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Desenho Arquitetônico

Mariana Gusmão
Sadi Seabra

Curso Técnico em Design de Interiores


Educação a Distância
2017
EXPEDIENTE

Professor Autor
Mariana Gusmão

Design Instrucional
Deyvid Souza Nascimento
Maria de Fátima Duarte Angeiras
Renata Marques de Otero
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Revisão de Língua Portuguesa


Letícia Garcia

Diagramação
Izabela Cavalcanti

Coordenação
Sadi da Silva Seabra Filho

Coordenação Executiva
George Bento Catunda

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).
Agosto, 2017
Catalogação na fonte
Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129

G982d
Gusmão, Mariana.
Desenho Arquitetônico: Curso Técnico em Design de
Interiores: Educação a distância / Mariana Gusmão, Sadi
Seabra. – Recife: Secretaria Executiva de Educação
Profissional de Pernambuco, 2017.
106 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.

1. Desenho arquitetônico. 2. Edificações. 3. Projeto de


arquitetura. I. Gusmão, Mariana. II. Seabra, Sadi. Título.

CDU – 72.012
Sumário
Introdução ........................................................................................................................................ 7

1.Competência 01 | Noções Básicas do Desenho Arquitetônico ........................................................ 8

1.1 O Desenho Técnico, o Desenho Arquitetônico e o Desenho de Interiores ............................................. 8

1.2 Uso dos instrumentos e materiais de Desenho Técnico ........................................................................15

1.3 Caracterização das pranchas ................................................................................................................17

1.4 Adequação das escalas aos desenhos ..................................................................................................24

1.5 Convenções para a utilização das linhas no Desenho Arquitetônico .....................................................27

1.6 Caligrafia técnica .................................................................................................................................28

2.Competência 02 – Representação de Projetos Arquitetônicos ...................................................... 31

2.1 Fases da representação de um projeto ................................................................................................31

2.2 Planta baixa .........................................................................................................................................33

2.3 Cortes ..................................................................................................................................................35

2.4 Vistas...................................................................................................................................................41

2.5 Etapas do desenho de plantas baixas, cortes e vistas (fachadas e elevações) .......................................44

2.5.1 Plantas Baixas ...................................................................................................................................44

2.5.2 Cortes ...............................................................................................................................................46

2.5.3 Vistas (fachadas e elevações) ............................................................................................................48

3.Competência 03 | Dimensionamento e Circulação Vertical .......................................................... 50

3.1 Definição de dimensionamento no Desenho Técnico ...........................................................................50

3.2 Diretrizes gerais para cotagem.............................................................................................................50

3.3 Elementos de cotagem ........................................................................................................................51

3.3.1 Linha auxiliar ....................................................................................................................................52

3.3.2 Linha de cota ....................................................................................................................................52

3.3.3 Limite da linha de cota ......................................................................................................................54

3.3.4 Cotas ................................................................................................................................................54

5
3.4 Circulação vertical ...............................................................................................................................57

3.4.1 Escadas .............................................................................................................................................58

4.Competência 04 | Instalações Prediais ......................................................................................... 68

4.1 Instalações Prediais .............................................................................................................................68

4.1.1 Instalação elétrica domiciliar ............................................................................................................69

4.1.1.1 Diretrizes para a representação de projetos de instalações elétricas ..............................................70

4.1.1.2 Representação de uma planta e de um corte típicos de instalações elétricas .................................72

4.2.1 Instalação hidrossanitária domiciliar .................................................................................................73

4.2.1.1 Instalação hidráulica domiciliar ......................................................................................................73

4.2.1.2 Instalação sanitária domiciliar ........................................................................................................78

5.Competência 05 – Especificações Técnicas e Detalhamento ......................................................... 82

5.1 Especificações técnicas ........................................................................................................................82

5.1.1 Planta falada.....................................................................................................................................82

5.2 Convenções para a representação de reformas ...................................................................................88

5.3 Detalhamento .....................................................................................................................................89

5.3.1 Detalhamento de objetos isolados ....................................................................................................89

5.3.2 Detalhamento de ambientes.............................................................................................................92

Referências ................................................................................................................................... 103

Minicurrículo do Professor ............................................................................................................ 105

6
Introdução

Olá, Cursista,

Seja bem-vindo (a) à disciplina Desenho Arquitetônico!

Neste caderno, vamos estudar sobre a representação gráfica dos projetos de Arquitetura. Esta é
uma prática essencial para a sua formação como Técnico em Design de Interiores.

Na primeira semana, estudaremos sobre as noções básicas do Desenho Arquitetônico. Na semana


seguinte, veremos como se dá a representação de Projetos de Interiores. Na terceira semana,
trataremos do dimensionamento e da circulação vertical. Logo em seguida, compreenderemos
como representar as instalações prediais. E, por último, examinaremos o detalhamento e a
especificação de materiais nos projetos de Arquitetura.

O desenvolvimento desses conhecimentos permitirá que você coloque suas ideias no papel e,
assim, comunique-as para outras pessoas de forma técnica e clara, como também possa interpretar
o projeto de outros para executá-lo de forma precisa.

É com muita satisfação que nós, autores, apresentamos este caderno para você e o convidamos
para uma jornada de aprendizagem.

Bons estudos!

Mariana Gusmão e Sadi Seabra

7
Competência 01

1.Competência 01 | Noções Básicas do Desenho Arquitetônico

Nesta primeira semana vamos estudar sobre as noções básicas do Desenho Arquitetônico voltado
para a área de Design de Interiores. Iniciaremos falando sobre as definições de Desenho Técnico,
Desenho Arquitetônico e Desenho de Interiores para que possamos entender as diferenças e as
semelhanças entre essas áreas do saber.

