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matemática

comercial e
financeira
TECNOLOGIA EM
HOTELARIA

Ministério da Educação - MEC


Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior
Universidade Aberta do Brasil
Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Universidade Aberta do Brasil
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Diretoria de Educação a Distância

Tecnologia em Hotelaria

Matemática Comercial e Financeira

Osvaldo Fernandes Carvalho Neto

Fortaleza, CE
2013
Créditos
Presidente Equipe Arte, Criação e Produção Visual
Dilma Vana Rousseff Benghson da Silveira Dantas
Ministro da Educação Camila Ferreira Mendes
Aloizio Mercadante Oliva Denis Rainer Gomes Batista
Érica Andrade Figueirêdo
Presidente da CAPES Luana Cavalcante Crisóstomo
José Almeida Guimarães
Lucas de Brito Arruda
Diretor de EaD - CAPES Lucas Diego Rebouças Rocha
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Reitor do IFCE Quézia Brandão Souto
Virgílio Augusto Sales Araripe Rafael Bezerra de Oliveira
Suzan Pagani Maranhão
Pró-Reitor de Ensino
Reuber Saraiva de Santiago Equipe Web
Diretora de EAD/IFCE e Coordenadora Aline Mariana Bispo de Lima
UAB/IFCE Benghson da Silveira Dantas
Cassandra Ribeiro Joye Corneli Gomes Furtado Júnior
Fabrice Marc Joye
Coordenadora Adjunta UAB Germano José Barros Pinheiro
Cristiane Borges Braga
Herculano Gonçalves Santos
Coordenador do Curso de Lucas do Amaral Saboya
Tecnologia em Hotelaria Pedro Raphael Carneiro Vasconcelos
Fabíola Silveira Jorge Holanda Samantha Onofre Lóssio
Elaboração do Conteúdo Tibério Bezerra Soares
Osvaldo Fernandes Carvalho Neto Áudio
Colaboradora Lucas Diego Rebouças Rocha
Marília Maia Moreira Revisão
Equipe Pedagógica e Design Instrucional Antônio Carlos Marques Júnior
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Márcia Roxana da Silva Regis Laide Ane de Oliveira Ferreira
Marília Maia Moreira
Saskia Natália Brígido Batista Auxiliar
Virgínia Ferreira Moreira Charlene Oliveira da Silveira
Daniel Oliveira Veiga
Nathália Rodrigues Moreira
Yara de Almeida Barreto
Catalogação na fonte: Tatiana Apolinário Camurça CRB-3 1045

C331m Carvalho Neto, Osvaldo Fernandes

Matemática Comercial e Financeira / Osvaldo Fernandes Carvalho


Neto; Coordenação Cassandra Ribeiro Joye. - Fortaleza: UAB/IFCE,
2013.
74p. : il. ; 27cm.

ISBN 978-85-475-0032-0

1. FINANCEIRA. 2. JURO. 3. DESCONTO. I. Joye, Cassandra Ri-


beiro (Coord.). II. Osvaldo Fernandes Carvalho Neto (autor). III. Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE. IV Universi-
dade Aberta do Brasil - UAB. V. Título.

CDD 650.01513
SUMÁRIO
Apresentação 6
Referências 73
Currículo 74

AULA 1 Noções básicas de matemática comercial e


financeira 7
Tópico 1 Operações comerciais 8
Tópico 2 18
O capital e o juro
Tópico 3 Fluxos de caixa 22

AULA 2 Juros 26
Tópico 1 Juros simples 27
Tópico 2 Juros compostos 34
Tópico 3 Taxas 38

AULA 3 Descontos 43
Tópico 1 Tipos de descontos44
Tópico 2 Descontos simples 49
Tópico 3 Descontos compostos 54

AULA 4 Relações comerciais e bancárias 57


Tópico 1 Relações de mercado 58
Tópico 2 Equivalência de capitais 63
Tópico 3 Compras à vista e a prazo 68
APRESENTAÇÃO
Cotidianamente estamos nos envolvendo em relações que envolvem dinheiro. São as mais
diversas situações, desde compras simples até grandes negociações e operações financeiras.
Seja em uma compra ou uma venda, em um empréstimo amigável ou bancário, em um
pagamento ou recebimento, sempre está lidando com o dinheiro (capital). Com isso, o estudo
da Matemática Comercial e Financeira é importantíssimo para o nosso dia a dia.
Antigamente, quando as pessoas não tinham a moeda como temos hoje, já se utilizavam as
ideias comercias nas relações de troca: o escambo. Com o passar dos anos, as atividades
comerciais foram se desenvolvendo, e com isso, o estudo dessa importante área foi se tornando
cada vez mais necessário e utilizado. Visando maiores lucros, os bancos começaram a adotar
sistemas de juros e de concessão de descontos que passou a ser utilizado no mercado e
transformou o estudo da matemática financeira. Na aula 1, iremos estudar inicialmente a
matemática comercial mais utilizada em mercado informal ou negociações simples, tais como
regra de sociedade, vendas com lucro e vendas com prejuízo. Além disso, vamos começar o
estudo dos principais conceitos utilizados na matemática financeira que servirão de base para
as demais aulas.
Na aula 2, iremos concentrar nosso estudo em um dos principais conceitos dentro da
matemática financeira: o de juros. Essa ferramenta financeira é que norteia todo o estudo
financeiro servindo como base de cálculo financeiro. Veremos os regimes de juros simples e
juros compostos, bem como suas especificidades e diferenças.
Na aula 3, estudaremos uma aplicação imediata das fórmulas e conceitos de juros que também
servem como base para diversas outras operações: o desconto. Veremos os diferentes
modelos de descontos e como se comportam e podem ser utilizados nos diferentes tipos de
regimes (simples e composto).
Na aula 4, iremos estudar alguns conceitos que são utilizados no mercado financeiro. Algumas
siglas como LC, CDB e RDB serão definidas, além dos conceitos mais práticos e aplicações
de hot Money, equivalência de capitais e prestações.
Com todo esse estudo, esperamos possibilitar uma abordagem introdutória acerca da
matemática comercial e financeira, motivando para um estudo mais detalhado, além de
possibilitar o conhecimento e entendimento das relações comerciais que estão presentes em
nossas vidas.
Osvaldo Neto

Matemática Comercial
6
e Financeira APRESENTAÇÃO
AULA 1 Noções básicas de
matemática comercial e
financeira
Olá, aluno(a)!

No dia a dia, as pessoas estão constantemente em contato com diversas situações


que envolvem negociações e transações comerciais. Seja em uma compra ou
uma venda, em um empréstimo amigável ou bancário, em um pagamento ou
recebimento, sempre estamos lidando com o dinheiro (capital).

Nesta aula, iremos estudar situações cotidianas, analisando as melhores opções,


além de vermos algumas definições básicas que fazem parte do dia a dia de todos
e serão a base para operações financeiras mais específicas.

Veja que, inicialmente, abordaremos algumas relações comerciais que envolvem


pessoas. Quando reunimos pessoas com seus capitais, elas podem fazer aplicações
em conjunto durante certo período de tempo, iniciando uma sociedade, na qual
podem ocorrer lucros ou prejuízos. Além da sociedade, podemos ter relações
comerciais entre pessoas quando temos o conceito de venda e compra.

Depois, você verá que iremos tratar de alguns conceitos básicos de matemática
comercial e financeira, tais como os juros que podem ser conseguidos ao aplicarmos
um capital durante um tempo, ou os descontos que podem ser conseguidos ao
anteciparmos pagamentos.

Por fim, veremos a importância dos fluxos de caixa que nos ajudarão a controlar
melhor nosso capital.

Então, vamos à aula?

Objetivos
• Entender o funcionamento da negociação entre pessoas, a fim de conseguir
aplicar corretamente as regras de sociedade manifestando domínio dos
diferentes tipos de vendas
• Conhecer os conceitos financeiros básicos de juros, taxas e descontos
• Aprender a importância do fluxo de caixa e como fazê-lo

AULA 1 7
TÓPICO 1 Operações comerciais
O bjetivos
• Compreender as relações comerciais que podem ser
feitas entre pessoas
• Entender a relação entre lucro e prejuízo
• Analisar os diferentes tipos de situações que envolvem
vendas

A ntigamente, as pessoas não tinham a moeda (dinheiro) como


temos hoje, e, nas primeiras atividades comerciais, utilizava-se
o escambo, uma simples troca de mercadoria por mercadoria ou
de serviço por mercadoria. Podemos dizer que, a partir dessas práticas comerciais,
foram originadas todas as atividades comerciais que conhecemos hoje. No escambo,
o valor da mercadoria dependia apenas da quantidade de tempo ou do trabalho
humano que foi necessário para produzi-la.
Ainda podemos encontrar atualmente essa forma
você sa b i a? primitiva de comércio, mas, tal como no início
da civilização humana, ela ainda traz certas
Com a evolução das negociações comerciais,
alguns produtos passaram a ser mais dificuldades, pois não é estabelecida uma medida
procurados do que outros. Os de maior padrão entre os elementos a serem trocados.
aceitação passaram a servir como valor padrão
na avaliação dos demais sendo adotados como As diferentes padronizações adotadas
elementos de troca por outras mercadorias, por diferentes grupos e a necessidade de
como, por exemplo, as cabeças de gado e o
comunicação e negociação entre esses grupos
sal. Não por acaso, utilizamos até hoje no
vocabulário comercial e financeiro palavras criaram naturalmente a necessidade por uma
oriundas desses primeiros padrões, tais como padronização geral, que resultou no conceito de
o capital (que vem do latim capita, que quer
dizer cabeça) ou o salário (que teve origem em moeda. Inicialmente, utilizava-se o metal como
Roma com a utilização do sal para pagamentos moeda padrão, e seu valor era determinado por
por serviços prestados).
peso e pureza. Depois, foi padronizado o tipo de
metal utilizado e adotado um peso que equivalia

Matemática Comercial
8
e Financeira
ao respectivo valor. Com a adoção da moeda, as transações entre pessoas ficaram
mais comuns e foram criados diversos estabelecimentos (bancos) para guardar esses
bens e diversos tipos de negócios começaram a se desenvolver. Com isso, diversas
formas diferentes de começar e concretizar esses negócios foram criados, buscando
sempre favorecer mais um dos lados, o que gerou a necessidade de se conhecer bem
as diferentes formas de negociar para obtenção de lucros ao invés de prejuízos.
Diante desse contexto histórico, apresentamos a seguir duas definições atuais aos
quais abrem o tema deste tópico.

Definição 1: Prejuízo é qualquer dano ou perda que reduz, na quantidade,


qualidade ou interesse, o valor dos bens.

Definição 2: Lucro é o rendimento obtido em qualquer transação, relativo a um


benefício material ou de qualquer outra natureza.

Agora, vamos expor alguns conceitos com que você precisa estar familiarizado
para que possa compreender mais o assunto. Vamos começar com o conceito de
“Regra de sociedade”. O que você acha que esse termo deve significar e qual o seu
principal objetivo? Qual a relação com as duas definições apresentadas? E qual
será o foco de investigação desse conceito? Respostas para essas perguntas serão
apresentada logo a seguir.

1.1 REGRA DE SOCIEDADE


Como você pode ver, a chamada “Regra de sociedade” é uma aplicação prática
da divisão proporcional e tem como objetivo dividir os lucros ou prejuízos de uma
aplicação (ou investimento) entre os seus sócios, pessoas envolvidas no negócio que
formam uma sociedade. Por convenção, o lucro ou prejuízo é dividido pelos sócios
proporcionalmente aos recursos empregados ou porcentagens de participação
acordadas, levando em conta as condições colocadas em contrato. Sendo assim,
há aqui algumas simbologias (notações) as quais é recomendável que você saiba e
tenha certa familiaridade desde já, para usos posteriores. Então vejamos:

NOTAÇÕES
• O Capital investido por uma pessoa X será denotado por CX .
• O lucro total do investimento será denotado por L .

AULA 1 TÓPICO 1 9
• O prejuízo total do investimento será denotado por P .
• A parte (lucro ou prejuízo) de um sócio X será denotado por LX (ou PX ).
• Quantidade (número) total de sócios será denotado por n .
• Período de tempo será denotado por t .
• Período de tempo de uma pessoa X será denotado por t X .

Veja que o nosso foco será trabalhar com a proporção relativa ao capital
empregado por cada sócio durante um determinado período de tempo. Assim,
levando-se em conta os capitais investidos e o tempo de investimento, podemos
considerar 4 situações:

1.1.1 CAPITAIS IGUAIS EMPREGADOS DURANTE UM MESMO


TEMPO
Neste caso, o tempo não terá influência na divisão dos lucros ou prejuízos.
Para obter a parte de cada sócio, basta que, ao final do período de tempo, divida-se
o total (de lucro ou prejuízo) pela quantidade de sócios. Veja um exercício resolvido
para melhor compreender esse conceito.

Exercício resolvido 1
Em uma sociedade formada por três sócios, o lucro foi de R$ 222.600,00
no último mês. Sabendo que todos os sócios envolvidos entraram com um capital
igual, determine a parte que cada um teve nesse lucro.

Solução:
Para resolver esse tipo de problema, você deverá levantar os principais dados
que estão sendo apresentados no enunciado. Então, vejamos:
DADOS:

Chamaremos de sócios A, B e C
n = 3sócios
PA = Parte que confere ao sócio A.
PB = Parte que confere ao sócio B.
PC = Parte que confere ao sócio C.
P = Totalda soma entre A,B, C.
L = Valor totaldo lucro.

Assim sendo, diante desses dados, veja que podemos calcular a parte no lucro
de cada sócio, com o detalhe que foi apresentado no enunciado: P = PA = P B = PC .

Matemática Comercial
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e Financeira
Logo teremos:
L
P=
n
222.600
P=
3
P = 74.200
Portanto, cada sócio terá R$ 74.200,00 de lucro.

1.1.2 CAPITAIS DIFERENTES EMPREGADOS DURANTE UM MESMO


TEMPO
Neste caso, o lucro ou prejuízo
da sociedade será dividido em partes
diretamente proporcionais aos capitais ate n ç ão !
investidos pelos sócios. Veja um exercício
Duas grandezas são diretamente proporcionais
resolvido para melhor compreender esse quando fazemos a razão entre os valores
conceito. ordenados de uma grandeza com os da
outra grandeza e encontramos a igualdade
dessas razões. Isto é, dadas uma grandeza
Exercício resolvido 2 A = (a1, a2 , a3 ,..., an ) e uma grandeza
Em uma sociedade formada por quatro B = (b1, b2 , b3 ,..., bn ) , dizemos que A e B
pessoas, cada uma entrou com um capital são diretamente proporcionais se, e somente
a1 a 2 a a
de R$ 50,00; R$ 60,00; R$ 75,00 e R$ 25,00, se: = = 3 = ... = n = K , onde K
b1 b 2 b 3 bn
respectivamente. No fim de certo tempo, a é um valor constante, denominado fator
sociedade apresentou um lucro de R$ 840,00. de proporcionalidade ou coeficiente de
Sabendo que o lucro dessa sociedade deve ser proporcionalidade.

dividido proporcionalmente ao capital que


cada sócio colocou no início, então quanto coube a cada um?

