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Gestão de Estoques e

Armazenagem
George dos Anjos

Técnico em
Logística
Gestão de Estoques e
Armazenagem
George dos Anjos

Curso Técnico em
Logística

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Agosto 2023


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
George dos Anjos Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Revisão
Ana Pernambuco de Souza
George dos Anjos

Coordenação de Curso Coordenação Geral (ETEPAC)


Eliane Barbosa dos Santos Arnaldo Luiz da Silva Junior
Gustavo Henrique Tavares
Coordenação Design Educacional Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Deisiane Gomes Bazante Paulo Euzébio Bispo

Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 6

UNIDADE 01 | PROCESSO DE ARMAZENAGEM E SUA RELAÇÃO COM O CONTROLE DOS ESTOQUES


.................................................................................................................................................... 7

1.1 Nível de serviço ...........................................................................................................................................8


1.2 Atividades pertinentes à armazenagem de materiais ............................................................................. 11
1.2.1. Recebimento ........................................................................................................................................ 12
1.2.2. Estocagem ............................................................................................................................................ 13
1.2.3. Distribuição .......................................................................................................................................... 14
1.3. Arranjo físico de um armazém – Layout ................................................................................................. 15
1.3.1. Necessidade de espaço físico ............................................................................................................... 16
1.4. Estratégia de localização de armazéns ................................................................................................... 17
1.5. Tipos de depósitos .................................................................................................................................. 18
1.6. Estrutura porta-palete convencional ...................................................................................................... 19
1.7. Inventário físico....................................................................................................................................... 21
UNIDADE 02 | CONCEITO DE CLASSIFICAÇÃO, CODIFICAÇÃO E CADASTRAMENTO DE MATERIAIS EM
ESTOQUES .................................................................................................................................. 24

2.1. Classificação de materiais ....................................................................................................................... 24


2.2. Cadastramento de materiais ................................................................................................................... 25
2.3. Codificação de materiais ......................................................................................................................... 28
2.4. Classificação ABC..................................................................................................................................... 31
UNIDADE 03 | CONTROLE DOS ESTOQUES POR NÍVEIS DE VALOR CONTÁBIL E CONSUMOS ......... 36

3.1. Metodologias contábeis de avaliação dos estoques .............................................................................. 36


3.1.1. Custo Médio ......................................................................................................................................... 36
3.1.2. PEPS...................................................................................................................................................... 38
3.1.3. UEPS ..................................................................................................................................................... 39
3.2. Previsão para os estoques ...................................................................................................................... 40
3.3. Método de previsão por último período ................................................................................................ 43
3.4. Método da média móvel ......................................................................................................................... 44
3.5 Regressão linear ....................................................................................................................................... 46
3.6 Análise de séries temporais ..................................................................................................................... 47
UNIDADE 04 | O dimensionamento e os níveis de recomposição dos estoques ........................... 49

4.1 Tempo de Reposição e o ponto de pedido .............................................................................................. 49


4.2 Grafico Dente de Serra ............................................................................................................................. 52
4.3. Estoque mínimo ...................................................................................................................................... 55
4.4. Lote econômico de compra .................................................................................................................... 57
4.5. Estoque máximo...................................................................................................................................... 59
4.6. Gestão de compras e a inter-relação com a gestão de estoques ........................................................... 60
CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 64

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 65


INTRODUÇÃO
Caro(a) Estudante,
Você dará início ao estudo de uma das atividades mais importantes e fundamentais da
Logística: Estoques e Armazenagem. Isso mesmo!
A gestão de estoques e armazenagem é uma área importante para empresas que
comercializam bens materiais. A função principal da gestão de estoque é garantir que uma
quantidade adequada de produtos esteja disponível no momento certo, e que esse estoque seja
mantido de forma eficiente. Já a armazenagem cuida do espaço físico necessário para armazenar
esses produtos de forma adequada e segura.
Um bom gerenciamento de estoque é importante para garantir que a empresa tenha a
quantidade certa de produtos em estoque, evitando prazos de entrega atrasados e perdendo vendas.
Gerir estoques também garante a sustentabilidade da empresa, evitando desperdícios e reduzindo o
impacto ambiental. Além disso, uma boa gestão evita a falta ou o excesso de produtos, o que pode
levar a perdas financeiras.
A armazenagem, por sua vez, é fundamental para manter a qualidade dos produtos em
estoque. Uma armazenagem inadequada pode afetar negativamente a qualidade do produto ou até
mesmo resultar em perda total. Gerenciando o espaço de armazenamento e os métodos de
manuseio, é possível garantir que os produtos permaneçam em ótimo estado enquanto estiverem
em estoque.
Tanto a gestão de estoques quanto a armazenagem exigem um planejamento cuidadoso,
com atenção aos custos e capacidade da empresa. É importante que as empresas considerem as
diferentes opções de métodos e tecnologias para gestão de estoques e armazenagem, escolhendo a
que melhor se adequa às suas necessidades e disponibilidades. A gestão adequada de estoques e a
armazenagem são imprescindíveis para garantir o sucesso financeiro e operacional de uma empresa.
Desejo a você, a partir de agora, muito sucesso em seus estudos!

6
UNIDADE 01 | PROCESSO DE ARMAZENAGEM E SUA RELAÇÃO COM O
CONTROLE DOS ESTOQUES
Caro(a) estudante, você já observou que existem muitos materiais, produtos que
acomodamos em nossa residência? Isso mesmo, na rotina de uma casa compramos, estocamos em
nossos armários, geladeiras e na proporção que vai acabando vamos realizando a reposição, além de
verificar o preço que está mais barato e o lugar mais próximo para adquirir.
Nesse contexto, é possível verificar a importância de gerir bem o estoque, até mesmo em
nosso cotidiano, a fim de mantermos nossas despensas abastecidas. Ou seja, a gestão de estoque é
assim, está presente não só nas empresas, mas também no dia-a-dia das pessoas.

Confira agora o podcast dessa unidade e, em seguida, retome a leitura de seu


e-book.

Vamos agora prosseguir com o nosso aprendizado.


Você sabe o que é a gestão de estoques? A gestão de estoques em armazéns de materiais,
defini as atividades e as etapas necessárias para garantir um controle eficiente e eficaz da
movimentação de mercadorias, deve ser realizada com base em um sistema de controle que permita
o registro da entrada e saída de mercadorias e é recomendado que sejam estabelecidos
procedimentos específicos para a separação e expedição desses produtos, garantindo um controle
adequado da movimentação de estoques.
Os materiais têm características próprias e administrá-los significa controlar dois
elementos: tempo e espaço. De acordo com Nogueira (2012, p. 51), ”o tempo e o espaço são variáveis
em uma operação de armazenagem”.
Sobre o elemento tempo, é importante relacionarmos os estoques à sua capacidade de
agregar valor às operações logísticas, em especial, quando essa capacidade se refletir no giro dos
estoques. E o que isto significa? Quanto menos tempo os produtos se mantiverem estocados, maiores
e melhores serão as chances de se atingirem resultados satisfatórios em nível de serviço.

7
Em relação ao elemento espaço, as características dos produtos, bem como detalhes que
os diferenciam, tendem a influenciar o modelo de arranjo físico mais apropriado que permita adequar
estruturas e equipamentos direcionados à estocagem física, circulação de materiais e pessoas,
distribuição, bem como garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores em ambiente laboral.
Esta relação “tempo-espaço” é comum tanto para o processo de manufatura (indústria),
quanto na prestação de serviços, onde os estoques tendem a ser materiais utilizados nas atividades
fins. Desta forma, é possível observar que as operações de armazenagem são direcionadas ao
cumprimento de níveis de serviços, para um ou mais clientes, os quais agregam-se valores mediante
a três aspectos: maior redução no prazo de entrega, disponibilidade maior de produtos e um melhor
cumprimento no prazo de entrega.

1.1 Nível de serviço

É importante entender que a qualidade do serviço logístico deve ser considerada como o
cumprimento de todos os elementos de controle do nível de serviço estabelecido, uma questão
importante: a entidade que presta o serviço logístico não deve, com o argumento da fidelização do
cliente, prestar um nível de serviço superior ao estipulado no contrato, por duas razões:
1. Perda potencial de receita. A empresa contratada não obtém vantagem financeira,
por não atender adequadamente a demanda dos clientes, não conseguir manter a satisfação do
cliente e não agregar serviços adicionais que não façam parte do objeto do contrato.
2. Por danos ao próprio cliente. Imagine antecipar a entrega de um produto ou até
mesmo um serviço? Será que o cliente estaria preparado para receber o produto ou realizar um
serviço, em dia e hora que não estivesse pré-determinado em contrato?
Portanto, ambas as condições devem ser evitadas, pois são situações que aparentemente
trarão benefícios ao cliente ou melhorarão a imagem do prestador de serviços logísticos. Mas, na
verdade, comprometem o nível de serviço, prejudicando os elementos acordados no contrato entre
o cliente e o fornecedor, tais como: prazo acordado, confiabilidade, integridade da carga e
atendimento, etc.
Assim, a primeira informação contratual que deve ser claramente estabelecida com o
cliente é: qual o nível de serviço que o cliente deseja adquirir? Ao obter essa resposta, a empresa

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prestadora de serviços logísticos define sua atuação no mercado pois é a partir dela que se estabelece
o nível de serviço que será oferecido.
Segundo Pozo (2010, p. 32), o objetivo macro de nível de serviço que está atrelado ao
sistema de planejamento de estoques “visa atender às necessidades do cliente em relação a datas e
à presteza de entrega dos pedidos.” Assim, lembre-se de um fator muito importante, uma vez
estabelecido o nível de serviço, ele passa a ser um item vital a ser controlado e alcançado pela
operação logística. Nem menos, nem mais, mas exatamente o combinado! E, para efetivarmos, a
melhor maneira é sob a ótica da qualidade ou dos indicadores de desempenho logístico.
Na língua inglesa, esses indicadores são conhecidos como Key Performance Indicator (KPI)
e contribuem na gestão das operações logísticas, com escopo e escalas abrangentes, formulando um
sistema que corresponde aos “olhos e ouvidos” necessários a:
• controlar e monitorar a (s) atividade (s);
• identificar problema (s),
• apontar caminho (s) para a melhoria (s).

Cada atividade logística deverá alcançar sua meta de nível de serviço (valores máximos e
mínimos) para estar dentro da qualidade contratada. Existem centenas de indicadores ou métricas
que podem ser utilizadas para avaliar o desempenho do processo logístico de uma empresa e,
consequentemente, controlar seus níveis de serviço.
Veja, abaixo, alguns exemplos de indicadores bastante utilizados e recomendados por
Markham (2003, p. 48–50), para o acompanhamento de determinados itens de controle que
impactam em operações de armazenagem e estoque.
• Avarias

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑠
x100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

• Avarias no estoque

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑠 x 100

9
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠

• Retornos e devoluções

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑒/𝑜𝑢 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠


x 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

• Acuracidade1 dos saldos dos estoques

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜


x 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠

• Obsolescência do estoque

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑜𝑏𝑠𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑠


x 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 itens

• Custo de movimentação e armazenagem próprias

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜


x 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠

• Custo de movimentação e armazenagem com terceiros

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠


x 100
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

1
De acordo com o dicionário On Line de Português, acuracidade se refere à “medida de averiguação de estoque ou
processo de controle de entradas e saídas de mercadorias.

10
• Giro dos estoques

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎


𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞ue

• Tempo de recebimento (da doca para estocagem)


𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒 𝑜 𝑒𝑛𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠)

• Pedidos por hora

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠


x 100
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑖𝑠 (𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜)

• Utilização dos espaços de estocagem

𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑜 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜
x 100
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑖𝑛𝑙𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜)

E aí, estudante, tudo certo até agora? Acredito que sim. Então, vamos continuar.

1.2 Atividades pertinentes à armazenagem de materiais

Você já identificou os principais aspectos que direcionam o nível de serviço em operações


de armazenamento e como é possível dividir esforços para diferentes tipos de clientes. Agora, você
irá se deparar com as estruturas operacionais presentes na armazenagem, onde podem ser descritas,
conforme representação abaixo:

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Figura 01 – Estruturas de armazenagem.
Fonte: adaptado. (CASTIGLIONI, 2009, p. 24).
Descrição da figura: A imagem apresenta oito retângulos, em formato de diagrama, que representam o processo de
entrada de materiais, estocagem e distribuição. Fim da descrição.

Como você pode conferir na imagem acima, esses três elementos estruturais das
operações de armazenagem - recebimento, estocagem e distribuição - também possuem
particularidades que os tornam relevantes e seus controles podem contribuir positivamente para as
operações.

