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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde


Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas

Belém - Pará
2016
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Laboratório de Habilidades Médicas
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.

Reitor da UEPA:
Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma

Vice Reitor
Prof. Rubens Cardoso da Silva

Pró-reitor de pesquisa:
Prof. Douglas Rodrigues da Conceição

Pró-reitora de extensão:
Prof.ª Dr.ª Mariane Cordeiro Alves Franco

Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde:


Prof.ª Dr.ª Ilma Pastana Ferreira

Coordenadora do Curso de Medicina:


Prof.ª Dr.ª Elaine Xavier Prestes

Coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa


Experimental:
Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito

Trabalho desenvolvido no Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e


Pesquisa Experimental como um dos produtos da tese da pós-graduanda Dr.ª Ana
Paula Santos Oliveira Brito, sob orientação do Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito.

REPRODUÇÃO PROIBIDA
Nenhuma parte desta obra, ou sua totalidade poderá ser reproduzida sem a permissão por
escrito dos autores, quer por meio de fotocópias, fotografias, “scanner”, meios mecânicos e/ou
eletrônicos ou quaisquer outros meios de reprodução ou gravação. Os infratores estarão sujeitos
a punição pela lei 5.988, de dezembro de 1973, artigos 122-130 e pela lei do Direito Autoral, nº
9.610/98.

 Direitos de cópias / Copyright 2016


por / by / MESTRADO CIPE / UEPA
Belém, Pará, Brasil
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AUTORES

Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito


Dr.ª Ana Paula Santos Oliveira Brito
Dr. Gabriel Martins Braga

COLABORADORES

Alan Vitor Jerônimo Lima


Ana Catarina Reis
Emanuelle Costa Pantoja
Filipe Rocha da Silva
Iury Patrick Alfaia de Magalhães
Lavinia Dias Tavares
Pedro Teles da Silva Júnior
Wescley Miguel Pereira da Silva

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1. CONCEITO DE REFLEXOS
É uma resposta motora/secretora involuntária e imediata dos centros nervosos a um
estímulo de qualquer natureza.

2. O ARCO REFLEXO
Os reflexos motores dependem anatomicamente do arco-reflexo para acontecer. O
arco-reflexo ocorre quando um estímulo é feito em um órgão receptor e que através de uma
via aferente (sensorial) de condução, chega ao centro nervoso (centro reflexógeno –
substância cinzenta do sistema nervoso) onde é elaborada uma resposta, que por sua vez é
transportada através de uma via eferente (motora) até o órgão efetor (músculo).

Figura 7.1 - Representação esquemática do trajeto do arco reflexo.

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3. CARACTERÍSTICAS DOS REFLEXOS

3.1. CONDUÇÃO UNILATERAL


O estímulo é propagado em apenas uma direção no arco-reflexo.
3.2. ADEQUAÇÃO
O estímulo deve ser adequado ao órgão receptor.
3.3. LOCALIZAÇÃO
Cada reflexo tem um local específico e acontece sempre na mesma área.
3.4. ESPECIFICIDADE
Para cada estímulo específico haverá sempre uma mesma resposta.
3.5. LIMIAR
O reflexo só acontece quando se atinge um limiar.
3.6. LATÊNCIA
É o período de latência do reflexo, que vai do momento que se aplica o estímulo até a
resposta imediata.
3.7. REFRATARIEDADE
É o curto período que se tem após um reflexo e que se for aplicado um outro estímulo
adequado não haverá resposta (Período refratário).

3.8. FADIGA
Quando o mesmo reflexo é provocado várias vezes consecutivas levando à fadiga do
reflexo, onde é preciso que se faça a parada do estímulo por um curto período de tempo, para
que depois volte a ser eficaz.
3.9. FENÔMENO DA SOMA
É quando vários estímulos subliminares, feitos repetidamente, conseguem provocar
um reflexo.
3.10. INDUÇÃO SIMULTÂNEA
É quando dois estímulos aplicados simultaneamente, um junto do outro, conseguem
provocar uma resposta.
3.11. INDUÇÃO SUCESSIVA
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É quando estímulos subliminares aplicados sucessivamente em pontos diferentes de
uma mesma área receptora conseguem provocar resposta.
3.12. FENÔMENO DE FACILITAÇÃO:
A resposta ao mesmo tipo de estimulo, inteiramente idêntico, pode ir se tornando mais
fácil. Isso explica a facilitação obtida pelo treino.
3.13. FENÔMENO DE INIBIÇÃO:
É quando há ausência de resposta, mesmo quando as condições para produzir um arco
reflexo estão presentes.
3.14. PRINCÍPIO DA INERVAÇÃO RECÍPROCA
A contração reflexa de um músculo se acompanha da inibição de seus antagonistas.

