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CONSTRUINDO
POSSIBILIDADES DE VIDA
Autoras
Érica Gonçalves Nunes
Isadora Simões de Souza
Márcia Gabriele Nunes
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
DE ADOLESCENTES E JOVENS
ESPAÇOS DE CUIDADO:
CONSTRUINDO
POSSIBILIDADES DE VIDA
Autoras
Érica Gonçalves Nunes
Isadora Simões de Souza
Márcia Gabriele Nunes
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bibliografia.
ISBN 978-85-66909-45-6
23-144560 CDD-362.21
Índices para catálogo sistemático:
Apresentação do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
NÚCLEOS E ESPAÇOS DE CUIDADO: CONSTRUINDO PROPOSTAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
CONHECIMENTOS E HABILIDADES ESSENCIAIS PARA A ESCUTA DE ADOLESCENTES E JOVENS: COMUNICAÇÃO
PRECISA; ABORDAGEM INICIAL; CONTINUIDADE DO ATENDIMENTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
FUNÇÕES, ATRIBUIÇÕES E LIMITES DO AGENTE DE CUIDADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
ÉTICA E SIGILO DAS INFORMAÇÕES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Encerramento do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Minicurrículo das autoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
apresentação do módulo
Olá! Seja muito bem-vindo ao módulo 6! Este é o trecho os espaços de cuidado podem surgir em qualquer lugar como
final desse percurso formativo. Neste módulo, pensamos em tra- resultado das relações entre as pessoas, inspirando, portanto,
zer para o centro do debate a importância de fomentar outros múltiplas e novas formas de cuidado, de acordo com as possibi-
espaços de cuidado, assim como de pensar no fortalecimento lidades da sua atuação e/ou trabalho.
de diversos agentes de cuidado que estão no território, mas que,
Ao longo deste módulo, sugeriremos algumas atribui-
não necessariamente, estejam compondo a rede de serviços
ções para o exercício da escuta, passando por algumas habili-
já instituída. A intenção é garantirmos o princípio de prioridade
dades essenciais para o acolhimento de adolescentes e jovens,
absoluta estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente
como a escuta empática e o afastamento de julgamentos morais,
(ECA). É dever de toda a sociedade garantir direitos e cuidado
e, por fim, pensaremos em algumas considerações éticas para
para essa população.
realizar modos potencializadores e coletivos de cuidado.
Pensamos em problematizar pontos que nos autorizem a
escutar adolescentes e jovens, entendendo que isso não é uma
tarefa exclusiva dos especialistas da área, uma vez que a saúde
mental de adolescentes e jovens está presente e demanda aco-
lhimento em muitos espaços.
NÚCLEOS E ESPAÇOS DE CUIDADO: Chegamos ao último módulo e pensamos que esse seja
um espaço precioso por trazer ao cerne do debate os adolescen-
CONSTRUINDO PROPOSTAS tes e jovens como prioridade absoluta, ou seja, toda a sociedade
tem responsabilidade ética de acolher e cuidar dessa população.
vens, na intenção de pensarmos juntos formas de fazer e tecer 2) Código de Menores (BRASIL, 1979)
esse cuidado.
- Forte tendência à institucionalização de crianças e ado-
Você sabia que o cuidado de crianças e adolescentes lescentes e criminalização da infância. Tal característica
tem uma longa história no Brasil? Indicamos e situamos alguns teve como consequência a desassistência e segregação
dos marcos legais no campo da infância e da adolescência que da população infantojuvenil;
antecederam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), - Abertura “galopante” de estabelecimentos para abrigar,
como legislações que traziam uma marca de criminalização da em condições desumanas, “os filhos da pobreza” – afas-
infância pobre e de suas famílias. Mostramos a seguir, na linha do tamento compulsório das famílias;
tempo, algumas questões centrais dessa história: - Movimentos sociais e intelectuais começam a rediscutir
o modelo de atenção às crianças e adolescentes em res-
LINHA DO TEMPO – LEGISLAÇÃO E PRINCIPAIS PONTOS DE posta às arbitrariedades do regime ditatorial.