Solução:
Novamente, levantando os principais dados, você poderá ver qual o caminho
podemos percorrer para resolvê-lo. Sendo assim, temos os seguintes dados:
DADOS:

Chamaremos de sócios A, B, C,D.


n = 4sócios
LA = Lucro que confere ao sócio A.
LB = Lucro que confere ao sócio B.
LC = Lucro que confere ao sócio C.
LD = Lucro que confere ao sócio D.
L = Valor totaldo lucro.

AULA 1 TÓPICO 1 11
E também, temos o capital que foi dado por cada sócio, ou seja:
CA = R$50,00
CB = R$60,00
CC = R$75,00
CD = R$25,00
De acordo com o enunciado, o lucro total (soma dos lucros de todos os sócios)
é R$ 840,00, ou seja, L = LA + LB + LC + LD = R$840,00 . Como a divisão desse
lucro deve ser feita proporcionalmente, então temos:
L A LB L C L D L
= = = =
C A CB C C C D C A + CB + C C + C D .
Portanto, cada sócio ficará com:
LA 840 L 840
= Þ A= Þ LA = R$200,00
50 50 + 60 + 75 + 25 50 210
LB 840 L 840
= Þ B= Þ LB = R$240,00
60 50 + 60 + 75 + 25 60 210
LC 840 L 840
= Þ C= Þ LC = R$300,00
75 50 + 60 + 75 + 25 75 210
LD 840 L 840
= Þ D= Þ LD = R$100,00
25 50 + 60 + 75 + 25 25 210

1.1.3 CAPITAIS IGUAIS EMPREGADOS DURANTE TEMPOS


DIFERENTES
Para esse caso, veja que o lucro ou prejuízo da sociedade será dividido em
partes diretamente proporcionais aos tempos de permanência dos sócios. Veja um
exercício resolvido para melhor compreender esse conceito.

Exercício resolvido 3
Três pessoas formam uma sociedade, em que Anderson permaneceu durante
12 meses, Bruno permaneceu por 8 meses e Carlos por 6 meses. Quanto ganhou
cada um, se a sociedade apresentou um lucro de R$ 260.000,00?

Solução:
Levantando os principais dados, você poderá ver qual o caminho podemos
percorrer para resolvê-lo. Sendo assim, temos os seguintes dados:

Matemática Comercial
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e Financeira
LucroTotal = LucroAnderson + LucroBruno + LucroCarlos = R$260.000,00
LucroAnderson LucroBruno LucroCarlos LucroTotal
= = =
tempoAnderson tempoBruno tempoCarlos tempo
tempoAnderson = 12meses
tempoBruno = 8meses
tempoCarlos = 6meses

Assim sendo, temos que:

LucroAnderson 260.000 LucroAnderson 260.000


= Þ = Þ LucroAnderson = R$120.000,00
12 12 + 8 + 6 12 26
LucroBruno 260.000 LucroBruno 260.000
= Þ = Þ LucroBruno = R$80.000,00
8 12 + 8 + 6 8 26
LucroCarlos 260.000 LucroCarlos 260.000
= Þ = Þ LucroCarlos = R$60.000,00
6 12 + 8 + 6 6 26

1.1.4 CAPITAIS DIFERENTES EMPREGADOS DURANTE TEMPOS


DIFERENTES
Neste caso, o lucro ou prejuízo da sociedade será dividido em partes
diretamente proporcionais aos produtos do tempo pelo capital investido respectivo
de cada sócio. Veja um exercício resolvido para melhor compreender esse conceito.

Exercício resolvido 4
Uma empresa teve um prejuízo de R$ 22.200,00. O primeiro sócio empregou
R$ 1.200,0 durante 1 ano e 3 meses, o segundo sócio investiu R$ 800,00 por 1 ano
e meio e o terceiro sócio tinha investido R$ 1.000,00 durante 1 ano. Qual foi o
prejuízo de cada sócio?

Solução:
Os dados fornecidos pelo o problema são:

P = P1ºsócio + P2ºsócio + P3ºsócio = R$22.200,00


P1ºsócio P2ºsócio P3ºsócio P
= = =
C1ºsócio × t1ºsócio C2ºsócio × t2ºsócio C3ºsócio × t3ºsócio C1ºsócio × t1ºsócio + C2ºsócio × t2ºsócio + C3ºsócio × t3ºsócio
E também, temos o seguinte fato:
X CX tX CX × t X
1ºsócio R$1.200 15meses 18.000
2ºsócio R$800 18meses 14.400
3ºsócio R$1.000 12meses 12.000

Assim sendo, teremos:

AULA 1 TÓPICO 1 13
P1ºsócio 22.200 P 22.200
= Þ 1ºsócio = Þ P1ºsócio = R$9.000,00
18.000 18.000 + 14.400 + 12.000 18.000 44.400
P2ºsócio 22.200 P 22.200
= Þ 2ºsócio = Þ P2ºsócio = R$7.200,00
14.400 18.000 + 14.400 + 12.000 14.400 44.400
P 22.200 P 22.200
3ºsócio
= Þ 3ºsócio = Þ P3ºsócio = R$6.000,00
12.000 18.000 + 14.400 + 12.000 12.000 44.400

Nesta aula, você está vendo situações que envolvem lucro ou prejuízo. No
entanto, além das situações entre sócios já vistas, existem outras relações comerciais
cotidianas que também podem envolver lucro ou prejuízo. Em relações comerciais
de compra e venda, é muito importante para o comerciante planejar bem a venda
de seu produto a fim de obter lucro com as vendas. Mas, esse planejamento não
pode ser pensado somente no lucro do comerciante, pois, para atrair compradores,
é preciso estabelecer preços justos e condições atrativas. Então, para se calcular o
lucro ou prejuízo, precisamos levar em consideração o preço de venda e o preço
do custo.
A seguir vamos enunciar duas definições que são de extrema importância
para o assunto com que estamos trabalhando. Falaremos sobre as operações que
acontecem na compra e venda de mercadorias.

1.2 OPERAÇÕES SOBRE MERCADORIAS

Definição 3: O preço de custo será o preço relativo ao custo necessário para se


produzir o que será vendido. Denotaremos o preço de custo por PC .

Definição 4: O preço de venda será o preço estabelecido de acordo com o que


pretendemos receber pelo que está sendo vendido PV .

Podemos, então, concluir que a relação


ate nção! entre lucro ou prejuízo e preços (de custo e
venda) será:
Note que, no caso de venda com lucro, utilizamos
o sinal positivo (+) no lucro para simbolizar que a Pr eço de venda = preço de custo + lucro
venda é o custo acrescido do lucro. Já no caso da Pr eço de venda = preço de custo - prejuízo
venda com prejuízo, utilizamos o (sinal negativo)
no prejuízo para simbolizar que a venda é o custo
diminuído do prejuízo.

Matemática Comercial
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e Financeira
Logo, podemos perceber que o lucro ou o prejuízo depende de duas
variáveis diferentes. Ou seja, para termos lucro ou prejuízo, precisamos levar
em consideração os dois preços. Vamos agora ver como se comportam o lucro e o
prejuízo quando calculados em cima de cada variável.

1.2.1 VENDAS COM LUCRO EM CIMA DO PREÇO DE CUSTO


Neste caso iremos calcular o lucro desejado em cima do preço de custo, ou
seja, a porcentagem do lucro será tirada do preço de custo.

Exercício resolvido 5
Por quanto devo vender um aparelho de som que comprei por R$ 1.200,00 e
desejo lucrar 30% sobre o custo?

Solução:
De acordo com o enunciado temos os seguintes dados:
PC = 1.200,00 reais
PV = ?

Como o lucro deve ser em cima do preço de custo, temos:


L = 1.200 × 30% = 360,00 reais
Com isso o preço de venda será:
PV = PC + L
PV = 1200 + 360
PV = 1.560,00 reais
Portanto, o aparelho deve ser vendido por 1.560,00 reais.

1.2.2 VENDAS COM LUCRO EM CIMA DO PREÇO DE VENDA


Neste caso iremos calcular o lucro desejado em cima do preço de venda, ou
seja, a porcentagem do lucro será tirada do preço de venda.

Exercício resolvido 6
Comprei um quadro por R$ 4.500,00 e desejo lucrar 10% sobre o preço de
venda. Por quanto devo vender esse quadro?

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
PC = 4.500,00 reais
PV = ?

AULA 1 TÓPICO 1 15
Como o lucro deve ser em cima do preço de venda, temos:
L = PV × 10% = 0,1× PV
Com isso o preço de venda será:
PV = PC + L
PV = 4500 + 0,1× PV Þ PV - 0,1× PV = 4500
4500
0,9 × PV = 4500 Þ PV = PV = 5.000,00 reais
0,9
Portanto, o quadro deve ser vendido por
5.000 reais.
você sa b i a?
1.2.3 VENDAS COM PREJUÍZO EM CIMA DO
Quando falamos de prejuízo, normalmente, PREÇO DE CUSTO
estamos tratando de situações emergenciais
Neste caso iremos calcular o prejuízo
ou de produtos que se desvalorizam com
o tempo de uso, em que a venda ocorre por permitido em cima do preço de custo, ou seja, a
necessidade. Por exemplo: porcentagem do prejuízo será tirada do preço de
- Quando vendemos um carro, ele perde custo.
seu valor inicial pelo uso;
- Quando precisamos vender uma joia para Exercício resolvido 7
pagar dívidas.
Uma saca de batata foi vendida com prejuízo
de 15% sobre o preço de custo. Sabendo-se que
essa saca custou R$ 200,00, qual foi o preço de venda?

Solução:
Veja que, do que foi enunciado anteriormente, temos os seguintes dados:
= 200,00
PCc = 200,00 reais
reais
=?
PVv =
Mas como você deve saber, o lucro deve ser em cima do preço de venda;
então, temos:
P = 200 × 15% = 30,00 reais
Com isso o preço de venda será:
PV = PC - P
PV = 200 - 30
PV = 170,00 reais
Concluindo, a saca de batata foi vendida por 170,00 reais.

Matemática Comercial
16
e Financeira
1.2.4 VENDAS COM PREJUÍZO EM CIMA DO PREÇO DE VENDA
Neste caso iremos calcular o prejuízo desejado em cima do preço de venda,
ou seja, a porcentagem do prejuízo será tirada do preço de venda.

Exercício resolvido 8
Um automóvel custando R$ 5.500,00 foi vendido com um prejuízo de 10%.
Qual o preço da venda deste carro?

Solução:
Do enunciado, vemos que temos os seguintes dados
PC = 5.500,00 reais
PV = ?
Mas, como você deve ter percebido, o lucro deve ser em cima do preço de
venda, então:
L = PV × 10% = 0,1× PV
Com isso o preço de venda será:
PV = PC - P
PV = 5.500 - 0,1× PV Þ PV + 0,1× PV = 5.500
5.500
1,1× PV = 5.500 Þ PV = PV = 5.000,00 reais
1,1
Portanto, o carro foi vendido por 5.000 reais.
Observe que, no estudo de lucro e prejuízo, você poderá se deparar com
situações nas quais haja uma taxa padrão de lucro, em que é dada uma padronização
para o crescimento do preço. Neste caso, dizemos que aconteceu uma valorização,
que pode ser percentual ou monetária. Da mesma forma, você poderá encontrar
uma taxa padrão de prejuízo, que será uma padronização na redução do preço.
Neste caso, dizemos que aconteceu uma desvalorização, que também pode ser
percentual ou monetária.

Você viu, neste tópico, diferentes formas de como acontecem transações


comerciais simples no nosso cotidiano. Essas relações, normalmente, são utilizadas
mais em relações que não exijam tanto formalismo e complexidade. Nesses casos,
as noções de lucro e prejuízo são extremamente necessárias, para sabermos que,
em cada caso, temos especificidades a serem trabalhadas e que podem resultar em
vantagens ou em desvantagens, ganhos maiores ou menores, perdas maiores ou
menores. No próximo tópico, você irá estudar a noção de capital e juro.

AULA 1 TÓPICO 1 17
TÓPICO 2 O capital e o juro
O bjetivo
• Compreender definições básicas utilizadas na
Matemática Financeira

N o tópico anterior, você deve ter percebido que trabalhamos com


conceitos utilizados comercialmente, nos quais encontramos
relações simples entre compra e venda. A partir de agora, vamos
trabalhar conceitos mais elaborados, com relações que vão além da simples compra e
venda. Veremos acumulação de capitais, empréstimos, amortizações e mais algumas
relações que podemos ser definidas pela Matemática Financeira.

2.1 DEFINIÇÃO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

Definição 5: Entre várias definições, “é a ciência que estuda o dinheiro no tempo”


(GITMAN, 1978). Assim, estudaremos a influência que um período de tempo terá
sobre um capital monetário.

Veja que o conhecimento e o entendimento dos conceitos de Matemática


Financeira são indispensáveis para compreendermos e, quando necessário,
podermos operar nos mercados financeiro e de capitais. Cotidianamente, isso
irá no ajudar a compreender como nosso dinheiro é trabalhado em diversas
instituições, tais como bancos, empresas de cartões de crédito, impostos, etc. Com
esse entendimento, podemos dialogar e negociar com maior autoridade e procurar
preservar melhor nossos bens.
Vejamos algumas definições importantes que serão utilizadas no decorrer
do curso.

Matemática Comercial
18
e Financeira
2.2 DEFINIÇÃO DE CAPITAL

Definição 6: O Capital (representado por C) será um valor utilizado em uma operação


que pode ser representado por moeda e/ou direitos passíveis de uma expressão
monetária, no início de uma operação financeira.

A partir dessa definição, podemos considerar como capital, por exemplo:


• numerário ou depósitos bancários disponíveis;
• títulos de dívida expressos em valor no início de um processo financeiro;
• ativos físicos devidamente avaliados: prédios, máquinas, veículos e outros.

O conceito de capital é essencial para a Matemática Financeira e pode ser


utilizado nas mais diversas operações financeiras, tais como: juros, descontos,
empréstimos, amortizações, etc.

2.3 DEFINIÇÃO DE JUROS

Definição 7: Os Juros, ou Juro, (representado por J) será um valor obtido do capital (C)
acordado entre os participantes da operação financeira. No geral, os juros são obtidos
a partir de uma porcentagem do capital ao longo de um período de tempo.

A partir da definição de juros, podemos


observar que outras definições irão surgir, tal
vo c ê sab i a?
como a porcentagem dos juros que incide sobre
o capital por um período de tempo, chamado de Os juros e os impostos existem há bastante
tempo. Um dos primeiros indícios apareceu
taxa de juros.
em 2000 a.C., na Babilônia. Nessa época, os
juros eram pagos por meio de sementes e outros
bens, e eram devidos à utilização de sementes
2.4 DEFINIÇÃO DE TAXA DE JUROS
ou outros bens. Muitas práticas que temos hoje
originaram-se desses costumes de empréstimos e
Definição 8: A Taxa de Juros (representado devoluções de sementes.
por i) será um coeficiente que incidirá sobre o
Capital de acordo com um período de tempo.

As taxas de juros podem aparecer de duas formas:


• Forma percentual, por exemplo: 10%, 12%, 76,5%.
• Forma unitária, por exemplo: 0,1; 0,12; 0,765.

Além da taxa de juros, uma definição importante refere-se ao valor acumulado


de um Capital Inicial com os juros obtidos, chamado de Montante.

AULA 1 TÓPICO 2 19
2.5 DEFINIÇÃO DE MONTANTE

Definição 9: Denomina-se Montante (representado por M) a soma do capital (C) e


dos juros (J) obtidos que foram acordados na operação financeira e que é devolvido
ao final da operação.

