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Administração financeira
Administração financeira
Aula 01
O papel e o ambiente da administração financeira
Objetivos Específicos
• Entender as principais aplicações da disciplina, sua importância é relembrar
as principais demonstrações financeiras.
Temas
Introdução
1 Conceitos gerais
2 As origens e aplicações de caixa
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3
Administração financeira
Introdução
1 Conceitos gerais
No contexto das empresas a administração das finanças busca otimizar o uso dos recursos
disponíveis com vista a ampliar a lucratividade e a geração de caixa. Para isso, há uma grande
variedade de funções na administração financeira que envolve atividades, como controle de gastos,
elaboração de orçamento, gestão de caixa, captação de recursos e decisões de investimentos.
O planejamento financeiro deve ser composto por dois planos essenciais: o planejamento
de caixa e o planejamento de resultados. Como falamos, a gestão de caixa é primordial para
a perpetuidade da empresa. Dessa forma, o orçamento de caixa é um passo importante. O
orçamento de caixa, também denominado de previsão de caixa, é uma demonstração que
apresenta as entradas e as saídas de caixa planejadas da empresa, que a utiliza para estimar
suas necessidades de caixa no curto prazo, com especial atenção para o planejamento do
uso de superávits e a cobertura de déficits. De uma forma geral, o orçamento de caixa deve
cobrir o prazo de um ano, dividido em intervalos. Quanto mais estável for o caixa da empresa,
maiores podem ser os intervalos do fluxo de caixa. Mas a realidade é outra: a maioria das
empresas exibe certas sazonalidades nas suas contas e, por esse motivo, os executivos
financeiros acabam por elaborar orçamentos mensais.
• Lucro: é o que sobra após subtrair do valor da receita todos os custos e despesas
necessários para que ocorra.
• Regime de Caixa
• Regime de Competência
Agora podemos retomar a discussão lucro versus caixa. O lucro é apurado pelo regime
de competência e não no regime de caixa. “A maximização do lucro é falha por várias razões:
ignora (1) a data da ocorrência dos retornos, (2) o fluxo de caixa disponível aos acionistas
e (3) o risco” (GITMAN, 2005, p. 17). Há uma grande diferença entre resultados esperados
e a efetividade de tais resultados. Dessa forma, concluímos que o papel do administrador
financeiro pode ser resumido em uma frase: maximização do retorno do acionista.
Demonstrações Financeiras
Para entendermos melhor como o administrador financeiro toma suas decisões e suas
consequências na vida das empresas, precisamos compreender as principais demonstrações
financeiras. Vale a pena retomarmos alguns conceitos. Recentemente, as normas contábeis
brasileiras sofreram profundas transformações, resultado da adoção do International
Financial Reporting Standard (IFRS). O IFRS consiste em um conjunto de pronunciamentos
de contabilidade produzidos, publicados e revisados por organismos internacionais. A sua
adoção visa à padronização das normas em diversos países para facilitar o entendimento
financeiro internacional.
O balanço patrimonial pode ser definido como uma demonstração resumida da posição
financeira da empresa durante determinado exercício. Na parte esquerda, é apresentado
o ATIVO, ou seja, todos os bens e direitos que a empresa possui. Do lado direito, está o
PASSIVO que abrande todas as origens de recursos, ou seja, as obrigações para com terceiros
que exigirão ativos para a sua liquidação. Ainda do lado direito está o PATRIMÔNIO LÍQUIDO,
composto pelos recursos próprios da empresa. O patrimônio líquido é a diferença entre o
ativo e o passivo.
Estrutura
• ATIVO
De acordo com as normas do IFRS, o ATIVO é composto por duas grandes contas:
• PASSIVO
◦◦ Reserva de Capital
◦◦ Reservas de Lucros
Receita de vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(=) Lucro bruto
(-) Desp. operacionais
Desp. comerciais
Desp. gerais e administrativas
(=) Lucro antes dos juros e IR (LAJIRDA = EBITDA)
Desp. de depreciação
(=) Lucro Operacional (LAJIR - EBIT)
(-) Desp. financeiras
(=) Lucro líquido antes do IR (LAIR)
(-) IR
(=) Lucro líquido
(-) Dividendos das ações preferenciais
(=) Lucro líquido disponível aos acionistas ordinários
Atividades Operacionais
Lucro líquido do exercício
Depreciações e amortizações
Valor residual do imobilizado
Variações monetárias e cambiais
Resultado de equivalência patrimonial
Aumento ou redução do Ativo Circulante Operacional
Contas a receber
Estoques
Outros
Aumento ou redução do Passivo Circulante
Fornecedores
Impostos a pagar
Salários e encargos
Outros
Caixa gerado ou absorvido pelas Atividades Operacionais
Atividades de Investimentos – Fluxos de caixa associados à compra e à venda tanto de
ativos permanentes quanto de participações societárias. Evidentemente, transações de
compra resultariam em fluxos de saida de caixa, enquanto transações de venda gerariam
fluxos de entrada de caixa.
Títulos e valores mobiliários
Venda de investimentos ou ativo imobilizado
Dividendos recebidos
Aquisição de bens imobilizados
Caixa gerado ou absorvido pelas Atividades de Investimento
Atividades de Financiamento – Fluxos de caixa que resultam de transações de
financiamento por dívida e capital próprio; incluem a contratação e a quitação da dívida,
a entrada de caixa por venda de ações, assim como o fluxo de saída de caixa para pagar
dividendos em dinheiro ou recomprar ações.
Pagamento de dividendos ou juros sobre o Capital Próprio
Captação de empréstimos e financiamentos
Amortização de empréstimos e financiamentos
Considerações finais
Referências
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São
Paulo: Pearson, 2005.
Objetivos Específicos
• Entender como as taxas de juros e a inflação influenciam na situação
enconomia e financeira da empresa
Temas
Introdução
1 Inflação
2 Juros
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Neste capítulo, vamos abordar dois conceitos que são fundamentais para que o
administrador financeiro tome decisões sobre o futuro da empresa: inflação e taxa de juros.
Como a inflação representa o aumento generalizado dos preços e custos, não é de se
estranhar que cada reajuste no valor da mercadoria produzida de uma empresa seja
baseado, em parte, nesse indicador. Sim, a inflação tem um impacto forte na atividade
empresarial e não somente no bolso do consumidor.
1 Inflação
Comecemos definindo inflação. Segundo um dos maiores autores da macroeconomia
moderna, Olivier Blanchard, a inflação pode ser definida como “uma alta continuada no nível
de preços. A taxa de inflação é a taxa à qual o nível de preços aumenta” (BLANCHARD, 2001,
p. 30). Com base no conceito exposto, vemos que existe um desafio claro: como medir a
inflação? Tal cálculo é papel dos chamados índices de preços, que medem o aumento do
custo dos produtos para os consumidores.
Mas não é qualquer índice de preço que pode ser considerado como índice de inflação.
Os índices de preço precisam ser abrangentes o suficiente para evidenciar a retração do
valor do dinheiro, ou seja, do poder de compra da população ao redor do mundo. Assim,
podemos concluir que os índices de preço que mais bem evidenciam a inflação são os
indicadores da evolução do preço ao consumidor. Tais índices envolvem uma gama maior de
produtos pesquisados.
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Ao ler este texto você deve estar se perguntando: por que se preocupar com a inflação?
Na realidade, se a inflação fosse pura, ou seja, o aumento dos preços e salários fosse igual
para todos, não haveria com que se preocupar. No entanto, esse mundo de inflação pura
fica apenas nos livros e teoria. Na prática, vemos no dia a dia que o aumento dos preços
afeta determinados setores e outros não. Dessa forma, a inflação impacta a distribuição de
renda e os negócios das empresas. Vejamos um exemplo: quando há o aumento dos preços
do minério de ferro, as empresas siderúrgicas deparam-se com o incremento de seus custos,
mas nem sempre conseguem repassar tais custos aos clientes finais. Tal fato leva à redução
da margem de ganho e, por consequência, da lucratividade das empresas.
O IPCA reflete a variação dos preços pagos pelos consumidores das principais regiões
metropolitanas brasileiras. Como indicador de variação de preços, o IPCA tornou-se o índice
oficial de inflação do Brasil e, desde junho de 1999, é utilizado pelo Banco Central do Brasil
para o acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação.
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O IGP-DI está estruturado para captar o movimento geral de preços através de pesquisa
realizada nas áreas de cobertura de cada componente, durante o mês calendário, isto é, do
primeiro ao último dia do mês de referência. Nessa pesquisa, cobre-se todo o processo
produtivo, desde preços de matérias-primas agrícolas e industriais, passando pelos preços
de produtos intermediários até os de bens e serviços finais.
O IGP-DI foi concebido no final dos anos de 1940 para ser uma medida abrangente do
movimento de preços, ou seja, que englobasse não apenas diferentes atividades como
também etapas distintas do processo produtivo. Assim, ele poderia ser usado como deflator
do índice de evolução dos negócios, resultando em um indicador mensal do nível de
atividade econômica. O IGP-DI começou a ser divulgado em 1947, embora sua série histórica
retroaja a 1944. De início, resultava da média aritmética simples entre o Índice de Preços por
Atacado (IPA) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). A partir de 1950, passou a contar
com mais um componente, o índice de custo da construção (ICC).
Hoje, o indicador é obtido pela média aritmética ponderada dos três índices: 60% de
IPA, 30% de IPC apurado nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, e 10% do Índice Nacional
de Custo da Construção (INCC). Até novembro de 1985, o IGP-DI foi o índice oficial de
inflação do Brasil. O período de coleta de dados vai do primeiro ao último dia de cada mês,
sendo divulgado no final da primeira quinzena do mês seguinte.
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O número-índice pode ser definido como medida estatística utilizada para comparar
grupos de variáveis relacionadas entre si e permite estabelecer comparações entre as
variações ocorridas nos indicadores ao longo do tempo. O número-índice é utilizado em
diversas áreas, tais como em demografia, economia e finanças. Quando o número-índice é
empregado para medir a variação do nível de preços de produtos e serviços específicos,
chama-se índice de preços.
In = (1 + Δn) X In-1
Analisando a fórmula, parece que esse cálculo é bastante complicado, mas não é.
Vejamos um exemplo prático. Utilizaremos, nesse caso, dados reais divulgados pelo IBGE
(série histórica do IPCA). Os dados da tabela utilizada como exemplo abrangem o número-
índice de cada mês do ano (janeiro a dezembro) e a variação do índice no mês, em três
meses, seis meses e no ano.
Variação (%)
Número Índice
Ano Mês
(Dez 93 = 100) No Mês 3 Meses 6 Meses No Ano 12 Meses
Jan 141,31 41,31 162,13 533,33 41,31 2693,84
Fev 198,22 40,27 171,24 568,17 98,22 3035,71
Mar 282,96 42,75 182,96 602,93 182,96 3417,39
Abr 403,73 42,68 185,71 648,92 303,73 3828,49
Mai 581,49 44,03 193,36 695,71 481,49 4331,19
Jun 857,29 47,43 202,97 757,29 757,29 4922,6
1994
Jul 915,93 6,84 126,87 548,17 815,93 4005,08
Ago 932,97 1,86 60,44 370,67 832,97 3044,89
Set 947,24 1,53 10,49 234,76 847,24 2253,15
Out 972,06 2,62 6,13 140,77 872,06 1703,17
Nov 999,37 2,81 7,12 71,86 899,37 1267,54
Dez 1016,46 1,71 7,31 18,57 916,46 916,46
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Existem diversos métodos e critérios para cálculo da variação dos níveis de preços
Para calcular as variações médias dos preços do ano de 1994, podemos fazer uma
média aritmética simples, com coleta de preços no final de cada mês:
41,31+40,27 +42,75+42,68+44,03+47,43+6,84+1,86+1,53+2,62+2,81+1,71
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[(1+0,4131)x(1+0,4027)x(1+0,4275)x(1+0,4268)x(1+0,4403)x(1+0,4743)x(1+0,0684)x
(1+0,0153)x(1+0,0262)x(1+0,0281)x(1,0171)x(1+0,0186)] – 1 = 10,1643
10,1643 -1 = 9,1643
Isso significa que ocorreu uma alta de 916,43% nos preços durante o ano de 1994.
Imagine o cenário negativo para o empresário que se deparou com uma forte alta de seus
custos e não conseguiu repassar esse aumento para os seus clientes.
Uma forma mais fácil de calcular a inflação acumulada é através do número-índice, veja:
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2 Juros
Para entendermos a importância dos juros na vida econômica, precisamos pensar nos
motivos que levam as pessoas a pouparem. Quando alguém poupa está deixando de
consumir agora para consumir no futuro. Para que haja poupança, é preciso que haja um
estímulo. Caso contrário, não haveria motivo que me levasse a abrir mão de algo que quero
hoje para guardar dinheiro e comprar depois. Esse estímulo é dado pelos juros.
Baseado nessa visão, o governo, através do Banco Central (BACEN), utiliza a taxa de juro
como instrumento de política econômica e monetária para controlar o nível de propensão ao
consumo e incentivar a poupança. A cada 45 dias, o colegiado do BACEN reúne-se para definir
se será necessário elevar ou reduzir a taxa básica de juros brasileira, denominada de SELIC –
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais.
Uma importante variável que irá influenciar o percentual cobrado de juros é a inflação.
Não adianta para a instituição financeira cobrar 5% de juros anuais, se o IPCA estiver a 7% ao
ano. Quando o banco receber o dinheiro do empréstimo, ele valerá menos do que quando
foi concedido, mesmo que o cliente esteja pagando os juros combinados!
A partir da taxa básica determinada pelo BACEN, o sistema financeiro adiciona outras
variáveis que irão compor as taxas oferecidas aos seus clientes, como o cheque especial,
crédito imobiliário ou financiamento de um veículo. Esses outros componentes aumentam a
taxa ao consumidor final e basicamente estão relacionados à incerteza e aos custos da
operação. Quando falamos de incerteza, referimo-nos àquela palavra mágica que baliza
qualquer operação financeira: risco. Quanto maior o risco, maior a taxa de juros. Ora, se
você tem aquele cunhado “caloteiro” que pede dinheiro emprestado e nunca paga, nem
pela maior taxa de juros do mundo você irá emprestar. Mas existe alguém disposto a correr
o risco de não receber se ele assinar um contrato em que se compromete a pagar uma taxa
condizente com seu perfil de risco.
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Além desses três componentes listados (Selic, risco e inflação), outras questões são
levadas em consideração na hora de o banco definir a taxa de juros que será cobrada, tais
como: custos da operação, impostos e compulsórios – reserva obrigatória recolhida dos
depósitos bancários, conforme percentual fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
ir = (1+ie) - 1
(1+ D)
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Onde:
Exemplo: Suponha que você tenha investido seu dinheiro no banco a uma taxa efetiva
de 17% ao ano (a.a). Durante o ano em que o investimento foi feito, a inflação acumulada
somou 13%. Qual a taxa real?
Aplicando a fórmula...
ir = (1+0,17) - 1
(1+ 0,13)
ir = 0,0354
Assim, ao invés de ter valorizado seu investimento em 17%, na realidade você obteve
uma renda real de 3,54%
Como você deve ter observado nos exercícios anteriores, a taxa é expressa geralmente
em porcentagem. A palavra porcentagem, ou percentagem (per + cento + agem), representa
uma fração por cento (cem) de qualquer coisa mensurável. Um valor que represente “dez
por cento” de um número qualquer pode ser escrito da seguinte forma: 10%. Na forma
fracionária, seria escrito como: 10/100. A fração mostra que o número 10 está sendo
dividido por 100. Então, seria o mesmo que escrever na forma unitária: 0,1.