1.1 O Desenho Técnico, o Desenho Arquitetônico e o Desenho de Interiores

O desenho é uma linguagem utilizada para expressar ideias. Temos que dominar os símbolos e a
gramática de uma língua para poder nos expressar através dela. Do contrário, aqueles símbolos não
farão nenhum sentido e você não compreenderá o que o outro (seu interlocutor) está querendo
comunicar.

No desenho as palavras são os pontos, linhas e planos. Então, quando queremos dizer algo por meio
do desenho, posicionamos esses elementos numa determinada ordem para que eles façam sentido
para o nosso interlocutor.

Agora, imagine seis segmentos de retas desenhados de maneira aleatória como na figura 1.1: que
ideia estão comunicando?

Figura 1.1 - segmentos de reta organizados de forma aleatória


Fonte: os autores
Descrição: segmentos de linhas retas dispostos de maneira aleatória.

Se você acha que elas não comunicam ideia alguma, você está certo! O que vemos são apenas seis
segmentos de reta.

8
Competência 01

Porém, se os mesmos seis segmentos forem desenhados como está na figura 1.2, podemos ver que
temos representada de forma bem simples uma casa. Quer dizer, para nos comunicarmos através
do desenho é importante que conheçamos seus símbolos e suas regras. É exatamente isso que
faremos durante esta disciplina.

Figura 1.2 - casa.


Fonte: os autores
Descrição: seis segmentos de reta organizados de forma a representar uma
casa.

Mas por que é tão importante que você, estudante do Curso Técnico de Design de Interiores,
domine os símbolos e as regras do desenho arquitetônico? Em que isso ajudará na sua vida
profissional?

VAMOS PENSAR
Vamos tentar imaginar como seria se não existisse a linguagem gráfica e você quisesse
descrever para alguém como é o ambiente em que você está nesse momento. Como você
comunicaria a essa pessoa as características dele? Quantas palavras seriam utilizadas?

Figura 1.3 - ambiente de estudo


Fonte: www.chavesnamao.com.br/noticias/como-fazer-um-home-office-
em-um-quarto-pequeno/
Descrição: ambiente de estudo composto por uma bancada, prateleiras
com livros acima da bancada, cadeira de madeira e pés de ferro,
luminária de leitura e decoração de mesa.

9
Competência 01

Muitas palavras, não é? Além disso, a linguagem escrita não é muito precisa quando se trata da
representação de objetos tridimensionais.

Um exemplo interessante dessa característica da linguagem gráfica são as placas de trânsito. Como
você pode ver na figura 1.4, a maioria delas contém símbolos e não palavras. Você saberia explicar o
porquê?

Figura 1.4 - placas de trânsito


Fonte: www.betuseal.com.br/conheca-principais-placas-sinalizacao-transito/
Descrição: amontoado de desenhos de placas de trânsito: PARE, 80Km, virar à esquerda,
proibido estacionar, entre outras.

Isso ocorre porque a mente humana decodifica imagens muito mais rapidamente do que palavras. E
no trânsito a decodificação tem que ser rápida, dada a velocidade em que os automóveis passam
pelas placas.

A linguagem gráfica pode se concretizar, basicamente, através de dois tipos de desenho: o artístico
e o técnico. O Desenho Artístico não tem compromisso com o real na medida em que ele expressa
as impressões que o artista tem da realidade.

A figura 1.5 traz o retrato de Jeanne Hebuterne (1918) feito por Amadeu Modigliani (1884-1920),
artista cuja obra se caracterizou por representar as mulheres com rostos e pescoços alongados.

Já o Desenho Técnico está comprometido com a realidade. Seu objetivo é representar a realidade
tal como ela é, como pode ser visto na figura 1.6, que ilustra a representação técnica de uma
banqueta.

10
Competência 01

Figura 1.5 - retrato de Jeanne Hebuterne Figura 1.6 - desenho técnico de uma banqueta
(1918) Fonte: www.alezzia.com.br/Alezzia/Produtos/B
Autor: Amadeu Modigliani (1884-1920) anqueta-Alezzia-Modelo-MM1/3000936
Fonte: www.myartprints.co. u Descrição: desenho técnico de uma mesa tipo bar,
k/a/modigliani-ama deo /po rt rait-of- com vista frontal e superior e uma perspectiva
jeanne-hebute-1.ht m l isométrica da mesa.
Descrição: quadro retrata uma pintura de
uma mulher de pescoço e rosto
alongados, nas cores azul, amarelo e bege.

Ao desenhar, uma pessoa, mesmo sem saber, utiliza algum tipo de projeção. As figuras abaixo
trazem dois exemplos de casas desenhadas à mão com diferentes projeções.

Você já deve ter feito desenhos como estes, mas você sabia que estava utilizando um tipo de
projeção?

Figura 1.8 - casa desenhada com a projeção


Figura 1.7 - casa desenhada com a projeção cilíndrica orto-
cilíndrica oblíqua.
gonal.
Fonte: http://pt.freeimages.com/premium/house-
Fonte:https://thenounproject.com/ArtZ91/collection/han-
hand-drawn-715568
dwritten/
Descrição: desenho de uma casa em vista cavaleira.
Descrição: desenho simplificado de uma casa em vista
A casa possui detalhes geométricos que são perce-
frontal.
bidos como janelas, portas e chaminé.

Interessante, não é? Os tipos mais comuns de projeção são: a cilíndrica e a cônica.