1.2.1. Recebimento

“A atividade Recebimento intermedeia as tarefas de compra e pagamento ao fornecedor,


sendo de sua responsabilidade a conferência dos materiais destinados à empresa.” (VIANA, 2006, p.
281). A função recebimento aparece como “[...] fiel avaliadora de que os materiais desembaraçados
correspondam, efetivamente às necessidades da empresa [...]”, se encarregando do controle dos
materiais, a partir do momento da entrada, cumprindo com as principais atribuições da função
recebimento. (VIANA, 2006, p. 281).
Confira abaixo essas atribuições:
• Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais;
• Analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada;
• Confrontar os volumes declarados na Nota Fiscal e no manifesto de transporte com
os volumes a serem efetivamente recebidos;

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• Proceder a conferência visual, verificando condições de embalagem quanto a
possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas nos
respectivos documentos;
• Proceder a conferência quantitativa dos materiais recebidos;
• Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxarifado.

Compete ainda, ao momento da conferência, providenciar a regularização da recusa,


devolução ou da liberação de pagamento ao fornecedor, conforme condições de recebimento dos
materiais. É possível, que em determinadas operações logísticas, a depender das várias características
dos itens movimentados, as conferências quantitativas e qualitativas possam ser realizadas
simultaneamente. Como isso seria possível?
É simples, estudante, ao passo que o conferente, responsável pelo recebimento realiza a
contagem, pesagem ou medição de materiais e/ou produtos, ele analisa (visualmente ou com auxílio
de equipamento apropriado), os requisitos qualitativos que em dado momento, podem ter sido
submetidos à choques, pressões ou outros efeitos desproporcionais. Condições estas, tendem a
comprometer negativamente, à adequação do uso e das principais funções dos materiais.
Cumprida todas as fases, acima descritas, os itens recebidos devem agora, submeterem-
se à estocagem.

1.2.2. Estocagem

Como já é de seu conhecimento o estoque constitui, por sua vez, um dos pontos vitais na
formação do conjunto de atividades da armazenagem, exigindo técnicas específicas para alcançar a
eficiência da racionalização e da economia desejada. Contudo, para que haja efetividade no controle
dos estoques é imprescindível que os materiais sejam regularizados.
A regularização dos materiais complementa todos os esforços no armazenamento,
cumprindo por sua vez, com a classificação, cadastramento e codificação de todos os itens,
destinando-os às posições específicas no depósito, de acordo com as características que os definem.
A regularização configura-se pelo controle do processo de recebimento, pela confirmação
da conferência qualitativa e quantitativa, por meio do laudo da inspeção técnica e da confrontação

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(quantidades conferidas versus faturadas), para decisão de aceitar ou recusar, e, finalmente, pelo
encerramento do processo.

1.2.3. Distribuição

É um conjunto de atividades executadas com o objetivo de fazer com que os materiais


cheguem aos locais onde serão utilizados de forma segura e adequada. Esse processo inclui diversas
etapas, como a seleção e a classificação dos materiais, o armazenamento e o controle de estoque, a
separação e a preparação para expedição, o transporte e a entrega dos materiais
“Entre as muitas formas existentes para estruturar a distribuição física, deve-se
mencionar a mais adequada às condições e necessidades de nosso mercado, a qual envolve e
contempla segmentos.” (VIANA, 2006, p. 366).
São eles:
• Depósitos regionais e de mercadoria em trânsito: recebimento, armazenagem e
expedição de materiais.
• Movimentação de materiais: manuseio interno dos depósitos, movimentação interna
e externa dos depósitos e terminais e centros de distribuição.
• Transportes e fretes: determinação de roteiros para utilização dos serviços de
transporte da forma mais econômica e eficiente.
• Embalagem e acondicionamento: embalagem de proteção e acondicionamento,
material de embalagem, serviços de carpintaria, mecanização de embalagem e
enchimento.
• Expedição: preparação de cargas, determinação das condições de transporte,
carregamento, expedição e controle cronológico das remessas. (VIANA, 2006,366).

As estruturas que compõem a armazenagem, se completam com a operação de


distribuição. O fluxo dos materiais contribui para a disponibilidade dos itens requisitados, cujo destino
visa, além da movimentação de suprimentos internos e o abastecimento nas diferentes fases, atender
um pedido de quem o requisitou. O transporte, como pode-se compreender, faz parte da
engrenagem de distribuição e representa, em sua estratégia, o setor em que o tempo se torna mais

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curto entre a colocação de um pedido e sua produção e seu uso, motivo pelo qual, deve ser efetuado
no menor prazo possível e ao menor custo.
Durante todo o processo de distribuição, devem ser adotadas medidas de segurança e
higiene, para evitar danos materiais, ambientais e à saúde dos trabalhadores envolvidos. Por fim,
existem também normas específicas para o transporte de materiais perigosos, que devem ser
seguidas rigorosamente para garantir a segurança de todos os envolvidos.

1.3. Arranjo físico de um armazém – Layout

O arranjo físico é a organização dos espaços destinados às atividades de uma empresa,


considerando a disposição dos maquinários, equipamentos, materiais e pessoas. O objetivo do
arranjo físico é otimizar o fluxo de trabalho, minimizar distâncias percorridas, aproveitar o espaço
disponível, reduzir custos e aumentar a eficiência e produtividade das atividades realizadas.
A elaboração de um layout concorre para a realização de uma operação eficaz de
armazenagem, suprindo a necessidade de espaço e contribuindo, fundamentalmente, para o mínimo
de obstrução em seu acesso. Torna-se indispensável que a estrutura possua uma mão de obra
qualificada e que os aspectos de segurança garantam a integridade da equipe e do armazém,
colaborando para níveis de serviço satisfatórios. (VIANA, 2006, p. 309).
“Portanto, para que haja um projeto perfeito, há que se ter um planejamento, tem que
existir o layout.” (VIANA, 2006, p. 309). Abaixo, segue representação de um layout que ilustra, em
sua fase de planejamento, a disponibilidade de equipamentos, estruturas e fluxo dos materiais que
deverão compor o projeto logístico.

15
Figura 02 – Zona de armazenagem.
Fonte: https://www.mecalux.com.br/manual-de-armazenagem/armazem/gestao-de-armazem
Descrição da figura: representação de uma planta de arquitetura, cujo desenho técnico destina-se a elaboração de um
projeto de armazenagem. Dentro deste desenho técnico, existe um detalhamento das atividades como o armazém, a
montagem, as áreas de armazenagem temporário, a consolidação e a expedição. Fim da descrição.

Como pode-se constatar na imagem, a área de armazenamento é composta por uma ou


várias seções. De acordo com o exemplo, é possível ainda perceber um conjunto articulado de
funções e atividades responsáveis pelo fluxo dos materiais.
As características de um layout obedecem prioritariamente, ao conhecimento da
rotatividade, ou melhor, do giro dos produtos que serão movimentados no armazém e,
consequentemente, farão parte do sistema que determina o tempo desses materiais em estoque.

1.3.1. Necessidade de espaço físico

Quanto mais se armazenam produtos, menor é o custo com transportes. Como isso
ocorre?
Imagine, por exemplo, que uma empresa tem vários depósitos espalhados pela região
nordeste do Brasil. Esses depósitos funcionam como Centros de Distribuição (CDs) para os clientes

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que também ficam na mesma região do país. Isso significa que, como a organização mantém
armazéns próximos aos clientes, caminhões são carregados nos CDs e de lá seguem para os clientes,
sem ter que percorrer grandes distâncias.
Manter vários centros de distribuição gera a necessidade de manter altos estoques,
porque cada CD terá o seu estoque. No entanto, como os CDs estarão perto dos clientes os custos
com transportes serão menores, pois as distâncias de deslocamentos serão encurtadas, reduzindo,
portanto, o valor do frete-peso negociado.
Por sua vez, se a gestão decidir que manterá apenas um depósito em toda a região do
Nordeste, o estoque a ser mantido será menor. No entanto, as distâncias a serem percorridas pelos
caminhões que entregarão aos clientes serão bem maiores. Isso elevará os custos de transporte.

1.4. Estratégia de localização de armazéns

O dimensionamento do espaço físico deve levar em conta as atividades que serão


realizadas no ambiente, a quantidade de pessoas que o utilizarão simultaneamente, considerando
também as necessidades de circulação para facilitar o conforto ambiental.
É fundamental que o dimensionamento dos espaços físicos seja feito de forma adequada,
de modo a permitir o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores e contribuir para a eficiência
e produtividade em ambientes de trabalho.
A decisão pela localização de armazéns ou depósitos não é uma tarefa fácil, ainda que
esta estrutura seja implantada internamente. Há alguns fatores que são determinantes nessa
atividade e seus critérios devem refletir aspectos qualitativos da região e disponibilidade de recursos
necessários à instalação física, conforme pode ser verificado em nosso exemplo. Várias metodologias
contribuem para definir o melhor local. Existem duas, bastante populares que você pode utilizar: a
ponderação qualitativa de localização e a comparação entre custos fixos e variáveis.
A ponderação qualitativa de localização é uma metodologia utilizada para avaliar
qualitativos que podem influenciar na escolha do local de um armazém ou depósito. Esses fatores
podem incluir aspectos como proximidade de fornecedores, acesso a rotas de transporte,
disponibilidade de trabalho manual, infraestrutura local, entre outros.
Quanto à comparação entre custos fixos e variáveis, essa metodologia leva em
consideração os custos fixos e variáveis associados a cada local. Os custos fixos são aqueles que não

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dependem diretamente da quantidade de produtos movimentados, como aluguel do espaço,
atendimento dos funcionários fixos, entre outros. Os custos variáveis, por sua vez, estão diretamente
relacionados à quantidade de produtos movimentados, como custos de transporte, armazenamento,
embalagem, entre outros.
Para realizar essa comparação, é necessário levantar os custos fixos e variáveis associados
a cada local e realizar uma análise comparativa entre eles.

1.5. Tipos de depósitos

O armazém é um tipo de depósito e as empresas podem decidir por ter espaços próprios
ou alugar depósitos para armazenar seus produtos. Ter os próprios armazéns traz a vantagem de
definir o seu layout e arranjo físico adaptado às necessidades da empresa. E qual seria a melhor
estratégia a ser adotada? Para responder a esta questão, é preciso comparar os custos entre as duas
operações, em obter depósito próprio ou a contratação de terceiros, definindo, portanto, o que é
melhor para a organização.
Os armazéns podem ser divididos em cinco tipos básicos:
a) O primeiro são os armazéns de commodities, os quais só podem ser armazenados
certos tipos de mercadorias classificados como commodities (a soja é um bom
exemplo desse tipo de produto).
b) O segundo tipo são os armazéns para granéis, como “produtos químicos, derivados e
xaropes” (BALLOU, 2010, p. 163).
c) O terceiro citado pelo autor é o armazém frigorificado, que são os armazéns
refrigerados, cujos produtos fazem parte da chamada cadeia do frio. Neste tipo de
armazenagem, todo o processo, desde a sua concepção até a distribuição, deverá ser
garantido o seu estado de conservação, integralmente.
d) O armazém para utilidades domésticas e mobiliários, configura o quarto tipo básico
de armazém. Para este tipo, Ballou (2010, p. 163) afirma que “seus principais clientes
são empresas que distribuem miudezas de uso caseiro e não os fabricantes de
móveis”.
e) E, por fim, os que “[...] manuseiam um amplo leque de itens, não exigindo as
facilidades ou equipamentos especializados dos tipos anteriores” passam a

18
representar o quinto tipo de armazenagem, denominado armazéns de mercadoria
em geral. (BALLOU, 2010, p. 164).

Caro(a) estudante, você já tem dimensão da importância dada aos espaços físicos em um
armazém! Porém, muitas outras particularidades devem ser tratadas, dentre elas estão as estruturas
porta-paletes que têm como principal objetivo otimizar a utilização dos espaços dos armazéns e ainda
contribuem para formulação de técnicas diversificadas de estocagem. O uso dessas estruturas tende
a garantir maior segurança não só ao item, mas também, às pessoas que circulam no depósito. Nesse
e-book, apresentaremos o porta-palete convencional, que você verá a seguir.

1.6. Estrutura porta-palete convencional

Trata-se de uma estrutura pesada em que as prateleiras são substituídas por plano de
carga composto por um par de vigas que se encaixam sobre as colunas e podem ser ajustadas em
altura. A estrutura porta-paletes, em seu modelo mais tradicional, conforme pode ser verificada na
figura abaixo, contribui para o surgimento de sistemas de armazenagem dinâmica e de alta
densidade, assim como no surgimento de estratégias visando atender às necessidades de
armazenamento e movimentação de equipamentos em espaços restritos.

