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Belém - Pará
2016
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Laboratório de Habilidades Médicas
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Reitor da UEPA:
Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma
Vice Reitor
Prof. Rubens Cardoso da Silva
Pró-reitor de pesquisa:
Prof. Douglas Rodrigues da Conceição
Pró-reitora de extensão:
Prof.ª Dr.ª Mariane Cordeiro Alves Franco
REPRODUÇÃO PROIBIDA
Nenhuma parte desta obra, ou sua totalidade poderá ser reproduzida sem a permissão por
escrito dos autores, quer por meio de fotocópias, fotografias, “scanner”, meios mecânicos e/ou
eletrônicos ou quaisquer outros meios de reprodução ou gravação. Os infratores estarão sujeitos
a punição pela lei 5.988, de dezembro de 1973, artigos 122-130 e pela lei do Direito Autoral, nº
9.610/98.
COLABORADORES
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1. CONCEITO DE REFLEXOS
É uma resposta motora/secretora involuntária e imediata dos centros nervosos a um
estímulo de qualquer natureza.
2. O ARCO REFLEXO
Os reflexos motores dependem anatomicamente do arco-reflexo para acontecer. O
arco-reflexo ocorre quando um estímulo é feito em um órgão receptor e que através de uma
via aferente (sensorial) de condução, chega ao centro nervoso (centro reflexógeno –
substância cinzenta do sistema nervoso) onde é elaborada uma resposta, que por sua vez é
transportada através de uma via eferente (motora) até o órgão efetor (músculo).
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3. CARACTERÍSTICAS DOS REFLEXOS
3.8. FADIGA
Quando o mesmo reflexo é provocado várias vezes consecutivas levando à fadiga do
reflexo, onde é preciso que se faça a parada do estímulo por um curto período de tempo, para
que depois volte a ser eficaz.
3.9. FENÔMENO DA SOMA
É quando vários estímulos subliminares, feitos repetidamente, conseguem provocar
um reflexo.
3.10. INDUÇÃO SIMULTÂNEA
É quando dois estímulos aplicados simultaneamente, um junto do outro, conseguem
provocar uma resposta.
3.11. INDUÇÃO SUCESSIVA
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É quando estímulos subliminares aplicados sucessivamente em pontos diferentes de
uma mesma área receptora conseguem provocar resposta.
3.12. FENÔMENO DE FACILITAÇÃO:
A resposta ao mesmo tipo de estimulo, inteiramente idêntico, pode ir se tornando mais
fácil. Isso explica a facilitação obtida pelo treino.
3.13. FENÔMENO DE INIBIÇÃO:
É quando há ausência de resposta, mesmo quando as condições para produzir um arco
reflexo estão presentes.
3.14. PRINCÍPIO DA INERVAÇÃO RECÍPROCA
A contração reflexa de um músculo se acompanha da inibição de seus antagonistas.
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4. CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS
- Axiais:
• Naso-palpebral 2) Mucosos:
Fisiológicos:
• Supra-orbitário
• Córneo-conjuntival
• Massetérico
• Faríngeo
Tônicos: • Velopalatino
- Cervicais ou gerais. • Nasal
- Segmentares.
Patológicos:
• Reflexo da sucção
2) Labirínticos.
• Palatinobucal
3) Pupilares:
- Reflexo fotomotor
- Reflexo consensual
- Reflexo de acomodação e
convergência.
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5. SEMIOTÉCNICA DOS REFLEXOS
São aqueles em que o estímulo tem sede nos músculos, tendões e aparelho vestibular.
Podem ser miotáticos e labirínticos.
São aqueles obtidos pela percussão dos tendões e saliências ósseas, como por
exemplo, a extremidade do rádio próximo à munheca. São caracterizados por terem uma
contração reflexa de curta duração, brusca, de caráter cinético, provocando o movimento do
segmento correspondente, e estão presentes em todos os indivíduos normais. São divididos
em apendiculares e axiais. A percussão é feita utilizando-se os martelos de Traube, de
Dejerine ou outros; pode ser feita também pelo método manual, utilizando as extremidades
unidas do polegar, indicador e médio ou com o bordo cubital da mão.