Esta definição nos dá a chamada equação básica da Matemática Financeira:


M=C+J
Em todas as definições, a dependência do período de tempo terá influência
no resultado. Poderemos, então, ter vários valores em determinados períodos de
tempos diferentes. Em especial, temos a definição dos seguintes valores.

2.6 DEFINIÇÃO DE VALOR ATUAL

Definição 10: O Valor Atual (representado por A ou VA) é o valor de uma operação
financeira na data presente; é o valor inicial da operação.

Em alguns casos, o Valor Atual poderá ser igual ao Capital acordado na


operação. Em outras situações, pode ser um valor que esteja entre o Capital e o
Montante.

2.7 DEFINIÇÃO DE VALOR FUTURO

Definição 11: O Valor Futuro (representado por VF) é o valor de uma operação
financeira em qualquer data compreendida entre a data presente e o vencimento da
operação.

2.8 DEFINIÇÃO DE VALOR NOMINAL

Definição 12: O Valor Nominal (representado por N ou VN) é o valor de uma


operação financeira constante do título de crédito que a documenta.

O Valor Nominal, dependendo da ocasião, pode ser o valor inicial (Capital)


ou o valor final da operação (Montante)

Matemática Comercial
20
e Financeira
As definições vistas neste tópico são
muito importantes para o estudo da Matemática
Financeira, em especial para o estudo de juros ate n ç ão !
e descontos. A compreensão dessas definições
Quando trabalharmos com descontos, usaremos
irá nos auxiliar no decorrer das demais ideias bem parecidas com as utilizadas em juros.
aulas, pois são definições usuais no cotidiano Entretanto o valor final da operação sofrerá
uma redução se comparada ao valor inicial, e,
econômico e em todas as áreas que, de alguma
portanto, o valor do desconto será subtraído do
forma, utilizam o mercado financeiro. Veremos valor inicialmente acordado.
que as definições vistas neste tópico podem
ter diferentes aplicações, dependendo do sistema de capitalização (simples ou
composto) com o qual estaremos trabalhando (veremos mais detalhes na aula 2).
Além dessas definições, utilizaremos, também, os conceitos de fluxos de caixa,
tema do próximo tópico. Os fluxos de caixa são uma importante forma de organizar
e visualizar as operações financeiras que ocorrem. Utilizando os conceitos vistos
aqui e o fluxo de caixa, podemos, por exemplo, controlar a entrada ou saída de um
capital, visualizar um desconto dado, atualizar um valor, entre outras aplicações.

AULA 1 TÓPICO 2 21
TÓPICO 3 Fluxos de caixa
O bjetivo
• Reconhecer a importância e a utilização dos
fluxos de caixa para a organização do pro-
cesso financeiro

A Matemática Financeira estuda relações entre diversas variáveis.


Os problemas, muitas vezes, são basicamente relacionados a
entradas e saídas de capital ao longo de um período de tempo.
Os problemas financeiros dependem de um fluxo (entradas e saídas) de dinheiro
durante um período de tempo. Este fluxo é conhecido como fluxo de caixa, que é
uma representação esquemática útil na resolução de problemas. Por isso é importante
lembrar que, em uma operação financeira, temos duas partes envolvidas, em que
teremos entradas e saídas de capital parecidas. A diferença é que a entrada de caixa
para uma das partes será a saída de caixa para a outra parte e vice-versa.
Segundo Zdanowicz (1998), o fluxo de caixa é o meio pelo qual o
administrador financeiro apura os ingressos (entradas) e desembolsos (saídas)
financeiros da empresa em dado período.

Definição 13: Fluxo de caixa é o conjunto de entradas e saídas de capital por um


determinado período de tempo. Normalmente, serão na forma de diagrama ou
gráfico.

Essas entradas e saídas podem ser de uma pessoa jurídica (empresa) ou pessoa
física. Podem acontecer pelos mais variados motivos, tais como:
Ingressos (entradas) no caixa: vendas à vista, recebimentos de vendas a prazo,
aumentos de capital social, receitas de aluguéis, empréstimos e resgate de
aplicações no mercado financeiro;
Desembolsos de caixa: para financiar o ciclo operacional de uma empresa,
amortizar empréstimos ou financiamentos captados ou aplicar no mercado
financeiro.
(ZDANOWICZ, 1998, p.26).

Matemática Comercial
22
e Financeira
A fim de ilustrarmos e organizarmos as operações financeiras, veremos
alguns passos que podem facilitar a montagem de um fluxo de caixa. A
representação constará de um eixo horizontal onde é marcado o tempo, a partir de
um determinado instante inicial (origem). As entradas de capital serão indicadas
por flechas orientadas que darão a indicação dos valores considerados, como você
pode ver na Figura 1.
• entrada de dinheiro: flechas com orientação positiva (apontadas para cima);
• saída de dinheiro: flechas com orientação negativa (apontadas para baixo).

Figura 1: Entradas e saídas de dinheiro no tempo

Também pode ser feita, da seguinte forma:

Figura 2: Gráfico de um fluxo de caixa

Ao trabalharmos os fluxos de caixa, utilizaremos diversos valores ao longo


do tempo. Esses valores (definidos no tópico anterior) irão mudar constantemente
a cada nova unidade do período de tempo. Vamos a um exemplo.
Uma pessoa entra numa loja para comprar uma geladeira. O preço à vista
da geladeira é R$ 1.500,00. O vendedor informa as condições de pagamento, para

AULA 1 TÓPICO 3 23
uma compra financiada: quatro pagamentos mensais iguais de R$ 400,00 através
de uma instituição financeira (IF). A instituição financeira (IF) pagará para a loja o
valor à vista de R$ 1.500,00 e receberá do comprador as quatro prestações mensais.
Abaixo você irá ver como são os fluxos de caixa dessa operação, em que
as saídas de dinheiro (pagamentos realizados) estão indicadas com setas verticais
apontando para baixo, e as entradas de dinheiro (recebimentos) estão indicadas por
setas verticais apontadas para cima.

Figura 3: Fluxos de caixa da venda da geladeira

Veja que podemos observar na Figura 3, que no primeiro fluxo de caixa


montado (superior à esquerda na Figura), perceba que, como a pessoa realizou 4
pagamentos mensais de R$ 400,00, então temos 4 setas apontadas para baixo; este
é o fluxo de caixa da pessoa. Já no segundo fluxo de caixa montado (superior a
direita na figura), fluxo de caixa da loja, você pode perceber que existe apenas
uma seta apontada para cima, simbolizando a entrada de R$ 1.500,00. Por último
(gráfico inferior da Figura), temos o fluxo de caixa da Instituição Financeira (IF),
no qual você vê que, no mês inicial, é feito um pagamento (seta para baixo) de R$
1.500,00 e nos demais meses são recebidos R$ 400,00 em cada mês (seta para cima).
Com isso, vemos como os fluxos de caixa de cada um dos envolvidos se completam.
No decorrer desta primeira aula, vimos que, tanto em relações comerciais
quanto em relações financeiras, o conhecimento de alguns detalhes quase
imperceptíveis pode fazer uma enorme diferença ao trabalharmos com Capitais.

Matemática Comercial
24
e Financeira
Essas diferenças e, principalmente, o conhecimento delas, podem determinar o
lucro ou o prejuízo, ou ainda mais especificamente, um lucro ainda maior ou um
prejuízo menor. Com o decorrer das demais aulas, vamos ver que essas diferenças
podem ser ainda mais acentuadas e determinarão enormes diferenças nos resultados.

ati v i dade s de ap r o f u n dame n to


1. Três pessoas desejam formar uma sociedade. O primeiro entrará com o capital de R$1.200,00, o
segundo com R$ 800,00 e o terceiro com R$ 1.000,00. Calcule o lucro de cada sócio, sabendo que o
lucro total da empresa foi de R$ 6.000,00.
RESPOSTA: R$ 2.400,00; R$ 1.600,00 e R$ 2.000,00
2. Dois sócios ao constituírem uma sociedade entraram, respectivamente, com os capitais de R$
4.000,00 e R$ 6.000,00. Na divisão do lucro, o segundo recebeu R$ 600,00 a mais que o primeiro.
Quanto recebeu cada sócio?
RESPOSTA: R$ 1.200,00 e R$ 1.800,00
3. Três pessoas formaram uma sociedade: o primeiro sócio permaneceu 2 meses; o segundo, 3 meses;
o terceiro, 5 meses. Sabendo que o prejuízo total foi de R$ 6.000,00, calcule o prejuízo de cada sócio.
RESPOSTA: R$ 1.200,00; R$ 1.800,00 e R$ 3.000,00
4. Três pessoas formaram uma sociedade: o primeiro entrou com o capital de R$ 1.200,00; o segundo,
com R$ 1.500,00; o terceiro, com R$ 2.000,00. Ao fim de 1 ano, resolveram desfazer a sociedade, pois
o prejuízo acumulado era de R$ 6.000,00. Calcule o prejuízo de cada sócio.
RESPOSTA: A = R$ 1.531,00, B = R$ 1.914,89, C = 2.553,19
5. (Banco do Brasil) Calcule o prejuízo de certo comerciante que vendeu suas mercadorias por R$
36.394,40, perdendo nessa transação uma quantia equivalente a 3% do preço de custo.
RESPOSTA: R$ 37.520,00
6. Uma televisão foi vendida por R$ 1.050,00, com um prejuízo de 6,5% do preço de custo. Por quanto
deveria ter sido vendida, para render um lucro equivalente a 3% do custo?
RESPOSTA: R$ 1.156,69
7. Um comerciante comprou várias peças de tecido por R$ 47.200,00 e uma partida de arroz por R$
35.100,00.Vendeu o tecido com 7% de prejuízo e o arroz, com 11,5% de lucro. Ao todo, ganhou ou
perdeu? Quanto?
RESPOSTA: Ganhou R$ 4.759,50
8. (TTN) Um terreno foi vendido por R$ 16.500,00, com lucro de 10%; em seguida, foi revendido por
R$ 20.700,00. O lucro total das duas transações representa sobre o custo inicial do terreno um
percentual. Calcule esse percentual.
RESPOSTA: 50,50%

AULA 1 TÓPICO 3 25
AULA 2 Juros

Olá, aluno(a),

Ao trabalharmos com operações financeiras, veremos que, dependendo da


situação, podemos chegar a diversos tipos de regime a ser aplicado, cada um
com suas especificações e diferenças, o qual muitas vezes será determinado pela
parte interessada em obter o melhor aproveitamento da operação.

Nesta aula, iremos ver as diferenças entre os sistemas de capitalização simples


e composta, bem como suas especificidades. Iremos aprofundar os conceitos
estudados na aula 1, e começaremos a aplicar estes conceitos em situações reais.

Enquanto no regime simples, os juros obtidos serão constantes a cada período


de tempo, no regime composto, o juro obtido em cada período dependerá do
acumulado no período anterior. Essa diferença no modo de encontrar os juros
resultará em resultados bem distintos que favorecerão a parte interessada que
tenha maior conhecimento e saiba como utilizá-los.

Além disso, começaremos um estudo específico sobre as taxas de juros, que podem
ser de diversas formas e são determinantes no resultado da operação financeira e
determinação dos juros, independentemente do regime a ser empregado.

Objetivo
• Conceituar juros nos regimes de capitalização simples e composta
• Especificar relações que encontrem os juros e o montante da operação
• Possibilitar a utilização de conceitos para situações formais e informais em
operações financeiras
• Mostrar as diferenças entre a utilização dos diferentes regimes de operação
financeira
• Diferenciar os diversos tipos de taxas possíveis em cada operação

Matemática Comercial
26
e Financeira
TÓPICO 1
Juros simples

O bjetivos
·· Conceituar juros simples
·· Compreender a utilização do montante e da taxa de juros
nos regimes de juros simples
·· Mostrar a utilização da taxa de juros e dos juros comerciais

C otidianamente, você já deve ter se deparado com situações em


que uma quantia de dinheiro (capital) utilizada após um período
de tempo rende uma quantia além da inicial. Por exemplo, ao
emprestarmos um capital a uma pessoa (física ou jurídica), podemos receber, após
um determinado tempo, a quantia emprestada de volta mais uma quantia acordada
inicialmente. Essa quantia acordada inicialmente, usualmente é dada em um valor,
mas que na teoria é um percentual relativo ao valor emprestado. Outros exemplos
de operações financeiras que utilizam esta mesma prática podem ser vistos em
compras parceladas, nas quais o valor a ser pago à vista é diferente do total pago a
prazo (que é o valor à vista somado com um valor a mais determinado inicialmente).
Você verá nesta aula assuntos relativos a essa temática. Então, vamos a ela?

1.1 JUROS SIMPLES


O valor relativo ao capital inicial que será uma compensação pelo tempo de
utilização é chamado de juros. No caso de operações simples (cotidianas e pessoais),
chamaremos de juros simples.

Definição 1: Seja um capital inicial que rende um mesmo valor a cada período
de tempo constante. Chamaremos de Juros simples a soma de todos esses valores
obtidos do capital (C) aplicado a uma taxa (i), ao final de todo o período de tempo
determinado (t), dada pela seguinte relação: J = C ⋅ i ⋅ t .

AULA 2 TÓPICO 1 27
A taxa de juros indica o valor do juro a ser pago numa unidade de tempo e é
uma porcentagem do capital inicial. Por exemplo, uma taxa de juros de 5% ao mês
significa que a cada mês acumularemos 5% do capital. A soma dos valores obtidos
percentualmente em cada mês nos dará o valor dos juros.

1.2 MONTANTE
O Montante é um conceito de grande importância no estudo financeiro, pois
ele nos dá o valor do capital total da operação realizada. Já vimos este conceito no
Tópico 2 da Aula 1, mas vamos relembrá-lo utilizando os conceitos de Juros que
acabamos de ver:

Definição 2: O Montante (que será representado pela a letra M) de uma operação


financeira será o valor final obtido dado pela soma entre o Capital Inicial (representado
por C) e os Juros obtidos (representado por J). Matematicamente é representado por
M=C+J.

Quando na prática tivermos interesse


ate nção! apenas em saber o valor do montante sem
necessidade de explicitar os juros simples, a
Não se deve confundir os juros obtidos com o
capital final da operação financeira. O juro será relação do montante pode ser vista em função do
uma porcentagem obtida do capital inicial, capital inicial, isto é:
enquanto o valor total ao final do período de
tempo será chamado de montante. M=C+J
M = C + C× i× t
M = C × (1 + i × t)
Note que utilizamos a fórmula dos juros
ate nção! ( J = C × i × t ) para fazermos o desenvolvimento do
montante. Como vimos, o montante, assim como
As taxas de juros são dadas de acordo
com o período de tempo utilizado, então, os juros, dependerá do capital inicial e, também,
por convenção, utilizaremos as seguintes da taxa de juros e do prazo (período de tempo)
abreviações para determinar o porcentual
relativo ao tempo da taxa de juros: da aplicação. Note que, para trabalharmos essas
- a.d.: ao dia; relações, é extremamente importante utilizar uma
- a.m.: ao mês;
compatibilidade entre a taxa de juros e o período
- a.b.: ao bimestre;
- a.t.: ao trimestre; de tempo. Ou seja, se o período de tempo utilizado
- a.q.: ao quadrimestre; for dado em meses, por exemplo, a taxa de juros
- a.s.: ao semestre;
- a.a.: ao ano. deverá ser dada percentualmente ao mês.

