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Estoques

Carlos Miranda

Curso Técnico em Logística


Educação a Distância
2021
Estoques
Carlos Miranda

Curso Técnico em Logística

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

2.ed. | Out. 2021


Professor(es) Autor(es) Catalogação e Normalização
Carlos Miranda Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Revisão Diagramação
Carlos Miranda Jailson Miranda

Coordenação de Curso Coordenação Executiva


Eliane Barbosa George Bento Catunda
Renata Marques de Otero
Coordenação Design Educacional Manoel Vanderley dos Santos Neto
Deisiane Gomes Bazante
Coordenação Geral
Design Educacional Maria de Araújo Medeiros Souza
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Maria de Lourdes Cordeiro Marques
Helisangela Maria Andrade Ferreira
Izabela Pereira Cavalcanti Secretaria Executiva de
Jailson Miranda Educação Integral e Profissional
Roberto de Freitas Morais Sobrinho
Escola Técnica Estadual
Audiodescrição das imagens Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Jonara Medeiros Siqueira
Gerência de Educação a distância
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 4

1. Competência 01 | Conhecer o Processo de Armazenagem de Materiais ......................................... 6

1.1. Nível de serviço .......................................................................................................................................... 6

1.2. Atividades pertinentes à armazenagem de materiais ............................................................................. 10

1.2.1. Recebimento ......................................................................................................................................... 11

1.2.2. Estocagem ............................................................................................................................................. 12

1.2.3. Distribuição ........................................................................................................................................... 13

1.3. Arranjo físico de um armazém – Layout .................................................................................................. 14

1.3.1. Necessidade de espaço físico ............................................................................................................... 15

1.5. Outras funções da armazenagem ............................................................................................................ 21

1.6. Tipos de depósitos ................................................................................................................................... 22

1.7. Estruturas comumente utilizadas em armazéns ..................................................................................... 23

1.7.1. Estrutura porta-palete convencional .................................................................................................... 23

1.7.2. Estrutura porta-palete tipo drive-in ..................................................................................................... 25

1.7.3. Estrutura porta-palete tipo drive-through ........................................................................................... 27

1.7.4. Estrutura porta-palete tipo push back.................................................................................................. 28

1.7.5. Estrutura flow rack ................................................................................................................................ 29

1.7.6. Estrutura cantilever .............................................................................................................................. 30

1.7.7. Armazenagem dinâmica ....................................................................................................................... 31

1.8. Inventário físico ....................................................................................................................................... 32

2.Competência 02 | Compreender a Classificação de Estoques por Níveis de Valor .......................... 35

2.1. Classificação de materiais ........................................................................................................................ 35

2.2. Cadastramento de materiais ................................................................................................................... 36

2.3. Codificação de materiais .......................................................................................................................... 37

2.4. Classificação ABC ..................................................................................................................................... 39


2.5. Métodos de avaliação dos estoques ....................................................................................................... 44

2.5.1. Custo médio .......................................................................................................................................... 45

2.5.2. PEPS....................................................................................................................................................... 46

2.5.3. UEPS ...................................................................................................................................................... 47

3.Competência 03 | Entender o Dimensionamento e Níveis de Estoque ........................................... 50

3.1. Conflitos na manutenção e controle dos estoques ................................................................................. 50

3.2. Previsão para os estoques ....................................................................................................................... 52

3.2.1. Método do último período ................................................................................................................... 54

3.2.2. Método da média móvel ...................................................................................................................... 55

3.3. Custos de Armazenagem ......................................................................................................................... 58

3.3.1. Custo de armazenagem por peça ......................................................................................................... 58

3.3.2. Custo de armazenagem geral ............................................................................................................... 60

4.Competência 04 | Compreender os Pontos de Compras e Reposição de Estoques ........................ 63

4.1. Gráfico Dente de Serra ............................................................................................................................ 63

4.2. Tempo de reposição e o ponto de pedido ............................................................................................... 66

4.3. Estoque mínimo ....................................................................................................................................... 68

4.4. Lote econômico de compra ..................................................................................................................... 69

4.5. Estoque máximo ...................................................................................................................................... 71

5. Competência 05 | Conhecer uma Sistemática de Compras e Atualização de Estoques ................. 73

5.1. Compras e estoques (inter-relação) ........................................................................................................ 75

5.2. Gestão de compras .................................................................................................................................. 76

5.3. Métodos de negociação........................................................................................................................... 78

5.4. Fornecedores ........................................................................................................................................... 80

5.5. Ética em Compras .................................................................................................................................... 81

Conclusão ............................................................................................................................................. 84

Referências ........................................................................................................................................... 85
Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 86
Introdução
Caro (a) Estudante,

Você dará início ao estudo de uma das atividades mais importantes e fundamentais da
Logística: estoques. Isso mesmo!
Muito tem se falado de logística, em especial, nesses últimos dois anos quando a gestão
de estoques e as operações de armazenagem demonstraram seus graus de relevância, sobretudo na
pandemia do novo Coronavírus e, até mesmo em decorrência de crises econômicas que assolam os
mercados nacionais e internacionais, cujos efeitos tendem a afetar, negativamente, a capacidade de
processamento dos variados sistemas produtivos.
Nesse contexto, a formação e gestão de estoques assume uma função de equilíbrio entre
a oferta (disponibilidade de bens e/ou serviços) e a demanda (procura por bens e/ou serviços). As
tendências de consumo podem se alterar e com isso, forçar as organizações a adotarem meios de
encontrarem uma solução mais adequada para dois dilemas: que quantidades máximas deverão ser
mantidas em estoque, que não comprometam os custos de sua manutenção? Bem como, que
quantidades mínimas, administráveis, podem ser mantidas sem incorrer na falta de bens para os
consumidores?
Essa ausência de exatidão, faz com que a gestão de estoques se preocupe não só com
bens tangíveis, que são recursos físicos, mas também se dedica também, à gestão de bens intangíveis,
que não se referem à recursos físicos, pois são imateriais como as licenças de softwares, contratos de
concessão, fórmulas químicas etc.
Portanto, os estoques não estão necessariamente ligados à manutenção de bens
processados industrialmente, mas também aos materiais/suprimentos destinados à serviços
essenciais.
É possível, que você agora já tenha dimensão do grau de importância do controle e
monitoramento dos estoques para uma organização e do dia a dia das atividades de um profissional
dedicado a estas operações. A relação dos estoques com outras atividades é indispensável e requer
ainda, um dimensionamento correto dos custos que se inserem durante o processo de controle no
sistema e no ambiente físico.

4
Sendo assim, você terá a oportunidade de acompanhar na Competência 1, as variáveis da
armazenagem de materiais, especialmente as que influenciam na composição de níveis satisfatórios
dos serviços logísticos. Conhecerá ainda, alguns dos principais equipamentos utilizados na
armazenagem e particularidades dessa operação, bem como a importância de se planejar,
estrategicamente, a localização e utilização dos espaços, otimizando ao máximo as operações dentro
de um armazém.
Já na Competência 2, você aprenderá a classificar os materiais em estoque, de acordo
com o valor e as características que os definem, percebendo que não é apenas a quantidade dos itens
mantidos nos estoques que definirá as melhores formas de tomar decisão, acerca dos itens
comercializados. Métodos de avaliação dos estoques e os custos inseridos em sua manutenção,
também irão preencher sua segunda semana de estudos.
De forma simples e objetiva, na terceira competência serão destacadas à definição da
política de estoques e conceitos, acerca do dimensionamento de suas quantidades, formas de
previsão e a importância de calcular os custos de armazenamento.
Na quarta semana, você aprenderá que a depender dos níveis de estoque, devemos
decidir em que momento comprar e quanto deve ser comprado pela organização. A relação entre
aquisição e consumo, torna-se a parte fundamental da quarta competência, permitindo que na quinta
e última competência, sistemática de compras e estoques, você se depare com a função compras.
Perceba, que o conteúdo da disciplina Estoques é vasto, porém, bastante atrativo. Cada
competência estudada, permitirá a ampliação de seus conhecimentos e um interesse maior em
buscar informações que lhes proporcione aplicações diretas e objetivas em ambiente profissional.
Para tanto, não se esqueça de assistir as videoaulas e acompanhar através dos podcasts cada
conteúdo presente em seu material de estudo.

Desejo a você, a partir de agora, muito sucesso em seus estudos!

5
Competência 01

1. Competência 01 | Conhecer o Processo de Armazenagem de Materiais


Você já percebeu que ao nosso redor, materiais dos mais variados tipos de conservação
têm forma, lugar e modos específicos de acondicionamento? Pois é, os materiais têm características
próprias e administrá-los significa controlar dois elementos: tempo e espaço.

Confira esta e outras informações, acessando o podcast da competência um e,


em seguida, retome a leitura do e-book.

De acordo com Nogueira (2012, p. 51), o tempo e o espaço são variáveis em uma operação
de armazenagem. Sobre o elemento tempo, é importante relacionarmos os estoques à sua
capacidade de agregar valor às operações logísticas, em especial, quando essa capacidade se refletir
no giro dos estoques. E o que isto significa? Quanto menos tempo os produtos se mantiverem
estocados, maiores e melhores serão as chances de se atingirem resultados satisfatórios em nível de
serviço.
Em relação ao elemento espaço, as características dos produtos, bem como detalhes que
os diferenciam, tendem a influenciar o modelo de arranjo físico mais apropriado que permita adequar
estruturas e equipamentos direcionados à estocagem física, circulação de materiais e pessoas,
distribuição, bem como garantir a segurança e saúde dos trabalhadores em ambiente laboral.
Esta relação “tempo-espaço” é comum tanto para o processo de manufatura (indústria),
quanto na prestação de serviços, onde os estoques tendem a ser materiais utilizados nas atividades
fins. Desta forma é possível observar que as operações de armazenagem são direcionadas ao
cumprimento de níveis de serviços, para um ou mais clientes, os quais agregam-se valores mediante
a três aspectos: maior redução no prazo de entrega, disponibilidade maior de produtos e um melhor
cumprimento no prazo de entrega.

1.1. Nível de serviço

É importante compreender que a qualidade do serviço logístico deve ser vista como o
cumprimento de todos os itens de controle do nível de serviço estabelecido em contrato, o que faz

6
Competência 01

refletir sobre uma questão importante: “a organização prestadora do serviço logístico não deve, a
pretexto de fidelizar o cliente, realizar um nível de serviço acima do estipulado em contrato.”
Por duas razões! São elas:
1. Pela perda potencial de receita. A empresa contratada não obtém vantagem
financeira, caso busque antecipar-se na disponibilidade do produto ou caso agregue serviços
adicionais que não façam parte do objeto do contrato; e
2. Por prejudicar o próprio cliente. Imagine antecipar a entrega de um produto ou até
mesmo um serviço? Será que o cliente estaria preparado para receber o produto ou realizar um
serviço, em dia e hora que não estivesse pré-determinado em contrato?
Portanto, estas duas condições devem ser evitadas, por se tratar de situações que,
aparentemente, levariam vantagens ao cliente ou melhorariam a imagem do prestador de serviços
logísticos. Mas, na verdade, elas comprometem o nível de serviço, por ferirem os itens acordados no
contrato por cliente e fornecedor, tais como: prazo combinado/atendido, confiabilidade, integridade
da carga, atendimento etc.
Portanto, a primeira informação contratual que deve ser estabelecida de forma clara com
o cliente é: qual o nível de serviço o cliente deseja comprar? Obtendo essa resposta, a empresa
prestadora de serviços logísticos define sua atuação no mercado, pois é a partir dela, que se
estabelece o nível de serviço que irá ser oferecido.
Segundo Pozo (2010, p. 32), o objetivo macro de nível de serviço que está atrelado ao
sistema de planejamento de estoques “visa atender às necessidades do cliente em relação a datas e
à presteza de entrega dos pedidos.” Assim, lembre-se de um fator muito importante:

O nível de serviço deve ser constituído de tal forma que possa ser numericamente
mensurável, ou seja, que contenha valores não deixando margem para discussão!

Observe, que no quadro são apresentados alguns exemplos corretos e incorretos de nível
de serviço para sua análise:

7
Competência 01

Correto Incorreto

Os materiais do cliente X, devem ser entregues no Deve ser entregue rápido.


dia 02/02/2020, às 9h, no armazém de Vitória,
endereço y.
É permitido apenas, 1% de avaria de material até a Não pode perder muito produto.
entrega no armazém do cliente.
O produto não pode sofrer qualquer tipo de avaria Não pode estragar muito o produto.
durante o processo logístico.
Quadro 01 – Exemplo de níveis de serviço.
Fonte: adaptado. (ROSA, 2011, p. 21).

Assim, uma vez estabelecido o nível de serviço, ele passa a ser um item vital a ser
controlado e alcançado pela operação logística. Nem menos, nem mais, mas exatamente o
combinado! E, para efetivarmos, a melhor maneira é sob a ótica da qualidade ou dos indicadores de
desempenho logístico.
Na língua inglesa, esses indicadores são conhecidos como Key Performance Indicator (KPI)
e contribuem na gestão das operações logísticas, com escopo e escalas abrangentes, formulando um
sistema que corresponde aos “olhos e ouvidos” necessários a:

• Controlar e monitorar a (s) atividade (s);


• Identificar problema (s), e
• Apontar caminho (s) para a melhoria (s).

Cada atividade logística deve alcançar sua meta de nível de serviço (valores máximos e
mínimos) para estar dentro da qualidade contratada. Existem centenas de indicadores ou métricas
que podem ser utilizadas para avaliar o desempenho do processo logístico de uma empresa e,
consequentemente, controlar seus níveis de serviço.
Veja, abaixo, alguns exemplos de indicadores bastante utilizados e recomendados por
Markham (2003, p. 48–50), para o acompanhamento de determinados itens de controle que
impactam em operações de armazenagem e estoque.

• Avarias

8
Competência 01

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑠
𝑥 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

• Avarias no estoque

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑠


𝑥 100
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠

• Retornos e devoluções

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑒/𝑜𝑢 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠


𝑥 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

• Acuracidade dos saldos dos estoques

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜


𝑥 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠

• Obsolescência do estoque
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑜𝑏𝑠𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑠
𝑥 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠

• Custo de movimentação e armazenagem próprias


𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜
𝑥 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠

• Custo de movimentação e armazenagem com terceiros

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠


𝑥 100
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

• Giro dos estoques


𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒

9
Competência 01

• Tempo de recebimento (da doca para estocagem).

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒 𝑜 𝑒𝑛𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠)

• Pedidos por hora

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠


𝑥 100
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑖𝑠 (𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜)

• Utilização dos espaços de estocagem

𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑜 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜
𝑥 100
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑖𝑛𝑙𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜)

De acordo com o dicionário On Line de Português, acuracidade se refere à


“medida de averiguação de estoque ou processo de controle de entradas e
saídas de mercadorias.

1.2. Atividades pertinentes à armazenagem de materiais

Agora, que você já identificou os principais aspectos que norteiam o nível de serviço em
operações de armazenamento e como é possível desprender esforços para diferentes tipos de
clientes, você irá se deparar com as estruturas operacionais presentes na armazenagem, onde podem
ser descritas, conforme representação abaixo:

10
Competência 01

Figura 01 – Estruturas de armazenagem.


Fonte: adaptado. (CASTIGLIONI, 2009, p. 24).

Estes três elementos estruturantes às operações de armazenagem - recebimento,


estocagem e distribuição - também possuem individualmente, particularidades que os tornam
relevantes e seus controles podem contribuir positivamente para as operações.

1.2.1. Recebimento

“A atividade Recebimento intermedeia as tarefas de compra e pagamento ao fornecedor,


sendo de sua responsabilidade a conferência dos materiais destinados à empresa.” (VIANA, 2006, p.
281). A função recebimento aparece como “[...] fiel avaliadora de que os materiais desembaraçados
correspondam, efetivamente às necessidades da empresa [...]”, se encarregando do controle dos
materiais, a partir do momento da entrada, cumprindo com as principais atribuições da função
recebimento. (VIANA, 2006, p. 281).

São elas:
• Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais;
• Analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada;
• Confrontar os volumes declarados na Nota Fiscal e no manifesto de transporte
com os volumes a serem efetivamente recebidos;
• Proceder a conferência visual, verificando condições de embalagem quanto a
possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas
nos respectivos documentos;
• Proceder a conferência quantitativa dos materiais recebidos; e
• Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxarifado.