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4. CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS

ESQUEMA PARA CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS


Proprioceptivos Exteroceptivos Visceroceptivos

1) Miotáticos: 1) Cutâneo ou Superficial:


São originados nas vísceras e
Profundos Fisiológicos: podem ter efeito:
- Apendiculares: - Cutâneo-abdominais: • Secretor
• Membros superiores: • Superior • Motor
• Vasomotor
-Tricipital • Médio
-Biciptal
-Estilo-radial • Inferior
-Cúbito-pronador -Cutâneo-plantar em flexão.
-Flexor do punho
-Extensor do punho Patológicos:
• Membros inferiores: • Palmomentual.
-Patelar ou Rotuliano • Cutâneo-plantar em
-Aquileu extensão.

- Axiais:
• Naso-palpebral 2) Mucosos:
Fisiológicos:
• Supra-orbitário
• Córneo-conjuntival
• Massetérico
• Faríngeo
Tônicos: • Velopalatino
- Cervicais ou gerais. • Nasal
- Segmentares.
Patológicos:
• Reflexo da sucção
2) Labirínticos.
• Palatinobucal

3) Pupilares:
- Reflexo fotomotor
- Reflexo consensual
- Reflexo de acomodação e
convergência.

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5. SEMIOTÉCNICA DOS REFLEXOS

5.1. REFLEXOS PROPRIOCEPTIVOS

São aqueles em que o estímulo tem sede nos músculos, tendões e aparelho vestibular.
Podem ser miotáticos e labirínticos.

5.1.1. REFLEXOS MIOTÁTICOS:

São os reflexos de tração dos músculos, e são divididos em reflexos profundos e


tônicos.

5.1.1.1. REFLEXOS PROFUNDOS:

São aqueles obtidos pela percussão dos tendões e saliências ósseas, como por
exemplo, a extremidade do rádio próximo à munheca. São caracterizados por terem uma
contração reflexa de curta duração, brusca, de caráter cinético, provocando o movimento do
segmento correspondente, e estão presentes em todos os indivíduos normais. São divididos
em apendiculares e axiais. A percussão é feita utilizando-se os martelos de Traube, de
Dejerine ou outros; pode ser feita também pelo método manual, utilizando as extremidades
unidas do polegar, indicador e médio ou com o bordo cubital da mão.

CUIDADOS
Superiores - O cotovelo sempre deve estar alinhado ao plano do paciente, a mão do
observador deve manter um espaço para execução da resposta esperada.
Inferiores – Manobras de facilitação podem ser executadas para melhor resultado.
Avaliar a melhor posição para cada paciente.
O PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.

- Reflexos profundos apendiculares: são os reflexos referentes aos membros superiores


e inferiores.
• Dos membros superiores:
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a) Reflexo tricipital:
Mão do observador sustentando o braço em abdução com o cotovelo à altura do ombro
e o antebraço pendente formando um ângulo de 90°. Percute-se o tendão do tríceps acima do
olecrâneo.
Resposta: contração do tríceps braquial e a extensão do antebraço sobre o braço.

DICA
Verificar relaxamento muscular através da palpação do trapézio do paciente.

Fig. 7.2 - Teste do reflexo triciptal.

b) Reflexo biciptal:
Deve-se colocar o braço do paciente em semiflexão descançado sobre o braço do
observador, depois se faz a percussão sobre o tendão distal do bíceps, com interposição do
polegar do observador.
Resposta: contração do bíceps com flexão e supinação do antebraço.

Fig. 7.3 - Teste do reflexo bicipital com antebraço apoiado sobre o braço do examinador

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c) Reflexo estilo-radial:
Posição do paciente: mão em meia pronação, polegar para cima, antebraço em meia
flexão e apoiado na mão do observador. Percussão sobre o tendão do músculo braquiorradial
na apófise estilóide do rádio.
Resposta: contração do braquio-radial, com flexão e ligeira supinação do antebraço.

