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Secretaria do Emprego
e Relações do Trabalho
Pr o g ra m a d e
Qualificação
C G
onteúdos erais
Profissional
Ca d e r n o d o
Tra b a l h a d o r
Vo l u m e
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Governo do Estado de São Paulo
Secretaria do Emprego
e Relações do Trabalho
Pr o g ra m a d e
Qualificação
Conteúdos Gerais
Profissional
C a d e r n o d o
Tr a b a l h a d o r
Vo l u m e
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ÍNDICE
P964
Programa de qualificação profissional / Conteúdos gerais
São Paulo : Fundação Padre Anchieta, 2010.
(Caderno do trabalhador, v. 6)
(vários autores, il.)
Programa de qualificação profissional da Secretaria do
Emprego e Relação do Trabalho-SERT
ISBN 978-85-61143-44-2
1. Trabalho – treinamento. 2. Meio ambiente – ecologia
3. Trabalho – saúde segurança I. Título. II. Série.
Alberto Goldman
Governador
Saúde
e segurança
no trabalho
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Saúde e segurança no trabalho
Caro(a) trabalhador(a),
Este caderno foi feito para debater com você e seus colegas as doenças e os acidentes
do trabalho.
Procuramos apresentar as principais situações que podem trazer problemas para a
saúde dos profissionais, entre elas as condições em que o trabalho ocorre e a falta de
equipamentos de proteção.
O caderno mostra também as principais leis relacionadas ao assunto para você saber
o que deve ser feito em caso de acidentes ou doenças do trabalho.
Conhecer as formas de prevenir doenças e acidentes é, com certeza, um grande passo
para melhorar as condições de trabalho e de vida dos brasileiros.
Assim, na Unidade 1 falamos sobre como o trabalho que desenvolvemos todos os
dias envolve riscos, possibilitando a ocorrência de acidentes e doenças profissionais.
Na Unidade 2 há alguns dados sobre doenças comuns nos ambientes de trabalho.
A legislação trabalhista brasileira é tratada na Unidade 3. Você poderá conhecer me-
lhor as responsabilidades das empresas e os direitos dos trabalhadores diante de pro-
blemas.
Já na Unidade 4 o assunto é proteção, ou seja, discutimos como podemos prevenir
acidentes e doenças no trabalho, bem como vários alertas sobre outros tipos de risco
presentes nesses locais: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
Por fim, na Unidade 5 vamos saber como, em um local de trabalho, é construído o
mapa de riscos.
Bom trabalho!
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Saúde e segurança no trabalho
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Saúde e segurança no trabalho
Tristes estatísticas
Na América do Sul acontecem 20 milhões de acidentes de trabalho
por ano, causando 90 mil mortes, ou seja, aproximadamente 250 pes‑
soas perdem a vida a cada 24 horas por esse motivo.
No Brasil, a situação também é bastante complicada: pelo menos
3.000 profissionais morrem anualmente em decorrência de acidentes
de trabalho. Se juntarmos todas essas vítimas dos últimos dez anos,
teremos um estádio de futebol lotado. Dá para imaginar? E o pior:
esse total considera apenas quem tem carteira assinada, o que escon‑
de muitos acidentes de trabalho sofridos por pessoas que atuam por
conta própria ou no mercado informal, isto é, sem carteira assinada.
Segundo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), todos os anos
mais de 350 mil pessoas são afastadas de suas funções, no Brasil, por
causa de doenças ligadas ao trabalho. Outro número preocupante diz
respeito aos mais de 10.000 trabalhadores que ficam inválidos anu‑
almente e passam a depender da ajuda do governo para sobreviver e
sustentar a família.
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Automobilístico
JOEL SILVA/FOLHA IMAGEM
Canavieiro
João Bacellar
Construção civil
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Saúde e segurança no trabalho
d) Registre sua opinião após debater o item anterior com o professor e os colegas
de classe.
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Saúde e segurança no trabalho
O INSS é como se fosse uma companhia de seguros que garante que o trabalhador
com carteira assinada ou que contribua para esse órgão público como autônomo
não fique desamparado quando estiver doente ou sofrer um acidente de trabalho.
