projetos das escolas, esse considera os itens citados
anteriormente e demais aspectos relativos ao PPP e a realidade de cada instituição.
Estudante, o PPP como foi visto é algo construído e reconstruído coletivamente,
envolvendo a comunidade escolar, sendo assim um dos elementos mais importantes para a gestão
democrática. O PPP é considerado como o eixo central da organização do trabalho na escola.

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Figura 11 – O Projeto Político Pedagógico e seus desafios de articulação.
Fonte: Autora.
Audiodescrição da figura: Esquema que traça aspectos que devem ser considerados na construção e
implementação do Projeto Político-Pedagógico.

Em resumo, ele deve articular: os aspectos administrativos, aos aspectos pedagógicos e


ao objetivo, garantindo a unidade teórica e metodológica no trabalho didático e pedagógico. Assim
como, a unidade na organização do trabalho escolar e a coerência entre o planejado e o executado
nas práticas escolares. Como demonstra o esquema acima.
A aproximação entre o discurso e a prática desafia gestores da educação, da escola e do
ensino, visto que o PPP é um trabalho que envolve a comunidade que se situa no âmbito escolar
(comunidade interna) e no âmbito externo da escola (comunidade externa).
De acordo com Santiago (2009) o desafio maior está em vivenciar essa ideia tendo o PPP
como processo de aproximações sucessivas entre:
4. A prática pedagógica que se realiza na escola e o que se pensa sobre a educação,
sobre o ensino, seus conteúdos e os estudantes;
5. A ideia que se tem da tarefa social da escola e o trabalho que nela se realiza;
6. As intenções de trabalho na escola e os resultados escolares nela produzidos.
Então, para atingir essa tarefa que não é nada simples, o projeto deve ter um
planejamento cuidadoso e um processo de avaliação constante da sua adequação, ou não, ao dia a

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dia da escola. A relevância do PPP está no fazer educativo da escola e em suas condições de
aplicabilidade, o projeto não é apenas uma exigência formal, um documento para cumprir o que dita
a legislação ou o que os órgãos superiores exigem, na perspectiva democrática é necessário que a
comunidade escolar assuma as demandas do PPP em conjunto e esse é um ponto de partida para
romper com ações meramente burocráticas e com decisões centralizadoras.
Estudante, agora você irá se aproximar da discussão de outro mecanismo que garante o
processo de democratização na instituição escolar: a Eleição de Diretores, esse procedimento é
garantido em lei e deve fazer parte das escolas de maneira integradora com a participação da
comunidade escolar, assim como veremos no item a seguir. Antes... Que tal parar um pouco e assistir
a um material sobre a discussão do Planejamento e a respeito de como elaborar um Planejamento
Escolar de forma viável e significativa? Selecionei uma lista bem interessante, vamos acessar?

SUGESTÃO DE VÍDEOS

Planejamento: Qual o sentido de planejar? - Animação com base no livro


"Planejamento: projeto de ensino aprendizagem e projeto político-
pedagógico", de Celso dos S. Vasconcellos, da editora Libertad (2012). Música:
Segue Embaixadô (tradicional brasileira), do CD "Mulungu do Cerrado", do
Grupo UAKTI e Tabinha. Material Didático produzido pela Profa. Viviane Beineke
(UDESC). Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-
AWWW2MT7HU

Como fazer um bom planejamento escolar? - No programa "Papo de


Professor", Maria Claudia Junqueira explica para os educadores os pontos
fundamentais para a elaboração de um bom planejamento. Vídeo disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=rIuqayi8R1s

A democratização da escola implica não apenas o acesso da população aos serviços, mas
também a participação nas tomadas de decisão. Segundo Paro (2003): “A democratização social
implica certa distribuição do poder centralizado para instâncias da base da pirâmide estatal, onde se
dá o contato direto com o cidadão” (p. 27).
A nossa viagem chegou ao destino final, nessa unidade, podemos nos aproximar das
estratégias de apoio à gestão escolar nas ações de planejamento, execução e acompanhamento de

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projetos e programas educacionais. Deixo aqui um vídeo bem interessante para você refletir junto
comigo. Vamos lá!

A união faz a força – Existe um provérbio africano que diz: "Se você quer chegar
rápido, vá sozinho. Se você quer chegar longe, vá acompanhado.".
Muitos objetivos só podem ser alcançados quando trabalhamos em equipe. É
claro que isso não é fácil, porque há diferentes opiniões e personalidades, o que
pode ser um desafio.
Mas, quando a diversidade é usada para criar oportunidades e não conflitos, os
resultados serão magníficos. Aprenda a trabalhar em equipe!
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=bokv6XlAdgY