CUIDADOS
Superiores - O cotovelo sempre deve estar alinhado ao plano do paciente, a mão do
observador deve manter um espaço para execução da resposta esperada.
Inferiores – Manobras de facilitação podem ser executadas para melhor resultado.
Avaliar a melhor posição para cada paciente.
O PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.
DICA
Verificar relaxamento muscular através da palpação do trapézio do paciente.
b) Reflexo biciptal:
Deve-se colocar o braço do paciente em semiflexão descançado sobre o braço do
observador, depois se faz a percussão sobre o tendão distal do bíceps, com interposição do
polegar do observador.
Resposta: contração do bíceps com flexão e supinação do antebraço.
Fig. 7.3 - Teste do reflexo bicipital com antebraço apoiado sobre o braço do examinador
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c) Reflexo estilo-radial:
Posição do paciente: mão em meia pronação, polegar para cima, antebraço em meia
flexão e apoiado na mão do observador. Percussão sobre o tendão do músculo braquiorradial
na apófise estilóide do rádio.
Resposta: contração do braquio-radial, com flexão e ligeira supinação do antebraço.
d) Reflexo cúbito-pronador:
Mão em meia pronação apoiada sobre a mão do examinador, antebraço em meia
flexão. Percussão na apófise estilóide do cúbito.
Resposta: contração dos músculos pronadores (quadrado e redondo), com pronação da
mão. Pode ocorrer também a adução e flexão de punho e flexão dos dedos.
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Obs.: Segundo Wantemberg, é um dos primeiros reflexos a se tornar hiperativo nos
quadros de lesões piramidais.
DICA
Diferenciar transmissão do impacto, pela percussão com o martelo, do reflexo
propriamente dito, baseando-se em uma das características dos reflexos: a latência.
DICA
Traçar uma linha horizontal entre as apófises estilóides e percutir no ponto médio da
linha, tanto durante a pesquisa do reflexo flexor como do extensor do punho.
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Fig.7.7 – Teste do reflexo extensor do punho
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• Dos membros inferiores:
a) Reflexo patelar:
Neste reflexo há o estimulo do nervo femoral através da percussão do tendão patelar
(ONDE FICA), que resulta na contração do músculo quadríceps femoral e consequente
extensão do joelho percutido.
O método consiste em estimular o tendão patelar com um martelo de percussão
propício. Após essa ação, a patela é deslocada para baixo, alongando o quadríceps e
promovendo uma contração reflexa como resposta ao estímulo. O paciente fica sentado com
joelhos estendidos e calcanhar apoiado no solo.
DICA
Manobra de Jendrassik – colocar as duas palmas das mãos voltadas uma para a outra,
horizontalizadas, com os dedos fletidos em garra, justapostos, fazendo tração para fora com
bastante força. O objetivo é conseguir maior relaxamento de determinado grupo muscular,
através da contração voluntária de grupos musculares distantes.
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b) Reflexo aquileu:
Deve-se percutir o tendão de Aquiles acima de sua inserção no calcanhar. Há o
estimulo contrátil dos músculos crurais posteriores, gastrocnêmio, sóleo e plantar. O reflexo é
a flexão plantar. O paciente fica de joelhos em plano alto com os pés para fora.
CUIDADOS
O limiar necessário para execução da manobra é menor que nos reflexos apendiculares.
Diferenciar o piscar de olhos do reflexo propriamente dito. O PACIENTE NUNCA DEVE
OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.
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Fig. 7.11 - Teste do reflexo glabelar.
b) Reflexo supraorbitário:
Paciente deve olhar para o lado contralateral à região percutida, então se faz a
percussão da arcada supra-orbitária, sobre o supercílio.
Resposta: contração do músculo orbicular das pálpebras do lado percutido com a
oclusão mais acentuada da fenda palpebral.
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c) Reflexo masseterino ou Reflexo mentoniano:
Paciente deve manter a boca entreaberta e relaxada. O observador então faz a
percussão do mento colocando seu dedo entre o mento do paciente e o martelo de percussão.
A percussão também pode ser feita sobre o cabo de uma espátula introduzida na boca, apoiada
na arcada dentária.
Resposta: contração dos músculos masseteres com elevação da mandíbula.