Matemática Comercial
28
e Financeira
Exercício resolvido 1
Calcule os juros produzidos por um capital de R$ 2.000,00, colocado a taxa
1% a.m. durante 1 ano e 2 meses.

Solução:
Do enunciado tiramos os seguintes dados:
Dados:
J=?
C = R$ 2.000,00
i =1% a.m.
t =1ano
Mas, como a taxa (i) está em meses e o tempo (t) em anos, veja que vamos
padronizar tudo em meses:
t = 1ano e 2meses =14meses

12meses

Agora, vamos calcular os juros substituindo os dados na fórmula vista:


J = C× i× t
J = 2000 × 0,01× 14
J = 280
Logo, vê-se que os juros obtidos serão de R$ 280,00.

Exercício resolvido 2
Um capital de R$ 1.000,00 rende juros de R$ 20,00 em dois dias. Qual a taxa
de juros?

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados:
J = R$20,00
C = R$ 1.000,00
i=?
t =2 dias
Agora vamos utilizar a fórmula dos juros e substituir os dados para
encontrarmos a taxa de juros (neste caso como o tempo está em dias, a taxa será
ao dia)

AULA 2 TÓPICO 1 29
J = C× i× t
20 =1000 × i × 2
2000 × i = 20
20
i= = 0,01 = 1%a.d.
2000
Portanto, a taxa de juros utilizada foi de 1% ao dia.

Vimos, no exercício resolvido 2, que a taxa de juros é dada ao dia. Porém


devemos lembrar que algumas contagens do tempo não obedecem a um padrão. Por
exemplo, podemos ter meses com 28, 29, 30 ou 31 dias. Em matemática financeira
e relações comerciais precisamos trabalhar com o máximo possível de precisão,
logo ter uma padronização com relação à medida do tempo é muito importante.
Por isso vamos tomar a medida padrão de 1 mês equivalente a 30 dias. Com isso, 1
ano, que equivale a 12 meses, passará a equivaler
a 360 dias.
você sa b i a? Esta distinção entre o ano civil (365 dias)
Algumas operações comerciais não e o ano comercial (360 dias) ocorre, pois regimes
padronizam a quantidade de dias para meses de juros simples são utilizados diariamente,
ou anos, utilizando o que chamamos de ano
civil (365 dias). Isto acontece porque o valor criando a necessidade de se trabalhar com taxas
encontrado será um valor mais exato, ao que de juros expressas em dias. Algumas situações
chamamos de juros exatos.
práticas executam seus cálculos com base em
taxas de juros diárias, mas expressam essas taxas
de juros em termos mensais ou anuais. Logo,
trabalhar, particularmente, problemas que envolvam as taxas de juros diárias será
de grande importância para as práticas cotidianas. Por razões de padronização,
utilizaremos o ano comercial, ou seja, contaremos cada mês com a quantidade de 30
dias, e cada ano com 360 dias, e chamaremos a taxa de juros de taxa de juros diária
comercial.

Exercício resolvido 3
Calcule o montante de um capital de R$ 1.200,00, empregado durante 2 anos
e 6 meses a taxa de 0,5% a.m..

Solução

Matemática Comercial
30
e Financeira
Do enunciado temos os seguintes dados:
M=?
C = R$ 1.200,00
t = 2 anos e 6 meses
i = 0,5% a.m.

Sendo assim, como a taxa (i) está em meses e o tempo (t) em anos, vamos
padronizar tudo em meses:
t = 2 e 6 meses = 30meses
anos
24meses
Agora, veja que vamos calcular o montante, substituindo os dados na
fórmula vista:
M = C × (1+ i × t)
M =1200 × (1+ 0,005 × 30)
M =1200 × (1+ 0,15)
M =1200 · 1,15 = 1380
Portanto, o montante é de R$ 1.380,00.

Exercício resolvido 4
Durante quanto tempo é necessário empregar o capital de R$ 200,00 para
que renda R$ 80,00 de juros, sendo a taxa 1% a.m.?

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados:
C = R$ 200,00
J = R$ 80,00
i = 1% a.m.
t = ?
Agora vamos utilizar a fórmula dos juros e substituir os dados para
encontrarmos o tempo (neste caso como a taxa está ao mês, o tempo será em
meses).

J=C × i × t
80=200 × 0,01× t
2 × t=80
80
t= = 40meses
2

AULA 2 TÓPICO 1 31
Portanto, o tempo de aplicação deve ser de
40 meses.
ate nção!
1.3 TAXA DE JUROS DIÁRIA COMERCIAL (idc )
Este processo que fizemos para transformar
taxa anual em taxa diária é chamado de taxa A taxa de juros diária comercial (idc ) será
proporcional e será mais abordada no tópico calculada fazendo-se a divisão de uma taxa de
3 desta aula.
juros expressa em ano (ia ) por 360 dias (ano
i
comercial), ou seja: idc = a .
360

1.4 JUROS COMERCIAIS


Usualmente, chamaremos de juros comerciais os juros obtidos quando o
período e a taxa de juros forem trabalhadas em dias, ou seja, utilizaremos a taxa
de juros diária comercial, de onde teremos a seguinte relação: Jc = C × idc × t . Ou,
C × ia × t
utilizando a taxa anual, podemos ter J = .
360
Vamos a um exercício resolvido para tentar compreender melhor isso.

Exercício resolvido 5
Um investimento promete aplicar um capital a uma taxa de 15% a.a., em
regime de juros simples. Se o investidor com capital de R$ 1.000,00 quiser aplicar
por 60 dias, qual será o montante final que irá receber?

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados:
C = R$ 1.000,00
ia = 15% a.a. = 0,15a.a.
t = 60dias
Como o tempo é dado em dias e a taxa ao ano, vamos encontrar a taxa diária
comercial:
ia 0,15
idc = Þ idc =
360 360
Agora, vamos calcular os juros obtidos, substituindo os dados na fórmula
dos juros:

Matemática Comercial
32
e Financeira
Jc = C × idc × t
0,15
Jc =1000 × × 60
360
Jc = 25

Por fim, encontramos o montante somando os juros encontrados com o


capital inicial.
M=C+J
M = 1000 + 25
M = 1025
Portanto, o montante será de R$ 1025,00.

Neste tópico, você viu alguns exemplos de aplicações simples em problemas


que podem acontecer cotidianamente utilizando o conceito de juros. Normalmente,
essas práticas acontecem em relações interpessoais ou que não exijam uma
formalidade muito grande. Porém, mesmo em operações com maior complexidade,
estes conceitos iniciais que vimos poderão ser aplicados, por isso exercitarmos
bem este conteúdo será necessário para fixação dos conceitos e procedimentos. Isto
ajudará você a entender melhor os conceitos que veremos mais adiante.

AULA 2 TÓPICO 1 33
TÓPICO 2 Juros compostos
O bjetivos
• Conceituar juros compostos
• Compreender a diferença entre a utilização dos re-
gimes simples e compostos
• Reconhecer a importância das tabelas para as opera-
ções financeiras que utilizam o fator de acumulação
de capital

A ideia inicial de juros compostos será a mesma a de juros simples: ganhar


uma remuneração percentual a um capital inicial aplicado durante um
período de tempo. A diferença estará na maneira como esse valor será
calculado. Enquanto em regimes simples, o valor percentual é constante em cada
período de tempo, no caso do regime composto, o valor de um período posterior
dependerá do período anterior. Esta pequena diferença do cálculo traz uma grande
mudança nos valores finais, por isso, ao nos depararmos com situações financeiras
mais formais (por exemplo, em instituições financeiras ou bancos), iremos utilizar
os juros compostos. É o que você tentará compreender neste tópico.

2.1 JUROS COMPOSTOS

Definição 3: Seja um capital inicial que rende, a cada período de tempo constante,
valores dependentes do montante do período anterior. Chamaremos de juros
compostos a soma de todos esses valores obtidos do capital (C) aplicado a uma taxa
(i), ao final de todo o período de tempo determinado (t), que será dada pela seguinte
relação: J = C ⋅ (1+ i) − 1 .
t

 

Veja que, no caso dos juros compostos, a fórmula mais conhecida, devido
t
a ser mais simplificada, é a do montante: M = C × (1 + i) . E, da mesma forma que
você viu no tópico anterior, o montante será a soma do capital inicial com os juros
obtidos, isto é: M = C + J .

Matemática Comercial
34
e Financeira
Dessa forma, é aconselhável que, ao
trabalharmos juros compostos, utilizemos a
fórmula do montante. Assim, encontraremos os ate n ç ão !
juros subtraindo o capital inicial do montante.
A utilização da calculadora para resolução
Ou seja: J = M - C . de problemas na Matemática Financeira é
t
Com relação ao fator (1 + i) , ele é indispensável. Inicialmente uma calculadora
comum serve para cálculos menos complexos
chamado de fator de acumulação de capital.
como nos juros simples ou até mesmo em
Pode ser encontrado em tabelas para diversos alguns casos de juros compostos. Mas, com o
valores de i e t (ver exemplo da tabela a seguir), aprofundamento do conteúdo, será necessária
a utilização de mais instrumentos como
além de poder ser calculado facilmente em
calculadoras científicas ou financeiras, planilhas
qualquer tipo de calculadora. de valores e tabelas.

Tabela 1: Fator de acumulação de capital

Exercício resolvido 1
Um capital de R$ 2.000,00 foi aplicado a juros compostos a uma taxa de 2%
a.b. durante 8 bimestres. Calcule o montante.

AULA 2 TÓPICO 2 35
Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados:
C = R$ 2.000,00
i = 2% a.b. = 0,02 a.b.
t = 8 bimestres
Substituindo os dados acima na fórmula vista para calcular o montante em
juros compostos, temos:
M = C × (1 + i) t
M = 2.000 × (1 + 0,02)8
M = 2.000 × (1,02)8
M = 2.000 × 1,1717 = 2.343,32
Portanto, o montante será de R$ 2.343,32.

Exercício resolvido 2
Qual o valor de um capital que, aplicado a juros compostos por 6 meses a
uma taxa de juros compostos de 3% a.m. capitalizado mensalmente, resulta um
montante de R$ 1.000,00 ?

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados:
M= R$ 1.000,00
i = 3% a.m.
t = 6 meses
Substituindo os dados acima na fórmula vista para calcular o montante em
juros compostos, iremos encontrar o capital inicial pedido.
M = C × (1 + i) t
1.000 = C × (1 + 0,03)6
1.000
C= = 837,48
(1 ,03)6
Portanto, o capital deve ser de R$ 837,48.

Exercício resolvido 3
Calcule os juros compostos de um capital de
R$6.000,00 aplicado por 5 meses, a uma taxa 0,5% a.a.

Matemática Comercial
36
e Financeira
Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados: ate n ç ão !
J=?
Perceba que, nos juros compostos, o juro obtido
C = R$ 6.000,00 é maior se comparado ao juro simples obtido por
t= 5 meses um mesmo capital aplicado a uma mesma taxa
i = 0,5% a.m. no mesmo período de tempo. Como exercício,
calcule os juros simples do exercício resolvido
Substituindo os dados acima na fórmula 3 e veja que o resultado será R$ 150,00. Isto
vista para calcular os juros compostos, temos: acontece porque, no cálculo dos juros simples,
o tempo é uma variável da multiplicação. Já nos
J = C × [(1 + i) t -1] juros compostos, o tempo é trabalhado como
J = 6.000 × [(1 + 0,005)5 - 1] uma potência, que é uma operação que resulta
J = 151,50 em valores maiores que multiplicações, quando

trabalhamos com números naturais.
Portanto, os juros compostos serão de
R$ 151,50.

Nos exercícios resolvidos que você viu neste tópico, vale ressaltar que,
dependendo da forma como sejam feitos os cálculos (na calculadora ou demais
meios), acontecem algumas diferenças pequenas nos resultados, devido às
diferentes aproximações que podem ser feitas. Com isso, podemos notar que
essas imprecisões são um ponto que justificam a utilização desse tipo de regime
financeiro pelas instituições financeiras, pois é permitida uma margem de erro, e,
sabendo controlar esses dados, pode-se fazer uma adequação para os interesses de
cada um.
Esse pequeno erro visto numa operação, quando acumulado em várias
operações com uma enorme quantidade de envolvidos, pode trazer grandes
benefícios a quem lida com os dados. Isso faz do regime de juros compostos
uma importante ferramenta que merece grande atenção e um grande estudo e
conhecimento para as operações financeiras terem otimização de resultados.
Finalizamos este tópico lembrando a grande importância do estudo do
conceito e aplicação de juros compostos, que é o sistema mais utilizado em operações
financeiras formais. Diferentemente, ao utilizarmos os juros simples, trabalhamos
operações de menor complexidade financeira ou relações mais informais. Esta
diferença é facilmente vista quando comparamos os resultados em cada um dos
sistemas. No próximo tópico, aprofundaremos o estudo das taxas em Matemática
Financeira, um importante conceito que pode aparecer de formas diferentes e pode
ocasionar diferentes resultados em diversos tipos de situação financeira.

AULA 2 TÓPICO 2 37
TÓPICO 3 Taxas
O bjetivos
• Conhecer os diferentes tipos de taxas que
podem ser utilizados
• Compreender a relação entre as taxas para a
correta utilização nos problemas

A gora, que já trabalhamos com juros, seja no regime simples ou


composto, uma componente que ganha destaque e é extremamente
importante é a taxas de juros, pois ela dará a porcentagem do
capital que resultará nos juros após um determinado período de tempo. Como
vimos, nos tópicos anteriores, um problema que pode acontecer é quando o
período de tempo e a taxa de juros não estão numa mesma unidade. Dependendo
do regime com que estivermos trabalhando, teremos diferentes formas de trabalhar
com as taxas. Essas taxas terão utilidades importantes nos mais diversos problemas
relacionados a operações financeiras, não se limitando apenas ao conteúdo de juros.

3.1 TAXAS PROPORCIONAIS


Vimos, nos exercícios resolvidos 1, 3 e 5 do Tópico 1 desta aula, que às
vezes a taxa de juros dada é diferente da unidade do tempo. Para resolver esse
problema, o que fizemos foi transformar a unidade do período de tempo em uma
unidade compatível ao da taxa. Mas, em alguns casos, isso causa algumas perdas
por conta de aproximações. Logo, é importante buscarmos algumas alternativas
que evitem essas aproximações, ou ao menos as minimizem. Para isso buscaremos
uma proporção entre taxas, de modo que possamos encontrar taxas com unidades
compatíveis ao período de tempo dado.

Matemática Comercial
38
e Financeira
Definição 4: Duas taxas de juros i1 e i2 relativas aos períodos t 1 e t 2 serão ditas
proporcionais quando obedecerem a seguinte relação de proporcionalidade:
i1 i i1 t
= 2 ou = 1 , onde os períodos de tempo devem estar com a mesma
t1 t 2 i2 t2
unidade de suas respectivas taxas.

Vamos a um exemplo.
Dada uma taxa de 24% a.a, desejamos
encontrar a taxa mensal proporcional a essa ate n ç ão !
taxa:
Veja que as formas de encontrar as taxas
imensal ianual imensal 24%
= Þ = Þ proporcionais
imensal = 2%a.m.
independe de estarmos
1 12 1 12 trabalhando juros simples ou compostos, pois
imensal 24% não são trabalhadas utilizando as fórmulas de
= Þ imensal = 2%a.m.
1 12 juros.