O INSS organiza informações sobre os principais acidentes e doenças do trabalho no
Brasil. Veja quais foram os principais em 2007, que infelizmente não mudaram muito
em relação aos anos passados.
Depressão 3.560
Outros 326.051
Total 653.090
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1º lugar
2º lugar
3º lugar
Em alguns países a lei diz que ninguém deve carregar mais de 25 ou 30 quilos de
cada vez, pois carregar peso em excesso, todos os dias e com as mãos (sem a ajuda
de carrinhos, por exemplo), pode trazer problemas permanentes à coluna.
2 Quais os trabalhos/serviços que, na opinião do grupo, provocam tantas doenças na
coluna dos trabalhadores?
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Saúde e segurança no trabalho
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fala hoje?
É importante também falar de outros
dois motivos que, somados, afastaram do
trabalho quase 9.000 pessoas no país em
2007. São as doenças provocadas pelo
estresse (ou “doenças dos nervos”, como
se diz popularmente).
Os estados de estresse e depressão atin-
gem muita gente, principalmente quem
exerce funções de grandes responsabili-
dades e muitas exigências, como precisar
sempre cumprir metas e, ainda, supe-
rá‑las. Os caixas de banco, por exemplo,
precisam de muita concentração para
não errar nas contas. Além disso, eles
estão sujeitos a assaltos e têm de lidar o
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Saúde e segurança no trabalho
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Saúde e segurança no trabalho
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Só para você ter uma ideia, com 32 bilhões de reais dá para construir
1,5 milhão de casas populares ou 15 mil hospitais equipados!
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Saúde e segurança no trabalho
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Saúde e segurança no trabalho
• Qual é o público que vai assistir à peça? Que linguagem deve ser usada para a
peça ser compreendida por esse público?
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Saúde e segurança no trabalho
• Todos podem ser atores! Quem se candidata? Que personagem cada um vai
interpretar?
Agora que todas as peças foram assistidas pela turma, que conclusões podem ser tira-
das a partir das encenações?
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Número de meses
Salário em que o profissional Total
recebeu
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Saúde e segurança no trabalho
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Saúde e segurança no trabalho
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São muitas as empresas que não levam em conta o desconforto e o incômodo de seus
funcionários com o uso de máscaras, óculos, capacetes, aventais, protetores auditi-
vos, luvas, botas etc. Às vezes não é fácil entender que os profissionais estão mais bem
protegidos quando não precisam usar todos esses equipamentos e trabalham num
ambiente pouco barulhento, com ar limpo e pisos bem cuidados.
Depois de providenciar todas essas proteções, a empresa deve acompanhar as condi-
ções de trabalho, verificando os exames médicos dos trabalhadores e acompanhando
o número de acidentes, graves ou não. As queixas que os trabalhadores fazem no servi-
ço médico e na CIPA também devem ser levadas em conta, a fim de ver se as proteções
coletivas e individuais estão funcionando de verdade.
Toda empresa que realmente protege seus trabalhadores, como manda a lei, deve
seguir esses passos, na ordem em que foram citados aqui, com o auxílio de bons pro-
fissionais de segurança e saúde no trabalho.
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Saúde e segurança no trabalho
Passo 3 – Como deve ser o ambiente de trabalho para que ele ofereça segurança aos
funcionários?
Passo 4 – Os profissionais que atuam nesse setor devem usar equipamentos especiais
para terem maior segurança? Quais e por quê?
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Saúde e segurança no trabalho
Riscos físicos
1) Ruído
Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico atual, o
ruído no trabalho e a perda da capacidade de ouvir que
ele provoca ainda são preocupações para trabalhadores,
empresários e governos no mundo inteiro.
Mas o que é ruído?
Ruído lembra barulho, incômodo, perturbação. O baru-
lho é um som inútil e desagradável.
Você sabia?