Em cálculos de juros, deve ser utilizada a forma unitária. Portanto, o número deve ser
dividido por 100, transformando-o na forma unitária antes de efetuar o cálculo. E, se o
cálculo referir-se à obtenção da taxa de juro, o resultado deve ser multiplicado por 100, para
ser expresso em “por cento”.
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Observação: quando utilizamos as teclas financeiras da HP 12C, a taxa de juros não será
dividida por 100, pois a calculadora já fará esse cálculo por nós.
Taxa de juro: é o percentual que se aplica ao capital, para determinar o valor do juro.
O juro comercial é calculado com taxa expressa em porcentagem, com base em ano
comercial convencionado de 360 dias. Por essa forma de expressão, a taxa anual refere-se à
taxa do período de 360 dias, a taxa semestral à do período de 180 dias, a taxa mensal à do
período de 30 dias, e assim por diante. Geralmente, as taxas de juros praticadas no mercado
financeiro referem-se ao ano comercial.
O juro exato é calculado considerando o ano civil de 365 dias e de 366 dias em anos
bissextos.
Considerações finais
Conforme pudemos perceber neste capítulo, as atividades empresariais são
influenciadas pela inflação e o pagamento de juros. Portanto essas duas variáveis não
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A inflação influencia a formação das taxas de juros do mercado. Para sabermos se uma
decisão de investimento é positiva, precisamos levar em conta a desvalorização do dinheiro
no tempo, ou seja, calcular a taxa de juros real. Os percentuais cobrados pelo sistema
financeiro são influenciados pelo risco da operação. Quanto pior a capacidade de
pagamento de uma empresa, mais caro será obter um empréstimo.
Referências
BRANCO, Anísio Costa Castelo. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage
Learning, 2005. E.book.
GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem
descomplicada. São Paulo: Pearson, 2006.
CASTANHEIRA, Nelson Pereira; MACEDO, Luis Roberto Dias de. Matemática financeira
Aplicada. São Paulo: Pearson, 2008.
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Aula 03
Juros simples e compostos
Objetivos Específicos
• Saber calcular, na prática, o ganho de capital ou a despesa com financiamento
em determinadas situações. Entender qual é a melhor decisão para a empresa
Temas
Introdução
1 Capitalização
2 Juros simples
3 Juros compostos
4 Como calcular
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Após entender o conceito de inflação e juros, passaremos a aprender a utilizar as
ferramentas da matemática financeira para entender o valor do dinheiro no tempo. A
matemática financeira é o ramo da matemática que estuda o valor do dinheiro e é
empregada em operações financeiras, tais como empréstimo, financiamento, aplicação e
investimento e seu principal objetivo é permitir a análise e comparação de tais operações,
auxiliando-nos na tomada de decisão quanto às mesmas.
Juro (J): É a remuneração pelo uso do capital por certo intervalo de tempo. É a
compensação financeira para o agente econômico que emprestou os recursos privando-se,
portanto, de utilizá-lo para outra finalidade.
Montante (M): É a soma do CAPITAL aplicado no início da operação financeira aos juros
acumulados durante o prazo da operação.
Taxa de juros (i): É a porcentagem do capital que será paga a título de juros, após um
determinado tempo. A taxa de juros sempre é referida a um período de tempo, denominado
periodicidade. Normalmente, é abreviado conforme tabela abaixo:
ao dia a.d.
ao mês a.m.
ao bimestre a.n.
ao trimestre a.t.
ao quadrimestre a.q.
ao semestre a.s.
ao ano a.a.
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Desenvolvimento
1 Capitalização
É o processo de incorporação do juro ao capital. Chamamos de regime ou sistema de
capitalização a forma como vamos realizar esse processo de incorporação.
2 Juros simples
No sistema de capitalização simples, o juro de qualquer período é constante e sempre
calculado sobre o capital ( C ) inicial.
Exemplo 1:
Vamos calcular
O valor do resgate, portanto, será o valor investido, R$ 100, mais os juros totais
recebidos, R$ 15,00.
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Administração Financeira
Note que calculamos três vezes a incidência da taxa no capital, ou seja, repetimos a
operação três vezes porque o n era igual a 3. Mas seria muito complicado fazer esse cálculo
se o “n” fosse muito grande, não é verdade?
Assim,
J = C.i.n
J = juro
C= capital
n = período
J = 100 x 0,05 x 3 = 15
Continuando no mesmo raciocínio, temos que o montante, ou seja, o valor que iremos
receber após a aplicação, será igual ao capital que investimos mais os juros recebidos.
Assim,
M=C+J
M = montante
C = capital
J = juros
M = 100 + 15 = 115
M = C + (C.i.n)
ou colocando em evidência
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M = C (1+in)
O fator “(1 + i . n)” é chamado de fator de acumulação de capital para juros simples.
Confirmando a conta...
M = 100. (1+0,05.3)
Assim,
IMPORTANTE: Para calcular os juros totais que a aplicação financeira rendeu, tivemos
que converter 1 ano em 12 meses, que era a PERIODICIDADE da taxa. Portanto, A UNIDADE
DE TEMPO DO PRAZO DA OPERAÇÃO DEVERÁ SER SEMPRE IGUAL À PERIODICIDADE DA
TAXA DE JUROS, pois “n” É O NÚMERO DE PERÍODOS DA TAXA DE JUROS CONTIDOS NO
PRAZO DA APLICAÇÃO!
Outras fórmulas:
Das duas equações que deduzimos, conseguimos calcular qualquer variável necessária:
C= M
(1 +i.n)
I = M/C – 1
n
n = M/C – 1
i
3 Juros Compostos
No sistema de capitalização composta, o juro de qualquer período é calculado sobre o
valor do montante (M) do período anterior.
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Administração Financeira
Vamos calcular:
O valor do resgate, portanto, será o valor investido, R$ 100, mais os juros totais
recebidos, R$ 15,76.
Note que na capitalização composta, o valor dos juros recebidos no período é maior do
que o valor que obtivemos nos juros simples.
M = C . (1 + i)n
J=M–C
J = C . (1 + i)n - C
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Administração Financeira
J = C . [ (1 + i)n - 1]
Perceba que tanto no regime de juros simples como no regime de juros compostos, o
montante é dado pelo produto do capital pelo respectivo fator de acumulação.
C= M
(1+i)n
i = ( √( ))
𝑛 = 𝑙𝑛 (𝐹𝑉/𝑃𝑉)
ln(1 + 𝑖)
Segundo passo: vamos adaptar as contas para juros compostos, para isso aperte STO
EEX. Após apertar essas duas teclas, você pode verificar que vai aparecer um c no canto
direito do painel da calculadora.
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C = PV
M = FV
n=n
100 PV
5i
3n
FV
Note que o resultado que aparece é negativo (-115,76). Isso acontece porque a HP 12C
trabalha com o conceito de fluxo de caixa, ou seja, um dos dois (FV ou PV) deverá ser
negativo e o outro positivo. Este é um simples ponto de vista. Se você investiu $100, quer
dizer que saiu do seu bolso, o PV é negativo e quando receber de volta terá o FV positivo. O
contrário também é verdadeiro. Ao final, na hora de apresentar o resultado, ignore o sinal
negativo. Mas cuidado! Atente para esse conceito, quando precisar calcular a taxa de juros
ou o prazo. Um dos dois (PV ou FV) precisará ter o sinal trocado.
4 Como calcular
Para que esses conceitos fiquem mais claros, vamos resolver juntos alguns exercícios
que envolvem a capitalização simples e a capitalização composta.
Exemplo 1
Resolução:
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C = R$ 6.000,00
i = 8% aa = 0,08 aa.
n = 2 anos
J = C.i.n
J = R$ 6.000,00 x 0,08 x 2
J = R$ 960,00
M=C+J
M = R$ 6.000,00 + R$ 960,00
M = R$ 6.960,00
M = C (1 + i . n)
M = R$ 6.000,00 (1 + 0,08 x 2)
M = R$ 6.000,00 x 1,16
M = R$ 6.960,00
Exemplo 2
Um capital no valor de R$ 120,00, aplicado a juros simples a uma taxa de 3,6% a.m.,
atinge, em 20 dias, um montante de:
M = C (1+ i.n)
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Exemplo 3
C = 20.000
n = 12
i = 0,05
M=?
Exemplo 4
Em quanto tempo um capital, aplicado à taxa de 2,50% a.m., rende juros simples
equivalentes a 2/5 do seu valor?
Como não temos o capital, precisamos fixar o valor. Portanto, vamos adotar R$ 100,00,
de forma a facilitar nosso cálculo.
Se o capital é 100, o valor dos juros é igual a 100 X 2/5, ou seja, é igual a 40,00.
J = C.i.n
40 = 100.0,025.n
40= 2,5 n
Assim,
n = 40/2,5
n = 16 meses.
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Exemplo 5
Uma loja oferece um fogão por R$ 2.000,00 à vista ou 20% do valor à vista de entrada
e mais um pagamento de R$ 1.700,00 após 6 meses. A taxa de juros simples cobrada no
financiamento é igual a:
Vamos avaliar a situação. Onde está o capital e onde estão o montante e os juros?
Se a loja cobra 2.000 pelo fogão, presumimos que esse seja o capital, pois nas
aquisições à vista não há incidência de taxa de juros!
E o montante? Ora, se a loja cobra 20% do valor à vista mais 1.700 após 6 meses,
presumimos que há incidência de juros!
Temos que a parcela inicial equivale a R$ 400,00, ou 20% do valor total (R$ 2.000). Após
seis meses, a pessoa paga R$ 1.700.
Assim, o valor final que a pessoa irá pagar no valor do fogão é de R$ 2.100. Esse é o
montante!
Passamos os 2000 que estão multiplicando para o outro lado, desta vez dividindo...
2.100/2000 = (1 + i.6)
1,05 = 1 + i.6
1,05 – 1 = i.6
0,05 = i.6
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Exemplo 1
Resolução
Na HP
6000 PV
2n
8i
FV
- 6.998,40
Exemplo 2
i = i = ( √( ))
i = 0,06859 X 100
i = 6,86%
Na HP 12 C
170.000 CHS FV
100.000 PV
8N
6,86%
12
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Exemplo 3
Qual é o valor que devo aplicar hoje, a uma taxa de juros compostos de 3,50% a.m. e
capitalizados bimestralmente, para obter R$ 22.410,00 de juros ao final de 1 ano e 4 meses?
Note que o tempo é anual e a taxa de juros é mensal, assim precisamos transformar o
tempo em meses: 1 ano é igual a 12 meses. Nesse caso, ainda temos mais 4 meses. Assim,
n= 16 meses.
C= 22.410
(1+ 0,035)16
C = 12.923,98
Na HP 12 C
22410 FV
16 n
3,5 i
PV
12.923,98
Exemplo 4
Qual a quantia que deve ser aplicada a uma taxa de juros compostos de 2,50% ao mês,
capitalizadas mensalmente, para gerar o montante de R$ 13.257,10 ao final de 1,5 ano?
C=?
M = R$ 13.257,10
C = R$ 13.257,10
( 1 + 0,025)18
C = R$ 8.500,00
Na HP 12 C
13
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13.257 FV
2,5 i
18 n
PV
8.4999,94
Exemplo 5
Seu cunhado pega emprestado de você o valor de R$ 20.000, para pagar juros
compostos de 20% ao ano. Ele ficará com o dinheiro por um semestre. No meio do
caminho, ele decide repassar o recurso a juros simples, com a mesma taxa no mesmo
período. Quanto ele “perderá”?
Note que seu cunhado ganhou dinheiro. Sempre que o prazo de uma operação ficar
abaixo de 1, os juros simples renderão mais que os juros compostos.
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos as diferenças entre a capitalização simples e a capitalização
composta e como calcular as duas. Esse conhecimento é de extrema importância não só
para o administrador financeiro mas para qualquer cidadão que toma empréstimos ou
realiza operações de investimento.
14
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Administração Financeira
Referências
BRANCO, Anísio Costa Castelo. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage
Learning, 2005. E.book.
GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem
descomplicada. São Paulo: Pearson, 2006.
CASTANHEIRA, Nelson Pereira; MACEDO, Luis Roberto Dias de. Matemática financeira
Aplicada. São Paulo: Pearson, 2008.
15
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Aula 04
Taxas equivalentes, nominais e efetivas
Objetivos Específicos
• Saber como fazer conversão de taxas
Temas
Introdução
1 Taxas proporcionais
2 Taxas equivalentes
3 Taxas nominais e efetivas
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Até agora calculamos os exercícios fazendo a conversão do tempo para que fique na
mesma periodicidade da taxa. Neste capítulo veremos como converter as taxas em juros
simples e em juros compostos e as diferenças entre taxas nominais e efetivas. Tal
conhecimento é importante para que entendamos como funcionam algumas operações no
mercado financeiro e quais juros verdadeiramente incidirão sobre os empréstimos que
vamos obter.
1 Taxas proporcionais
As taxas proporcionais pertencem ao sistema de capitalização simples. São
denominadas, assim, duas ou mais taxas expressas em unidades de tempo diferentes, que
produzem uma mesma taxa, quando calculadas no mesmo período.
Como obter?
C . i1 . n = C . i2 . n
Exemplos
Da mesma forma...
2 Taxas equivalentes
As taxas equivalentes pertencem ao sistema de capitalização composta. São
denominadas assim duas ou mais taxas expressas em unidades de tempo diferentes, que
produzem uma mesma taxa, quando calculadas no mesmo período.
Como obter?
ou melhor
iq = (1+i)1/q - 1
Exemplos
im = (1 + ia)1/12 – 1
im = (1+0,12) 1/12 – 1
id = (1+ia)1/360 – 1
Como temos o ia e queremos saber o id, precisamos mexer nessa equação, que ficará
da seguinte forma:
ia = (1+id)360 -1
3
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Para entender melhor como obtemos o número que deve entrar como expoente,
precisamos ter em mente que:
1 dia = 1/30 meses = 1/60 bimestres = 1/90 trimestres = 1/120 quadrimestres = 1/180
semestres = 1/360 anos
1 mês = 1/12 anos = 1/6 semestres = 1/4 quadrimestres = 1/3 trimestres = 1/2
bimestres = 30 dias.
Portanto
Portanto
Portanto
Portanto
4
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Portanto
Portanto
Portanto
Portanto
Exemplo:
5
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ia = (1+im)12 -1
J=M–C
Primeiro dividimos a taxa nominal por 360 dias. Temos o resultado de 0,000278 ou
0,027778% ao dia.
ia = (1+id)360 -1
J=M–C
6
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Administração Financeira
J = 55.257,78 – 50.000
Pagarei 5.257,78
Primeiro dividimos a taxa nominal por 2 semestres. Temos o resultado de 15% ao semestre.
ia = (1+is)2 -1
J=M–C
7935-6000 =1935
3 – Qual será a taxa nominal de uma operação de duração de 1 ano, em que a pessoa
pegou emprestado o valor de R$ 8.000 e pagou um juros de R$ 800. (Considere
capitalização mensal.)
Primeiro, vamos encontrar a taxa efetiva desse empréstimo, através da fórmula dos
juros compostos.
Assim, temos:
i = ( √( ))
i = ( √( ))
7
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im = (1+ia)1/12 -1
im = (1+0,10)1/12 -1
A taxa nominal anual será a taxa mensal nominal multiplicada por 12 = 9,57% ao mês.