CADA TEMPO
- Afirma-se enquanto instrumento legal destinado e regu- - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar
lado à “disciplinarização dos filhos da pobreza”; à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
- Finalidade: Saneamento Social; prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
- Fim do Império e início da República, modelo de família educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
moral cristã; dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
- À infância “pobre” foi atribuído o sentido de familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
periculosidade; toda forma de negligência, discriminação, exploração,
- Aliança entre médicos (educadores das famílias) e juristas violência, crueldade e opressão;
– composição que resultava em intervenções na vida das - O Estado no lugar de garantir direitos, ou seja, essa fun-
pessoas; ção deixa de ser exclusiva da família;
- Processo centralizador da ditadura. - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL,
1990);
- O debate de crianças, adolescentes e jovens como sujei- Quando pensamos na questão do cuidado em saúde
tos de direitos se fortalecia; mental, remetemo-nos logo à questão da escuta, existindo, em
- Substituição do termo “menor” por “crianças e adoles- muitos casos, a prática de uma “pretensa proteção”, justifican-
centes”; do a aplicabilidade do “melhor interesse” da criança (princípio
- Doutrina da Proteção Integral, pautado na criação de po- central do ECA). Contudo, é importante percebermos que muitas
líticas públicas voltadas à cidadania plena. pessoas, inclusive trabalhadores de diferentes campos das po-
líticas públicas da saúde, assistência e educação, baseando-se
em uma lógica adultocêntrica, julgam saber o que é melhor para
Foi somente após a promulgação da Constituição Fe-
as crianças, como podemos perceber no caso complexo deste
deral de 1988 – marco de restabelecimento de um Estado De-
módulo, quando o seu Cleiton aponta caminhos na intenção de
mocrático de Direito no Brasil – que entrou em vigor o Estatuto
ajudá-los, mas sem verdadeiramente escutar as demandas que
da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990), que passa
Maurício e seus amigos tinham.
a considerar crianças e adolescentes como sujeitos de direitos,
abolindo definitivamente o termo “menor” e as “práticas meno- Pensando nessa perspectiva, a autora Maria Cristina Vi-
ristas”, marca central dos códigos anteriores. Calcado na pers- centin (2016) produziu um importante debate para apresentar o
pectiva da doutrina da proteção integral, o ECA abandonou o conceito de descriançável, que envolve um entendimento da-
foco no assistencialismo para a população de 0 a 18 anos e re- quelas práticas que não acolhem as crianças e adolescentes. Diz
direcionou as ações do Estado para a proteção integral de crian- a autora:
ças e adolescentes. O ECA afirma que a proteção somente será
[...] identificamos o ‘descriançável’ no pano-
efetiva através da implantação de políticas públicas voltadas à
rama das relações contemporâneas quando
cidadania plena.
estas produzem um empobrecimento ou
mesmo um sufocamento dos processos de
Apesar do reconhecimento dos avanços no Sistema de
abertura, acolhimento e invenção de territó-
Garantia de Direitos da Infância e da Adolescência, ainda perce-
rios com as crianças e adolescentes (VICEN-
bemos que estão vigentes crenças e valores morais semelhantes
TIN, 2016, p. 31).
aos antigos códigos. Esse fator determina a necessidade de am-
pliar a discussão sobre ações de proteção, garantindo atuações Como resposta a estas “práticas de sufocamento”, a au-
éticas para uma efetiva proteção de crianças e adolescentes. tora (VICENTIN, 2016, p. 31) nos dá pistas para pensarmos em
1 Para a autora Maria Cristina Gonçalves Vicentin, práticas “criançaveis” são aquelas que ocorrem quando efetivamente valorizamos a
infância.
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
COMUNICAÇÃO PRECISA; ABORDAGEM Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio den-
tro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o
INICIAL; CONTINUIDADE DO silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que
não ouvia. Eu comecei a ouvir.
de escuta especializada instituídos formalmente são legítimos, para não se colocar no lugar de distanciamento e de superiorida-
importantes e indispensáveis em casos específicos. Contudo, de em relação àquele que fala, evitando uma postura adultocên-
precisamos estar atentos para o fato de que eles não são os úni- trica, como já mencionado anteriormente.
cos lugares e modos de escuta possíveis. Como já vimos, esses
podem e precisam ser ampliados.