CUIDADOS
Manter um pequeno intervalo entre o momento em que o paciente é solicitado para
olhar a um ponto distante e a execução da manobra. O foco de luz deve estar localizado a cerca
de 30cm do paciente. Focalizar rapidamente a lanterna para que a luz passe rapidamente pela
visão periférica sem interferir na dilatação pupilar.
- Reflexo fotomotor: Paciente em local bem iluminado, com os olhos abertos, com o
olhar fixo em um ponto distante. Vedam-se os dois olhos com as mãos e depois se retira uma
das mãos para incidir a luz no olho descoberto. Depois se repete a manobra com o outro olho.
A resposta será a contração rápida da pupila devido à incidência da luz sobre o olho. Essa
manobra pode ser feita também com uma lanterna, onde o observador se situa em frente e ao
lado do paciente, que deve estar num local não tão iluminado, e então se projeta a luz sobre o
olho.
Fig. 7.10 - Teste do reflexo fotomotor. 7.10A – Olho no qual será incidida a luz; 7.10B – Contração pupilar do
olho devido a incidência da luz.
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- Reflexo consensual: Pesquisa-se esse reflexo incidindo luz sobre um olho e
observando a reação pupilar do outro. A resposta é uma contração pupilar reflexa bilateral.
Fig. 7.11 - Teste do reflexo consensual. 7.11A – Olho no qual não será incidida a luz; 7-10B – Contração
pupilar do olho devido a incidência da luz no olho contralateral.
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5.2. REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS
São os reflexos superficiais. São obtidos pelo leve atrito de áreas da pele e mucosa.
Os reflexos superficiais podem se encontrar normais, em hiperreflexia, em hiporreflexia, em
arreflexia e em inversão.
CUIDADOS
A tração realizada deve ser rápida e leve. PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A
EXECUÇÃO DAS MANOBRAS.
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Fig. 7.13 - Teste do reflexo cutâneo abdominal superior.
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Fig. 7.15 – Teste do reflexo cutâneo abdominal inferior.
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Fig. 7.14 - Teste do reflexo cremasteriano.
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Fig. 7.15 - Teste do reflexo cutâneo-plantar em flexão.
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Fig. 7.16 - Teste cutâneo-plantar em extensão.
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5.2.2. REFLEXOS MUCOSOS:
CUIDADOS
Algumas manobras podem desencadear sensação nauseante. O PACIENTE NUNCA
DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.
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5.2.2.2. REFLEXOS MUCOSOS PATOLÓGICOS:
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O observador deve estar sempre familiarizado com as posições peculiares adotadas
para cada reflexo e com a sede de eleição para provocar o estímulo. A área examinada deve
se manter descoberta.
O paciente deve manter-se despreocupado, com a musculatura relaxada. O músculo
pode ser palpado para se detectar melhor a contração muscular e avaliar o período latente.
Lembrar sempre de palpar o local a ser percutido antes da manobra.
O observador deve pedir para o paciente fechar os olhos ou olhar para um lado em que
ele não veja a manobra que vai ser realizada.
Manobras de facilitação podem ser utilizadas em determinados casos que não se
obtém resposta satisfatória. Um exemplo é a manobra de Jendrassik (no reflexo patelar).
Para se orientar é ideal que o observador tenha uma frase formada para descrever a
resposta obtida no procedimento, portanto deve-se usar a seguinte frase: “A pesquisa do
reflexo ....................(sede pesquisada) do paciente .....................(nome do paciente)
apresentou-se .........................(ausente, normorreativa, reflexo vivo, hiporreativa ou
hiperrreativa) ................................ (bilateralmente -quando for o caso- ou descrever cada um
dos membros pesquisados)”.
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7. REFERÊNCIAS
BATES, B.; BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G. Bates: propedêutica médica.
10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2010.
CAMPBELL, WILLIAN W. Dejong, o exame neurológico. 6ª ed. Rio de
Janeiro : Guanabara Koogan, 2007.
<https://sites.google.com/site/tudoensinomedio/unifei/calendario-1/biologia-
3/reinos/fisiologia-animal/sistema-nervoso/celulas-nervosas/arco-reflexo > Acesso em: 01 de
fevereiro de 2016
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