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos os conceitos e as diferenças das taxas proporcionais, taxas
equivalentes, taxas nominais e efetivas. Realizamos uma série de cálculos para entender
como chegamos aos resultados finais.
comparar taxas;
Referências
BRANCO, Anísio Costa Castelo. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage
Learning, 2005. E.book.
GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem
descomplicada. São Paulo: Pearson, 2006.
CASTANHEIRA, Nelson Pereira; MACEDO, Luis Roberto Dias de. Matemática financeira
Aplicada. São Paulo: Pearson, 2008.
8
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Aula 05
Descontos: comercial, bancário e racional
Objetivos Específicos
• Aprender a calcular na prática e entender quando vale a pena antecipar os
pagamentos ou obter crédito através das operações de descontos
Temas
Introdução
1 Desconto
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Quando uma empresa ou nós mesmos fazemos um financiamento de longo prazo,
muitas vezes conseguimos dinheiro o suficiente para pagar o valor do empréstimo restante
de uma vez só. Porém, se a instituição financeira não descontasse os juros que incidiria
sobre o valor, com certeza tal operação não valeria a pena. Assim, decidiríamos aplicar o
dinheiro disponível e pagar as prestações do empréstimo como acordado. Na prática, as
operações de antecipação de pagamentos devem vir com um desconto sobre o que seria
pago a prazo. Veremos como calcular esses descontos neste capítulo.
1 Desconto
A operação de desconto consiste em antecipar o recebimento que um credor teria no
futuro mediante a “retirada” dos juros relativos ao prazo da antecipação. As operações mais
comuns de desconto são aquelas em que as empresas se utilizam dos chamados títulos de
crédito para antecipar um recebimento futuro. Os títulos de crédito são instrumentos
financeiros usados para a formalização de dívidas pagas no futuro e formalizadas em prazo
previamente estipulado. Esses ativos financeiros, por serem endossáveis, possibilitam que os
credores possam vendê-los por um valor à vista menor que o recebimento futuro. Tal
operação é denominada de desconto de títulos.
1.1 Títulos
• Letra de câmbio
• Fatura
• Duplicata
• Nota promissória
• Debêntures
Por exemplo, uma empresa recebeu uma duplicata de seu cliente no valor de R$ 5.000
para dois meses. Essa empresa pode ir ao banco trocar a duplicata e receber um valor hoje,
menor que os R$ 5.000 a receber. A diferença é relativa aos juros cobrados pelo banco.
O valor pago pelo banco na data do desconto é chamado de VALOR ATUAL (Va) ou
VALOR DESCONTADO, resultado do VALOR NOMINAL (N), ou VALOR DE FACE ou VALOR
FUTURO (VF) menos o DESCONTO (D), ou seja:
Va = N - D
2
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As formas mais usuais de desconto são o desconto bancário ou comercial simples (por
fora) e o desconto racional simples (por dentro). Também existem os descontos compostos:
desconto bancário composto (não utilizado no Brasil) e desconto racional composto
(utilizado nas operações financeiras de longo prazo). Vejamos as diferenças:
É amplamente adotado no Brasil. Nessa operação temos os juros que seriam produzidos
pelo VALOR NOMINAL (N) se ele fosse aplicado pelo prazo de antecipação, à taxa de
desconto dada. Portanto, considerando que o VALOR NOMINAL é o CAPITAL que produzirá
os juros, obtemos as seguintes fórmulas:
M = N (1 + i . n)
D=N.i.n
O Valor Atual, ou seja, o valor recebido pelo comerciante ao descontar a duplicada será
igual a:
Va = N – D,
Va = N – N . i , n
Va = N (1 – i . n)
Nomenclatura utilizada
Exemplo1:
Um comerciante possui uma nota promissória com valor nominal de R$ 440,00 que
vencerá em 2 meses. Entretanto, como ele necessita de recursos imediatamente, decide
antecipá-la em um banco. O valor que o comerciante receberá será igual ao VALOR ATUAL
(Va) da nota promissória. Considerando que a taxa de juros adotada pelo banco seja de 5%
a.m., temos que:
M = N (1 + i . n)
M = R$ 440,00 (1 + 0,05 x 2)
M = R$ 440,00 x 1,10
M = R$ 484,00
Va = N (1 – i . n)
Va = R$ 440,00 (1 – 0,05 x 2)
Va = R$ 440,00 x 0,90
Va = R$ 396,00
Exemplo 2
M = N (1 + i . n)
4
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M = 5.000 (1 + 0,09.2)
M = 5.900
N = Va (1 + i . n)
Va = N
(1 + i . n)
D = N – Va
Exemplo 1
Um comerciante possui uma nota promissória com valor nominal de R$ 440,00 que
vencerá em 2 meses. Entretanto, como ele necessita de recursos imediatamente, decide
antecipá-la em um banco. O valor que o comerciante receberá será igual ao VALOR ATUAL
(Va) da nota promissória. Considerando que a taxa de juros adotada pelo banco seja de 5%
a.m., temos que:
5
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Administração Financeira
N = R$ 440,00
I = 5% AM.
n = 2 meses
Va = N
(1 + i . n)
Va = 440,00
(1 + 0,05 x 2)
Va = 440,00
1,10
Va = R$ 400,00
D = N – Va
D = R$ 440,00 – R$ 400,00
D = R$ 40,00
Exemplo 2
Va = N
(1 + i . n)
Va = 5000
(1 + 0,09 . 2)
Va = 4,237,29
D = N – Va
D = R$ 5.000 – R$ 4237 = 762,71
D = R$ 40,00
6
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1.4 Diferenças
O desconto é a diferença entre o valor futuro de um título e o seu valor atual, calculado
com base no regime de capitalização composta, como segue:
D = N – Va = N – N
(1+i) n
ou
D = N (1+i) n - 1
(1+i) n
Exemplo 1
Um comerciante possui uma nota promissória com valor nominal de R$ 440,00 que
vencerá em 2 meses. Entretanto, como ele necessita de recursos imediatamente, decide
antecipá-la em um banco. O valor que o comerciante receberá será igual ao VALOR ATUAL
(Va) da nota promissória. Considerando que a taxa de juros adotada pelo banco seja de 5%
a.m. e admitindo um desconto racional composto, temos que:
D = 440 (1+0,05) 2 - 1
(1+0,05) 2
D = 440 0,10
1,10
7
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D = 39,90
VA = 440 – 39,91 = 400,09
Como esse tipo de desconto não é utilizado no Brasil, não vamos nos concentrar no
cálculo dessa operação.
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos como calcular descontos e operações financeiras de
antecipação de recebíveis. Após a leitura deste capítulo você será capaz de calcular:
Referências
BRANCO, A. C. C. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005.
E.book.
8
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Aula 06
Séries de pagamentos
Objetivos Específicos
• Entender o que é e como calcular as séries uniformes de pagamentos
Temas
Introdução
1 Séries uniformes de pagamento
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Neste capítulo você aprenderá a calcular algo presente em toda a vida. Quem nunca
financiou um eletrodoméstico ou algo similar em algumas prestações? Já parou para
verificar o valor dos juros pagos? Vamos estudar agora como calcular as prestações em
séries uniformes de pagamento. Saber isso é muito importante para você, que passará a
pensar duas vezes antes de comprar a prazo. Além do mais, poderá comparar os juros entre
os estabelecimentos comerciais e tomar a melhor decisão.
1.1.1 Antecipadas
P ou C PMT ou R
2
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1.1.2 Postecipadas
tamanho da seta) é igual para todos os períodos. A última prestação será paga no momento
n, que dependerá do número de vezes em que o empréstimo for acordado. A soma de todas
nos dá o valor total a ser pago.
• Nomenclatura utilizada
i = taxa de juros;
C = PMT (1+i)n -1
(1+i)n-1 .i
Prestação (PMT ou R)
PMT = PV (1+i)n-1 .i
(1+i)n -1
ou
PMT = M i 1
(1+i)n -1 (1+i)
4
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Administração Financeira
1.1.4 Na HP 12 C
Onde:
i = taxa de juros;
Observação: se estivermos procurando o valor inicial ou o valor final, não esqueça que
o valor da PMT deve entrar como negativo. Use a tecla CHS.
Exercícios resolvidos
1 - Um fogão é oferecido na loja por quatro pagamentos iguais, com entrada, no valor
de R$ 185,00. Sabendo-se que a taxa cobrada pelo estabelecimento comercial corresponde a
5% ao mês, qual o valor à vista dessa mercadoria?
o prazo é de 4 meses – n = 4
5
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Assim....
C = PMT (1+i)n -1
(1+i)n-1 .i
C = 185 (1+0,05)4 - 1
(1+0,05)4-1 .0,05
C = 185 0,21551
0,05788
C = 688,80
Na HP 12C
Limpe a memória
F CLX
5i
4n
PV
2- Uma geladeira no valor de R$ 2.350 pode ser financiada em 12 meses com entrada.
A taxa de juros do financiamento é de 1% ao mês. Qual o valor da prestação? Qual o valor
final pago?
6
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PMT = PV (1+i)n-1 .i
(1+i)n -1
PMT = 206,73
Na HP 12 C
f CLX
2.350 PV
12 n
1i
PMT
M = 206,73 0,1281
0,01
M = 2.648,07
Na HP 12 C
12 n
7
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1i
FV
FV = 2.648,07
Prestação (PMT ou R)
PMT = P (1+i)n .i
(1+i)n -1
ou
PMT = M i
(1+i)n -1
M = PMT (1+i)n -1
i
1.2.1 Na HP 12 C
8
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Exercícios resolvidos
1 - Um fogão é oferecido na loja por quatro pagamentos iguais, sem entrada, no valor
de R$ 185,00. Sabendo-se que a taxa cobrada pelo estabelecimento comercial corresponde a
5% ao mês, qual o valor à vista dessa mercadoria?
P = PMT (1+i)n -1
(1+i)n.i
o prazo é de 4 meses – n = 4
Aplicando a fórmula....
P = 185 (1+0,05)4 -1
(1+0,05)4.0,05
P = 185 0,2155506
0,06077
P = 656,00
Na HP 12C
5i
4n
PV
9
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Note que o valor inicial neste exercício é menor, pois, quando não há entrada, os juros
incidentes sobre o pagamento das prestações são maiores.
2- Uma geladeira no valor de R$ 2.350 pode ser financiada em 12 meses sem entrada. A
taxa de juros do financiamento é de 1% ao mês. Qual o valor da prestação? Qual o valor final
pago?
PMT = P (1+i)n .i
(1+i)n -1
PMT = 208,79
Na HP 12C
2350 CHS PV
1i
12n
PMT
PMT= 208,79
Note que o valor das prestações será maior, pois, quando não há entrada, os juros
incidentes sobre o pagamento das prestações são maiores.
10
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M = PMT (1+i)n -1
i
M = 2.648,98
Na HP 12 C
12 n
1i
FV
FV = 2.648,98
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos como calcular séries uniformes de pagamentos antecipadas
e postecipadas. Vimos as diferenças entre as duas modalidades de pagamentos e como
podemos obter os valores das prestações a serem pagas a partir dos dados oferecidos, juros,
prazo e valor à vista. Com esse conhecimento você pode chegar a algumas conclusões sobre
como gerenciar melhor seus pagamentos. Será que é válido dar entrada ou não? Quanto isso
vai impactar no seu fluxo de caixa? Quanto irá aumentar o valor do produto adquirido.
Referências
BRANCO, A. C. C. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005.
E.book.
11
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12
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Aula 07
Séries não uniformes de pagamento
Objetivos Específicos
• Entender o que é e como calcular as séries não uniformes de pagamentos
Temas
Introdução
1 Séries não uniformes de pagamento
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Nem sempre a série de pagamentos é uniforme. Muitas vezes, podemos pagar uma
parcela maior na entrada, ou uma parcela maior durante o fluxo de pagamentos. Também
podemos negociar com o credor para que os intervalos sejam maiores – intervalos
irregulares. Neste capítulo iremos aprender como se calcula esse tipo de série de
pagamentos.
Nas séries não uniformes de pagamentos, a sucessão de prestações, que podem ser
representadas por R ou PMT, nem sempre são do mesmo valor, nem sempre são liquidadas
em intervalos iguais. Esse tipo de operação é mais raro no mercado e depende da
negociação feita entre as duas partes. No entanto, às vezes nos deparamos com propostas
como comprar um bem com entrada maior, depois pagamentos mensais iguais até o sexto
mês, quando o valor aumenta.
O fluxo de caixa de pagamentos de uma série não uniforme pode ser demonstrado assim:
P ou C PMT ou R
2
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Administração Financeira
Nomenclatura utilizada
i = taxa de juros;
Precisamos calcular o valor equivalente de cada parcela dada, de acordo com o tempo e a
incidência de taxa de juros. Tal cálculo é realizado com a aplicação da fórmula dos juros
compostos em cada parcela. No entanto, há uma observação, quando elevamos a parcela, o
indicador equivale a n-t, sendo n o número total de parcelas e t a parcela que queremos calcular.
Na prática, esse cálculo é mais simples do que em palavras. Vejamos um exemplo sobre
como calculamos o montante.
Tempo (meses) 1 3 5 8 10
Valor ($ mil) 5 10 3 20 60
3
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Administração Financeira
Usando a fórmula
PMT = (1+i)n-t
O valor total a receber, portanto, será a soma das parcelas com a incidência de juros
proporcional ao tempo de cada uma. Assim, temos que o valor equivalente no décimo
período é igual a PMT1 + PMT3 + PMT5 + PMT8 + PMT10 = 99.744,80.
As séries não uniformes de pagamento devem ser vistas a partir do conceito de fluxos
de caixa. Ao sabermos o valor das prestações a serem pagas em cada período, podemos
trazê-las a valor presente e ver quanto pagaríamos se fôssemos adquirir o bem à vista. Dessa
forma, poderemos saber quanto pagamos de juros durante o processo.
Tempo (meses) 1 ao 5 6 7 ao 11 12
Valor ($ mil) 10 30 15 50
Para sabermos quanto pagaríamos pelo imóvel à vista, precisamos trazer todos os
pagamentos para o valor presente, ou seja, descobrir o valor na data zero de cada parcela. Isso
significa descontar os juros em cada uma. Usaremos a fórmula do capital nos juros compostos.
C= M
(1+i)n
4
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Administração Financeira
Vamos usar uma nomenclatura diferente para essa fórmula, onde o capital passará a se
chamar PV (present value) e o montante será renomeado para valor final (FV). Desta forma:
PV = FV
(1+i)n
Agora aplicaremos essa fórmula para cada parcela. As primeiras cinco são dadas assim...
1ª Parcela
PV1 = 10.000
(1+0,01)1
PV1 = 9.900,99
2ª Parcela
PV2 = 10.000
(1+0,01)2
PV2 = 9.802,96
3ª Parcela
PV3 = 10.000
(1+0,01)3
PV3 = 9.705,90
4ª Parcela
PV4 = 10.000
(1+0,01)4
PV4 = 9.609,80
5ª Parcela
PV5 = 10.000
(1+0,01)5
PV5 = 9.514,66
5
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10.000 PMT
5n
1i
PV
48.534,31
Assim...
6ª Parcela
PV6 = 30.000
(1+0,01)6
PV6 = 28.261,36
Após a sexta parcela, o fluxo de pagamentos passa a ser regular, em cinco vezes de R$
15.000. No entanto, a primeira parcela é descontada por (1+i)7 e assim por diante. Dessa
forma, precisamos calcular uma a uma...