Figura 03 – Estrutura porta-palete convencional


Fonte: https://www.mecalux.com.br/cargas-paletizadas/porta-pallets
Descrição da figura: corresponde a um ambiente de armazenagem, cujo espaço é dividido por estruturas metálicas em
blocos, semelhantes a prateleiras que contém estantes, dispostas umas sobre as outras, porém separadas por

19
corredores largos de acesso de materiais, equipamentos e pessoas. Fim da descrição.

Principais características.

• Usada quando a carga do palete for muito variada;


• Movimentação dentro de armazéns;
• Exige muita área para corredores;
• Compensa com seletividade e rapidez na operação.

A figura a seguir, porta-palete convencional para corredores estreitos, demonstra a


aplicação de sua estrutura otimizando espaços úteis de armazenagem.

Figura 04 – Estrutura porta-palete convencional para corredores estreitos


Fonte: https://www.mecalux.com.br/cargas-paletizadas/porta-pallets
Descrição da figura: corresponde a um ambiente de armazenagem, cujo espaço é preenchido por estruturas metálicas
em blocos, semelhantes a prateleiras que contém estantes, dispostas umas sobre as outras, porém separadas por
corredores estreitos de acesso aos materiais, equipamentos e pessoas. Fim da descrição.

Em suma, a estrutura porta-palete convencional é um sistema versátil e eficiente para o


armazenamento de paletes2, permitindo o acesso direto e a flexibilidade na organização dos
produtos.

2
Palete: estrutura de madeira, plástico, alumínio sobre a qual se põe a carga empilhada a fim de se transportar e/ou
armazenar grandes blocos de produtos, sobretudo embalados.

20
Conheça mais estruturas de armazenagem no artigo que tem como tema
“Estrutura de armazenagem”. Por Filipe Butta, mai. 2021.
Link: https://saclogistica.com.br/estrutura-de-
armazenagem/#:~:text=A%20estrutura%20de%20armazenagem%20%C3%A9,
estrat%C3%A9gico%20dentro%20do%20planejamento%20log%C3%ADstico.

1.7. Inventário físico

As empresas, diariamente, precisam avaliar os valores dos seus estoques que são as
quantidades contábeis e comparar com as quantidades físicas. Os resultados são obtidos por meio do
inventário, procedimento responsável pela contagem dos itens em todos os depósitos e pontos de
uso e, posteriormente confrontados com o saldo contábil que consta no sistema da organização. Um
inventário pode ocorrer de maneira rotativa ou cíclica ou ainda pode ser realizado geral.
O inventário rotativo ou cíclico pode acontecer com a frequência desejada pela
organização, semanalmente, ou mensalmente, por exemplo. Nesse tipo de inventário, não é
necessário parar toda a operação da empresa para a realização da contagem. A contagem é restrita
a um grupo de itens escolhidos pela equipe responsável. O grupo de produtos de Curva A pode ter
uma frequência de contagem diferente do grupo de itens de Curva B, por exemplo.
Já o inventário geral ocorre uma vez ao ano na empresa, normalmente, nos últimos dias
do ano contábil. Para a realização dessa contagem é necessário que toda a operação da organização
seja interrompida. Todas as notas fiscais de entrada e saída de produtos precisam ser registradas
antes do início do inventário geral. Assim como, todos os produtos consumidos precisam ter sido
requisitados do estoque para diminuir a possibilidade de divergências entre os estoques físico e
contábil.
Após a operação está completamente parada e não esteja ocorrendo nenhuma
movimentação de materiais é iniciada a primeira contagem. Em seguida, ocorre a segunda contagem
dos mesmos itens e se os resultados de ambas as contagens coincidirem, a operação é encerrada
para aquele item e o resultado é considerado o estoque real do produto.

21
Caso haja divergência entre as duas primeiras contagens, é realizada uma terceira para
checagem. O resultado da terceira contagem, nesse caso, é considerado o estoque real do item.
Recomenda-se que as contagens sejam realizadas por funcionários diferentes e que não mantenham
contato entre si durante as contagens para garantir a acurácia das informações.
Os resultados das contagens são consolidados e é realizada uma comparação do relatório
de contagem com o saldo contábil dos itens. As diferenças de quantidades devem ser analisadas, as
causas delas devem ser investigadas para evitar que outras ocorrências de perda ou sobra de estoque
aconteçam. Perdas e sobras de estoque demonstram descontrole da operação. As diferenças,
também denominadas divergências, devem ser ajustadas no estoque contábil para que ele
represente, fielmente, o saldo físico dos produtos nos armazéns.
Recordando um pouco do que você viu no subitem Nível de Serviço, o exemplo a seguir
reflete como o uso de indicadores pode contribuir para a construção de um histórico de resultados
de inventários e compará-los com resultados atuais. Desta forma, é possível identificar quais variáveis
podem estar atuando, de forma positiva ou não, no gerenciamento dos itens em estoque. Porém,
torna-se necessário comparar os resultados aos parâmetros adotados pelas nossas empresas.
Suponha, que dez itens em estoque foram contados em um inventário rotativo, realizado
semanalmente, em uma determinada empresa. Dos dez itens verificados, constatou-se que apenas
três deles não apresentaram divergência, ou seja, falta ou sobra. Percentualmente, qual seria o
resultado de acuracidade obtido através da aplicação da fórmula abaixo?

Acuracidade dos saldos dos Estoques

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜


x 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠

𝟑 (𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜) x100 = 30%


𝟏𝟎 (𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠) = 30%

Desta forma, o resultado da acuracidade dos saldos dos estoques, referente aos dez
itens, corresponde à 30%. Você consideraria este resultado como bom ou ruim? Na verdade, sua

22
reposta deverá ser “depende!” Por quê? Como foi visto anteriormente, nos parâmetros adotados
como referência, em algumas empresas brasileiras, este resultado pode ser considerado baixo, tendo
em vista que a principal referência para o indicador utilizado, voltado à acuracidade dos saldos dos
estoques é de 95% para a grande maioria das empresas brasileiras.
Ou seja, quanto mais o resultado se aproximar de 100%, mais satisfatório será para a
empresa pois, significa que os estoques físicos estão conferindo com os estoques contidos na
movimentação de entrada e saída contabilizadas no sistema.
Perceba, estudante, que ter um controle de inventário eficaz ajuda a evitar a falta de
produtos ou excesso de estoque. O inventário é crucial para o funcionamento eficiente das empresas
e gerencia-lo ajuda a atender às demandas dos clientes, melhorar a eficiência operacional, otimizar
o planejamento de produção, garantir a saúde financeira da empresa e fornecer informações valiosas
para a análise e tomada de decisões.
Caro(a) estudante, chegamos ao final dessa unidade. Caso tenha ficado alguma dúvida,
estamos à disposição no fórum do nosso ambiente virtual.

Não se esqueça de assistir à nossa videoaula.

Na próxima unidade, abordaremos as classificações, a codificação e o cadastramento de


materiais em estoques. Até lá!

23
UNIDADE 02 | CONCEITO DE CLASSIFICAÇÃO, CODIFICAÇÃO E
CADASTRAMENTO DE MATERIAIS EM ESTOQUES
Com a regularização dos materiais, inicia-se o processo de gestão dos itens em estoques,
permitindo, por sua vez, facilitar o atendimento dos pedidos e o direcionamento deles para
distribuição. Você deve se lembrar, que na primeira unidade, foram abordadas questões estratégicas
acerca da armazenagem de materiais e de como a operacionalização dessa atividade depende do
planejamento e das estruturas que a compõem: recebimento – estocagem – distribuição.
Agora, nesta segunda unidade, você conhecerá a classificação, a codificação e o
cadastramento de materiais em estoques, prática que auxilia na gestão de estoques, tornando mais
fácil a identificação e o controle dos produtos armazenados. Através destas ações, a empresa
consegue facilitar os processos de localização de produtos, controle e até mesmo a realização de
inventários.

2.1. Classificação de materiais

A classificação de materiais em estoques pode ser feita de diversas maneiras, sendo as


mais comuns a classificação por tipo de produto, por área de armazenamento, por data de entrada
ou por demanda de consumo. A escolha da melhor estratégia de classificação depende das
particularidades de cada empresa.
A seguir, serão apresentadas algumas das principais formas de classificação de materiais
utilizadas em gestão de estoque:
1. Classificação por tipo de produto: essa classificação leva em conta as características
dos produtos, como tipo, tamanho, peso, forma, cor, entre outros. A ideia é agrupar
itens que possuem características semelhantes para facilitar o controle e a
localização dos materiais.
2. Classificação por área de armazenamento: essa classificação leva em consideração
as características do espaço físico disponível. No caso de empresas que possuem um
grande armazém, é possível separar espaços destinados a diferentes tipos de
produtos, garantindo que cada área do estoque esteja organizada de acordo com
seus próprios critérios.

24
3. Classificação por demanda de consumo: essa classificação leva em consideração a
demanda dos consumidores para cada produto. Dessa forma, os produtos mais
vendidos recebem uma atenção especial em termos de armazenamento, organização
e controle.
4. Classificação por data de entrada: essa classificação leva em consideração a data em
que cada produto entrou no estoque. Essa abordagem é especialmente importante
em empresas que trabalham com produtos perecíveis e que têm data de validade,
pois ajuda a garantir que os produtos mais antigos sejam vendidos primeiro.

Essas são apenas algumas das diferentes maneiras pelas quais os materiais podem ser
classificados em gestão de estoque. A escolha da melhor estratégia de classificação depende das
necessidades e perfil de cada empresa. O importante é lembrar que uma boa classificação e
organização dos materiais em estoque é fundamental para otimizar a gestão e evitar perdas. Ela
também pode ser utilizada em diversas áreas, como engenharia, ciência dos materiais, química, física,
entre outras. Ela pode ser útil para o projeto e desenvolvimento de materiais com propriedades
específicas, bem como para a seleção e o uso corretos dos materiais em diferentes aplicações.

Agora, dê uma pausa na leitura, ouça o podcast da unidade e, em seguida,


retorne ao seu e-book.

Agora sim, podemos prosseguir.

2.2. Cadastramento de materiais

O cadastramento de materiais é um processo que consiste em registrar informações


sobre os materiais em estoque por meio de um sistema de cadastro específico. Esse processo auxilia
a organização do estoque, facilitando o controle de entrada e saída dos materiais, melhorando o
planejamento de compras e minimizando riscos de perda.

25
No cadastramento, são registrados diversos dados relevantes sobre cada material, como
o nome, tipo, medidas, cor, peso, data de aquisição, fornecedor, custo unitário, quantidade em
estoque e a descrição do produto. Além disso, é importante incluir informações sobre o prazo de
validade para materiais que possuem validade, como medicamentos e alimentos.
Ele pode ser feito por meio de um sistema de gestão de estoques, ou em planilhas de
controle, dependendo da estrutura e das particularidades da empresa. Caso utilize um sistema de
gestão de estoques, é possível obter relatórios precisos e atualizados sobre a situação do estoque,
informações que podem auxiliar em processos de tomada de decisão da empresa.
Além de auxiliar na gestão do estoque, o cadastramento de materiais pode garantir maior
segurança no armazenamento, evitando riscos de extravio, perda ou deterioração, e auxilia em
situações de auditoria ou inventário, já que permite avaliar com mais precisão a disponibilidade de
materiais.
Em suma, ele é um processo importante para garantir a segurança, organização e
otimização da gestão de estoques. Por isso, é recomendável que a empresa conte com o suporte de
um profissional especializado em gestão de estoques, que pode ajudar a definir as melhores
estratégias e ferramentas para o cadastramento e controle de seus materiais.
Ao longo dos tempos, houve diversos avanços tecnológicos e mudanças na forma de
produzir, armazenar e distribuir materiais. Com isso, o cadastramento de materiais também foi
evoluindo, tornando-se cada vez mais sofisticado e automatizado.
Hoje em dia, existem vários softwares especializados em gerenciamento de materiais que
permitem o cadastramento e o controle completo de todos os materiais utilizados em uma empresa
ou organização. Esses softwares permitem o registro de informações detalhadas sobre cada material,
como descrição, quantidade, localização, data de aquisição, data de validade, fornecedor, entre
outros.
Para que haja uma padronização na descrição dos materiais cadastrados é preciso que a
denominação deles seja feita sempre no singular, deve se referir ao material e não à sua forma de
embalagem e as abreviaturas, quando utilizadas, devem ser padronizadas.