Duas coisas são importantes quando pensamos em como
Decibel é uma unidade
os sons nos incomodam e podem causar doenças: de medida. Nós dizemos
a) o volume ou a intensidade do barulho, que medimos “quero 1 metro de tecido”
ou “quero 1 quilo de bata
em decibéis; e tas”, certo? Com os deci
b) o tipo do som, que pode ser mais grave (como um béis é quase a mesma coi
trovão) ou mais agudo (uma sirene, por exemplo). sa… mas eles são usados
Os técnicos chamam isso de frequência do som, e para medir a intensidade
dos sons.
ela é medida em hertz.
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Um liquidificador funcionando
perto de você produz 85 decibéis,
um nível de ruído considerado pe-
rigoso para a audição humana se
escutado durante 8 horas por dia.
O ouvido humano é formado por
três partes: ouvido externo, ouvi-
do médio e ouvido interno. Ele
percebe as ondas de som que exis-
tem no ambiente e as leva ao cére-
bro. Quando algo cai no chão, por
exemplo, o ouvido sabe informar a que distância estamos desse local, de que material
é feito o objeto que caiu e de que altura foi a queda, entre outras informações. Isso
tudo com base no volume e no tipo de frequência do som. Assim, podemos diferenciar
vozes de pessoas e animais, instrumentos musicais, máquinas em funcionamento…
simplesmente pelo ruído emitido por cada um.
Ficar exposto a um ruído excessivo durante muitas horas por dia produz várias conse-
quências negativas ao trabalhador, como:
• dor de ouvido provocada por barulhos intensos, como o que ocorre em aeropor-
tos, áreas de mineração e indústrias de tecidos;
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Saúde e segurança no trabalho
• trauma acústico, que é a perda auditiva repentina, provocada por um ruído que
também acontece de repente (de forma súbita), e com grande intensidade (ex-
plosão, detonação, ruídos fortes em fones); esse tipo de ruído pode trazer surdez
completa ou afetar temporariamente o sistema nervoso das pessoas;
• perda auditiva temporária, que acontece após algumas horas de ruídos intensos
e permanece nas 24 horas seguintes; isso acontece depois de um dia em uma
fábrica barulhenta sem uso de proteção, ou depois de uma festa com música em
alto “volume” (grande intensidade), por exemplo.
• perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR), lesão permanente e irreversível
(não tem tratamento) que costuma ocorrer nos dois ouvidos porque atinge
o caracol do ouvido interno, uma parte muito sensível e que não se recupera
quando afetada. A audição não melhora nem com o auxílio de aparelhos;
geralmente o problema acontece após 5 a 12 anos de trabalho em ambiente
barulhento sem o uso de proteção. A Justiça e o INSS consideram esse tipo de
perda como doença profissional.
• zumbidos, que afetam todos os trabalhadores expostos a ruídos sem a devida
proteção, além daqueles que têm PAIR; os zumbidos são muito incômodos e
não melhoram com tratamento.
Todos esses problemas, é claro, dependem do nível de ruído (volume ou intensida-
de), do tempo em que o trabalhador esteve exposto a ele sem usar proteção correta
e do tipo de ruído (frequência). Quanto maior a intensidade e o tempo de exposição
sem proteção, maior será o risco de perda auditiva.
Além dos problemas de escuta, o ruído também provoca mudanças físicas e emo-
cionais nas pessoas, como batedeiras no coração (taquicardia), aumento da pressão
arterial (pressão alta), dores de cabeça, tonturas, irritabilidade, ansiedade, estresse e
dificuldade para dormir (insônia).
Há também uma sensível queda de rendimento do trabalho do profissional, prin-
cipalmente nas atividades em que é necessária muita precisão e atenção (o uso de
computadores, por exemplo) e nas atividades que dependem mais da comunicação
entre as pessoas. Sem dúvida podem ocorrer mais acidentes quando o trabalhador não
entende as ordens e não escuta os avisos de cuidado e emergência por causa do excesso
de ruído no ambiente.
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2) Calor
Aqui não estamos falando do calor das praias durante o verão. O
calor que faz mal à saúde é aquele que vem de fornos e caldeiras, Vale reforçar…
por exemplo, nas indústrias siderúrgicas, nas fundições, nas co- Essas medidas não desobrigam
as empresas de reduzir os níveis
zinhas industriais e nas lavanderias.
de ruído ou o tempo em que as
Esse tipo de calor obriga o corpo a agir fora de suas condições pessoas ficam expostas ele.
