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Cor, Forma e Composição em

Ambientes
Andiara Valentina de Freitas e Lopes
Sadi Silva Seabra Filho

Curso Técnico em Design de Interiores


Educação a Distância
2021
Cor, Forma e Composição em
Ambientes
Andiara Valentina de Freitas e Lopes
Sadi Silva Seabra Filho

Curso Técnico em Design de Interiores

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

2.ed. | Fev 2021


Professor(es) Autor(es) Coordenação de Curso
Andiara Valentina de Freitas e Lopes Sadi Silva Seabra Filho
Sadi Silva Seabra Filho
Coordenação Executiva
Revisão de Língua Portuguesa George Bento Catunda
Letícia Garcia Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Design Educacional Coordenação Geral


Deyvid Souza Nascimento Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra
Renata Marques de Otero
Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da
Diagramação (2.ed. 2020) Secretaria Executiva de Educação Profissional de
Jailson Miranda Pernambuco, em convênio com o Ministério da
Educação
Catalogação e Normalização (Rede e-Tec Brasil).
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

1.ed. | Maio, 2017


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 6

1. Competência 01 | Analisar e perceber as formas, cores e composições dentro de um espaço


ambientado ............................................................................................................................................ 7

1.1 O que é percepção? .................................................................................................................................... 7

1.2 O que é percepção visual? ........................................................................................................................ 12

1.2.1 O olho: órgão da percepção visual ........................................................................................................ 15

1.3 Tipos de Percepção ................................................................................................................................... 17

1.4 Ilusões de ótica ......................................................................................................................................... 18

1.5 Teorias da Gesltalt e Leis da Gestalt ......................................................................................................... 23

1.5.1 O que é Gestalt?..................................................................................................................................... 23

1.5.2 O que diz a Teoria da Gestalt? ............................................................................................................... 23

1.5.3 Leis da Gestalt ........................................................................................................................................ 26

2. Competência 02 | Conceituar e conhecer as harmonias básicas e efeitos psicológicos das cores


para o projeto de interiores ................................................................................................................ 37

2.1 O desenho ................................................................................................................................................. 37

2.1.1 O que é Composição? ............................................................................................................................ 37

2.1.2 O que é desenho? .................................................................................................................................. 38

2.1.3 O Desenho como representação ........................................................................................................... 40

2.1.4 O desenho como linguagem .................................................................................................................. 41

2.2 Elementos do desenho ............................................................................................................................. 42

2.2.1 O desenho como elemento básico ........................................................................................................ 42

2.2.2 Elementos conceituais ........................................................................................................................... 42

2.2.3 Elementos visuais ................................................................................................................................... 43

2.2.4 Elementos relacionais ............................................................................................................................ 45

2.2.5 Elementos práticos ................................................................................................................................ 48

3
2.3 Composição 1: aspectos e criação da forma ............................................................................................ 51

2.3.1 Moldura de referência ........................................................................................................................... 51

2.3.2 Forma e espaço ...................................................................................................................................... 52

2.3.3 Visualização da forma ............................................................................................................................ 54

2.3.4 Desenho e forma.................................................................................................................................... 55

2.3.5 Formas.................................................................................................................................................... 55

2.3.6 Criando e relacionando formas geométricas e orgânicas ..................................................................... 57

2.4 Composição 2: relacionando formas ....................................................................................................... 60

2.5 Composição 3: relacionando formas II ..................................................................................................... 61

2.5.1 Equilíbrio ................................................................................................................................................ 61

2.5.2 Tensão .................................................................................................................................................... 63

2.5.3 Nivelamento e aguçamento................................................................................................................... 65

2.5.4 A preferência pelo canto inferior esquerdo .......................................................................................... 66

2.5.5 Atração e agrupamento ......................................................................................................................... 67

2.5.6 Positivo e Negativo ................................................................................................................................ 68

3. Competência 03 | Identificar os elementos básicos para a execução de um projeto com equilíbrio


e harmonia adequados aos usuários .................................................................................................. 70

3.1 Cor-luz e cor-pigmento ............................................................................................................................. 70

3.1.1 Paleta RGB.............................................................................................................................................. 71

3.1.2 Paleta CMYK ........................................................................................................................................... 72

3.1.3 Paleta Pantone ....................................................................................................................................... 73

3.2 Misturando cores ...................................................................................................................................... 75

3.2.1 Cor Primária, Cor Secundária, Síntese Aditiva e Síntese Subtrativa ...................................................... 75

3.3 Harmonia e contraste de cores ................................................................................................................. 78

3.3.1 Círculo cromático ................................................................................................................................... 78

3.3.2 Cores quentes e cores frias .................................................................................................................... 79

4
3.4 Reagindo a cores ....................................................................................................................................... 82

3.4.1 Preferências Cromáticas ........................................................................................................................ 82

3.4.2 Cor e reação ........................................................................................................................................... 82

3.4.3 O significado das cores........................................................................................................................... 83

3.4.4 As cores no design de interiores ............................................................................................................ 85

Conclusão ............................................................................................................................................. 87

Referências ........................................................................................................................................... 88

Minicurrículo do Professor .................................................................................................................. 89

5
Introdução

Olá cursista,

Seja bem-vindo (a) à disciplina Cor, Forma e Composição em Ambiente. Este é o seu
caderno da disciplina.

Neste caderno, vamos estudar o que é forma e Gestalt da forma, composição da forma e
cor. O caderno possui três competências, cada uma delas é essencial para dar base à formação como
Técnico com Design de Interiores. Aqui você vai aprender técnicas de composição da forma que vão
enriquecer seu repertório e sua criatividade.

O objetivo deste caderno é prepará-lo para o tema principal do curso que é o Design de
Interiores. Isso porque precisamos entender como trabalhar com as formas e cores para utilizá-las no
nosso processo criativo profissional. É fundamental compreender os processos de Gestalt da forma,
composição da forma e conhecer as cores e sua relação com as emoções para podermos compor um
repertório sólido e profundo que vai nos possibilitar utilizar todo esse conhecimento durante nossa
vida profissional.

Nós, os autores, somos fãs desse assunto e adoramos poder ensinar e aprender junto com
você, compartilhando conhecimento e aprendizado durante esse processo.

Bons estudos!

Andiara Lopes e Sadi Seabra

6
Competência 01

1. Competência 01 | Analisar e perceber as formas, cores e composições


dentro de um espaço ambientado

O objetivo desta disciplina é:

• Proporcionar ao estudante bases teóricas e práticas na área de Composição.


• Desenvolver conceitos básicos sobre composição: ritmo, proporção e equilíbrio.
• Desenvolver conceitos básicos sobre percepção visual e Gestalt do objeto.
• Desenvolver conceitos básicos sobre cor, critérios relacionados.

Nesta primeira competência vamos trabalhar com a percepção, a percepção visual e as


teorias da Gestalt voltadas para o estudo da forma. Você irá conhecer como ocorre o processo da
percepção, em especial a percepção visual. Vamos falar também porque acontecem as ilusões de
ótica. Vamos conhecer o que é a Gestalt e quais suas implicações para o estudo do objeto e da forma.
O objetivo principal desta primeira competência é prepará-lo (a) para o tema principal do curso que
é Cor, Forma e Composição em Ambientes. Precisamos entender como funciona a percepção visual
e seus elementos, para poder compreender como podemos controlar e utilizar esses elementos.

1.1 O que é percepção?

A percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais. O mundo


é cheio de estímulos a essa percepção. Um indivíduo percebe a realidade a sua volta através dos
sentidos. O ato da percepção se dá exatamente no momento em que o indivíduo, através dos
sentidos, percebe e interpreta os estímulos dessa realidade.

Faça uma pesquisa no seu dicionário sobre o significado dessa palavra!

Na observação que segue estão algumas definições encontradas:

7
Competência 01

Percepção
s.f.Impressão; capacidade para discernir; juízo consciencioso acerca de algo ou
alguém: é necessário entender a percepção do certo e do errado. Assimilação
ou compreensão feita através dos sentidos ou da inteligência: percepção do
sofrimento; percepção do clima.
[Por Extensão] Intuição geralmente de teor moral: percepção entre o bem e o
mal.
[Por Extensão] Avaliação sobre coisas ou seres a partir de um julgamento ou
opinião.
Ação ou efeito de perceber. (Etm. do latim: perceptio.onis)
Fonte: www.dicio.com.br/percepcao/

Conforme a definição vista acima, a palavra percepção está ligada aos sentidos e à
inteligência. Vamos lembrar um pouco dos sentidos que temos? O espectador é o sujeito da ação de
perceber, para isso ele utiliza os cinco sentidos: tato, olfato, paladar, audição e visão. Nas figuras
1.1.a., 1.1.b., 1.1.c., 1.1.d. e 1.1.e. que estão abaixo temos algumas imagens referentes aos nossos
sentidos.

Figura 1.1.a - As mãos e o tato Figura 1.1.b - o nariz e o olfato


Fonte: https://fotolog.com/nirvana_9303/30485827 Fonte:http://guineveremedicina.blogspot.com/2011/01
Descrição: imagem de uma mão de um adulto sendo /seu-nariz-revela-quando-voce-ira-morrer.html
segurada pelo dedo mínimo por uma mão de um bebê. Descrição: imagem de uma pessoa cheirando um
punhado de grãos de café em sua mão.

8
Competência 01

Figura 1.1.c - Os OLHOS e a VISÃO Figura 1.1.d - A boca e o paladar


Fonte: https://metropolionline.com.br/2018/08/15/10- Fonte:
dicas-para-cuidas-da-saude-dos-olhos/ https://www.naturalwellness.com/nwupdate/10-foods-
Descrição: imagem de um rosto feminino onde apenas that-contain-probiotics-naturally/
os olhos estão enquadrados. Descrição: rosto de uma pessoa enquadrado apenas na
boca, ressaltando que ela está mordendo um chocolate.

Figura 1.1.e - O ouvido e a audição


Fonte: https://www.kootsjhuys.nl/luisteren-is-zeg-maar-wel-een-dingetje
Descrição: rosto de uma pessoa com destaque para a orelha. A mão em forma de concha atrás da orelha destaca que a
pessoa está tentando escutar.

Deixando mais claro! Para essa disciplina, pelo fato de estarmos trabalhando com
composição, cor e forma, faz-se absolutamente necessário compreendermos a Percepção, e
especialmente a Percepção Visual. Dessa forma, o sentido da visão será mais destacado ao longo
desse curso.

9
Competência 01

Videoaula!
Agora dê uma pausa na leitura e assista à primeira videoaula que mostra a
importância do conteúdo dessa disciplina para a formação de um Designer de
Interiores.

Quando falamos de percepção visual e visão, existe uma clara relação entre o observador
e a imagem. Ou ainda, entre o espectador e a imagem observada. Por um lado, temos o observador,
que é um indivíduo que está em contato com o mundo, estabelecendo uma relação com a realidade
a sua volta. Esse indivíduo não está isolado, apenas observando as situações. Por outro lado, temos
a imagem que, por sua vez, possui características próprias.

Imagem também é outra palavra que vamos trabalhar bastante ao longo do curso. A
figura 1.1.f. abaixo mostra que essa relação não é uma via de mão única, mas sim uma via de duas
mãos, na qual observador e imagem se influenciam mutuamente. Através da percepção, um indivíduo
organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

ESTÍMULO

OBSERVADOR IMAGEM

SENTIDOS

Figura 1.1.f - diagrama da relação entre observador e imagem


Fonte: o autor
Descrição: diagrama mostrando a relação entre observador e imagem.

Resumindo: A percepção consiste na aquisição, seleção e organização das informações


obtidas pelos sentidos. Segundo Fayga Ostrower (1996), a percepção envolve outros dois

10
Competência 01

significados: o de compreensão e o de interpretação. A percepção é um processo dinâmico e não


simplesmente uma resposta a um estímulo, engloba todo o contexto no qual ocorre a situação. São
muitas forças agindo!

Observe por exemplo a sequência de imagens a seguir:

Figura 1.1.g.: sequência de imagens contando uma estória


Fonte: https://milemuma.wordpress.com/2008/11/28/uma-demonstracao-de-afeto/
Descrição: passarinho tenta reanimar outro passarinho morto. Depois, passarinho de boca aberta como se estivesse
gritando na tentativa de acordar o passarinho morto. E, por fim, apenas o passarinho morto.

O que você entendeu?

Eu entendi que o passarinho matou o outro passarinho. Agora, observe as imagens


seguintes:

Figura 1.1.h.: Sequência de imagens contando uma estória


Fonte: https://milemuma.wordpress.com/2008/11/28/uma-demonstracao-de-afeto/
Descrição: apenas o passarinho morto. Depois, passarinho de boca aberta como se estivesse gritando na tentativa de
acordar o passarinho morto. Na sequência, passarinho tenta reanimar passarinho morto.

E agora, o que você entendeu?

11
Competência 01

Eu entendi que um passarinho morreu e o companheiro, quando percebeu, sofreu com a


situação.

O que podemos concluir disso? Que apesar de estarmos trabalhando com imagens iguais,
elas não vão significar sempre a mesma coisa. Dependendo da sequência que as dispomos o conjunto
de imagens vai adquirir significados diferentes. Isso acontece porque a nossa percepção também
funciona através de um ordenamento e, além disso, esse exemplo nos mostra que não percebemos
as coisas de forma isolada, mas sim dentro de um contexto.

Para se pensar! Pense que o estímulo à percepção pode ser múltiplo e, além disso, uma
mesma situação pode ser interpretada de forma diferente por pessoas diferentes, ou até mesmo pela
mesma pessoa. Por exemplo: se você estiver de bom humor, feliz da vida ao assistir um filme com os
amigos, você vai se divertir ou se emocionar, se for um drama. Mas se você assistir ao mesmo filme
em outro dia em que esteja triste ou tenha passado recentemente por uma situação semelhante, ou
que esteja sozinho, você provavelmente vai reagir diferente, pode até chegar às lágrimas. Pense
nisso!

Dessa forma, descobrimos que o sujeito responde ativamente ao estímulo, não sendo
apenas um mero observador da situação. No mundo atual, cada pessoa está sujeita a uma quantidade
enorme de estímulos. Vai depender das condições físicas, psicológicas e emocionais de cada pessoa
como ela irá perceber compreender e interpretar esses estímulos. Além disso, cada pessoa tem
expectativas e necessidades diferentes das outras pessoas e isso interfere na escolha de quais
estímulos serão percebidos.

1.2 O que é percepção visual?

Em um primeiro momento, o que pensamos é: a percepção visual é aquela na qual


utilizamos o sentido da visão para perceber algo. Essa definição não está errada, mas está muito longe
de ser completa. Nesse tópico vamos trabalhar as definições e significados dessa percepção visual.