7ª Parcela
PV7 = 15.000
(1+0,01)7
PV7 = 13.990.77
8ª Parcela
PV8 = 15.000
(1+0,01)8
PV8 = 13.852,25
6
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Administração Financeira
9ª Parcela
PV9 = 15.000
(1+0,01)9
PV9 = 13.715,10
10ª Parcela
PV10 = 15.000
(1+0,01)10
PV10 = 13.579,30
11ª Parcela
PV11 = 15.000
(1+0,01)11
PV 11 = 13.444,86
Total 7 a 11 = 68.582.28
Por último, o comprador paga R$ 50.000. Vamos trazer a última parcela a valor presente.
12ª Parcela
PV12 = 50.000
(1+0,01)12
PV6 = 44.372,46
Somando todos os valores que obtivemos, temos quanto custa o imóvel à vista:
7
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Administração Financeira
Tempo (meses) 1 ao 5 6 7 ao 11 12
Valor ($ mil) 10 30 15 50
10.000 g CFJ
5 G NJ (o valor repete 5 vezes)
30.000 g CFJ
15.000 g CFJ
5 G NJ
50.000 g CFJ
1i
FNPV
189.750
Note que há uma pequena diferença de centavos. Isso ocorre porque, ao longo dos
nossos cálculos anteriores, fizemos uma série de arredondamentos.
Vamos fazer outro exercício com prazo menor e desembolsos mais erráticos?
8
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Administração Financeira
Suponha que seu cunhado lhe ofereceu seu Fiat 147, ano 86, que deve ser pago em
cinco meses, da seguinte forma.
O valor total a prazo, com taxa de juros de 2% ao mês é de R$ 3.700. Sabendo que o Fiat
147 vale no mercado R$ 3.100, seu cunhado está oferecendo um bom negócio?
Para sabermos responder se o cunhado quer dar “calote” ou não, precisamos trazer
todas as prestações a valor presente.
1ª Parcela
PV1 = 500
(1+0,02)1
PV1 = 490,20
2ª Parcela
Não existe
3ª Parcela
PV3 = 2.500
(1+0,02)3
PV3 = 2.355,81
4ª Parcela
PV4 = 200
(1+0,02)4
PV4 = 184,77
9
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O valor que você pagará à vista, ou seja, trazendo todas as prestações a valor presente
será de R$ 3.030,78. Seu cunhado ofereceu o carro por um bom preço! Mas pense na conta
do mecânico se decidir adquirir!
500 G CFJ
0 G CFJ
2500 G CFJ
200 G CFJ
2i
F NPV
3.030,77
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos como calcular séries não uniformes de pagamentos e de
recebimentos. Vimos como utilizar o conceito de fluxo de caixa da HP 12 C para facilitar
nossos cálculos e descobrirmos o valor à vista de um bem. Também vimos como calcular o
valor futuro de uma série de investimentos não uniformes.
Referências
BRANCO, A. C. C. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005.
E.book.
10
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Administração Financeira
Aula 08
Sistemas de amortização
Objetivos Específicos
• Entender o que é e como calcular os sistemas de amortização
Temas
Introdução
1 Sistemas de amortização
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Depois de aprender a calcular a capitalização simples e composta e converter as taxas
para o tempo especificado, vamos estudar como calcular as prestações em financiamentos e
as taxas de juros incidentes nos financiamentos. Vamos aprender as diferenças entre os
tipos de amortização, de forma a avaliar qual a melhor opção na hora de adquirir um bem.
Tal conhecimento é importante tanto no exercício da função do administrador financeiro
quanto na vida pessoal. Diante dessa realidade, passaremos a estudar agora os diferentes
sistemas de amortização.
1 Sistemas de amortização
Podemos definir uma “série de pagamentos” ou “rendas certas” como a realização de
pagamentos ou recebimentos feitos ao longo do tempo. Se a série se refere ao pagamento
de uma dívida, dividida (parcelada) por determinado tempo, denominamos o processo de
sistema de amortização. Caso a série seja referente a um investimento, é chamada de
sistema de capitalização.
1.1 Classificação
2
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Quanto ao período:
Quanto ao prazo:
Quanto ao vencimento:
• DIFERIDA – quando os termos forem exigidos a partir de outro período que não
seja o primeiro, ou seja, existirá um intervalo de tempo em que não ocorre o
pagamento ou recebimento. Esse intervalo de tempo é chamado de CARÊNCIA.
Exemplo:
3
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4
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Se a taxa for de 12% ao ano, se tornará 1% ao mês. Caso seja de 36% ao ano, será de 3%
ao mês e assim sucessivamente.
Esta é a grande diferença do sistema Price para o chamado sistema francês. Enquanto,
na tabela Price, temos a taxa nominal anual e precisamos convertê-la para efetiva mensal,
no sistema francês, a taxa anual é efetiva e deve ser convertida para anual. Confira no
exemplo.
Se a taxa for de 24% ao ano no sistema francês, será igual a 1,808% ao mês. Fazemos a
conversão pelo regime de equivalência, visto no capítulo anterior.
O sistema francês e o Price têm essa única diferença. O princípio de cálculo dos dois é
muito similar. Sua principal característica é de que a prestação é igual em todos os meses e é
dada pela seguinte fórmula:
Onde:
PMT é a prestação;
P é o valor do empréstimo (principal);
i = é a taxa de juros;
n = número de prestações.
Exercício:
Um banco financia um principal de R$ 200.000,00 para uma empresa que irá adquirir
novo maquinário. O empréstimo deverá ser pago mediante prestações mensais iguais e
postecipadas (sistema Price), no prazo de 1 ano a uma taxa de juros de 12% ao ano. Pede-se
o valor da parcela e a montagem da tabela Price.
Primeiro vejamos a taxa de juros. O valor dado é de 12% ao ano. Para obtermos a
efetiva mensal, devemos dividir 12% por 12. Assim, a taxa utilizada é de 1% ao mês.
5
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Saldo Final –
Saldo Juros (saldo Amortização –
Mês Prestação saldo inicial –
inicial inicial X i) prestação – juros
amortização
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Conforme fica evidente no exemplo calculado, as prestações da tabela Price são iguais,
periódicas e sucessivas. Os juros a serem pagos reduzem diminuindo ao longo das
prestações e a amortização do empréstimo aumenta.
Podemos obter o total dos juros pagos somando os valores da coluna. Assim, o valor é
de R$ 13.237,08. O total pago pelo empréstimo foi de R$ 200.000 + R$ 13.237,08 = R$
213.237,08. Também podemos calcular, multiplicando o valor da prestação por 12: R$
213.237,12.
Exemplos
Da mesma forma:
Exercício:
Um banco financia um principal de R$ 200.000,00 para uma empresa que irá adquirir
novo maquinário. O empréstimo deverá ser pago mediante prestações mensais iguais e
postecipadas (sistema Price), no prazo de 1 ano a uma taxa de juros de 12% ao ano. Pede-se
o valor da parcela e a montagem do SAC.
Primeiro vejamos a taxa de juros. O valor dado é de 12% ao ano. Para obtermos a
efetiva mensal, devemos dividir 12% por 12. Assim, a taxa utilizada é de 1% ao mês.
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Podemos obter o total dos juros pagos somando os valores da coluna. Assim, o valor é
de R$ 13.000. O total pago pelo empréstimo foi de R$ 200.000 + R$ 13.000 = R$ 213.000.
Também podemos calcular, somando as prestações: R$ 213.000.
Podemos perceber por esses dois exemplos que o valor dos juros pagos em
empréstimos que utilizam a tabela SAC é menor do que o valor dos juros na tabela Price.
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos os conceitos e diferenças dos principais sistemas de
amortização utilizados pelos bancos e financeiras brasileiros: SAC e Price. Também
calculamos o valor da prestação, amortização e vimos o valor dos juros pagos em cada
sistema. Percebemos que o SAC é mais favorável para o credor, pois, ao pegar esse tipo de
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financiamento, acaba por pagar um valor de juros menor que no sistema Price. O SAC
também é mais indicado, pois suas prestações são decrescentes.
Referências
BRANCO, A. C. C. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005.
E.book.
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Aula 09
Planejamento e orçamento de caixa
Objetivos Específicos
• Aprender a melhor gerenciar o caixa e tomar decisões de curto prazo
Temas
Introdução
1 Fluxo de caixa e capital de giro
2 Conceitos importantes
3 Visão integrada do fluxo de caixa
4 Modelos de administração de caixa
5 Modelos de administração de estoques
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
O planejamento do caixa de uma empresa é a principal forma de se controlar as contas
da empresa (recebimentos e pagamentos), além de ser essencial para orientar as decisões
do gestor quanto à tomada de financiamentos e realização de investimentos. As informações
que o planejamento do caixa proporciona são úteis para que os gestores avaliem a
capacidade da empresa em gerar caixa e valores equivalentes ao caixa e às necessidades da
mesma para utilizar esses fluxos.
Além disso, o fluxo de caixa propicia aos analistas financeiros uma fonte segura para
melhor elaborar seus planejamentos financeiros, como também serve a outros usuários a
forma com que a empresa gerou o caixa, ou até mesmo como utilizou os recursos e valores
equivalentes ao caixa. A empresa, quando utiliza essa demonstração com as demais, supre
de forma completa os usuários e, principalmente, os habilitam à avaliação nas mudanças de
ativos líquidos de uma empresa e sua estrutura financeira, que podem ser exemplificadas
nas questões de liquidez e solvência. Enfim, planejar o fluxo de caixa proporciona aos
gestores da empresa a adaptação às circunstâncias e às oportunidades de negócios.
Para entender fluxo de caixa, vamos retormar o conceito de capital de giro, destacado
no capítulo anterior. Como percebemos, o capital de giro é conhecido também como capital
circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam
dentro do ciclo operacional. Em suma: o capital de giro fica “girando” dentro da empresa se
transforma, produz reflexo na contabilidade até virar novamente em dinheiro. A cada
transformação do capital deve ocorrer um acréscimo de valor (geração de valor do negócio).
Dessa forma, o capital final será bem maior que o inicial.
Exemplo:
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Fase 1: o capital tem valor de $200 e está representado pela conta caixa,
transforma-se em estoque de matérias-primas, que vai para a fase 2.
2 Conceitos importantes
Os termos que são utilizados nesta demonstração têm o seguinte significado:
Equivalente à caixa: são investimentos de curto prazo, de alta liquidez, que são
prontamente conversíveis em valores conhecidos de caixa e que estão sujeitos a um
insignificante risco de mudança de valor;
3
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excesso de imobilização;
aumento da inadimplência;
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Uma das finalidades da gestão de caixa é manter o saldo mínimo de recursos, de forma
que possam ser utilizados imediatamente em função da incerteza associada aos fluxos dos
recebimentos e pagamentos.
3.4.1 Para manter adequado o saldo de caixa, as empresas precisam atender estas
necessidades:
O simples aumento no saldo de caixa não significa que as atividades operacionais estão
gerando caixa. Para saber se há geração de caixa é preciso verificar o fluxo de caixa. Por
exemplo, se uma companhia tem um aumento de caixa no valor de $700 mil, por meio de
$200 mil gerados pelas operações e $500 mil gerados pelos empréstimos, é preciso
considerar que estes $500 mil não lhe pertencem, já que deverão ser devolvidos em algum
momento. Assim, o caixa operacional efetivamente gerado é de $200 mil. Se no período a
companhia gerar um lucro de $400 mil, este valor será refletido somente no patrimônio
líquido. A diferença entre o lucro e o caixa gerados está relacionada à defasagem entre o
ciclo financeiro e o ciclo econômico. As empresas devem gerar caixa operacional ao longo do
tempo, para que não haja a descapitalização.
O esforço de redução do ciclo financeiro deve ser feito por todas as áreas da empresa
(políticas eficientes de crédito, descontos financeiros, compras, etc.).
Modelo de Baumol
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O modelo de Merton Miller e Daniel Orr é baseado na otimização que considera que as
entradas e saídas de caixa oscilam aleatória e diariamente. É um modelo probabilístico que
considera a aleatoriedade do comportamento de caixa como uma distribuição normal, bem
como demonstra a versão ou propensão ao risco dos gestores, resultando em um modelo
mais adequado à realidade do caixa.
Características do modelo:
O limite inferior é determinado pela gestão, não sendo calculado pelo modelo,
ou seja, o saldo de caixa deve oscilar entre um valor mínimo, definido pela
empresa e um valor máximo, a ser determinado pelo modelo.
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Quando o saldo subir acima do máximo, a empresa pode e deve aplicar recursos
de modo a voltar ao "ponto de retorno“ e ter um ganho financeiro pela
aplicação.
custos de pedidos – são compostos pelos custos fixos administrativos para emitir
e receber um pedido, como o processamento de requisição interna de compras,
pesquisas de tecnologia, cotação, inspeção de materiais, etc.
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Uma empresa que usa o sistema ABC de estoques divide-os em três grupos: A, B e C.
O grupo ao qual pertence certo item determina o grau de monitoramento que será
aplicado. Os itens do grupo A recebem um monitoramento mais intenso, por causa do
elevado valor neles aplicado; costumam ser acompanhado com um sistema perpétuo que
permite a verificação diária do nível de cada item em estoque. Os itens do grupo B são
frequentemente controlados com uma verificação periódica, às vezes semanal, de seus
níveis em estoque. Os itens do grupo C são monitorados com técnicas pouco sofisticadas,
como a de duas gavetas. No método das duas gavetas, cada item é colocado em duas
gavetas e quando uma unidade é exigida, ela é retirada da primeira gaveta; quando essa
gaveta fica vazia, ela é reabastecida e as unidades continuam a ser retirada da segunda
gaveta; a segunda gaveta é então usada até ficar vazia, e assim por diante.
Considerações finais
Nesse capítulo aprendemos sobre a importância do fluxo de caixa para a solvência das
empresas. Entendemos quais as principais variáveis que influenciam o caixa da empresa e
como o gestor financeiro pode monitorá-las. Também destacamos os mais importantes
modelos de administração do fluxo de caixa, que buscam minimizar os custos para as
empresas, e de gestão de estoques, os quais têm grande influência nas contas das empresas.
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Referências
GITMAN, L.J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson, 2005.
PADOVEZE, C.L. Introdução à administração financeira. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
11
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Administração Financeira
Aula 10
Decisões de investimento
Objetivos Específicos
• Entender quais os princípios envolvidos para decidir qual o melhor investimento
Temas
Introdução
1 Decisão de investimento
2 Métodos de avaliação de decisão de investimento
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Para crescer e gerar valor aos seus acionistas, as empresas precisam avaliar bem suas
decisões de investimento. Existem importantes indicadores que servem de parâmetros para
que o gestor tome suas decisões: se realmente vale investir em determinado negócio ou
não. As decisões de investimento envolvem coleta de dados relevantes, avaliação e escolha
de propostas de desembolso de capital, efetuadas com o objetivo de gerar resultados
positivos aos proprietários dos recursos a longo prazo. Esse processo de tomada de decisão
de investimento está relacionado com todos os desembolsos não ligados à operação da
empresa. Pode-se citar, como exemplo, a aquisição de novas máquinas ou instalações para a
ampliação da produção, lançamento de novos produtos, substituição de ativos, pesquisa de
novos produtos, etc. Vamos avaliar nesse capítulo alguns desses e entender como o gestor
deverá decidir aplicar ou não os recursos da empresa.
1 Decisão de investimento
Decisão de investimento de capital – é o processo decisório no qual os administradores
se envolvem para identificar os projetos que agregam valor à empresa. Pode ser assim
definida como o processo global de analisar projetos e decidir qual(is) deverá(ão) ser
aprovado(s).