3.2 TAXAS EQUIVALENTES


Outro tipo de taxa que é interessante são as taxas equivalentes, isto é, duas
taxas aplicadas a um mesmo capital, durante um mesmo período de tempo,
produzem os mesmos juros e montantes. Neste caso, será importante sabermos com
que tipo de regime estaremos trabalhando para fazer o cálculo correto dos juros.

Vamos a outro exemplo. Vamos verificar que 1% a.m. e 12%a.a. são


taxas equivalentes no regime de juros simples. Para isso utilizaremos o capital de
R$ 1.000,00.
C = 1.000 J = C× i× t C = 1.000
i = 1%a.m. J = 1.000 × 0,01× 12 e i = 12%a.m.
t = 12 meses J = 120 t = 1 ano
J = C× i× t
J = 1.000 × 0,12 × 1
J = 120
Obtivemos os mesmos juros em ambos
os casos e, logicamente, teremos o mesmo ate n ç ão !
montante de R$ 1.120,00. Veja que, em regimes de capitalização simples,
as taxas proporcionais e equivalentes são as
Para regime de juros compostos, as
mesmas.
taxas de juros proporcionais não serão iguais

AULA 2 TÓPICO 3 39
às taxas equivalentes. Vejamos o exemplo a seguir.
Se calcularmos para um capital de R$ 1.000,00, os valores dos montante para
1% a.m. e 12% a.a., teremos:
C = 1.000
i = 1%a.m.
t = 12 meses

M = C × (1 + i) t M = C × (1 + i) t
C = 1.000
M = 1.000 × (1 + 0,01)12 M = 1.000 × (1 + 0,12)1
e i = 12%a.m.
M = 1.000 × (1,01)
12
M = 1.000 × (1,12)
t = 1 ano
M = 1.126,83 M = 1.120,00

Como se pode perceber, obtivemos montantes diferentes, logo as taxas não


são equivalentes. A título de conhecimento, a taxa de 12,683% a.a. será a taxa
equivalente a 1% a.m. (a demonstração fica como exercício).
Considerando o ano como padrão, sabemos que 1 ano equivale a 360 dias ou
12 meses ou 6 bimestres ou 4 trimestres ou 2 semestres, logo, para encontrarmos as
taxas equivalentes para juros compostos, podemos utilizar as seguintes relações:

(1 + idiária ) = (1 + imensal ) = (1 + ibimestral ) = (1 + itrimestral ) = (1 + isemestral ) = (1 + ianual )


360 12 6 4 2

3.3 TAXAS DE JUROS EFETIVA E NOMINAL


Além das taxas proporcionais e equivalentes, teremos também uma taxa a
ser utilizada em regimes de capitalização composta, em que a unidade de tempo da
taxa não corresponderá exatamente à capitalização utilizada no período de tempo
determinado. Chamaremos, então, de taxa nominal. Antes disso, definiremos a taxa
efetiva.

Definição 5: Chamaremos de taxa de juros efetiva uma taxa de juros em que o período
de capitalização está expresso na mesma unidade do período a que se refere a taxa.

Podemos ter os seguintes exemplos de taxas efetivas de juros:


• 1% a.m. com capitalização mensal;
• 3% a.t. com capitalização trimestral;
• 6% a.s. com capitalização semestral;
• 9% a.a. com capitalização anual.

Matemática Comercial
40
e Financeira
Definição 6: Chamaremos de taxa de juros nominal uma taxa de juros em que a
unidade do período de capitalização é diferente do período a que se refere a taxa.

Temos como exemplo de taxas nominais, os seguintes:


• 36% a.a. com capitalização trimestral;
• 10% a.t. com capitalização mensal;
• 10% a.s. com capitalização anual.

No caso de estarmos trabalhando com juros compostos, o montante gerado


numa operação financeira precisa ser calculado a partir da taxa de juros efetiva.
Com isso, se a taxa de juros dada for nominal, deveremos calcular a taxa efetiva
por proporcionalidade. Veja um exemplo:
Qual a taxa efetiva relativa à taxa nominal de 6% a.a. capitalizada
mensalmente?
i 0,06
i= k Þ i= Þ i = 0,005 = 0,5%a.m.
k 12

Exercício resolvido 1
Certo capital foi colocado a juros compostos de 12% a.a., com capitalização
semestral, durante 2 anos. Sabendo que rendeu R$ 2.600,00 de juros, qual o
montante obtido?

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados:
Dados:
C=?
J = R$ 2.600,00
t = 2anos = 4 semestres
12%
i= = 6% a.s.
2
Como estamos trabalhando com juros compostos, vamos substituir os dados
na fórmula dos juros compostos visto no tópico anterior, ou seja:
J = C × [(1 + i) t - 1]
2.600 = C × [(1 + 0,06) 4 - 1]
2.600 = C × [(1,06) 4 - 1]
2.600
C= = 10.000
0,26

AULA 2 TÓPICO 3 41
Agora, encontramos o montante da operação somando o capital inicial
encontrado aos juros dados no enunciado:
M=C+J
M = 10.000 + 2.600
M = 12.600
Portanto, o montante será de R$ 12.600,00.

Neste tópico, vimos que, dependendo da situação, podemos utilizar


diversos tipos de taxas diferentes que poderão levar a diferentes resultados. Com
isso, percebemos a importância do estudo sobre as taxas, pois elas podem ser
determinantes ao fazermos uma operação financeira e estabelecermos um valor
final maior ou menor para uma parte. O conhecimento e entendimento sobre os
diferentes tipos de taxa será importante para podermos trabalhar da melhor forma
e obtermos um melhor resultado.

at i v i da de s de ap ro fu n da m e n to
1. Foi feito um empréstimo de R$ 1.000,00 para ser pago ao final de 3 anos. A taxa de juros utilizada foi
de 10% a.a. Qual o valor dos juros gerados nessa operação?
RESPOSTA: Os juros gerados foram de R$ 300,00.

2. Calcule o montante de um capital de R$ 1.000,00 aplicado por 6 meses a uma taxa de juros
compostos de 3% a.m., sabendo-se que a capitalização é mensal.
RESPOSTA: O montante será de R$ 1.194,05.

3. Qual o montante gerado por um capital de R$ 2.000,00 aplicado por 12 meses a taxa de juros de
36% a.a. ?
RESPOSTA: O montante será de R$ 1.426,76.

4. Calcule as taxas idiária , imensal e isemestral equivalentes a 45% a.a.


RESPOSTA: 0,103% a.d.; 3,14% a.m.; 21,4% a.s.

5. Calcule a taxa nominal e a efetiva anual correspondentes a 1,5% a.m.


RESPOSTA: A taxa nominal é de 18% a.a. e a taxa efetiva é de 20% a.a.

Matemática Comercial
42
e Financeira
AULA 3 Descontos
Olá, aluno(a)!

Nesta aula você verá um dos conceitos mais importantes da economia: o desconto.
O desconto está permanentemente inserido em nossa vida diária, principalmente
nas situações que não envolvem uma grande complexidade, como nos casos de
juros simples.

O desconto é um tema que permeia nas mais diversas áreas, pois tem influência na
análise econômica e nas políticas a serem adotadas para diversas situações, tais
como em questões de impacto ambiental. No decorrer dos tópicos apresentados
nesta aula, você conhecerá conceitos primordiais, como o Valor Nominal e Valor
Atual, a fim de trabalharmos o conceito de descontos.

Daremos início, definindo estes conceitos e os demais pertinentes ao tema. Nos


demais tópico se trabalhará com os descontos nos dois tipos diferentes de sistemas
(simples e composto). Ao final da aula, esperamos contribuir para a boa utilização
dos descontos, nas mais diversas situações possíveis do nosso cotidiano.

Então, desejamos a você que tenha uma boa aula!

Objetivo
• Conceituar os diferentes tipos de descontos utilizados
• Esclarecer a diferença do tipo de desconto a ser utilizado
• Possibilitar a utilização dos descontos nas diferentes situações que podemos ter
• Fazer relações que possibilitem a comparação dos tipos de desconto

AULA 3 43
TÓPICO 1 Tipos de descontos
O bjetivos
• Conceituar desconto
• Conceituar os diferentes tipos de valores que
utilizamos em descontos
• Entender os diferentes títulos de aplicação

O desconto é um importante conceito dentro da economia, pois nos


permite comparar um valor ou aplicação atual com o que acontecerá
em um ponto no futuro. Esta comparação é facilmente entendível,
visto que em toda aplicação financeira que fazemos são incididas taxas de juros
que modificam o valor final após um determinado tempo. Para isso, você precisará
conhecer alguns conceitos que serão importantes para obtermos o desconto. Além
das taxas (de desconto) e prazo (de antecipação) que já estamos acostumados a
trabalhar, veremos os conceitos novos de Valor Atual e Valor Nominal.

1.1 INTRODUÇÃO
Você viu em aulas anteriores que, nas relações comerciais, as relações de compra
e venda entre os envolvidos podem ser acordadas de diversas formas e levando-se
em consideração diversos fatores e formas de pagamento. Dentro dessas formas de
pagamento, podemos ter os pagamentos feitos à vista ou a prazo.
Ao fazer uma compra à vista, a pessoa que adquire o bem deve pagar ao vendedor
no ato da compra, enquanto que no caso de uma compra a prazo, o comprador

Matemática Comercial
44
e Financeira
assumirá um compromisso de quitá-lo em uma
data futura acordada e determinada pelos
envolvidos. Neste último caso, normalmente, ate n ç ão !
o credor receberá um título de crédito
(o comprovante da sua dívida), que no caso de Veja que os títulos de crédito mais conhecidos
são: duplicatas; letras de câmbio; nota
ser quitado anteriormente à data de vencimento, promissória.
pode ser concedido um abatimento que é
DUPLICATA: É um título emitido por uma pessoa
denominado de desconto. jurídica a seus clientes (pessoa física ou jurídica),
Um caso no qual podemos observar a quando ocorre uma venda a prazo ou por
prestação de serviços a serem pagos no futuro,
aplicação do conceito de desconto é quando
acordados em contrato.
fazemos um investimento em que acordamos
LETRA DE CÂMBIO: É o comprovante de uma
antecipadamente um vencimento, gerando- aplicação de capital com vencimento pré-
se, assim, um comprovante que oficialize a determinado; emitido exclusivamente por
aplicação. O conceito de desconto entrará instituições financeiras.
nesse caso, quando precisarmos antecipar o NOTA PROMISSÓRIA: É o comprovante da
aplicação de um Capital com vencimento pré-
vencimento acordado e, consequentemente,
determinado, muito utilizado em relações que
teremos um valor descontado em relação ao envolvem pessoa física.
valor que inicialmente havia sido acordado.
Este valor descontado será o que chamaremos de
desconto. Diante disso, veja a definição formal do
que é desconto.
Sai b a mai s !
Definição 1: Desconto é a quantia abatida
Outra situação que você pode ver a utilização
sobre um título de crédito, quando o mesmo
do desconto é quando uma empresa faz uma
é quitado antes do seu vencimento, isto é, a
venda a prazo e recebe uma duplicata com certo
diferença entre o valor (nominal) do título e
vencimento. Se esta empresa precisar do dinheiro
o valor (atual) pago por ele, numa certa data
antes do vencimento da duplicata, ela pode ir a
(anterior à data do vencimento).
um banco e transferir a posse desta duplicata,
recebendo dinheiro em troca.
Da definição do desconto, observamos dois
conceitos essenciais que iremos definir a seguir:
Valor Nominal e Valor Atual.

Definição 2: O Valor Nominal (N) de um título (ou aplicação) é o valor do título


quando quitado no dia do vencimento.

Definição 3: O Valor Atual (A) de um título (ou aplicação) é o valor líquido recebido
(ou pago) antes do vencimento.

AULA 3 TÓPICO 1 45
Com isso, teremos que o desconto será a
diferença entre o Valor Nominal e o Valor Atual,
ou seja: D = N - A . Assim sendo, diante do que foi
Saib a ma i s!
exposto, veja os exercícios a seguir:
O Valor Nominal também pode ser chamado de
Valor de Face ou Valor de Resgate. Exercício resolvido 1
Uma pessoa porta um título de crédito no valor
de R$ 15.000,00 e deseja resgatá-lo antes de seu vencimento por R$ 10.000,00.
Vamos calcular o desconto sofrido pelo título de crédito.

Solução:
Temos os seguintes dados:
D=?
N = R$ 15.000,00
A = R$ 10.000,00
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:
D = N-A
D =15.000 - 10.000
D = 5.000
Resposta: O desconto foi de R$ 5.000,00.

Exercício resolvido 2
Uma pessoa portava um título de crédito no valor (nominal) de R$ 30.000,00.
Porém, decidiu resgatá-lo antes de seu vencimento, quando foi dado o desconto de
R$ 8.000,00. Qual foi o valor (atual) resgatado nessa operação?
Solução:
Temos os seguintes dados:
N = R$ 30.000,00
D = R$ 8.00,00
A=?
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:
D = N-A
8.000 = 30.000 - A
A = 30.000 - 8.000
A = 22.000
Resposta: O valor pago foi de R$ 22.000,00.

Matemática Comercial
46
e Financeira
Na aula 1, vimos como funcionam os fluxos de caixa, muito importantes para
termos um controle das operações que realizamos, em que a seta para baixo indica
a saída de capital e a seta para cima indica a entrada de capital. A seguir, temos um
esboço de como acontece um fluxo de caixa para a operação de descontos:

Figura 1 – Modelo de fluxo de caixa para descontos

Como você pode ver na Figura 1, no modelo de fluxo de caixa, temos a descrição
de como se comporta uma operação de desconto. Na data inicial (data de emissão
do título) temos a indicação da saída do Capital (inicial). Na data final (data de
vencimento do título) temos o Valor Nominal do título, ou seja, o valor que deve ser
pago na data final. Porém, ao fazermos uma antecipação do pagamento para a data de
desconto do título, temos um Valor Atual que deve ser menor que o valor nominal,
pois é dado o desconto. Note que a seta que indica o Valor Atual é menor que a seta
que indica o Valor Nominal, simbolizando que o Valor Atual deve ser menor que o
Valor Nominal. Com isso, percebemos como se comportam as saídas e entradas de
capital em cada data e podemos entender melhor o processo de desconto.

1.2 TIPOS DE DESCONTO


Como você viu, para encontrarmos o desconto, dependemos dos valores nominais
e atuais. Isto irá promover duas formas diferentes de encontrarmos o desconto de
uma operação, pois a taxa aplicada (taxa de desconto) durante o período da aplicação
pode ser aplicada sobre o Valor Nominal ou sobre o Valor Atual, de onde teremos
os tipos de desconto: desconto comercial ou desconto racional. A definição formal
desses conceitos será dada a seguir, para logo depois você visualizar exercícios
resolvidos que aborde esses conceitos.

AULA 3 TÓPICO 1 47
Definição 4: O Desconto Comercial ( DC ), ou
por fora, será o desconto que incide sobre o valor
Saib a ma i s! nominal do título.

O desconto comercial também pode ser


Veja que no caso do desconto comercial, seus
denominado Desconto Bancário.
cálculos serão equivalentes aos de juros, em que o
capital inicial corresponderá ao Valor Nominal do
título de crédito.