Exemplo:
Mesa de vidro – forma incorreta, pois o formato do material veio na frente.

26
Vidro Mesa – forma correta.

Trigueiro (2007, p. 24) afirma que as características do material na sua descrição devem
seguir a seguinte ordem:
a) Primeiro, deve-se ter a denominação do item com uma caracterização resumida
dele;
b) Depois é escrita a sua especificação, como uma referência básica;
c) Posteriormente, são incluídas as informações referentes à forma do material;
d) Às suas dimensões e,
e) Outras informações consideradas necessárias.

Exemplo:
Denominação principal – Lâmpada.
Referência básica – Incandescente.
Forma do material – Tubular.
Dimensões – 30 cm.
Outras especificações – 40 W.

Em suma, para cadastrar um material, reúna todas as informações relevantes dele.


Verifique, a seguir, algumas informações que podem ser importantes para uma consulta no sistema
de informações sobre o produto:
1. Nome do material: o nome do material é uma forma de identificar o produto no
estoque. Por exemplo: "Camiseta gola V branca".
2. Tipo de material: o tipo de material é uma forma de classificar o produto de
acordo com suas características. Por exemplo: "vestuário".
3. Medidas: as medidas representam as dimensões do produto. No exemplo das
camisetas, poderia ser largura, altura e comprimento.
4. Cor: a cor é uma característica importante para produtos que possuem variações
de cores.

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5. Peso: o peso é importante para produtos que têm variações do peso ou precisam
ter seu peso registrado.
6. Data de aquisição: data em que o material foi adquirido pode ser importante para
controle de validade, para fins de reordenamento ou para garantia.
7. Fornecedor: identificação do fornecedor, para fins de controle de qualidade e
correção de problemas com provedores.
8. Custo unitário: o custo unitário é o valor que a empresa gastou para adquirir o
produto.
9. Quantidade em estoque: quantidade de unidades do produto que estão em
estoque, dando uma visão atualizada da disponibilidade.
10. Descrição do produto: descrição detalhada do material, para fins de consulta
interna da empresa.
Essas informações podem ser cadastradas em sistemas de gestão de estoque, com
relatórios e visualizações que permitem acompanhar a realidade de cada material na empresa, como
a sua venda e a reposição necessárias. O cadastramento pode ser adaptado e personalizado de
acordo com a empresa e o tipo de produto, evoluindo de maneira adequada às necessidades da
instituição.

2.3. Codificação de materiais

A codificação de materiais é uma prática que remonta a tempos antigos. Desde os tempos
remotos em que o comércio e a produção de bens eram praticados, era necessário identificar os
materiais de forma eficiente para permitir um melhor controle e gestão do negócio. É um processo
que atribui códigos alfanuméricos únicos a cada item de material em estoque. Essa codificação ajuda
a identificar e localizar facilmente o material, evitando erros de localização e melhorando os
processos de controle de estoque.
Ao longo dos tempos, houve diversos avanços na tecnologia de codificação de materiais.
A Primeira Guerra Mundial foi um marco importante na evolução da codificação de materiais, quando
foi necessário garantir o fornecimento de suprimentos de guerra em grande escala, com milhões de
itens sendo usados na frente de batalha.

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Após a Primeira Guerra Mundial, foram criados códigos de identificação internacional,
como o “Nomenclature générale des produits” e o “Standard Nomenclature of Items of War” para
padronizar a identificação de materiais. Na Segunda Guerra Mundial, a codificação de materiais
atingiu um novo patamar com a introdução de tecnologias mais avançadas, incluindo a utilização de
códigos de barras e RFID3.
A escolha da codificação ideal para cada material pode ser feita de acordo com a necessidade
e particularidade de cada empresa. Algumas empresas utilizam códigos formados por letras e
números que representam o nome do material, a data de entrada em estoque, a unidade de medida
e outras informações que permitam a identificação rápida e precisa do produto. Já outras empresas
optam por códigos de barras, para que a leitura possa ser realizada por equipamentos eletrônicos,
acelerando ainda mais o processo de identificação.
Hoje em dia, a codificação de materiais é fundamental para garantir a eficiência da gestão de
estoque e para reduzir erros na identificação de produtos. A codificação pode ser feita por meio de
diferentes tipos de códigos, como código de barras, QR Code, RFID, entre outros. Esses códigos
permitem identificar os materiais de forma rápida e precisa, proporcionando a gestão eficiente do
estoque e a redução de erros. Independentemente do formato escolhido, é fundamental para
garantir a precisão e agilidade no controle de estoque, evitando riscos de perda, extravio ou erro.
A gestão de estoque por meio de codificação também permite o controle acerca do histórico
de cada produto, como data de entrada, valor, fornecedor e data de saída, auxiliando na tomada de
decisões acerca da compra, venda ou descarte de produtos. Ou seja, é uma prática essencial para o
controle de estoque, ajudando a garantir a organização, segurança e eficiência na gestão de materiais
de uma empresa.
Os sistemas de codificação de materiais mais conhecidos são a codificação alfabética, a
codificação numérica, a alfanumérica e a decimal simplificada ou universal.
A codificação alfabética é de mais rara utilização porque restringe a quantidade de
códigos que podem ser criados. Em empresas com grande quantidade de itens no seu portfólio, o
cadastramento fica comprometido. Exemplo:

3
RFID (Radio Frequency Identification) é uma tecnologia que permite a identificação e rastreamento de objetos usando
ondas de rádio.

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LM – Lápis de madeira
LM/A – Lápis de madeira azul
LM/V – Lápis de madeira verde

A codificação numérica utiliza apenas números para a identificação do material. Exemplo:


Item
100 = Lápis de madeira preto
101 = Lápis de madeira azul

O sistema alfanumérico agrupa letras e números. É bastante utilizado na codificação de


placas de veículos. Normalmente, as letras iniciam os códigos indicando algum grupo de materiais e
os números completam a codificação. Exemplo:

LM1 – Lápis de madeira branco


LM2 – Lápis de madeira preto

O último sistema citado é o de codificação decimal simplificada. É composto pela


identificação dos grupos, subgrupos e descrição, como mostra o quadro abaixo. Será usado como
exemplo uma loja de venda de artesanato.
1ª chave 2ª chave 3ª chave
00 – Argila 000 – Argila seca
002 – Argila úmida
01 – Matéria-prima
02 – Metal 000 - Bronze
002 - Zinco

A primeira chave, se refere à construção dos dois primeiros dígitos e está relacionada ao
grupo de materiais, matéria-prima. A segunda chave identifica os itens contidos no subgrupo, argila
ou metal. Por fim, a terceira chave identifica e descreve o produto, argila seca, argila úmida etc.

30
Sendo assim, o artesão que precisar da matéria-prima argila seca para criar sua escultura
deverá solicitar o produto argila seca de código 01.00.000 ao almoxarifado, bem como se quiser
utilizar o bronze, deverá requisitar o item 01.02.000.
Independentemente do método escolhido, a codificação de materiais é uma ferramenta
essencial para garantir a organização e eficiência na gestão de estoques. É importante ressaltar que
a escolha do melhor método deverá ser feita levando em consideração a realidade e as necessidades
específicas da empresa. A utilização de sistemas automatizados, como softwares de gestão de
estoque, pode facilitar ainda mais o processo de codificação e gestão de materiais em estoque.

Convido você a assistir ao vídeo que tem como tema “Como funciona o código
de barras”. Acesse o link abaixo e entenda como é realizada a leitura de
códigos de barras.
https://www.youtube.com/watch?v=1uJttCNfjLA

2.4. Classificação ABC

A classificação ABC, ou curva ABC, ou análise ABC, é uma técnica de gestão de estoque
que divide os itens em categorias com base em sua importância para o sucesso da empresa. Em outras
palavras, ela é uma ferramenta de gestão de estoques utilizada para classificar produtos em ordem
de importância, com o objetivo de priorizar o controle e armazenamento de produtos de maior
relevância para a empresa. A análise é feita com base nas vendas, custos ou lucros dos produtos em
um determinado período. Uma vez que esses dados são coletados, os produtos são classificados em
três categorias: A, B e C.
Itens da categoria A representa os produtos de maior relevância e valor para a empresa,
geralmente correspondendo a cerca de 20% dos produtos que geram 80% do lucro ou das receitas.
Esses produtos são geralmente controlados de maneira mais rigorosa, recebendo mais atenção em
termos de armazenamento, controle e estocagem.
Itens da categoria B representa os produtos de importância intermediária,
correspondendo a cerca de 30% dos produtos que geram 15% do lucro e das receitas. Esses produtos

31
são controlados de forma menos rigorosa que a categoria A, mas ainda recebem uma certa atenção
em termos de armazenamento e controle.
Itens da categoria C representa os produtos menos importantes, correspondendo a cerca
de 50% dos produtos que geram 5% do lucro e das receitas. Esses produtos geralmente não são tão
críticos para o negócio e, portanto, são controlados de forma menos rigorosa.
Ao classificar os itens dessa maneira, os gestores são capazes de concentrar seus esforços
nos itens que precisam de maior atenção e controlar melhor os custos de estoque, permitindo o
controle mais efetivo sobre os produtos de maior relevância, assim, é possível reduzir o estoque de
produtos menos importantes, melhorando a utilização de espaço e evitar prejuízos.
Resumidamente, a curva ABC é uma ferramenta de gestão de estoques utilizada para
categorizar os produtos em termos de importância, facilitando a atenção e armazenamento sobre os
itens de maior valor para a empresa.
Para montar a curva ABC é necessário ter algumas informações: quantidade de itens,
código ou nome do material, preço ou custo unitário da peça e consumo médio mensal. Vamos
atribuir como referência, as orientações de Castiglioni (2009, p. 39), conforme exemplo adaptado em
três etapas.
Imagine que em estoque você possui dez itens, conforme consta no quadro abaixo. A
partir dele, você terá subsídios que irão compor todas as informações necessárias para realização da
primeira etapa da construção da curva ABC.

Item Código do material Preço unitário R$ Consumo médio mensal

1 X1 4,00 230
2 X2 3,00 150
3 X3 3,00 520
4 X4 5,00 45
5 X5 10,00 30
6 X6 15,00 190
7 X7 8,00 210
8 X8 6,00 1500
9 X9 20,00 2000
10 X10 2,00 140

32
Primeira etapa

• Relacionam-se todos os itens que foram consumidos em determinado período (1).


No caso de nosso exemplo será mensal.
• Para cada item registram-se o preço unitário (2) e o consumo (3) no período
considerado (se a análise fosse sobre vendas ou transporte, em vez de consumo, seria
usada a quantidade vendida ou transportada).
• Para cada item calcula-se o valor do consumo (4), que é igual ao preço unitário x
consumo.
• Registra-se a classificação (5) do valor do consumo (1 para o maior valor, 2 para o
segundo maior valor e assim por diante).

Código do Preço Consumo médio Valor do Classificação


material unitário R$ mensal consume R$ (5)
(1) (2) (3) (4)
X1 4,00 230 920,00 6
X2 3,00 150 450,00 7
X3 3,00 520 1.560,00 5
X4 5,00 45 225,00 10
X5 10,00 30 300,00 8
X6 15,00 190 2.850,00 3
X7 8,00 210 1.680,00 4
X8 6,00 1500 9.000,00 2
X9 20,00 2000 40.000,00 1
X10 2,00 140 280,00 9

Segunda etapa.

• Ordenam-se os itens de acordo com a classificação (5).


• Para cada item, lança-se o valor de consumo acumulado (6), que é igual ao seu valor
de consumo (4), somado ao valor de consumo acumulado (6) da linha anterior.

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• Para cada item calcula-se o percentual sobre o valor total acumulado (7), que é igual
ao seu valor de consumo acumulado (6) dividido pelo valor de consumo acumulado
do último item.
• Na última coluna (8), torna-se possível a visualização dos itens e suas respectivas
curvaturas.

Código do Valor do Valor do consumo % Sobre o valor Classificação Curvas


material consumo R$ acumulado R$ total acumulado ordenada (8)
(1) (4) (6) (7) (5)
X9 40.000,00 40.000,00 69,85 % 1 A
X8 9.000,00 49.000,00 85,57 % 2 A
X6 2.850,00 51.850,00 90,54 % 3 B
X7 1.680,00 53.530,00 93,48 % 4 B
X3 1.560,00 55.090,00 96,20 % 5 B
X1 920,00 56.010,00 97,81 % 6 C
X2 450,00 56.460,00 98,59 % 7 C
X5 300,00 56.760,00 99,12 % 8 C
X10 280,00 57.040,00 99,61 % 9 C
X4 225,00 57.265,00 100 % 10 C

Pronto! A curva ABC dos materiais de estoque já está concluída. Perceba, como fica o
gráfico da curvatura dos itens e a progressão do consumo, de acordo com os valores encontrados
através dos resultados dos cálculos presentes no quadro acima.