Compete ainda, ao momento da conferência, providenciar a regularização da recusa,


devolução ou da liberação de pagamento ao fornecedor, conforme condições de recebimento dos
materiais. É possível, que em determinadas operações logísticas, a depender das várias características

11
Competência 01

dos itens movimentados, as conferências quantitativas e qualitativas possam ser realizadas


simultaneamente. Como isso seria possível?
Ao passo que o conferente, responsável pelo recebimento realiza a contagem, pesagem
ou medição dos materiais, ele analisa (visualmente ou com auxílio de equipamento apropriado), os
requisitos qualitativos – aspectos intangíveis (imateriais) que garantem a integridade do material –
que em dado momento, podem ter sido submetidos à choques, pressões ou outros efeitos
desproporcionais. Condições estas, tendem a comprometer negativamente, à adequação do uso e
das principais funções dos materiais.
Cumprida todas as fases, acima descritas, os materiais devem agora submeterem-se à
estocagem.

1.2.2. Estocagem

Como já é de seu conhecimento o estoque constitui, por sua vez, um dos pontos vitais na
formação do conjunto de atividades da armazenagem, exigindo técnicas específicas para alcançar a
eficiência da racionalização e da economia desejada. Contudo, para que haja efetividade no controle
dos estoques é imprescindível que os materiais sejam regularizados.
A regularização dos materiais complementa todos os esforços no armazenamento,
cumprindo por sua vez, com a classificação, cadastramento e codificação de todos os itens,
destinando-os às posições específicas no depósito, de acordo com as características que os definem.
A regularização configura-se pelo controle do processo de recebimento, pela confirmação
da conferência qualitativa e quantitativa, por meio do laudo da inspeção técnica e da confrontação
(quantidades conferidas versus faturadas), para decisão de aceitar ou recusar, e, finalmente, pelo
encerramento do processo.
As informações técnicas sobre estoques serão aprofundadas nas próximas competências
onde você verá detalhadamente, informações sobre sua classificação e dimensionamento. Portanto,
neste espaço, reservamos apenas ao conteúdo estoque seu papel como parte integrante da estrutura
no processo de armazenagem. Ok?!

12
Competência 01

1.2.3. Distribuição

“Entre as muitas formas existentes para estruturar a distribuição física, deve-se


mencionar a mais adequada às condições e necessidades de nosso mercado, a qual envolve e
contempla os seguintes segmentos.” (VIANA, 2006, p. 366).
Quais sejam:

● Depósitos regionais e de mercadoria em trânsito: recebimento, armazenagem e


expedição de materiais.
● Movimentação de materiais: manuseio interno dos depósitos, movimentação
interna e externa dos depósitos e terminais e centros de distribuição.
● Transportes e fretes: determinação de roteiros para utilização dos serviços de
transporte da forma mais econômica e eficiente.
● Embalagem e acondicionamento: embalagem de proteção e acondicionamento,
material de embalagem, serviços de carpintaria, mecanização de embalagem e
enchimento.
● Expedição: preparação de cargas, determinação das condições de transporte,
carregamento, expedição e controle cronológico das remessas. (VIANA,
2006,366).

As estruturas que compõem a armazenagem, se completam com a operação de


distribuição. O fluxo dos materiais contribui para a disponibilidade dos itens requisitados, cujo destino
visa, além da movimentação de suprimentos internos e o abastecimento nas diferentes fases, atender
um pedido de quem o requisitou. O transporte, como pode-se compreender, faz parte da
engrenagem de distribuição e representa, em sua estratégia, o setor em que o tempo se torna mais
curto entre a colocação de um pedido e sua produção e seu uso, motivo pelo qual, deve ser efetuado
no menor prazo possível e ao menor custo.

13
Competência 01

1.3. Arranjo físico de um armazém – Layout

A elaboração de um layout concorre para a realização de uma operação eficaz de


armazenagem, suprindo a necessidade de espaço e contribuindo, fundamentalmente, para o mínimo
de obstrução em seu acesso. Torna-se indispensável que a estrutura possua uma mão de obra
qualificada e que os aspectos de segurança garantam a integridade da equipe e do armazém,
colaborando para níveis de serviço satisfatórios. (VIANA, 2006, p. 309).
“Portanto, para que haja um projeto perfeito, há que se ter um planejamento, tem que
existir o layout.” (VIANA, 2006, p. 309). Abaixo, segue representação de um layout que ilustra, em
sua fase de planejamento, a disponibilidade de equipamentos, estruturas e fluxo dos materiais que
deverão compor o projeto logístico.

Figura 02 – Zona de armazenagem.


Fonte: https://www.mecalux.com.br/manual-de-armazenagem/desenho-armazem
Descrição da imagem: representação de uma planta de arquitetura, cujo desenho técnico destina-se a elaboração de
um projeto de armazenagem. Dentro deste desenho técnico, existe um detalhamento das atividades de
armazenamento, separação de materiais e transporte, bem como, diversas estruturas de armazenagem de materiais,
tanto no piso superior, quanto na área principal de separação, situada no térreo do armazém.

Como pode-se constatar na imagem, a área de armazenamento é central, composta por


uma ou várias seções. De acordo com o exemplo é possível ainda perceber um conjunto articulado
de funções e atividades responsáveis pelo fluxo dos materiais.
As características de um layout obedecem prioritariamente, ao conhecimento da
rotatividade, ou melhor, do giro dos produtos que serão movimentados no armazém e,

14
Competência 01

consequentemente, farão parte do sistema que determina o tempo desses materiais em estoque.
Você lembra do elemento tempo que vimos no início da competência? Pois bem, há várias formas de
se analisar o tempo, em especial, controlando o fluxo de entrada e saída dos materiais que
configuram o consumo deles.
Dentre elas, a Curva ABC (conteúdo que será abordado na competência 2 - Compreender
a Classificação de Estoques por Níveis de Valor) é a mais conhecida por ser realizada com base no
valor de consumo médio dos itens em estoque.

1.3.1. Necessidade de espaço físico

Quanto mais se armazenam produtos, menor é o custo com transportes. Basta observar,
no gráfico abaixo, a curva de distribuição decrescente. Como isso ocorre?

Custos são considerados gastos, referentes à aquisição ou pagamento de


materiais ou profissionais destinados à atividade desempenhada pela empresa.
Por exemplo: a compra de óleo diesel é considerada um custo para a empresa
que trabalha prestando serviço de distribuição. Portanto, o custo passa a ser um
gasto com material destinado ao funcionamento e manutenção de uma
atividade.

Imagine, por exemplo, que uma empresa tem vários depósitos espalhados pela região
nordeste do Brasil. Esses depósitos funcionam como Centros de Distribuição (CDs) para os clientes
que também ficam na mesma região do país. Isso significa que, como a organização mantém
armazéns próximos aos clientes, caminhões são carregados nos CDs e de lá seguem para os clientes,
sem ter que percorrer grandes distâncias.
Manter vários centros de distribuição gera a necessidade de manter altos estoques,
porque cada CD terá o seu estoque. No entanto, como os CDs estarão perto dos clientes os custos
com transportes serão menores.
Por sua vez, se a gestão decidir que manterá apenas um depósito em toda a região do
Nordeste, o estoque a ser mantido será menor. No entanto, as distâncias a serem percorridas pelos
caminhões que entregarão aos clientes serão bem maiores. Isso elevará os custos de transporte.
Vejamos a seguir.

15
Competência 01

Figura 03 – Padrões de custos em função do lote econômico


Fonte: extraído de Pozo, (2010, p. 70).
Descrição da imagem: todas as linhas do gráfico estão na cor preta e o fundo da imagem é cinza. No eixo das abscissas
está o tamanho dos estoques e no eixo das ordenadas o custo em reais. Há três tipos de custos representados no
gráfico. O primeiro são os custos de distribuição. Estes são representados por uma curva descendente em traço
pontilhado indicando que à medida que o tamanho dos estoques cresce, os custos de distribuição diminuem. Por sua
vez, os custos de armazenagem são demonstrados por uma reta ascendente também pontilhada indicando que quando
o tamanho dos estoques aumenta os custos de armazenagem também sobem. Há uma segunda curva que representa
os custos totais. A primeira metade da curva que representa os custos totais é descendente. A segunda parte dela é
ascendente. Logo, no meio dessa curva encontra-se o menor custo total. Para ressaltar este ponto, há uma reta vertical
marcando este ponto do gráfico.

Você já sabe que ao se trabalhar com estoques, deve-se levar em consideração que só se
deve armazenar a quantidade necessária deles. Vários são os motivos de se manter estoques, dentre
eles a incerteza das necessidades futuras do mercado, porém como se deseja garantir o atendimento
dos clientes quando os pedidos deles chegarem, as empresas optam pela sua formulação. O ideal,
sempre que possível é reduzir suas quantidades.
Estoques geram custos e só se tornarão receita quando o seu faturamento acontecer.
Antes disso, esse estoque exigirá cuidados, manutenção, bem como os armazéns em que estarão
depositados. Antes disso, esse estoque exigirá cuidados, manutenção, bem como os armazéns em
que estarão depositados.
Será necessário manter pessoas qualificadas para manuseá-los e cuidados para que não
sejam avariados, pois, se isso acontecer, ele dificilmente se tornará receita ou, até se tornará, mas
com custos maiores. É importante ressaltar que os estoques não estão apenas nos depósitos ou
armazéns. Cada local de ponto de uso do produto também pode vir a ser um local onde se mantém

16
Competência 01

estoques, mesmo que por pouco tempo antes do consumo dele. Todo o estoque mantido deve ser
considerado na avaliação do estoque contábil como parte do ativo de uma organização.

As avarias são decorrentes de mau funcionamento ou falha no manuseio de


alguma coisa. Por exemplo: se uma caixa de determinado produto sofre uma
pressão desnecessária ou é molhada, isso pode danificar o produto ou
substância que está dentro dela. Chamamos, portanto, de avaria esse tipo de
ocorrência.

1.4. Estratégia de localização de armazéns

A decisão pela localização de armazéns ou depósitos não é uma tarefa fácil, ainda que
esta estrutura seja implantada internamente. Há alguns fatores que são determinantes nessa
atividade e seus critérios devem refletir aspectos qualitativos da região e disponibilidade de recursos
necessários à instalação física, conforme pode ser visto em nosso exemplo. Várias metodologias
contribuem para definir o melhor local. Existem duas, bastante populares que você pode utilizar: a
ponderação qualitativa de localização e a comparação entre custos fixos e variáveis.
Imagine que uma empresa do segmento de bebidas lácteas deseje investir na construção
de um centro de distribuição (CD) em determinado município da região metropolitana do Recife. A
princípio, ela tem três potenciais locais, que reúnem características favoráveis à construção do CD.
Porém, se faz necessário atribuir critérios qualitativos onde, cada um deles receberá um valor, um
peso correspondente ao grau de importância do critério e, posteriormente, para cada critério, de
cada município, será atribuída uma pontuação, diferenciando entre as localidades, para qual delas
será atribuído maior valor de pontuação.

Este método é denominado ponderação qualitativa de localização. Veja como funciona


no exemplo abaixo:

17
Competência 01

Pontuação.
(Potencial de localização) Resultado
Critérios
Goian Paulist Paulist
Peso Ipojuca Ipojuca Goiana
a a a
Proximidade de portos e
3 3 5 3 9 15 9
aeroportos.
Fornecedores de equipamentos
3 3 5 5 9 15 15
na área.
Atitude e custo da força de
5 2 4 3 10 20 15
trabalho.
Incentivos fiscais. 2 4 5 2 8 10 4
Condições de deslocamento. 2 2 2 4 4 4 8
Acessibilidade aos recursos
3 4 5 4 12 15 12
hídricos e energéticos.
Disponibilidade de escolas. 1 4 3 4 4 3 4
TOTAL 56 82 67
Quadro 02 – Descrição dos critérios, pesos e pontuações dos municípios.
Fonte: o autor.

A respeito da ponderação qualitativa de localização perceba, que inicialmente, são


listados os critérios mais importantes na primeira coluna. Em seguida, elaboramos uma coluna
listando o peso de cada um desses critérios, seguindo uma escala de 1 (um) a 5 (cinco), sendo um o
menos importante e cinco, o mais importante. Depois, listamos as cidades em diferentes colunas e
atribuímos notas, de acordo com a mesma escala de ponderação, de 1 a 5. Não há problema em
manter valores iguais tanto nos critérios, quanto nas notas das cidades, os números podem ser
repetidos.
Vamos aos cálculos:

1.Multiplicamos o peso de cada critério pela nota de cada cidade naquele critério; e
2.Colocamos o resultado na coluna “Resultados” à cidade correspondente.

Por exemplo, no critério Incentivos fiscais, atribuiu-se um peso equivalente a dois. Sendo
assim, dois multiplicado pela nota do município de Ipojuca, neste critério (que foram quatro), resulta
em oito, que foi inserido na coluna Resultados da cidade Ipojuca. Depois desses cálculos é feito um

18
Competência 01

somatório dos resultados. No caso de nosso exemplo, a cidade que apresentou o melhor resultado,
tendo em vista a maior pontuação (82 pontos) foi o município de Goiana, seguida por Paulista (67
pontos) e depois pelo município de Ipojuca (56 pontos), Mata Sul de Pernambuco.
Vamos voltar ao exemplo das cidades Ipojuca, Goiana e Paulista. Porém, antes de iniciar
o segundo método, dos custos fixos e variáveis, faz-se necessária uma explicação a respeito desses
conceitos. Custos fixos são aqueles relacionados ao produto e/ou serviço, que não se alteram,
conforme a quantidade produzida. Seja zero ou mil unidades, eles permanecem fixos. Os custos
variáveis oscilam, conforme a quantidade produzida. Somados, tais custos representam o “custo
total”.
Admitindo que a instalação do armazém da empresa de bebidas lácteas, nestas cidades
possuem os seguintes custos fixos e variáveis, qual seria a melhor alternativa?

Custos Ipojuca Goiana Paulista

Custos Fixos Mensais R$ 450.000 R$ 600.000 R$ 500.000

Custo Variável Unitário R$ 15,00 R$ 12,00 R$ 13,00

Quadro 03 – Detalhamento dos custos por município.


Fonte: o autor.

Caso você tivesse que julgar somente pelos custos fixos, seria melhor a cidade de Ipojuca,
mas veja que ela tem justamente o maior custo variável unitário. Por outro lado, aquela que tem o
menor custo variável unitário, apresenta o maior custo fixo, que é Goiana. Como resolver essa
questão?
Avaliando o custo total, que dependerá da quantidade de produtos que serão vendidos
(previsão de venda), se a empresa fosse distribuir, em média, uma quantidade de 20.000 litros por
mês, qual seria a melhor alternativa? Basta apenas, utilizar a seguinte fórmula para calcular o custo
total em cada cidade:

𝐶𝑇 = 𝐶𝐹 + 𝐶𝑉𝑢 𝑥 𝑄

Onde:

19
Competência 01

CT: custo total


CF: custo fixo
CVu: custo variável unitário
Q: quantidade

Sendo assim, temos os seguintes cálculos:

Custo total de Ipojuca = R$ 450.000 + R$ 15,00 × 20.000 unidades = R$ 750.000


Custo total de Goiana = R$ 600.000 + R$ 12,00 × 20.000 unidades = R$ 840.000
Custo total de Paulista = R$ 500.000 + R$ 13,00 × 20.000 unidades = R$ 760.000

A julgar pelos números, a melhor alternativa para a localização do CD seria, por pouco, a
cidade de Ipojuca, que no método anterior, foi justamente a cidade que recebeu a menor pontuação.
O que fazer nesse caso? Antes de mais nada, é necessário nos certificar da previsão de vendas. Se por
exemplo, a previsão aumentasse para 60.000 unidades, conforme os cálculos apresentados aqui,
teríamos um custo total de R$ 1.350.000 para a cidade de Ipojuca, R$ 1.320.000 para Goiana e R$
1.280.000 para Paulista; ou seja, a cidade de Ipojuca se tornaria a possibilidade mais cara e o
município do Paulista passaria a ser a melhor opção, conforme os cálculos da previsão abaixo!

Custos Ipojuca Goiana Paulista

Custos Fixos Mensais R$ 450.000 R$ 600.000 R$ 500.000

Custo Variável Unitário R$ 15,00 R$ 12,00 R$ 13,00

Custo total R$ 1.350.000 R$ 1.320.000 R$ 1.280.000

Quadro 04 – Resultado dos custos totais por município.


Fonte: o autor.

Custo total de Ipojuca = R$ 450.000 + R$ 15,00 × 60.000 unidades = R$ 1.350.000


Custo total de Goiana = R$ 600.000 + R$ 12,00 × 60.000 unidades = R$ 1.320.000
Custo total de Paulista = R$ 500.000 + R$ 13,00 × 60.000 unidades = R$ 1.280.000

20
Competência 01

Depois da empresa certificar-se da previsão de unidades vendidas a serem distribuídas,


inclusive para os próximos anos, pode-se finalmente escolher a melhor cidade, considerando os
custos como um limite e, dentro desse limite, a melhor possibilidade, conforme critérios
estabelecidos pela empresa, na metodologia da ponderação qualitativa.
Você percebeu, o quanto é importante utilizar estratégias, que visem estabelecer a
localização mais adequada para se instalar uma unidade de armazenamento? Pois é! Desta forma, a
tomada de decisão de localização permite a utilização de várias outras finalidades decorrentes de
uma estrutura de armazenagem.
Mas caso tenha tido dificuldades para acompanhar a dinâmica do exemplo, pode
compartilhar sua dúvida ou questionamento no fórum de dúvidas no AVA – ambiente virtual do aluno
para esta competência.