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Saúde e segurança no trabalho
DIvULGAÇÃO
mineração, fornalhas, siderúrgicas, fundições e cozinhas in-
dustriais, onde também há muita umidade e radiação, pouca
ventilação e os trabalhadores fazem grandes esforços físicos. O aparelho em forma
de globo escuro me
Nesses locais, os trabalhadores podem sofrer choques de de a radiação, o termô-
calor, que provocam desmaios, além de estados graves de metro úmido verifica a
desidratação (perda de líquidos e sais do organismo). umidade relativa do ar e
a ventilação e o termô-
metro seco serve para
Controle da exposição ao calor aferir a temperatura do
A fim de proteger os trabalhadores do calor excessivo, ar. Então, uma fórmula
e uma tabela permitem
as empresas devem dar atenção especial às condições de
calcular a temperatura
ventilação e circulação de ar no ambiente, à redução dos do ambiente com base
esforços físicos dos trabalhadores e ao uso de equipamen- nessas três medições.
tos adequados. Além disso, devem permitir pausas para
descanso e oferecer líquidos em quantidade correta. Em
muitos casos, a instalação de aparelhos de ar condiciona-
do seria a melhor solução, mas muitos empregadores con-
sideram essa alternativa cara demais por causa dos custos Você sabia?
do equipamento e da energia elétrica. Quando o calor é mui
to grande, a lei manda o
3) Radiação trabalhador ficar até 45
minutos descansando a
Há dois tipos de radiação que podem atingir as pessoas cada hora trabalhada. Se
em seus locais de trabalho. Uma delas é a gerada pelos essa pausa não for feita o
aparelhos de raios X e produtos radioativos. Essa radiação empregador pode sofrer
é perigosa e pode atingir uma parte dos profissionais que multas e, pior ainda, o tra
balhador pode adoecer.
atuam em indústrias e hospitais.
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A outra, mais comum nos ambientes industriais, é a radiação ultravioleta (UV). Boa
parte da indústria metalúrgica utiliza soldas em grande quantidade, e toda solda,
quando o metal é aquecido e fundido, produz radiação UV, que pode causar câncer
de pele e catarata nos olhos, além de queimaduras diversas.
Riscos químicos
A poeira e os produtos químicos que, no ambiente de trabalho, entram no corpo
do trabalhador por meio da respiração, da pele e até dos alimentos podem levar a
doenças respiratórias ou afetar outros órgãos e sistemas do corpo. Esses males po-
dem demorar a aparecer (é o caso da silicose, provocada pela poeira de mineração,
cerâmicas e pedreiras), mas também podem manifestar‑se de maneira muito rápida
e até fatal, como, por exemplo, o envenenamento por monóxido de carbono na
saída de um forno de fundição.
No caso da aspiração de produtos químicos, o sistema respiratório pode ter problemas
na parte mais externa dos pulmões ou nas porções mais profundas. No primeiro caso
temos as bronquites e a asma profissional, que costumam atacar padeiros e trabalha-
dores em fábricas de espuma de colchões, entre outros. No segundo caso, ocorrem as
chamadas pneumoconioses, doenças lentas e que não têm cura. Elas podem ocorrer se,
ao longo de muitos anos, o trabalhador respirar poeira contendo material de sílica,
estanho ou fibras de amianto.
Em todos esses casos o profissional deve ser afastado do contato com esses produtos e,
mesmo assim, as doenças podem continuar piorando e levar à incapacidade e até morte.
Algumas doenças produzidas no sistema respiratório por produtos químicos são:
• inflamação crônica e perfuração do septo nasal (a parede que separa o nariz),
causadas por produtos como sais de cromo e de arsênico;
• câncer de brônquios, também provocado pelo cromo e outros compostos
químicos;
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Riscos biológicos
Com o progresso da ciência, sabe‑se hoje que é muito
perigoso trabalhar em hospitais, laboratórios e limpeza de
esgotos e sanitários por causa do chamado risco biológico.