Fig. 7.4 - Teste do reflexo estilo-radial.

d) Reflexo cúbito-pronador:
Mão em meia pronação apoiada sobre a mão do examinador, antebraço em meia
flexão. Percussão na apófise estilóide do cúbito.
Resposta: contração dos músculos pronadores (quadrado e redondo), com pronação da
mão. Pode ocorrer também a adução e flexão de punho e flexão dos dedos.

Fig. 7.5 - Teste do reflexo Cúbito-Pronador.

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Obs.: Segundo Wantemberg, é um dos primeiros reflexos a se tornar hiperativo nos
quadros de lesões piramidais.

DICA
Diferenciar transmissão do impacto, pela percussão com o martelo, do reflexo
propriamente dito, baseando-se em uma das características dos reflexos: a latência.

e) Reflexo flexor do punho:


Paciente com antebraço estendido em supinação, depois se faz a percussão nos tendões
flexores do punho.
Resposta: contração dos músculos flexores do punho com flexão palmar.

Fig. 7.6 – Teste do reflexo flexor do punho

f) Reflexo extensor do punho:


Paciente deve ficar com o antebraço estendido em pronação e mão deve estar
pendente. Então se faz a percussão dos tendões dos extensores do punho.
Resposta: contração dos músculos extensores do punho, com extensão dorsal.

DICA
Traçar uma linha horizontal entre as apófises estilóides e percutir no ponto médio da
linha, tanto durante a pesquisa do reflexo flexor como do extensor do punho.

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Fig.7.7 – Teste do reflexo extensor do punho

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• Dos membros inferiores:
a) Reflexo patelar:
Neste reflexo há o estimulo do nervo femoral através da percussão do tendão patelar
(ONDE FICA), que resulta na contração do músculo quadríceps femoral e consequente
extensão do joelho percutido.
O método consiste em estimular o tendão patelar com um martelo de percussão
propício. Após essa ação, a patela é deslocada para baixo, alongando o quadríceps e
promovendo uma contração reflexa como resposta ao estímulo. O paciente fica sentado com
joelhos estendidos e calcanhar apoiado no solo.

DICA
Manobra de Jendrassik – colocar as duas palmas das mãos voltadas uma para a outra,
horizontalizadas, com os dedos fletidos em garra, justapostos, fazendo tração para fora com
bastante força. O objetivo é conseguir maior relaxamento de determinado grupo muscular,
através da contração voluntária de grupos musculares distantes.

Fig. 7.8 – Manobra de Jendrassik

Fig. 7.9 - Teste do reflexo patelar.

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b) Reflexo aquileu:
Deve-se percutir o tendão de Aquiles acima de sua inserção no calcanhar. Há o
estimulo contrátil dos músculos crurais posteriores, gastrocnêmio, sóleo e plantar. O reflexo é
a flexão plantar. O paciente fica de joelhos em plano alto com os pés para fora.

Fig 7.10 - Teste do reflexo Aquileu.

- Reflexos profundos axiais:

CUIDADOS
O limiar necessário para execução da manobra é menor que nos reflexos apendiculares.
Diferenciar o piscar de olhos do reflexo propriamente dito. O PACIENTE NUNCA DEVE
OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.

São os reflexos referentes à linha média da face e do tronco.

a) Reflexo Naso-palpebral ou Reflexo Glabelar:


Paciente deve olhar para o horizonte ou para baixo mantendo o mento alinhado, então
se faz a percussão da glabela.
Resposta: contração bilateral do orbicular das pálpebras com a oclusão mais acentuada
da fenda palpebral.

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Fig. 7.11 - Teste do reflexo glabelar.

b) Reflexo supraorbitário:
Paciente deve olhar para o lado contralateral à região percutida, então se faz a
percussão da arcada supra-orbitária, sobre o supercílio.
Resposta: contração do músculo orbicular das pálpebras do lado percutido com a
oclusão mais acentuada da fenda palpebral.

Fig. 7.12 – Teste do reflexo supraorbitário.

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c) Reflexo masseterino ou Reflexo mentoniano:
Paciente deve manter a boca entreaberta e relaxada. O observador então faz a
percussão do mento colocando seu dedo entre o mento do paciente e o martelo de percussão.
A percussão também pode ser feita sobre o cabo de uma espátula introduzida na boca, apoiada
na arcada dentária.
Resposta: contração dos músculos masseteres com elevação da mandíbula.

Fig. 7.13 - Teste do reflexo mentoniano.