1.5. Outras funções da armazenagem

Ballou (2010, p. 158) afirma que a atividade de armazenagem presta serviços aos
usuários. Ele as resume através de quatro funções:

a) Abrigo: é a função mais óbvia da atividade de armazenagem. Esse abrigo deve ser
adequado às características dos produtos. Se os produtos precisam ser
refrigerados o armazém deve ser adaptado para tal.
b) Consolidação: A consolidação da carga ocorre quando um depósito recebe cargas
de diversas origens e as consolida para realização de entregas para clientes.
Podemos supor que um depósito pode receber três cargas de fornecedores, cada
uma das cargas com 10 toneladas, por exemplo. No depósito é possível consolidar
essa carga em uma única de 30 toneladas que pode ser enviada a um cliente ou
mesmo a um centro de distribuição mais próximo de clientes em outra região.
c) Transferência e transbordo: a transferência e transbordo é o oposto da
consolidação. Ocorre quando a carga é recebida por um depósito e lá é fracionada
para redistribuição aos clientes (BALLOU, 2010, p. 160). Exemplo: um distribuidor
de alimentos pode receber cargas de vários fornecedores em um depósito, tais
quais: materiais de higiene e limpeza, derivados do leite e frios. No armazém, esse

21
Competência 01

distribuidor pode realizar o fracionamento da carga recebida para posterior


entrega aos seus clientes que são pequenos revendedores, como mercadinhos de
bairro.
d) Agrupamento ou composição: o agrupamento costuma ser utilizado por
empresas que possuem grandes linhas de produção de itens específicos. Nesse
caso, cada planta industrial é responsável por uma linha de produtos. Entende-se
que a produção em larga escala, em cada planta, pode gerar economia que
compense manter armazéns que recebam as cargas das plantas e as agrupem para
entregá-las aos clientes.

1.6. Tipos de depósitos

O armazém é um tipo de depósito e as empresas podem decidir por ter espaços próprios
ou alugar depósitos para armazenar seus produtos. Ter os próprios armazéns traz a vantagem de
definir o seu layout e arranjo físico adaptado às necessidades da empresa. E qual seria a melhor
estratégia a ser adotada? Para responder a esta questão, é preciso comparar os custos entre as duas
operações, em obter depósito próprio ou a contratação de terceiros, definindo, portanto, o que é
melhor para a organização.

Os armazéns podem ser divididos em cinco tipos básicos:

a) O primeiro são os armazéns de commodities, os quais só podem ser armazenados


certos tipos de mercadorias classificados como commodities (a soja é um bom
exemplo desse tipo de produto).
b) O segundo tipo são os armazéns para granéis, como “produtos químicos,
derivados e xaropes” (BALLOU, 2010, p. 163).
c) O terceiro citado pelo autor é o armazém frigorificado, que são os armazéns
refrigerados, cujos produtos fazem parte da chamada cadeia do frio. Neste tipo
de armazenagem, todo o processo, desde a sua concepção até a distribuição,
deverá ser garantido o seu estado de conservação, integralmente.

22
Competência 01

d) O armazém para utilidades domésticas e mobiliários, configura o quarto tipo


básico de armazém. Para este tipo, Ballou (2010, p. 163) afirma que “seus
principais clientes são empresas que distribuem miudezas de uso caseiro e não os
fabricantes de móveis”.
e) E, por fim, os que “[...] manuseiam um amplo leque de itens, não exigindo as
facilidades ou equipamentos especializados dos tipos anteriores” passam a
representar o quinto tipo de armazenagem, denominado armazéns de
mercadoria em geral. (BALLOU, 2010, p. 164).

Nosso próximo item contemplará algumas estruturas utilizadas que exemplificam e se


ajustam às estratégias de armazenamento.

Assista ao vídeo – Vacina contra a COVID-19 –


que descreve a complexidade nas operações de armazenamento das vacinas
contra a Covid-19 que possuem condições específicas de refrigeração.
https://www.youtube.com/watch?v=o7KqJrD-Vks

1.7. Estruturas comumente utilizadas em armazéns

Você já tem dimensão da importância dada aos espaços físicos em um armazém! Porém,
muitas outras particularidades devem ser tratadas e, elas estão presentes aqui, em seu e-book.
Dentre elas, as estruturas que têm como objetivo otimizar a utilização dos espaços dos armazéns e
contribuem ainda, para formulação de técnicas diversificadas de estocagem, que você verá logo mais.
O uso dessas estruturas tende a garantir maior segurança não só ao item, mas também,
às pessoas que circulam no depósito. Vamos estudá-las?

1.7.1. Estrutura porta-palete convencional

Trata-se de estrutura pesada, na qual as prateleiras são substituídas por plano de carga
constituído por um par de vigas que se encaixam em colunas, com possibilidade de regulagem de

23
Competência 01

altura. Os paletes são armazenados e retirados individualmente por empilhadeiras que se


movimentam em corredores.

Palete: estrutura de madeira, plástico, alumínio sobre a qual se põe a carga


empilhada a fim de se transportar e/ou armazenar grandes blocos de produtos,
sobretudo embalados.

A estrutura porta-palete, em seu modelo mais convencional, conforme pode ser visto na
figura 04, contribuiu para o surgimento de sistemas de alta densidade e armazenagem dinâmica, bem
como no surgimento de estratégias que suprem a necessidade de armazenamento e movimentação
de equipamentos em espaços restritos.

Figura 04 – Estrutura porta-palete convencional


Fonte: https://www.mecalux.com.br/cargas-paletizadas/porta-pallets
Descrição da imagem: corresponde a um ambiente de armazenagem, cujo espaço é dividido por estruturas metálicas
em blocos, semelhantes a prateleiras que contém estantes, dispostas umas sobre as outras, porém separadas por
corredores largos de acesso de materiais, equipamentos e pessoas.

Principais características.

● Usada quando a carga do palete for muito variada;


● Movimentação dentro de armazéns;
● Exige muita área para corredores;

24
Competência 01

● Compensa com seletividade e rapidez na operação.

A figura a seguir, porta-palete convencional para corredores estreitos, demonstra a


aplicação de sua estrutura otimizando espaços úteis de armazenagem.

Figura 05 – Estrutura porta-palete convencional para corredores estreitos


Fonte: https://www.mecalux.com.br/cargas-paletizadas/porta-pallets
Descrição da imagem: corresponde a um ambiente de armazenagem, cujo espaço é preenchido por estruturas
metálicas em blocos, semelhantes a prateleiras que contém estantes, dispostas umas sobre as outras, porém separadas
por corredores estreitos de acesso aos materiais, equipamentos e pessoas.

Os sistemas para alta densidade são conhecidos como drive-in e drive-through, enquanto
a armazenagem dinâmica, além dela própria, gerou a variação push back. (VIANA, 2006, p. 334).

1.7.2. Estrutura porta-palete tipo drive-in

Proporciona solução otimizada para aproveitamento do espaço disponível. Trata-se de


porta-palete constituído por bloco contínuo, não separado por corredores intermediários, por meio
do qual as empilhadeiras movimentam-se dentro da própria estrutura, para depositar ou retirar
materiais. O drive-in é recomendado para grande quantidade e pequena variedade de materiais.
(VIANA, 2006, p. 335). As movimentações de entrada e saída são efetuadas em separado, com o
estoque manipulado de uma só vez em intervalos prolongados. (VIANA, 2006, p. 335).

25
Competência 01

Figura 06 – Estrutura porta-palete tipo drive-in.


Fonte: http://tedescoarmazenagem.com.br/sistemas-de-armazenagem/produto/drive-in-e-drive-through
Descrição: a imagem se refere a um ambiente de armazenagem, cujo espaço é dividido por estruturas metálicas
constituídas por um bloco contínuo, denominado drive-in. É possível verificar, na parte esquerda da imagem, paletes
enfileirados em número de três, um após o outro, bem como na parte superior, onde se encontram empilhados uns
sobre os outros, preenchendo, portanto, toda a posição e respeitando a altura entre um nível e outro.

Principais características.

● Excelente aproveitamento da área disponível, maximizando o volume


armazenado pela virtual ausência de corredores;
● Quando comparado com outros sistemas de alta densidade, o investimento é
relativamente baixo, proporcionando baixo custo por lugar-palete;
● Armazenamento, na metade da área, do mesmo número de paletes de um porta-
palete convencional;
● Não havendo superposição de cargas, eliminação do esmagamento acidental ou
mesmo da queda de pilhas.

26
Competência 01

1.7.3. Estrutura porta-palete tipo drive-through

As vantagens existentes no sistema drive-in, no qual a empilhadeira o adentra, são


contornadas pelo sistema drive-through, em que a empilhadeira o atravessa, o que, na prática, gera
a alimentação por um lado e a retirada pelo lado oposto. (VIANA, 2006, p. 336).

Figura 07 – Estrutura porta-palete tipo drive-through.


Fonte: disponível em: http://tedescoarmazenagem.com.br/sistemas-de-armazenagem/produto/drive-in-e-drive-
through
Descrição da imagem: se refere a um ambiente de armazenagem, cujo espaço é dividido por estruturas metálicas
constituídas por um bloco contínuo, denominado drive-through. É possível verificar que o acesso das empilhadeiras
pode ser feito por ambos os lados, diferenciando-se do modelo drive-in.

Principais características.

● Aproveitamento do espaço, em função de existir somente corredor frontal;


● Como o drive-through, é um porta-paletes utilizado basicamente quando a carga
não é variada e pode ser paletizada, além de não haver a necessidade de alta
seletividade ou velocidade;
● Melhor aproveitamento volumétrico de um armazém;
● Deve ser utilizado preferencialmente quando o sistema de inventário for do tipo
LIFO (last in, first out – último a entrar, primeiro a sair);

27
Competência 01

● Sua utilização torna-se necessária quando é preciso alta densidade de estocagem.

1.7.4. Estrutura porta-palete tipo push back

Funcionando como variante do modelo dinâmico, o push back trata-se de sistema por
impulsão, que melhora a rotatividade e aumenta a seletividade. Perfeito para até quatro paletes de
profundidade, utilizando-se apenas um corredor para colocação e retirada do palete. O palete
colocado no trilho é empurrado pelo palete seguinte e assim até o último palete. Na retirada deste
último palete todos os demais, por gravidade, descem uma posição. (VIANA, 2006, p. 338).

Figura 08 – Estrutura porta-palete tipo push back.


Fonte: disponível em: https://aguiasistemas.com/produtos/push-back/
Descrição da imagem: se refere a um ambiente de armazenagem, cuja estrutura metálica, presente no centro da
imagem, é constituída por um bloco contínuo, onde cada espaço, destinado à acomodação do palete, apresenta
considerável inclinação.

Principais características:

● Sistema utilizado para armazenagem de paletes semelhante ao drive-in, porém,


com inúmeras vantagens, principalmente relacionadas à operação, permitindo
uma seletividade maior em função de permitir o acesso a qualquer nível de
armazenagem;

28
Competência 01

● Neste sistema, a empilhadeira “empurra” cada palete sobre um trilho com vários
níveis, permitindo a armazenagem de até quatro paletes na profundidade.

1.7.5. Estrutura flow rack

O modelo flow rack foi concebido para materiais de pequeno volume e peso, cuja
armazenagem dispensa a utilização de palete. Trata-se de sistema que atende materiais de até no
máximo 80 kg/m, indicado para a utilização do FIFO (First in First out, também denominado por
sistema “PEPS”, referindo-se a “primeiro que entra, primeiro que sai”), por meio de trilhos apoiados
sobre longarinas que permitem ajustar a altura e regulagem para inclinação. (VIANA, 2006, p. 340).
Os materiais são carregados pelo lado mais alto e descarregados pela frente, permitindo
fácil acesso e rápida reposição.

Figura 09 – Estrutura flow rack.


Fonte: disponível em: https://aguiasistemas.com/produtos/flow-rack/
Descrição da imagem: se refere a uma estrutura metálica, que apresenta uma inclinação no vão das prateleiras através,
da qual as caixas deslizam sobre rodízios ou rolos de alumínio, da face de carregamento (lado esquerdo da imagem)
para a de retirada (lado direito da imagem).

Principais características:

29
Competência 01

● Sistema indicado para pequenos volumes e grande rotatividade, onde se faz


necessário o picking, facilitando a separação de materiais e permitindo
naturalmente o FIFO;
● O produto é colocado num plano inclinado com trilhos que possuem pequenos
rodízios deslizando, assim, por gravidade, até a outra extremidade, onde existe
um “stop” para sua contenção dele. É usada com movimentações manuais e
mantém, sempre, uma caixa à disposição do usuário, facilitando, assim, o picking.

1.7.6. Estrutura cantilever

Estrutura típica para armazenagem de peças de grande comprimento, barras, tubos e


perfis, constituída por uma série de cavaletes, formados por colunas perfuradas, nas quais se
encaixam os braços em balanço, cuja altura é regulável. Os cavaletes são interligados por intermédio
de distanciadores. Os materiais armazenados nessa estrutura são manuseados por empilhadeira
lateral. (VIANA, 2006, p. 342).

Figura 10 – Estrutura cantilever.


Fonte: http://tedescoarmazenagem.com.br/sistemas-de-armazenagem/produto/cantilever
Descrição: a imagem descreve uma estrutura metálica, na cor sólida amarela, formada por colunas e braços, que
permite armazenar produtos com dimensões, formas e volumes variados a exemplo da madeira que, no caso da
imagem, é o material acomodado nos braços da estrutura presente em um ambiente de armazenamento.

30
Competência 01

Principais características:

● Estrutura de alta resistência e durabilidade, o cantilever é ideal para acondicionar


cargas de grandes longitudes, pesos elevados e medidas variadas, como por
exemplo perfis metálicos, tubos, barras, placas de madeira e outros.
● Por ser uma estrutura de fácil instalação e acesso e pode comportar planos
metálicos nos braços de sua estrutura, ela passa a suportar armazenamento de
cargas paletizadas de variadas dimensões.

1.7.7. Armazenagem dinâmica

Sistema indicado para materiais a serem armazenados de conformidade com o princípio


FIFO, facilitando a memorização do conceito. Corredores de acesso somente serão necessários nas
duas fases da operação, para carga e descarga dos paletes. Pelo fato de vários túneis (pistas) serem
montados lado a lado, o espaço disponível para armazenagem é utilizado de forma otimizada.
O fluxo é automático, com os paletes movimentando-se sobre pistas de rolos ou de trilhos
de roletes, por ação da gravidade, sem necessidade de empilhadeiras e operadores, mantendo-se em
velocidade constante, pois são usados, em toda extensão das pistas, reguladores de velocidade.
(VIANA, 2006, p. 336).
No caso da estrutura com rodilhas, o sistema possui também, ao final do percurso, o
separador de paletes, que proporciona a retirada fácil, rápida e segura do primeiro palete da pista.

31
Competência 01

Figura 11 – Armazenagem dinâmica (push-back) com rodilhas.


Fonte: http://tedescoarmazenagem.com.br/sistemas-de-armazenagem/produto/sistema-dinamico-push-back
Descrição: a imagem se refere a uma estrutura metálica, que apresenta inclinação composta por rodízios ou rolos de
alumínio deslizantes. É possível ainda, verificar duas placas, de mesmo material, alumínio, que se destinam a separar
palete por palete, no momento em que eles estão sendo retirados da posição.