De acordo com Aumont, a percepção visual é um processamento que acontece em etapas


sucessivas, de uma informação que nos chega por intermédio da luz que entra em nossos olhos. O

12
Competência 01

olho percebe a imagem, a imagem percebida no olho passa por um processo químico e, por último,
do processo químico vai para a última etapa, que é o processamento neurológico.

A nossa percepção do mundo é construída através da relação da nossa percepção com o


mundo que nos cerca. Os estímulos visuais não são estáveis, mas o nosso cérebro de certa forma
procura estabilizar esse processo que mistura o que é percebido com o que é conhecido. Portanto,
podemos concluir que a nossa percepção de mundo é em grande parte autoconstruída. Vemos o
mundo de acordo com a maneira como o nosso cérebro o organiza. O processo de ver é o de
complementar o que está a nossa frente com aquilo que o nosso cérebro acredita estar vendo.

Por exemplo: o tamanho da imagem de um objeto na retina varia de acordo com a nossa
distância desse objeto. Mas, mesmo percebendo um mesmo objeto a distâncias diferentes o cérebro
consegue perceber qual é o seu “verdadeiro” tamanho. Por que isso acontece? Cabe ao cérebro
extrair as características constantes e invariantes dos objetos mesmo diante das características
mutáveis que recebe.

Videoaula!
Vamos testar o seu cérebro?
Agora dê uma pausa na leitura e assista à segunda videoaula que mostra duas
ilusões de ótica.

O que vemos é a luz e mais detalhadamente a intensidade, o comprimento de onda e a


distribuição no espaço.

A Intensidade é a percepção que temos da luminosidade dos objetos. Nós percebemos


maior ou menor luminosidade de um objeto. O objeto pode ser luminoso, ou seja, ele próprio uma
fonte luminosa, como é o caso de uma lâmpada, ou até mesmo o sol. Ou, o que ocorre geralmente,
o objeto observado não é luminoso, mas sim iluminado por uma fonte de luz e essa luz é refletida.
Nosso olho reage a LUZ! E cada olho pode reagir de forma diferente à luz.

O olho humano possui limites de visibilidade da luz. O mínimo normalmente percebido é


a luminosidade de uma folha de papel branca na luz da lua. O máximo de luminosidade que pode ser

13
Competência 01

observada sem riscos é uma lâmpada com filamento de tungstênio. A luz do sol não pode ser
observada a olho nu, ou seja, sem dispositivos de proteção. Caso isso ocorra pode haver uma
queimadura na retina ou no sistema nervoso.

Pesquisa na web!
Pesquise sobre Joseph Plateau, sábio Belga que ficou cego por observar
diretamente o sol.

O comprimento de onda é a percepção da cor. Assim como percebemos a luminosidade,


também percebemos a cor. Como assim? A luz tem uma coisa chamada comprimento de onda, que
é exatamente a cor emitida pelo objeto iluminado. Da mesma forma como ocorre com a
luminosidade, a cor depende da percepção de cada pessoa. Falaremos mais detalhadamente sobre
cor na competência 2 desse curso.

A distribuição no espaço é a percepção dos limites dos objetos ou imagens, esses limites
são as bordas visuais. O nosso olho percebe as bordas visuais. Mas o que são bordas visuais? São os
limites das superfícies dos objetos. Vejamos a figura abaixo:

“Qual é o quadrado maior?”

Figura 1.2.c.
Fonte: Os autores
Descrição: Quadrado branco em um fundo preto. Na sequência, quadrado preto em um fundo branco.

14
Competência 01

Ambos os quadrados têm o mesmo tamanho, mas o quadrado branco parece ser maior.
Isso acontece porque mudamos o pano de fundo que contrasta com a figura destacada, o quadrado.

É muito importante lembrar que os elementos da percepção, como luminosidade, bordas


e cores não são produzidos de forma isolada. Se não são produzidos de forma isolada também não
serão percebidos de forma isolada. Nossa percepção está interligada, ou seja, a percepção de uns
afeta a percepção dos outros.

1.2.1 O olho: órgão da percepção visual

A luz é fundamental para a visão. Os olhos captam tanto os raios de luz que podem ser
emitidos por fontes luminosas, como o sol ou uma lâmpada; como captam a luz que é refletida pelos
mais diversos objetos. Agora, vamos falar simplificadamente como funciona nosso olho. O olho
humano é um globo. Possui formato aproximadamente esférico com diâmetro em torno de dois
centímetros e meio. Observe a figura abaixo.

Figura 1.2.1.a.: Desenho esquemático do olho e seus componentes.


Fonte: http://www.eav.eng.br/tech/fisiologia/Constituiodoolhohumano.html
Descrição: desenho esquemático do olho e seus componentes.

No olho, os raios luminosos atravessam a córnea, que funciona como uma lente e focaliza
as imagens. Os raios de luz passam pelo humor aquoso, que separa a córnea da íris. A íris é o círculo
colorido do olho, é um músculo, e no centro da íris está a pupila, que é uma abertura por onde entra
a luz. A íris se contrai quando há muita luz no ambiente onde estamos e se distende quando há pouca
luz. A íris regula o tamanho da pupila para evitar a entrada excessiva de luz no interior do olho. Atrás

15
Competência 01

da pupila, há uma lente transparente, chamada cristalino. O cristalino focaliza a imagem sobre a
retina, uma membrana muito sensível à luz que existe no fundo do olho. Os raios luminosos entram
nos olhos de forma paralela. O papel do cristalino é fazê-los convergir, isto é, dirigi-los para um
mesmo ponto sobre a retina. A imagem será formada invertida e de cabeça para baixo. Mas a imagem
não fica invertida, no cérebro elas se formam corretamente.

Figura 1.2.1.b: figura mostrando como a imagem se forma na retina.


Fonte: http://espacoculturalrafaellevazquez.blogspot.com/2012/05/funcionamento-dos-olhos.html
Descrição: desenho esquemático de um objeto sendo observado por um olho. No momento em que a imagem passa
pela córnea ela é invertida no cristalino.

A figura acima mostra como a imagem se forma na retina. A retina é a fonte principal de
dados para a visão. Mas o que nós vemos é uma representação “virtual” 3D da cena em frente a nós.
Não vemos uma imagem física do mundo, vemos objetos. O que vemos não é a imagem na nossa
retina, é uma imagem tridimensional criada no cérebro, com base na informação sobre as
características que encontramos, mas também com base nas nossas percepções e julgamentos sobre
o que estamos vendo.

Então, o que vemos é sempre uma ilusão? De certa forma sim! Porque a visão é um
processo em que a informação que vem dos nossos olhos converge com a que vem das nossas
memórias. As informações que temos armazenadas em nosso cérebro influenciam o modo como
percebemos os objetos e suas características. A interpretação do que vemos no mundo exterior é
uma tarefa muito complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o
processamento da visão. O nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do
que aquilo que elas são na realidade. Essa simplificação por um lado nos permite uma apreensão mais
rápida, embora imperfeita, do mundo, mas por outro dá origem às ilusões de ótica. Veremos esse
assunto ainda neste capítulo.

16
Competência 01

Você sabia?
Nós não vemos as imagens que se formam na nossa retina.
Por quê? Porque a imagem que se forma na nossa retina é apenas a primeira
etapa do processo de visão.
O que vemos de fato é o resultado do processo total que acontece em três
etapas.
Apenas um médico oftalmologista pode ver as imagens na nossa retina
com auxílio de aparelhos específicos para isso.

Geralmente o funcionamento do olho é comparado ao de uma câmera escura. Você já


ouviu falar em câmera escura? A câmera escura foi a base da invenção da fotografia no início do
século XIX. A câmera escura é um compartimento totalmente escuro com um pequeno orifício. Como
funciona? A luz passa através do orifício e incide sobre a parte de trás, oposta ao orifício. Essa imagem
que se forma dentro da caixa fica invertida por conta dos raios luminosos. Pesquise mais sobre isso!

1.3 Tipos de Percepção

1. Percepção do espaço:

Percepção de relações espaciais, que envolve profundidade, orientação e movimento. A


percepção do espaço não é feita apenas através do sistema visual. A ideia de corpo e movimento
estão intimamente relacionadas à percepção do espaço. Em suma, a percepção do espaço está
relacionada à ideia de movimento, de percurso, dentro desse espaço. É como se, além de ver o
espaço, precisássemos sentir, nos movimentando nele.

2. Percepção do movimento:

A percepção de movimento está ligada à noção de deslocamento no espaço. Por isso,


muitas vezes é difícil distinguir a percepção do espaço da percepção do movimento.

3. Percepção da imagem:

A percepção da imagem envolve a percepção de formas e bordas visuais, cores e


luminosidade. Vamos estudar mais detalhadamente esses temas na próxima competência, fiquem
atentos!

17
Competência 01

• Percepção de formas;
• Percepção de cores (ou visão em preto e branco);
• Percepção de intensidade luminosa.

1.4 Ilusões de ótica

Agora vamos falar de algo que todos já experimentaram: as ilusões de ótica. É um assunto
muito curioso. O termo Ilusão de ótica se aplica às ilusões que, de certa forma, enganam ou
confundem o nosso sistema visual. As ilusões de ótica conduzem nossa percepção a acreditar em algo
que não existe ou está errado. Mas como isso é possível?

Utilizando artifícios gráficos, por exemplo:

“Qual dos segmentos abaixo é mais longo?”

O segmento mais abaixo não parece ser o


maior?
Mas se você observar bem todos têm o
mesmo tamanho. O posicionamento das
pontas das setas nos leva a acreditar em algo
que não é verdade.

Figura 1.4.a.
Fonte:http://www.bmedreport.com/archives/32126
Descrição: três segmentos de reta de mesmo tamanho
com pontas de seta em diferentes posições causando a
ilusão de que os segmentos têm tamanhos diferentes.

O círculo da direita parece ser o maior.


Mais uma vez a composição geral afeta nossa
percepção, nos levando a crer em algo
errôneo. Na verdade, os dois têm o mesmo

18
Competência 01

“Qual círculo é maior?” tamanho.

Figura 1.4.b.
Fonte: http://queriamuitodesverisso.blogspot.com/
Descrição: imagem de dois círculos vermelhos do mesmo
tamanho. Entretanto, em volta de cada um deles estão
outros círculos brancos. O círculo vermelho que tem
círculos brancos grandes em volta parece ser menor do
que o outro que tem círculos brancos pequenos.

As ilusões de ótica podem surgir naturalmente ou serem criadas propositalmente.


Imagens que causam ilusão de ótica são muito utilizadas por artistas. Um dos maiores exemplos é
M. C. Escher.

Videoaula!
Assista à terceira videoaula que mostra um pouco mais sobre os trabalhos
magníficos de Escher.

Pesquisa na Web!
Pesquise mais sobre Escher: http://www.mcescher.com/ e
http://cultura.culturamix.com/arte/obras-de-escher
Você irá se surpreender com as ilusões criadas por ele.
Escolha pelo menos três obras desse artista e discuta as interpretações possíveis
de cada obra.

19
Competência 01

A ilusão da cor: o tabuleiro de damas

Cada ponto da imagem formada na retina é analisado e transmitido para o cérebro em


forma de sinais codificados. As zonas visuais do nosso cérebro analisam esses sinais e nos dão uma
representação do objeto percebido. Essas interpretações às vezes são ambíguas, causando ilusões de
ótica. As ilusões de ótica são percebidas de forma diferente pelas pessoas. A ilusão do tabuleiro de
damas criada por E. Adelson é impressionante!

Luminância é a quantidade de
luz visível que chega ao olho
vindo da superfície.

Figura 1.4.e.: a ilusão da cor: o tabuleiro de damas


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilus%C3%A3o_de_%C3%B3ptica
Descrição: tabuleiro de damas com cilindros fazendo sombra. O quadrado A é tão escuro quanto o quadrado B,
embora não pareça.

Vemos o quadrado A como sendo mais escuro do que o quadrado B. No entanto, a cor
cinza de A é exatamente igual à cor cinza de B. Se você observar a figura da direita, foram adicionadas
duas barras com a mesma cor de A e B. E agora deu para creditar que A e B têm a mesma luminância?
Como é feita essa ilusão? A luminosidade é uma variável subjetiva e não uma quantidade física. Nesse
caso, o sistema visual foi influenciado pelas sombras. Não vemos nada isolado, vemos sempre o todo,
o contexto.

A ilusão da perspectiva

O sistema visual possui uma noção intuitiva da perspectiva e isso é muito útil para
interpretar uma imagem tridimensional. Mas isso gera algumas ilusões, por exemplo, quando uma
figura é plana, mas fornece margem para uma interpretação tridimensional, isso pode enganar o
cérebro levando-o a interpretá-la como sendo uma perspectiva.

20
Competência 01

Na figura ao lado isso acontece, então nosso


cérebro interpreta o segmento horizontal que
está abaixo como sendo menor do que o
segmento acima.

Isso ocorre porque os segmentos laterais estão


concorrentes, simulando uma situação de
perspectiva. Mas, na verdade, ambos os
segmentos são do mesmo tamanho.
Figura 1.4.f.
Fonte: Os autores
Descrição: duas retas paralelas com outras duas
inclinadas em simetria, próximas às extremidades das
primeiras retas citadas.

Vamos brincar um pouco com a sua percepção? Observe as imagens abaixo atentamente.

“Olhe para a figura e diga o que você vê?”

Percebeu que se formam pequenos quadrados


cinzas quando movimentamos os olhos nos
cruzamentos das linhas brancas?

Figura 1.4.g.
Fonte: Os autores
Descrição: 25 quadrados pretos e pequenos dispostos
em 5x5 com a mesma distância formando cruzamentos
brancos.

21
Competência 01

“E agora, qual dos segmentos é maior, o horizontal


ou o vertical?”

Ambos têm o mesmo tamanho, não acredita? É


só medir!

Figura 1.4.h.
Fonte: os autores
Descrição: duas retas de mesmo tamanho em posição
perpendicular entre sim, formando um “T” de cabeça
para baixo.

“Qual dos círculos azuis é maior?”

Os dois são do mesmo tamanho.

Figura 1.4.i.
Fonte: os autores
Descrição: dois círculos azuis de mesmo tamanho, cada
um em uma extremidade de um quadrado preto. Um dos
círculos está sobre duas retas que formam a letra V.

“Qual das linhas vermelhas da esquerda são a


continuação da linha vermelha da direita?”

A linha vermelha da esquerda que está acima!

Figura 1.4.k.
Fonte: os autores
Descrição: duas retas pretas paralelas e três retas
vermelhas interseccionando as retas pretas de maneira
oblíqua.