A arte de escutar demanda da pessoa que se propõe a ela consiste em quatro atitudes: assumir a perspectiva da outra
fazê-la a atitude de se esvaziar de si. Esse esvaziar-se, como men- pessoa; não julgar; reconhecer a emoção do outro; e comunicar
ciona Rubem Alves em seu texto, requer, muitas vezes, o silêncio. essa emoção.
A receptividade é uma estratégia importante no contexto (Animação: O poder da empatia. Site: | em casa gobblynne | Ani-
da escuta de adolescentes e jovens. É a atitude de acolher sem mação, Ilustração)
julgamento o que o outro diz. Isso não significa concordar com
Quando se está diante do relato de uma situação difícil
tudo que o adolescente ou o jovem fala nem aceitar comporta-
vivida pelo outro, é comum se ter o impulso de tentar amenizar a
mentos negativos. No entanto, quer dizer aceitar as suas emo-
situação. O uso de argumentos de conforto precisa ser pondera-
ções, legitimar seus sentimentos e dar espaço para que ele pos-
do, pois pode gerar o efeito negativo de fazer o outro não se sen-
sa expressar o que sente e vive.
tir compreendido. Por outro lado, a postura empática, a de tentar
Só é possível conhecer alguém se a pessoa que ouve se compreender a perspectiva vivida pelo outro naquele contexto,
dispuser a escutar o outro que fala como ele é e não como queria sem julgamentos e buscando reconhecer e comunicar as emo-
que ele fosse. Por meio de uma atitude receptiva, pode ser pos- ções que ele vive, favorece a conexão e pode trazer benefícios.
sível compreender o que é trazido pelo outro, o que está aconte-
Compreendemos que a escuta é uma alternativa para li-
cendo com ele e, a partir daí, pensar os cuidados que ele precisa.
dar com a dor e com o adoecimento. Ela, por si só, é uma estraté-
Quando nos referimos ao que é trazido ou dito pelo ado- gia potente, que pode repercutir de modo positivo em muitos ca-
lescente ou jovem é importante destacar que esses modos de sos. No entanto, é importante que a pessoa que escuta conheça
dizer nem sempre são verbais. A comunicação ocorre de modos seus limites e reconheça que determinadas questões identifica-
variados, inclusive de modo não verbal. Por isso é preciso estar das podem demandar apoio de algum serviço e/ou atendimento
atento para as atitudes, expressões, gestos, atos corporais e até especializado. Por isso é de suma importância conhecer a rede
mesmo o silêncio, que em alguns casos também está a serviço de serviços existente em seu território.
da comunicação.
Como já foi mencionado, a escuta à qual nos referimos
Voltando às habilidades que favorecem a escuta acolhe- aqui não se refere a uma escuta exclusiva de determinada área
dora, vamos pensar na postura empática, que é tentar se colocar do saber, muito menos a uma escuta clínica terapêutica. Diversas
no lugar do outro. A empatia seria a capacidade de estar junto do pessoas que tenham interesse no cuidado de adolescentes e jo-
outro para sentir o que ele sente, legitimando as emoções senti- vens podem ser agentes e promotores de cuidado.
das pelo outro. Brené Brown (2016) estuda a empatia e diz que
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
FUNÇÕES, ATRIBUIÇÕES E LIMITES DO cuidarmos uns dos outros nos aproximamos do que há de mais
humano em nós. É esse o lugar do agente de cuidado.
Feedback positivo:
Vamos voltar um pouco ao caso complexo deste módulo. Você percebe a importância do seu pa-
Na sua opinião, o seu Cleiton estava disponível para ofere- pel nessas situações? A sua escuta pode
cer uma escuta acolhedora, sem julgamentos aos jovens? trazer alívio ao jovem que conversa com
Podemos imaginar que ele ainda não estivesse preparado você. E poder proporcionar isso ao outro
para ouvir o outro. Será que realmente você escuta o outro é algo extremamente gratificante. clique e
acesse
quando está pensando nos seus objetivos e sentimentos?