5.1.1.2. REFLEXOS TÔNICOS:

Como resposta tem-se a contração reflexa tônica, intensa prolongada e de caráter


estático. Podem ser cervicais e segmentares.
- Reflexos tônicos cervicais: São reflexos que se manifestam somente até o primeiro
mês de vida. Depois disso são considerados patológicos.
- Reflexos tônicos segmentares: São reflexos que regulam as atividades posturais e
movimentos, só são percebidos quando se encontram alterados.

5.1.2. REFLEXOS LABIRÍNTICOS:

Embora sejam tônicos, não constituem reflexos de contração da musculatura. São


ocasionados pela excitação do aparelho receptor vestibular. Atuam na manutenção do
equilíbrio exercendo ação em alguns músculos antigravitários. Só são observados em casos
patológicos: o equilíbrio e a postura.
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5.1.3. REFLEXOS PUPILARES:

São importantes na propedêutica neuroftalmológica. Os reflexos pupilares podem se


encontrar normais, ausentes ou em bradicoria.

CUIDADOS
Manter um pequeno intervalo entre o momento em que o paciente é solicitado para
olhar a um ponto distante e a execução da manobra. O foco de luz deve estar localizado a cerca
de 30cm do paciente. Focalizar rapidamente a lanterna para que a luz passe rapidamente pela
visão periférica sem interferir na dilatação pupilar.

- Reflexo fotomotor: Paciente em local bem iluminado, com os olhos abertos, com o
olhar fixo em um ponto distante. Vedam-se os dois olhos com as mãos e depois se retira uma
das mãos para incidir a luz no olho descoberto. Depois se repete a manobra com o outro olho.
A resposta será a contração rápida da pupila devido à incidência da luz sobre o olho. Essa
manobra pode ser feita também com uma lanterna, onde o observador se situa em frente e ao
lado do paciente, que deve estar num local não tão iluminado, e então se projeta a luz sobre o
olho.

Fig. 7.10 - Teste do reflexo fotomotor. 7.10A – Olho no qual será incidida a luz; 7.10B – Contração pupilar do
olho devido a incidência da luz.

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- Reflexo consensual: Pesquisa-se esse reflexo incidindo luz sobre um olho e
observando a reação pupilar do outro. A resposta é uma contração pupilar reflexa bilateral.

Fig. 7.11 - Teste do reflexo consensual. 7.11A – Olho no qual não será incidida a luz; 7-10B – Contração
pupilar do olho devido a incidência da luz no olho contralateral.

- Reflexo da acomodação e convergência: Paciente deve estar olhando ao longe, logo


depois, solicita-se que olhe para um objeto bem próximo (a menos de 30 cm do olho). A
resposta será uma reação pupilar (constrição) de acomodação quando o paciente olhar para o
objeto próximo ao olho. Há também contração sinérgica dos músculos retos internos
(convergência) e do músculo ciliar (acomodação). Todas essas reações são devidas a
inervação pelo nervo motor ocular comum.

Fig. 7.12 - Teste do reflexo da acomodação e convergência.

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5.2. REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS

São os reflexos superficiais. São obtidos pelo leve atrito de áreas da pele e mucosa.
Os reflexos superficiais podem se encontrar normais, em hiperreflexia, em hiporreflexia, em
arreflexia e em inversão.

CUIDADOS
A tração realizada deve ser rápida e leve. PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A
EXECUÇÃO DAS MANOBRAS.

5.2.1. REFLEXOS SUPERFICIAIS CUTÂNEOS:

5.2.1.1. REFLEXOS SUPERFICIAIS CUTÂNEOS FISIOLÓGICOS:

- Reflexos cutâneo-abdominais: Com um estilete ou um palito faz-se uma leve pressão


no sentido transversal da periferia para a linha Alba do abdome. Pesquisa-se tanto à direita
quanto à esquerda do abdome. O reflexo abdominal pode ser superior (abaixo da borda
costal), médio (na altura do umbigo) e inferior (acima da arcada crural). O estímulo é feito da
periferia para o centro, porque a resposta motora é do centro para a periferia.
Resposta: contração ipsolateral dos músculos abdominais (reto, oblíquos externo e
interno, e transverso) e retração parietal (linha Alba e cicatriz umbilical desviam para o lado
excitado). Algumas situações podem negativar esses reflexos, como: apendicites,
gastroenterites agudas, afecções uterinas, parede abdominal muito flácida ou muito tensa,
cicatrizes cirúrgicas e obesidade.