22
Competência 01

1.5 Teorias da Gestalt e Leis da Gestalt

Até agora vimos como funciona a percepção e lançamos as bases para estudar a forma.
Muitas áreas do saber estudam a forma. Mas você sabe o que significa a palavra “forma”? No
dicionário pesquisado (ver fonte abaixo), a palavra forma possui dezenove significados e permeia,
inclusive, diversas áreas do saber como Linguística, Direito, Filosofia, Biologia, Música, dentre outras.
Para essa disciplina o que nos interessa aqui é o significado atrelado à Geometria.

Forma
GEOMETRIA: conjunto dos contornos exteriores de uma superfície ou de um
sólido.
Fonte: www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/forma

1.5.1 O que é Gestalt?

Gestalt é uma palavra alemã que significa "configuração" ou "padrão". Quando é


traduzido para inglês, português e espanhol o termo Gestalt fica associado a palavras como estrutura,
figura e forma.

A Gestalt é uma linha teórica da Psicologia Experimental. Tem início em finais do século
XIX com Von Ehrenfels, filósofo Vienense e considerado o fundador da Psicologia da Gestalt. A partir
de 1910 a Escola da Gestalt tomou mais fôlego com três nomes importantes na Universidade de
Frankfurt: Max Wertheimer (1880 – 1943), Wolfgang Kohler (1887 – 1967) e Kurt Koffka (1886 –
1941).

1.5.2 O que diz a Teoria da Gestalt?

A teoria da Gestalt propõe que o cérebro humano tende automaticamente a desmembrar


a imagem em diferentes partes para organizá-las de acordo com semelhanças de forma, tamanho,
cor, textura etc., depois as partes são novamente reagrupadas num conjunto gráfico que possibilita
a compreensão.

23
Competência 01

Quando o cérebro divide a imagem em partes estabelece oito relações através das quais
as partes da imagem são agrupadas na percepção visual, são elas: Unidade, Segregação, Unificação,
Fechamento, Continuidade, Proximidade, Similaridade ou Semelhança e Pregnância.

Esse dom natural de “arrumar” as informações passadas em seu cérebro possibilita ao


homem assimilar esses dados com maior facilidade e rapidez. É mais fácil entender o todo com as
partes arrumadas. Na figura abaixo, a primeira imagem mostra uma série de formas aparentemente
desconectadas. No entanto, podemos agrupá-las de modo que se assemelhem a uma imagem
conhecida, no caso uma bicicleta.

Figura 1.5.2.a.
Fonte: https://crioepercebo.wordpress.com/2009/11/18/unidade-ii-aulas-5-e-6/design-gestalt/
Descrição: À esquerda, partes misturadas de elementos gráficos. À direita, mesmos elementos colocados de maneira
ordenada que formam a representação de uma bicicleta.

A psicologia da Gestalt em trabalhos das décadas de 1930 e 1940 levantou muitas das
hipóteses que são estudadas pelos cientistas da visão atualmente. De acordo com João Gomes Filho
(2000), o termo Gestalt significa integração de partes em oposição à soma do todo. As leis de
organização da Gestalt têm guiado os estudos sobre como as pessoas percebem componentes visuais
como padrões organizados (todo) ao invés dos componentes (partes).

TODO
PARTE

PARTE PARTE PARTE

PARTE

24
Competência 01

Figura 1.5.2.b.: O todo e as partes


Fonte: os autores
Descrição: diagrama mostrando a relação do todos e suas partes.

Quebrando a cabeça! Você já parou para pensar sobre o todo? O que é o todo? É a soma
das partes? É claro que o todo é formado por partes, mas não é simples assim! O todo não é apenas
a soma das partes, na realidade, elas se organizam segundo determinadas leis.

Existe uma relação entre as partes e existe uma relação entre cada parte e o todo. Todas
essas relações também fazem parte do todo!

O que diz a teoria da Gestalt sobre isso? O todo é percebido antes das partes que o
constituem. A forma corresponde à maneira como as partes estão dispostas no todo.

Os elementos constitutivos de uma figura são agrupados espontaneamente e esta


organização, segundo as leis da Gestalt, é inata. Para a teoria da Gestalt a percepção que acontece
no cérebro é diferente do que acontece na retina. Na retina processamos imagens, formas. Já o
cérebro processa o todo, o conjunto. Por isso ocorrem as ilusões de ótica, estão lembrados? Por
exemplo, observe as três imagens abaixo:

Figura 1. 5.2.c. Figura 1.5.2.d. Figura 1.5.2.e.


Fonte: os autores. Fonte: os autores. Fonte: os autores.
Descrição: sequência de três imagens: na primeira, um triangulo preto em um fundo branco. Na segunda, o mesmo
triângulo agora em um fundo cinza claro. E na terceira, o mesmo triângulo agora em um cinza mais escuro.

São três triângulos idênticos, com tamanhos e cores iguais. No fundo temos três
quadrados de tamanhos semelhantes, porém as cores mudam. Notem que o triângulo se destaca
mais no fundo branco. Na medida em que o colocamos em um fundo cinza claro, ele passa a se
destacar menos. Na terceira figura o triângulo está colocado em um fundo cinza escuro, notem que

25
Competência 01

ele quase não se destaca. O que quero mostrar com isso é que nosso cérebro não percebe as formas
separadamente, percebemos as formas dentro do contexto em que estão inseridas.

Observe agora os dois quadrados abaixo, qual é o mais escuro?

Figura 1.5.2.f. Figura 1.5.2.g.


Fonte: os autores. Fonte: os autores.
Descrição: dois quadrados cinzas. O da esquerda um pouco mais claro que o da direita.

Você muito provavelmente respondeu que era o da direita, não? Correto, mas observe
que nas três figuras dos triângulos sobrepostos esse tom de cinza era o mais claro. Isso mostra que
não existe uma percepção fixa da cor, o que existe é a percepção de uma relação. Na figura anterior
o quadrado da direita possui um cinza mais escuro do que o da esquerda, já nas três figuras dos
triângulos sobrepostos esse mesmo tom de cinza, quando colocado diante de um tom ainda mais
escuro, passa ser o mais claro.

“Nosso cérebro percebe as partes, mas, sobretudo percebe as relações entre as


parte”.

1.5.3 Leis da Gestalt

De acordo com a teoria da Gestalt há oito fatores principais que determinam como nós
agrupamos coisas de acordo com a percepção visual, são as chamadas leis da Gestalt: unidade,
segregação, unificação, fechamento, continuidade, proximidade, similaridade ou semelhança,
pregnância. Vamos estudar cada uma delas separadamente? É importante ressaltar que em uma

26
Competência 01

composição esses princípios se relacionam entre si e nem sempre é fácil identificá-los


separadamente, pois, além de se relacionarem, eles se complementam.

Figura 1.5.3.a - A palavra Gestalt representada de forma a exemplificar seus princípios aplicados.
Fonte: http://rndg.com.br/blog/design/gestalt
Descrição: palavra Gestalt onde cada uma das letras está exemplificando um dos princípios. Segregação, proximidade,
semelhança, unidade, fechamento, continuidade e pregnância.

1) Unidade

O princípio da unidade diz que cada parte é um todo. Cada elemento possui uma unidade
em si mesmo. Isso significa que cada parte pode ser entendida separadamente. Não é verdade? Sim!
Cada parte pode ser entendida em si mesma, a diferença que isso vai fazer para o todo é a
“arrumação” das partes.

27
Competência 01

Figura 1.5.3.b - pessoas em uma rua.


Fonte: www.jornalibiapaba.com.br/beta/wp-content/uploads/2015/08/pessoas-caminhando-rua.jpg
Descrição: homens e mulheres caminhando em uma rua movimentada, provavelmente de comércio.

Se você olhar rapidamente a imagem acima verá uma multidão, esse é o todo. Mas você
também pode, se quiser, olhar detalhadamente para cada pessoa e perceber detalhes de cada uma
delas: se são homens ou mulheres, cor da camisa que vestem, se carregam bolsa, se estão na calçada
ou no meio da rua...

Esse é o princípio da unidade: embora o todo seja formado por partes e elas estejam
dispostas a formar um todo, ainda assim cada parte possui um sentido e um significado em si mesma.

2) Segregação

O princípio da segregação é a divisão do campo visual em regiões separadas por


contornos. Contornos são bordas visuais fechadas.

28
Competência 01

O que você vê? Um vaso ou dois rostos?

Na figura ao lado a imagem é composta por


uma zona clara e outra escura formando
diferentes imagens.

Figura 1.5.3.c.
Fonte: www.e-farsas.com/ilusao-de-otica-dois-rostos-na-
cabeca-de-uma-vaca.html
Descrição: silhueta de uma taça preta e na parte branca
da imagem a silhueta de dois rostos.

Anjos ou morcegos?

Figura 1.5.3.d.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/531635930994814839/
Descrição: imagens de uma estampa que mostra anjos e
morcegos. Em alguns momentos percebemos os anjos e em
outros os morcegos.

As imagens apresentadas mostram duas figuras que podem ser percebidas


diferentemente dependendo se são realçados os tons escuros de uma imagem ou os tons claros.

29
Competência 01

O princípio da segregação também nos faz diferenciar algo que está mais à frente de algo
que está atrás da imagem.

Figura 1.5.3.e.
Fonte: https://pixabay.com/pt/mala-pessoa-feliz-calma-jovem-1488516/
Descrição: mulher loira sentada em uma mala em uma estrada de barro. À margem da estrada há plantas com flores e
ao fundo uma paisagem árida.

Observe que no interior do contorno está a figura central da pessoa percebida em


destaque. Essa figura em destaque é percebida mais perto do que a paisagem ao fundo. No segundo
plano a paisagem aparece depois que é vista a figura central. A separação figura-fundo funciona como
um processo contrário ao da camuflagem. Observe a figura abaixo.

Figura 1.5.3.f.
Fonte: https://www.taringa.net/+imagenes/camuflajes-increibles_12q3fe
Descrição: imagem de peixe de camuflado na areia. É quase imperceptível onde termina o peixe e começa a areia e
vice-versa.

30
Competência 01

Na camuflagem se procura esconder a figura. Para isso deixamos a figura com


características semelhante às do fundo. A teoria da Gestalt propõe que a separação figura-fundo é
uma propriedade organizadora e espontânea do sistema visual.

3) Unificação

A unificação consiste, segundo Gomes Filho, na igualdade ou semelhança dos estímulos


fornecidos pelo objeto. Ocorre quando há harmonia, equilíbrio e ordenação visual. O símbolo do yin
yang é um dos exemplos mais emblemáticos desse princípio. A simetria, o equilíbrio e a harmonia das
formas e cores dessa imagem são muito expressivas.

Figura 1.5.3.g.
Fonte: www.lascartasdelavida.com/imagenes/yin-yang.png
Descrição: símbolo chinês de yin yang com um círculo dividido em duas partes semelhantes entre si com forma e
tamanho iguias, uma parte preta com um detalhe branco e outra parte branca com um detalhe preto.

4) Fechamento ou boa continuidade

É o princípio de que a boa forma se completa, se fecha sobre si mesma, formando uma
figura delimitada conhecida previamente. O conceito de fechamento se relaciona com o de
fechamento visual, como se completássemos visualmente um objeto incompleto.

31
Competência 01

Figura 1.5.3.h. Figura 1.5.3.i.


Fonte: https://best-alzheimers- Fonte: https://laaquarela.wordpress.com/tag/cor-e-
products.com/alzheimers-affects-perception.html gestalt/
Descrição: figuras geométricas planas que pelo princípio do fechamento formam outras figuras planas.

O conceito de boa continuidade ou fechamento está ligado ao alinhamento, pois dois


elementos alinhados passam a impressão de estarem relacionados. Nossos cérebros adicionam
componentes que faltam para interpretar uma figura parcial como um todo.

Figura 1.5.3.j. e figura 1.5.3.k.


Fonte: http://photos.com.br/a-gestalt-na-sua-fotografia/
Descrição: À esquerda, marca de um conhecido uísque que é representada pela silhueta de um senhor que usa cartola.
À direita, a marca de uma ONG que é representada pela silhueta de um urso panda.

5) Continuidade

Esse princípio está relacionado à coincidência de direções ou alinhamento das formas


dispostas. Se vários elementos de um quadro apontam para o mesmo canto, por exemplo, o resultado
final “fluirá” mais naturalmente. Isso logicamente facilita a compreensão. Uma vez que um padrão é
formado, é mais provável que ele se mantenha, mesmo que seus componentes sejam redistribuídos.

32
Competência 01

Figura 1.5.3.l.
Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/img/revistas/cc/v16n2/2a06f4.jpeg
Descrição: oito círculos pretos e em cada um deles está desenhado de branco um vértice de um cubo. Estão dispostos
de tal maneira que parecem representar um cubo.

Um exemplo de como funciona nosso cérebro com relação à ideia de continuidade pode
ser visto quando nos deparamos com algumas frases muito conhecidas, logo completamos com o que
vem em seguida:

Para bom entendedor... (meia palavra basta)


Água mole em pedra dura... (tanto bate até que fura)
Pau que nasce torto... (nunca se endireita)
Casa de ferreiro... (espeto de pau)

6) Proximidade

Segundo essa lei, os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se
encontram uns dos outros. É claro que elementos que estão mais perto de outros numa região
tendem a ser percebidos como um grupo, mais do que se estivessem distantes de similares. Os
objetos mais próximos entre si são percebidos como grupos independentes dos mais distantes.

Observando a figura abaixo percebemos a princípio dois grupos: primeiro o da esquerda


– com vários círculos equidistantes – e segundo o da direita, com fileiras distantes duas a duas.

Quando observamos mais cuidadosamente, vemos que existem quatro grupos. Um


grande grupo com vários círculos equidistantes à esquerda. E outros três grupos, cada um com duas
fileiras de círculos à direita.

33
Competência 01

Figura 1.5.3.m.
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5f/Gestalt_ley_de_proximidad.png/400px-
Gestalt_ley_de_proximidad.png
Descrição: À esquerda, conjunto de pequenos círculos brancos dispostos em 6 filas e 6 colunas com mesma distância
entre eles. À direita, os mesmos círculos, só que agora separados a cada duas colunas por uma distância maior.

Nas duas imagens abaixo vemos dois grupos de imagens. A proximidade entre os
elementos, círculos e quadrados já define os dois grupos. O grupo da esquerda é formado apenas por
círculos e, como estão próximos, são entendidos como um grupo. Já no grupo da direita, embora
tenhamos círculos e quadrados, ainda assim vemos o conjunto como um grupo. Isso ocorre por conta
da proximidade.

Figura 1.5.3.n.
Fonte: http://www.atpm.com/9.10/images/design-columns.gif
Descrição: À esquerda, conjunto de pequenos círculos pretos dispostos 6x6. À direita, mesma imagem, entretanto sete
círculos foram substituídos por quadrados com mesmo tamanho proporcional e de maneira aleatória.