1.8. Inventário físico

As empresas diariamente precisam avaliar os valores dos seus estoques que são as
quantidades contábeis e comparar com as quantidades físicas. Os resultados são obtidos por meio do
inventário, procedimento responsável pela contagem dos itens em todos os depósitos e pontos de
uso e, posteriormente confrontados com o saldo contábil que consta no sistema da organização. Um
inventário pode ocorrer de maneira rotativa ou cíclica ou ainda pode ser realizado geral.
O inventário rotativo ou cíclico pode acontecer com a frequência desejada pela
organização, semanalmente, ou mensalmente, por exemplo. Nesse tipo de inventário, não é
necessário parar toda a operação da empresa para a realização da contagem. A contagem é restrita
a um grupo de itens escolhidos pela equipe responsável. O grupo de produtos A pode ter uma
frequência de contagem diferente do grupo de itens B, por exemplo. Já o inventário geral ocorre uma
vez ao ano na empresa, normalmente, nos últimos dias do ano contábil.
Para a realização dessa contagem é necessário que toda a operação da organização seja
interrompida. Todas as notas fiscais de entrada e saída de produtos precisam ser registradas antes
do início do inventário geral. Assim como, todos os produtos consumidos precisam ter sido

32
Competência 01

requisitados do estoque para diminuir a possibilidade de divergências entre os estoques físico e


contábil.
Depois que a operação está completamente parada e nenhuma movimentação de
materiais esteja ocorrendo é iniciada a primeira contagem. Em seguida, ocorre a segunda contagem
dos mesmos itens e se os resultados de ambas as contagens coincidirem, a operação é encerrada
para aquele item e o resultado é considerado o estoque real do produto.
Caso haja divergência entre as duas primeiras contagens, é realizada uma terceira para
checagem. O resultado da terceira contagem, nesse caso, é considerado o estoque real do item.
Recomenda-se que as contagens sejam realizadas por funcionários diferentes e que não mantenham
contato entre si durante as contagens para garantir a acurácia das informações.
Os resultados das contagens são consolidados e é realizada uma comparação do relatório
de contagem com o saldo contábil dos itens. As diferenças de quantidades devem ser analisadas, as
causas delas devem ser investigadas para evitar que outras ocorrências de perda ou sobra de estoque
aconteçam. Perdas e sobras de estoque demonstram descontrole da operação. As diferenças,
também denominadas divergências, devem ser ajustadas no estoque contábil para que ele
represente, fielmente, o saldo físico dos produtos nos armazéns.
Recordando um pouco do que você viu no subitem Nível de Serviço, o exemplo abaixo
reflete como o uso de indicadores pode contribuir para a construção de um histórico de resultados
de inventários e compará-los com resultados atuais. Desta forma, é possível identificar quais variáveis
podem estar atuando, de forma positiva ou não, no gerenciamento dos itens em estoque. Porém,
torna-se necessário comparar os resultados aos parâmetros adotados pelas nossas empresas.
Suponha, que dez itens em estoque foram contados em um inventário rotativo, realizado
semanalmente, em uma determinada empresa. Dos dez itens verificados, constatou-se que apenas
três deles não apresentaram divergência, ou seja, falta ou sobra. Percentualmente, qual seria o
resultado de acuracidade obtido através da aplicação da fórmula abaixo?

Acuracidade dos saldos dos estoques.

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜


𝑥 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠

33
Competência 01

𝟑 (𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜)


𝑥 100 = 30%
𝟏𝟎 (𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠)

Desta forma, o resultado da acuracidade dos saldos dos estoques, referente aos dez itens,
corresponde à 30%. Você consideraria este resultado como bom ou ruim? Na verdade, sua reposta
deverá ser “depende!” Por quê? Como foi visto anteriormente, nos parâmetros adotados como
referência, em algumas empresas brasileiras, este resultado pode ser considerado baixo, tendo em
vista que a principal referência para o indicador utilizado, voltado à acuracidade dos saldos dos
estoques é de 95% para a grande maioria das empresas brasileiras.
Ou seja, quanto mais o resultado se aproximar de 100%, mais satisfatório será para a
empresa pois, significa que os estoques físicos estão conferindo com os estoques contidos na
movimentação de entrada e saída contabilizadas no sistema.

34
Competência 02

2.Competência 02 | Compreender a Classificação de Estoques por Níveis


de Valor
Com a regularização dos materiais, inicia-se o processo de gestão dos itens em estoques,
permitindo, por sua vez, facilitar o atendimento dos pedidos e o direcionamento deles para
distribuição. Você deve se lembrar, que na primeira competência foram vistas questões estratégicas,
acerca da armazenagem de materiais e de como a operacionalização dessa atividade depende do
planejamento e das estruturas que a compõem: recebimento – estocagem – distribuição.
Pois bem! Nesta competência, será tratada classificação, cadastramento e codificação dos
materiais. Esta classificação inicial, a qual será vista, ainda no será a classificação referente ao valor
monetário do material, mas a que se destina todo o processo de ordenamento relativo aos itens
identificados. Contudo, torna-se relevante que você conheça as formas mais praticadas de se
cadastrar, classificar e codificar os itens do estoque.
Em seguida serão apresentados aqui, três métodos de avaliação dos estoques: PEPS –
“Primeiro que entra, primeiro que sai” e UEPS – “Último que entra, primeiro que sai.” O terceiro é o
custo médio, também muito utilizado pelas empresas no Brasil e aceito pelo fisco.
Após esse tema inicial, você irá se deparar com um conceito básico de gestão de estoques:
a classificação ABC.

Todas estas informações estão no podcast da competência dois. Mas, não se


esqueça de retomar os seus estudos através do seu e-book.

2.1. Classificação de materiais

A administração de materiais envolve atividades consideradas executivas, tais como:


compras, guarda e conservação de materiais, bem como a sua expedição, recepção e conferência.
Para que as atividades acima sejam executadas é preciso que se tenha uma base sólida de
informações prontas para serem utilizadas. Ora, se você deseja administrar os materiais é
imprescindível que tenha conhecimento das suas características e que eles estejam devidamente

35
Competência 02

classificados para a sua pronta organização. A primeira etapa para esta organização é a classificação
de materiais.
De acordo com a classificação, os materiais de estoque têm consumo frequente, e, para
tanto, serão determinados critérios de ressuprimento, em conformidade com a previsão de seu
consumo. E os que não são de estoque correspondem aos materiais não destinados à estocagem e
que não são críticos à operação da organização. Sua utilização é ocasional e imediata. Por isso, seu
ressuprimento não é feito automaticamente. No item seguinte é possível verificar os materiais de
estoque.

2.2. Cadastramento de materiais

Esta atividade é muito importante em todos os setores da economia – comércio, serviços


ou indústria. Primeiro, pois através dela é possível identificar os materiais direcionando-os para
armazenagem em um local apropriado e tendo maior garantia de encontrá-lo quando precisar.
Segundo, porque com o crescimento da movimentação de um número cada vez maior de materiais e
de características diversas, organizá-los torna-se cada vez mais necessário para evitar perdas de
estoques e consequentemente, de valor monetário para a empresa. A saber:

a) A especificação geral do item com uma descrição padronizada, depois deve vir;
b) A classificação do item. Nesta etapa da definição do cadastro, deve-se já ter
previamente, criado os grupos e subgrupos dos itens; e
c) Por último, cria-se o código do item, que será o número pelo qual o produto será
identificado no sistema de gerenciamento de informações da empresa.

Para que haja uma padronização na descrição dos materiais cadastrados é preciso que a
denominação deles seja feita sempre no singular, deve se referir ao material e não à sua forma de
embalagem e as abreviaturas, quando utilizadas, devem ser padronizadas.

Exemplo:
Mesa de vidro – forma incorreta, pois o formato do material veio na frente.
Vidro Mesa – forma correta.

36
Competência 02

Trigueiro (2007, p. 24) afirma que as características do material na sua descrição devem
seguir a seguinte ordem:

a) Primeiro, deve-se ter a denominação do item com uma caracterização resumida


dele;
b) Depois é escrita a sua especificação, como uma referência básica;
c) Posteriormente, são incluídas as informações referentes à forma do material;
d) Às suas dimensões e,
e) Outras informações consideradas necessárias.

Exemplo:
Denominação principal – Lâmpada;
Referência básica – Incandescente;
Forma do material – Tubular.
Dimensões – 30 cm;
Outras especificações – 40 W.

2.3. Codificação de materiais

Os sistemas de codificação de materiais mais conhecidos são a codificação alfabética, a


codificação numérica, a alfanumérica e a decimal simplificada ou universal.
A codificação alfabética é de mais rara utilização porque restringe a quantidade de
códigos que podem ser criados. Em empresas com grande quantidade de itens no seu portfólio, o
cadastramento fica comprometido. Exemplo:

LM – Lápis de madeira
LM/A – Lápis de madeira azul
LM/V - Lápis de madeira verde

A codificação numérica utiliza apenas números para a identificação do material. Exemplo:

37
Competência 02

Item
100 = Lápis de madeira preto
101 = Lápis de madeira azul

O sistema alfanumérico agrupa letras e números. É bastante utilizado na codificação de


placas de veículos. Normalmente, as letras iniciam os códigos indicando algum grupo de materiais e
os números completam a codificação. Exemplo:

LM1 – Lápis de madeira branco


LM2 – Lápis de madeira preto

O último sistema citado é o de codificação decimal simplificada. É composto pela


identificação dos grupos, subgrupos e descrição, como mostra o quadro abaixo. Será usado como
exemplo uma loja de venda de artesanato.

1ª chave 2ª chave 3ª chave


00 – Argila 000 – Argila seca
002 – Argila úmida
01 – Matéria-prima
02 – Metal 000 - Bronze
002 - Zinco

A primeira chave, se refere à construção dos dois primeiros dígitos e está relacionada ao
grupo de materiais, matéria-prima. A segunda chave identifica os itens contidos no subgrupo, argila
ou metal. Por fim, a terceira chave identifica e descreve o produto, argila seca, argila úmida etc.
Sendo assim, o artesão que precisar da matéria-prima argila seca para criar sua escultura
deverá solicitar o produto argila seca de código 01.00.000 ao almoxarifado, bem como se quiser
utilizar o bronze, deverá requisitar o item 01.02.000.

38
Competência 02

Como funciona o código de barras. Acesse o link abaixo e entenda como é


realizada a leitura de códigos de barras.
https://www.youtube.com/watch?v=R4Ow8aAOhXQ

2.4. Classificação ABC

A classificação ABC, ou curva ABC, é uma classificação realizada com base no valor de
consumo médio dos itens do estoque. A curva ABC tem a sua principal lógica baseada em resultados
de estudos sobre a renda e a riqueza realizados por Vilfredo Pareto, no século XIX. Alicerçado nos
seus estudos, Pareto afirmou que 20% da população detinha 80% da riqueza. Essa regra se tornou
conhecida como a regra de Pareto e costuma ser aplicada a diversos outros contextos.
Como exemplo, temos o processo de gestão de estoques. Afirma-se que poucos itens,
normalmente, representam a maior parte do valor daquilo que é estocado ou consumido nas
organizações. Isso implica dizer também que muitos itens do portfólio costumam representar um
baixo valor de consumo.
A regra de Pareto é amplamente utilizada para classificar os itens movimentados pelas
companhias. Sendo assim, a premissa que orienta a ação de classificar os itens pelo método da
classificação ABC orienta que, aproximadamente 20% dos itens do estoque representam cerca de
80% do valor consumido. Esses itens são classificados como curva A.
Os itens de curva B correspondem, em média, à 30% dos itens e, por sua vez, costumam
representar entre 15% do valor dos estoques. E por último, os itens de curva C representam,
aproximadamente 50% em itens e apenas 5% em valor consumido. Esses percentuais são orientações
e não se deve afirmar que eles não podem variar, aliás, eles se alteram de organização para
organização!
A curva ABC nada mais é do que um gráfico que representa quantos itens há em cada
curva (A, B ou C) e quanto eles representam em valor para os estoques, sobretudo valores destinados
aos investimentos em controle, determinando os pontos básicos merecedores de atenção especial
dos estoques.

39
Competência 02

Para montar a curva ABC é necessário ter algumas informações: quantidade de itens,
código ou nome do material, preço ou custo unitário da peça e consumo médio mensal. Vamos
atribuir como referência, as orientações de Castiglioni (2009, p. 39), conforme exemplo adaptado em
três etapas.
Imagine que em estoque você possui dez itens, conforme consta no quadro abaixo. A
partir dele, você terá subsídios que irão compor todas as informações necessárias para realização da
primeira etapa da construção da curva ABC.

Item Código do material Preço unitário Consumo médio


R$ mensal
1 X1 4,00 230
2 X2 3,00 150
3 X3 3,00 520
4 X4 5,00 45
5 X5 10,00 30
6 X6 15,00 190
7 X7 8,00 210
8 X8 6,00 1500
9 X9 20,00 2000
10 X10 2,00 140
Primeira etapa

● Relacionam-se todos os itens que foram consumidos em determinado período (1).


No caso de nosso exemplo será mensal.
● Para cada item registram-se o preço unitário (2) e o consumo (3) no período
considerado (se a análise fosse sobre vendas ou transporte, em vez de consumo,
seria usada a quantidade vendida ou transportada).
● Para cada item calcula-se o valor do consumo (4), que é igual ao preço unitário x
consumo.

40
Competência 02

● Registra-se a classificação (5) do valor do consumo (1 para o maior valor, 2 para o


segundo maior valor e assim por diante).

Código do Preço Consumo médio Valor do Classificação


material unitário R$ mensal consume R$ (5)
(1) (2) (3) (4)
X1 4,00 230 920,00 6
X2 3,00 150 450,00 7
X3 3,00 520 1.560,00 5
X4 5,00 45 225,00 10
X5 10,00 30 300,00 8
X6 15,00 190 2.850,00 3
X7 8,00 210 1.680,00 4
X8 6,00 1500 9.000,00 2
X9 20,00 2000 40.000,00 1
X10 2,00 140 280,00 9

Segunda etapa.

● Ordenam-se os itens de acordo com a classificação (5).


● Para cada item, lança-se o valor de consumo acumulado (6), que é igual ao seu
valor de consumo (4), somado ao valor de consumo acumulado (6) da linha
anterior.
● Para cada item calcula-se o percentual sobre o valor total acumulado (7), que é
igual ao seu valor de consumo acumulado (6) dividido pelo valor de consumo
acumulado do último item.
● Na última coluna (8), torna-se possível a visualização dos itens e suas respectivas
curvaturas.

41
Competência 02

Código Valor do Valor do consumo % Sobre o Classificaçã Curvas


do consumo R$ acumulado R$ valor total o ordenada (8)
material (4) (6) acumulado (7) (5)
(1)
X9 40.000,00 40.000,00 69,85 % 1 A
X8 9.000,00 49.000,00 85,57 % 2 A
X6 2.850,00 51.850,00 90,54 % 3 B
X7 1.680,00 53.530,00 93,48 % 4 B
X3 1.560,00 55.090,00 96,20 % 5 B
X1 920,00 56.010,00 97,81 % 6 C
X2 450,00 56.460,00 98,59 % 7 C
X5 300,00 56.760,00 99,12 % 8 C
X10 280,00 57.040,00 99,61 % 9 C
X4 225,00 57.265,00 100 % 10 C

Pronto! A curva ABC dos materiais de estoque já está concluída. Perceba, como fica o
gráfico da curvatura dos itens e a progressão do consumo, de acordo com os valores encontrados
através dos resultados dos cálculos presentes no quadro acima.

Figura 12 – Diagrama de Pareto.


Descrição da imagem: gráfico que descreve os valores em ordem de consumo e seus respectivos códigos de materiais
representados por colunas da cor azul, no eixo horizontal. No eixo vertical, encontram-se os valores de investimentos
de controle dos estoques. Para cada grupo de consumo, foi posta uma identificação do grupo a que pertence, seja de
Curva A; B ou C.

42
Competência 02

E agora, qual a próxima ação? Você chegou no momento de classificar os itens, conforme
o critério definido pela organização, conforme consta em nosso exemplo. Lembra-se de quais foram
os critérios?

Para o referido exemplo, são eles:


• A=20% dos itens: X9 e X8.
• B=30% dos itens: X6, X7 e X3.
• C=50% dos itens: X1, X2, X5, X10 e X14.

Se faz necessário também, detalhar duas particularidades que definirão os resultados do


valor do grupo e do percentual de investimentos em controle, conforme pode ser visto no quadro a
seguir. Note, que tanto para o valor do grupo de A, quanto para o percentual de investimentos em
controle foram repetidos os valores: o maior valor do grupo de A (49.000,00), bem como o maior
valor do percentual (85,57%). No entanto, para B e C, você deve subtrair os seus maiores valores do
grupo, bem como do percentual de investimentos em controle.
Veja como fica:

% de investimentos em
Valor do grupo Itens %
Classe controle
A 49.000,00 85,57% 2 20%
B 6.090,00 10,63% 3 30%
C 2.175,00 3,80% 5 50%
Totais 57.265,00 100% 10 100%

No caso de B, com resultado correspondente ao valor do grupo 6.090,00, decorre da


operação 55.090,00 - 49.000,00 = 6.090,00. Para o percentual de investimento em controle, procede-
se da mesma forma: 96,20% - 85,57% = 10,63%. Para C, devemos seguir o mesmo raciocínio de B,
onde 2.175,00 corresponde ao resultado: 57.265,00 - 55.090,00 = 2.175,00. Em relação ao percentual,
3,80% são resultado de 100% - 96,20%.
Viu como é simples o raciocínio de calcular a curva ABC? Desta forma, você já pode
construir o gráfico que representa os investimentos em controle de cada curva.