Os causadores desse perigo são diversos micróbios (fun-
gos, bactérias e vírus, por exemplo), que só podem ser
vistos com a ajuda de microscópios.
Esses micróbios podem penetrar no corpo do trabalhador
através dos olhos, da boca, do nariz e da pele (ou de feri-
Microscópios são apare
mentos dela) e provocar doenças sérias e até fatais, como
lhos equipados com len aids, hepatites B e C, tuberculose, diarreias, entre outras.
tes que aumentam as ima
Quando um trabalhador da área da saúde sofre um cor-
gens, permitindo enxergar
coisas e seres minúscu te ou uma perfuração de agulha, o sangue de pacientes
los, que não conseguimos contaminados pode entrar em seu corpo. Esse tipo de
ver a olho nu. Essas lentes acidente é chamado de pérfuro‑cortante, e é hoje a maior
podem ampliar uma ima
gem mais de mil vezes.
preocupação dos países avançados com relação à saúde
dos trabalhadores que cuidam da saúde da população.
Dorling Kindersley/GEtty images
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Saúde e segurança no trabalho
Riscos de acidentes
Os acidentes não decorrem apenas
de “descuidos” dos trabalhadores,
como muita gente acredita. Diver-
sos fatores ajudam a provocá‑los,
como máquinas sem proteção
(prensas, serras); ferramentas ina-
dequadas, improvisadas ou defeituosas; iluminação fraca e fios desencapados com
risco de choque; e produtos químicos mal guardados, apenas para citar algumas situ-
ações mais comuns.
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João Bacellar
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Saúde e segurança no trabalho
O mapa de riscos
Todo membro de CIPA tem também uma obrigação básica: ajudar a montar um
mapa de riscos para alertar seus colegas e o empregador sobre os perigos existentes
no ambiente de trabalho. Cópias desse mapa devem ficar penduradas nas paredes de
espaços de grande circulação da empresa, mostrando seus departamentos ou setores.
No mapa exposto em cada setor os membros da CIPA vão desenhar bolas coloridas, de
tamanhos diferentes, com o objetivo de representar as situações de risco de acidentes
ou doenças que existem ali. O mapa deve ser elaborado com base em visitas e obser-
vações dos membros da CIPA e em conversas com seus colegas. Não são os técnicos
que devem dizer o que colocar no mapa nem o tamanho das bolinhas. O mapa deve
sempre representar o que os profissionais de cada área percebem como perigoso ou
arriscado em seu trabalho.
Você já sabe o que são riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
Se achar necessário, releia a definição de cada um. As bolas do mapa de riscos devem
ser das seguintes cores:
• verde – riscos físicos;
• vermelho – riscos químicos;
• marrom – riscos biológicos;
• amarelo – riscos ergonômicos; e
• azul – riscos de acidentes.
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Saúde e segurança no trabalho
Os mapas de riscos devem ser expostos em lugares onde todos possam vê‑los, fazendo
com que o trabalho da CIPA se torne conhecido. Também servem para estimular o
empregador a melhorar as condições de trabalho. Nas reuniões da CIPA as informa-
ções devem ser atualizadas e é preciso escrever nas atas tudo o que for observado de
errado. É importante saber que as atas e o mapa de riscos são fiscalizados pelo Minis-
tério do Trabalho e Emprego.
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4 Você acha que um mapa de riscos elaborado por técnicos seria diferente daquele
feito pelos trabalhadores? Por quê?
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Saúde e segurança no trabalho
Os acidentes não acontecem por uma única razão, mas decorrem de vários fatos
que, um após o outro, levam a consequências sérias.
Assim, se não existe uma caixa firme para receber as agulhas usadas num hospital, por
exemplo, os faxineiros, sempre com pressa porque têm de limpar o prédio todo, vão
improvisar, colocando os restos cortantes e perfurantes dentro de sacos comuns, de
papel ou plástico. Isso acaba expondo os responsáveis pelo transporte do lixo a cortes
e perfurações por material contaminado por vírus e bactérias.