7) Similaridade ou semelhança

Este princípio define que os objetos similares tendem a se agrupar. A similaridade pode
acontecer na cor dos objetos, na textura e na sensação de massa dos elementos. Estas características
podem ser exploradas quando desejamos criar relações ou agrupar elementos na composição de uma
figura. Por outro lado, o mau uso da similaridade pode dificultar a percepção visual como, por

34
Competência 01

exemplo, o uso de texturas semelhantes em elementos do “fundo” e em elementos do primeiro


plano.

Objetos similares em forma, tamanho ou cor são facilmente interpretados como um


grupo. No desenho abaixo, os círculos brancos e pretos parecem se agrupar, mesmo que a distância
entre as fileiras seja igual. A lei da semelhança diz que objetos similares se agrupam entre si.

Figura 1.5.3.o.
Fonte: https://www.taringa.net/+salud_bienestar/evolucion-de-la-percepcion_12psv7
Descrição: mesmo conjunto de círculos 6x6, entretanto agora aparecem com linhas de círculos brancos e linhas de
círculos pretos alternadas.

Na imagem abaixo vemos três linhas de figuras, essa sensação é causada pela semelhança das formas.
Sendo assim, a primeira linha é de quadrados, a segunda de círculos e a terceira de estrelas.

Figura 1.5.3.p.
Fonte: https://designculture.com.br/leis-da-gestalt-semelhanca-e-pregnancia-da-forma
Descrição: a primeira linha é de 6 quadrados, a segunda de 6 círculos e a terceira de 6 estrelas.

35
Competência 01

8) Pregnância

É a mais importante de todas as leis da Gestalt. Também é chamada de Lei da


Simplicidade, porque diz que os objetos em um ambiente são vistos na forma mais simples possível.
Isso ocorre porque quanto mais simples, mais fácil de assimilar a forma.

Figura 1.5.3.q. e figura 1.5.3.r.


Fonte: https://static.significados.com.br/foto/1400-lei-da-simplicidade_bg.jpg
Descrição: à esquerda, a figura geométrica é formada pela interseção de 3 quadrados vazados. À direita, apenas a
silhueta da figura anterior, ou seja, a parte interna foi preenchida na cor preta.

Um homem pode ser um aglomerado de formas geométricas. É o princípio da


simplificação natural da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente assimiladas: desta forma,
a parte mais facilmente compreendida em um desenho é a mais regular, que requer menos
simplificação.

Além das oito leis básicas da Gestalt, podemos ainda observar outros critérios:

Videoaula!
Agora dê uma pausa na leitura e assista à quarta videoaula que mostra uma
aplicação dos princípios da Gestalt para o Design de Interiores.

36
Competência 02

2. Competência 02 | Conceituar e conhecer as harmonias básicas e efeitos


psicológicos das cores para o projeto de interiores

Nesta segunda competência, vamos trabalhar com técnicas de composição voltadas para
o estudo da forma. Vamos estudar a composição propriamente dita. Estudar o desenho, os elementos
do desenho e da composição, forma e tipos de composição.

Você irá conhecer o que é uma composição e como esta pode ser criada, especialmente
sobre os elementos de que dispomos para isso. Vamos falar também sobre o desenho e sobre a
forma, que são conteúdos básicos para trabalharmos com composição.

2.1 O desenho

2.1.1 O que é Composição?

O processo de composição é o passo mais crucial na solução dos problemas visuais. Uma
composição não se dá apenas pela inspiração do autor. É o resultado de decisões feitas pelo autor
com base em seus conhecimentos. Os resultados das “decisões compositivas” determinam o objetivo
e o significado da manifestação visual e têm fortes implicações com relação ao que é recebido pelo
espectador. É nessa etapa vital do processo criativo que o Designer de Interiores exerce o mais forte
controle sobre seu trabalho e tem maior oportunidade de expressar o estado de espírito que a obra
deseja transmitir.

E você, como você define “composição”? O que é composição, qual é sua definição? No
dicionário podemos encontrar algumas definições:

37
Competência 02

Composição
(latim compositio, -onis) s. f.1. Todo (proveniente da reunião de partes). 2. Modo de
reunir partes (para formar um todo). 3. Produção. 4. Preparado. 5. Disposição. 6.
Combinação. 7. Matéria. 8. Acordo (entre desavindos). 9. Arte de escrever música. 10.
Trecho ou peça musical. 11. Ling. Processo de formação de palavras na qual há a
junção de elementos autônomos, normalmente palavras, mas também radicais gregos
e latinos. 12. Mecân. Resultado das forças e movimentos. 13. Fís. Agrupamento de
moléculas. 14. Modo por que elas se agrupam. 15. Tip. Trabalho de compositor. 16.
Original composto.

Aqui destacamos as definições que estão em negrito. Porque elas se aproximam mais da
definição que queremos para esta disciplina. Dessa forma, composição é: Todo, proveniente da
reunião de partes; Modo de reunir partes (para formar um todo); Produção; Disposição;
Combinação; Modo por que elas se agrupam.

Para fazer uma composição precisamos combinar partes para formar um todo.

Mas é muito importante entender que essa combinação pode e deve ser controlada
através da utilização de técnicas e conhecimentos. Exatamente essas partes é que são os chamados
ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO visuais. É a partir deles que se planejam e expressam todas as
variedades de manifestações visuais.

Muitos autores classificam e conceituam esses elementos de diversas maneiras: Dondis


(1997) os classifica como: linha, ponto, direção (que conduz o olhar à leitura), forma, cor, textura,
tom e movimento. Wong (1998) se atém mais aos elementos do desenho que são a base da
composição: ponto, linha, plano, volume. Aqui, em um primeiro momento, vamos falar de quatro
elementos do desenho que são base para composição: ponto, linha, plano e volume. Depois, vamos
falar de movimento ou direção.

2.1.2 O que é desenho?

Antes de começarmos a trabalhar com os elementos básicos da composição: ponto, linha,


plano e volume - é preciso entender o que é desenho. Você sabe o que é desenho? Quando falamos
a palavra desenho, muitas pessoas pensam no desenho como arte, sem dúvida. O desenho é arte,
mas também é mais que isso.

38
Competência 02

Olhe à sua volta, perceba que os objetos têm uma forma que, além de poderem ser belos,
possuem também uma função. Uma cadeira é um objeto que foi projetado: a altura do acento, do
encosto, do braço, tudo foi planejado.

O desenho está presente em tudo, desde uma caneta, uma roupa, uma porta, até o um
carro, uma casa, um avião. Tudo é feito, projetado, pensado, planejado com base no desenho.

A expressão desenho, historicamente, vem sendo associada tanto às atividades artísticas


como a uma vertente técnica, esta última desvinculada da ciência que a embasa. São inúmeras as
definições que podemos encontrar, desde as mais reducionistas até as que mais se aproximam
daquela que trabalhamos.

1 Arte de representar objetos por meio de linhas e sombras. 2 Objeto


desenhado. 3 Delineação dos contornos das figuras. 4 Delineamento ou
traçado geral de um quadro. 5 Arquit Plano ou projeto de edifício
etc. 6 Desígnio. 7 Figura de ornatos, em tecidos, vasos etc. D. animado: série de
desenhos, cada um dos quais representa uma posição sucessiva de uma figura
ou objeto em movimento e que são fotografados sobre um filme ou produzidos
diretamente sobre um filme, de modo que a projeção deste produz uma
imagem na qual as figuras e objetos desenhados parecem mover-se como se
fossem dotados de vida e mobilidade. D. a traço: ilustração na qual objetos são
desenhados usando linhas finas, sem sombreamento ou textura de
superfície. D. baseado em caracteres, Inform: desenho na tela produzido
usando caracteres ASCII em vez de janelas gráficas. D. cotado: desenho com as
dimensões inscritas. D. de imitação: reprodução de figuras, paisagens,
decorações. D. de pormenor: desenho separado, em escala grande, de uma
parte pequena de máquina ou estrutura; também chamado desenho
detalhado. D. detalhado: o mesmo que desenho de pormenor.D. industrial: a) o
que se ocupa na representação de produtos industriais; b) estudo dos
princípios de tal desenho. D. leucográfico: o que é constituído por traços
brancos contra um fundo negro. D. linear: o que representa especialmente
decorações, objetos, máquinas concernentes à indústria. D.
mecânico: desenho executado com o auxílio de instrumentos; também
chamado desenho técnico. D. técnico: a) desenho de máquinas e mecanismos e
de peças mecânicas ou elétricas; b) desenho mecânico. D. traçográfico do
relevo: em mapas de pequena escala, representação do relevo por linhas
pequenas e curvas; a altura das curvas indica o relevo relativo, a espessura, a
inclinação média. D. vigoroso: o de traços feitos com firmeza”
Fonte:https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/DESENHO/

39
Competência 02

A definição de Ferreira [1] faz referência aos objetivos do desenho, mais próxima
daqueles com que trabalhamos, ou seja, definindo seus objetivos como lúdico, artístico, científico ou
técnico:

“O desenho é um processo de criação visual que tem propósito. Diversamente da pintura


e da escultura, (...), o desenho preenche necessidades práticas. Um trabalho de desenho gráfico deve
ser colocado diante do olhar do público e transmitir uma mensagem pré-derterminada. Um produto
industrial tem de atender às exigências dos consumidores. (...) Um bom desenho, em resumo,
constitui a melhor expressão visual possível da essência de ‘algo’, seja uma mensagem, seja um
produto” (WONG [9], grifo nosso).

2.1.3 O Desenho como representação

Quando falamos de composição é imprescindível falarmos de forma. Mas, ainda para


“falar” de forma, precisamos “desenhar”. O desenho é o meio de representação mais comum e
utilizado para estudar a forma. Como recurso de representação, o desenho é de fácil expressão e
compreensão, bastando apenas um papel e um lápis para ser feito. É claro que podemos sim usar
papel e lápis, mas podemos chegar até os recursos mais sofisticados graças à tecnologia. Hoje, temos
supercomputadores, capazes de resoluções de alto nível e da mesma forma têm diversos tipos de
softwares específicos para design gráfico. Você já ouviu o ditado: “Uma imagem vale mais que mil
palavras?”, pois é, no nosso caso vale sim.

Figura 2.1.3.a.
Fonte: www.doceshop.com.br/blog/index.php/encomenda-do-hannibal-lecter/
Descrição: imagem de uma mãe segurando um bebê.

40
Competência 02

É claro que podemos falar sobre qualquer coisa utilizando as palavras. No entanto, para
“falar” de composição vamos precisar utilizar o desenho para expressar ideias e conceitos. O
desenho aqui terá o propósito de comunicar nossas ideias para vocês.

2.1.4 O desenho como linguagem

O desenho é uma linguagem! Lembrem-se de que a Linguagem é um sistema


de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos.

O signo linguístico foi descrito por Ferdinand Saussure, em seu Curso de Linguística Geral,
como uma combinação de um conceito com uma imagem sonora. Ou seja, um signo consiste em um
conceito (o significado) e uma imagem sonora (o significante). Os signos podem ser sonoros, gráficos,
gestuais, entre outros. A linguagem é percebida através dos órgãos dos sentidos, conforme
estudamos na primeira competência. Daí, surge a derivação de várias espécies de
linguagem: visual, auditiva, tátil, etc.

A partir do momento em que comunica uma ideia, o desenho também pode ser visto
como uma forma de linguagem. Se dissermos: FLOR. Você provavelmente vai pensar em uma flor, vai
entender sobre o que estamos falando. Mas por quê? Porque você é alfabetizado em português,
então sabe ler e, mais que isso, sabe o significado dessa palavra. Mas se eu mostrar o seguinte
desenho:

Você também irá entender o que estamos querendo dizer. O


importante é comunicar uma ideia, isso é o que a linguagem
faz: comunica, transmite significado. O desenho, nesse
sentido, é uma linguagem. E, como linguagem, possui um
“alfabeto” que é composto pela forma. Isso é exatamente o
que vamos estudar no próximo capítulo: a forma!!!

41
Competência 02

Figura 2.1.4.b
Fonte: os autores
Descrição: Desenho de uma flor

Experimente “falar” a linguaguem do desenho. Tente explicar, através do desenho,


sentimentos como alegria, amor, raiva, desapontamento, etc.

2.2 Elementos do desenho

2.2.1 O desenho como elemento básico

Os elementos básicos da linguagem visual estão também no desenho. Isso porque tudo o
que vemos pode ser representado através do desenho, porque tudo tem uma forma. Concorda?
Wong lista quatro elementos do desenho: elementos conceituais, elementos visuais, elementos
relacionais e elementos práticos. Os quatro elementos estão relacionados entre si, por isso muitas
vezes é difícil separá-los.

2.2.2 Elementos conceituais

Os elementos conceituais são o ponto, a linha, a superfície e o volume. No entanto, os


elementos conceituais não são visualizáveis, são um conceito. Os elementos conceituais são
abstratos, não existem de fato. Difícil de entender? Vejamos, quando estamos na praia e observamos
o horizonte porque somos capazes de distinguir entre o mar e o céu?

Porque existe uma linha divisória, a linha do


horizonte. Mas essa linha existe de fato? Não! Essa
linha divisória é o que nos proporciona distinguir
as coisas a nossa volta, caso contrário tudo seria
uma coisa só. Concorda? Coloque sua mão sobre a
mesa.

Figura 2.2.2.a
Fonte:http://olhares.sapo.pt/uma-linha-do-horizonte-
diferente-foto1111503.html
Descrição: paisagem do oceano e o céu, onde é

42
Competência 02

possível ver a linha do horizonte.


Você percebe uma linha contornando a superfície
da sua mão? Essa linha existe? Não, o que existe é
a delimitação de uma superfície, o contorno.
Quando “desenhamos” um ponto, uma linha, um
plano ou um volume esses conceitos deixam de ser
conceitos e passam a ser formas ou
representações.

Figura 2.2.2.b
Fonte:
http://caroleau.blogspot.com.br/2006_06_01_archive
.html
Descrição: foto de uma mão com os dedos abertos.

As formas podem se apresentar como caracterizadas, basicamente, por quatro elementos


trabalhados pelo desenho: ponto, linha, plano e volume

Para estudarmos a composição do que vemos, precisamos entender primeiro que tudo o
que vemos são imagens. Precisamos entender quais são, o que são e como funcionam esses 4
elementos.

Videoaula!
Agora dê uma pausa na leitura e assista à primeira videoaula que mostra os
Elementos Conceituais do Desenho.

2.2.3 Elementos visuais

No tópico anterior, dissemos que os elementos conceituais não são visualizáveis, são um
conceito. Portanto, os elementos conceituais são abstratos, não existem de fato. No entanto, quando
desenhamos um objeto utilizamos representações dos elementos conceituais. Dessa forma, o ponto,
a linha, o plano e o volume adquirem novos aspectos como um formato, um tamanho, uma cor e uma

43
Competência 02

textura. Assim, quando representamos os elementos conceituais, eles ficam visíveis, e, portanto,
damos a eles propriedades visuais como forma, tamanho, cor e textura.