43
Competência 02

Figura 13 – Representação gráfica, curva ABC.


Fonte: adaptado. (CASTIGLIONI, 2009, p. 43).
Descrição da imagem: No eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, estão os valores percentuais correspondentes ao
número de itens consumidos em estoques, de acordo com suas rotatividades: A=20% dos itens; B=30% dos itens; C=50%
dos itens. No eixo das ordenadas (vertical), encontram-se os valores, também em percentuais, porém referentes aos
investimentos operacionais, onde: A=85,57% dos investimentos em controle; B=10,63% dos investimentos em controle;
C=3,80% dos investimentos em controle. A curva presente no gráfico, de característica ascendente, toca justamente os
pontos que delimitam os intervalos das curvas A, B e C e se apresenta continua para direita, conforme aumentam as
quantidades percentuais dos itens em estoque.

Em relação ao gráfico acima, que representa os investimentos em controle de cada


curvatura A, B ou C, você pode se questionar: “porque os maiores valores de investimentos
operacionais estão próximos de zero, no eixo “y”?” Vamos lá! À proporção que os itens migram para
curvaturas B e C (eixo “x”), os valores de investimentos operacionais tornam-se menores.” Esta é uma
relação inversamente proporcional, fazendo com que os valores no eixo “y” incorram do maior para
o menor.
No próximo tópico você terá a oportunidade de aprender a avaliar os estoques através
dos seus valores contábeis.

2.5. Métodos de avaliação dos estoques

Manter estoques implica em geração de custos para a empresa: custos para movimentar
os estoques, custos para armazená-los, custo pela obsolescência e diversos outros. Por questões
práticas e para reduzir a complexidade da avaliação desses custos, alguns métodos são adotados. Os
métodos a serem apresentados aqui, utilizam ou o preço de mercado do item, que é o preço da
matéria-prima adquirida, ou o preço de custo, que é aquele referente à fabricação do produto.

44
Competência 02

Acompanhe o primeiro método.

2.5.1. Custo médio

Esse método consiste em calcular o custo do estoque tomando por base a fixação do
“preço médio entre todas as entradas e saídas” (POZO, 2010, p. 78). Dessa forma, esse método
consegue eliminar ou pelo menos reduzir as flutuações de preços.

A fórmula que resume o cálculo do custo médio é (DIAS, 2010, p. 132):


∑(𝑌)
𝑋=
𝑁
Onde:

𝑋 = média aritmética (custo médio)


∑ = somatório em reais do valor do estoque
𝑌 = entrada dos materiais

N = quantidade de material

Acompanhe o exemplo abaixo.

DIA NF ENTRADAS SAÍDAS SALDOS


QUANT. PREÇO TOTAL QUANT. PREÇO TOTAL QUANT. TOTAL MÉDIO
UNIT. (R$) UNIT. (R$) (R$) (R$)
(R$) (R$)
1 1 500 15 7.500,00 500 7.500,00 15
2 2 200 20 4.000,00 700 11.500,00 16,43
6 150 16,43 2.464,5 550 9.035,50 16,43

Quadro 4 – Tabela de simulação do método custo médio


Fonte: adaptado de DIAS (2010, p. 132)

45
Competência 02

De acordo com o quadro, observe que nos dias 1 e 2 houve duas entradas, cada uma delas
com suas respectivas notas fiscais de compra. A primeira entrada, corresponde à 500 unidades, de
um material qualquer, custando R$ 15,00 a unidade, cujo valor total obtido foi de R$ 7.500,00. A
segunda entrada, se refere à 200 unidades. Cada unidade por R$ 20,00 e o valor total referente à R$
4.000,00.
E agora, como obter o valor médio desses materiais através da metodologia do custo
médio? Simples! Basta substituir as variáveis da fórmula pelos valores do quadro. Perceba que você
deve somar os valores em reais das entradas dos materiais “y” (R$ 7.500,00 + R$ 4.000,00 = R$
11.500,00) e somar a quantidade de materiais “n” (500 unidades + 200 unidades = 700 unidades).
Depois, o valor em reais total deve ser dividido pela quantidade de materiais no estoque
para que se encontre o custo médio (R$ 11.500,00 ÷ 700 = R$ 16, 43). Tendo o custo médio em mãos,
as saídas seguintes (para este exemplo foi registrada apenas uma saída de 150 unidades, no dia 6),
devem ser lançadas com esse preço, conforme demonstrado na coluna “saídas”.
Este é um método bastante simples de ser calculado por representar um valor a ser
contabilizado pela média dos gastos com a aquisição de cada produto.

2.5.2. PEPS

Contabilmente, esse método se refere à valorização dos estoques. É muito conhecido


também como FIFO – First in, First out, que, traduzido para português, é chamado de PEPS – “Primeiro
que entra, primeiro que sai.” A avaliação contábil dos estoques, nesse caso, ocorre conforme são
feitas as entradas e saídas dos produtos em ordem cronológica, ou seja, a partir do lote de produto
mais antigo, em seguida o lote mais novo. A ideia aqui é que o custo do estoque será sempre
aproximado do preço do mercado, uma vez que os itens mais antigos são requisitados do estoque
prioritariamente.
Cabe destacar ainda, que o método PEPS controla a vida útil do produto ou material, sem
deixar o prazo de validade para trás. No dia a dia em um processo de controle de materiais em
estoques, o primeiro produto ou material a ser estocado deverá ser despachado primeiro. Uma
observação importante para esse método é que, se a saída que ocorrer exigir retirada do estoque de

46
Competência 02

material em quantidade maior que uma única entrada, as saídas terão que ter o preço das entradas
que as atenderem onde, os materiais mais antigos devem ter prioridade de saída e distribuição.

Vamos ao exemplo e você entenderá melhor!

DIA NF ENTRADAS SAÍDAS SALDOS


QUANT. PREÇO TOTAL QUANT. PREÇO TOTAL QUANT. TOTAL
UNIT. UNIT.
10 1 100 15 1.500,00 100 1.500,00
12 2 150 20 3.000,00 250 4.500,00
25 100 15 1.500 150 3.000,00
50 20 1.000 100 2.000,00

Quadro 5 – Tabela de simulação do método UEPS


Fonte: adaptado de DIAS (2010, p. 133)

Observe as entradas dos dias 10 e 12. Foram registradas compras com lançamentos de
100 unidades para o dia 10 e mais 150 unidades para o dia 12. Respectivamente, valores unitários
correspondem à R$ 15,00 e R$ 20,00 e valores totais de R$ 1.500,00 e R$ 3.000,00. De acordo com as
saídas, dia 25, 150 unidades foram solicitadas, contudo, além das 100 unidades registradas no dia 10,
foram acrescidas outras 50 unidades retiradas do lote mais novo, adquirido no dia 12, totalizando,
por sua vez as 150 unidades solicitadas.
Sendo assim, o valor total de saída correspondeu à R$ 2.500,00 (R$ 1.500,00 + R$
1.000,00), restando, portanto, 100 unidades de saldo em estoque com valor de R$ 2.000,00.
Está conseguindo acompanhar os conceitos de avaliação de estoques até agora? Os dois
conceitos citados até o momento, Custo Médio e PEPS, são os mais utilizados pelas empresas
brasileiras.

2.5.3. UEPS

47
Competência 02

Sua sigla LIFO (last in, first out), acompanha o dia a dia da avaliação dos estoques, a partir
do uso da expressão UEPS, “último a entrar, primeiro a sair.” Em relação a este método, o último
item produzido ou comprado a entrar no estoque é o primeiro a sair. A ideia é executar o cálculo da
forma oposta ao que ocorre no PEPS onde, o lote mais antigo é o primeiro a sair. No entanto, o
método UEPS causa uma supervalorização do preço do produto e por esta razão, a legislação fiscal
brasileira não permite que o sistema seja utilizado pelas empresas.
Acompanhe a aplicação método UEPS através do exemplo abaixo e note sua diferença em
relação às outras metodologias.

DIA NF ENTRADAS SAÍDAS SALDOS


QUANT. PREÇO TOTAL QUANT. PREÇO TOTAL QUANT. TOTAL
UNIT. UNIT.
25 1 150 15 2.250,00 150 2.250,00
26 2 100 20 2.000,00 250 4.250,00
28 100 20 2.000 150 2.250,00
50 15 750 100 1.500,00

Quadro 6 – Tabela de simulação do método UEPS


Fonte: adaptado de DIAS (2010, p. 134)

Conforme você pode observar, para os dias 25 e 26 foram registrados dois lançamentos
de entradas de materiais obtendo 250 unidades. O primeiro lançamento, registrou a entrada de 150
unidades, a R$ 15,00 cada e o segundo 100 unidades a um preço de R$ 20,00 para cada item. As
quantidades somadas para os dois lançamentos corresponderam em valor R$ 4.250,00 (R$ 2.250,00
+ R$ 2.000,00). Perceba, que em relação à saída, o dia 28 contabilizou dois lançamentos, que somados
totalizaram 150 unidades, onde: 100 unidades do lote mais novo, com entrada registrada no dia 26 e
50 unidades do lote mais antigo, com registro de entrada no dia 25.
Desta forma, é possível constatar que a prioridade de saída se deu para todas as unidades
do lote mais novo, ou seja, as 100 unidades contabilizadas no dia 26 foram alocadas ao pedido e as
50 unidades restantes foram incorporadas, a partir da retirada do lote antigo, aquele registrado no
dia 25.

48
Competência 02

Percebeu como é importante a contabilização dos materiais em estoques para as


empresas? Siga para a próxima competência, pois será, a partir dela que você entenderá melhor como
as flutuações de mercado interferem na formulação dos estoques.

Assista a videoaula da Competência 2.

49
Competência 03

3.Competência 03 | Entender o Dimensionamento e Níveis de Estoque


O estoque é necessário para amortecer, ou melhor, equilibrar as variações entre oferta e
demanda e se não forem mantidos, é possível que a organização não consiga atender os pedidos dos
clientes no momento e na quantidade que desejar. Da mesma forma, se os estoques estiverem muito
altos isso pode comprometer a saúde financeira da empresa, pois implicará no uso de mais
equipamentos, no consumo de energia elétrica e utilização de mais mão de obra.

Acesse o podcast da competência dois e confira os detalhes destas e outras


informações. Mas não se esqueça de acessar seu e-book e continuar estudando.

3.1. Conflitos na manutenção e controle dos estoques

Para o setor de produção em algumas organizações, manter estoques pode ser a solução
para evitar as falhas no processo, sobretudo rupturas. Por sua vez, a área financeira reduzir os
investimentos em estoque passa a ser uma meta constante. Isso demonstra que pode haver conflitos,
seja entre departamentos ou em relação ao dimensionamento dos estoques (DIAS, 2010, p. 54).

Entenda ruptura dos estoques, como sendo a interrupção total de fornecimento


de materiais de estoques na empresa. Ocasionando, em muitos casos,
suspensão de atividades por falta de matéria-prima e/ou insumos por exemplo.

Outro exemplo interessante se dá no departamento de compras, onde parece ser


interessante efetuar aquisições em maior quantidade afim de se obter desconto do fornecedor. No
entanto, para o setor financeiro, o alto nível dos estoques eleva os custos de armazenagem e aumenta
o risco dos produtos se tornarem obsoletos.
Enfim, diante desses dilemas, a responsabilidade sobre as decisões acerca do processo de
gestão de estoques deve ser clara. Muitas vezes, apenas o objetivo de alguns departamentos é
“ouvido” nas reuniões entre os pares.

50
Competência 03

Dias (2010, p. 17-18) afirma que a política de estoques precisa ser bem definida e envolve
algumas premissas que precisam estar claras para o departamento de materiais, ou para a área
responsável pela gestão dos estoques. E acrescenta:

a) Metas quanto ao tempo de entrega dos produtos ao cliente;


b) Definição do número de depósitos e/ou de almoxarifados e da lista de materiais a
serem estocados neles;
c) Até que níveis deverão flutuar os estoques para atender a uma alta ou baixa das
vendas ou a uma alteração de consumo;
d) Até que ponto será permitido a especulação com estoques, fazendo compra
antecipada, com preços mais baixos ou comprando uma quantidade maior para
obter desconto;
e) Definição da rotatividade dos estoques.

Com essas premissas claras, o departamento de materiais, planejamento ou mesmo


produção ou quem quer que seja o responsável por gerir os estoques está apto a dimensioná-lo,
conforme a política definida. A definição dessa política depende da relação entre quatro fatores:
“capital investido, disponibilidade de estoques, custos incorridos e consumo ou demanda.”
(DIAS, 2010, p. 19).
Para definir as regras do controle de estoques na empresa será preciso determinar os
objetivos dessa atividade, tais como: definir o número de itens a estocar, a periodicidade de reposição
e a quantidade a ser armazenada.
Outro objetivo é a solicitação de compras. A área de compras precisará ser acionada
sempre que for solicitada. Também será necessário informar o saldo de estoques aos clientes internos
da organização. Uma das formas de se manter essas informações atualizadas é por meio da realização
de inventários. Ademais, é preciso que os estoques sejam mantidos saudáveis, o que significa que
itens obsoletos, avariados ou sem possibilidade de venda ou consumo sejam retirados do estoque.

51
Competência 03

3.2. Previsão para os estoques

A gestão de estoques depende das previsões de venda ou consumo para iniciar um


processo de manufatura, por exemplo. As previsões são compostas por informações, acerca do que
será vendido ou de quais itens e qual a quantidade de materiais e insumos será consumida. Com
base nessas informações recebidas a área de gestão de estoques é capaz de tomar decisões
referentes à quais produtos produzir, armazenar ou eliminar.

As previsões de vendas costumam ser classificadas em:

• Quantitativas: baseadas em históricos de vendas e/ou variáveis que estejam ligadas direta ou
indiretamente às vendas (inflação, níveis de desemprego ou ainda o crescimento do mercado
dos produtos oferecidos pela organização); ou
• Qualitativas: baseiam-se em opiniões de pessoas envolvidas na operação como vendedores,
gerentes ou mesmo os próprios compradores. Pesquisas de mercado e até mesmo com a alta
administração da empresa também pode ser utilizada para alimentar esse tipo de previsão.

As vendas podem evoluir de diversas formas. Dizemos, portanto, que quando existe uma
evolução horizontal do consumo, esta é constante. Você pode notar no gráfico que, por mais que haja
variação no consumo, os valores não se distanciam muito da média (representada pela linha
horizontal, denominada consumo médio.

Figura 14 – Modelo de evolução horizontal de consumo


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 26)

52
Competência 03

Descrição da imagem: no eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, está o tempo (período de 1 a 12) e no das
ordenadas (vertical) está o consumo em unidades. Paralelo ao eixo das abscissas há uma linha representando o valor do
consumo médio igual a 50. Uma outra linha marca no gráfico o consumo que varia aproximadamente entre o valor de
30 unidades e 75 unidades. Essa linha sobe e desce em relação à média, mas não se afasta muito dela.

Por sua vez, a evolução de consumo também pode estar sujeita à diversas tendências.
Itens com crescimento de vendas contínuo se encaixam nesse perfil de evolução de consumo.
Observe, na figura abaixo, que a reta do consumo médio assume agora, uma postura crescente e com
ela, o consumo efetivo acompanhando tal tendência.

Figura 15 – Modelo de evolução de consumo sujeito à tendência


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 26)
Descrição da imagem: no eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, está o tempo (período de 1 a 12) e no das
ordenadas (vertical) está o consumo em unidades. Iniciando aproximadamente no ponto 30 do eixo das ordenadas indo
no sentido ascendente há uma linha pontilhada que indica crescimento de consumo no tempo. Essa linha chega
aproximadamente à altura da quantidade de consumo igual a 60 unidades. Uma outra linha, só que pontilhada, marca o
consumo no gráfico. Essa linha acompanha a linha diagonal que indica a tendência, porém com variações de consumo
entre 30 e 100, sempre ascendente.

A sazonalidade se apresenta nos itens com evolução esporádica de consumo. Ovos de


Páscoa são um bom exemplo para explicar esse tipo de consumo. Há um momento específico no ano
em que as vendas desse tipo de produto crescem consideravelmente.
No gráfico abaixo, é possível identificar o consumo maior de determinado produto em
determinado período, entretanto, períodos de menor consumo também são evidenciados, só
retomando as vendas em um novo ciclo de demanda, cujo período torna-se específico ao seu
consumo.

53
Competência 03

Aumento de
consumo.

Diminuição
de consumo.