11
Competência 01

Vamos conhecer a definição de desenho técnico feita pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT):

GLOSSÁRIO
Desenho técnico
“desenho resultante de projeções do objeto sobre um ou mais planos que fazem coincidir
com o próprio desenho, compreendendo vistas ortográficas figuras resultantes de projeções
cilíndricas ortogonais do objeto, sobre planos convenientemente escolhidos, de modo a
representar, com exatidão, a forma do mesmo com seus detalhes; ou perspectivas, que são
figuras resultantes de projeção cilíndrica ou cônica, sobre um único plano, com a finalidade de
permitir uma percepção mais fácil da forma do objeto” (ABNT, 1989, p. 01)

É possível dizer que...

GLOSSÁRIO
O Desenho Técnico é a representação gráfica cujo objetivo é representar a forma, a dimensão
e a posição de um objeto tridimensional em espaços bidimensionais, de acordo com as
necessidades de diversas áreas do conhecimento, entre elas a Arquitetura, a Engenharia e o
Design.

Dessa forma, dominar o Desenho Técnico é essencial para a atividade profissional de um Técnico
em Design de Interiores na medida em que ele “elabora, projeta e acompanha a execução de
projetos de interiores de espaços residenciais, comerciais (...) (SENAC, 2016).

Você vai, diariamente, expressar ideias sobre espaços através da representação gráfica das formas.
Além disso, você também vai trocar informações com outros profissionais, bem como vai orientar a
execução dos projetos.

Entretanto, a expressão ou a comunicação das ideias ou a representação das formas não se dá de


maneira aleatória. Pelo contrário, ela se dá segundo alguns padrões e procedimentos específicos,
de modo que todos os interlocutores possam se comunicar.

12
Competência 01

VAMOS PENSAR?
Já imaginou se cada profissional do Design representasse
seguindo as próprias regras?

Figura 1.9
Fonte: http://pt.123rf.com/clipart-vetores/confuso.html
Descrição: desenho de pedaço da cabeça de um menino com setas
coloridas saindo da sua cabeça.

Seria confuso, não? Perderíamos mais tempo tentando decodificar (entender) o projeto do que de
fato desenvolvendo-o.

Pois bem, o Desenho Técnico surgiu para resolver esse problema. Com ele, a representação de
objetos foi padronizada e a comunicação entre os profissionais das diversas áreas melhorou
bastante.

TEXTOS COMPLEMENTARES
Se você ficou curioso ou se você quer relembrar os tipos de projeção e como elas são
utilizadas, procure o material didático da Disciplina Desenho Técnico, que faz parte do
Módulo de Mobiliário deste curso.

Agora que vimos o que é Desenho Técnico, vamos entender o que é Desenho Arquitetônico.

GLOSSÁRIO
O Desenho Arquitetônico é a aplicação dos conhecimentos do desenho técnico nas áreas da
Arquitetura, da Engenharia Civil e do Design de Interiores.

13
Competência 01

É possível dizer que o Desenho Arquitetônico funciona através do Sistema Mongeano, que consiste
em um sistema de representação de objetos tridimensionais em ambientes bidimensionais fazendo
uso de duplas projeções cilíndricas ortogonais, aquelas em que as retas projetantes são paralelas
entre si e atingem o plano de projeção de forma ortogonal.

O Sistema Mongeano foi criado pelo matemático francês Gaspard Monge (1746-1818). Nele, o
posicionamento do objeto em relação aos planos de projeção faz com que seja possível obter as
verdadeiras grandezas do objeto.

PESQUISA
Faça uma pesquisa sobre a interessante obra de Gaspard Monge, um matemático francês
cujo trabalho mudou para sempre a prática do desenho arquitetônico.

Já o Desenho Arquitetônico para Interiores, ou simplesmente Desenho de Interiores, é uma


aplicação do Desenho Arquitetônico, que por sua vez é uma aplicação do Desenho Técnico. Essa
relação está ilustrada na figura abaixo (Fig. 1.10). Com isso, queremos dizer que o conteúdo do
Desenho de Interiores trabalha com os conteúdos teóricos do Desenho Arquitetônico e do Desenho
Técnico, só que aplicado à área específica do Design de Interiores, que, obviamente, possui suas
características e especificidades.

Figura 1.10 - relação entre os desenhos técnico, arquitetônico e de interiores


Fonte: os autores
Descrição: três círculos, um dentro do outro. O desenho técnico engloba desenho
arquitetônico que engloba desenho de interiores.

14
Competência 01

A clareza, a precisão e a padronização são características dos Desenhos Técnico e Arquitetônico,


aspectos indispensáveis à prática profissional do Designer de Interiores.

No próximo item, você vai conhecer os materiais e instrumentos necessários para a atividade do
Desenho Arquitetônico para Interiores.

Vamos continuar aprendendo?

1.2 Uso dos instrumentos e materiais de Desenho Técnico

Vamos conhecer os instrumentos e materiais que serão utilizados durante esta disciplina.

FÓRUM
Logo depois assista ao vídeo disponível sobre o tema e não deixe de usar o fórum criado para
tirar dúvidas sobre os instrumentos e materiais de Desenho técnico.

 Lapiseira: lapiseira com grafite de espessura 0,5 mm ou menor.


 Borracha: branca e macia.
 Par de esquadros: transparentes e sem marcação de escala. Ambos têm a forma de
triângulos retângulos, o menor possui ângulos de 45o e o maior possui ângulos de 30 o e 60o, como
vemos na figura a seguir (Fig. 1.11).