Definição 5: O Desconto Racional ( DR ou dR ), ou por dentro, será o desconto que


incide sobre o valor atual do título.

Neste caso, veja que aqui podemos também pensar no cálculo do desconto
racional semelhante ao de juros, porém o capital inicial será o valor atual.

Neste tópico, você conheceu alguns conceitos importantes para trabalharmos


com descontos e os seus diferentes tipos que podemos encontrar nas situações
financeiras. Nos demais tópicos dessa aula, você verá como iremos utilizar e calcular
esses descontos para os regimes simples e compostos.

Matemática Comercial
48
e Financeira
TÓPICO 2
Descontos simples

O bjetivos
• Apresentar os diferentes tipos de descontos simples
• Relacionar comparativamente os diferentes tipos de
descontos
• Aplicar desconto em situações práticas, entendendo
quando utilizar adequadamente

C omo você já observou em aulas anteriores, o sistema simples é


normalmente utilizado em situações que não exigem processos mais
formais e sem muitos detalhes financeiros. Agora, você verá aqui que
no caso dos descontos, isto continuará sendo feito de forma bem semelhante ao que
foi feito nas operações com juros simples.
Em operações de desconto, devemos ter bem definido o Valor Nominal ou
determinarmos um Valor Atual, como vimos no tópico anterior. Dependendo de
qual valor seja especificado, poderemos aplicar o correto tipo de desconto a ser
aplicado. Para o sistema de capitalização simples, poderemos utilizar os dois tipos
de descontos que definimos anteriormente: desconto racional simples (desconto por
dentro) e desconto comercial simples (desconto por fora). Veremos que vão existir
algumas diferenças em cada caso, e isto será importante para entendermos quando
o desconto será mais favorável ao comprador ou ao vendedor.

2.1. DESCONTO COMERCIAL


Como você viu, no tópico anterior, o desconto comercial ( DC ) incide sobre o
Valor Nominal do título. Assim, o Valor Nominal se comporta como o capital inicial
da aplicação de juros simples, e encontramos o desconto da aplicação da seguinte
forma: DC = N × i × t .
Seguindo a definição de desconto (a diferença entre o Valor Nominal e o Valor
Atual), podemos encontrar o Valor Atual (A) a partir do Valor Nominal (N) dado, da
seguinte forma:

AULA 3 TÓPICO 2 49
DC = N - A Þ A = N - DC Þ A = N - N × i × t Þ A = N × (1 - i × t) .

Para esses conceitos ficarem mais bem compreendidos por você, vamos a alguns
exercícios resolvidos para ver a aplicação disso.

Exercício resolvido 1
Vamos calcular o desconto comercial de um título de crédito no valor R$ 1.000,00,
à taxa 6% a.m., sendo resgatado 3 meses antes do vencimento. Vamos encontrar o
desconto que incide sobre o valor nominal e qual o valor atual do título.

Solução:
Temos os seguintes dados:
D=?
N=R$ 1.000,00
i=6% a.m. = 0,06
t=3meses
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:
DC =N × i × t DC =N - A
DC =1.000 × 0,06 × 3 . E, também, 180=1.000 - A .
DC =180 A=820
Resposta: O desconto é de R$ 180,00, e o valor atual resgatado será de R$ 820,00.

Exercício resolvido 2
Qual deve ser o valor atual de um título de crédito no valor nominal de R$
1.000,00 que sofreu um desconto comercial, a uma taxa de 3% a.m., 120 dias antes
do vencimento.

Solução:
Temos os seguintes dados:
A=?
N=R$ 10.000,00
i=3% a.m. = 0,03
t=120 dias = 4 meses
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:
A=N × (1 - i × t)
A =10.000 × (1 - 0,03 × 4)
A=10.000 × 0,88 = 8.800

Matemática Comercial
50
e Financeira
Resposta: O valor atual resgatado será de R$ 8.800,00.

2.2 DESCONTO RACIONAL


O desconto racional ( DR ) é o tipo de desconto que deve incidir sobre o Valor
Atual ( A ) do título, que se comportará como o capital inicial da aplicação de
juros simples, possibilitando-nos encontrar o desconto da aplicação como segue:
DR = A × i × t .
Como foi feito no caso do desconto comercial, em desconto racional podemos
utilizar a definição de desconto (a diferença entre o Valor Nominal e o Valor Atual)
para encontrarmos o Valor Atual ( A ) a partir do Valor Nominal ( N ), da seguinte
forma:
DR = N - A Þ DR + A = N Þ A × i × t + A = N Þ A × (1 + i × t) = N
N
ÞA = .
(1 + i × t)
E da fórmula acima, podemos encontrar o desconto racional a partir do valor
nominal:
N× i× t
DR = .
(1 + i × t)

Exercício resolvido 3
Um título de crédito de valor nominal de R$ 1.600,00 sofre um desconto racional
simples à taxa de 1,5% a.m., 75 dias antes do seu vencimento. Calcule o desconto
racional e o valor atual.

Solução:
Temos os seguintes dados:
A=?
N=R$ 1.600,00
i=1,5% a.m. = 0,015
t=75 dias = 2,5 meses
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:

N× i× t
DR =
1+ i× t
1.600 × 0,015 × 2,5
DR =
1 + 0,015 × 2,5
1.600 × 0,0375
DR =
1 + 0,0375
DR =57,83

AULA 3 TÓPICO 2 51
E, também:
N
A=
1+ i× t
1.600
A=
1 + 0,015 × 2,5
1.600
A=
1,0375
A=1.542,17
Resposta: O desconto racional será de R$ 57,83 e o valor atual resgatado será de
R$ 1.542,17.

Note que poderíamos encontrar o Valor Atual, lembrando os conceitos do tópico


desta aula, em que o Desconto é a diferença entre o Valor Nominal e o Valor Atual,
ou seja:
DR = N - A
57,83 = 1.600 - A
A = 1.600 - 57,83
A = 1.542,17
Assim, encontraríamos o mesmo resultado.

Exercício resolvido 4
Uma dívida de R$ 13.500,00, será saldada três meses antes do seu vencimento.
Qual será o valor do desconto racional obtido, se a taxa de juros prevista em contrato
é de 2,5% a.m.?

Solução:
Temos os seguintes dados:
N = R$ 13.500,00
t = 3meses
i = 2,5%a.m. = 0,025
DR = ?
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:

N× i× t
DR =
1+ i× t
13.500 × 0,025 × 3
DR =
1 + 0,025 × 3
1012,50
DR =
1,075
DR = 941,84

Matemática Comercial
52
e Financeira
Resposta: O desconto racional será de R$ 57,83 e o valor atual resgatado será de
R$ 1.542,17.

2.3 RELAÇÕES ENTRE DESCONTO COMERCIAL E DESCONTO RACIONAL


A fim de obtermos uma comparação e podermos analisar a diferença entre os
tipos de descontos utilizados, vamos estabelecer uma relação entra os descontos
comercial e racional.
O desconto comercial é dado por: DC = N ⋅ i ⋅ t .
N× i× t
O desconto racional é dado por: DR = .
(1 + i × t)
DC
Logo, obtemos a seguinte relação: DR = ou DC = DR × (1 + i × t) .
(1 + i × t)

Neste tópico, você viu como utilizar a prática dos descontos para situações
cotidianas que, normalmente, envolvem situações diretas entre vendedor e
comprador. Todavia, algumas situações exigem um maior formalismo financeiro,
muitas vezes envolvendo instituições financeiras que se utilizam de operações mais
elaboradas que não são satisfeitas pelos juros simples. Para estes casos, você verá no
próximo tópico a utilização do desconto para sistemas compostos.

AULA 3 TÓPICO 2 53
TÓPICO 3
Descontos compostos

O bjetivos
• Conceituar descontos compostos que são utilizados
• Aplicar os descontos simples em situações práticas
• Entender a diferença da utilização do desconto com-
posto em comparação ao desconto simples

N esta aula, estamos trabalhando o conceito de descontos, que como


já vimos anteriormente, é importante para anteciparmos valores
pré-acordados inicialmente. Porém, até agora vimos apenas como
trabalhar situações comerciais cotidianas. Neste tópico, vamos aprofundar mais o
estudo dos descontos, ao trabalharmos com regimes compostos, que também podem ser
de dois tipos: desconto comercial e desconto racional. A ideia é a mesma do que já visto
anteriormente, mas como no sistema financeiro brasileiro pouco se utiliza o desconto
comercial composto, restringiremo-nos ao estudo do desconto racional composto
( dR ).
O conceito do desconto em juros compostos seguirá o mesmo utilizado em juros
simples, vamos apenas adaptar o que já foi visto no tópico anterior para as fórmulas
de juros compostos estudados na aula 2.
Para isso, vamos utilizar a relação do montante composto, em que faremos:
o montante igual ao valor nominal M = N ;
o capital igual ao valor atual C = A .
Ou seja:
t t N
M = C × (1 + i) Þ N = A × (1 + i) ou A= t
(1 + i)
Podemos ainda obter uma fórmula do desconto racional composto a partir da
definição de desconto, aplicando as relações acima.
N
Þ dR = N × éê1 - (1 + i) ùú
-t
dR = N - A Þ dR = N -
(1 + i)
t ë û

Exercício Resolvido 1
Calcule o valor atual de um título de crédito de R$ 1.200,00 quitado 2 meses
antes de seu vencimento, à taxa de desconto composto de 1,5% a.m.

Matemática Comercial
54
e Financeira
Solução:
Temos os seguintes dados:
A=?
N=R$ 1.200,00
i=1,5% a.m. = 0,015
t=2 meses
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:
N 1.200 1.200
A= t
Þ A= 2
Þ A= Þ A=1.165,05.
(1 + i) (1 + 0,015) 1,03
Resposta: O valor atual resgatado será de R$ 1.165,05.

Exercício Resolvido 2
Qual será o desconto composto que um credor dá pelo débito de R$ 1.600,00 com
a antecipação de 1 ano, à taxa de 1,5% a.m.?

Solução:
Temos os seguintes dados:
dR =?
N=R$ 1.600,00
i=1,5% a.m. = 0,015
t=1 ano = 12 meses
Assim sendo, teremos o seguinte resultado:
dR = N × éê1 - (1 + i) ùú
-t
ë û
dR = 1.600 × êé1 - (1 + 0,015) úù
-12
ë û
dR = 266,67

Resposta: O desconto racional composto será de R$ 266,67.

Finalizamos esta aula, com a certeza de termos estudado os conceitos de desconto


mais utilizados e que ajudarão a todos a entender como proceder nas mais diversas
situações de negociações econômicas a prazo. Com o conhecimento dos diferentes
tipos de descontos nos diferentes sistemas de capitalização, você pode perceber a
diferença de comportamento e o porquê da utilização de casa um em determinadas
situações. O bom domínio do conceito de desconto é importante para aprofundar os
estudos da matemática financeira, levando-nos a entender situações que necessitam
de mais detalhes. Por isso, é muito importante complementar o estudo com exercícios
que envolvam situações práticas de situações reais. Exercite e aprenda cada vez mais
como lidar com os descontos.

AULA 3 TÓPICO 3 55
at i v i da de s de ap ro fu n da m e n to

1) Uma nota promissória, com o valor nominal de R$ 10.000,00, foi resgatada 2 meses e 5 dias antes de
seu vencimento, utilizando a taxa de 36% a.a. Qual foi o desconto comercial?
RESPOSTA: R$ 650,00
2) (Banco do Brasil) Uma pessoa deseja obter um empréstimo de R$ 30.000,00 no prazo de 120 dias,
a 6% a.m., de desconto comercial simples. Qual o valor do título para produzir aquela importância
líquida?
a)R$ 39.473,68 c) R$ 35.432,20
b)R$ 38.528,12 d) R$ 34.318,20
RESPOSTA: item a
3) (Receita Federal) O valor atual de uma duplicata é 5 vezes o valor de seu desconto comercial
simples. Sabendo que a taxa de desconto adotada é de 60% a.a., o vencimento do título, expresso em
dias, é:
a)120 b) 130 c)100 d) 150 e) 140
RESPOSTA: item c
4) A diferença entre os descontos comercial e racional de um título de crédito, é de R$ 60,00. O prazo é
de 20 dias e a taxa de 1% a.m. Calcule o valor nominal do título.
RESPOSTA: R$ 1.359.000,00
5) Determine o valor atual racional e comercial de um título de R$ 6.500,00 resgatado 2 meses antes do
vencimento a taxa de 2% a.m.
RESPOSTA: R$ 6.240,00 (comercial) e R$ 6.250,00 (racional)
6) O desconto comercial aplicado a uma letra de câmbio resgatada 5 meses antes do vencimento à taxa
de 1% a.m. foi de R$ 10,00. Qual será o valor do desconto se fosse racional?
RESPOSTA: R$ 9,52
7) Um negociante tem duas dívidas a pagar, uma de R$ 3.000,00 com 45 dias de prazo e outra de R$
8.400,00, pagável em 60 dias. O negociante quer substituir essas duas dívidas por uma única, com 30
dias de prazo. Sabendo-se que a taxa de desconto comercial é de 12% a.a., qual será o valor nominal
dessa dívida?
RESPOSTA: R$ 11.300,00
8) O desconto racional composto de um título de crédito no valor nominal de R$ 1.200,00 foi de
R$ 200,00. Sabendo que a taxa de desconto foi de 1,5% a.m., qual foi o prazo de antecipação do
pagamento?
RESPOSTA: 12,18 meses
9) Um título de crédito de R$ 1.800,00 com vencimento para 1 ano será substituído por outro, para
2 anos. Calcular o valor nominal do novo título, empregando a taxa de 2% a.a. com capitalizações
semestrais.
RESPOSTA: R$ 1.835,29
10) Uma loja de tecidos resolve quitar um título de R$ 2.000,00 com a antecipação de 2 anos. A firma
credora do título propõe um pagamento de R$ 1.650,00 pela mesma. Qual a taxa de desconto
composto?
RESPOSTA: 10,1% a.a.

Matemática Comercial
56
e Financeira
AULA 4 Relações comerciais
e bancárias
Nesta aula, iremos ver alguns conceitos que são usualmente trabalhados nas
relações de mercado. Iremos conhecer alguns tipos de práticas comuns no
mercado que são feitas por instituições financeiras e bancos.

Inicialmente, vamos buscar a compreensão das relações comumente utilizadas no


mercado. Veremos conceitos específicos de mercado, juntamente com a utilização
de capital de giro e definições utilizadas no mercado de renda fixa. Isto possibilitará
um maior conhecimento acerca dos tipos de ferramenta que são utilizadas no
mercado financeiro.

Continuando as ideias já vistas no material, iremos buscar aplicar o que foi visto
nas aulas anteriores, introduzindo o conceito da equivalência de capitais. Vamos
buscar diferenciar os capitais utilizados em cada situação e fazer uma relação
entre eles, de tal modo que possamos trabalhar com capitais diferentes e, ainda
assim, chegar em resultados coincidentes.

Por fim, iremos trabalhar com relações usuais de compra, ampliando o que vimos
na primeira aula em relação aos tipos de venda. Veremos que, no caso da compra,
diferentemente da venda, a preocupação maior não está no fato do lucro ou
prejuízo, mas sim na forma de pagamento que pode ser utilizada: compras à vista
ou a prazo. Buscaremos diferenciar as compras à vista e a prazo, procurando as
vantagens e desvantagens dependendo do tipo de situação. Isto será importante
para ser utilizado cotidianamente nas tomadas de decisões de compra.