Figura 16 – Modelo de evolução sazonal de consumo


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 27)
Descrição da imagem: no eixo das abscissas (horizontal) do gráfico, está o tempo (período de 1 a 12) e no das
ordenadas (vertical) está o consumo em unidades. Iniciando aproximadamente no ponto 50 do eixo das ordenadas indo
no sentido paralelo ao eixo das abscissas há uma linha horizontal que indica o consumo médio de 50 unidades. Paralelas
a essa linha do consumo médio há duas linhas pontilhadas, uma acima e outra abaixo dela. Essas linhas pontilhadas
indicam um intervalo de variação de 25% para mais ou 25% para menos do consumo médio. Há ainda uma linha que
indica o consumo e parte aproximadamente do ponto 70 e segue subindo e descendo em torno da linha do consumo
médio indicando variação de consumo. Ao chegar ao ponto 5 do eixo das abscissas (tempo) a linha atinge um dos
pontos máximos, assim como também nos pontos 7, 8 e 9 indicando aumento de consumo. Esses pontos ficam acima
dos 25% a mais do consumo médio indicando um consumo sazonal.

Nos próximos tópicos você aprenderá duas técnicas usuais de previsão de consumo.

3.2.1. Método do último período

Se refere à uma forma de calcular uma previsão de consumo baseada em utilizar a venda
ou consumo real ocorrido no período anterior como quantidade estimada para o período seguinte.
Por exemplo, digamos que uma empresa vendeu no mês anterior (fevereiro) 100 unidades do item
X. A previsão da venda para o mês seguinte (março) será de exatamente 100 unidades. Agora,
digamos que ao fim do mês de março percebeu-se que as vendas reais aumentaram, foram de 120
unidades.
Ao se fazer a previsão do mês de abril, utiliza-se as vendas ou consumo reais de março
como previsão. Logo, a previsão de vendas ou consumo em abril será de 120 unidades. Agora, analise
o exemplo abaixo e veja como a tabela pode ser preenchida com o consumo previsto e real de cada
período. Lembre-se: a previsão do período seguinte é o valor real de venda ou consumo ocorrido no
período anterior.

54
Competência 03

Período Consumo previsto Consumo real


1 100,0 120,0
2 120,0 132,0
3 132,0 145,2
4 145,2 159,7
5 159,7 175,7
6 175,7 193,3
7 193,3 212,6
8 212,6 233,8
9 233,8 257,2
10 257,2 283,0

Observe que consta o consumo previsto no período 3. Depois, considere que o consumo
real no período 3 foi 10% maior do que o previsto. Qual foi o consumo real do período 3?
Basta observar a coluna de consumo real referente ao período, para constatar o resultado
com o valor real de 10%. Feito isso, segue para o período 4 e assim por diante. Repetindo essas
operações é possível chegar até o período 10.

3.2.2. Método da média móvel

A média móvel é feita calculando-se a média do histórico dos valores consumidos nos “n”
períodos anteriores. Toda vez que se avança um período, o primeiro período deve ser excluído do
cálculo. A fórmula que resume esse cálculo está abaixo (DIAS, 2010, p. 29):

𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3 + ⋯ + 𝐶𝑛
𝐶𝑀 =
𝑛

Uma das desvantagens desse método é que se houver algum valor extremo (muito alto
ou muito baixo) dentre as informações que formarão o histórico para a média (se algum C for uma

55
Competência 03

altíssima ou baixíssima quantidade) o resultado será fortemente afetado. Por outro lado, esse
método apresenta a vantagem de ser simples e permitir a sua realização manualmente, sem a
dependência de sistemas de computação. (DIAS, 2010, p. 30).

Observe o exemplo:
O consumo total do mês de dezembro é representado por C3, do mês de novembro por
C2 e do mês de outubro por C1. Para calcular a previsão do mês de janeiro é necessário calcular a
média dos três meses anteriores. Neste caso, “n” igual a 3, corresponde aos três meses.

Consumo outubro = C1 = 9
Consumo novembro = C2 = 4
Consumo dezembro = C3 = 5
n=3

𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 =
𝑛

9+4+5
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = =6
3

Considerando que agora você está em fevereiro e já sabe o valor real consumido em
janeiro (6 peças), como calcular a previsão de fevereiro? Ora, se na média móvel você precisa excluir
a primeira quantidade para incluir o último valor mais recente, então:

Consumo novembro = C1 = 4
Consumo dezembro = C2 = 5
Consumo janeiro = C3 = 6
n=3

56
Competência 03

Observação: outubro foi excluído da conta, porque necessita-se fazer o cálculo da média
móvel, no qual, o primeiro dado da série é excluído e o dado mais recente é incluído (o dado incluído
foi o consumo real de janeiro).

𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 =
𝑛

4+5+6
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = =5
3

Considere que o consumo real em fevereiro foi de 4 peças, calcule a previsão do mês de
março.

Consumo dezembro = C1 = 5
Consumo janeiro = C2 = 6
Consumo fevereiro = C3 = 4
n=3

5+6+4
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = =5
3

Sendo assim, tem-se, conforme aplicação da fórmula acima, o seguinte valor para o mês
de março:

CONSUMO REAL PREVISÃO


Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março
9 4 5 6 4 5

Por que se torna tão relevante compreender bem os cálculos de consumo? Porque é
através deles que você terá a dimensão real do que será armazenado, pela ocupação dos espaços que
serão preenchidos nas estruturas e o tempo de permanência dos materiais, o que demanda um custo
no processo de armazenagem física.

57
Competência 03

3.3. Custos de Armazenagem

Os custos de armazenagem são calculados com base nas quantidades de estoques que
são armazenados, bem como também considera vários outros custos envolvidos nesse processo, tais
quais as taxas de seguro, de movimentação, de manuseio e distribuição, taxas de obsolescência, taxa
de retorno de capital e outras taxas, como água e luz.
O custo de armazenagem é um indicador de desempenho importante pois na medida em
que se aumentam os estoques esse custo também se eleva. Tais custos, podem ser calculados por
peça ou de uma forma geral. Observe como calcular o custo de armazenagem por peça no próximo
tópico.

3.3.1. Custo de armazenagem por peça

Para calcular o custo de armazenagem por peça deve-se usar a seguinte fórmula (DIAS,
2010, p. 38; POZO, 2010, p. 63):

𝑄
𝐶𝐴𝑝𝑒ç𝑎 = ( ) 𝑥 𝑇 𝑥 𝑃 𝑥 𝐼
2
Onde:
CA peça = custo de armazenagem por peça
Q = quantidade do material em estoque no tempo considerado
T = Tempo considerado de armazenagem (nessa disciplina sempre será considerado T =
1, ou seja, 01 ano).
P = Preço unitário do material
I = Taxa de armazenamento, que pode ser expressa em percentual do valor unitário ou
em valor unitário

● Exemplo de custo de armazenagem por peça (POZO, 2010, p. 64):

58
Competência 03

Analise as informações abaixo, correspondentes a uma empresa fabricante de


engrenagens. Calcule o custo de armazenagem por peça para o item X considerando como T o período
de 01 ano. Você deve encontrar na lista de informações que, na fórmula, irão representar Q, T, P e I.

Informações para o exemplo:


- 200 engrenagens X em estoque, que custa R$ 25,00 a unidade
- R$ 1.250.000,00 de estoques (matéria-prima, WIP e estoque de acabados)
- R$ 85.000,00 mensais de gastos gerais da área de materiais
- R$ 15.000,00 mensais de gastos com pessoal
- 80% de encargos da folha salarial
-22% de custo do dinheiro ao ano

Note que, se Q é a quantidade mantida em estoque, esse valor é igual a 200 engrenagens,
certo?

O tempo considerado de armazenagem é igual a 01.

O preço unitário está descrito na primeira linha, R$ 25,00.

A taxa de armazenagem, que também pode ser chamada de taxa de juros, ou custo do
dinheiro no período está descrita na última linha: 22%.
Note que as outras informações não serão utilizadas nesse cálculo. Você precisa estar
atento a só utilizar as informações necessárias.

Então, tem-se:

200
𝐶𝐴𝑝𝑒ç𝑎 = ( ) 𝑥 1 𝑥 25 𝑥 0,22
2

𝐶𝐴𝑝𝑒ç𝑎 = 𝑅$ 550,00

59
Competência 03

3.3.2. Custo de armazenagem geral

Pozo (2010, p. 63) apresenta a fórmula de cálculo do custo de armazenagem geral como:

𝑄
𝐶𝐴𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 = {[( ) 𝑥 𝑃] + 𝐷𝑓} 𝑥 𝑇 𝑥 𝐼
2
Onde:
CA geral = custo de armazenagem de todo o estoque
Q = quantidade de todo o material em estoque no tempo considerado
P = Preço unitário do material
Df = Despesas de material auxiliar, de manutenção, de edificações, de equipamentos, de
mão-de-obra etc.
T = Tempo considerado de armazenagem (nessa disciplina sempre consideraremos T = 1,
ou seja, 01 ano).
I = Taxa de armazenamento, que pode ser expressa em percentual do valor unitário ou
em valor unitário
Será usado nesse exemplo as mesmas informações que tínhamos para calcular o custo de
armazenagem por peça, com algumas diferenças. Lembre-se que para calcular o custo de
armazenagem por peça você precisou usar a informação de quantas peças havia no estoque. Atente
que agora você precisa saber a quantidade total de todas as peças presentes no estoque.

Exemplo de custo de armazenagem geral (POZO, 2010, p. 64):

200 engrenagens X em estoque, que custa R$ 25,00 a unidade


R$ 1.250.000,00 de estoques (matéria-prima, WIP e estoque de acabados)
R$ 85.000,00 mensais de gastos gerais da área de materiais
R$ 15.000,00 mensais de gastos com pessoal
80% de encargos da folha salarial
22% de custo do dinheiro ao ano

60
Competência 03

E então, qual a quantidade de peças no estoque da empresa de engrenagens? Você deve


ter reparado que essa informação não está na lista acima. A informação referente ao número de 200
engrenagens é apenas para o item X e não para todos os itens do estoque da empresa. No entanto,
você deve perceber também que a fórmula pede que a quantidade de todos os itens mantida no
estoque seja dividida por 2 e depois multiplicada por P. O resultado dessa parte do cálculo
representará todo o valor que o estoque representa para a organização. O valor dos estoques nada
mais é do que a soma dos valores de todos os estoques de matérias-primas, produtos em processo
(WIP –Work in progress) e de produtos acabados.
Agora volte na lista de informações. Você perceberá que a informação do valor total dos
estoques de todos esses itens consta na lista. Isso significa que agora você poderá substituir esse valor
na fórmula. O valor é R$ 1.250.000.

1.250.000
𝐶𝐴𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 = {[( )] + 𝐷𝑓} 𝑥 𝑇 𝑥 𝐼
2

Agora, você precisará substituir na equação o valor de Df. Perceba que Df é a soma das
despesas de material auxiliar, de manutenção, de edificações, de equipamentos, de mão de obra etc.
Você encontra esse tipo de despesas na lista de informações? Ora, há três linhas que representam
esses tipos de despesas, são elas:

R$ 85.000,00 mensais de gastos gerais da área de materiais


R$ 15.000,00 mensais de gastos com pessoal
80% de encargos da folha salarial

Sendo assim, Df é igual a:


R$ 85.000,00 + R$ 15.000,00 + (R$ 15.000 x 80%) = R$ 112.000,00.

Você percebeu que os 80% referentes aos encargos da folha salarial foram multiplicados
pelo valor dos gastos com pessoal. Isso porque os gastos com pessoal são os gastos salariais. Por este
motivo é que os 80% foram calculados sobre esses gastos com mão de obra. Substituindo o valor das
despesas na equação tem-se:

61
Competência 03

1.250.000
𝐶𝐴𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 = {[( )] + 112.000} 𝑥 𝑇 𝑥 𝐼
2

Agora, deve-se substituir T e I pelos valores da lista de informações.

1.250.000
𝐶𝐴𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 = {[( )] + 112.000} 𝑥 1 𝑥 0,22
2

𝐶𝐴𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 = 𝑅$ 162.140,00

Na próxima Competência, você conhecerá formas de calcular o melhor momento para se


repor os estoques, bem como as margens de segurança e outros conceitos acerca do controle de suas
quantidades.

Assista a videoaula da Competência 3.

62
Competência 04

4.Competência 04 | Compreender os Pontos de Compras e Reposição de


Estoques
Nesta competência, você verá vários conceitos que podem ser abordados, a partir da
interpretação do gráfico dente de serra. Ao se deparar com tal representação, você terá acesso a
conceituação de estoque mínimo, também chamado de estoque de segurança; estoque máximo;
ponto de pedido ou ponto de ressuprimento; tempo e intervalo de ressuprimento.

Não se esqueça de acessar o conteúdo no podcast da competência três e, em


seguida, retome a leitura do e-book.

4.1. Gráfico Dente de Serra

Analisando o gráfico é possível visualizar várias informações acerca do comportamento


do consumo ou da venda de um item. Perceba na figura, o estoque máximo atinge a quantidade de
140 peças. É possível notar também, que quando o estoque chega à quantidade 0, há uma reposição
que faz o estoque voltar ao patamar de 140 peças. Pode-se concluir com isso que o lote de compra é
igual a 140 unidades.

Figura 17 – Gráfico dente de serra


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 47)
Descrição da imagem: no eixo das abscissas do gráfico está o tempo em meses. No eixo das abscissas está o tempo em
meses. Os meses estão representados pela primeira letra do nome deles. Exemplo: janeiro (J) e dezembro (D). No eixo
das ordenadas estão as quantidades do estoque. A escala é de 20 em 20 começando no número 20 até o número 140.
Há uma linha que representa o saldo mensal dos estoques. Essa linha começa no ponto 140 do eixo das ordenadas

63
Competência 04

(vertical) e vai até o ponto zero no mês de junho marcado no eixo das abscissas. Sobre essa primeira parte da linha está
escrito “Consumo”. Do mês de junho (ponto zero) a linha sobe paralela ao eixo das ordenadas até chegar ao ponto 140
novamente. Ao lado dessa linha vertical está escrito “Reposição”. Deste ponto a linha novamente desce até alcançar o
ponto zero de novo agora no mês de dezembro. Acima dessa última parte da linha está escrito “Consumo”. Essas
subidas e descidas da linha a fazem formar o gráfico dente de serra.

Para que o gráfico dente de serra possa ser utilizado é preciso que haja algumas
condições: a quantidade consumida deve ser constante e não deve haver falhas de fornecimento por
parte do fornecedor (seja externo ou da própria área de produção). Isso significa dizer que, mesmo
que o fornecedor não atrase a entrega, ele ainda terá que garantir que o produto esteja dentro da
especificação. Entregas de produtos fora da especificação, mesmo que dentro do prazo, fazem com
que o item entregue não possa ser consumido. Logo, o estoque não será abastecido e isso também
representa uma falha de atendimento do fornecedor.
E aí, você pode se perguntar: mas será que existe um processo como esse em que não há
variação de consumo, nem falhas no processo de abastecimento? Bem, é realmente muito difícil que
se encontre um processo como esse. O mais comum nos processos de consumo e de venda é que
haja variação. Mesmo que a saída de produto de um cliente final seja regular, com baixas variações,
a maioria das empresas costuma realizar entregas concentradas. Veja o exemplo: Imagine um
armazém de construção. Diariamente, esse armazém vende diversos tipos de produtos do setor, tais
como: tinta, lixas, cimento, material hidráulico e elétrico, portas, enfim, todo tipo de material
necessário para pequenas e médias construções.
A maior parte dos clientes dessa loja é composta por donos de residências que desejam
construir ou reformar as suas casas. A quantidade comprada por cada um deles é pequena, se
compararmos com as grandes construtoras. Apesar da venda ocorrer em pequenas quantidades por
cliente, os recebimentos de produtos dos fornecedores do armazém de construção não ocorrem com
uma frequência diária. Os caminhões de entrega de tinta, por exemplo, acontecem semanalmente.
Analise o quadro abaixo. Nele, está registrada a saída, ou seja, a venda de tinta
diariamente no armazém de construção.

64
Competência 04

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado

500 unidades 550 unidades 520 unidades 500 unidades 600 unidades 800 unidades

Pode-se notar que a variação da quantidade de tinta vendida no armazém não é tão alta
de segunda à sexta-feira. Fica claro que as vendas realmente sobem aos sábados. Isso pode ser
explicado pelo fato de que, como as pessoas normalmente trabalham de segunda à sexta-feira, elas
têm mais tempo no sábado para comprar o material de construção para a sua obra.

Agora, analise o quadro com o registro das entregas de tinta no armazém de construção.