2
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Avaliação financeira;
Avaliação financeira
Por último, as propostas aprovadas são postas em prática. Após todo o processo, os
projetos são auditados regularmente. O monitoramento dos projetos deve indicar os desvios
em relação às projeções efetuadas.
3
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IL - Índice de Lucratividade.
A criação de valor.
O VPL é a diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa – FCs –,
previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do
investimento ou desembolso inicial. Esse é o método mais conhecido de avaliação e um dos
mais utilizados devido às suas propriedades.
Como os fluxos de caixa de uma proposta de investimento são projetados para ocorrer
ao longo de vários períodos, é necessário considerar a época de ocorrência dos fluxos de
caixa esperados. Logo, os fluxos de caixa não podem, simplesmente, ser somados. Para levar
em consideração o valor dos recebimentos ao longo do tempo precisamos descontar os
fluxos de caixa futuro pela taxa de desconto, dada pelo custo de oportunidade de investir no
projeto, em vez de fazer um investimento livre de risco. Essa taxa, em geral, é dada pela taxa
básica de juros da economia. Tal operação consiste em trazer os fluxos de caixa futuro a
valor presente.
VP – o valor presente dos fluxos de caixa esperados de um projeto, descontado sua taxa
de custo de capital, é uma estimativa do valor pelo qual o projeto pode ser vendido no
mercado.
4
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Exemplo:
Um investidor desavisado pode achar que as opções são equivalentes, pois requerem
iguais investimentos, prazos, taxas de desconto e fluxos de caixa, exceto pela inversão na
ordem das entradas.
Vamos calcular o VPL. Primeiro trazemos os fluxos de caixa a valor presente. Lembre-se
da fórmula do valor presente:
VP = VF
(1+ i )n
Onde
VP = Valor Presente
i = taxa de desconto
Assim...
Opção A
1º período
VP = 800
(1+ 0,10 )1
VP = 727,27
2º período
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Administração Financeira
VP = 500
(1+ 0,10 )2
VP = 413,22
3º período
VP = 300
(1+ 0,10 )3
VP = 225,39
VPL = 1.365,88 – 1.000 = 365,88. O VPL do projeto R$365,88, com investimento inicial
de R$ 1.000.00. Isso quer dizer que o projeto é viável e tem o retorno do investimento em
mais um ganho real de R$ 365,88.
Opção B
1º período
VP = 300
(1+ 0,10 )1
VP = 272,73
2º período
VP = 500
(1+ 0,10 )2
VP = 413,22
3º período
VP = 800
(1+ 0,10 )3
VP = 601,05
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Administração Financeira
Um investidor mais atento não tem dúvidas em selecionar a opção A, pois esta promete
retornar o investimento muito mais rapidamente do que a opção B.
Na HP 12 C
800 G CFJ
500 G CFJ
300 G CFJ
10 i
f NPV
Quanto maior é o risco atribuído aos fluxos de caixa esperados, mais alto é o custo de
oportunidade suportado – e requerido – pelos investidores.
7
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Criação de valor
Diferenciar projetos, com base na criação de valor, pode definir o investimento que
aumenta o valor de mercado da empresa para os acionistas. A escolha do investimento é
que possibilita a criação de valor.
O VPL não pode ser aplicado, de forma padrão, em todas as situações. Por ser um
critério baseado apenas nas informações disponíveis no momento em que as estimativas são
feitas, o VPL ignora as oportunidades de mudanças no projeto, a serem feitas à medida que
o tempo passa e que mais dados ficam disponíveis. O VPL é estimado a partir dos fluxos de
caixa esperados do projeto, descontada a taxa de custo de capital, que corresponde ao risco
do projeto. As estimativas tanto dos fluxos de caixa quanto do custo de capital dependem
das informações disponíveis no momento do cálculo do VPL. Dois projetos podem
apresentar o mesmo VPL, mas terem flexibilidades diferentes em relação ao ajuste a novas
circunstâncias.
2.2 Payback
Payback simples;
Payback descontado.
Payback Simples
8
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Aplicando esse conceito ao projeto A, verificamos que são necessários três anos
completos para que os fluxos de caixa empatem com o valor do investimento inicial.
Investimento A B C D E F
Payback 3,0 3,0 4,0 4,0 3,07 3,07
Nos casos dos projetos E e F, é necessário calcular uma fração de ano para completar o
período de payback, ou seja:
Total 3,07
9
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Em relação à criação de valor, pelo fato de não considerar nem a época nem o risco dos
fluxos de caixa, este critério não pode ser contemplado pelo período de payback simples.
Além disso, a escolha de um período de corte é arbitrária, nada garante que essa escolha
leve à maximização da riqueza dos acionistas.
Vantagens do PPS
Payback descontado
10
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O valor descontado em três anos será de R$ 434,32 mil. Portanto, a empresa paga o
investimento em quatro anos, quando o valor descontado recebido soma R$ 503 mil.
Por trazer os valores dos fluxos de caixa a valor presente, o período payback
descontado leva em conta a época de ocorrência desses eventos. No entanto, o payback
descontado não capta os fluxos de caixa que ocorrem após o período de cálculo ou após o
período de corte. Logo, mesmo que o projeto A apresentasse um fluxo de caixa duas vezes
maior no quinto ano, seu PPD continuaria sendo o mesmo. PPD só considera o risco do
projeto até o ponto em que o retorno foi obtido. Os fluxos de caixa posteriores permanecem
ignorados. Nem sempre o método do período de payback descontado seleciona os projetos
que maximizam a riqueza dos proprietários. O período de corte continua sendo uma escolha
arbitrária.
A taxa interna de retorno – TIR – de um projeto é a taxa de desconto que torna seu VPL
igual a zero.
Por ser a taxa que iguala as entradas de caixa com o investimento inicial, a TIR expressa
a rentabilidade do projeto.
Não há fórmula de calculo: sua fórmula de cálculo só é possível por tentativa e erro, por
isso a importância de recorrermos ao auxílio de uma calculadora financeira ou de uma
planilha eletrônica como o Excel, por exemplo.
11
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fCLx
500 CHS g CF0
300 gCFj
150 gCFj
50 gCFj
100 gCFj
Investimento A B C D E F
TIR 19,1% 13,9% 7,9% 7,9% 18,9% 28,6%
Critério de decisão
Um projeto deve ser aprovado se sua TIR for maior que o custo de capital;
A proposta A tem uma TIR de 19%, bem superior ao custo de oportunidade do capital
de 10%.
Vantagens da TIR
Em relação à criação de valor, a TIR de um projeto é calculada fixando-se seu VPL em zero.
12
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Limitações da TIR
A TIR também pode causar problemas, quando a sequência dos fluxos de caixa se afasta
do modelo convencional de uma saída e várias entradas.
Investimento A B C D E F
IL 1,19 1,11 1,08 0,95 1,24 1,64
Critério de decisão do IL
De acordo com esse critério, apenas o projeto D deve ser rejeitado, pois resulta em IL < 1.
13
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a. Vantagens do IL
O IL considera o risco do projeto, pois usa o custo de capital como taxa de desconto.
Considerações finais
Nesse capítulo aprendemos os principais métodos para avaliar as propostas de
investimento, suas vantagens e desvantagens como critério de decisão dos acionistas.
Referências
GITMAN, L.J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson, 2005.
PADOVEZE, C.L. Introdução à administração financeira. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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Aula 11
Administração do capital de giro e disponibilidades
Objetivos Específicos
• Entender a importância do controle e gestão do capital de giro para a
longevidade da empresa
Temas
Introdução
1 Caixa e necessidade de capital de giro
2 Capital circulante líquido (capital de giro)
3 Estrutura analítica do capital de giro (CDG)
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
As empresas precisam estar atentas a pelo menos um fato: como administrar seu
capital de giro. Desde o início deste curso tenho destacado a importância do capital de giro e
as implicações da má gestão de capital que levam à falência da empresa. Se não conseguir
honrar com seus compromissos e necessitar de aportes de capital de curto prazo, a empresa
acaba sendo forçada a fechar as portas. Assim, não basta apenas ser bom naquilo que faz, é
essencial ter controle tanto dos gastos quanto dos recebimentos. O lucro é importante,
claro, mas ter dinheiro para pagar seus prestadores de serviços, fornecedores e qualquer
outra despesa em dia é mais ainda. Neste capítulo veremos que isso não é tão simples assim,
e requer uma boa dose de disciplina. Durante a leitura das próximas páginas você verá os
detalhes das contas que compõe o ciclo de caixa que representa as atividades operacionais
da empresa – veremos as principais necessidades das empresas, os conceitos de necessidade
de capital de giro e saldo de tesouraria, além de modelos de gestão de caixa.
2
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Administração Financeira
Quando elaboramos o fluxo de caixa de uma empresa não é incomum vermos que os
pagamentos no final são maiores que os recebimentos. Isso não significa que a empresa está
completamente quebrada, mas muitos dos problemas estão relacionados à própria atividade
do setor no qual a empresa atua. Diversos segmentos, como o setor de construção civil, são
capital intensivo e requerem que a empresa disponha de bastante dinheiro para investir no
negócio que terá retorno de médio ou longo prazo. O empresário desembolsa hoje para
receber amanhã – o descasamento é problema de caixa, é óbvio.
Para entender essa realidade, precisamos introduzir outros conceitos que envolvem a
vida da empresa. Vejamos.
Ciclo Operacional
No caso de uma empresa industrial, em um modo geral, sua atividade consiste na com-
pra de matéria-prima e sua transformação. Supondo uma hipotética fábrica de jeans que
tenha as seguintes características operacionais; compra de tecidos e aviamentos que ficam
estocados, em média, por 15 dias; no processo de produção de roupas, a empresa leva em
média cinco dias; o produto acabado gira (venda), em média, em 20 dias; a empresa paga ao
fornecedor de matéria-prima, em média, em 30 dias; e as calças jeans são vendidas ao
distribuidor com prazo de 40 dias para pagar.
3
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Administração Financeira
T0 T1 T2 T3
CICLO OPERACIONAL
Sendo:
MP = estoque de matéria-prima
Note que há uma defasagem de 50 dias entre T1 e T3, ou seja, a saída e a entrada de
caixa, respectivamente. Essa conjugação de prazo e o volume de vendas determinam o
volume de recursos que a empresa aplica em suas atividades operacionais.
Prazo médio de rotação dos estoques = 20 Prazo médio de recebimento das vendas = 25
dias dias
T0 T1 T2 T3
CICLO OPERACIONAL
4
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Administração Financeira
Note que o lojista paga ao fornecedor em T2 e recebe em T3, com um ciclo de apenas
cinco dias. Supondo que o volume de vendas do lojista fosse igual ao do fabricante, sua
necessidade de capital de giro seria menor.
Assim, em cada uma das atividades, o ciclo operacional inicia-se com a compra da
matéria-prima ou do produto e conclui-se com o recebimento das vendas. Todavia, o ciclo
financeiro inicia-se com o pagamento ao fornecedor e finda com o recebimento das vendas.
Já o ciclo econômico inicia-se com a compra da matéria-prima e termina com a venda final,
em que nenhuma das duas pontas há a necessidade de recebimento nem desembolso.
Podemos perceber por meio dessa avaliação que a necessidade de capital de giro faz
parte da vida das empresas. Comumente, as empresas se deparam com diferentes tipos de
necessidades, definidas a seguir:
5
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Administração Financeira
(GPL) e seu IOG. Como nos demais casos, após minuciosa análise financeira da empresa, um
empréstimo para financiar esse tipo de necessidade deve ser por prazo longo, o suficiente
para compatibilizá-lo com a capacidade de pagamento da empresa. Portanto, o empréstimo
deverá ser parcelado e será pago com caixa gerado pelo lucro da atividade operacional da
empresa ao longo do período de financiamento.
Assim, temos:
CCL = AC – PC
Conforme destacamos na aula 3, podemos analisar o CCL como uma expressão do fluxo
de caixa da empresa.
CCL = AC – PC
FLUXO DE CAIXA
Modelo Fleuriet
estágios de liquidez entre esses ativos, a classificação das contas utiliza outro critério com o
objetivo de dar uma dinâmica maior à análise. Esse é o modelo Fleuriet. O primeiro passo é
separar as contas em duas categorias.
Contas Erráticas – São as demais contas circulantes que não possuem relação com o
ciclo operacional da empresa.
A. Cíclico A. Erráticos
Contas a receber
= Estoque
Ativo Circulante + Disponibilidades
Outras contas a receber
Impostos a compensar
Desp. antecipadas
Outros
– – –
P. Cíclico P. Erráticos
Fornecedor
Financiamentos a curto
= Importação, Taxa e
Passivo Circulante + prazo
Contribuições
Debenture
Encargos regulatórios
Outros valores a pagar
Obrigações sociais
= = =
R$ mil
Ativos 2012 2011 Passivo 2012 2011
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
- Caixa 500 600 - Duplicatas a pagar 800 500
- Aplicação 600 200 - Títulos a pagar 600 700
- Duplicatas a receber 400 500 - Outras contas a pagar 100 200
- Estoques 600 900 Total Passivo Circulante 1.500 1.400
Total Ativo Circulante 2.100 2.200
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A. Cíclico A. Erráticos
Duplicatas a receber 400
Ativo Circulante = Estoques - 600 Caixa + aplicações 1100
+
2012 Outras contas a receber 0 Impostos a Compensar
Despesas Antecipadas 0
Outros 0
– – –
P. Cíclico P. Erráticos
Fornecedor
(duplicatas a pagar) - 800
Passivo Circulante = Importação, Taxa e Financiamento a curto prazo
+
2012 Contribuições 0 Debenture
Encargos regulatórios Outros valores a pagar 100
Obr. sociais 0
Títulos a pagar 600
= = =
Note pelo quadro acima a diferença entre capital de giro (CDG) e a necessidade de
capital de giro (NCG). O capital de giro é um conceito composto de investimentos líquidos
tanto na operação quanto fora da atividade básica da empresa e seu cálculo é baseado no
CCL. Já a NCG é unicamente operacional porque é consequência das políticas de negociação
com clientes, estoques e fornecedores. As contas consideradas erráticas compõem o saldo
de tesouraria.
Saldo de Tesouraria (T): é a diferença entre as contas que estão fora da atividade básica
da empresa, que não tem relação com o ciclo operacional da empresa.
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P. Circulante A. Circulante
Ativo Circulante A. Circulante P. Circulante P. Circulante
CDG CDG
Ativos de longo Fundos de longo Ativos de longo Fundos de longo Ativos de longo Fundo de longo
prazo prazo prazo prazo prazo prazo
Quando o CDG é positivo, ou seja, o ativo Quando o ativo circulante e o passivo Quando o ativo circulante é menor que o
circulante é maior que o passivo circulante são iguais, o CDG é nulo. passivo circulante, dizemos que o CDG é
circulante, dizemos que ele é uma fonte uma aplicação de recurso.
de recurso.
No primeiro caso (AC > PC), o CCL é uma aplicação de recursos e o CDG é fonte de recurso.
Assim, há uma parcela de fontes de longo prazo financiando ativos de curto prazo.
No último caso (AC < PC), quer dizer, o CCL é negativo, podemos perceber que o capital de giro
está aplicado em ativos de longo prazo. Desse modo, o capital de giro é negativo, indicando
uma descaracterização de seu princípio como fonte de recursos para a situação inversa:
aplicação de recursos. Assim, fontes de PC estão financiando ativos de longo prazo.