1) Formato

Um objeto quando pode ser visto possui um formato. É o formato que é percebido. Até
mesmo um ponto possui um formato, a partir do momento em que é representado. Veja a figura
abaixo.

Figura 2.2.3.a Figura 2.2.3.b


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: imagem de um ponto preto e a sua volta Descrição: à direita, um ponto dentro de um
um degradê cinza circular. quadrado branco.

2) Tamanho

Tudo que tem forma possui também um tamanho. O tamanho pode ser medido em
termos de largura, altura e profundidade, em centímetros, por exemplo, ou em qualquer outro
sistema de medidas. O tamanho de um objeto também pode ser medido com referência a outro
objeto. Na figura abaixo poderíamos medir os triângulos ou apenas dizer que o da esquerda é o maior
dos três, ou que o da direita é o menor dos três.

Figura 2.2.3.c
Fonte: os autores
Descrição: sequência de três triângulos que vão diminuindo de tamanho.

44
Competência 02

3) Cor

Um formato se distingue do seu entorno através da sua forma, do seu tamanho, mas
também através da sua cor, conforme dissemos no início deste caderno. Dedicaremos uma
competência inteiramente ao estudo da cor. Será na próxima competência 3.

4) Textura

A textura se refere à textura na superfície de um formato. Esse assunto será trabalhado


juntamente com o tema Cor na competência 3.

2.2.4 Elementos relacionais

Os elementos relacionais organizam a direção, posição, espaço e gravidade de um


desenho e de uma composição.

1) Direção

A direção de um formato depende da sua relação com o observador, da moldura que a


contém e dos demais formatos em uma composição. Nas figuras abaixo podemos perceber que a
linha está, com relação ao observador, horizontal na primeira figura; vertical na segunda figura e
oblíqua na terceira.

Figura 2.2.4.a
Fonte: os autores
Descrição: sequência de 3 segmentos de reta - o primeiro horizontal, o segundo vertical e o último oblíquo.

2) Posição

45
Competência 02

A posição também depende da relação com a moldura. Na primeira figura abaixo


podemos perceber que os círculos pretos estão posicionados diagonalmente. Na segunda figura os
círculos estão lado a lado. Na terceira figura os círculos estão um acima e outro abaixo.

Figura 2.2.4.b
Fonte: os autores
Descrição: sequência de três imagens de dois círculos pretos dentro de um quadrado branco. Na primeira imagem os
círculos estão nos cantos do quadrado de maneira diagonal, na segunda imagem os círculos estão lado a lado de
maneira horizontal e na terceira imagem os círculos estão lado a lado de maneira vertical.

3) Espaço

Qualquer formato ocupa espaço, por menor que seja. Assim, o espaço dentro de uma
moldura pode ser ocupado ou deixado vazio. Um formato ocupa espaço dentro de uma moldura e o
espaço ocupado mantém uma relação com o espaço não ocupado.

Nas figuras abaixo podemos perceber a diferença na relação do círculo preto com relação
à moldura. Na primeira figura o círculo ocupa quase o todo o espaço compreendido da moldura. A
relação entre espaço ocupado e espaço não ocupado é desequilibrada, porque há mais espaço
ocupado do que espaço não ocupado.

Na segunda moldura a relação é o contrário, nesse caso há mais espaço não ocupado do
que espaço ocupado. Na terceira figura a relação entre espaço ocupado e espaço não ocupado é mais
equilibrada.

46
Competência 02

Figura 2.2.4.c
Fonte: os autores
Descrição: sequência de três imagens de círculos pretos dentro de um quadrado branco. Na primeira, o círculo
tangencia as arestas do quadrado. Na segunda, o círculo é bem menor dentro do quadrado. Na última, a proporção
entre o círculo e o quadrado é parecida.

4) Gravidade

A gravidade é um componente mais psicológico na nossa relação com a forma. Uma forma
pode transmitir estabilidade, instabilidade, leveza, peso, por exemplo. Na primeira figura abaixo
vemos um quadrado preto. O quadrado é uma figura que possui uma estabilidade intrínseca quando
posicionado com um dos lados na horizontal do observador. Porém, quando mudamos a direção
desse mesmo quadrado, produzimos uma figura instável, conforme a segunda figura.

Figura 2.2.4.d
Fonte: os autores
Descrição: sequência de imagem de dois quadrados. Um apoiado na aresta e outro apoiado em um dos vértices
(oblíquo em relação à folha).

Na primeira figura abaixo vemos um triangulo que é uma figura que, quando posicionada
com um dos lados na horizontal do observador, adquire um peso.

Porém, quando invertemos a posição da figura produzimos uma figura que faz referência
à leveza, conforme podemos ver na segunda figura.

47
Competência 02

Figura 2.2.4.e
Fonte: os autores
Descrição: dois triângulos, um apoiado pela aresta e outro apoiado pelo vértice (um invertido em relação ao outro).

2.2.5 Elementos práticos

Os elementos práticos, assim como os elementos conceituais, também são abstratos e


estão relacionados com a representação, o significado e a função de um desenho.

1) Representação

Um desenho pode ser derivado de algo que está na natureza ou pode ser uma criação do
homem. Em ambos, é uma representação. No entanto, essa representação pode ser realista,
estilizada ou abstrata. Realista, baseada na observação e representação o mais próximo possível
da realidade. Na figura abaixo podemos ver um exemplo de representação realista. Nesse caso, o
profissional procurou desenhar o mais próximo possível da realidade, retratando o artista da foto.

Figura 2.2.5.a
Fonte: https://desenhosrealista.files.wordpress.com/2013/09/desenho-realista-michael-jackson.jpg
Descrição: fotografia de Michael Jackson e um desenho realístico em tons de cinza da fotografia.

48
Competência 02

A representação estilizada é uma imitação modificada de algo. Essa modificação pode ser
uma tendência de simplificação ou, pelo contrário, uma tendência ao exagero de alguns aspectos. Na
figura abaixo podemos ver um exemplo do desenho estilizado, o artista desenha frutas, flores e um
coração, de forma estilizada, e não uma cópia do modelo real, utilizando sua própria interpretação
dos objetos reais.

Figura 2.2.5.b
Fonte: https://bananacraftblog.files.wordpress.com/2009/02/kitcarimbofrutas.jpg
Descrição: desenhos estilizados de flores, maçãs e peras.

Representação abstrata é o processo ou resultado de generalização por redução do


conteúdo da informação de um conceito, nesse caso um desenho. Isso é feito com o intuito de reter
apenas a informação que é considerada relevante. Na figura abaixo vemos um clássico exemplo de
desenho abstrato, nesse caso podemos perceber uma clara referência aos elementos geométricos.

Figura 2.2.5.c Composição 8 de Wassily Kandinsky, 1923


Fonte: https://www.arteeeducacao.net/_Media/kandinski_02_med.jpeg

49
Competência 02

Descrição: quadro abstrato com referências geométricas coloridas.

2) Significado

O significado em um desenho existe quando o desenho transmite uma ideia.

3) Função

A função existe quando um desenho serve a um propósito como, por exemplo, os


desenhos das figuras abaixo. Na primeira figura podemos ver um desenho técnico que possui a função
de representar algo que será construído de fato. Na segunda figura podemos ver um desenho de um
casaco, que possui um propósito específico, nesse caso relacionado à moda, que poderá tornar-se
real.

Figura 2.2.5.d
Fonte: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABatIAJ-172.jpg
Descrição: desenho técnico de um parafuso com três vistas ortográficas.

50
Competência 02

Figura 2.2.5.e
Fonte: http://www.cursotecnicors.com.br/dicas-de-carreira/o-que-faz-um-tecnico-em-vestuario.html
Descrição: desenhos técnicos de roupas. À esquerda, desenho técnico de um vestido longo e à direita desenho técnico
de um casaco.

2.3 Composição 1: aspectos e criação da forma

2.3.1 Moldura de referência

Conforme foi dito no capítulo anterior, os elementos do desenho estão relacionados entre
si. Por isso, é muito difícil separá-los. Quando pensamos em cada elemento em separado é quase
impossível percebê-los. Mas quando juntamos todos os elementos, estes determinam a aparência e
o conteúdo final do desenho. Todos os elementos descritos acima estão localizados no interior de
uma fronteira, como uma folha de papel, uma tela, etc. Essa fronteira é chamada de Moldura de
Referência. Segundo Wong, “a moldura de referência marca os limites externos de um desenho”. A
moldura de referência define uma área dentro da qual os elementos criados e o espaço não utilizado
(chamado de espaço vazio, residual) trabalham juntos. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que
todos os espaços dentro da moldura de referência são parte integrante da composição! Veja o
exemplo das figuras abaixo. Note a relação entre o círculo preto e a moldura de referência nas duas
figuras.

Figura 2.3.1.a Figura 2.3.1.b


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: à esquerda, círculo preto pequeno em um quadrado branco, o círculo está localizado no canto esquerdo
inferior. À direita, mesma figura, só que dessa vez o quadrado branco tem aproximadamente o dobro do tamanho.

Percebeu a diferença? Temos o mesmo desenho, no caso um círculo preto, mas


modificando o tamanho da moldura de referência modificamos também a relação entre espaço
utilizado, pelo círculo, e espaço não utilizado. Dessa forma, temos duas composições diferentes.

51
Competência 02

Portanto, note que a moldura de referência também faz parte da composição. A moldura de
referência não precisar ser, obrigatoriamente, real. Como assim? Caso seja real então o limite (linhas)
deve ser considerado como desenho. Mas, caso a moldura esteja implícita (não desenhada), como as
bordas de uma folha de papel, ou os limites de um cartaz, a página de uma revista, esses limites se
tornam molduras de referência para os desenhos contidos dentro dessa superfície.

Figura 2.3.1.c Figura 2.3.1.d


Fonte: https://site-amb-s3.clubedaana.com.br/ Fonte: http://www.abcdesign.com.br/
Descrição: Capa da Revista Ana Maria, com a Descrição: cartaz de concurso de design em que aparece
apresentadora Ana Maria Braga. uma colher vazada, usada geralmente para pegar
macarrão. Essa colher também lembra um olho.

A moldura de referência cria uma relação entre o desenho ou figura que utiliza espaço
dentro da moldura. O espaço não utilizado dentro da moldura é o segundo plano. Essa relação é
chamada de relação figura-fundo. No interior de uma moldura pode ser inserida uma, duas ou mais
formas.

A composição será o resultado de relação entre a figura e o fundo ou, se houver mais de
uma figura, a composição residirá entre as figuras entre si e destas com o fundo.

2.3.2 Forma e espaço

A forma é o espaço ocupado, também chamado de positivo. O fundo é o espaço não


ocupado, também chamado de negativo. O espaço positivo é visto como um formato positivo
circundado por um espaço negativo.

52
Competência 02

Figura 2.3.1.b Figura 2.3.2.b


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: triângulo preto em fundo branco. Descrição: triângulo branco em fundo preto.

O espaço negativo é visto como um formato negativo circundado por um espaço positivo.
Um formato é percebido como plano quando não apresenta profundidade, como na figura abaixo. O
coração é uma superfície plana que está inserida em outra superfície plana, que é a moldura de
referência.

Figura 2.3.2.c
Fonte: os autores
Descrição: coração desenhado na cor vermelha.

Porém, mesmo dentro de uma moldura plana, podemos criar um efeito de profundidade,
ou tridimensional. A sobreposição dos quadrados cria um efeito de espessura dando profundidade à
composição. O efeito de profundidade também pode ser criado utilizando-se cor, diferenças de tons
ou ainda textura.

Figura 2.3.2.d Figura 2.3.2.e Figura 2.3.2.f

53
Competência 02

Fonte: os autores Fonte: os autores Fonte: os autores


Descrição: dois quadrados Descrição: esfera com reflexo de luz e Descrição: esfera com textura de
sobrepostos. sombra pequenos triângulos

2.3.3 Visualização da forma

Uma forma pode ser visualizada de várias formas, através de pontos, linhas ou planos.
Um círculo, por exemplo, pode ser visualizado por pontos.

Figura 2.3.3.a Figura 2.3.3.b


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: circunferência com linha pontilhada. Descrição: círculo feito com pontilhismo.

Por exemplo, um círculo pode ser visualizado por linhas.

Figura 2.3.3.c Figura 2.3.3.d


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: circunferência com borda fina Descrição: circunferência com borda grossa.

Por exemplo, um círculo pode ser visualizado por planos ou superfícies.

Figura 2.3.3.e Figura 2.3.3.f Figura 2.3.3.g Figura 2.3.3.h


Fonte: os autores Fonte: os autores Fonte: os autores Fonte: os autores

54
Competência 02

Descrição: círculo com Descrição: círculo com Descrição: círculo com Descrição: círculo com
preenchimento preto e preenchimento de textura preenchimento branco e preenchimento gradiente
fundo branco fundo preto

Viu como podemos criar uma mesma forma a partir de pontos, linhas e superfícies? É
necessário criatividade e conhecimento, o qual você está aprendendo aqui!

2.3.4 Desenho e forma

Segundo Wong (1998), “o desenho é a composição completa, na qual a forma é a parte


mais evidente”. Algumas vezes todos os elementos que estão em uma composição são entendidos
de forma única. Porém, é mais comum que formatos diferentes sejam entendidos como elementos
individuais dentro de uma composição.

Qual é então a melhor maneira de entender/fazer uma composição? Não existe receita.
Um profissional pode partir de um elemento e chegar até a composição. Mas, por outro lado, pode
pensar primeiro na composição geral, para depois definir seus elementos componentes.

2.3.5 Formas

Uma composição pode ser constituída por apenas uma forma. Essa forma é chamada de
singular. Em um tipo de composição assim a forma é claramente definida e compreendida. Na figura
abaixo podemos ver a forma de uma maçã. Ela é única na composição.

Figura 2.3.5.a
Fonte: http://papeis2.blogspot.com.br/2016/03/maca-desenhos-para-colorir.html
Descrição: desenho de uma maçã feito apenas com linhas.

55
Competência 02

Quando uma forma é repetida em uma composição, chamamos de forma plural. Os


componentes não precisam ser exatamente iguais, podem haver ligeiras modificações. Na figura
abaixo temos uma composição na qual a folha é o motivo, mas a mesma folha aparece em diferentes
formatos.

Figura 2.3.5.b
Fonte: http://colorirdesenhos.com/desenhos/1008-folha-arvore
Descrição: desenho de folhas típicas de outono, características de alguns países.