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Fig. 7.13 - Teste do reflexo cutâneo abdominal superior.

Fig. 7.14 - Teste do reflexo cutâneo abdominal médio.

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Fig. 7.15 – Teste do reflexo cutâneo abdominal inferior.

- Reflexo cremasteriano: Paciente deve estar despido em decúbito dorsal e membros


inferiores em abdução e em extensão (pernas abertas) para expor a bolsa escrotal. Então
excita-se a parte interna da coxa no seu terço superior de cima para baixo com um estilete.
Resposta: contração do músculo cremaster que eleva ao testículo ipsolateral (nos casos
de hiperreflexia, elevação também do contralateral). Pode ocorrer também contração dos
feixes inferiores do obliquo interno com ligeira depressão da parede abdominal acima da
arcada crural. Na mulher ocorre retração dos grandes lábios e contração do grande oblíquo
(Reflexo de Geigel).

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Fig. 7.14 - Teste do reflexo cremasteriano.

- Reflexo cutâneo-plantar em flexão: Paciente deve ficar em decúbito dorsal com


membros inferiores em extensão. Processa-se a excitação da planta do pé com o estilete, do
calcanhar para a ponta, de preferência pelo lado interno.
Resposta: contração dos músculos flexores dos artelhos, com flexão plantar dos
pododáctilos. A resposta é geralmente rápida, e os pequenos pododáctilos se fletem mais que
o grande artelho.

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Fig. 7.15 - Teste do reflexo cutâneo-plantar em flexão.

5.2.1.2. REFLEXOS SUPERFICIAIS CUTÂNEOS PATOLÓGICOS:

- Reflexo cutâneo-plantar em extensão (Sinal de Babinski): Esse reflexo ocorre em


indivíduos com alguma alteração da via piramidal, no seu trajeto cerebral ou espinhal. Pode se
manifestar de três formas: Dorsoflexão do hálux, dorsoflexão do hálux e dos demais
pododáctilos, e dorsoflexão do hálux e abertura em leque dos demais dopodáctilus. Em
crianças até 1 ano de idade, esse reflexo é normal. Falsa resposta ou pseudo Babinski pode
ocorrer sem agressão à via piramidal, em determinadas circunstâncias: intoxicações agudas,
estados comatosos, hipoglicemia; atetose, coréia (devido à hipercinesia); neuropatias com
paralisia dos curtos flexores, estando sem alterações os extensores (Babinski periférico).

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Fig. 7.16 - Teste cutâneo-plantar em extensão.

- Reflexo palmomentual: Reflexo superficial, patológico, provocado pela excitação


cutânea da mão na região tênar.
Resposta: contração ipsolateral dos músculos mentual e oro-orbicular, com ligeira
elevação do lábio inferior e retração da comissura labial.
Eventualmente, o reflexo palmomentual pode ser detectado em indivíduos normais,
com resposta, no entanto, apenas esboçada. Mostra-se hiperativo nas lesões piramidais.
É importante no diagnóstico diferencial entre paralisia central, na qual o reflexo está
presente, e paralisia facial periférica, em que se encontra ausente.

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5.2.2. REFLEXOS MUCOSOS:

CUIDADOS
Algumas manobras podem desencadear sensação nauseante. O PACIENTE NUNCA
DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.

5.2.2.1. REFLEXOS MUCOSOS FISIOLÓGICOS:

- Reflexo córneo-palpebral: Afastam-se as pálpebras do paciente e com um chumaço


de algodão toca-se a córnea.
Resposta: contração bilateral do orbicular das pálpebras com o fechamento rápido das
mesmas.

Fig. 7.17 - Teste do reflexo córneo-palpebral.

- Reflexo faríngeo: Tocando a parede posterior da faringe, a úvula, as amídalas, com


uma espátula. Haverá contrações da faringe, sensações nauseosas e esforços do vômito.
- Reflexo nasal, esternutatório ou do espirro: Com a ponta de um lenço introduzido na
narina, excita-se a pituitária. A resposta será um espirro acompanhado de lacrimejamento.
- Reflexo velopalatino: Com uma espátula estimula-se a superfície lateral e inferior da
úvula. A resposta é a elevação do palato mole e retração concomitante da úvula.