Figura 05 – Diagrama de Pareto.

34
Descrição da figura: gráfico que descreve os valores em ordem de consumo e seus respectivos códigos de materiais
representados por colunas da cor azul, no eixo horizontal. No eixo vertical, encontram-se os valores de investimentos
de controle dos estoques. Para cada grupo de consumo, foi posta uma identificação do grupo a que pertence, seja de
Curva A; B ou C. Fim da descrição.

Caro(a) estudante, você percebeu a importância da curva ABC? Ela permite uma alocação
eficiente de recursos e esforços, concentrando-se nas áreas de maior impacto. Isso pode levar a
diversos benefícios, como:

• Melhoria do controle de estoques: A curva ABC permite identificar os itens de maior


demanda e valor, evitando faltas ou excessos de estoque e otimizando os níveis de
armazenamento.
• Melhoria do atendimento ao cliente: Ao focar nos itens A, que são os mais
importantes para os clientes, é possível garantir a disponibilidade desses itens e
oferecer um serviço de qualidade superior.
• Redução de custos: A curva ABC ajuda a identificar os itens C, que geralmente têm
menor valor. Isso possibilita uma análise mais aprofundada para encontrar
oportunidades de redução de custos, como negociação de preços ou substituição por
alternativas mais inspiradoras.
• Priorização de esforços: Ao conhecer a importância relativa dos itens, é possível
direcionar os recursos humanos e financeiros para as áreas que têm o maior impacto
nos resultados globais da organização.
Vale salientar, estudante, que a curva ABC pode ser aplicada em diversos contextos, como
gestão de estoques, gestão de clientes, controle de qualidade, entre outros.
Chegamos ao final dessa unidade. Dúvidas? Interaja conosco no fórum. Na próxima
unidade, vamos verificar os estoques por níveis de valor.

Não se esqueça de assistir a videoaula dessa unidade e até a próxima.

35
UNIDADE 03 | CONTROLE DOS ESTOQUES POR NÍVEIS DE VALOR CONTÁBIL
E CONSUMOS
Caro(a) estudante, o controle de estoques por níveis de valor contábil e de consumo é
uma estratégia que visa otimizar a gestão de estoques, classificando os produtos em diferentes níveis
de valor e consumo. Essa classificação permite que a empresa gerencie seu estoque de maneira mais
eficiente, identificando quais produtos são mais importantes, quais têm maior rentabilidade, quais o
consumidor demanda mais e, dessa forma, auxiliando a empresa a manter apenas o estoque
adequado.

Nesse momento, convido você a conferir o nosso podcast e, em seguida,


retomar a leitura do e-book.

3.1. Metodologias contábeis de avaliação dos estoques

Manter estoques implica em geração de custos para a empresa: custos para movimentar
os estoques, custos para armazená-los, custo pela obsolescência e diversos outros. Por questões
práticas e para reduzir a complexidade da avaliação desses custos, alguns métodos são adotados. Os
métodos a serem apresentados aqui, utilizam ou o preço de mercado do item, que é o preço da
matéria-prima adquirida, ou o preço de custo, que é aquele referente à fabricação do produto.
Acompanhe o primeiro método.

3.1.1. Custo Médio

Esse método consiste em calcular o custo do estoque tomando por base a fixação do
“preço médio entre todas as entradas e saídas” (POZO, 2010, p. 78).
O custo médio é um método utilizado para avaliação de estoques, que consiste em
calcular o custo médio ponderado de cada unidade do produto armazenado em estoque.

36
O cálculo é feito pela soma do custo de todas as unidades de um determinado produto
em estoque, dividido pelo número total de unidades em estoque. Esse valor é então utilizado para
avaliar o valor total do estoque.
Este método é considerado o mais simples e fácil de ser aplicado do que outros métodos
de avaliação. No entanto, ele pode não ser tão preciso quanto outros métodos, especialmente
quando há variações significativas nos preços de compra do produto.
É importante observar que o uso do custo médio para avaliação de estoque é permitido
pelas regras contábeis aplicáveis, desde que seja feito de maneira consistente e de acordo com
procedimentos adequados de registro e controle do estoque.
A fórmula que resume o cálculo do custo médio é (DIAS, 2010, p. 132):

∑(𝑌)
𝑋=
𝑁
Onde:

𝑋 = média aritmética (custo médio)


∑ = somatório em reais do valor do estoque
𝑌 = entrada dos materiais

N = quantidade de material

Para calcular o Custo Médio:


1. Some o custo total dos produtos adquiridos durante determinado período. Por
exemplo, suponha que uma empresa compre 200 unidades de um determinado
produto por R$ 2,00 cada, totalizando um custo de R$ 400,00.
2. Some o número total de unidades adquiridas no mesmo período. No exemplo
dado, a empresa comprou 200 unidades do produto.
3. Calcule o custo médio por unidade, dividindo o custo total pelo número total de
unidades. No exemplo, o custo médio por unidade seria R$ 400,00/200 unidades,
ou seja, R$ 2,00.

37
4. Atualize o custo médio sempre que ocorrer uma nova compra de produtos e
recalcule o valor total do estoque.

3.1.2. PEPS

Sigla para Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair, é um método de avaliação de estoque que
tem como base a premissa de que as mercadorias que foram adquiridas primeiro são também as
primeiras a serem vendidas ou utilizadas na produção. Dessa forma, o custo de aquisição das
primeiras unidades adquiridas é o que é considerado para fins de cálculo do custo de cada unidade
do produto em estoque.
Neste método, portanto, o estoque final é avaliado com o custo das últimas mercadorias
adquiridas em relação ao custo de cada uma dessas mercadorias. O cálculo do estoque final é
realizado reversamente da lista de compras, ou seja, é considerada a data da última aquisição até o
estoque final e, dessa lista, é retirado o primeiro a entrar no estoque.
Esse método é muito utilizado em produtos que têm prazo de validade curto ou produtos
sujeitos a possíveis mudanças de preço, já que a abordagem PEPS resulta em um custo mais alto para
os itens mais recentes, reconhecendo o fato de que aqueles produtos foram adquiridos a um custo
maior.

Para calcular o PEPS, siga os seguintes passos:


1. Liste todas as compras realizadas durante o período em que você deseja avaliar o
estoque, do mais antigo para o mais recente.
2. Liste todas as vendas realizadas durante o mesmo período.
3. Identifique as unidades de cada produto que ainda estão em estoque, listando-as
do mais antigo para o mais recente.
4. Calcule o custo unitário de cada unidade no estoque, utilizando o custo unitário
do produto mais antigo ainda presente em estoque.
5. Some o custo unitário de todas as unidades que ainda estão em estoque, obtendo
assim o valor do estoque pelo método PEPS.

Vale ressaltar que a aplicação dos métodos de avaliação de estoque, incluindo o método
PEPS, requer prudência e pode variar de acordo com as particularidades do negócio. É importante

38
que as empresas estejam atentas ao cumprimento das normas contábeis e tenham apoio de um
profissional de contabilidade para a realização adequada do cálculo.
Estudante, você está conseguindo acompanhar os conceitos de avaliação de estoques até
agora? Os dois conceitos citados até o momento, Custo Médio e PEPS, são os mais utilizados pelas
empresas brasileiras.

3.1.3. UEPS

Sigla para Último a Entrar, Primeiro a Sair, é um método de avaliação de estoque que tem
como base a premissa de que as mercadorias adquiridas mais recentemente são as primeiras a serem
vendidas ou utilizadas na produção. Dessa forma, o custo de aquisição das últimas unidades
adquiridas é o que é considerado para fins de cálculo do custo de cada unidade do produto em
estoque.
Neste método, portanto, o estoque final é avaliado com o custo das primeiras
mercadorias adquiridas em relação ao custo de cada uma dessas mercadorias. O cálculo do estoque
final é realizado pela lista de compras desde a última, ou seja, começa pela última aquisição até a
primeira aquisição que ainda está em estoque.
O método UEPS é utilizado principalmente em produtos que experimentam quedas no
preço de mercado ao longo do tempo, já que a abordagem UEPS resulta em um custo mais baixo para
os itens mais recentes, refletindo a ideia de que eles foram comprados por um preço mais baixo. Além
disso, o método UEPS ajuda a manter uma margem de lucro mais alta em tempos de inflação, já que
a avaliação de estoque é feita pelo preço mais alto.
No entanto, em caso de inflação declinante, o uso do método UEPS pode levar a uma
estimativa superestimada do valor das taxas de estoque e uma subestimação da taxa de lucro porque
as mercadorias de menor custo estão na estante, enquanto os itens mais caros são vendidos primeiro,
deixando um estoque de mercadorias menos valiosas.

Para calcular o método UEPS, siga os seguintes passos:


1. Liste todas as compras realizadas durante o período em que você deseja avaliar o
estoque, do mais antigo para o mais recente.
2. Liste todas as vendas realizadas durante o mesmo período.

39
3. Identifique as unidades de cada produto que ainda estão em estoque, listando-as
do mais recente para o mais antigo.
4. Calcule o custo unitário de cada unidade no estoque, utilizando o custo unitário
do produto mais recente ainda presente em estoque.
5. Some o custo unitário de todas as unidades que ainda estão em estoque, obtendo
assim o valor do estoque pelo método UEPS.

Lembre-se que a avaliação pelo método UEPS deve ser realizada com cautela, levando em
conta a realidade e as particularidades do negócio. Além disso, é importante que as empresas sigam
as normas contábeis aplicáveis no cálculo do estoque. É recomendado contar com a ajuda de um
profissional de contabilidade ou de um software especializado na área, para garantir a precisão e a
conformidade contábil e fiscal do cálculo do estoque.
Tudo certo até agora? Então, siga para o próximo tópico, pois será a partir dele que você
entenderá melhor como as flutuações de mercado interferem na formulação dos estoques.

3.2. Previsão para os estoques

A gestão de estoques depende das previsões de venda ou consumo para iniciar um processo
de manufatura, por exemplo. As previsões são compostas por informações, acerca do que será
vendido ou de quais itens e qual a quantidade de materiais e insumos será consumida. Com base
nessas informações recebidas a área de gestão de estoques é capaz de tomar decisões referentes à
quais produtos produzir, armazenar ou eliminar.
As previsões de vendas costumam ser classificadas em:

• Quantitativas: baseadas em históricos de vendas e/ou variáveis que estejam ligadas


direta ou indiretamente às vendas (inflação, níveis de desemprego ou ainda o
crescimento do mercado dos produtos oferecidos pela organização); ou
• Qualitativas: baseiam-se em opiniões de pessoas envolvidas na operação como
vendedores, gerentes ou mesmo os próprios compradores. Pesquisas de mercado e

40
até mesmo com a alta administração da empresa também pode ser utilizada para
alimentar esse tipo de previsão.

As vendas podem evoluir de diversas formas. Dizemos, portanto, que quando existe uma
evolução horizontal do consumo, esta é constante. Você pode notar no gráfico que, por mais que haja
variação no consumo, os valores não se distanciam muito da média (representada pela linha
horizontal, denominada consumo médio.

Figura 06 – Modelo de evolução horizontal de consumo


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 26)
Descrição da figura: no eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, está o tempo (período de 1 a 12) e no das ordenadas
(vertical) está o consumo em unidades. Paralelo ao eixo das abscissas há uma linha representando o valor do consumo
médio igual a 50. Uma outra linha marca no gráfico o consumo que varia aproximadamente entre o valor de 30
unidades e 75 unidades. Essa linha sobe e desce em relação à média, mas não se afasta muito dela. Fim da descrição.

Por sua vez, a evolução de consumo também pode estar sujeita à diversas tendências.
Itens com crescimento de vendas contínuo se encaixam nesse perfil de evolução de consumo.
Observe, na figura abaixo, que a reta do consumo médio assume agora, uma postura crescente e com
ela, o consumo efetivo acompanhando tal tendência.

41
Figura 07 – Modelo de evolução de consumo sujeito à tendência
Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 26)
Descrição da figura: no eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, está o tempo (período de 1 a 12) e no das ordenadas
(vertical) está o consumo em unidades. Iniciando aproximadamente no ponto 30 do eixo das ordenadas indo no sentido
ascendente há uma linha pontilhada que indica crescimento de consumo no tempo. Essa linha chega aproximadamente
à altura da quantidade de consumo igual a 60 unidades. Uma outra linha, só que pontilhada, marca o consumo no
gráfico. Essa linha acompanha a linha diagonal que indica a tendência, porém com variações de consumo entre 30 e
100, sempre ascendente. Fim da descrição.