Quando uma composição é constituída por diferentes formas, chamamos essa


composição de composta. Na figura abaixo podemos ver diversas formas compondo essa
composição.

Figura 2.3.5.c
Fonte: https://www.artesanatopassoapassoja.com.br/wp-content/uploads/2017/12/cesta-2.jpg
Descrição: desenhos de uma cesta de frutas com uvas, pêra e maçãs feitos apenas com traços.

Quando as formas utilizadas na composição fazem referência à forma encontrada na


natureza esta forma é denominada de composição orgânica. Geralmente, as formas orgânicas estão
relacionadas às linhas livres, linhas curvas que fazem contornos diversos que não obedecem a regras
rígidas. Uma forma orgânica pode ser desenhada à mão livre, sem ajuda de instrumentos. Nas três
figuras acima temos exemplos de composições orgânicas. Os formatos geométricos também podem
constituir as composições. Para criar formas geométricas é necessário o auxílio de instrumentos de

56
Competência 02

desenho para traçar linhas e planos. As linhas retas são traçadas com o auxílio de réguas. As linhas
curvas, como círculos e arcos, precisam do auxílio de compasso. No desenho de formas geométricas
a precisão é uma característica a ser buscada com o intuito de reduzir ao máximo os indícios de
movimento das mãos, ao contrário das formas orgânicas, conforme podemos ver na figura abaixo.

Figura 2.3.5.d
Fonte: os autores
Descrição: desenhos de sólidos geométricos - prismas, cones, cilindros.

2.3.6 Criando e relacionando formas geométricas e orgânicas

As formas em geral podem ser geométricas e orgânicas. As formas geométricas estão


mais relacionadas às criações abstratas feitas pelo homem. Como as formas básicas abaixo:
quadrado, triângulo e círculo.

Figura 2.3.6.a Figura 2.3.6.b Figura 2.3.6.c


Fonte: os autores Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: formas geométricas planas: quadrado, triângulo e círculo.

As formas orgânicas estão relacionadas às formas que podem ser encontradas na


natureza, como nos exemplos abaixo.

57
Competência 02

Figura 2.3.6.d Figura 2.3.6.e


Fonte: https://colorirdesenhos.com/desenhos/1008-folha- Fonte: http://desenhospracolorir.com.br/beija-flor/
arvore Descrição; beija-flor se alimentando em uma flor.
Descrição: folha representativa do outono.

As formas geométricas e orgânicas podem ser trabalhadas, quer dizer, inseridas em uma
moldura de referência. A partir daí já podemos começar a pensar na relação entre a figura com a
moldura de referência na composição. Observe nos exemplos abaixo.

Figura 2.3.6.f
Fonte: os autores
Descrição: quadrado, triângulo e círculo em diferentes posições em relação ao plano (quadrado) nos quais estão
inseridos.

Você percebeu como para cada linha utilizamos exatamente os mesmos elementos? O
que muda então? Trabalhamos apenas a relação com a moldura de referência. As formas geométricas
podem ser criadas utilizando pontos, linhas e superfícies. Conforme vimos no início desse caderno,
podemos ter uma grande variedade de linhas e superfícies. Essa variedade de elementos também
pode ser relacionada de infinitas maneiras. São infinitas as possibilidades de composição! Já pensou
sobre isso?

58
Competência 02

Quando as linhas criam uma figura fechada estabelecem, então, uma região, superfície
ou plano. Essa região pode ser preenchida com uma cor ou textura para destacar o que queremos.
Assim, infinitas superfícies podem ser criadas.

Podemos ainda sobrepor regiões ou recortá-las.

Quando combinamos duas ou mais superfícies, as superfícies iniciais não perdem sua
identidade. Podemos olhar a composição final e discernir como ela foi feita, a partir de que elementos
iniciais ela foi elaborada.

Uma mesma figura pode ser multiplicada e utilizada repetidamente em uma composição.
Observe as duas composições abaixo. Qual a diferença entre a primeira e a segunda?

Figura 2.3.6.g Figura 2.3.6.h


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: quadrados do mesmo tamanho Descrição: triângulos sobrepostos como uma escada. À
sobrepostos como uma escada. medida que ficam em cima, diminuem de tamanho.

Na primeira, repetimos o mesmo elemento, um quadrado. Para isso, fizemos um


reposicionamento das figuras cópia. No segundo exemplo a figura, um triângulo, foi multiplicada, mas
dessa vez aplicamos uma escala nas figuras cópia na medida em que realizamos o reposicionamento
das cópias.

Podemos ainda fazer uma sobreposição de figuras. Observe:

Figura 2.3.6.i Figura 2.3.6.j Figura 2.3.6.k


Fonte: os autores Fonte: os autores Fonte: os autores

59
Competência 02

Descrição: 3 imagens de dois quadrados sobrepostos. Na primeira, o quadrado mais abaixo está em posição de
destaque. Na segunda, não é marcado os limites dos quadrados entre si, o que dá a impressão de outra figura
geométrica. E na última imagem, o quadrado de cima está em destaque (mais a frente).

Qual é a diferença entre as três composições? Você sabe dizer por que há uma diferença?

A diferença é que na primeira composição a figura sobreposta está destacada da figura


que está embaixo, o lugar da sobreposição está diferenciado por uma linha de contorno branca. A
percepção é de que o quadrado que está embaixo está sobreposto. Na segunda composição não há
diferenciação entre as figuras. A sobreposição na verdade é uma junção mútua. Na terceira
composição o quadrado de cima está claramente sobreposto ao inferior.

Outra aplicação é a divisão de uma superfície. Podemos dividir um plano ou superfície em


partes iguais ou desiguais inserindo linhas que o “cortam”.

Figura 2.3.6.l Figura 2.3.6.m


Fonte: os autores Fonte: os autores
Descrição: quadrado dividido por uma diagonal. Descrição: quadrado dividido em três partes aleatórias.

2.4 Composição 2: relacionando formas

Videoaula!
Agora dê uma pausa na leitura e assista à segunda videoaula que mostra como
podemos relacionar formas.

60
Competência 02

2.5 Composição 3: relacionando formas II

2.5.1 Equilíbrio

Dondis (1997) afirma que a mais importante influência, tanto psicológica como física,
sobre a percepção humana é a necessidade que o homem tem de equilíbrio, de “ter os pés plantados
no solo”. O equilíbrio é a referência visual mais forte e firme do homem, sua base consciente e
inconsciente para fazer avaliações visuais. A posição do centro de gravidade em relação à base de
sustentação de um corpo influencia o seu equilíbrio.

Onde está o equilíbrio da bailarina?

Figura 2.5.1.a Fotografia de Andrew Davidhazy


Fonte: http://ensinofisicaquimica.blogspot.com/2008/12/centro-de-gravidade-e-equilbrio.html
Descrição: imagem de uma bailarina se movimentando. A fotografia da bailarina se repete e se sobrepõe mostrando
várias imagens em sequência, dando a ideia de movimento.

O equilíbrio está na relação entre o vertical e o horizontal e depende do centro de


gravidade.

Você sabe o que é centro de gravidade e equilíbrio?

61
Competência 02

Gravidade
O centro de gravidade desempenha um papel importante na análise do equilíbrio de corpos
sólidos. Sua posição relativa pode determinar o tipo de equilíbrio, por exemplo, estável ou
instável.

Equilíbrio
e.qui.lí.brio
sm (lat aequilibriu) 1 Fís Estado de um corpo que é atraído ou solicitado por forças cuja
resultante é nula. 2 Fís Estado de um corpo que se mantém sobre um apoio, sem se
inclinar para nenhum dos lados. 3 Polít Estado da política geral em que as nações convivem
de maneira que nenhuma pode pôr outra em perigo. 4 Justa proporção. 5 Polít Estado dos
poderes públicos, que se relacionam, sem que nenhum deles domine ou suplante
outro. 6 Proporção, harmonia. 7 Sociol Equivalência de forças antagônicas num sistema
fechado de inter-relação dinâmica. 8fig Comedimento, moderação cautelosa. Perder o
equilíbrio: desviar-se da posição de equilíbrio e cair.
Fonte: http://michaelis.uol.com.br/

Existem métodos para calcular o centro de gravidade, mas o nosso senso intuitivo de
equilíbrio faz isso naturalmente.

Na figura abaixo não precisamos de nenhum cálculo para saber que o homem está em
equilíbrio.

Figura 2.5.1.a
Fonte: www.seara.ufc.br/sugestoes/fisica/mec1.htm
Descrição: desenho de um homem apoiado na parede.

62
Competência 02

Mas esse é um equilíbrio estático, simétrico. O que acontece se o homem da figura


levantar uma das pernas?

Seu centro de gravidade muda e ele terá que fazer um contrapeso para se manter em
equilíbrio.

Figura 2.5.1.b
Fonte: www.seara.ufc.br/sugestoes/fisica/mec1.htm
Descrição: desenho de homem equilibrando-se em uma perna só.

Note que ele abriu um pouco mais os braços para se manter em equilíbrio. Segundo
Dondis (1997), o estado oposto ao do equilíbrio é o colapso. Para avaliar o efeito do desequilíbrio
basta observar a expressão facial de surpresa na vítima de um empurrão.

2.5.2 Tensão

A tensão será trabalhada como oposto de repouso. Quando observamos um quadrado


nos deparamos com que sensação?

Figura 2.5.2.a
Fonte: os autores
Descrição: um quadrado branco.

63
Competência 02

Estabilidade? Equilíbrio? Tédio? Repouso? Sim, todas elas.

Agora analise o círculo:

Figura 2.5.2.b
Fonte: os autores
Descrição: um círculo branco.

Instabilidade? Movimento? Sim! Mas e se fizermos isso?

Figura 2.5.2.c
Fonte: os autores
Descrição: círculo branco com retas tracejadas na posição de um “T” de cabeça para baixo.

Com a introdução das linhas horizontal e vertical conseguimos estabilizar o círculo. Como
dissemos antes, a busca por equilíbrio e estabilidade é natural de todo ser humano. Dessa forma, o
que está em estado de tensão chama mais fortemente nossa atenção. Vamos testar essa afirmação?

Observe os dois círculos abaixo:

Figura 2.5.2.d e figura 2.5.2.e


Fonte: os autores

64
Competência 02

Descrição: à esquerda, circunferência com um seguimento que parte do centro para borda na posição de 12h. À direita,
mesma imagem, entretanto com o seguimento de reta na posição de 13h.

Qual dos dois chamou mais a sua atenção?

Provavelmente o que está com o raio colocado de forma oblíqua. Como dissemos a tensão
atrai nossa atenção!

Tanto para o emissor quanto para o receptor da informação visual, a falta de equilíbrio e
regularidade é um fator de desorientação.

A tensão não é vista aqui como algo bom ou ruim. O fato é que ela existe e pode ser
utilizada como recurso compositivo quando se quer dar destaque a determinado elemento.

2.5.3 Nivelamento e aguçamento

A estabilidade e harmonia são polaridades daquilo que é visualmente inesperado e


daquilo que cria tensões na composição. Observamos esse campo visual retangular.

Uma boa demonstração disso está nos exemplos:

Figura 2.5.3.a e figura 2.5.3.b


Fonte: os autores
Descrição: à esquerda, um ponto preto no centro de um retângulo.
À direita, mesmo ponto com eixos tracejados.

Na primeira figura o ponto está colocado no meio do retângulo, ou seja, está equilibrado
tanto com relação ao eixo vertical quanto ao eixo horizontal, como podemos verificar na segunda
figura.

Nas figuras abaixo o ponto foi colocado no canto direito do eixo vertical e acima do eixo
horizontal, provocando uma sensação de aguçamento, atraindo nossa atenção.

65
Competência 02

Figura 2.5.3.c e figura 2.5.3.d


Fonte: os autores
Descrição: mesma figura anterior, entretanto, o ponto agora está no canto superior direito.
E a figura à direita apresenta eixos com traço e ponto.

Há ainda uma terceira posição na qual o ponto não está exatamente nem em um estado
de nivelamento nem de aguçamento.

Figura 2.5.3.e
Fonte: os autores Figura 2.5.3.f
Fonte: os autores
Descrição: mesma imagem anterior, só que dessa vez o ponto está descentralizado apenas um pouco.

Já compreendemos, portanto, que nivelamento e aguçamento são opostos.

2.5.4 A preferência pelo canto inferior esquerdo

Dondis é um dos autores que afirmam que existe uma preferência pelo canto inferior
esquerdo de uma composição qualquer. Isso significa que quando observamos uma figura ou
composição nosso olho procura o canto inferior esquerdo automaticamente.

66
Competência 02

Figura 2.5.4.a
Fonte: os autores
Descrição: quadrado branco dividido em quadrantes com retângulo vermelho no canto inferior esquerdo.

Não existe uma explicação exata porque esse fenômeno ocorre. Porém, alguns autores,
assim como Dondis, acreditam que essa preferência é uma característica ocidental, uma vez que
aprendemos a ler e a escrever da esquerda para a direita. Dessa forma, nosso cérebro estaria
condicionado a esse movimento. Esse conhecimento pode ser explorado pelo artista no momento da
concepção de uma composição.

2.5.5 Atração e agrupamento

Quando falamos de atração e agrupamento estamos falando de duas leis básicas e


naturais do ser humano. A primeira delas é a necessidade de construir conjuntos a partir de unidades,
ou seja, a necessidade de agrupar para compreender.

A segunda delas é uma regra básica da linguagem visual na qual opostos se repelem e
semelhantes se atraem. Observe as figuras abaixo:

Figura 2.5.5.a e figura 2.5.5.b


Fonte: os autores
Descrição: à esquerda, a imagem apresenta dois pontos pretos aleatórios dentro de um quadrado branco. À direita, os
mesmos pontos aparecem de maneira ordenada e juntos no canto direito inferior.

O que você percebeu?

67
Competência 02

Na primeira figura os pontos parecem se repelir. Na segunda figura os pontos parecem se


atrair.

Por que isso aconteceu?

Na primeira figura os pontos disputam nossa atenção, eles são percebidos como
individuais devido à distância entre eles, tudo isso transmite a impressão de que eles se repelem. Na
segunda figura os pontos estão a uma distância pequena, gerando uma relação de proximidade e
intimidade entre eles, dessa forma parecem se harmonizar, consequentemente se atraindo.

Com relação à segunda lei do agrupamento estamos falando de similaridade. Como


dissemos, na linguagem visual os opostos se repelem, mas os semelhantes se atraem. Quando
percebemos as figuras abaixo nossa tendência é agrupá-las por serem todas círculos azuis, nesse caso
a variação de tamanho e tom não tem força suficiente para desfazer o agrupamento.

Figura 2.5.5.c
Fonte: os autores
Descrição: círculos azuis e figuras ovais distribuídos de maneira aleatória.