Boa aula!

Objetivo
• Esclarecer algumas definições utilizadas cotidianamente nas relações de
mercado
• Entender as diferenças de compras à vista e a prazo, sabendo escolher a melhor
forma em cada situação
• Trabalhar com os diferentes tipos de capital relacionando-os
• Aplicar conteúdos vistos em aulas anteriores em situações práticas

AULA 4 57
TÓPICO 1
Relações de mercado

O bjetivos
• Conceituar e exemplificar as operações que utilizam
hot money
• Entender expressões usuais do mercado de renda fixa

Saib a ma i s!
Mercadorias em estoque, dinheiro em caixa,
N as relações de mercado, podemos
nos deparar com práticas usuais que
são utilizadas cotidianamente. Uma
dessas práticas é o hot money, em que temos uma
operação feita em curtíssimo período de tempo, o
matérias primas e aplicações financeiras são
que nos remeterá a operações envolvendo capital
exemplos de capital de giro, que é um recurso
de giro. Além disso, iremos estudar os modelos de
de rápida renovação dentro de uma empresa.
compra que utilizamos em nosso dia a dia. Iremos
Ele representa o ativo circulante da empresa
ver as diferenças existentes entre as compras a vista
que são os bens da empresa que podem ser
ou a prazo, com a finalidade de podermos escolher
convertidos em capital dentro de um curto
a modalidade de compra que melhor se encaixa
prazo. Em curto prazo, serve para liquidar contas
em cada situação. Com isso, ao final do tópico,
e em longo prazo pode aumentar a riqueza na
estaremos mais preparados para lidar com essas
empresa.
relações praticadas constantemente no mercado.

1.1 OPERAÇÕES COM HOT MONEY


No mercado de crédito, constituído basicamente por bancos comerciais e
instituições financeiras, são utilizadas operações de financiamento com curto e
médio prazos, que são direcionadas aos ativos permanentes e capital de giro das
empresas ou de pessoas físicas.
Dentre as diversas modalidades de créditos que temos, neste tópico destacaremos
o hot money. O hot money (literalmente, dinheiro quente) é uma prática de mercado

Matemática Comercial
58
e Financeira
em que as instituições financeiras possibilitam uma facilidade de crédito a
curtíssimo prazo. Este tipo de empréstimo, normalmente, é utilizado por grandes
empresas e não se estende por muitos dias devido às altas taxas de juros cobradas.
Um planejamento ruim na utilização do hot money pode até mesmo provocar uma
turbulência no mercado financeiro de um país.
Para entendermos melhor o hot money, vejamos a definição:

Definição 1: O Hot Money é uma operação bancária de empréstimo a curtíssimo


prazo que visa a atender as necessidades imediatas de caixa de seus clientes. São
aplicações em títulos ou câmbio atraídas por elevadas taxas de juros ou por grandes
diferenças cambiais.

Neste material, não vamos nos preocupar com os cálculos de operações que
utilizam hot money, devido à complexidade dessas operações. O importante é
entender o conceito de hot money para que possamos percebê-lo em situações reais.
Para isso vejamos um exemplo da utilização de hot money, em que teremos a taxa de
hot money mensal e precisaremos encontrar a taxa diária e a taxa efetiva vistos na
aula 2.

Exemplo:
Calcular o montante para um financiamento a juros simples no valor de R$
10.000.000,00 contratado com base nas taxas do hot money exibidas abaixo, por um
período de 5 dias corridos.

AULA 4 TÓPICO 1 59
Note que, a partir da taxa de hot Money, podemos encontrar a taxa linear
diária, que é calculada da taxa mensal do hot money (representada por C) dividido
por 30 (dias). Também podemos encontrar a taxa efetiva, que é calculada a partir
da taxa linear diária (representada por D) multiplicada pela quantidade de dias
(representada por B).
Agora, vamos encontrar o montante do período pedido:

Decorridos 5 dias, temos:


C = R$10.000.000,00(capital)
i hm = 7,010664%a.m. (taxa de hot money)
5 1
t = 5dias = meses = meses (período)
30 6
Como estamos trabalhando com juros simples, temos que o montante é dado por :
M = C × (1 + i hm × t)
Logo:
æ 7,010664 1 ö÷
M =10.000.000 × çç1 + × ÷÷ = 10.000.000 × (1,01168444) = 10.116.844,40
è 100 6ø
Logo, o montante para 5 dias corridos será de R$ 10.116.844,40.
Veja que, se fizermos a diferença do montante pelo capital inicial, temos nessa
operação com hot money juros de R$ 116.844,40 em apenas 5 dias. Desse modo,
percebemos que a definição dada realmente deve ser para curtíssimos prazos e a
operação praticada por grandes empresas, devido ao elevado valor de juros que irá
se acumular com o passar dos dias.
Como exercício, verifique os montantes que teríamos decorridos 1 dia e 7 dias.
Note que, a partir do 5º dia, a taxa efetiva dos
períodos são as mesmas, apesar de a taxa de hot
money ser diferente. Neste caso, será que teríamos
você sa bi a? diferença entre o montante para 5 dias e o montante
para 7 dias (já que as taxas efetivas são as mesmas)?
A letra de câmbio tem origem no século XIV,
quando para não ficar sujeitas a emboscadas
ou perdas, ao invés de fazer o transporte de 1.2 MERCADO DE RENDA FIXA
dinheiro de uma cidade para outra, entregava-
No mercado de renda fixa, temos algumas
se o dinheiro a um banqueiro da própria
cidade que mantinha relações com outro de práticas usuais que são importantes conhecermos,
outra cidade onde destinava-se o montante. pois podem fazer parte do nosso cotidiano sem que
Em troca, recebia uma carta, uma ordem
percebamos. Vejamos alguns conceitos importantes
de pagamento, que dava tal incumbência
ao banqueiro de outra cidade, onde faria para que possamos conhecer melhor o mercado
o pagamento. Assim, em vez de as pessoas financeiro:
transportarem dinheiro, transportavam a carta,
documento representativo da soma a ser paga. Definição 2: Letras de Câmbio (LC): são títulos
que podem ser negociáveis; são provenientes de
empréstimo que é concedido por uma instituição
financeira ou sociedade de crédito (garantida por
uma empresa não-financeira e usuária de bens e
serviços).
Matemática Comercial
60
e Financeira
Em um contexto mais prático, podemos ver a LC como uma ordem de pagamento
que pode ser a vista ou a prazo. Nesta operação destacamos 3 figuras participantes
do processo:
1. Sacador: aquele ou aquela que emite a letra, faz o saque e dá a ordem de
pagamento;
2. Sacado: aquele que deve efetuar o pagamento
3. Tomador (beneficiário): o favorecido pelo título, aquele que recebe o
pagamento.

Vejamos um exemplo de uma situação prática


envolvendo a LC:
Uma pessoa (física) decide comprar um carro
Sai b a mai s !
que custa à vista R$ 32.000,00. Porém, caso não
Outra situação que você pode ver a utilização
disponha desse montante, a loja oferece um
do desconto é quando uma empresa faz uma
crédito para compra por meio de uma Instituição venda a prazo e recebe uma duplicata com certo
Financeira, onde o comprador assina um contrato vencimento. Se esta empresa precisar do dinheiro
e uma Nota Promissória. A Instituição Financeira antes do vencimento da duplicata, ela pode ir a
um banco e transferir a posse desta duplicata,
paga o montante a loja à vista e, baseando-se na recebendo dinheiro em troca.
Nota Promissória, emite uma Letra de Câmbio
que renderá determinada taxa de juros.

No caso acima, temos:


• Sacador: Pessoa (física)
• Sacado: Instituição Financeira
• Tomador: Loja

Além disso, temos também dos tipos de título que são utilizados no mercado,
e têm uma ideia bem parecida, mas se diferenciam na possibilidade de ser ou não
transferido. Veja as definições:

Definição 3: CDB (Certificado de Depósito


Bancário): é um título utilizado pelo setor
Sai b a mai s !
privado para captação de recursos, cujas taxas Endosso é a assinatura colocada no verso de um
são trabalhadas em % ao ano. título, a partir do qual o proprietário transfere
a posse de seu título para outra pessoa (física ou
Por ser um título transferível, o CDB é o jurídica). No caso do CDB, temos o Endosso
Nominativo, em que o endosso é feito no título
mais procurado, diferentemente do RDB, como em questão e o favorecido é identificado no exato
veremos definido abaixo. No caso do CDB, ele momento em que o título é transferido.
pode ser transferido por endosso nominativo,
podendo ser vendido a qualquer momento pelo
portador. AULA 4 TÓPICO 1 61
Definição 4: RDB (Recibo de Depósito Bancário): é um título parecido com o CDB, porém
é um título intransferível.

Portanto, como podemos ver, o CDB é um título que pode ser negociado dentro
do prazo, e o RDB não pode ser negociável. No caso do RDB, o seu titular deve portar
o título até a data de resgate.

Neste tópico, você viu algumas definições usuais no mercado. São definições e
instrumentos utilizados com mais frequência e por isso é importante estudá-las com
cuidado. O conhecimento dessas definições é importante para nos situarmos quando
nos depararmos com situações que as envolvam. Porém, para um maior domínio
do assunto. é importante cursos mais específicos sobre o assunto. Aqui, como nos
demais tópicos da aula, fazemos um breve resumo desses importantes conceitos para
que você possa conhecê-los e identificá-los no seu dia a dia.

Matemática Comercial
62
e Financeira
TÓPICO 2
Equivalência de capitais

O bjetivos
• Estudar a equivalência de capitais no regime de capital-
ização simples
• Estudar a equivalência de capitais no regime de capital-
ização composta

N este tópico, vamos estudar mais especificamente o conceito de


equivalência aplicado a capitais. O conceito de equivalência é
muito utilizado na Matemática Financeira e tem sido recorrente
no decorrer do nosso curso. No tópico 3 da aula 2, vimos a equivalência entre taxas
e, constantemente, temos vistos equivalência de períodos. Agora iremos trabalhar
a equivalência dos capitais, que irá nos proporcionar comparar diferentes capitais
em uma mesma data, antecipando ou postecipando um valor inicial para uma data
específica. Saber fazer essa equivalência poderá nos ajudar bastante nas tomadas
de decisões financeiras, para que tenhamos os melhores resultados dependendo da
situação.
A equivalência de capitais é utilizada para podermos comparar diferentes tipos
de aplicações ou negociações. Podemos, por exemplo, decidir se um investimento
será melhor do que outro, se é mais vantajoso uma parcela menor durante um
maior período de tempo, ou uma parcela maior por um período menor. Dessa forma
podemos adequar o melhor tipo de negociação a nossa necessidade.

Definição 5: Capitais equivalentes: sejam dois ou mais capitais com diferentes datas
de vencimentos, dizemos que eles são equivalentes se ao “transportarmos” cada
um para uma data focal em comum, sob uma mesma taxa, produzirmos valores
resultantes iguais.

A partir da equivalência de capitais, podemos também comparar fluxos de caixa,


fazendo a comparação com seus valores presentes.

AULA 4 TÓPICO 2 63
Como vimos na aula 3, no regime de capitalização simples, podemos ter dois
modelos de desconto (racional e comercial). Com isso, ao fazermos a equivalência
de capitais. precisamos levar em consideração a taxa do modelo que está sendo
utilizado. Em ambos os casos, iremos procurar o valor atual de cada capital para uma
mesma data focal, porém considerando as fórmulas e especificações de cada modelo.
Então, vejamos separadamente a equivalência de capitais para cada situação.

2.1 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS EM DESCONTO COMERCIAL SIMPLES


Neste caso lembramos que, para encontrarmos o valor atual, utilizamos a seguinte
fórmula:
A = N × (1 - i × t)
Então, se tivermos dois capitais (valores nominais), teremos:
Para o 1º capital (N1 ): Para o 2º capital (N2 ):
A1 = N1 × (1 - i × t1 ) A2 = N2 × (1 - i × t2 )
Para que esses capitais sejam equivalentes, devemos então igualar os valores
atuais (note que a taxa (i) deve ser a mesma para os dois capitais). Assim:
A1 = A2 Þ N1 × (1 - i × t1 ) = N2 × (1 - i × t2 )
Vejamos agora um exercício para ilustrar como fazer a equivalência de capitais.

Exercício Resolvido 1
Um título de crédito de valor nominal de R$ 800,00, com vencimento para 45 dias
é substituído por outro para 60 dias. Calcule o valor nominal do novo título sabendo
que a taxa de desconto comercial simples é de 3% a.m.

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados :
N1 = R$800,00
t1 = 45dias = 1,5meses
t2 = 60dias = 2meses
i = 3%a.m.
Agora, para encontrarmos a equivalência de capitais vamos igualar o valor atual
(A1 ) que temos, como o novo valor atual (A2 ) no novo período de tempo (t2 ) :
A1 = A2
N1 N2
ou seja: = ⇒
(1 + i ⋅ t1 ) (1 + i ⋅ t2 )
600 N2 N2
= ⇒ 576, 92 =
(1 + 0, 02 ⋅ 2) (1 + 0, 02 ⋅ 3) (1, 06)
N2 = 611, 54

Matemática Comercial
64
e Financeira
A1 = A2
ou seja:N1 × (1 - i × t1 ) = N2 × (1 - i × t2 ) Þ 800 × (1 - 0,03 × 1,5) = N2 × (1 - 0,03 × 2) Þ 764 = 0,94 × N2
N2 = 812,77
Resposta: O novo valor nominal do título é R$ 812,77 (que neste caso é
equivalente a R$ 800,00).

2.2 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS EM DESCONTO RACIONAL SIMPLES


Neste caso lembramos que para encontrarmos o valor atual, utilizamos a seguinte
fórmula:
N
A=
(1 + i × t)
Então, se tivermos dois capitais (valores nominais), teremos:
Para o 1º capital (N1 ): Para o 2º capital (N2 ):
N1 N2
A1 = A2 =
(1 + i × t1 ) (1 + i × t2 )
Da mesma forma como no modelo anterior, para que esses capitais sejam
equivalentes, devemos então igualar os valores (note que a taxa (i) deve ser a mesma
para os dois capitais). Assim:
N1 N2
A1 = A2 Þ =
(1 + i × t1 ) (1 + i × t2 )
Vejamos agora um exercício para ilustrar como fazer a equivalência de capitais.

Exercício Resolvido 2
Um título de crédito de valor nominal de R$ 600,00, com vencimento para 60
dias é substituído por outro para 90 dias. Calcule o valor nominal do novo título
sabendo que a taxa de desconto racional simples é de 2% a.m.

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados :
N1 = R$600,00
t1 = 60dias = 2meses
t2 = 90dias = 3meses
i = 2%a.m.
Agora, para encontrarmos a equivalência de capitais vamos igualar o valor atual
(A1 ) que temos, como o novo valor atual (A2 ) no novo período de tempo (t2 ) :

AULA 4 TÓPICO 2 65
A1 = A2
N1 N2 600 N2 N2
ou seja: = Þ = Þ 576,92 =
(1 + i × t1 ) (1 + i × t2 ) (1 + 0,02 × 2) (1 + 0,02 × 3) (1,06)

N2 = 611,54
Resposta: O novo valor nominal do título é R$ 611,54 (que neste caso é
equivalente a R$ 600,00).