A sazonalidade se apresenta nos itens com evolução esporádica de consumo. Ovos de


Páscoa são um bom exemplo para explicar esse tipo de consumo. Há um momento específico no ano
em que as vendas desse tipo de produto crescem consideravelmente.
No gráfico abaixo, é possível identificar o consumo maior de determinado produto em
determinado período, entretanto, períodos de menor consumo também são evidenciados, só
retomando as vendas em um novo ciclo de demanda, cujo período torna-se específico ao seu
consumo.

Aumento de
consumo.

Diminuição
de consumo.

Figura 08 – Modelo de evolução sazonal de consumo


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 27)

42
Descrição da figura: no eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, está o tempo (período de 1 a 12) e no das ordenadas
(vertical) está o consumo em unidades. Iniciando aproximadamente no ponto 50 do eixo das ordenadas indo no sentido
paralelo ao eixo das abscissas há uma linha horizontal que indica o consumo médio de 50 unidades. Paralelas a essa
linha do consumo médio há duas linhas pontilhadas, uma acima e outra abaixo dela. Essas linhas pontilhadas indicam
um intervalo de variação de 25% para mais ou 25% para menos do consumo médio. Há ainda uma linha que indica o
consumo e parte aproximadamente do ponto 70 e segue subindo e descendo em torno da linha do consumo médio
indicando variação de consumo. Ao chegar ao ponto 5 do eixo das abscissas (tempo) a linha atinge um dos pontos
máximos, assim como também nos pontos 7, 8 e 9 indicando aumento de consumo. Esses pontos ficam acima dos 25%
a mais do consumo médio indicando um consumo sazonal. Fim da descrição.

Nos próximos tópicos você aprenderá duas técnicas usuais de previsão de consumo.

3.3. Método de previsão por último período

Se refere à uma forma de calcular uma previsão de consumo baseada em utilizar a venda
ou consumo real ocorrido no período anterior como quantidade estimada para o período seguinte.
Ou seja, para prever o último período, você precisará de dados históricos do período anterior.
Por exemplo, digamos que uma empresa vendeu no mês anterior (fevereiro) 100
unidades do item X. A previsão da venda para o mês seguinte (março) será de exatamente 100
unidades. Agora, digamos que ao fim do mês de março percebeu-se que as vendas reais aumentaram,
foram de 120 unidades.
Ao se fazer a previsão do mês de abril, utiliza-se as vendas ou consumo reais de março
como previsão. Logo, a previsão de vendas ou consumo em abril será de 120 unidades. Agora, analise
o exemplo abaixo e veja como a tabela pode ser preenchida com o consumo previsto e real de cada
período. Lembre-se: a previsão do período seguinte é o valor real de venda ou consumo ocorrido no
período anterior

Período Consumo previsto Consumo real


1 100,0 120,0
2 120,0 132,0
3 132,0 145,2
4 145,2 159,7
5 159,7 175,7
6 175,7 193,3
7 193,3 212,6

43
8 212,6 233,8
9 233,8 257,2
10 257,2 283,0

Observe que consta o consumo previsto no período 3. Depois, considere que o consumo
real no período 3 foi 10% maior do que o previsto. Qual foi o consumo real do período 3? Basta
observar a coluna de consumo real referente ao período, para constatar o resultado com o valor real
de 10%. Feito isso, segue para o período 4 e assim por diante. Repetindo essas operações é possível
chegar até o período 10.

3.4. Método da média móvel

Trata-se de uma técnica bastante simples que envolve calcular a média dos valores
passados e usá-la para prever a próxima observação. Para calcular a média móvel, você pode usar um
determinado número de períodos anteriores. Por exemplo, se você deseja prever a demanda do
último período com base nos últimos três meses, pode calcular a média móvel desses três meses.
Em outras palavras, a média móvel é feita calculando-se a média do histórico dos valores
consumidos nos “n” períodos anteriores. Toda vez que se avança um período, o primeiro período
deve ser excluído do cálculo. A fórmula que resume esse cálculo está abaixo (DIAS, 2010, p. 29):

𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3 + ⋯ + 𝐶𝑛
𝐶𝑀 =
𝑛

Uma das desvantagens desse método é que se houver algum valor extremo (muito alto
ou muito baixo) dentre as informações que formarão o histórico para a média (se algum C for uma
altíssima ou baixíssima quantidade) o resultado será fortemente afetado. Por outro lado, esse
método apresenta a vantagem de ser simples e permitir a sua realização manualmente, sem a
dependência de sistemas de computação. (DIAS, 2010, p. 30).

Observe o exemplo:

44
O consumo total do mês de dezembro é representado por C3, do mês de novembro por
C2 e do mês de outubro por C1. Para calcular a previsão do mês de janeiro é necessário calcular a
média dos três meses anteriores. Neste caso, “n” igual a 3, corresponde aos três meses.

Consumo outubro = C1 = 9
Consumo novembro = C2 = 4
Consumo dezembro = C3 = 5
n=3

𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 =
𝑛

9+4+5
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = =6
3

Considerando que agora você está em fevereiro e já sabe o valor real consumido em
janeiro (6 peças), como calcular a previsão de fevereiro? Ora, se na média móvel você precisa excluir
a primeira quantidade para incluir o último valor mais recente, então:

Consumo novembro = C1 = 4
Consumo dezembro = C2 = 5
Consumo janeiro = C3 = 6
n=3

Observação: outubro foi excluído da conta, porque necessita-se fazer o cálculo da média
móvel, no qual, o primeiro dado da série é excluído e o dado mais recente é incluído (o dado incluído
foi o consumo real de janeiro).

𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 =
𝑛

45
4+5+6
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = =5
3

Considere que o consumo real em fevereiro foi de 4 peças, calcule a previsão do mês de
março.

Consumo dezembro = C1 = 5
Consumo janeiro = C2 = 6
Consumo fevereiro = C3 = 4
n=3
5+6+4
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = =5
3

Sendo assim, tem-se, conforme aplicação da fórmula acima, o seguinte valor para o mês
de março:

CONSUMO REAL PREVISÃO


Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março
9 4 5 6 4 5

Por que se torna tão relevante compreender bem os cálculos de consumo? Porque é
através deles que você terá a dimensão real do que será armazenado, pela ocupação dos espaços que
serão preenchidos nas estruturas e o tempo de permanência dos materiais, o que demanda um custo
no processo de armazenagem física.

3.5 Regressão linear

É uma técnica estatística que usa a relação entre variáveis para prever observações
futuras. Por exemplo, se você está tentando prever o número de vendas com base no preço do
produto, pode usar a regressão linear para encontrar uma equação que relaciona os dois.

46
Embora a regressão linear possa ser aplicada a dados de séries temporais, ela não é
uma técnica de média móvel. É importante entender a diferença entre esses métodos para escolher
a técnica mais adequada para cada tipo de análise.
Ou seja, a média móvel é uma técnica mais simples e direta que se concentra nas
observações passadas para prever a demanda futura, enquanto a regressão linear é uma técnica mais
sofisticada que busca relacionar a demanda com outros fatores e pode fornecer previsão mais
precisas em cenários mais complexos. A escolha entre as duas técnicas depende do contexto
específico, dos padrões de demanda e da disponibilidade de dados adicionais.

3.6 Análise de séries temporais

A análise de séries temporais usando o método da média móvel é uma técnica muito
utilizada em diversas áreas, como finanças, economia, meteorologia e outras.
O método da média móvel consiste em calcular a média de um conjunto de observações
em um período específico e deslocar essa média no tempo, criando assim uma série de médias
móveis.
Por exemplo, se você estiver analisando as vendas diárias de uma loja, pode calcular a
média móvel de sete dias, que seria a média das vendas dos sete dias anteriores, e deslocá-la no
tempo para obter uma série de médias móveis de sete dias.
Essa série de médias móveis nos permite analisar as tendências temporais dos dados,
identificar sazonalidades e flutuações, além de ajudar a prever possíveis mudanças nas séries
temporais.
Existem diferentes métodos de cálculo de média móvel, como a média móvel simples, a
média móvel ponderada e a média móvel exponencial. Cada uma dessas técnicas pode ser mais
adequada para diferentes tipos de dados e finalidades de análise.
Em resumo, a análise de séries temporais usando o método da média móvel é uma
técnica valiosa para identificar padrões e tendências em dados que variam ao longo do tempo.
Na próxima unidade, você conhecerá formas de analisar melhor o momento para se repor
e dimensionar os estoques.

47
Não se esqueça de assistir à videoaula dessa unidade e, em caso de dúvidas,
entre em contato conosco.

48
UNIDADE 04 | O dimensionamento e os níveis de recomposição dos
estoques
A análise do dimensionamento e dos níveis de recomposição dos estoques é uma prática
importante e fundamental para a gestão eficiente do estoque de uma empresa. O estoque é
considerado um ativo importante para a empresa, porém, quando mal gerenciado, pode trazer
prejuízos financeiros e operacionais.
O dimensionamento do estoque é um processo de estabelecer a quantidade ideal de
produtos a serem mantidos em armazenamento, o que leva em consideração diversos fatores, como
a demanda prevista, o tempo de espera para a reposição de estoque, os prazos de entrega dos
fornecedores, as variações climáticas, entre outros.
Já os níveis de recomposição dos estoques são definidos a partir de políticas adotadas
pela empresa, que indicam em que níveis o estoque deve ser reposto. Esses níveis podem ser
estabelecidos em termos de quantidades mínimas e máximas de produtos em estoque ou em termos
de prazos para reabastecimento.
A análise do dimensionamento e dos níveis de recomposição dos estoques busca
minimizar os custos de estocagem e de falta de produtos, evitando excessos ou faltas de estoque.
Uma gestão adequada do estoque garante que a empresa tenha disponibilidade de produtos para
atender a demanda dos clientes, sem incorrer em custos excessivos de armazenamento.
Além disso, a análise do dimensionamento e dos níveis de recomposição dos estoques
também ajuda a otimizar o fluxo de caixa da empresa, uma vez que permite um melhor planejamento
das compras e da produção, aumentando a eficiência operacional e reduzindo o risco de prejuízos.

Confira esta e outras informações, acessando o podcast da unidade, em


seguida, retome a leitura do e-book.

4.1 Tempo de Reposição e o ponto de pedido

49
O ponto de pedido é o ponto em que um novo pedido de reposição de estoque deve ser
feito. Ele é calculado levando em consideração o tempo de reposição e o consumo médio do item em
questão. Quando o estoque atinge o ponto de pedido, é necessário fazer um novo pedido para
garantir que haja estoque suficiente para atender à demanda durante o tempo de reposição. Também
é chamado de ponto de ressuprimento. É a partir desse momento que o fornecedor trabalhará para
realizar a entrega do produto solicitado.
No gráfico abaixo, você pode observar o momento em que se chega ao ponto de pedido
e o tempo de ressuprimento. Um alerta importante que se faz, diz respeito a semelhança dos
conceitos de tempo de ressuprimento e seu intervalo. O tempo de ressuprimento é o momento entre
o ponto de pedido e a chegada dele na empresa. O intervalo, por sua vez, é o espaço entre um ponto
de pedido e outro. Por exemplo, se um ponto de pedido aconteceu no dia 1 e outro no dia 3, o
intervalo de suprir novamente é igual a 2 dias (3-1 = 2 dias).

Figura 09 – Gráfico dente de serra


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 49)
Descrição da figura: no eixo do gráfico das abscissas (horizontal) está o tempo e no eixo das ordenadas está a
quantidade de estoque. Há uma linha pontilhada paralela ao eixo das abscissas que indica o estoque mínimo. Há uma
linha pontilhada paralela ao eixo das abscissas que indica o estoque mínimo. Ao fim dessa linha do lado direito, está
escrito EM (estoque mínimo). No topo do eixo das ordenadas está escrito E. Max, que significa estoque máximo. Uma
linha parte do ponto máximo no eixo das ordenadas e desce diagonalmente até o ponto zero aproximadamente após a
metade do eixo das abscissas. Antes de terminar dela, surge uma linha pontilhada que a corta paralelamente ao eixo
das ordenadas. Ao lado dessa linha está escrito PP, que significa ponto de pedido. No ponto em que essa linha
pontilhada corta o eixo das abscissas está escrito TR. Isso indica que esse momento do PP é o início do cálculo do tempo
de ressuprimento. Na linha horizontal pontilhada que indica o estoque mínimo, após o corte do PP há três números: 1, 2
e 3. Cada um desses números indica a etapa da operação dentro do tempo de ressuprimento. O número 1 é a emissão
do pedido, o número 2 a preparação do pedido e o número 3 é o transporte. Ao chegar ao ponto 3 surge uma outra
linha pontilhada agora paralela ao eixo das ordenadas (vertical). Essa linha pontilhada segue até o estoque máximo e
depois desce diagonalmente assim como a primeira linha desse gráfico repetindo todo o processo novamente. Essa
repetição do comportamento das linhas reflete o início de um novo ciclo de entradas e saídas do estoque. Fim da
descrição.