Figura 1.11 - utilização dos esquadros


Fonte:http://slideplayer.com.br/slide/352878/
Descrição: a imagem representa um par de esquadros sendo manuseado.

15
Competência 01

 Régua: transparente medindo entre 20 e 30cm.


 Escalímetro: possui formato de um prisma triangular e seis réguas com diferentes escalas.
 Compasso de metal: são utilizados para desenhar circunferências e arco de circunferência,
como ilustra a figura a seguir (Fig. 1.12).

Fig. 1.12 - como manusear o compasso


Fonte: Oberg, 1979
Descrição: a figura representa um compasso sendo manuseado, fazendo
um arco.

 Folhas de papel: dos tipos sulfite e manteiga do tamanho A4, cerca de 40 folhas de cada.
 Fita crepe: para fixar o papel na bancada ou prancheta.
 Pasta plástica: para organizar e guardar os desenhos.

VIDEOAULA
Agora vamos parar um pouquinho para assistir ao vídeo que mostra o uso e a importância
dos instrumentos e materiais do Desenho Técnico.

Agora que você já entendeu como manusear os instrumentos, que tal conhecer as características
das pranchas onde os desenhos são executados? Na próxima seção deste caderno vamos aprender
sobre formatos, tipos de papel, margens, carimbos e sobre como realizamos o dobramento das
pranchas.

16
Competência 01

1.3 Caracterização das pranchas

A escolha de um formato de papel deve ser feita dentre os formatos da série “A”, dependendo da
escala em que o desenho será executado e da grandeza em que você quer representá-lo, desde que
não prejudique o entendimento e a clareza do desenho. A norma que trata das dimensões e do
layout das folhas utilizadas em todos os Desenhos Técnicos é a NBR 10068 (ABNT, 1987). Não deixe
de consultá-la!

Você pode estar se


perguntando:
por que há a padronização do
papel?
O que é a série “A”? Figura 1.13
Fonte: https://br.stockfresh.com/image/
4693 03/questions
Descrição: figura de um boneco com três
sinais de interrogação na cabeça.

Bom, na prática do Desenho Técnico e dos escritórios é necessário que se tenha mobiliário
adequado para se trabalhar com papéis de diferentes dimensões, como também é necessário que a
apresentação dos projetos dentro das folhas de papel seja planejada, assim, não há desperdício de
materiais. Por tais razões há a padronização do formato do papel.

Os formatos da série “A” têm origem em um retângulo harmônico de dimensões: 841mm x


1189mm, que aparece na figura a seguir (Fig. 1.14). Com essas dimensões, a área resultante é igual
a 1m². Esse é o tamanho base, chamado de “A0”. Qualquer outro tamanho é fruto da bipartição ou
da duplicação sucessiva das dimensões do “A0”, como pode ser visto na figura 1.15, que traz os
diversos tamanhos de papel da Série “A”.

17
Competência 01

Figura 1.14 - retângulo harmônico Figura 1.15 - dimensões da Série “A”


Fonte: www.aarquiteta.com.br/blog Fonte: www.aarquiteta.com.br/blog/projetos-de-arquitetura
/projetos-de-arquitetura/formato-de- /forma to-de-papel/
papel/ Descrição: Dimensões dos papeis da família “A”
Descrição: imagem de um retângulo A0 = 84.1 X 118.9 cm
harmônico y=x vezes a raiz quadrada A1 = 59.4 X 84.1 cm
de 2. A2 = 42 X 59.4 cm
A3 = 29.7 X 42 cm
A4 = 21.0 X 29.7 cm
A5 = 14.8 X 21 cm
A6 = 10.5 X 14.8 cm
A7 = 7.4 X 10.5 cm

Os formatos mais empregados no Desenho Arquitetônico são: A0, A1, A2, A3 e A4, sendo os dois
últimos os mais comuns no Desenho de Interiores.

LINKS PARA PÁGINAS NA INTERNET


Amplie seu conhecimento sobre tamanhos de papel e suas gramaturas clicando no site
abaixo.
www.tamanhosdepapel.com

Os principais tipos de papel utilizados na prática do Desenho Arquitetônico são os do quadro


seguinte.

18
Competência 01

PAPEL OPACO
Pode ser branco ou colorido. É utilizado na apresentação final. Exemplos: canson e sulfite grosso.

Figura 1.16 - papel opaco


Fonte: www.pontodasartes.com/pt/catalogo/papel/papel-em-fo l
has/oleo-e-acrilico/folha-canson-acrylic-grao-fino/
Descrição: quatro folhas de papel opaco.

PAPEL MANTEIGA
É fino, semitransparente e fosco.

Figura 1.17 - papel manteiga


Fonte: http://mulheresperta.com.br/culinaria/papel-filme-papel-
manteiga-e-papel-aluminio-quando-usar/
Descrição: quatro folhas de papel manteiga.

PAPEL VEGETAL
É semitransparente, mais resistente ao tempo e possui gramatura maior do que o papel
manteiga.

Figura 1.18 - Papel vegetal


Fonte: http://thelplastic.com/papel-vegetal.html
Descrição. folha de papel vegetal.

19
Competência 01

Margens e Carimbos

Após escolhido o formato é necessário desenhar as margens no papel, estas também possuem
medidas pré-estabelecidas. Segundo a ABNT, as margens devem ser como na tabela da figura 1.19.

Figura 1.19 - largura das margens, segundo a ABNT


Fonte: ABNT 10068 (2007)
Descrição: quadro de margens e espessura da linha do quadro em relação à dimensão do papel.

ATENÇÃO
Você deve estar atento para não desenhar na margem do papel, mas sim dentro do chamado
quadro, como está ilustrado na figura abaixo (fig, 1.20).