2.3 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS EM DESCONTO COMPOSTO


Além do modelo para sistemas de juros simples, podemos ter a equivalência
de capitais para o sistema composto (lembre que, no caso do composto, utilizamos
apenas o desconto racional). Neste caso lembramos que, para encontrarmos o valor
atual, utilizamos a seguinte fórmula:
N
A= t
(1 + i)

Então, se tivermos dois capitais (valores nominais), teremos:


Para o 1º capital (N1 ): Para o 2º capital (N2 ):
N1 N2
A1 = t
A2 = t
(1 + i) 1 (1 + i) 2
Para que esses capitais sejam equivalentes, devemos então igualar os valores
atuais (note que a taxa (i) deve ser a mesma para os dois capitais). Assim:
N1 N2
A1 = A2 Þ t1
= t
(1 + i) (1 + i) 2
Vejamos agora um exercício para ilustrar como fazer a equivalência de capitais.

Exercício Resolvido 3
Um título de crédito de valor nominal de R$ 1.000,00, com vencimento para 120
dias é substituído por outro para 60 dias. Calcule o valor nominal do novo título
sabendo que a taxa de desconto racional simples é de 5% a.m.

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados :
N1 = R$1.000,00
t1 = 120dias = 4 meses
t2 = 60dias = 2meses
i = 5%a.m.

Matemática Comercial
66
e Financeira
Agora, para encontrarmos a equivalência de capitais vamos igualar o valor atual
(A1) que temos, como o novo valor atual (A2) no novo período de tempo (t2 ) :
=A
A11 = A22
N1 N2 1.000 N2 N2
ou seja: = Þ = Þ 819,67 =
(1 + i)
t1
(1 + i)
t2
(1 + 0,05)
4
(1 + 0,05) ² (1,10)

N22 = 903,69
N
Resposta: O novo valor nominal do título é R$ 903,69 (que neste caso é
equivalente a R$ 1.000,00).

Neste tópico, você viu uma importante ferramenta para podermos analisar
possíveis propostas de negociação com as instituições financeiras. Com o conceito
de equivalência de capitais, poderemos comparar planos, atualizando os valores
para uma mesma data focal. Com isso, poderemos escolher a melhor opção que
nos for proposta de acordo com nossa necessidade. Além disso, este tópico poderá
ser melhor aplicado no próximo tópico, onde a partir da equivalência de capitais,
poderemos estabelecer a noção do valor do dinheiro e cálculo de prestações.

AULA 4 TÓPICO 2 67
TÓPICO 3 Compras à vista e a prazo

O bjetivos
• Compreender as diferenças entre compras à vista e a
prazo
• Entender o valor do dinheiro para cada pessoa
• Analisar as vantagens e desvantagens de compras à
vista e a prazo dependendo da situação

N o geral, a decisão de uma compra ser a vista ou a prazo depende da


vontade do comprador. Mas, o poder de decisão de compra pode
ir bem além da preferência pessoal de cada pessoa. As empresas
costumam atrair os consumidores com diversas promoções, que oferecem descontos
para comprar à vista ou facilitações de parcelamento em compras a prazo. Diante
dessas possibilidades, o consumidor pode ficar confuso e sem saber qual tipo de
compra fazer e, na maioria das vezes, ser atraído por pequenas prestações e acabar
optando por compras a prazo. No caso de o consumidor não possuir a quantia
necessária para o pagamento a vista, dependendo de sua necessidade e urgência,
logicamente que a compra a prazo é a melhor decisão. Mas, será que comprar a
prazo sempre é melhor? Ou, fazer a compra a vista atraído pelo desconto é melhor?
Veremos que essa decisão é muito relativa e dependerá do valor que o dinheiro possa
ter para cada pessoa e situação.

3.1 O VALOR DO DINHEIRO


No tópico anterior vimos como fazer a equivalência de capitais. Vimos que
podemos comparar um capital futuro com um capital atual colocando-os em uma
mesma data focal e comparando seus capitais equivalentes. Desta forma, vimos como
se dá a valorização de um capital, ou seja, quanto vale o nosso dinheiro. Dependendo
da operação em que estejamos inseridos, nem sempre um valor futuro maior vale
mais do que um valor atual menor. O valor de um capital dependerá da época à qual
ela se refere. Por exemplo, se você tiver um investimento com juros simples 10% ao

Matemática Comercial
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e Financeira
mês, o seu capital que hoje vale R$ 1.000,00, no próximo mês renderá R$ 100,00
de juros e seu capital valerá R$ 1.100,00. Então, no caso de fazer uma compra, será
indiferente para você pagar R$ 1.000,00 agora ou pagar R$ 1.100,00 daqui a um mês.
O que vemos com isso é que R$ 1.000,00 é equivalente a R$ 1.100,00 daqui um
mês. Ou seja, no caso de uma decisão de compra, isto deve ser levado em consideração
na hora de analisarmos as opções a vista e a prazo, pois o valor do dinheiro não é o
mesmo para todas as pessoas.
Na decisão de compra, devemos levar em consideração, sempre, a seguinte
questão: “Quanto você consegue fazer render o seu dinheiro?” (Ou seja, quanto
vale o seu dinheiro?).
Podemos ver isso utilizando uma aplicação simples e comum de um capital:
aplicação na caderneta de poupança. Se sua caderneta de poupança está rendendo
3% ao mês, então R$ 100,00 hoje valerão R$ 103,00 em um mês, R$ 106,09 depois
de dois meses, R$ 109,27 depois de três meses e assim por diante. Neste caso diremos
que o dinheiro nos vale 3% ao mês.
(Note que no caso foram utilizados juros compostos, pois se trata de uma relação
envolvendo banco)
Então, se ao fazermos a compra de um produto no valor de R$ 100,00 a vista,
nos for oferecido plano a prazo, é importante levarmos em consideração se os juros
da operação são maiores ou menores que os juros da nossa aplicação. Para vermos
melhor essas diferenças na decisão de compra, vejamos o exercício que segue.

Exercício Resolvido 1
Uma pessoa compra uma televisão e tem duas opções de pagamento: três
prestações mensais de R$ 180,00 cada, ou seis prestações mensais de R$ 100,00 cada.
Se o dinheiro vale 10% ao mês para esta pessoa, o que ela deve preferir?

Solução:
Veja que o valor total na primeira opção é de R$ 540,00 (3 x 180,00) e na segunda
opção é de R$ 600,00 (6 x 100,00). Ou seja, se fizéssemos apenas essa análise, diríamos
que a primeira opção é a melhor. Mas, esses são os valores finais de cada operação
(Valores Nominais), ou seja, para fazermos uma comparação entre eles devemos
atualizá-los para uma mesma data focal. Vamos fazer isso de duas formas:
Primeiro, vamos atualizar ambos os valores para o início da operação, ou seja, a
data da compra. Quais seriam os valores pagos se antecipássemos a 1ª opção em 3
meses e a 2ª opção em 6 meses?
Temos os seguintes dados para cada opção:

AULA 4 TÓPICO 3 69
1ª opção: 2ª opção:
N = R$ 540,00 N = R$ 600,00
n = 3 meses n = 6 meses
i = 10% i = 10%

Onde N é o valor nominal (final após o pagamento), n é o período de tempo


(depende da quantidade de prestações) e i é a taxa (relativo a quanto vale o dinheiro
nesse caso).
Logo, teremos:
n
A = N × (1 - i)
1ª opção: 2ª opção:
3 6
A = 540 × (1 - 0,1) A = 600 × (1 - 0,1)
A = 540 × 0,729 A = 600 × 0,531441
A = 393,66 A = 318,86

3.2 CÁLCULO DE PRESTAÇÕES


Cotidianamente, nos deparamos com diversas mercadorias que nos são oferecidas
em duas formas de pagamento: a vista ou a prazo. No caso da compra a prazo, são
nos oferecidas condições de pagamento para pagamos a mercadoria em prestações
fixas, porém incide sobre o valor a vista uma taxa de juros que pode ser calculada
em cima de cada prestação. Por isso, é importante entendermos como calcular essas
prestações para que saibamos como o mercado se comporta.
Quando falamos de uma compra parcelada cuja taxa de juros irá incidir em cada
parcela, significa que estamos calculando o valor atual de cada parcela em uma
mesma data focal. Ou seja, estaremos trabalhando com equivalência de capitais, em
que o valor atual a vista ( A 0 ) será igual ao valor atual da soma de todas as parcelas
( A1 + A2 + A3 + ... + A n ).
A 0 = A1 + A2 + A3 + ... + A n

E, como vimos no tópico anterior, podemos ter três modelos de taxa a ser
considerados (comercial simples, racional simples e composta). Assim, dependendo
do modelo utilizado, aplicaremos as fórmulas já vistas anteriormente para a relação
acima.
Vejamos um exercício resolvido, que irá esclarecer como fazer o cálculo de
prestações.

Matemática Comercial
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e Financeira
Exercício Resolvido 2
Um produto que a vista custa R$ 10.000,00 é comprado em 4 parcelas com
vencimento para 30, 60, 90 e 120 dias. Sendo a taxa de juros de 5% a.m. no modelo
de desconto racional simples, calcule o valor das parcelas.

Solução:
Do enunciado temos os seguintes dados :
A 0 = R$10.000, 00
N1 = N2 = N3 = N 4 = P
t1 = 30 dias = 1 mŒs
t2 = 60 dias = 2 meses
t3 = 90 dias = 3 meses
t 4 = 120 dias = 4 meses
i = 5% a.m.

Agora, para encontrarmos a presta ª o vamos fazer a equivalŒncia do valor


a vista (A 0 ) com a soma dos valores atuais das
presta ı es (A1 + A2 + A3 + A 4 ) :
A 0 = A1 + A2 + A3 + A 4
Como estamos com o modelo racional simples, vamoss utilizar para o valor
atual a seguinte f rmula:
N1
(1+ i ⋅ t)
Logo
N1 N2 N3 N4
A0 = + + +
(1 + i ⋅ t1 ) (1 + i ⋅ t2 ) (1 + i ⋅ t3 ) (1 + i ⋅ t 4 )
P P P P
10.000 = + + +
(1 + 0, 05 ⋅ 1) (1 + 0, 05 ⋅ 2) (1 + 0, 05 ⋅ 3) (1 + 0, 05 ⋅ 4)
⇒ 10.000 = 3,556P
P = 2805, 54
Resposta: O valor da parcela é R$ 2.805,54.

Encerramos esta aula e o nosso curso, com uma abordagem geral da Matemática
Comercial e Financeira. Neste tópico, você viu aplicações diretas de juros e descontos,
que permearam todo nosso curso. Vimos que, através das diferentes taxas utilizadas,
podemos tomar decisões de compra mais adequada e mais vantajosa. Conhecer o
valor do dinheiro e saber comparar as diversas modalidades oferecidas é muito

AULA 4 TÓPICO 3 71
importante para termos certeza no ato da compra. Com um estudo maior acerca
dos temas tratados, podemos ter ainda mais conhecimento sobre o mercado no qual
estamos inseridos. Além disso, é importante exercitarmos nosso aprendizado para
podermos fixar o conteúdo. A seguir você terá a atividade de aprofundamento para
poder incrementar seu aprendizado.

at i v i da de s de ap ro fu n da m e n to

1) Usando a tabela 1 de hot money do tópico 1, faça o cálculo do montante para os mesmos dados do
exemplo, sendo para 7 dias úteis. (Verifique que o resultado é o mesmo e explique).
RESPOSTA: R$ 10.116.844,40. O valor é o mesmo, pois a quantidade de dias úteis são iguais (5 dias
úteis)
2) Refaça o exercício resolvido 1 do tópico 2 para taxa de desconto racional simples.
RESPOSTA: R$ 811,48
3) Refaça o exercício resolvido 2 do tópico 2 para taxa de desconto de racional composto.
RESPOSTA: R$ 612,00
4) Refaça o exercício resolvido 3 do tópico 2 para taxa de desconto racional simples.
RESPOSTA: R$ 916,67
5) Refaça o exercício resolvido 2 do tópico 3 para taxa de desconto comercial.
RESPOSTA: R$ 2.857,14
6) Uma loja vende um eletrodoméstico e oferece três opções para pagamento:
a) à vista por R$ 1.100,00;
b) uma entrada de R$ 200,00 e quatro prestações mensais de R$ 250,00;
c) uma entrada de R$ 400,00 e duas prestações mensais de R$ 350,00.
Se a taxa de desconto racional é de 3% a.m., qual a melhor opção?
RESPOSTA: A melhor opção é a opção c, pois os valores atualizados de cada opção ao final são: a)
R$ 1.100,00 b) R$ 1.135,12 c) R$1.069,99
7) Na questão anterior se tivéssemos o modelo comercial, qual seria a melhor opção?
RESPOSTA: A melhor opção é também a opção c, pois os valores atualizados de cada opção ao final
são: a) R$ 1.100,00 b) R$ 1.125,00 c) R$1.068,50
8) Um produto é ofertado por uma loja em duas condições:
a) R$ 20.000,00 à vista
b) dois pagamentos iguais no valor de R$ 10.299,00 para 30 e 60 (sessenta) dias. Qual a taxa mensal de
desconto comercial cobrada pela loja?
RESPOSTA: i = 1,935% am
9) Uma loja vende um eletrodoméstico por R$ 800,00. A prazo, pode-se pagar a mercadoria em 2
pagamentos mensais iguais; o primeiro vence em 30 dias. De quanto será cada um desses pagamentos,
se foram adotados, na operação, o desconto racional a taxa de 6% a.m. e a data focal a do ato da
compra?
RESPOSTA: R$ 435,67
10) Uma loja vende um guarda roupa à vista por R$ 3.000,00. A prazo, pode-se pagar em três
pagamentos mensais e iguais; o primeiro vence em 30 dias. De quanto será cada um dos pagamentos,
se forem adotados, na operação, o desconto racional de 8% a.m. e como data focal a do ato da compra?
RESPOSTA: R$ 1.156,32

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e Financeira
REFERÊNCIAS
GITMAN, Lawrence Jeffrey. Administração financeira. São Paulo: Harbra, 1978.
MATHIAS, W. F. & GOMES, J. M., Matemática financeira: com + de 600 exercícios resolvidos e propostos. 4.
ed. São Paulo: Atlas, 2004.
PUCCINI, A. L. Matemática financeira objetiva e aplicada. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
VIEIRA NETO, Paulo. Conceitos básicos de matemática financeira. São Paulo. 2006.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa. 7. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.

REFERÊNCIAS 73
CURRÍCULO
Osvaldo Fernandes Carvalho Neto

Possui graduação em Matemática - Licenciatura Plena pela Universidade Estadual do Ceará (2006)
e Mestrado em Matemática pela Universidade Federal da Paraíba (2008). Por 2 anos e meio fui
professor substituto no IFCE (Fortaleza), além de ter ministrado aulas na UVA e em escolas de ensino
médio. Participo da educação a distância desde 2010 tendo sido Tutor na Universidade Aberta do
Brasil – IFCE e Formador na Universidade Aberta do Brasil – IFCE. Atualmente sou professor efetivo
da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Acredito na matemática como uma área indispensável na
formação de todos, pois possibilita o desenvolvimento de habilidades necessárias nas mais diversas
áreas, além das exatas. Pois, uma boa percepção, visão espacial e raciocínio rápido são importantes
na vida como um todo e podem ser desenvolvidas com a matemática.

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