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado

0 unidades 0 unidades 5.000 unidades 0 unidades 0 unidades 0 unidades

Constata-se pela análise de entregas de tinta que há uma concentração da entrega em


apenas em um dia da semana. Mesmo que as vendas não ocorram apenas em um dia da semana,
como foi percebido no primeiro quadro. Essa ação da entrega em um único dia não indica falha de
entrega do fornecedor e pode até ser um acordo do fornecedor com o cliente. A prática de entregas
concentradas também não é realizada porque a variação do consumo é extrema. No primeiro quadro,
em que foram estabelecidas quantidades de entregas diárias, já se observa que a variação do
consumo é pequena.
Sendo assim, por que a entrega é concentrada, se a venda não é concentrada e se nem
há grande variação das vendas? Certamente, há um motivo para isso. O custo em receber produtos
diariamente, talvez seja alto para o armazém de construção e, neste caso, compense realizar o
recebimento total dos materiais, no lugar de recebê-los todos os dias. Para o fornecedor, também,
torna-se menos custoso realizar entregas de cargas completas em um caminhão, ao invés de fazer
entregas com cargas fracionadas.

65
Competência 04

A despeito dessas vantagens, essa consolidação na entrega, apesar de certamente reduzir


os custos de transporte, impacta significativamente, na variação da quantidade estocada nas
empresas. Se as entregas ocorressem diariamente, em pequenas quantidades, o estoque não
precisaria ter um pico tão alto no momento do recebimento de uma carga de 5.000 peças.
Manter altos estoques exigirá uma maior dedicação à movimentação dos materiais,
pessoas treinadas para manusear esse estoque e ainda eleva a chance de haver ocorrências de avarias
ou até mesmo acidentes. Por esse motivo, é importante que a análise para a tomada da decisão, de
quanto se deve comprar e em quantas entregas a compra deve ser dividida se faz necessário
considerar, também, os custos de manutenção desses estoques.
Vamos agora detalhar cada um dos conceitos que podem ser analisados pelo uso do
gráfico dente de serra.

4.2. Tempo de reposição e o ponto de pedido

O ponto de pedido é o momento em que se percebe a necessidade de solicitar a compra


ou produção de algum item. Também é chamado de ponto de ressuprimento. É a partir desse
momento que o fornecedor trabalhará para realizar a entrega do produto solicitado.
No gráfico abaixo, você pode observar o momento em que se chega ao ponto de pedido
e o tempo de ressuprimento. Um alerta importante que se faz, diz respeito a semelhança dos
conceitos de tempo de ressuprimento e seu intervalo. O tempo de ressuprimento é o momento entre
o ponto de pedido e a chegada dele na empresa. O intervalo, por sua vez, é o espaço entre um ponto
de pedido e outro. Por exemplo, se um ponto de pedido aconteceu no dia 1 e outro no dia 3, o
intervalo de suprir novamente é igual a 2 dias (3-1 = 2 dias).

66
Competência 04

Figura 18 – Gráfico dente de serra


Fonte: extraído de DIAS (2010, p. 49)
Descrição da imagem: no eixo do gráfico das abscissas (horizontal) está o tempo e no eixo das ordenadas está a
quantidade de estoque. Há uma linha pontilhada paralela ao eixo das abscissas que indica o estoque mínimo. Há uma
linha pontilhada paralela ao eixo das abscissas que indica o estoque mínimo. Ao fim dessa linha do lado direito, está
escrito EM (estoque mínimo). No topo do eixo das ordenadas está escrito E. Max, que significa estoque máximo. Uma
linha parte do ponto máximo no eixo das ordenadas e desce diagonalmente até o ponto zero aproximadamente após a
metade do eixo das abscissas. Antes de terminar dela, surge uma linha pontilhada que a corta paralelamente ao eixo
das ordenadas. Ao lado dessa linha está escrito PP, que significa ponto de pedido. No ponto em que essa linha
pontilhada corta o eixo das abscissas está escrito TR. Isso indica que esse momento do PP é o início do cálculo do tempo
de ressuprimento. Na linha horizontal pontilhada que indica o estoque mínimo, após o corte do PP há três números: 1, 2
e 3. Cada um desses números indica a etapa da operação dentro do tempo de ressuprimento. O número 1 é a emissão
do pedido, o número 2 a preparação do pedido e o número 3 é o transporte. Ao chegar ao ponto 3 surge uma outra
linha pontilhada agora paralela ao eixo das ordenadas (vertical). Essa linha pontilhada segue até o estoque máximo e
depois desce diagonalmente assim como a primeira linha desse gráfico repetindo todo o processo novamente. Essa
repetição do comportamento das linhas reflete o início de um novo ciclo de entradas e saídas do estoque.

Assim que recebe o pedido do cliente, o fornecedor passa para a etapa de preparação
para a entrega. Se o produto for um item que o fornecedor mantém no estoque deve-se separá-lo na
quantidade solicitada e montar a carga. Caso seja um produto fabricado sob encomenda, deve-se
iniciar o processo de produção dele. Depois de pronto, o produto é transportado até o destino. São
essas três etapas que formam o tempo de ressuprimento: (1) emissão do pedido, (2) preparação e (3)
transporte (DIAS, 2010, p. 49).

Para calcular o ponto de pedido (PP) pode-se utilizar a fórmula abaixo:

𝑃𝑃 = 𝐶 𝑥 𝑇𝑅 + 𝐸. 𝑚í𝑛.

Onde:
PP = Ponto de pedido
C = Consumo médio mensal
TR = Tempo de ressuprimento
E.Mín. = Estoque mínimo

Ressalta-se que o consumo médio mensal é a média aritmética do consumo dos últimos
meses. Um bom histórico tem pelo menos seis meses de consumo. O tempo de ressuprimento deve

67
Competência 04

estar na mesma unidade de tempo que o consumo. O tempo de reposição ou ressuprimento também
pode ser chamado de lead time.

Observe o exemplo: ponto de pedido.

Uma peça é consumida a uma quantidade de 30 unidades/mês, e seu tempo de reposição


é de 2 meses. Calcule qual o seu ponto de pedido, uma vez que o estoque mínimo deve ser de um
mês de consumo.
Comece substituindo os valores na fórmula. Se a peça é consumida a uma razão de 30
unidades/mês, isso quer dizer que o consumo mensal é igual a 30 unidades. Logo, C é igual a 30.
Tempo de reposição é uma outra definição para o tempo de ressuprimento. O tempo de reposição é
descrito na questão, 2 meses. O enunciado também deixa claro que o estoque de segurança ou
estoque mínimo é de um mês de consumo, ou seja, 30 unidades.

𝑃𝑃 = 𝐶 𝑥 𝑇𝑅 + 𝐸. 𝑚í𝑛.

𝑃𝑃 = 30 𝑥 2 + 30 = 90 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

4.3. Estoque mínimo

Aqui, você irá se deparar com um método simples de cálculo de estoque de segurança ou
estoque mínimo. Deve ser definido pelos responsáveis do estoque qual o percentual de segurança
que se quer manter. Esse percentual é multiplicado pelo consumo médio mensal do item e definido
pelo gestor dos estoques, “o grau de atendimento desejado para o item” (DIAS, 201, p. 57).
Esse percentual de indicação do grau de atendimento é chamado de fator K (fator de
segurança). Note a aplicação dele na fórmula abaixo:

𝐸. 𝑚í𝑛. = 𝐶 𝑥 𝐾

Atente para o exemplo de aplicação dessa fórmula.

68
Competência 04

Exemplo: estoque mínimo.

Imagine, que você pretende obter 90% de grau de atendimento de uma peça com
consumo médio de 60 unidades/mês. Qual o estoque mínimo?
Ora, se você deseja ter um grau de atendimento de 90% isso indica que o fator K que você
estabeleceu é igual a 90%. Sendo assim, você obterá:

𝐸. 𝑚í𝑛. = 60 𝑥 90%

𝐸. 𝑚í𝑛. = 54 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

4.4. Lote econômico de compra

Esse “lote” é a quantidade considerada ótima, ou seja, a melhor quantidade a se comprar


para manter o estoque entre os seus níveis máximo e mínimo de saldo. Segundo Dias (2010, p. 83)
esse modelo exige que duas premissas sejam verdadeiras:

a) O consumo mensal é determinístico e com uma taxa constante;


b) A reposição é instantânea quando os estoques chegam ao nível zero.

A fórmula usada para calcular o LEC está abaixo:

2𝐵𝐶
𝑄=√
𝐼𝑥𝑃

Onde:
Q = Quantidade do lote econômico de compra: é o LEC propriamente dito.

69
Competência 04

B = Custo do pedido, ou custo de pedir: É composto pelas despesas de pagamento da mão


de obra envolvida com o processamento dos pedidos, com o material necessário para emitir os
pedidos assim como por custos indiretos como telefonia e energia elétrica.
C = Consumo do item: Trata-se do consumo do item no ano. É esse consumo que é
utilizado para calcular a melhor quantidade a comprar.
I = Custo de armazenagem: É o custo de armazenar o item em valor por unidade e por
ano.
P = Preço unitário de compra: É o preço pago pelo produto a ser comprado.

Veja, abaixo, o exemplo do cálculo do LEC.

O consumo de uma peça é de 13.000 unidades por ano. O custo anual de armazenagem
por peça é de R$ 2,50 e o custo do pedido é de R$ 350,00. O preço unitário de compra é de R$ 5,00.
Determine o LEC.

Bem, primeiro relacione cada informação citada no enunciado à letra que representa na
fórmula do LEC. Então, vamos lá! A primeira informação é de que o consumo é de 13.000 peças, logo,
C é igual a 13.000. O custo anual de armazenagem por peça também é citado, sendo assim, sabemos
que I é igual a R$ 2,50. O custo de pedido, representado pela letra B, é igual a R$ 350,00. Por sua vez,
o preço unitário (P) é de R$ 5,00.

Substitua os valores na fórmula e efetue o cálculo:

2 𝑥 350 𝑥 13.000 9.100.000


𝑄=√ =√ = √728.000 = 853,23 ≈ 853 peças
2,5 𝑥 5,00 12,5

Desta forma, conforme o exemplo, o resultado do cálculo é capaz de lhe mostrar que,
quando o estoque chegar no ponto de pedido, a quantidade (Q) que deve ser solicitada é de 853
peças.

70
Competência 04

4.5. Estoque máximo

O estoque máximo é o ponto mais alto alcançado pelo nível dos estoques no gráfico dente
de serra. Para calculá-lo deve-se somar o estoque mínimo ao lote de compra. Esse lote de compra
pode ou não ser o lote econômico. Considerando condições normais de consumo e de entrada de
produtos no estoque o nível do estoque variará entre o estoque máximo e o estoque mínimo.

A fórmula de cálculo do estoque máximo está abaixo:

𝐸. 𝑚á𝑥. = 𝐸. 𝑚í𝑛 + 𝐿𝑜𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎

Observe o exemplo referente à aplicação dessa fórmula.

Exemplo: estoque máximo.


Um dos itens comercializados por uma empresa tem um consumo médio mensal de 280
peças. O estoque de segurança mantido é de 30%. As compras são sempre de 100 em 100 peças.
Calcule o estoque máximo.
De início, você terá que calcular primeiro o estoque mínimo para poder partir para o
cálculo do estoque máximo.
Ora, se C é igual a 280 peças e o fator K é 30% teremos como estoque mínimo:

𝐸. 𝑚í𝑛. = 𝐶 𝑥 𝐾 = 280 𝑥 30% = 84 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

Agora que você sabe qual o estoque mínimo, vamos ao cálculo do máximo:

𝐸. 𝑚á𝑥. = 84 + 100 = 184 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

Assista ao vídeo – Reposição Supermercado Senac – onde os alunos de uma


unidade do Senac, realizam uma simulação de reposição de estoques. Acesse o
link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=KB7dnoouyZ0

71
Competência 04

Na próxima competência, você irá aprender sobre a atuação de compras no processo de


reposição de estoques.

Assista a videoaula da Competência 4.

72
Competência 05

5. Competência 05 | Conhecer uma Sistemática de Compras e Atualização


de Estoques
Caro (a) estudante, ao se deparar com a função compras, imediatamente você associará
à ação de adquirir, de obter algo ou alguma coisa através de um fornecedor, seja ele em mercado
interno ou externo. Contudo, a ação de comprar ou o agente comprador de uma organização tem em
suas atribuições, não só na obtenção de suprimentos ou de bens patrimoniais, mas também no ofício
de contratação de serviços de fornecedores.

A respeito da função compras e sua importância para a manutenção dos


suprimentos, acesse o podcast da competência cinco e, em seguida, retome a
leitura do e-book.

Cumpre-se, desta forma, com rigor, as determinações formais que requerem à amplitude
da função compras, sua capacidade de negociação e os preceitos éticos que norteiam o profissional
comprador ou o setor de compras de uma empresa.
No caso da gestão pública, embora não seja o seu foco, o profissional do setor de compras
deve ter uma base muito sólida da legislação vigente e se atualizar constantemente, sobre os
conhecimentos da área, pois o sucesso do processo de compras no setor público depende desse
quesito. A Lei 8666/1993 é a responsável por definir as diversas modalidades de licitação e compras
na gestão pública. Acrescenta-se:

Art. 1o. Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e
locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos
da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm.

73
Competência 05

Complementam-se aos elementos da função compras e o que compete ao comprador


vários entendimentos, acerca das disposições de se adquirir materiais ou serviços, sobretudo quando
em ambiente organizacional a intenção de obtenção se dá, fundamentalmente pela necessidade da
aquisição e não pelo desejo. Não se esqueça de que a base de toda a função de compras passa pela
busca do equilíbrio entre o custo de aquisição do material e o custo de sua manutenção em estoque.
Sendo assim, três elementos negociáveis são levados em consideração: preço, frete do
transporte e embalagem.

Preços: Calcular o que lhe virá a ser


necessário durante determinado
Frete: Representando em alguns casos
período, que seja para assegurar o
parcela significativa no preço do
funcionamento da linha de produção
produto.
quer seja para o funcionamento de toda
a empresa.

Embalagem: O tipo de embalagem em


que vem acondicionada a mercadoria
constitui fator preponderante no seu
preço de aquisição.

Figura 19 – Condições de compras.


Fonte: o autor.

Outro elemento, de significativa importância, é o conhecimento da demanda,


amplamente estudada na competência anterior. Para tanto, você deve estar lembrado do quanto é
importante amortecer as variações da demanda, especialmente quando produtos ou suprimentos
sofrem influências de sazonalidade, tais como: questões climáticas, festivas, comportamentais,
políticas, financeiras e sociais. Você verá no item compras e estoques, como estas funções estão
associadas e de que forma o domínio na gestão de cada uma delas pode contribuir para a obtenção
de maior capacidade competitiva empresarial.

74
Competência 05

5.1. Compras e estoques (inter-relação)

O profissional que trabalha na administração do setor de suprimentos de uma empresa


deve ter conhecimento do processo produtivo e de suas etapas, a fim de poder suprir as necessidades
demandadas pelo setor de produção. Lembra-se do gráfico dente de serra que você estudou na
competência anterior? Pois é! Pontos específicos do gráfico conduzem à solicitação de aquisição de
mais suprimentos, sobretudo quando se tem, diretamente, exemplos relacionados à processos de
manufatura, cuja particularidade requer quantidades máximas suficientes para produção e
quantidades mínimas como margem de segurança.

Para Castiglioni (2009, pag. 80), “isso quer dizer que se compra porque existe a
necessidade e, se existe a necessidade, é porque o estoque está no ponto de ressuprimento” e
destaca:
Toda vez que o estoque atingir o ponto de ressuprimento, observada a função do
tempo de ressuprimento, ou seja, o tempo que a mercadoria ou o produto leva da
efetivação da compra até o recebimento, deve-se acionar o setor de compras.
(CASTIGLIONI, 2009, pag. 80).

Outro destaque que você precisa saber, trata-se da amplitude da função de compras, em
que se fortalecem a relação entre suas principais atribuições e a manutenção dos estoques na
empresa. De acordo com o organograma abaixo, em que corresponde a um sistema moderno de
gerenciamento, você perceberá melhor a abrangência e complexidade da função compras.

75
Competência 05

Órgãos superiores na escala hierárquica da Administração

Materiais Finanças Comercial Produção

Recebimento
Gestão
Armazenagem
Estocagem
Compras
Cadastramento
Inventário físico
Almoxarifado Distribuição

Figura 20 – Sistema moderno de gerenciamento.


Fonte: adaptado. (VIANA, 2006, p. 44).

Dentro do escopo hierárquico das organizações, o nível das funções especializadas reflete
às diferentes gestões, conforme podemos evidenciar no organograma: materiais, finanças, comercial
e produção. A administração de materiais e suprimentos comporta, além da gestão dos processos e
a acomodação física, a função de compras. Na empresa, as compras devem obedecer aos fatores de
decisão para sua efetivação, que são: qualidade, quantidade, prazo e preço. Nesse caso, a qualidade
dos materiais não é medida pelo preço, mas deve ser considerada fator primordial no processo de
compra e atender aos propósitos que se destina. A inadequação dos fatores de decisão pode causar
transtornos ao processo operacional com atrasos na produção, não-atendimento da qualidade,
elevação dos custos e insatisfação dos clientes.