Figura 1.20 - margem do papel segundo a ABNT.


Fonte: ABNT 10068 (2007)
Descrição: a imagem representa o limite da margem do papel em detalhe. Espaço para
desenho, linha do quadro, margem e limite do papel.

20
Competência 01

O carimbo consiste em um retângulo menor posicionado no canto inferior da folha do desenho,


como aparece nas figuras 1.21 e 1.22. O objetivo desse posicionamento é dar boa visibilidade às
informações que ele contém quando os desenhos forem arquivados. Ele é destinado à legenda de
titulação dos desenhos.

Figura 1.21 - posição do carimbo quando a folha de Figura 1.22 - posição do carimbo quando a folha de
desenho está na posição horizontal desenho está na posição vertical
Fonte: ABNT 10068 (2007) Fonte: ABNT 10068 (2007)
Descrição: desenho da posição do carimbo quando a Descrição: desenho da posição do carimbo quando a
folha retangular está na posição horizontal. folha retangular está na posição vertical.

O tamanho do carimbo deve ser de acordo com o tamanho do papel. Quando você trabalhar com
folhas A4, o carimbo deve medir 18,5cm x 4cm, como está ilustrado na Figura 1.23. No entanto, a
altura é variável, dependendo da quantidade de informações que serão postas na legenda de
titulação.

Figura 1.23 - tamanho do carimbo/legenda no papel A4


Fonte: ABNT 6292 (1994)
Descrição: detalhes do carimbo e posição da legenda na folha vertical A4.

21
Competência 01

Segundo a NBR 6492 (ABNT, 1994), o carimbo deve conter as seguintes informações:

1. Identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto;

2. Identificação do cliente, nome do projeto ou empreendimento;

3. Título do desenho;

4. Indicação sequencial do projeto;

5. Escalas;

6. Data;

7. Autoria do desenho e do projeto;

8. Indicação da revisão.

No entanto, a critério do escritório ou do profissional responsável pelo projeto, pode haver o


acréscimo ou a supressão de alguma informação na legenda de titulação.

Vamos aprender agora como e porque as pranchas com desenhos arquitetônicos devem ser
dobradas de uma maneira especial!

Dobramento do papel

Independentemente do formato escolhido para a elaboração do desenho, ao ser arquivado, o papel


deve ser dobrado de forma que seu formato final seja o A4. Além disso, as folhas devem ser
dobradas levando-se em conta a fixação através da aba em pastas, de modo a deixar visível a
legenda de titulação. Para isso, a NBR 6492 (1994) traz os procedimentos de dobramento:

1. Quando as folhas de formatos A0, A1 e A2 forem perfuradas para arquivamento, você deve
dobrar o canto superior esquerdo para trás como aparece nas figuras 1.24, 1.25 e 1.26. Dessa
maneira, mesmo estando arquivada a prancha pode ser aberta dentro da pasta, facilitando a
verificação de informações sem tirar a prancha da ordem de arquivamento;

2. O dobramento é feito levando-se em conta as linhas tracejadas que aparecem nas figuras abaixo.

22
Competência 01

Tais linhas são imaginárias, a marcação do dobramento ocorre somente nas margens;

3. Primeiro, dobra-se o papel no sentido vertical e somente depois no sentido horizontal,


lembrando uma sanfona como pode ser visto nas figuras 1.24, 1.25, 1.26 e 1.27;

Figura 1.24 - dobramento do formato A0 Figura 1.25 - dobramento do formato A1


Fonte: ABNT 6292 (1994) Fonte: ABNT 6292 (1994)
Descrição: esquema de dobramento da folha tamanho Descrição: esquema de dobramento da folha tamanho
A0. A1.

Figura 1.26 - dobramento do formato A2 Figura 1.27 - dobramento do formato A3


Fonte: ABNT 6292 (1994) Fonte: ABNT 6292 (1994)
Descrição: esquema de dobramento da folha tamanho Descrição: Esquema de dobramento da folha tamanho
A2. A3.

23
Competência 01

VIDEOAULA
Vamos ver na prática como o dobramento das pranchas é feito assistindo ao vídeo sobre esse
tema.

Após o vídeo, continuaremos nosso aprendizado estudando as escalas e sua adequação aos
desenhos.

1.4 Adequação das escalas aos desenhos

As escalas surgiram da impossibilidade de representar objetos cujas dimensões reais eram maiores
do que as dos papéis utilizados para representá-los. Vamos entender um pouco mais sobre esse
assunto que é tão útil para os Técnicos em Design de Interiores.

Figura 1.28
Fonte: http://arqfraga.com.br/index.php/2016/04/26/atividade-de-um-arquiteto/
Descrição: a imagem apresenta uma pessoa de capacete de obra olhando para uma casa que
aparenta brotar de um projeto em planta baixa situado no lugar em que seria o chão da
casa.

VAMOS PENSAR
Para conhecermos o que é escala e como se usa esse conhecimento vamos imaginar a
seguinte situação...
Um Técnico em Design de Interiores recebe a tarefa de posicionar um tapete cujo formato é
de um quadrado medindo 3x3m em uma sala de estar cujo formato é de um retângulo de
7x9m.
Imaginem que para achar a melhor solução para o layout da sala ele tivesse que ir in loco e
desenhasse o tapete em seu tamanho real nas várias posições possíveis para, então, escolher
a melhor delas. Seria um trabalho enorme, não é? Pois bem, era assim que era feito antes de
se ter a noção de escala.
Os arquitetos resolveram essa situação convencionando que para cada unidade de medida
real, haveria uma unidade de medida menor no desenho. Levando esse raciocínio para o
exemplo acima, o Técnico poderia convencionar que cada metro do tapete e da sala seria
representado por 1cm no desenho. Assim, ele desenharia um quadrado de 3x3cm para
representar o tapete e um retângulo de 7x9cm para representar a sala.