A resposta é “Não”. Ele queria impor a sua crença religiosa Ouça a música “Laços”, de autoria de Nando Reis
para os meninos da comunidade de Monte Verde dizendo:
“Seria muito bom para esses meninos saírem do pecado e
Assim, para escutar um jovem, precisamos estar interes-
conhecerem a palavra de Deus”.
sados na sua fala e na sua história, assim como nos aproximar
dele. Quem pode oferecer a escuta? Eu, você e qualquer pes-
Feedback orientador: soa interessada em tentar ajudar pode! A escuta deve ser livre de
preconceitos e julgamentos, não seguir uma fórmula pronta nem
A tentativa de resolução do problema sem escutar as neces-
produzir frases feitas; deve ser uma escuta de respeito ao outro e
sidades do sujeito em sofrimento pode levar ao silenciamen-
de liberdade. Devemos ouvir sempre mais, a ponto de promover
to, distanciamento e desencorajamento de novos pedidos
a desconstrução de certezas consolidadas. Esse caminho nos
de ajuda.
leva à reconstrução de nós mesmos, com novas ideias, novos
saberes, novos olhares.
Atribuições e competências dos agentes de cuidado: 5) Realizar os primeiros socorros emocionais (PSE) (UNICEF,
2021). São eles: oferecer apoio e ajuda; perguntar o que a
1) Conhecer a si mesmo (autoconhecimento), conhecer
pessoa precisa ou como você pode ajudar; ver se a pes-
seus limites, suas características, habilidades, valores e
soa está com fome, sede ou precisa saber de alguma coi-
crenças. O autoconhecer-se é um dos fatores de prote-
sa; ouvir com atenção sem forçar a pessoa a falar nada
ção à nossa saúde mental.
nem julgar o que diz; falar coisas que possam ajudá-la a
Acolher os jovens, oferecendo uma escuta acolhedora se sentir melhor ou ficar mais calma; proteger a pessoa.
que possibilite a expressão dos sentimentos e a com-
preensão, sem avaliação e sem julgamento, estabelecen-
do uma relação saudável, de respeito e de empatia com
os jovens.
Feedback orientador:
Reconhecer os próprios limites é um ato de cuidado con-
sigo e com o outro. Humanizar-se, acolher-se, adaptar-se à
situação e/ou demandas específicas, buscar ajuda e/ou en-
caminhamento para o jovem em sofrimento também é uma
função do agente de cuidado. Esta não é uma função pron-
ta, se constrói continuamente.
ÉTICA E SIGILO DAS INFORMAÇÕES - Atitudes que sejam contrárias a situações de negligên-
cia, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
mente necessárias e baseada sempre na busca pelo menor pre- que podem levar à patologização e medicalização excessiva, e
juízo. É relevante que qualquer decisão relacionada à quebra de até institucionalização.
sigilo deva priorizar o diálogo com esse adolescente ou jovem.
Diante de casos de autolesão, com ideação suicida ou
Ressaltamos que a quebra do sigilo de fato deve ser utili- mesmo situação de violência vivenciada pela adolescente, o
zada apenas se estritamente necessária, tendo em vista os riscos agente de cuidado precisa avaliar a situação com cautela: nem
que essa pode acarretar. Pode gerar, a depender do caso: a) a pode ser “duro demais” e nem ser movido pela excessiva sensi-
ruptura da confiança e do vínculo, levando esse adolescente ou bilização e tomar atitudes precipitadas; ser cuidadoso para não
jovem a não mais confiar em se abrir e pedir ajuda a outras pes- romper o sigilo como um modo de autoproteção ou com a finali-
soas; b) a potencialização do risco ou revitimização da pessoa. dade de tentar “resolver o problema” de forma imediatista. Nes-
ses casos mais complexos, é muito importante pensarmos em
Em outras palavras esse procedimento só pode ser feito
acionar a rede de serviços de saúde, como os Centros de Aten-
após alguns critérios terem sido analisados: existe algum outro
ção Psicossocial (CAPS). Na ausência de um CAPS infantojuvenil,
caminho que não seja a quebra de sigilo? Existe de fato um risco
você pode buscar o CAPS adulto ou até mesmo a sua Unidade
iminente à vida desse adolescente ou jovem que justifique esta
Básica de Saúde (UBS).
escolha? Com a quebra do sigilo, haverá mais efeitos positivos
ou negativos?