5.2. Gestão de compras

A gestão de compras é atribuída ao departamento de compras (ou suprimentos) de uma


empresa, que é definida pela responsabilidade da aquisição de materiais e suprimentos necessários
para manutenção das atividades empresariais. Contudo, outras denominações podem ser utilizadas
para configurar esta área especializada, como por exemplo: gestão da aquisição, gestão da cadeia de
suprimentos (em inglês “Supply Chain Management”), função de compras, entre outras. Em uma

76
Competência 05

empresa prestadora de serviços a função compras se preocupa com o suprimento de materiais


relacionados ao funcionamento das operações que levam a sua atividade fim.
Por exemplo: uma empresa de dedetização oferece soluções que visam o controle de
pragas, através da aplicação de substâncias químicas que são utilizadas contra vários tipos de insetos.
Para que ela garanta a funcionalidade da empresa, bem como dos seus serviços, faz-se necessário
realizar aquisições periódicas dos seus suprimentos, dos principais materiais utilizados na prestação
do serviço. Nesse caso exemplificado, os produtos químicos.
Por sua vez, em uma indústria, a gestão de compras direciona seus esforços na aquisição
de matérias-primas e insumos, que devem periodicamente, ter suas quantidades ressupridas em
estoque, pois a produção se encarrega da transformação permanente destes materiais para geração
de produtos acabados.
Portanto, quando se fala em compras, vem à mente um sentido de negociação. É a mais
pura verdade! Mas, você deve levar em conta que para uma negociação é preciso ter dois polos: um
comprador e outro vendedor. Ambos, devem saber negociar e tirar o máximo proveito desse ato,
mas é preciso considerar por exemplo, que se de um lado há alguém comprando, pelo que julga ser
o melhor preço, do outro lado há um oponente vendendo pelo seu melhor preço também. Desta
forma, você deve compreender o verdadeiro sentido da negociação, ou seja, em toda negociação
deve haver argumentos de ambas as partes.
Porém, o que é argumentar? Vencer alguém? Para Castiglioni (2009, p. 77) “argumentar
é em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro, obtendo o que queremos de modo
cooperativo e construtivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade do outro.”
É possível que boa parte das orientações acima descritas, tenham seu domínio a partir do
nível de controle de informações da gestão de compras em empresas mais estruturadas, de maior
porte. Porém, algumas empresas, em especial as de pequeno porte, cabe ao Almoxarife (profissional
de logística, responsável pelo almoxarifado de suprimentos da empresa) a missão de negociar e a
função de comprar, a partir da administração das informações do seu setor. Tanto para uma
estrutura, quanto para outra, cabe desenvolver a capacidade de transformar informações em
conhecimento, o qual deverá requerer cuidados e estratégias que influenciarão num exitoso processo
de negociação.

77
Competência 05

Que cuidados são esses?

● Comece sempre a negociação, fornecendo e solicitando informações, deixando


opiniões, julgamentos e valores para depois;
● Procure colocar-se no lugar do fornecedor, o que o ajudará a compreender melhor
a argumentação e as ideias dele;
● Nunca esqueça que um bom negócio só é bom mesmo, quando é favorável para
ambas as partes;
● Busque sempre esclarecimentos fazendo perguntas que demandem respostas
além do simples sim ou não;
● A dimensão confiança é importantíssima no processo de negociação; e
● Procure sempre olhar os aspectos positivos do outro negociador, observando suas
forças, sem se concentrar em suas fraquezas, porque ele pode perceber.

É importante destacar que, na Logística, a relação para qualquer das partes, sobretudo
em um processo de negociação em compras e/ou contratação de serviços, deverá haver ganho dos
dois lados. Uma relação “ganha – ganha”, onde os elementos se sintam valorizados e o valor gerado
pela negociação dividido entre todos, configurando assim, um sentimento de plena satisfação.

5.3. Métodos de negociação

Você viu que as informações, acerca dos elementos que deverão constar numa
negociação precisam ser gerenciadas e o resultado de uma boa gestão de relacionamento,
especialmente no conhecimento do “outro” pode contribuir para um resultado de satisfação para
ambas as partes. O bom negociador, deve saber distinguir o gerenciamento das informações do
gerenciamento da relação entre fornecedor e comprador.
Abaixo, você verá algumas características a respeito de uma boa negociação que deve ser
conduzida com responsabilidade e respeito aos limites de cada lado da negociação, vendedor
(fornecedor) e comprador (representante autorizado da empresa interessado no produto ou serviço).
São elas:

78
Competência 05

● Enxergar na negociação que cada item discutido não é imutável e pode ser
negociável. Contudo, fechado o acordo, o contrato deverá ser assinado;
● Estar alerta para as reais necessidades da empresa e do negócio;
● Ser flexível e capaz de, rapidamente, definir estratégias que sejam interessantes
para os dois lados;
● Não tentar convencer de que o ponto de vista da outra parte está errado e deve
ser mudado;
● Ser cooperativo, pois a cooperação possibilita clima propício à solução de
problemas, em harmonia;
● Ser competitivo, o que estimula as duas partes a serem mais eficientes na procura
de benefícios mútuos desejados; e
● Atingir os objetivos da gestão de compras e, ao mesmo tempo, fazer contribuições
significativas para alcançar as metas da organização.

Qualquer processo de negociação obedece a etapas que precisam ser cumpridas com
igual cuidado, para que se tenha um resultado positivo. Ao menos, quatro etapas correspondentes a
um processo de negociação precisam ser cumpridas, pois se configuram como um método de
orientação ao setor competente de compras ou ao comprador, de forma que os cuidados e as
características deste processo possam ser garantidos.
O processo inicia-se pela etapa preparação. Nela, se estabelecem, inicialmente, os
objetivos que devem ser alcançados de forma ideal e os que a realidade permitirá atingir. Reflete-se
sobre o comportamento presumível do outro negociador. A segunda etapa, chamada de abertura,
serve para reduzir a tensão, consolidar e destacar um objetivo comum e criar um clima de aceitação
entre as partes. O processo deve prosseguir com a etapa clarificação, ouvindo atentamente as
objeções. Ou seja, não aceitar a objeção em si, mas, o sentimento ou a lógica existente por detrás
dela.
Com a ação final, quarta e última etapa do processo de negociação, se obtém à procura
de um acordo ou decisão. Vale lembrar que as pessoas compram um produto ou uma ideia com ajuda
e não com um empurrão, mas isso não quer dizer que ela tome a decisão sozinha. O negociador que
faz isso geralmente fracassa.

79
Competência 05

Figura 21 – Infográfico: processo de negociação e suas etapas.


Fonte: do autor.
Descrição da imagem: infográfico que representa as etapas de negocia no processo de compras. A imagem faz uma
analogia a uma pista, cujo sentido, em seu início de percurso descreve cronologicamente as etapas onde, o ponto 1, se
refere à preparação, o ponto 2 à abertura, o ponto 3 à clarificação e, por fim, no ponto 4 a ação final.

5.4. Fornecedores

“Entende-se por fornecedores, todas as empresas ou indivíduos interessados em suprir


as necessidades de outra empresa em termos de matéria-prima, produtos, mercadorias, mão de obra
e serviços.” (CASTIGLIONI, 2009, p. 79). É preciso aprimorar os serviços de fornecimento, tendo em
vista que a seleção de potenciais fornecedores deverá resultar em um catálogo ou banco de dados
onde serão categorizados e qualificados em cada tipo de material e serviço que disponibilizem.
Segundo Pozo (2010, p. 147) o objetivo principal é estabelecer os melhores fornecedores
do mercado e que tenham condições de atender a todas as especificações e exigências da empresa,
sendo uma fonte confiável e contínua.
De acordo com Castiglioni (2009, p. 79), os fornecedores podem ser classificados em três
categorias distintas, a saber:

80
Competência 05

Fornecedores Fornecedores Fornecedores


monopolistas habituais especiais

Trata-se dos fornecedores de Fornecedores tradicionais Aqueles que ocasionalmente


produtos exclusivos, em que que sempre são consultados prestam serviços, mão de
o comprador é quem em uma compra e prestam obra ou fabricação de
mantém o interesse na melhor atendimento, pois produtos que requerem
aquisição e o fornecedor, deles dependem novas equipamentos especais ou
além de ter conhecimento vendas. Possuem uma linha mesmo processos
do monopólio, dedica pouca de produtos padronizados e específicos não encontrados
atenção aos seus clientes. comerciais. nos fornecedores habituais.

Importante ainda, é você estar atento ao uso da tecnologia de informação e comunicação


(TIC) no fluxo de informações que circula nas diversas operações logísticas. Quando as empresas se
comunicam, por exemplo, para encomendar mercadorias aos seus fornecedores ou cobrar os
clientes, elas obtêm uma forma de transferir estas informações diretamente do computador da
empresa para os computadores de seus clientes, fornecedores, bancos e outros.
Esta estrutura corresponde ao uso de sistemas de gestão de suprimentos baseados na
tecnologia de informação que contribui para que as operações, tenham mais credibilidade e
transparência, a partir da diminuição do uso de papéis em seus processos. Destaca-se, dentro dos
processos logísticos, os sistemas ERP (solução gerencial com processos integrados de toda empresa),
WMS (sistema para gestão em armazéns) e TMS (sistema para gestão de transportes).
Estes sistemas colaboram para estruturação de níveis de serviços satisfatórios e
aprimoramento das rotinas dos processos, tornando-os mais confiáveis e transparentes.

5.5. Ética em Compras

É muito importante que a postura do profissional de compras seja ética. Uma vez que,
neste tipo de transação comercial existem variáveis que podem influenciar a escolha do (s)
fornecedor (es) por meios não éticos, o que prejudica a empresa e o bem-produzido ou
comercializado por ela. É possível que a ética seja um requisito prioritário na maioria das empresas,
sobretudo para definir a contratação do profissional que atuará na gestão de compras, cuja

81
Competência 05

capacidade visa estabelecer relações sólidas e confiáveis com fornecedores, habilidade em


planejamento de longo prazo e ações claras perante eles, evitando a criação de vínculos de
intimidade, que possam comprometer a ética profissional e o conjunto de valores da empresa.
Mas você deve estar se perguntando o que é ética profissional? Ou simplesmente, o que
é ética? Vamos lá! Melhor do que se preocupar em decorar um conceito é você ter a clara noção que
a ética atua, em especial nas “relações entre os seres humanos dentro de um grupo com códigos,
valores e culturas.” Sendo assim, é possível compreender que a ética profissional se estabelece entre
o conjunto de valores organizacionais e os seus agentes sociais onde, neste caso, “nós somos estes
agentes sociais, nós enquanto indivíduos ou mesmo organizações e instituições das mais diversas.”
(SILVA, 2019, p. 6).
Sendo este, o último item a ser tratado nesta competência, busca-se melhor ilustrar a
importância da ética, disponibilizando no link abaixo, o vídeo “Ética nas Negociações Comerciais”,
tema do programa Bom Dia SE, da TV Sergipe. No vídeo, a entrevistada destaca a importância da ética
e seus princípios nas negociações e de como pode contribuir para um exitoso processo entre
comprador e vendedor.

Assista ao vídeo - Ética nas Negociações Comerciais. Acesse o link abaixo:


https://www.youtube.com/watch?v=DxhaqSBlelM

Você agora consegue compreender, o quanto a ética é fundamental na relação entre


compra e venda? Perceba que esta relação envolve indivíduos e organizações que buscam atribuir
valor, seja para determinar um preço justo para os dois lados, ou simplesmente, estabelecer um valor
moral, cujas regras de comportamento devem nortear as ações do indivíduo e da empresa.
Lembre-se sempre dos princípios e padrões da prática de compras, considerando
sobretudo, os interesses de sua empresa em todas as transações, em diferentes operações logísticas.
É preciso desenvolver às boas práticas de compras e crer nas políticas de valores estabelecidas pela
empresa. Não obstante, muitas organizações ainda utilizam em suas vendas métodos ou práticas
contrárias à ética, condenáveis, tais como: “acordos” na apresentação de propostas concorrentes,
estímulos artificiais de demanda, amostras que não refletem a realidade do produto, cláusulas
contratuais obscuras, propinas e subornos.

82
Competência 05

Uma excelente defesa para as más práticas é desenvolver compras por pessoal ou setor
capacitado, conhecedor de suas obrigações e responsabilidade na empresa. Trabalhar motivado, de
forma que haja sempre honestidade e verdade nas negociações e compras, denunciando formas e
manifestações de suborno, fatos ilícitos e demais atos de corrupção que possam ferir a imagem da
empresa, bem como interações que fragilizem as parcerias e laços de confiabilidade entre fornecedor
e comprador. (POZO, 2010, p. 144). Conforme visto no subitem fornecedores.

Assista a videoaula da Competência 5.

83
Conclusão
Torna-se claramente compreensível, que absorver todas as informações necessárias à
fundamentação dos estoques passa a ser uma tarefa difícil. No entanto, a associação do conteúdo da
disciplina, com as informações dos demais módulos, certamente, lhes proporcionará o
desenvolvimento de valiosas habilidades em Logística. Cabe, portanto, ao aluno, se permitir cada vez
mais ao interesse de buscar novas informações, em diferentes fontes, que complementem seu objeto
de estudo e anseio profissional. Neste sentido e com base no que foi abordado nesse e-book, é
possível concluir que o domínio desta função pode se configurar como diferencial competitivo em
disputas por vagas nas mais diferentes organizações.

Desejamos sucesso!

84
Referências

BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de materiais e Distribuição física.


São Paulo: Atlas, 2009.

CASTIGLIONI, J. A. de M. Logística operacional: guia prático. 2ª edição. São Paulo: Érica, 2009.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010.

MARKHAM, W. J. Auditoria da logística: um guia para avaliar o processo logístico e obter um plano de
desempenho sustentável. Tradução Mariana Ayello Moura. São Paulo: IMAM, 2003.

NOGUEIRA, A. de S. Logística empresarial: uma visão local com pensamento globalizado. 1ª edição.
São Paulo: Atlas, 2016.

POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo:
Atlas, 2010.

ROSA, R. de A. Gestão de operações e logística I. Florianópolis: Departamento de Ciências da


Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2011.160p.

SILVA, Dannilo Dayvid da. Ética e Responsabilidade Social: Curso Técnico em Recursos Humanos.
Educação a distância / Danillo Dayvid da Silva. – Recife: Escola Técnica Estadual Professor Antônio
Carlos Gomes da Costa, 2019. 35 p.: il.

TRIGUEIRO, F. G. R. Administração de materiais: um enfoque prático. 7ª edição. Recife, 2007.173 p.

VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. 1ª edição. São Paulo: Atlas, 2006.

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Minicurrículo do Professor

Carlos Miranda
Professor Carlos Miranda é Mestre em Tecnologia Ambiental, pelo Instituto de Tecnologia
de Pernambuco - ITEP. Especialista em Gestão de Logística e bacharel em Administração de Empresas
pela Faculdade Frassinetti do Recife - FAFIRE. Coordenou cursos superiores de base tecnológica de
Gestão em Logística e de Gestão em Segurança do Trabalho, em níveis técnico e ensino superior. Na
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, atuou na função de Tutor Virtual, ministrando a
disciplina de Gestão de Operações Logísticas 1, no curso de Bacharelado em Administração Pública
pela Universidade Aberta do Brasil – UAB. Atuou como professor convidado na Fundação Bradesco e
na Faculdade Einstein - FACEI / BA, nos cursos de Administração de Empresas e Logística e no módulo
de Logística Empresarial no MBA em Gestão Estratégica da Segurança Corporativa, respectivamente.
Possui experiências em operações de transporte e distribuição, em empresa transportadora de
gêneros alimentícios e de higiene e beleza. Em armazenador logístico, exerceu a função de operador
de sistema WMS/SAP-R3, analisando os estoques de produtos frigorificados e congelados, em
consonância com as atividades de coordenação em projeto, com ênfase no recebimento,
armazenagem, distribuição e sistema da qualidade interna. Publicou o artigo intitulado
Gerenciamento do Óleo Lubrificante Usado e Contaminado, cuja apresentação se deu no Encontro
Pernambucano de Resíduos Sólidos – EPERSOL, na UFRPE. No Congresso Nacional de Educação
Ambiental – CNEA/UFPB apresentou o artigo intitulado Sustentabilidade ambiental: as relações
existentes entre a fisiografia e as dimensões ambientais, econômicas e sociais na praia de Boa
Viagem, Recife – Pernambuco. Permanece atuando no ensino superior nos cursos de Gestão e
Engenharia de Produção e encontra-se vinculado na Escola Técnica Professor Antônio Carlos Gomes
da Costa - ETEPAC/EAD, Governo do Estado de Pernambuco, exercendo a função de professor no
curso técnico em Logística.

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