2.5.6 Positivo e Negativo

Positivo e negativo não se referem absolutamente à obscuridade e à luminosidade. O que


domina o olho na experiência visual seria visto como elemento positivo. E como elemento negativo
consideramos tudo aquilo que se apresenta de forma mais passiva.

68
Competência 02

Figura 2.5.6.a
Fonte: os autores
Descrição: retângulo na vertical branco e ao lado uma elipse preta, seguida por um retângulo igual ao primeiro só que
dessa vez preto e uma elipse igual à primeira, só que branca.

Há outros exemplos de fenômenos psicofísicos da visão, que podem ser utilizados para
compreensão da linguagem visual.

O que é maior parece mais próximo dentro do campo visual. Elementos claros sobre
fundo escuro parecem expandir-se, ao passo que elementos escuros sobre fundo claro parecem
contrair-se.

Figura 2.5.6.b
Fonte: os autores
Descrição: à esquerda, dois retângulos verticais azuis de tamanhos diferentes.
À direita, dois retângulos verticais, um branco e um preto, entre eles há um quadrado azul e ao lado do retângulo preto
um quadrado branco.

69
Competência 03

3. Competência 03 | Identificar os elementos básicos para a execução de


um projeto com equilíbrio e harmonia adequados aos usuários

Seja bem-vindo (a) à terceira competência desta disciplina. Agora vamos estudar as cores
e como esse recurso pode ser utilizado para auxiliar o processo de composição. Você irá conhecer a
definição de cor, cor e luz, cor e pigmento e paleta de cores. O objetivo principal desta competência
é mostrar como a cor é importante para o processo criativo e como elas fazem parte do controle do
resultado de uma composição.

3.1 Cor-luz e cor-pigmento

A cor é uma sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. Então, para
percebemos a cor, estamos condicionados a dois fatores: o olho e a luz.

Podemos classificar a cor dependendo do estímulo em cor-luz e cor-pigmento. Essas


diferenças e definições são extremamente importantes para aqueles que trabalham com composição
digital ou para mídias impressas. É o primeiro caminho para auxiliar nas escolhas entre as paletas
CMYK e RGB disponíveis no computador. Vamos saber o que são CMYK e RGB em breve. A seguir
vamos entender as definições para cor-luz e cor-pigmento. Será que elas são iguais?

Existe uma diferença entre cor-luz e cor-pigmento. A cor-luz é a forma que podemos usar
para expressar a radiação luminosa visível ao olho humano. O olho humano identifica uma estreita
faixa de frequência do espectro luminoso. A cor-luz se baseia na luz solar ou em fontes artificiais de
iluminação. Sendo assim, temos como exemplo maior de todas as cores reunidas o sol. A cor-luz
branca solar representa a própria luz capaz de se decompor em todas as cores. E as emissões dos
raios solares sobre as diversas superfícies é o que vai determinar a cor delas para o olho humano.

À reunião de todas as cores luz, se dá o nome de síntese aditiva e o resultado é o branco,


logo, a ausência total de luz resulta no preto. Veremos mais adiante esse assunto com mais detalhe.

A cor-pigmento é a cor observada no reflexo da luz em algum objeto. Cor-pigmento é a


substância material, é a cor que conseguimos tocar! E como vemos a cor material? De acordo com a
natureza do material, a luz emitida nele irá ser absorvida, refratada e refletida. A luz refletida é a que

70
Competência 03

é percebida por nós e, assim, surge a denominação das cores que conhecemos. Então, se uma
superfície é vista em vermelho é porque está refletindo a luz vermelha sob ação da luz.

Diferentes materiais refletem apenas determinadas faixas do espectro visível,


decompondo a luz natural branca, resultando na cor observada especificamente. A tinta é a
substância na qual pigmentos são concentrados e usados para imitar o fenômeno da cor-luz. O
pigmento surge extraído da natureza, em materiais de origem vegetal, animal ou mineral.
Paralelamente, não pode ser esquecida a forma como a cor surge ao olho humano e ainda a
interferência que a intensidade da luz (luminosidade) poderá ter sobre a mesma.

Vamos imaginar? Se imagine numa câmara escura, num quarto, ou numa caixa. Se bem
vedado após você entrar, você não verá nada, pois como já vimos para o olho distinguir cor, ele
precisa de luz. Sem luz, não há cor. Nesse caso, o preto é a ausência de luz. Por isso também, alguns
autores referem-se ao preto como uma sensação acromática (sem cor). Assim, abrimos mais um
espaço para reflexão. Dissemos há pouco que, ao vermos uma superfície vermelha, é porque ela está
refletindo a luz vermelha que recebeu do ambiente. Se o ambiente está sem luz, qual seria a cor dessa
superfície? Assim, estamos estabelecendo que as cores são de fato reações sensoriais à luz. Sem luz,
temos a ausência de cor e todas as superfícies ficam pretas.

3.1.1 Paleta RGB

Paleta RGB é o nome que se dá à paleta de cores azul, vermelho e verde. No entanto,
como o nome das cores é dado em inglês temos azul = Blue, vermelho = Red e verde = Green. Dessa
forma, as cores da paleta RGB (Red, Green e Blue) são formadas pela mistura das cores vermelho,
verde e azul (as cores primárias). A mistura de todas elas dá o branco, pois elas são exatamente
como as cores-luz. Então, se você está fazendo um trabalho para ser usado somente em vídeo
(apresentação, filme, slides), ele poderá ser desenvolvido nesta paleta de cores.

Observe a figura abaixo que mostra a paleta RGB. Perceba as misturas de cores. Como
ficam as misturas de todas as três cores? A mistura das três cores é a cor branca. E a mistura do
vermelho com o verde? Amarelo! E a mistura do vermelho com o azul? Magenta! A mistura do verde
com azul é o azul cyan.

71
Competência 03

Figura 3.1.1.a: Paleta RGB


Fonte: https://iranmarkus.wordpress.com/2017/05/11/sintese-aditiva-x-sintese-subtrativa/
Descrição: três círculos se intersecionam, um vermelho, outro azul e um verde.
Na interseção de dois círculos aparecem as cores magenta (entre o azul e o vermelho), cyan (entre o azul e o verde) e
amarelo (entre o verde e o vermelho). E na interseção dos três círculos aparece a luz branca.

Você encontrará essa paleta no Adobe Photoshop, PaintBrush, CorelDraw, Adobe


Illustrator, Adobe Indesign, entre outros softwares de desenho e editoração.

3.1.2 Paleta CMYK

As cores da paleta CMYK (Cyan, Magenta, Yellow e Black) são formadas pelas cores
secundárias (resultantes de misturas específicas das cores primárias), mas com intensidade diferente.
Essas cores (ciano, magenta, amarelo e preto) são bem vivas quando puras. É uma paleta que oferece
uma infinidade de variações cromáticas, baseadas na mistura das quatro ou de ao menos duas das
quatro cores de base. É largamente utilizada na indústria gráfica e deve ser usada em impressos.

72
Competência 03

Figura 3.1.2.a: Paleta CMYK


Fonte: http://fau-do1.blogspot.com/2011/04/aula-cor-1.html
Descrição: três círculos se intersecionam, um amarelo, outro magenta e o último cyan. Na interseção de dois deles
aparecem as cores vermelho (entre magenta e amarelo), violeta (entre magenta e cyan) e verde (entre cyan e amarelo).
Na interseção dos três surge a cor preta.

Na indústria gráfica não existe saída de máquina em paleta RGB. O que vai acontecer se
você finalizar um arquivo em RGB e mandar para a gráfica? Automaticamente a saída da máquina
transforma a cor que era RGB em CMYK, mas não garante 100% de igualdade na intensidade e
saturação da coloração. Vale considerar que são escalas que partem de misturas de cores diferentes:
numa verde, vermelho e azul; noutra ciano, magenta, amarelo e preto. Por esse motivo, para garantir
qualidade no seu trabalho e segurança na impressão, para trabalhos impressos escolha a escala CMYK
ou outra que a indústria gráfica já esteja trabalhando.

Verifique sempre com a gráfica, não se esqueça!

3.1.3 Paleta Pantone

A paleta Pantone também é aceita na indústria gráfica, mas é bem diferente do processo
de coloração das outras já abordadas neste estudo. Veja os exemplos abaixo.

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Competência 03

Laranja – RGB Laranja – CMYK Laranja – Pantone


Fonte: Os autores Fonte: Os autores Fonte: Os autores
Descrição: três quadros com quadrados na cor laranja em escalas diferentes de cor. Um laranja em RGB, outro em
CMYK e outro em Pantone.

Como funciona a paleta Pantone na gráfica, se não existe numeração de mistura?

A paleta Pantone não oferece as quantidades de cores nem as cores bases da mistura.
São cores que já vêm prontas da própria PANTONE. Então, a mistura já vem feita. É como quando
compramos esmaltes, galões de tintas, etc. A cor já vem em mistura. Assim, se você fizer um trabalho
em Pantone e finalizá-lo para ser impresso em Pantone, ou a indústria gráfica comprará a quantidade
de tinta suficiente na fábrica Pantone para imprimir ou transformará para uma cor similar em CMYK.
Alguns softwares de ilustração e edição de imagem oferecem para uma mesma cor as numerações
das escalas Pantone, CMYK e RGB. A Pantone apresenta uma numeração identificadora de cada cor.

Figura 3.1.3.a: Escala Pantone.


Fonte: http://clubedodesign.com/wp-content/uploads/2016/12/pantone.jpg
Descrição: escala de cor Pantone.

74
Competência 03

Para que usar a escala Pantone então? Existem cores que não são possíveis nas misturas
CMYK e RGB, são cores conhecidas como especiais, como dourado, prateado, metalizados em geral,
tons neon. É possível conseguir aproximações cromáticas na paleta RGB e CMYK, mas os tons
metalizados na paleta PANTONE são a melhor opção. Além disso, a escala Pantone também passa a
ser mais econômica para alguns impressos.

3.2 Misturando cores

Agora você já conhece algumas paletas de cor e também as definições de cor-luz e cor-
pigmento. Vamos abordar neste item as cores primária e secundária. Também estudaremos sobre a
síntese aditiva e subtrativa.

3.2.1 Cor Primária, Cor Secundária, Síntese Aditiva e Síntese Subtrativa

Você já deve ter ouvido falar em cores primárias e secundárias. É termo comum desde a
educação de base. Vamos conhecer um pouco mais?

Leonardo da Vinci, em seus estudos iniciais, definiu como primárias as cores: vermelha,
amarelo, verde e azul. Avanços posteriores nos estudos comprovaram que para a cor pigmento o
verde poderia não ser considerado primário, uma vez que da mistura do amarelo com o azul se obtém
o verde.

Cores primárias ou geratrizes – são as cores puras, que não podem ser decompostas, mas
que podem ser misturadas para produção de outras. As cores primárias quando combinadas
produzem todas as cores do espectro cromático.

A definição de cor primária ao pé da letra é a da cor indecomponível. Ao pensar cor-luz,


as cores primárias são vermelho, verde e azul. Ao se pensar cor-pigmento, corante, as cores
indecomponíveis são vermelho, amarelo e azul.

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Competência 03

Figura 3.2.1.a: cores primárias segundo definição Figura 3.2.1.b: cores primárias segundo definição
COR/LUZ COR/PIGMENTO
Fonte: http://jurema- Fonte: www.grupoescolar.com/galeria/fotos/94907.jpg
sampaio.pro.br/strani_felicita/primarias.htm Descrição: três círculos na cor vermelho, amarelo e azul.
Descrição: três círculos na cor azul, vermelho e verde.

Cores secundárias – são as cores formadas do equilíbrio óptico de duas cores primárias.
Podemos então dizer que a mistura do amarelo e azul das cores pigmento produzirá o verde como
secundário. Da mesma forma, a mistura do vermelho com o amarelo produzirá o laranja, enquanto
cor pigmento.

As cores primárias são as cores básicas a partir das quais se obtêm todas as cores do
espectro. No processo de síntese aditiva, cor-luz, o vermelho, o verde e o violeta (azul) também
podem ser chamadas de primárias. A mistura dessas três luzes coloridas produz o branco.

No processo de síntese subtrativa, cor-pigmento, as cores primárias são o magenta, o


amarelo e o ciano. A mistura, em partes iguais, dessas três cores produz o preto. As cores pigmentos
transparentes, (magenta, amarela e ciano) são chamadas primárias porque não podem decompor-se
em outras cores e da sua mistura se obtém todas as outras, chamadas de compostas: entre estas,
gradualmente, obtém-se as cores secundárias e as terciárias.

As cores secundárias resultam da mistura de duas cores primárias. O vermelho é formado


pelo magenta e o amarelo. O verde, da mistura do ciano com o amarelo e o violeta da mistura do
ciano com o magenta.

76
Competência 03

Figura 3.2.1.c: cores secundárias


Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-zx4VrH3LX7E/TWFe4GVvC0I/AAAAAAAAAHY/B5X3x7Fs8MA/s400/Slide12.JPG
Descrição: cores colocadas com os respectivos nomes dentro de círculos. Elas estão dispostas como se fosse uma conta
de somar, de maneira que combinando duas cores resulta numa terceira, para representar a formação das cores
secundárias.

As cores terciárias resultam da mistura de uma cor primária e de uma secundária, vizinhas
no círculo cromático, produzindo uma cor terciária. São seis: amarelo-esverdeado, verde-azulada,
azul-violeta, vermelho-violeta, vermelho-magenta, magenta-laranja, como nos mostra a imagem da
rosácea cromática abaixo.

Figura 3. 2.1.d: rosácea Cromática


Fonte: http://femininoealem.com.br/wp-content/uploads/2016/12/cores-600x378.jpg
Descrição: rosácea cromática. Cores na ordem horária: magenta, vermelho laranja, vermelho, amarelo alaranjado,
amarelo, amarelo esverdeado, verde, verde azulado, ciano, azul-violeta, violeta, vermelho violeta.

77
Competência 03

A rosácea cromática também é chamada de círculo cromático. Perceba que a rosácea


cromática trabalha a mistura das cores primarias cor-luz (azul, verde e vermelho) com as cores
primárias cor-pigmento (magenta, cyan e amarelo). Daí surgem as cores terciárias que vemos acima,
como amarelo-esverdeado, verde azulado, azul-violeta, vermelho-violeta, vermelho-magenta,
magenta-laranja. Sua utilidade está na sensação de harmonia entre as cores, vamos estudar um
pouco mais sobre a Rosácea Cromática ou Círculo Cromático no item seguinte.

3.3 Harmonia e contraste de cores

Vamos nos familiarizar com o círculo cromático para conhecer todas as maravilhas da
interação, harmonia e contraste de cores que podemos retirar dele. Também vamos aproveitar para
entender claramente o seguinte: por que as cores ficam dispostas em círculo e por que existe tão
fortemente essa interação entre pares?