Um valor de CDG inferior à NCG levaria a empresa a ter de buscar capitais financeiros de
curto prazo para complementar a sua necessidade de capital de giro.
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Considerações finais
No capítulo aprendemos como avaliar e calcular o capital de giro da empresa e sua
diferença com relação à necessidade de capital de giro. Analisamos as contas que compõem o
ciclo de caixa que representa as atividades operacionais da empresa, as principais
necessidades das empresas e os conceitos de necessidade de capital de giro e saldo de
tesouraria. Após a leitura do capítulo você será capaz de realizar essa análise quando se
deparar como balanço de uma empresa e tomar decisões como um administrador financeiro.
Referências
BRUNI, A.L. A administração de custos, preços e lucros: com aplicações na HP12C e Excel.
São Paulo: Atlas, 2010.
GITMAN, L.J.; Madura, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson.
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Aula 12
Os custos e seus impactos
Objetivos Específicos
• Entender o cálculo dos custos e seu impacto na formação do preço do produto
Temas
Introdução
1 Principais conceitos usados
2 Custos versus despesas
3 Classificação dos custos
4 Como apuramos os custos
5 Margem de contribuição, mark-up e ponto de equilíbrio
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
As empresas precisam entender como é a composição de seus custos para definir qual o
preço final a ser cobrado pelo produto. Mas quais são os componentes dos custos? Como
calcular esses custos? Quais são seus impactos no aumento da produção? Quanto os custos
representam no valor final do produto? Temos margens aceitáveis, ou seja, estamos fazendo
um bom negócio? Essas e outras perguntas serão respondidas neste capítulo.
Gasto: é o sacrifício financeiro que a empresa faz para obter um produto ou serviço.
Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outro bem ou serviço.
Consiste no valor dos insumos utilizados na produção de um bem. O gasto refere-se aos insumos
adquiridos, já o custo está relacionado com os insumos efetivamente utilizados na produção.
Despesa: é o valor dos insumos não identificados com a produção e que são
consumidos para o funcionamento da empresa. Está relacionada às atividades não
produtivas da empresa. São classificadas como administrativas, comerciais e financeiras. A
principal diferença entre os custos e as despesas é que as últimas não estão relacionadas
diretamente com a produção.
Investimento: gasto classificado como um ativo em função da sua vida útil ou benefício
atribuível a períodos futuros. Os investimentos podem ter naturezas e períodos de ativação
variados. O gasto com a aquisição de produtos para o estoque é um investimento assim
como o gasto com a aquisição de equipamentos produtivos também.
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Na Demonstração de Resultados:
= Lucro líquido
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Na Demonstração de Resultados:
= Lucro Bruto
= Lucro líquido
Na Demonstração de Resultados:
= Lucro líquido
A classificação entre Custos Fixos ou Variáveis é obtida pela análise da relação existente
entre o valor total de um custo e o volume da atividade. Se o custo se eleva quando a
produção é ampliada, podemos afirmar que é variável. Se ele se mantém estático,
classificamos como fixo.
Em uma empresa industrial, o Custo de Produção (CP) é formado por três fatores de
produção: materiais (matérias-primas, embalagens e materiais auxiliares), mão de obra
(direta e indireta) e despesas gerais de fabricação. Para a apuração do montante
correspondente aos materiais consumidos na produção, utilizamos a fórmula que representa
a movimentação desses estoques:
EI + C - MCP = EF
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Nomenclatura
O Custo da Produção Acabada (CPA) é o total dos custos contidos nas unidades
acabadas no período e transferidas para o estoque de Produtos Acabados, ficando, portanto,
disponíveis para serem vendidas. A movimentação da produção é registrada na
contabilidade em uma conta denominada Produtos em Elaboração, podendo ser
representada de acordo com a fórmula:
Produtos em Elaboração
Nomenclatura
EIPE – Estoque Inicial de Produtos em Elaboração: representa o custo dos produtos cuja
produção foi iniciada em períodos anteriores, e ainda não concluída;
CP – Custo da Produção: valor correspondente aos custos de materiais, mão de obra e
despesas gerais de fabricação relativos à produção executada no período;
CPA – Custo da Produção Acabada: conforme a definição dada neste tópico, é o total
dos custos contidos nas unidades acabadas no período e transferidas para o estoque de
Produtos Acabados;
EFPE – Estoque Final de Produtos em Elaboração: representa o valor dos produtos cuja
produção foi iniciada no período e ainda não concluída.
O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) é o total dos custos incorridos na produção e
contidos nas unidades efetivamente vendidas no período. Na Contabilidade o CPV é obtido
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pelo registro do custo das saídas de produtos vendidos, baixados do estoque de Produtos
Acabados, conforme podemos observar:
Produtos Acabados
Nomenclatura
EIPA – Estoque Inicial de Produtos Acabados: representa o custo dos produtos cuja
produção foi concluída em períodos anteriores, e ainda não vendidos;
CPA – Custo da Produção Acabada: valor correspondente ao custo da produção
concluída no período, transferida do estoque de produtos em elaboração;
CPV – Custo dos Produtos Vendidos: conforme a definição dada neste tópico, é o total
dos custos contidos nas unidades acabadas e vendidas no período;
EFPA – Estoque Final de Produtos Acabados: representa o valor dos produtos cuja
produção foi concluída no período e ainda não vendidos.
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O Custo da Mercadoria Vendida (CMV) é o total dos custos das mercadorias incorridos
na comercialização e contidos nas unidades efetivamente vendidas no período. Na
contabilidade o CMV é obtido pelo registro do custo das saídas de produtos vendidos,
baixados do estoque de Produtos para Revenda. Assim...
Nomenclatura
EIPR – Estoque Inicial de Produtos para Revenda: representa o custo dos produtos que
ainda não foram revendidos no início do período da apuração;
CMP – Compras de Produtos para Revenda: valor correspondente ao custo de aquisição
das mercadorias para revenda;
CMV – Custo das Mercadorias Vendidas: é o total dos custos contidos nas unidades
revendidas no período;
EFPR – Estoque Final de Produtos para Revenda: representa o valor dos produtos que
ainda não foram revendidos no final do período de apuração do custo.
É a margem bruta obtida pela venda de um produto que excede seus custos variáveis
unitários. Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda do produto e os
custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida
a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a
contribuição marginal total do produto empresa.
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𝑴𝑪
𝑴𝑪% = � � × 𝟏𝟎𝟎
𝑹𝑳𝑽
Nomenclatura
O ponto de equilíbrio mostra o volume que a empresa precisa produzir ou vender, para que
consiga pagar todos os custos e despesas fixas, além dos custos e despesas variáveis que tem
necessariamente que incorrer para fabricar/vender o produto. No ponto de equilíbrio, não há
lucro ou prejuízo. A partir de volumes adicionais de produção ou venda, a empresa passa a ter
lucros. Assim, o PE identifica o nível mínimo de atividade em que a empresa ou cada divisão
deve operar. Também é denominado ponto de ruptura ou Break-Even Point (BEP).
Como o ponto de equilíbrio mostra quando as receitas se igualam com os custos, temos:
Graficamente:
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Exemplo
Determine a quantidade mínima (PE) de um produto que uma empresa com CFT de R$
120.000,00 deve vender para não incorrer em prejuízo, sendo seu custo variável unitário de
R$ 12,00 e seu preço de venda unitário de R$ 20,00 .
𝟏𝟐𝟎. 𝟎𝟎𝟎
𝑷𝒐𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝑬𝒒𝒖𝒊𝒍í𝒃𝒓𝒊𝒐𝒒𝒕 = = 𝟏𝟓. 𝟎𝟎𝟎 𝒖𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔
(𝟐𝟎, 𝟎𝟎 − 𝟏𝟐, 𝟎𝟎)
5.5 Mark-Up
O preço de um produto deve ser o mínimo suficiente para pagar todos os seus custos,
diretos e indiretos, despesas, impostos e o lucro desejado na venda. O mark-up é o fator que
irá agregar aos custos, todas as despesas, impostos e o lucro, formando o preço de venda
mínimo a ser praticado. Para formar o mark-up é importante lembrar que, no Brasil, temos
impostos incidentes na comercialização do produto e impostos que incidem sobre o lucro. O
mark-up deve considerar os impostos que incidem sobre o preço de venda.
Exemplo
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𝟏𝟎𝟎 − 𝟒𝟒, 𝟐𝟓
𝑴𝒂𝒓𝒌 − 𝑼𝑷𝒅𝒊𝒗𝒊𝒔𝒐𝒓 = = 𝟎, 𝟓𝟓𝟕𝟓
𝟏𝟎𝟎
𝟏 𝟏
𝑴𝒂𝒓𝒌 − 𝑼𝑷𝒎𝒖𝒍𝒕𝒊𝒑𝒍𝒊𝒄𝒂𝒅𝒐𝒓 = = = 𝟏, 𝟕𝟗𝟑𝟕
𝟏 − 𝟎, 𝟒𝟒𝟐𝟓 𝟎, 𝟓𝟓𝟕𝟓
Para um produto que tenha o preço de custo de R$ 100,00, podemos aplicar o mark-up
da seguinte forma:
𝟏𝟎𝟎, 𝟎𝟎
𝑷𝒓𝒆ç𝒐 𝒅𝒆 𝑽𝒆𝒏𝒅𝒂 𝒑𝒆𝒍𝒐 𝑴𝒂𝒓𝒌 − 𝑼𝑷𝒅𝒊𝒗𝒊𝒔𝒐𝒓 = = 𝟏𝟕𝟗, 𝟑𝟕
𝟎, 𝟓𝟓𝟕𝟓
Considerações finais
Neste capítulo aprendemos como se dão as implicações dos custos na formação do
preço das empresas e como podemos analisar os custos e despesas de forma a tomar
decisões. Falamos sobre as diferenças de custos e despesas, como apuramos o custo na
índústria (CPV) e no comércio (CMV) e como estes impactarão na lucratividade da
companhia. Também falamos do Ponto de Equilíbrio e da Margem de Contribuição como
fatores de análise da empresa. Também abordamos o mark-up como o indicador de
formação de preço.
• classificar os custos;
• encontrar o Mark-up.
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Referências
BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros: com aplicações na HP12C e Excel.
São Paulo: Atlas, 2010.
GITMAN, L. J.; M., J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson, 2005.
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Aula 13
Custo e estrutura de capital - Financiamento
Objetivos Específicos
• Entender quais os princípios envolvidos na tomada de um financiamento
Temas
Introdução
1 Estrutura de capital
2 Financiamento das atividades empresariais
3 Capital próprio
4 Capital de terceiros
5 Estrutura de capital
6 Custo médio ponderado de capital (WACC)
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Para a maioria das empresas, a principal fonte de fundos é o caixa líquido gerado pelas
operações, ou seja, o que sobra após se quitarem às obrigações com os credores (juros e
amortização do principal), com o governo (impostos) e com os acionistas (dividendos). Quando
o caixa gerado internamente não é suficiente para manter os ativos atuais e financiar as novas
oportunidades de investimento que criam valor, a empresa precisa recorrer a fundos
adicionais, de fontes externas, na forma de capital próprio ou de capital terceiros.
Nesse capítulo veremos como as empresas tomam suas decisões de financiamento das
atividades e como elas influenciam na estrutura de capital da empresa e nos custos.
1 Estrutura de capital
No lado direito do balanço patrimonial encontra-se representada a estrutura financeira
da empresa, constituída por obrigações vencíveis a curto e em longo prazo (passivo
circulante mais exigível em longo prazo), e por recursos próprios (patrimônio líquido).
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3 Capital próprio
O capital próprio representa a fonte de fundo mais apropriada para financiar aplicações
de maior risco ou de longa maturação.
Aumentos de capital: aporte de recursos por parte dos acionistas e/ou oferta
pública de ações na Bolsa de Valores (OPA).
Retenção de lucros: parte dos lucros obtidos durante o exercício deve ser
alocada no patrimônio líquido. A retenção de lucros está intimamente
relacionada à política de dividendos.
O aumento de capital por oferta pública de ações só pode ser realizado por companhias
de capital aberto, com a intermediação de banco de investimento, sociedade corretora ou
sociedade distribuidora.
Uma das principais decisões financeiras a serem tomadas pelas empresas consiste na
definição de sua política de dividendos. Ao passo que a retenção de lucros constitui a forma
mais rápida de se obterem fundos de longo prazo, se não a principal fonte, os acionistas
precisam ser remunerados por terem investido na empresa. Assim, parte do lucro obtido no
exercício deve ser distribuída aos investidores em forma de dividendo.
Para complicar o dilema, o administrador de uma empresa de capital aberto, com ações
negociadas por muitos investidores em bolsas de valores, não tem como saber qual é o
desejo dos acionistas com relação ao destino a ser dado ao lucro líquido.
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Uma política de dividendos é considerada ótima quando concilia da melhor forma possível
o volume a ser retido pela empresa e aquele a ser distribuído em dinheiro a seus acionistas.
4 Capital de terceiros
O capital de terceiros pode ser gerado, espontaneamente, no curso normal das
atividades operacionais e pode ser obtido mediante contratação de empréstimos e
financiamentos, subscrição de debêntures e outras modalidades.
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4.1 Exigibilidades
Contas a pagar e provisões para despesas incorridas e ainda não pagas relativas a
férias, salário, indenizações contratuais, contingências fiscais e trabalhistas, etc;
Dividendos a pagar.
Muitos desses passivos não onerosos são de curtíssimo prazo, mas sua constante
renovação permite que a empresa disponha de uma soma de recursos que faz parte de seu
capital de giro.
Exemplos:
4.3 Debêntures
5 Estrutura de capital
O custo de capital total – também chamado de custo médio ponderado de capital – é
determinado pela média ponderada dos custos do capital de terceiros e do capital próprio.
O capital de terceiros é formado por diversas dívidas onerosas contraídas pela empresa
em um custo explícito determinado, principalmente pela cobrança de encargos financeiros,
acrescido da exigibilidade de recebimento do principal. Ao realizar um financiamento, a
empresa se depara com um benefício fiscal, já que ela pode abater os juros quanto a
apuração de seu IR a pagar.
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5.1 Dilema
A taxa de custo de capital total é utilizada como a taxa mínima de atratividade nas
decisões de investimentos para calcular o valor presente líquido – VPL – ou comparar com a
taxa interna de retorno – TIR – do projeto.
WACC = Kd (1 - IR) D + Ke E
D+E
O raciocínio desenvolvido pode ser repetido usando símbolos. Devido ao amplo uso, na
área de finanças de siglas em inglês, aqui são mantidas as seguintes notações:
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Dessa forma:
Exemplo:
Como estamos trabalhando com percentuais, não precisamos dividir pelo capital total:
WACC = 0,2088
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Considerações finais
Nesse capítulo aprendemos como é a estrutura de capital de uma empresa, quais as
principais fontes de financiamento e seus custos. Também abordamos as decisões sobre a
distribuição de dividendos aos acionistas em relação à retenção de lucro.
Referências
GITMAN, L.J.; MADURA, J.. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson, 2005.
PADOVEZE, C.L. Introdução à administração financeira. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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Aula 14
Leitura e interpretação das demonstrações financeras.
Análises das demonstrações contábeis
Objetivos Específicos
• Compreender e interpretar as demonstrações financeiras e entender o que
elas representam para a tomada de decisões
Temas
Introdução
1. Fluxo de caixa: a essência da vida da empresa
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
No capítulo anterior discutimos as principais responsabilidades do administrador
financeiro e falamos sobre as demonstrações financeiras. Agora, abordaremos como devemos
entender e interpretar os demonstrativos financeiros. Vamos falar sobre os principais
indicadores utilizados pelos administradores financeiros para a tomada de decisão de
investimento ou de financiamento, assim como para planejar e traçar quais são os objetivos
da empresa no médio e longo prazos.