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5.2.2.2. REFLEXOS MUCOSOS PATOLÓGICOS:

- Reflexo de sucção: Quando a mucosa labial ou da língua é excitada com um bastão


ou com o dedo, ocorrem movimentos de sucção. Esse reflexo é normal nos recém-nascidos. E
pode reaparecer em situações graves pseudolobulares.
- Reflexos palatinobucal de Lahr e Henneberg: É quando com uma espátula, se excita
energicamente, de trás para frente, a região palatina. Como resposta ocorre a contração dos
músculos orbiculares dos lábios. Presente nas síndromes pseudobulbares e nas hemiplegias.

5.3. REFLEXOS VISCEOCEPTIVOS OU VEGETATIVOS

Originam-se das vísceras. Como exemplo de reflexos vegetativos fisiológicos tem-se a


digestão, a parturição, etc...
- Reflexo oculocardíaco de Aschner: Paciente sentado em uma cadeira com a cabeça
encostada, ou então deitado. Primeiramente, verificar as pulsações radiais 2 ou 3 vezes, para
se obter a média das pulsações. Depois, se faz uma compressão leve e simultânea dos dois
globos oculares com uma mão, e com a outra mão, palpar as pulsações radiais, ao mesmo
tempo da compressão. A duração da compressão é de 20 a 30 segundos. Se o reflexo for
positivo, haverá um retardamento do pulso. Se a compressão não modificar o número de
pulsações, será dito como indiferente. Porém, se ao invés de produzir retardamento, produzir
aceleração e aumento das pulsações, o reflexo será dito invertido.

6. ROTEIRO E DESCRIÇÃO DOS REFLEXOS


O observador deve se identificar e perguntar o nome do paciente. As mãos devem ser
lavadas antes e depois de cada procedimento. Deve ser explicado ao paciente o procedimento
que vai ser feito; também deve ser dito que se o paciente sentir algum incomodo ou dor que
prejudique o exame, o mesmo vai ser interrompido.
A semiotécnica dos reflexos deve ser feita obedecendo a uma seqüência descendente
ou ascendente, e também comparativa ou simétrica.

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O observador deve estar sempre familiarizado com as posições peculiares adotadas
para cada reflexo e com a sede de eleição para provocar o estímulo. A área examinada deve
se manter descoberta.
O paciente deve manter-se despreocupado, com a musculatura relaxada. O músculo
pode ser palpado para se detectar melhor a contração muscular e avaliar o período latente.
Lembrar sempre de palpar o local a ser percutido antes da manobra.
O observador deve pedir para o paciente fechar os olhos ou olhar para um lado em que
ele não veja a manobra que vai ser realizada.
Manobras de facilitação podem ser utilizadas em determinados casos que não se
obtém resposta satisfatória. Um exemplo é a manobra de Jendrassik (no reflexo patelar).
Para se orientar é ideal que o observador tenha uma frase formada para descrever a
resposta obtida no procedimento, portanto deve-se usar a seguinte frase: “A pesquisa do
reflexo ....................(sede pesquisada) do paciente .....................(nome do paciente)
apresentou-se .........................(ausente, normorreativa, reflexo vivo, hiporreativa ou
hiperrreativa) ................................ (bilateralmente -quando for o caso- ou descrever cada um
dos membros pesquisados)”.

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7. REFERÊNCIAS
BATES, B.; BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G. Bates: propedêutica médica.
10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2010.
CAMPBELL, WILLIAN W. Dejong, o exame neurológico. 6ª ed. Rio de
Janeiro : Guanabara Koogan, 2007.

METWALLY, Y. Disponível em:

<http://pdf.yassermetwally.com/examin.pdf> Acesso em: 16 de outubro de


2015.
PORTO, C.C.; LEMOS, A.L. Porto & Porto Semiologia Médica. 7ª ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
SOUZA, G.S. Disponível em: <
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfp7UAA/semiologia-06-neurologia-
semiologia-neurologica-pdf?part=8>. Acesso em: 16 de outubro de 2015.
THOMPSON, J.; GOLDBERG, C. A Practical Guide to Clinical Medicine:
The Neurological Examination. University of California: San Diego.
Available in: https://meded.ucsd.edu/clinicalmed/neuro3.htm.

<https://sites.google.com/site/tudoensinomedio/unifei/calendario-1/biologia-
3/reinos/fisiologia-animal/sistema-nervoso/celulas-nervosas/arco-reflexo > Acesso em: 01 de
fevereiro de 2016

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