3.3.1 Círculo cromático

Para facilitar nossos estudos, vamos continuar nossas reflexões sobre cor embasadas no
círculo cromático. Do círculo cromático podemos fazer as combinações cromáticas, perceber de
forma clara qual é a cor complementar, harmônica ou análoga à outra. Bem como perceber quais são
as cores quentes e frias.

O olhar humano, após uma mensagem de luz de alguma cor, equilibra-se formando a cor
complementar numa superfície lisa e branca. E por que branca? Se a superfície tivesse cor, você veria
uma cor que seria a mistura das duas. Exemplificando em cores: se você observasse por um tempo a
cor laranja, ao olhar uma superfície branca, veria um roxo-azulado. Ao olhar uma superfície amarela,
veria um esverdeado, pois a união do azul com o amarelo é o verde.

No círculo cromático as cores estão dispostas de acordo com essa complementaridade


que nosso próprio cérebro nos mostra. Então, em frente a uma cor, estará a sua complementar. Desta
forma, conseguimos montar toda estrutura do círculo cromático. Ao lado estaria uma cor, com
pequenas variações das vizinhas. As cores estão conectadas por linhas, na extremidade de cada linha
está a sua complementar. Por exemplo, o complementar do amarelo é o violeta, do laranja é o azul.
Observe as linhas e visualize os pares complementares.

78
Competência 03

Figura 3.3.1.a: Circulo Cromático


Fonte: http://alicearteducacao.blogspot.com/2010/11/cor-cores-quentes-frias-e.html
Descrição: Círculo cromático. Cores quentes: amarelo (primária), laranja (secundária), vermelho (primária). Cores frias:
verde (secundário), azul (primário), violeta (secundário).

Você poderá encontrar várias representações gráficas deste círculo. Verifique na internet
e em outras fontes de pesquisa.

As cores que estão lateralmente no círculo cromático, ou seja, as vizinhas, são as


análogas. Amarelo e laranja, azul e roxo.

3.3.2 Cores quentes e cores frias

As cores quentes são as cores mais vibrantes posicionadas no círculo cromático (observe
a figura abaixo). Podemos considerar do vermelho ao amarelo. Todas as variações internas a estas ou
todas as cores que por mistura levam esses pigmentos apresentam características das cores quentes.

As cores frias são as cores menos vibrantes posicionadas no círculo cromático. Vão do
verde ao azul. São tonalidades mais frias, discretas e menos vibrantes que as cores quentes.

79
Competência 03

Figura 3.3.2.a: Circulo Cromático.


Fonte: http://manualdoartista.com.br/temperatura-das-cores-cores-quentes-e-frias/
Descrição: círculo cromático com divisão das cores quentes e cores frias. Cores quentes na parte superior e frias na
parte inferior.

No círculo cromático vamos perceber que estas cores estão num mesmo lado e vão
variando de intensidade até se tornarem cores frias. Assim, podemos dividir visualmente o círculo em
duas metades, uma quente e outra fria. Também reafirmamos nossa discussão no fórum sobre o
fenômeno da visão. Ao receber informação sobre uma cor quente, veremos sua oposta e
complementar, uma cor fria. O mesmo acontece com o inverso, ao perceber uma cor fria, podemos
visualizar após um tempo, numa superfície branca uma cor quente, quer será diretamente oposta à
primeira vista no círculo cromático.

Não é por acaso que na vida cotidiana encontramos mensagens de alerta, promoção,
gritos de juventude, revolta, marcas de fast-food em sua maioria formada de cores quentes. Por
serem mais vibrantes e inquietantes, essas cores não passam despercebidas no nosso contexto.

Na natureza as cores quentes aparecem no sol, no crepúsculo, nas flores, em algumas


espécies de animais. As associações da vibração, alegria, calor que fazemos a estas cores, também
têm ligação com a sensação que temos delas na natureza.

80
Competência 03

A escolha da cor certa vai depender do tipo de mídia que você estará desenvolvendo e
para o público que você está desenvolvendo. Não existe receita mágica. Existem estudos que
fundamentam as escolhas, quanto mais você se aprimorar mais terá certeza de que cor usar.

Cuidado na classificação de algumas cores!

As cores violáceas, carmins, verdes-amarelados, podem ser classificadas como quentes


ou frias, depende da intensidade vista de cor quente ou fria da sua formação. Ao passar por essa
dúvida, imagine a cor que você está analisando no círculo cromático. Ela ficaria mais próxima de uma
quente ou de uma fria? Observe o exemplo.

Figura 3.3.2.b: Cores que podem ser frias ou quentes.


Fonte: os autores
Descrição: círculos com cores avermelhadas.

Usamos nesse exemplo a mistura dos tons das extremidades. Quanto mais perto do tom
vermelho, mais vermelho pusemos na mistura. Quanto mais próximo do roxo, mais tonalidade
roxo/azulada perceberemos nas cores apresentadas. Ao considerarmos as três cores mais próximas
à extremidade vermelha podemos perceber claramente a intensidade vibrante (quente) das mesmas,
que em nada são anuladas por traços de pigmentos azulados. Já ao analisarmos as cores mais
próximas da extremidade roxa, percebemos que o tom vibrante do vermelho já perdeu a força e se
transformou em um tom vinho, rosa-azulado e até finalmente no roxo. Assim, essas cores poderiam
ser consideradas como frias, por terem em sua composição mais traços de azul evidenciados.

Videoaula!
Agora dê uma pausa na leitura e assista à primeira videoaula que fala um pouco
mais sobre as cores.

81
Competência 03

3.4 Reagindo a cores

Após ver os fundamentos principais das cores, agora vamos ver apenas o que se atribuiu
do senso comum às mesmas. Por que amarelo dá fome? Por que preto é morte? Como o mesmo
preto de morte é o luxo?

3.4.1 Preferências Cromáticas

As preferências por algumas cores geralmente ocorrem por associações feitas, mesmo
que inconscientemente. Na verdade, atribuímos significância às cores e vamos nos apegando ou nos
afastando de algumas. Para muitos, o preto é requinte, nobreza, elegância. Para outros, tristeza,
pesar, melancolia.

Os mais jovens têm maior identificação com as cores mais quentes, vibrantes, alegres. O
que condiz com o espírito de descoberta da própria juventude. É como se pudéssemos colocá-los
mais facilmente nas cores quentes do círculo. Já os mais velhos estão numa fase de mais firmeza,
inteligência, determinação, identificando-se mais com as tonalidades frias do círculo cromático.

Pesquisa na web!
Faça uma pesquisa na internet sobre BAMZ e seu estudo em cor.
Procure o estudo dele que associa as cores às idades e converse com os colegas
no ambiente o que você descobriu com esta pesquisa.

3.4.2 Cor e reação

Os seres humanos têm reações das mais diversas às cores, por isso até hoje, depois de
tantos estudos e descobertas, as cores ainda são motivo de pesquisas.

As descobertas vão muito além do que vimos no círculo cromático. Cor quente, cor fria,
cor análoga, cor complementar. Tudo isto já está bem estabelecido, os estudos agora se voltam muito
mais para as reações humanas à cor. Já se descobriu que existem reações físicas e psicológicas às
cores.

82
Competência 03

A cromoterapia (terapia com cor) já se apropria das descobertas das pesquisas para fazer
saúde. As lojas de fast-food se apropriam das pesquisas para estimular fome e velocidade nas
alimentações. Você já deve ter percebido que na maioria das identidades visuais destas lojas temos
o amarelo e vermelho como cores predominantes. Uma das descobertas das pesquisas é que amarelo
estimula fome, gula, e o vermelho é inquietante. Logo, nos fast-foods as pessoas são estimuladas a
comer muito (amarelo) e a deixar rápido o ambiente (vermelho). Assim, haverá muito consumo em
pouco tempo, já que as pessoas comem e saem, dando lugar a outras que comem e saem e assim
sucessivamente. Veja abaixo algumas marcas de lanchonetes.

Figura 3. 4.2.a:
Fonte:http://mistodecuriosidadesfatec.blogspot.com/2015/05/cores-que-estimulam-fome.html
Descrição: Marcas de fast-foods famosas: McDonald’s, Burger King, Habib´s, Giraffas e Subway. Com relação às cores,
elas têm em comum o amarelo e o vermelho.

3.4.3 O significado das cores

Neste momento, vamos ver cada cor e as associações mais comuns às mesmas na nossa
cultura. Vale lembrar que existem variações a depender da cultura e região. Pesquise também as
curiosidades relacionadas à cor e à cultura em outras regiões.

Na figura seguinte vemos uma síntese de associação entre as cores e algumas emoções
que elas podem provocar. Para exemplificar podemos ver algumas marcas comerciais e ver
associação.

83
Competência 03

Figura 3.4.3.a: Síntese de Guia emocional das cores


Fonte: http://mundodapsi.com/wp-content/uploads/2014/09/Imagem-1.jpg
Descrição: marcas famosas e desenhos que associam as cores às sensações e sentimentos.

Na figura seguinte podemos ver mais algumas emoções relacionadas às cores. Observe com cuidado.

Figura 3.4.3.b: As emoções e as cores


Fonte: https://ghmusica.files.wordpress.com/2014/10/psicologia-das-cores.jpg
Descrição: círculo de cores e emoções.

Existem estudos sérios sobre a relação entre as cores e as emoções.

84
Competência 03

Pesquisa na web!
Pesquise um pouco mais sobre a relação entre as cores e as emoções. Sobre a
cromoterapia, que é um tipo de terapia que utiliza as cores como processo que
leva à cura.

3.4.4 As cores no design de interiores

Vamos trabalhar agora algumas cores e as sensações aplicadas diretamente ao design de


interiores.

• Preto – transmite uma ideia de elegância, requinte, minimalismo, pobreza, riqueza,


nobreza, força, frieza, mistério, entre outras que você possa perceber.
• Branco – ambientes com essa cor são muito parecidos com os ambientes em preto,
porque também transmite ideia de elegância e nobreza. Outras emoções associadas são
paz, luminosidade, pureza, limpeza, saúde, riqueza, espiritualidade, transparência,
alegria, clareza.
• Cinza – É uma cor neutra, entre o branco e o preto. Dessa forma, transmite a ideia de
seriedade, elegância. Algumas pessoas podem também sentir, melancolia, mesmice,
nostalgia e frieza.
• Vermelho – é uma cor muito estimulante. Está associada à efervescência, fome, sexo,
amor, paixão, traição, calor, vibração, alegria, sangue, raiva, ódio, coração, perigo, ciúme.
No design de interiores pode estar associada a outras cores para compor um ambiente.
• Laranja – essa cor está ligada a sensações de alegria, juventude, vibração, sol, liberdade,
extravagância, senso de humor, irreverência, positivismo.
• Amarelo – muito parecida com o laranja. Por ser também uma cor quente, está ligada ao
verão, alegria, vibração, vida, expansividade, liberdade, positivismo.
• Verde – a cor da natureza. Relacionada à imagem das plantas, folhas e florestas.
Transmite uma sensação de natureza, liberdade, frieza, tranquilidade, compaixão,
confiança, saúde, limpeza.
• Azul – por ser uma cor fria, transmite nostalgia, serenidade, tranquilidade, frieza,
natureza, limpeza, confiança, inteligência.

85
Competência 03

• Roxo – cor relacionada à espiritualidade, ao misticismo, inteligência, determinação,


sabedoria, solidão, frieza, religião, oculto.

Dica!
Visite alguns sites e blogs de design de interiores e explore a utilização das
cores.
Link: www.designinteriores.com.br/design-de-interiores/o-uso-das-cores-na-
decoracao
Link: http://designontherocks.blog.br/as-cores-no-design-de-interiores/

Videoaula!
Agora dê uma pausa na leitura e assista à segunda videoaula um pouco mais
sobre as cores e os ambientes.

86
Conclusão

Caro (a) estudante,

Chegamos ao fim da nossa disciplina. Esperamos que você tenha gostado e aprendido
bastante. Lembre-se de que você terá acesso ao seu material durante todo o curso. Portanto, a
qualquer momento vale fazer uma revisão. Essa foi uma disciplina que vai servir de apoio para as
outras do curso e vice-versa. De agora em diante você verá tudo que aprendeu aqui aplicado a
diversos tipos de projetos de interiores, onde você poderá pôr em prática o que aprendeu sobre
forma, cor e composição. Enfim, esses conhecimentos são a base para a comunicação entre
profissionais e seus projetos não só na área de Design de Interiores, como também para arquitetos,
engenheiros, outros designers, entre outras profissões que se utilizam desses princípios.

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Referências

BARROS, Lílian R. M. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe.
São Paulo: SENAC, 2006.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2ª edição, 1997.

ELAM, Kimberly. Geometria do design: estudos sobre proporção e composição: Kimberly Elam. São
Paulo: Cosac Naify, 2010.

FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores na comunicação. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.

GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras
Editora, 2000

OSTROWER, Faiga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Editora Campus, 10ª edição, 1996.

PEDROSA, Israel. Da cor a cor inexistente. São Paulo: SENAC, 2009.

PEDROSA, Israel. O Universo da Cor. São Paulo: SENAC, 2003.

WONG, Wucius. Princípios da Forma e Desenho. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998.

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Minicurrículo do Professor

Andiara Valentina de Freitas e Lopes

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco


(1995), mestrado em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (2000) e doutorado em
Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (2008). Atualmente é professor
adjunto 4 da Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Arquitetura e
Urbanismo, tendo atuado principalmente nos seguintes temas: comunidade e sociedade, relações
sociais, comportamento anti-social e condomínios residenciais. Também tem experiencia na área da
Geometria Gráfica especialmente no que diz respeito às metodologias de ensino e das novas
tecnologias para estudo e representação da forma. É membro do Colegiado e do Núcleo Docente
Estruturante do Curso de Licenciatura em Expressão Gráfica, também faz parte dos Grupos de
Pesquisa do CNPq: Laboratório de Estudos em Tecnologias de Representação Gráfica - LabGRAF -
UFPE e; Tradução Visual e Comunicação Assistiva - UFPE. Atua como Professor Pesquisador no Curso
à Distância de Artes Visuais Digitais da UFRPE.

Sadi da Silva Seabra Filho

Possui graduação em Design pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2009).


Com mestrado em Design também pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2012-2015)
com foco em Ergonomia e Acessibilidade. Atualmente é professor Assistente da Universidade Federal
de Pernambuco no Departamento de Expressão Gráfica. Tem experiencia na área da Geometria
Gráfica e Design de Interiores. Faz parte do Grupos de Pesquisa do CNPq: Laboratório de Estudos em
Tecnologias de Representação Gráfica - LabGRAF - UFPE e; Tradução Visual e Comunicação Assistiva
- UFPE.

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