Assim, a análise das demonstrações de uma empresa é o primeiro passo, mas não diz tudo
sobre sua realidade. Simplesmente olhar um lucro, receita ou endividamento separadamente
não diz muito. É preciso desmembrar os números e tornar as demonstrações financeiras
uma espécie de mapa para o usuário. Cabe ao gestor financeiro ter sensibilidade para avaliar
os indicadores financeiros e contextualizá-los de forma a tomar ou recomendar a melhor
decisão a ser tomada.
Para fazer frente a esses gastos, a empresa precisa lucrar com sua atividade e, assim,
obter recursos. Mas, muitas vezes, os lucros não são suficientes para que os investimentos
necessários sejam feitos. Nesse caso, a empresa lança mão de recursos de terceiros, ou seja,
empréstimos. Os recursos obtidos no mercado financeiro ficam evidenciados do lado direito
do balanço patrimonial, chamado de passivo. Portanto, podemos perceber que um aumento
do passivo significa um aumento de caixa.
- Apesar do aumento de caixa, o ativo circulante recuou em R$ 100 mil entre 2011 e
2012. O motivo? Podemos perceber a retração nas duplicatas a receber e nos estoques.
- Parte desse aumento de investimentos foi financiada pelo capital próprio da empresa
Vemos que o passivo não mudou.
- Já o aumento do patrimônio líquido foi provocado por uma maior lucratividade: a conta
lucros acumulados cresceu R$ 100 mil.
Perceba que a empresa lucrou durante o ano R$ 180 mil, mas não armazenou
completamente esse ganho. Ao contrário, parte foi distribuída como dividendos aos seus
acionistas, ou seja, foi dada como remuneração para aqueles que investiram no negócio.
Podemos interpretar essa distribuição como o custo do capital próprio da empresa. Assim
como o banco exige uma taxa de juros para emprestar os recursos aos empresários, os
próprios sócios da empresa (acionistas) requerem uma remuneração para investir seu capital
no negócio. Entretanto, a empresa não pode e não deve distribuir todo o lucro para seus
donos, pois precisa reinvestir parte dele na própria atividade.
Com base nessas três demonstrações, iremos montar a demonstração do fluxo de caixa
e, dessa forma, perceber como a empresa conseguiu aumentar seu caixa de 2011 e 2012.
O primeiro passo para montar essa demonstração é calcular a variação de caixa. Para isso,
lembre-se: caixa é todo recurso que a empresa tem disponível no banco e suas aplicações de
curto prazo!
O próximo passo será a avaliação das atividades operacionais, ou seja, iremos montar o
fluxo de caixa operacional. Para isso, precisamos olhar de perto uma conta: o lucro. Quando o
contador calcula o lucro de uma empresa, ele precisa descontar um tipo de despesa chamada
de depreciação. Essa conta refere-se às despesas relacionadas ao desgaste do ativo realizável
a longo prazo (máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da empresa. Apesar de
as máquinas e os equipamentos perderem valor ao longo dos anos, isso não significa que o
administrador precisa pagar por esse desgaste. Ora, seu carro vale menos a cada ano, mas
você só irá sentir isso no momento da venda.
Com esse pensamento em mente, fica fácil perceber que a despesa com depreciação
reduz o lucro da empresa, mas não representa saída de caixa. Assim, precisamos somar a
despesa com depreciação ao lucro para acharmos quanto entrou efetivamente no caixa da
empresa! Vejamos:
A empresa pode ter um prejuízo líquido, ou seja, um lucro líquido após o imposto negativo
mas ainda assim ter um fluxo de caixa de operações positivo, quando não há desembolso dos
encargos (exemplo, a depreciação) durante o período em que são maiores do que o prejuízo
líquido.
Destacamos apenas as contas de curto prazo do balanço da Boca S.A. que mostram o
comportamento do ativo circulante de 2011 e 2012: contas caixa, aplicação, duplicatas a
receber –também conhecida como conta clientes – e estoques. No passivo circulante estão
descritas as contas duplicatas a pagar, títulos a pagar e outras contas a pagar.
Já sabemos que caixa e aplicação não são contas do fluxo de caixa operacional. Assim,
vamos ignorá-las. Portanto, iremos começar a avaliar as contas restantes do ativo circulante.
Lá encontramos as duplicatas a receber e os estoques. As duplicatas a receber representam
as dívidas dos clientes para com a empresa. Se há um aumento nas duplicatas, significa que
os clientes estão devendo mais para a empresa. Se há uma redução, os clientes pagaram
suas dívidas. No caso da Boca S.A., os clientes deviam R$ 500 mil em 2011 e R$ 400 mil em
2012, ou seja, houve o pagamento de R$ 100 mil a mais entre os dois períodos. A empresa
registrou, assim, um incremento de R$ 100 mil no seu caixa.
Vamos passar para a segunda conta, estoques. Em 2011, a Boca S.A. tinha um estoque
avaliado em R$ 900 mil e, em 2012, o valor era de R$ 600 mil. Ora, tomando por base o mesmo
raciocínio anterior, percebemos que a empresa vendeu mais no ano de 2012. Assim, ocorreu
uma entrada de caixa no valor de R$ 300 mil a mais no ano de 2012, quando comparado a 2011.
Agora, iremos avaliar o passivo circulante. A conta duplicatas a pagar refere-se às dívidas
da empresa com relação a seus fornecedores. Em 2011, esse endividamento era de R$ 500
mil. No ano seguinte, a conta subiu para R$ 800 mil. Isso significa que a empresa deixou de
pagar R$ 300 mil, ou seja, ela está se financiando através de seus fornecedores e, dessa
forma, obtendo mais recursos para o caixa. A conta títulos a pagar refere-se à dívida bancária
e faz parte do fluxo de caixa de financiamento. A última verificação refere-se às outras contas
a pagar, as quais recuaram no valor de R$ 100 mil. Isso representa R$ 100 mil a menos no
caixa, pois a empresa pagou o valor no período avaliado.
Após avaliarmos todas essas contas, podemos montar o fluxo de caixa operacional,
conforme segue:
Após avaliarmos o fluxo de caixa operacional (FCO), vamos passar a verificar o fluxo de
caixa das atividades de investimentos, ou seja, quanto a empresa alocou de recursos na própria
atividade. Essa avaliação é bem simples e está relacionada à variação do ativo realizável em
longo prazo bruto. Não iremos considerar a depreciação!
Podemos perceber que, entre 2011 e 2012, a empresa investiu R$ 300 mil em máquinas,
equipamentos e outros ativos. A Boca S.A. retirou R$ 300 mil do seu caixa para adquirir esses
ativos. Assim, o fluxo de caixa de investimento é negativo, dado da seguinte forma:
No passivo circulante estão descritas as contas duplicatas a pagar, títulos a pagar e outras
contas a pagar. O passivo não circulante destaca as dívidas de longo prazo da empresa.
A primeira conta é a conta títulos a pagar, que se refere aos financiamentos bancários de
curto prazo. A Boca S.A. devia R$ 700 mil em 2011 e R$ 600 mil em 2012. A redução permite
concluir que a empresa pagou R$ 100 mil de um ano para o outro, ou seja, retirou R$ 100
mil do caixa. Vemos que o mesmo ocorreu com o financiamento de longo prazo (passivo não
circulante): a empresa reduziu o valor emprestado em exatamente R$ 100 mil. Esse valor saiu
do caixa.
Conforme demonstrado na tabela, o valor pago somou R$ 80 mil. Para remunerar seus
acionistas, a empresa retirou do caixa esse valor, que entrará negativo no fluxo de caixa das
atividades de financiamento.
Agora podemos ver quais foram os principais usos e obtenções de recursos da empresa,
ou seja, as origens e aplicações de caixa, e montar a demonstração do fluxo de caixa da Boca
S.A. Essa demonstração nos ajudará a verificar quais atividades contribuíram para o aumento
de R$ 200 mil no caixa e quais as que consumiram recursos, de forma que o incremento do
caixa não fosse ainda maior.
Vemos, dessa forma, que a soma dos fluxos de caixa montados será igual à variação do
caixa da empresa. Isso ocorrerá em todas as empresas, de todos os tamanhos.
Considerações finais
A empresa gerou uma grande quantidade de caixa operacional, R$ 880 mil, e investiu
parte desses recursos em ampliar o seu ativo realizável a longo prazo. A empresa também
conseguiu reduzir os financiamentos utilizando recursos gerados pelas sua atividade
operacional. Olhando por essa ótica fica claro que a empresa está em excelente situação
em termos de geração de caixa e que as decisões tomadas anteriormente mostraram-se
acertadas. Para obtermos uma análise mais apurada da situação da empresa, passaremos no
próximo capítulo a outro tipo de avaliação, através de índices.
• avaliar quais as atividades que foram origem de caixa e quais foram as atividades que
aplicaram/consumiram caixa;
Referências
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São
Paulo: Pearson, 2005.
Objetivos Específicos
• Saber como avaliar qual a situação econômico-financeira de uma empresa
Temas
Introdução
1 Índices de liquidez
2 Índices de rentabilidade
3 Índices de endividamento
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Índices são indicadores retirados do balanço que servem de guia sobre a situação
econômico-financeira da empresa que compõem a análise. Após avaliarmos a geração de caixa
e a situação da companhia, podemos aprofundar ainda mais a análise através do uso dos
índices que nos permitirão comparar a situação da empresa com as demais do seu setor. “A
análise através de índices é usada para comparar o desempenho e a situação de uma empresa
com outras empresas ou consigo mesma ao longo do tempo” (GITMAN, 2005, p. 102).
1 Índices de liquidez
Os índices de liquidez não mostram a capacidade de solvência, ou seja, de pagamento
da empresa, mas sim a solidez da empresa. São extraídos das contas do balanço patrimonial
e destacam o quanto a empresa tem de recursos, seja no curto ou no longo prazo, para fazer
frente a suas obrigações. Isso não significa, entretanto, que a empresa terá dinheiro
disponível para honrar o seu compromisso na data acertada. Mas bons índices aumentam a
probabilidade de que não ocorram atrasos.
2
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Administração Financeira
Apesar disso, quanto melhor o índice de liquidez, maior a confiança dos fornecedores e
financiadores, portanto, mais facilmente a empresa conseguirá captar recursos de terceiros
ou atrair sócios. Para entender o papel dos índices de liquidez na tomada de decisão de uma
empresa, precisamos ter em mente algumas premissas:
a empresa com bons índices de liquidez tem boa capacidade de pagar suas
dívidas, mas pode não conseguir em função de outras variáveis (caixa).
Liquidez Geral: LG
Esse índice demonstra quanto a empresa tem de ativo diante do endividamento com
terceiros (passivo). Quanto maior o número obtido melhor, e é dado pela seguinte fórmula:
Como podemos deduzir pela fórmula, o índice de liquidez geral destaca quanto a
empresa possui de ativo para cada $ 1,00 de dívida com terceiros. Assim, se o indicador for
maior que 1, há uma folga financeira, ou seja, a empresa tem ativos suficientes para honrar
seus compromissos e ainda “fica com troco”. Por outro lado, se o índice ficar abaixo de 1, a
empresa não tem recursos para pagar todas as suas dívidas e está com patrimônio líquido
negativo. Este é o pior dos mundos para uma empresa.
2011 em R$ mil
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Assim:
LG = 1,5
Em 2011, para cada R$ 1,00 de dívida, a BOCA S.A. detinha R$ 1,50 de ativos. Isso
mostra que há uma folga financeira de 50%. Essa situação é extremamente positiva para a
empresa. Note que o ativo circulante é que garante a folga, pois é muito maior do que o
endividamento de curto prazo (passivo circulante).
2012 em R$ mil
LG = 1,55
Em 2012, para cada R$ 1,00 de dívida, a Boca S.A. detinha R$ 1,55 de ativos. A folga
financeira aumentou de 50% para 55%. A situação da empresa que já era extremamente positiva
ficou ainda melhor. Note que o ativo circulante reduziu e a empresa aumentou a imobilização.
Liquidez Corrente: LC
Esse índice demonstra quanto a empresa tem de ativo circulante, ou seja, recebimentos
de curto prazo, em relação ao passivo circulante, quer dizer dívidas de curto prazo. Quanto
maior o número obtido melhor e é dado pela seguinte fórmula:
Ativo circulante
Passivo circulante
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Administração Financeira
Como podemos deduzir pela fórmula, o índice de liquidez corrente destaca quanto a
empresa possui de ativo circulante para cada $ 1,00 de financiamento de curto prazo. Assim,
se o indicador for maior que 1, há uma folga financeira, ou seja, a empresa tem ativos
disponíveis o suficiente para honrar seus compromissos e ainda “fica com troco”. Por outro
lado, se o índice ficar abaixo de 1, a empresa não tem recursos para pagar as suas dívidas de
curto prazo. Parte do ativo realizável a longo prazo é financiada pelo passivo circulante.
2011 em R$ mil
Assim:
LC = 2.200
1.400
LC = 1,57
Mais uma vez, a nossa empresa mostra que fabricar batons é um bom negócio. Em
2011, para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a Boca S.A. detinha R$ 1,50 de ativos de
curto prazo. Há uma folga financeira de 57% na comparação entre os recursos disponíveis no
exercício de 2011 e o endividamento.
2012 em R$ mil
LC = 2.100
1.500
LC = 1,4
Em 2012, para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a Boca S.A. detinha R$ 1,4 de
ativos. A folga financeira recuou de 57% para 40%, mas ainda é favorável. Houve um
aumento dos investimentos, verificados pelo incremento do ativo realizável a longo prazo e
um “encurtamento da dívida”. De qualquer forma a empresa trabalha com folga financeira.
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Liquidez Seca
Esse índice demonstra quanto a empresa tem de ativo circulante que realmente pode
ser convertido em dinheiro, ou seja, recebimentos de curto prazo, em relação às dívidas de
curto prazo. A diferença da liquidez seca para a liquidez corrente é que para o calculo nós
retiramos o ativo de maior risco: os estoques. Por quê? Queremos saber se a empresa
consegue pagar seus compromissos sem vender o total estocado. Lembre-se de que, se a
companhia for tentar vender o estoque total, não obterá o preço evidenciado no balanço,
pois para conseguir vender precisará fazer promoções. Além disso, o estoque pode
facilmente ficar obsoleto ou perder a validade.
Como podemos deduzir pela fórmula, o índice de liquidez corrente destaca quanto a
empresa possui de ativo circulante de fácil conversão em dinheiro para cada $ 1,00 de
financiamento de curto prazo. Assim, se o indicador for maior que 1, há uma folga
financeira, ou seja, a empresa tem ativos disponíveis o suficiente para honrar seus
compromissos e ainda há uma sobra. Por outro lado, se o índice ficar abaixo de 1, a empresa
não tem recursos disponíveis o suficiente para pagar as suas dívidas de curto prazo.
2011 em R$ mil
Estoque: 900
Assim:
LS = 2.200 – 900
1.400
LS = 0,93
Vemos que a Boca S.A. tem um índice de liquidez seca abaixo de R$ 1,00. A empresa
mostra certa dependência de vender os estoques para honrar todos os compromissos de
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curto prazo. Esta, entretanto, não é uma situação muito preocupante, pois a liquidez seca
não está tão abaixo de R$ 1,00 e os outros indicadores de liquidez são ótimos. Pelo valor dos
estoques também vemos que não estão “encalhados”.