50
Assim que recebe o pedido do cliente, o fornecedor passa para a etapa de preparação
para a entrega. Se o produto for um item que o fornecedor mantém no estoque deve-se separá-lo na
quantidade solicitada e montar a carga. Caso seja um produto fabricado sob encomenda, deve-se
iniciar o processo de produção dele. Depois de pronto, o produto é transportado até o destino. São
essas três etapas que formam o tempo de ressuprimento: (1) emissão do pedido, (2) preparação e (3)
transporte (DIAS, 2010, p. 49).
Para calcular o ponto de pedido (PP) pode-se utilizar a fórmula abaixo:

𝑃𝑃 = 𝐶 𝑥 𝑇𝑅 + 𝐸. 𝑚í𝑛.
Onde:
PP = Ponto de pedido
C = Consumo médio mensal
TR = Tempo de ressuprimento
E.Mín. = Estoque mínimo

Ressalta-se que o consumo médio mensal é a média aritmética do consumo dos últimos
meses. Um bom histórico tem pelo menos seis meses de consumo. O tempo de ressuprimento deve
estar na mesma unidade de tempo que o consumo. O tempo de reposição ou ressuprimento também
pode ser chamado de lead time.

Observe o exemplo: ponto de pedido.

Uma peça é consumida a uma quantidade de 30 unidades/mês, e seu tempo de reposição


é de 2 meses. Calcule qual o seu ponto de pedido, uma vez que o estoque mínimo deve ser de um
mês de consumo.
Comece substituindo os valores na fórmula. Se a peça é consumida a uma razão de 30
unidades/mês, isso quer dizer que o consumo mensal é igual a 30 unidades. Logo, C é igual a 30.
Tempo de reposição é uma outra definição para o tempo de ressuprimento. O tempo de reposição é
descrito na questão, 2 meses. O enunciado também deixa claro que o estoque de segurança ou
estoque mínimo é de um mês de consumo, ou seja, 30 unidades.

51
𝑃𝑃 = 𝐶 𝑥 𝑇𝑅 + 𝐸. 𝑚í𝑛.

𝑃𝑃 = 30 𝑥 2 + 30 = 90 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

4.2 Grafico Dente de Serra

O gráfico dente de serra é frequentemente usado para acompanhar o dimensionamento


e os níveis de estoques. Esse tipo de gráfico é usado para representar dados que ocorrem em
intervalos regulares com flutuações significativas ao longo do tempo, como estoques e vendas. A
representação gráfica das flutuações permite visualizar a variação do estoque, bem como o período
em que o estoque diminui ou aumenta.
O gráfico dente de serra é composto de uma série de barras que representam o estoque
em um determinado período (por exemplo, um mês), com linhas que conectam o topo de cada barra.
A linha de tendência que conecta as partes superiores das barras é geralmente desenhada em forma
de dente de serra, daí o nome do gráfico. Isso acontece porque as flutuações no estoque podem ser
constantes e previsíveis.
Este tipo de gráfico é muito útil para os gestores de estoque, uma vez que permite prever
quando o estoque irá atingir um ponto crítico ou quando é necessário fazer um pedido para repor o
estoque. Ele fornece informações valiosas sobre o estoque, permitindo que as empresas evitem a
falta de estoque e o excesso de estoque. O gráfico dente de serra é uma ferramenta de planejamento
importante para empresas que precisam gerenciar seus estoques efetivamente.
Analisando o gráfico é possível visualizar várias informações acerca do comportamento
do consumo ou da venda de um item. Perceba na figura, o estoque máximo atinge a quantidade de
140 peças. É possível notar também, que quando o estoque chega à quantidade 0, há uma reposição
que faz o estoque voltar ao patamar de 140 peças. Pode-se concluir com isso que o lote de compra é
igual a 140 unidades.

52
Figura 10 – Gráfico dente de serra
Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 47)
Descrição da figura: no eixo das abscissas do gráfico está o tempo em meses. No eixo das abscissas está o tempo em
meses. Os meses estão representados pela primeira letra do nome deles. Exemplo: janeiro (J) e dezembro (D). No eixo
das ordenadas estão as quantidades do estoque. A escala é de 20 em 20 começando no número 20 até o número 140.
Há uma linha que representa o saldo mensal dos estoques. Essa linha começa no ponto 140 do eixo das ordenadas
(vertical) e vai até o ponto zero no mês de junho marcado no eixo das abscissas. Sobre essa primeira parte da linha está
escrito “Consumo”. Do mês de junho (ponto zero) a linha sobe paralela ao eixo das ordenadas até chegar ao ponto 140
novamente. Ao lado dessa linha vertical está escrito “Reposição”. Deste ponto a linha novamente desce até alcançar o
ponto zero de novo agora no mês de dezembro. Acima dessa última parte da linha está escrito “Consumo”. Essas
subidas e descidas da linha a fazem formar o gráfico dente de serra. Fim da descrição.

Para que o gráfico dente de serra possa ser utilizado é preciso que haja algumas
condições: a quantidade consumida deve ser constante e não deve haver falhas de fornecimento por
parte do fornecedor (seja externo ou da própria área de produção). Isso significa dizer que, mesmo
que o fornecedor não atrase a entrega, ele ainda terá que garantir que o produto esteja dentro da
especificação. Entregas de produtos fora da especificação, mesmo que dentro do prazo, fazem com
que o item entregue não possa ser consumido. Logo, o estoque não será abastecido e isso também
representa uma falha de atendimento do fornecedor.
E aí, você pode se perguntar: mas será que existe um processo como esse em que não há
variação de consumo, nem falhas no processo de abastecimento? Bem, é realmente muito difícil que
se encontre um processo como esse. O mais comum nos processos de consumo e de venda é que
haja variação. Mesmo que a saída de produto de um cliente final seja regular, com baixas variações,
a maioria das empresas costuma realizar entregas concentradas. Veja o exemplo: Imagine um
armazém de construção. Diariamente, esse armazém vende diversos tipos de produtos do setor, tais
como: tinta, lixas, cimento, material hidráulico e elétrico, portas, enfim, todo tipo de material
necessário para pequenas e médias construções.

53
A maior parte dos clientes dessa loja é composta por donos de residências que desejam
construir ou reformar as suas casas. A quantidade comprada por cada um deles é pequena, se
compararmos com as grandes construtoras. Apesar da venda ocorrer em pequenas quantidades por
cliente, os recebimentos de produtos dos fornecedores do armazém de construção não ocorrem com
uma frequência diária. Os caminhões de entrega de tinta, por exemplo, acontecem semanalmente.
Analise o quadro abaixo. Nele, está registrada a saída, ou seja, a venda de tinta
diariamente no armazém de construção.

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado

500 unidades 550 unidades 520 unidades 500 unidades 600 unidades 800 unidades

Pode-se notar que a variação da quantidade de tinta vendida no armazém não é tão alta
de segunda à sexta-feira. Fica claro que as vendas realmente sobem aos sábados. Isso pode ser
explicado pelo fato de que, como as pessoas normalmente trabalham de segunda à sexta-feira, elas
têm mais tempo no sábado para comprar o material de construção para a sua obra.

Agora, analise o quadro com o registro das entregas de tinta no armazém de construção.

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado

0 unidades 0 unidades 5.000 unidades 0 unidades 0 unidades 0 unidades

Constata-se pela análise de entregas de tinta que há uma concentração da entrega em


apenas em um dia da semana. Mesmo que as vendas não ocorram apenas em um dia da semana,
como foi percebido no primeiro quadro. Essa ação da entrega em um único dia não indica falha de
entrega do fornecedor e pode até ser um acordo do fornecedor com o cliente. A prática de entregas
concentradas também não é realizada porque a variação do consumo é extrema. No primeiro quadro,

54
em que foram estabelecidas quantidades de entregas diárias, já se observa que a variação do
consumo é pequena.
Sendo assim, por que a entrega é concentrada, se a venda não é concentrada e se nem
há grande variação das vendas? Certamente, há um motivo para isso. O custo em receber produtos
diariamente, talvez seja alto para o armazém de construção e, neste caso, compense realizar o
recebimento total dos materiais, no lugar de recebê-los todos os dias. Para o fornecedor, também,
torna-se menos custoso realizar entregas de cargas completas em um caminhão, ao invés de fazer
entregas com cargas fracionadas.
A despeito dessas vantagens, essa consolidação na entrega, apesar de certamente reduzir
os custos de transporte, impacta significativamente, na variação da quantidade estocada nas
empresas. Se as entregas ocorressem diariamente, em pequenas quantidades, o estoque não
precisaria ter um pico tão alto no momento do recebimento de uma carga de 5.000 peças.
Manter altos estoques exigirá uma maior dedicação à movimentação dos materiais,
pessoas treinadas para manusear esse estoque e ainda eleva a chance de haver ocorrências de avarias
ou até mesmo acidentes. Por esse motivo, é importante que a análise para a tomada da decisão, de
quanto se deve comprar e em quantas entregas a compra deve ser dividida se faz necessário
considerar, também, os custos de manutenção desses estoques.

4.3. Estoque mínimo

O estoque mínimo é a quantidade mínima de um determinado item que uma empresa


deve manter em estoque para garantir que ela tenha fornecimento suficiente para atender às
demandas dos clientes, mesmo nos períodos de maior demanda. O estoque mínimo é geralmente
calculado com base na demanda média do produto, no tempo necessário para obter mais
suprimentos e no tempo necessário para que um novo lote de suprimentos chegue.
Manter um estoque mínimo ajuda a evitar a falta de suprimentos quando há um aumento
inesperado na demanda do produto e pode ajudar a evitar atrasos na entrega do produto aos clientes.
No entanto, manter muito estoque pode ser caro, pois o armazenamento e a manutenção de
estoques podem ter custos significativos, como o custo do espaço de armazenamento e os custos de
depreciação de estoques antigos.

55
Um dos objetivos do gerenciamento de estoque é garantir que a empresa mantenha
níveis de estoque adequados, incluindo o estoque mínimo, para atender às demandas dos clientes
sem incorrer em custos excessivos de armazenamento. Para determinar o tamanho do estoque
mínimo, a empresa precisa levar em consideração fatores como a volatilidade da demanda, o tempo
de entrega dos fornecedores de matérias-primas e a capacidade de fabricação da empresa para
produzir o produto. Os cálculos de estoque mínimo são uma parte importante do gerenciamento de
estoque em qualquer tipo de negócio.
Aqui, você irá se deparar com um método simples de cálculo de estoque de segurança ou
estoque mínimo. Deve ser definido pelos responsáveis do estoque qual o percentual de segurança
que se quer manter. Esse percentual é multiplicado pelo consumo médio mensal do item e definido
pelo gestor dos estoques, “o grau de atendimento desejado para o item” (DIAS, 201, p. 57).
Esse percentual de indicação do grau de atendimento é chamado de fator K (fator de
segurança). Note a aplicação dele na fórmula abaixo:

𝐸. 𝑚í𝑛. = 𝐶 𝑥 𝐾

Atente para o exemplo de aplicação dessa fórmula.

Exemplo: estoque mínimo.

Imagine, que você pretende obter 90% de grau de atendimento de uma peça com
consumo médio de 60 unidades/mês. Qual o estoque mínimo?
Ora, se você deseja ter um grau de atendimento de 90% isso indica que o fator K que você
estabeleceu é igual a 90%. Sendo assim, você obterá:

𝐸. 𝑚í𝑛. = 60 𝑥 90%

𝐸. 𝑚í𝑛. = 54 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

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4.4. Lote econômico de compra

O lote econômico de compra (LEC) é uma técnica utilizada em gestão de estoques que visa
determinar o melhor tamanho de pedido/batch a ser adquirido para minimizar os custos totais de
armazenamento e de processamento dos pedidos. Ele faz parte de uma estratégia de gestão de
estoques que tem como objetivo atingir o equilíbrio entre o custo do inventário e o custo do
processamento dos pedidos (custos de obtenção), evitando desperdícios de recursos e maximizando
o lucro.
O cálculo do LEC envolve a consideração de três variáveis principais:
- Custo unitário do produto.
- Custo anual de armazenagem por unidade.
- Demanda anual do produto.