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CONCLUSÃO
Estudante, a disciplina de Gestão Escolar chegou ao fim. Espero que tenha aproveitado
esse processo de ensino-aprendizagem, através do aprofundamento em cada unidade trabalhada e
a realização das atividades propostas.
O esforço em refletir teoricamente a respeito dos temas explorados partiu de um
movimento explicativo e de compreensão da temática da gestão, sobretudo, correlacionando com a
prática escolar e a concepção de gestão legitimada no campo da política educacional que é a:
“democrática”.
A “gestão democrática” é vivenciada como um processo e, por isso, ainda é um “novo
paradigma” para a educação desbravar, cujos valores, culturas e inter-relações cabem questionar e
problematizar cotidianamente, no “chão da escola”, na prática de cada instituição. Sabemos que
desafios e obstáculos estão presentes na realidade das escolas e isso acaba interferindo e, por vezes,
condicionando as ações que compõem a difícil tarefa de gerir. Mas, que tal enfocarmos nos exemplos
positivos, assim como os casos citados aqui em nossa disciplina! Ou seja, é possível realizar um
trabalho qualitativo de gestão.
Sim, é desafiador para o gestor e a gestora realizar um trabalho baseado em princípios e
fundamentos que visem a uma prática alinhada com a materialização da: “educação com qualidade
social”, assumindo uma postura franca e definida com relação ao seu papel na demarcação de uma
sociedade mais justa, solidária e democrática. O ideal é: uma gestão que é realizada por um coletivo
(comunidade escolar) que tenha compromisso político sem perder de vista aspectos pedagógicos,
técnicos e éticos. A partir de agora, você poderá estar mais atento a essas dimensões e a aspectos
que compõem uma gestão escolar.
Ressalto novamente o prazer de estar com você ao longo das unidades e desejo sucesso
na sua trajetória formativa e profissional! Até breve!

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REFERÊNCIAS

BOTLER, Alice Happ. Política e gestão educacional em redes públicas. Recife: Editora Universitária da
UFPE, 2013.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF:
Presidente da República, [2016]. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n° 9394
de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos escolares. In: Conselho Escolar e o
financiamento da educação no Brasil. Brasília-DF. 2006.

DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. Trabalho escolar e conselho de classe. 3ª ed.
Campinas-SP, Papirus, 1995.

DOURADO, Luís Fernandes. Democratização da escola: eleições de diretores, um caminho?


Dissertação (Mestrado em educação). Faculdade de Educação da Universidade Federal de Góias,
Goiânia, 1990.

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar.


Tradução: Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus, professor, adeus, professoras?: novas experiências educacionais e
profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998.

MORAES, Marcos. Gestão Escolar: Curso Técnico em Secretaria Escolar: Educação à distância. Recife:
Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, 2018.

MOREIRA, Marco Antônio. Grêmios Estudantis: contestação e distinção social. Rio de Janeiro: Papel
Virtual, 2001.

NAVARRO, I.P. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Conselhos Escolares:


democratização da escola e construção da cidadania /elaboração Ignez Pinto Navarro... [et al.]
Brasília: MEC, SEB, 2004.

PARO, Vitor Henrique. A Administração Escolar: Introdução e Critica, 9º Edição S.P: Cortez, 1996.

_____. Eleição de diretores: a escola pública experimenta a democracia. Campinas: Papirus, 2003.

_____. Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã, 2001.

_____. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2008.

75
PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Construindo a excelência em gestão escolar: curso de
aperfeiçoamento: Módulo V – Projeto político pedagógico / Secretaria de Educação. – Recife:
Secretaria de Educação do Estado, 2012.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Novos Mapas Culturais, Novas Perspectivas Educacionais. Porto
Alegre: Sulina, 1996.

TABORDA, Cleuza Regina Balan. Conselho escolar como unidade executora: limites e possibilidades
no processo de construção da gestão democrática. Dissertação de mestrado. UFMT/Educação. 2009.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Inovações e projeto político-pedagógico: uma relação regulatória ou
emancipatória? Cadernos Cedes, Campinas, v. 23, n. 61, p. 267-281, dezembro, 2003.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político Pedagógico da Escola – Uma Construção Possível.
Campinas-SP: Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Renata Paula dos Santos Moura


Pedagoga, Doutora e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em
Educação – PPGEdu da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE na Linha de Pesquisa: Política
Educacional, Planejamento e Gestão da Educação. Graduada em Pedagogia pela UFPE. Atua como
professora no Departamento de Políticas e Gestão da Educação – DPGE da UFPE.
Desenvolve atividades na modalidade de Educação a Distância - EaD, atuando como
Professora em Cursos de Graduação e de Pós-graduação. Atualmente é Professora Conteudista e
Formadora da EaD na Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa - ETEPAC no
Curso Técnico em Secretaria Escolar - EaD no estado de Pernambuco.
É pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa: Estudo das Organizações Educativas -
UFPE, desenvolvendo estudos a respeito da gestão escolar com ênfase na educação em seus
diferentes contextos sociais. E pesquisadora que integra o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Poder,
Cultura e Práticas Coletivas (GEPCOL-UFPE), desde 2010, atuando em pesquisas nas áreas de
Juventudes, Participação política juvenil, Movimentos Sociais, Educação não formal, Gênero e Projeto
de Vida.

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