24
Competência 01

Como 1cm é a centésima parte do metro, isso significa que o desenho é 100 vezes menor do que o
objeto real. Construímos, assim, a chamada ESCALA NUMÉRICA de 1:100 (lê-se: um para cem).

1cm (desenho) = 1m (real)


1cm (desenho) = 100cm (real)
1:100

Dessa forma, podemos dizer que:

Escala é uma convenção que estabelece uma relação de semelhança entre as dimensões de um
objeto na realidade e as dimensões que ele possuirá quando for desenhado.

Essa relação matemática é representada da seguinte maneira:

Onde:
E = D E = escala
R D = medida do desenho do objeto
R = medida real do objeto

É interessante saber que da mesma forma que no caso do Técnico em Design de Interiores, em que
a relação de semelhança foi de 100, ela poderia ser de 10, de 25, de 88, ou de qualquer outro
número, desde que a mesma em todo o desenho.

A escolha da escala adequada

Diante do fato de ser possível utilizar qualquer número como relação de semelhança, a tarefa de
escolher a escala adequada ao desenho requer que você considere alguns fatores. Vamos, então,
conhecê-los. O primeiro deles está relacionado ao tamanho do objeto e esse fator divide as escalas
em três tipos, cuja notação e uso estão postos no quadro a seguir:

25
Competência 01

TIPO NOTAÇÃO USO


AMPLIAÇÃO 10:1 Quando o desenho do objeto é maior do que o objeto real.
NATURAL 1:1 Quando o objeto e o desenho do objeto têm o mesmo tamanho.
REDUÇÃO 1:10 Quando o objeto representado é maior do que sua representação.
Quadro 1.1
Fonte: os autores

Além disso, a escolha da escala também depende:

1. Do nível de complexidade do objeto, pois se o objeto possui muitos detalhes é importante a


escala permitir que esses detalhes apareçam no desenho;

2. Do uso que terá o desenho. Se você vai entregar o desenho para execução, quem vai executar
precisa de muitas informações, logo a escala deve ser de uma maneira que gere uma representação
com mais detalhes. Já se você vai apresentar o projeto para análise de um cliente, não há um
interesse tão grande com relação aos detalhes do objeto, mas sim com relação à volumetria do
mesmo. Dessa forma, a escala pode gerar um desenho menor em que a ênfase seja dada ao volume
como um todo.

Algumas escalas são mais utilizadas na área de Design de Interiores, são elas:

1: 10 1:20 1:25 1:50

Além do que já foi posto nesse item é importante ressaltar que a norma brasileira que trata do
emprego de escalas, que é a NBR 8196 (1999) fixa que:

1. A palavra “ESCALA” pode ser abreviada na forma “ESC.”;


2. Deve ser indicada na legenda da folha de desenho;
3. Quando for necessário o uso de mais de uma escala na folha do desenho, estas devem estar
indicadas junto à identificação do detalhe a que se referem. Dessa forma, na legenda deve constar a
escala geral.

26
Competência 01

VOCÊ SABIA?
Além da escala numérica, existe também a ESCALA GRÁFICA. Ela pode ser definida como
sendo uma figura geométrica, uma linha dividida que serve para determinar, sem cálculos,
imediata e diretamente, a dimensão real, conhecendo-se a dimensão gráfica e vice-versa. A
figura a seguir traz uma escala gráfica, nela cada intervalo da linha equivale a 5m do objeto
real no desenho.

5 0 5 10 15m

Figura 1.29 - Escala gráfica


Fonte: os autores
Descrição: símbolo de escala gráfica formado por sucessões de retângulos pretos e
brancos

Há vantagens e desvantagens no uso da escala gráfica:

VANTAGENS DESVANTAGENS
1. Se o desenho for ampliado ou reduzido 1. As medidas não ficam precisas para
a escala é ampliada ou reduzida quem está lendo o desenho, ou seja, o
juntamente com o desenho, ou seja, ela interlocutor tem somente uma noção das
continuará correta, o que não acontece dimensões do objeto, porém ele não tem
com as escalas numéricas; as medidas exatas do mesmo. Isso impede
2. Desenhos com escalas gráficas não que tais medidas sejam tomadas para
precisam ser cotados, isso deixa o elaboração de orçamento ou execução do
desenho visualmente mais “limpo”, objeto.
consequentemente mais fácil de ser
compreendido.

Fazendo uma análise rápida das vantagens e desvantagens do uso das escalas gráficas e
numéricas, podemos entender que nos projetos executivos são usadas escalas numéricas e
nos livros, revistas e portfólios a escala gráfica. Tais fatos ocorrem porque nos projetos
executivos é necessário que se tenha precisão com relação às medidas e nos livros revistas e
portfólios não há necessidade de se conhecer as medidas exatas, mas sim se ter uma noção
geral das proporções do objeto.

No próximo item conheceremos as convenções para a utilização das linhas no Desenho


Arquitetônico.

1.5 Convenções para a utilização das linhas no Desenho Arquitetônico

Você já percebeu que a prática do Desenho Arquitetônico e do Desenho de Interiores está muito

27
Competência 01

ligada ao uso de normas e convenções?

Pois é, isso ocorre para facilitar a leitura e a interpretação dos desenhos pelos profissionais que
estão envolvidos no planejamento e na execução dos projetos.