Dessa forma, calcular o LEC é um processo que envolve a análise dessas variáveis e a
dedução da quantidade econômica a ser comprada. Esse cálculo visa minimizar o custo total do
estoque, incluindo os custos de armazenagem e os custos de processamento dos pedidos.
O lote econômico de compra é uma estratégia que permite prever o nível de estoque
necessário, evita a falta de produtos e a sobrecarga dos investimentos em estoque. Com o uso do
LEC, a empresa economiza em custos de armazenamento e de processamento de pedidos, mantendo
um estoque suficiente para atender a demanda dos clientes.
Esse “lote” é a quantidade considerada ótima, ou seja, a melhor quantidade a se comprar
para manter o estoque entre os seus níveis máximo e mínimo de saldo. Segundo Dias (2010, p. 83)
esse modelo exige que duas premissas sejam verdadeiras:
a) O consumo mensal é determinístico e com uma taxa constante;
b) A reposição é instantânea quando os estoques chegam ao nível zero.

A fórmula usada para calcular o LEC está abaixo:

57
2𝐵𝐶
𝑄=√
𝐼𝑥𝑃

Onde:
Q = Quantidade do lote econômico de compra: é o LEC propriamente dito.
B = Custo do pedido, ou custo de pedir: É composto pelas despesas de pagamento da mão
de obra envolvida com o processamento dos pedidos, com o material necessário para emitir os
pedidos assim como por custos indiretos como telefonia e energia elétrica.
C = Consumo do item: Trata-se do consumo do item no ano. É esse consumo que é
utilizado para calcular a melhor quantidade a comprar.
I = Custo de armazenagem: É o custo de armazenar o item em valor por unidade e por
ano.
P = Preço unitário de compra: É o preço pago pelo produto a ser comprado.

Veja, abaixo, o exemplo do cálculo do LEC.

O consumo de uma peça é de 13.000 unidades por ano. O custo anual de armazenagem
por peça é de R$ 2,50 e o custo do pedido é de R$ 350,00. O preço unitário de compra é de R$ 5,00.
Determine o LEC.

Bem, primeiro relacione cada informação citada no enunciado à letra que representa na
fórmula do LEC. Então, vamos lá! A primeira informação é de que o consumo é de 13.000 peças, logo,
C é igual a 13.000. O custo anual de armazenagem por peça também é citado, sendo assim, sabemos
que I é igual a R$ 2,50. O custo de pedido, representado pela letra B, é igual a R$ 350,00. Por sua vez,
o preço unitário (P) é de R$ 5,00.

Substitua os valores na fórmula e efetue o cálculo:

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2 𝑥 350 𝑥 13.000 9.100.000
𝑄=√ =√ = √728.000 = 853,23 ≈ 853 peças
2,5 𝑥 5,00 12,5

Desta forma, conforme o exemplo, o resultado do cálculo é capaz de lhe mostrar que,
quando o estoque chegar no ponto de pedido, a quantidade (Q) que deve ser solicitada é de 853
peças.

4.5. Estoque máximo

O estoque máximo é a quantidade máxima de um determinado item que uma empresa


deve manter em estoque para evitar custos excessivos de armazenamento e evitar a obsolescência
do produto. Quando o estoque atinge o nível máximo, a empresa interrompe a compra do produto
até que ocorra a liberação de espaço de armazenamento por meio de vendas ou descarte de produtos
obsoletos.
Manter um estoque máximo é importante para garantir que a empresa não ocupe espaço
de armazenamento que poderia ser bem melhor utilizado para outros produtos ou atividades da
empresa. Além disso, o estoque máximo ajuda a evitar a obsolescência do produto, que pode ocorrer
quando um produto não se move rapidamente o suficiente e acaba ficando em estoque por muito
tempo.
O estoque máximo é estabelecido com base no volume de vendas previsto, no tempo
necessário para obter novos suprimentos e no espaço disponível para armazenamento. Manter um
controle constante do estoque máximo é uma das tarefas do gerenciamento de estoque, para
garantir que não haja excesso ou falta de estoque no depósito.
Manter um estoque máximo pode ser uma tarefa delicada, pois a empresa precisa ter
cuidado para não ultrapassar o nível máximo e prejudicar as finanças da empresa. Para determinar
corretamente o nível máximo de estoque, a empresa precisa levar em consideração fatores como a
volatilidade do mercado, o tempo de entrega dos fornecedores de matérias-primas e a capacidade
de armazenamento da empresa.
A fórmula de cálculo do estoque máximo está abaixo:

𝐸. 𝑚á𝑥. = 𝐸. 𝑚í𝑛 + 𝐿𝑜𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎

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Observe o exemplo referente à aplicação dessa fórmula.

Exemplo: estoque máximo.


Um dos itens comercializados por uma empresa tem um consumo médio mensal de 280
peças. O estoque de segurança mantido é de 30%. As compras são sempre de 100 em 100 peças.
Calcule o estoque máximo.
De início, você terá que calcular primeiro o estoque mínimo para poder partir para o
cálculo do estoque máximo.
Ora, se C é igual a 280 peças e o fator K é 30% teremos como estoque mínimo:

𝐸. 𝑚í𝑛. = 𝐶 𝑥 𝐾 = 280 𝑥 30% = 84 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

Agora que você sabe qual o estoque mínimo, vamos ao cálculo do máximo:

𝐸. 𝑚á𝑥. = 84 + 100 = 184 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

4.6. Gestão de compras e a inter-relação com a gestão de estoques

A gestão de compras e a gestão de estoques estão intimamente relacionadas, pois ambas


são responsáveis pelo gerenciamento dos recursos que a empresa precisa para operar com eficiência
e atender às demandas dos clientes.
A gestão de compras envolve aquisição de materiais e produtos necessários para a
operação da empresa e para a fabricação de produtos. A gestão de compras visa garantir que a
empresa possua um fornecimento de qualidade o suficiente, no momento certo e ao menor custo
possível. A gestão de compras também envolve a negociação de contratos com fornecedores, análise
de cotações de preços e a tomada de decisão sobre quando efetuar uma compra.
Por outro lado, a gestão de estoques envolve a administração do estoque de materiais e
produtos. O objetivo principal da gestão de estoques é manter níveis adequados de estoque, para
atender às demandas dos clientes sem incorrer em custos excessivos de armazenamento.

60
Assim, podemos observar a inter-relação entre as duas áreas: a gestão de compras deve
garantir que as compras sejam feitas no momento certo, em quantidades adequadas e de
fornecedores confiáveis para garantir que as necessidades do estoque sejam atendidas e, por sua vez,
a gestão de estoques deve trabalhar em conjunto com a gestão de compras para garantir que os
níveis corretos de estoque sejam mantidos e que a empresa tenha a capacidade de atender às
necessidades dos clientes.
Um exemplo comum de interação entre as duas áreas é a determinação do Lote
Econômico de Compra (LEC), que é calculado pela gestão de compras e usado para determinar a
quantidade ideal de produtos que a empresa deve adquirir de uma só vez para minimizar os custos
de obtenção enquanto mantém um nível adequado de estoque. Este cálculo depende diretamente
da gestão de estoques para garantir a precisão da demanda do produto.
Portanto, a gestão de compras e a gestão de estoques são áreas interdependentes que
trabalham juntas para garantir a eficiência e a eficácia dos processos e para atender às demandas dos
clientes.
Para Castiglioni (2009, pag. 80), “isso quer dizer que se compra porque existe a
necessidade e, se existe a necessidade, é porque o estoque está no ponto de ressuprimento” e
destaca:
Toda vez que o estoque atingir o ponto de ressuprimento, observada a função do
tempo de ressuprimento, ou seja, o tempo que a mercadoria ou o produto leva da
efetivação da compra até o recebimento, deve-se acionar o setor de compras.
(CASTIGLIONI, 2009, pag. 80).

É importante ressaltar, estudante, que a gestão de compras e a gestão de estoques têm


impacto direto na eficiência e nos resultados financeiros da empresa. Uma gestão integrada e eficaz
destas duas áreas permite a redução de custos, o atendimento eficiente à procura dos clientes e a
maximização dos lucros.

Caro(a) estudante, chegamos ao final da nossa disciplina Gestão de Estoques e


Armazenagem.

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Não se esqueça de assistir à videoaula dessa unidade e, em caso de dúvidas,
entre em contato conosco.

Até a próxima!

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CONCLUSÃO
A gestão de estoques e armazenagem é uma parte essencial da operação de qualquer
empresa que lida com estoques de produtos ou matérias-primas. A gestão eficiente de estoques
garante que a empresa tenha um suprimento adequado de materiais ou produtos para atender às
demandas dos clientes, sem incorrer em custos excessivos de armazenamento.
Estudante, tenho certeza de que você aprendeu tudo com muito esforço e dedicação.
Mas, caso tenha restado alguma dúvida é muito importante que você revisite todas as unidades desse
e-book a fim de obter êxito não só nas atividades avaliativas, mas também na sua eficiência como
profissional.
Aproveito a ocasião para convidar você a se inscrever em nosso canal no YouTube, para
ter acesso a mais materiais. Acesse o EDUCA-PE, procure o curso na playlist e não esqueça de indicar
também aos seus amigos.
Vale salientar, estudante, que a associação de conteúdo a disciplina, somada às
informações dos módulos, certamente lhe proporcionará o desenvolvimento nas habilidades da
logística. Portanto, cabe a você sempre estar em busca do seu objeto, ouvindo o podcast,
participando dos fóruns e realizando as atividades.
Parabéns por ser nosso estudante EAD.

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REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de materiais e Distribuição física.


São Paulo: Atlas, 2009.

BOWERSOX, DJ, Closs, DJ e Cooper, MB (2013). Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. Educação
McGraw-Hill.

CARILLO, Edson; BANZATO, Eduardo Jose Mauricio; MOURA, Reinaldo A; e RAGO, Sidney Francisco
Trama. Atualidades em Armazenamento. São Paulo, IMAM.

CASTIGLIONI, J. A. de M. Logística operacional: guia prático. 2ª edição. São Paulo: Érica, 2009.

COYLE, JJ, Langley Jr, CJ, Novack, RA e Gibson, BJ (2016). Gestão da Cadeia de Suprimentos: Uma
Perspectiva Logística. Cengage Learning.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010.

SILVEIRA, Carlos Henrique Miranda da. Estoques: Curso Técnico em Logística. – Recife: Escola Técnica
Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, 2020.

HARA, Celso Minora. Logística: Armazenagem, Distribuição e Trade Marketing. 5.ed.campinas: Alinea,
2013

MARKHAM, W. J. Auditoria da logística: um guia para avaliar o processo logístico e obter um plano de
desempenho sustentável. Tradução Mariana Ayello Moura. São Paulo: IMAM, 2003.

MONCZKA, RM, Handfield, RB, Giunipero, LC, & Patterson, JL (2015). Compras e Gestão da Cadeia de
Suprimentos. Cengage Learning.

MOURA, Reinaldo A. Manual de Logistica (vol.2) – armazenagem: do recebimento à expedição. Sãpo


Paulo, IMAM.

NOGUEIRA, A. de S. Logística empresarial: uma visão local com pensamento globalizado. 1ª edição.
São Paulo: Atlas, 2016.

POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo:
Atlas, 2010.

ROSA, R. de A. Gestão de operações e logística I. Florianópolis: Departamento de Ciências da


Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2011.160p.

TRIGUEIRO, F. G. R. Administração de materiais: um enfoque prático. 7ª edição. Recife, 2007.173 p.

VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. 1ª edição. São Paulo: Atlas, 2006.

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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

George dos Anjos


Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade Frassinetti do Recife – FAFIRE
e Graduado em Licenciatura em Matemática pela FAEL. É especialista em Gestão Portuária e Logística
pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão - IBPEX. Possui experiência, há mais de 15 anos,
como profissional do setor logístico, atuando em empresas do setor privado em Multinacionais,
líderes mundiais do segmento Logístico e Automobilístico, nas áreas de Transporte, Armazenagem,
Distribuição, Supply Chain, com foco em Planejamento, Produção, Envio de produtos acabados e Bens
de Consumo. Atualmente é professor da Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da
Costa e Supervisor de logística de uma multinacional.

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