2012 em R$ mil
Estoques: 600
Assim:
LS = 2.100 – 600
1.500
LS = 1,00
Conforme fica claro, após este cálculo, a Boca S.A. conseguiu vender R$ 300 mil em
estoques e equilibrar a liquidez seca em exatamente R$ 1,00. Assim, independente de
vender todo o estoque, a empresa consegue pagar toda a dívida de curto prazo.
O capital circulante líquido (CCL) engloba tudo o que a empresa tem aplicado no curto
prazo (AC) confrontado com todos os compromissos a pagar (PC) nesse período. O CCL é a
expressão da capacidade de pagamento da empresa. Todo desenvolvimento da mensuração
do risco de liquidez de uma atividade empresarial tem a sua base de fundamentação no
dimensionamento e análise do CCL.
CCL = AC-PC
2011 em R$ mil
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Assim:
CCL = 800
Sempre que o CCL for positivo, o índice de liquidez corrente é maior que 1. O contrário
também é verdadeiro. No caso da Boca S.A., vemos que a sobra de recursos é elevada e o
CCL é positivo em 2011. Assim, a empresa, aparentemente, não está encontrando nenhuma
dificuldade em liquidar suas contas em dia. O CCL de R$ 800 mil é uma aplicação dos
recursos da empresa.
2012 em R$ mil
Assim:
CCL = 600
CCL = AC - PC
FLUXO DE CAIXA
2 Índices de rentabilidade
Os índices de rentabilidade mostram quanto os investimentos feitos no negócio
renderam. A ideia é ver como a empresa gera valor a partir do desempenho operacional, ou
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seja, seu êxito para os acionistas. Esses índices podem ser comparáveis aos índices de
mercado, de forma que os sócios concluam se fizeram um bom negócio ao investir na
empresa ao invés de aplicar seus recursos no mercado financeiro.
Para entendermos o giro do ativo, precisamos ter em mente que a empresa vive para
um motivo: vender. Todos os investimentos realizados têm como finalidade fazer com que
haja o incremento das vendas e a melhora das margens da empresa. Assim, quanto maior o
giro do ativo, melhor para a empresa. O índice é dado pela seguinte fórmula:
GA = Vendas
Ativo
Analisando essa fórmula, podemos perceber que o giro do ativo destaca quanto a
empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total.
Vamos avaliar a situação da Boca S.A. nesse quesito. Lembre-se de que temos a receita
somente de 2012:
2012 em R$ mil
Assim:
GA = 1.800
2.100 + 1.300
GA = 0,53
Vamos avaliar através desse indicador o quanto a empresa obtém de lucro em relação
ao total de vendas. Lembre-se de que a empresa existe para vender, mas não a qualquer
preço: é preciso obter ganhos da sua atividade.
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ML = Lucro líquido
Vendas líquidas
Esse indicador mostra quanto a empresa lucrou para cada R$ 1,00 vendido. Podemos
multiplicar o valor da divisão acima por 100 e obter a margem em percentuais. É possível
concluir também que, quanto maior a margem líquida, melhor é o negócio da empresa.
2012 em R$ mil
ML = 180
1.800
ML = 0,10
Para cada R$ 1,00 vendido, a Boca S.A. obteve um lucro de R$ 0,10, ou seja, sua
margem é de 10%.
Para os sócios, o que realmente importa é quanto a empresa obteve de lucro frente aos
investimentos feitos por eles. Por esse motivo, a rentabilidade do PL é de extrema
importância.
Esse indicador mostra quanto a empresa lucrou para cada R$ 1,00 de capital próprio.
Podemos multiplicar o valor da divisão acima por 100 e obter o índice em percentuais.
R$ mil
PL em 2011: 1.100
PL em 2012: 1.200
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PL médio = 1.150
RPL = 180
1.150
RPL = 0,16
3 Índices de endividamento
Os índices de endividamento, colocados por alguns autores como índices de estrutura
de capitais, mostram as decisões financeiras tomadas pelos gestores em termos de captação
de recursos. Eles buscam responder a algumas perguntas como: a empresa prefere financiar
seus investimentos com capital próprio ou com recursos de terceiros; os financiamentos
obtidos são em sua maioria de curto ou de longo prazo? Veremos dois dos principais índices
dessa classe.
Esse índice mostra que tipo de capital financia a empresa. A empresa é dependente de
recursos de terceiros (empréstimos e financiamentos) ou conta mais com o capital próprio
dos sócios para alavancar os negócios? O PCT mostra o risco do negócio.
PCT = Passivo
PL
Esse indicador mostra quanto a empresa pegou emprestado para cada R$ 1,00 de
capital próprio. Podemos multiplicar o valor da divisão acima por 100 e obter o índice em
percentuais. Podemos concluir que quanto menor, melhor.
2011 R$ mil
passivo: 2.200
PL: 1.100
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PCT = 2.200
1100
PCT = 2,20
2012 R$ mil
Por esse número, concluímos que para cada R$ 1,00 de capital próprio a Boca S.A.
tomou emprestados R$ 2,20. Isso mostra que a empresa tem uma dependência de
empréstimos para manter seus negócios. No entanto, se combinarmos essa conclusão com
os índices de liquidez, veremos que a empresa tem plena capacidade de pagamento dos
seus financiadores.
passivo: 2.200
PL: 1.200
PCT = 2.200
1200
PCT = 1,83
O PCT mostrou uma melhora entre 2011 e 2012. Essa mudança está relacionada ao
crescimento do PL da empresa, resultado da lucratividade obtida, que incrementou a conta
lucros acumulados.
CE = Passivo circulante
Passivo total - PL
2011 R$ mil
passivo: 2.200
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CE = 1400
2.200
CE= 0,64
Mais da metade do endividamento da Boca S.A. é de curto prazo nesse exercício. Essa é
uma situação que merece uma observação mais de perto. Vejamos 2012:
2012 R$ mil
passivo: 2.200
CE = 1500
2200
CE = 0,68
Considerações finais
Podemos concluir que a Boca S.A. está em excelente situação e provê rentabilidade a
seus acionistas. Diante dos indicadores de liquidez, que mostra a empresa extremamente
capaz de honrar seus compromissos de longo e curto prazos. Apesar de os índices de
endividamento não se mostrarem favoráveis, é possível concluir que a companhia pode
aumentar seu nível de endividamento de longo prazo de forma a alavancar os negócios e
ampliar as vendas. O mais sábio a fazer, nesse caso, é aumentar o aporte de capital na
empresa, ou seja, elevar o patrimônio líquido. O objetivo de uma operação dessas é elevar
os investimentos de forma a ampliar as vendas, atingir outros mercados e, por fim, obter
uma maior lucratividade. De qualquer forma, um aporte de capital não é essencial para que
a empresa continue produzindo resultados favoráveis.
Referências
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial.
São Paulo: Pearson, 2005.
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Aula 16
Princípios da administração de riscos
Objetivos Específicos
• Entender a importância da gestão de riscos e saber quais os instrumentos
de gestão
Temas
Introdução
1 Gestão de riscos
2 Ponto de equilíbrio
3 Alavancagem
Considerações finais
Referências
Professor
Clodoir Vieira
Administração Financeira
Introdução
Neste capítulo veremos como as decisões das empresas são, muitas vezes, incertas e
arriscadas. Portanto, cada passo dado pelos gestores deve se levar em conta uma variável: o
risco. Quando fazemos planos, projetamos fluxos de caixa para determinado investimento
não temos certeza absoluta de que os valores que tanto estudamos irão se concretizar.
Assim, a vida das empresas é tomada por riscos, ou seja, por probabilidades de que as
projeções ora traçadas não se concretizem e, desta forma, o projeto estudado não dê o
retorno necessário para equilibrar as contas. Para entendermos a gestão de riscos, vamos
passar por alguns conceitos de avaliação da vida do projeto ou da empresa, como ponto de
equilíbrio e alavancagem.
1 Gestão de riscos
Risco
Gitman (1994, p. 31): “No sentido mais básico, risco pode ser definido como a
possibilidade de perda.”
Jorion (1999, p. 13): “Risco pode ser definido como a volatilidade de resultados
inesperados, normalmente relacionados ao valor de ativos ou passivos de
interesse”.
Quando a empresa toma decisões arriscadas, ou seja, com alta probabilidade de que
sua projeção não se concretize, em vez de criar valor aos acionistas, pode-se estar
destruindo valor. E é nesse sentido que entra a importância da gestão de riscos.
Gestão de riscos
Para entendermos os riscos que as empresas correm, principalmente com relação a novos
projetos, precisamos analisar alguns conceitos, como os de alavancagem e ponto de equilíbrio.
2 Ponto de equilíbrio
Vamos retomar o conceito do ponto de equilíbrio, abordado no capítulo 11. Veremos
como o conceito pode ser aplicado do ponto de vista empresarial para a gestão de risco e
aprofundaremos o cálculo dos diferentes pontos de equilibrio nas próximas páginas.
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Administração Financeira
Determina a quantidade mínima que a empresa deve produzir e vender. Abaixo dessa
quantidade de produção e vendas, a empresa estará operando com prejuízo.
Exemplo:
A Companhia Boop, que produz canecas, tem um custo fixo de R$ 600.000. Cada caneca
é vendida a R$ 10,00. O custo variável por caneca é de R$ 2,00. Quantas canecas a Boop
deve produzir e vender para não incorrer em prejuízo?
Como pudemos perceber no exemplo acima, para não incorrer em prejuízo, a Boop
precisa produzir e vender, no mínimo, 75 mil canecas, uma quantidade muito grande. Apesar
de a margem de contribuição dessa empresa ser elevada, R$ 8,00, seu custo fixo é grande
demais R$ 600.000. Dessa forma, a empresa está correndo um risco grande. Se não
conseguir vender essa grande quantidade de canecas, cairá em prejuízo. Uma das
recomendações que o gestor deve dar a essa companhia é reduzir os custos fixos. De
repente, seria melhor que a Boop mudasse sua fábrica para um local mais barato ou
reduzisse os valores a serem pagos aos funcionários que não estão ligados à produção (mão
de obra indireta). Tais considerações aqui podem até parecer óbvias, mas tenha certeza que
a maioria dos pequenos empresários não fazem tais avaliações na hora de criar seu negócio.
Pela fórmula do ponto de equilíbrio, é possível perceber que, quanto maior o custo fixo
de uma empresa, mais riscos ela estará incorrendo ao decidir emplacar seu negócio. Portanto,
se você tem alma empreendedora, pense no custo fixo antes de iniciar seu negócio.
Para completar nossa análise, vamos supor que a Boop fez um trabalho sério de
redução de custos e transferiu sua fábrica para o interior, o que reduziu o custo do aluguel
de R$ 300.000/mês para R$ 100.000/mês. Dentro dessa nova realidade, seu custo fixo caiu
para R$ 400.000. O novo ponto de equilíbrio em quantidades será:
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Tal decisão reduziu os riscos para a empresa. Ela poderá vender menos sem incorrer em
prejuízo, ou continuar vendendo a mesma quantidade e obter uma lucratividade maior.
Lembre-se, quanto menor o custo fixo menor o risco de a empresa quebrar. Por esse motivo,
empresas que necessitam de mais capital são mais arriscadas. Pense em uma empresa de
aviação. O custo de manter os aviões e toda a estrutura de operação são muito elevados.
Assim, a gestão deve ser altamente eficiente, o que em muitos exemplos reais, não ocorreu.
Somente para citar alguns, podemos lembrar os casos Varig, Vasp e Transbrasil.
Quando as empresas vendem uma ampla gama de produtos diferentes torna-se difícil
calcular o ponto de equilíbrio em quantidades. Como poderíamos definir qual o mix ideal de
produtos e suas quantidades no ponto de equilíbrio? Como identificar os custos e despesas
fixas para cada produto? Para facilitar o cálculo devemos, portanto, avaliar o ponto de
equilíbrio em valor de vendas. Assim, o que o ponto de equilíbrio contábil visa é calcular o
valor mínimo que deve ser vendido para que a empresa não tenha prejuízo.
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Para calcularmos o ponto de equilíbrio contábil, dividimos o custo fixo da empresa pela
margem de contribuição unitária. Se o custo fixo da Boop for de R$ 400.000, seu ponto de
equilíbrio contábil será dado por...
Concluímos que R$ 500.000,00 por mês é o mínimo que esta empresa precisa vender
para conseguir bancar a sua estrutura, ou seja, para não amargar com prejuízo.
Assim, para conseguir o lucro de R$ 100.000 previstos pela diretoria, nossa empresa
precisa vender R$ 625.000 em canecas. Como cada caneca custa R$ 10,00, a quantidade
necessária é de 62.500 canecas.
A nossa empresa precisaria vender R$ 875 mil em canecas por mês ou 87.500 canecas.
Haja gente para tomar café!
Dentro dos custos fixos de uma empresa, existem variações patrimoniais que não
significam desembolsos para a empresa, mas que são deduzidos das receitas, de acordo com
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3 Alavancagem
O conceito de alavanca diz que é algo que potencializa a sua força, e permite que uma
tarefa seja realizada igual, com menos força. Em finanças, esse conceito está relacionado ao
uso de ativos ou recursos de custo fixo com o objetivo de aumentar os retornos dos
proprietários da empresa (GITMAN, 2005, p. 418). Mudanças na alavancagem de uma
empresa levam a um aumento ou queda do risco/retorno da mesma.
Podemos perceber que, quanto maior a alavancagem de uma empresa maior é seu
retorno, mas ao mesmo tempo, maior é o risco de perda. Lembre-se: quanto maior o salto
maior a queda. Portanto, na gestão de riscos da empresa, o administrador deve estar atento
ao grau de alavancagem dos negócios. A alavancagem afeta o valor da empresa.
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Na prática...
Você estima que após investir R$ 20 mil para comprar uma perua, além de pagar o
salário do funcionário que cuidará do negócio, comprar a matéria-prima, e conseguirá obter
um lucro de R$ 2 mil. Você gastou toda a sua poupança na perua, mas sabe que o
investimento é bom. Ao começarem as vendas, percebe que são até maiores do que você
estimava inicialmente. Assim, decide procurar outro campus do Senac e montar outra
unidade de venda aos arredores da faculdade. Mas você não tem mais dinheiro. Então
decide financiar outra perua com o banco. A perspectiva de lucro dessa segunda unidade é
igual à da primeira e, se tudo der certo, você terá um lucro mínimo de R$ 4 mil com as duas
unidades de venda.
No banco, o gerente empresta os R$ 20 mil e cobra juros de R$ 600 por mês. Você toma
o empréstimo. Com duas unidades, seu negócio deverá lhe promover um ganho de R$ 4 mil
por mês. Descontando os juros que você deverá pagar sobram ainda R$ 3.400. Se você não
tivesse pegado o empréstimo e criado a segunda unidade de vendas, seu lucro seria cerca de
R$ 2 mil. Assim, ao se endividar, você quase dobrou o ganho, está feliz com o resultado e
pensa em uma terceira unidade de venda.
Considerações finais
Nesse capítulo aprendemos a importância da gestão de riscos na vida das empresas
como forma de perpetuar a organização e evitar que haja a perda de valor ao acionista.
Avaliamos de perto dois importantes conceitos que permeiam a gestão de riscos: ponto de
equilíbrio e alavancagem. Além disso, percebemos os motivos que tornam as práticas de
governança corporativa tão importantes para as empresas.
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Referências
GITMAN, L.J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson, 2005.
PADOVEZE, C.L. Introdução à administração financeira. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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