Uma das principais convenções no desenho Arquitetônico diz respeito às linhas utilizadas nos
desenhos. Veja agora o que a NBR 8403 (ABNT, 1984) convenciona sobre tipos de linha, na Figura
1.19

LINHA DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO


Contínua grossa Contornos e arestas visíveis
Linhas de interseção
imaginárias, linhas de
construção,
Contínua fina linhas de cota,
linhas auxiliares,
linhas de chamada,
hachura
Limites de vistas ou cortes
Contínua fina a mão livre
parciais

Tracejada fina Contornos não visíveis

Traço e ponto finos Linhas de simetria

Traço e ponto fino, largo


nas extremidades e na Planos de corte
mudança de direção
Figura 1.30 - tipos de linha, segundo a NBR 8403
Fonte: ABNT, 1984

Finalizando esta semana de aprendizado você vai aprender a escrever com a Caligrafia Técnica.

1.6 Caligrafia técnica

A ABNT possui pelo menos duas normas que tratam da caligrafia técnica. Uma é a NBR 8402 (ABNT,

28
Competência 01

1994), que fixa as condições exigíveis para a escrita em todas as áreas de aplicação do Desenho
Técnico. Já a outra, a NBR 6492 (ABNT, 1994), trata especificamente da representação de projetos
de arquitetura. Dessa maneira, vamos priorizar a segunda norma, já que essa disciplina é de
Desenho Arquitetônico. No entanto, também vamos trazer para você informações presentes na
NBR 8402 que julgamos importantes.

As principais exigências na escrita em desenhos técnicos são:

1. Legibilidade: não somente você, mas qualquer outra pessoa deve entender o que está escrito
para não gerar erros de interpretação;

2. Uniformidade: para que elas não chamem mais atenção do que o próprio desenho;

3. Adequação aos processos de reprodução: para que as representações não percam sua função ao
serem reproduzidas como, por exemplo, ficando muito pequenas, impossíveis de serem lidas se a
reprodução for por redução.

No Desenho Arquitetônico as letras devem ser sempre maiúsculas e não inclinadas. Os números
também devem ser não inclinados, já as entrelinhas não devem ser inferiores a 2mm de espessura,
conforme está ilustrado na figura a seguir (Fig. 1.31), a qual traz um exemplo de caligrafia técnica
para o Desenho Arquitetônico, de acordo com o que preconiza a NBR 6492 (ABNT, 1994).

Figura 1.31 - exemplo de caligrafia técnica


Fonte: www.ebah.com.br/content/ABAAABonoAG/caligrafia-tecnica
Descrição: a imagem demonstra como deve ser a caligrafia técnica de números e letras.

Em suma, os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si. Além disso, a distância entre
eles deve corresponder, no mínimo, a duas vezes a espessura da linha que está sendo utilizada para
escrevê-los.

Chegamos ao final do conteúdo da primeira semana de estudo na disciplina Desenho Arquitetônico.

29
Competência 01

É interessante que ao primeiro sinal de dúvida com relação ao assunto você acesse novamente o
conteúdo, explore as atividades complementares e participe ativamente dos fóruns e chats
sugeridos ao longo desta primeira semana. Não deixe de realizar as atividades propostas.
Esperamos que você tenha gostado!

Na próxima semana de estudos vamos entender como se representa um projeto de interiores.

Bons Estudos!!!

30
Competência 02

2.Competência 02 – Representação de Projetos Arquitetônicos

Iniciaremos agora o estudo da segunda semana do nosso curso. Você vai entender como se dá a
representação do Projeto Arquitetônico. Iniciaremos conhecendo os elementos que compõem um
projeto dessa natureza.

2.1 Fases da representação de um projeto

A representação de um projeto de Design de Interiores se dá em três fases:

1.Estudos Preliminares: são os primeiros desenhos elaborados pelo Designer de Interiores para
estudar viabilidade do “programa de necessidades” e do “partido” adotados pelo cliente. Dessa
forma, nesta fase do projeto os documentos típicos são: plantas, cortes, elevações e perspectivas.

GLOSSÁRIO
Programa de Necessidades
Consiste no conjunto sistematizado das necessidades e das expectativas dos clientes para um
determinado uso de um ambiente. É usado nas fases iniciais do projeto a fim de nortear as
decisões a serem tomadas. É um dos principais determinantes do projeto, juntamente com o
partido, local e restrições legais. Ele fixa as prioridades do cliente, os limites de orçamento e
os prazos.

Partido de um Projeto
O partido de um projeto de Interiores depende do “conceito” do projeto. “Conceito” pode ser
definido como sendo a ideia, a intensão do projeto, ou seja, a sensação de que você gostaria
de passar através do projeto. Já “partido” são as técnicas utilizadas para alcançar os objetivos
do conceito, ou seja, são as decisões projetuais tomadas para se conseguir transmitir o
conceito.
Um exemplo seria o seguinte: imagine que o conceito do seu projeto é proporcionar clareza e
visibilidade no ambiente. Que materiais você colocaria ou tiraria desse ambiente para que ele
ficasse mais claro e com mais visibilidade?
Se pensou em usar vidro e tirar algumas paredes do ambiente, seria um ótimo partido para
seu projeto.