A análise de um acidente desse tipo não pode culpar os trabalhadores de descuido. A
fim de evitar problemas assim, as caixas especiais – obrigatórias por lei – devem estar
em todos os locais onde forem necessárias, e os envolvidos (gerentes, médicos, enfer-
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meiros, faxineiros etc.) precisam ser informados e alertados sobre sua importância a
fim de valorizar e respeitar essas regras. O trabalhador que sofreu o acidente não é,
portanto, o único culpado.
Da mesma forma, num canteiro de obras ninguém deve usar uma serra circular sem
proteção contra acidentes. A lei prevê multas pesadas para tais casos, e muitos juízes
consideram crime oferecer esse tipo de máquina para um trabalhador realizar suas
tarefas. Mesmo que o profissional seja experiente e rápido, as mãos ficam expostas à
serra, e a qualquer momento pode acontecer um acidente sério.
José era novato na obra. Chegou da roça há 2 meses com a família e, depois de pegar
“bicos”, está no primeiro emprego com carteira assinada. A empresa em que traba-
lha é uma empreiteira pequena que terceiriza serviços para uma grande construto-
ra. O supervisor disse que, se a obra terminasse antes do prazo, a turma ganharia
uma gratificação. José cortava tábuas velhas para fazer formas de concreto numa
serra circular. O disco da serra não tinha nenhuma proteção. A instalação elétrica
apresentava fios desencapados e espalhados pelo chão, que estava molhado. Ao final
do dia, a turma ficou no canteiro para fazer duas horas extras. Às 18h20min, José
não escutou o que seu colega disse e foi desligar a máquina. Quando encostou a
mão no botão, levou um choque, assustou‑se e apoiou a outra mão sobre a serra,
que ainda não tinha parado. Perdeu 3 dedos e ficou afastado do trabalho por três
semanas. Agora ele é auxiliar no escritório da obra, enquanto dura sua estabilida-
de no emprego, que vai acabar em um ano.
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Saúde e segurança no trabalho
Fatores relacionados
às pessoas
Fatores relacionados
aos equipamentos
Fatores relacionados
à forma de produção
2 Agora pense: de que forma esse acidente poderia ter sido evitado? Registre a respos-
ta por escrito.
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A análise de acidentes e doenças do trabalho tem de ser feita por quem conhece o
dia a dia da produção, e não apenas por técnicos de fora, pagos pelas empresas e nem
sempre interessados diretamente na saúde e na segurança dos trabalhadores.
Na Itália, trabalhadores e sindicalistas, já na década de 1970, tinham como lema não
transferir a responsabilidade e o cuidado de sua saúde e segurança para os técnicos,
mesmo que fossem médicos ou até fiscais do governo.
Por quê?
Eles sabiam, desde aquele tempo, que quem precisa lutar contra a exploração dos
maus empregadores, as condições ruins de trabalho e a falta de segurança são os pró-
prios trabalhadores.
Uma categoria organizada tem mais chances de lutar, e as convenções e os acordos
coletivos podem ser ferramentas muito importantes na melhoria da segurança dos
ambientes de trabalho.
Há dois direitos trabalhistas garantidos por lei que muitas vezes são esquecidos.
1. O trabalhador tem o direito de saber, por escrito, em declaração assinada pelo
médico do trabalho da empresa, quais são os riscos existentes em seu ambiente de
trabalho. Podem ser riscos físicos, químicos, ergonômicos ou quaisquer outros.
2. O trabalhador tem o direito de se recusar a trabalhar em condições inseguras,
sem perder o emprego ou ser punido pelo empregador.
Cabe a todos nós exercer esses direitos e diminuir o drama dos acidentes do trabalho
e das doenças profissionais em nosso país.
Vamos encerrar este módulo ouvindo uma canção composta por Cartola e refletir
sobre os cuidados que devemos ter com nossa saúde. Você encontra um vídeo desse
samba no seguinte endereço virtual: http://j.mp/sert6001.
Som na caixa!
O samba do operário
Cartola
60
Saúde e segurança no trabalho
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_______. Ministério do Trabalho e Emprego. Delegacia Regional do Trabalho e Em-
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Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. Ler – Lesões por
esforços repetitivos. Você pode virar essa página. São Paulo, 1995.
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