2.Anteprojeto: são os desenhos da fase anterior, só que com os ajustes determinados pelos estudos
de viabilidade e feitos de modo a tornar a apresentação do projeto mais interessante para o cliente,
pois é nessa fase que ocorre a apreciação e a aprovação do projeto. Dessa forma, o anteprojeto é

31
Competência 02

composto pelos mesmos documentos típicos da fase anterior, porém com desenhos mais coloridos,
com diferentes texturas, figuras humanas, etc. Desenhos com essa natureza são chamados de
plantas humanizadas. Vamos entender a diferença entre uma planta humanizada e uma dita planta
comum?

GLOSSÁRIO
A Planta Humanizada é mais didática e menos complexa.

Ela proporciona uma noção mais real do espaço e de sua função por possuir a mobília, jogo de
luz e sombra (iluminação), cores, texturas e apenas as informações necessárias para a
compreensão por parte de leigos como, por exemplo, o nome dos ambientes. Nas figuras
abaixo você pode perceber a diferença entre uma planta falada e uma planta dita comum.

Figura 2.1 - planta baixa comum Figura 2.2 - planta baixa humanizada
Fonte:http://rotadosconcursos.com.br/questoe Fonte: http://dicasarquitetura.com.br/o-que-e-planta-huma
s-de-concursos/arquitetura/477900 nizada-e-como-fazer/
Descrição: imagem de uma planta baixa com Descrição: planta baixa humanizada de uma residência com
cotas de um sanitário masculino três quartos, sendo um suíte; banheiro social, sala e cozinha
integradas, área de serviço, garagem e terraço.

3. Projeto Executivo: após a apreciação do cliente, normalmente o anteprojeto é aprovado com


ressalvas. Assim, na terceira fase as modificações são feitas juntamente com as especificações
técnicas, os projetos complementares e o detalhamento do projeto. Os projetos complementares
incluem: os projetos de instalações prediais, iluminação, telefonia, acústica, mobiliário, mármore e
granito, vidros, entre outros. Os mesmos documentos típicos das fases anteriores são utilizados
nessa fase.

Dessa forma, podemos perceber que plantas baixas, cortes, elevações e perspectivas são utilizadas

32
Competência 02

para representar o projeto em todas as suas fases. Entretanto, no projeto executivo há uma menor
necessidade de se ter perspectivas e plantas humanizadas e uma maior necessidade de se ter
plantas com os detalhes técnicos necessários para a execução da obra.

Diante do que foi posto é possível dizer que a representação de um projeto é composta por tantos
documentos quanto forem necessários para seu total entendimento e execução. Naturalmente,
projetos mais complexos terão mais documentos. O Técnico em Design de Interiores deve decidir
quantos e quais documentos ele irá elaborar para seu cliente de forma que o projeto seja
executado corretamente e atenda às expectativas do cliente.

FICA A DICA
Aprovação de Projetos de Interiores nas Prefeituras
A aprovação de projetos de interiores por parte das prefeituras é exigida para obras
novas ou para reformas com aumento de área, sendo dispensada no caso de pequenas
reformas que não alteram a característica do imóvel. Entretanto, cada município possui
regras próprias.
É importante verificar quais são as regras do município onde está localizada a obra
durante a fase dos estudos preliminares para que não haja imprevistos durante o curso da
obra e nem depois.
Para cada tipo de intervenção deverá ser solicitado um tipo de alvará ou certificado
junto à prefeitura. Os órgãos municipais têm a lista de documentos necessários para
aprovação e regularização de projetos.

2.2 Planta baixa

Uma planta baixa ou planta de edificação, como é chamada pela NBR 6492 (1994), consiste na vista
superior do plano secante horizontal, localizado a, aproximadamente, 1,5m do piso de referência,
como está ilustrado na figura 2.3.

Segundo a NBR 6492 (1994), “a altura desse plano pode ser variável para cada projeto de maneira a
representar todos os elementos considerados necessários” (p.1). Já a figura 2.4 mostra a parte
superior do objeto, que no caso é uma casa, sendo retirada para mostrar quais elementos
construtivos (paredes e janelas) foram cortados por ele e que configurarão o desenho da planta
baixa desta casa, que está ilustrada na figura 2.5.

33
Competência 02

Figura 2.3 - plano horizontal seccionando uma casa Figura 2.4 - representação da seção de uma casa por um
Fonte: Montenegro (1997) plano horizontal
Descrição: plano horizontal seccionando uma casa. Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: representação da seção de uma casa por um
plano horizontal.

Figura 2.5 - resultado da seção de uma casa por um plano Figura 2.6 - planta baixa resultante com
horizontal convenções do Desenho Arquitetônico
Fonte: Montenegro (1997) Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: resultado da seção de uma casa por um plano horizontal Descrição: planta baixa resultante de
projetado em um plano. convenções do Desenho Arquitetônico. O
ambiente é composto por sala, depósito e
terraço.

34
Competência 02

As escalas mais utilizadas no desenho de plantas baixas na área de projeto de interiores são as
seguintes: 1/20, 1/25 e 1/50.

Na próxima seção vamos ver como se procede para se obter um corte.

2.3 Cortes

Na grande maioria das vezes as plantas baixas e as elevações não trazem as informações suficientes
e necessárias para a execução de um projeto. Nesses casos, são feitos os cortes longitudinais e
transversais. Esses desenhos possuem natureza bem semelhante aos das plantas baixas. A diferença
é que nas plantas baixas o plano que secciona o objeto é horizontal. No caso dos cortes, esse plano
é vertical, como aparece na figura abaixo (Figura 2.7).

Figura 2.7 - plano de seção vertical para realização do corte AB.


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: plano de seção vertical para realização do corte AB. Esquema mostra uma pequena
construção sendo seccionada por um plano vertical

A NBR 6492 define corte da seguinte maneira:

“Plano secante vertical que divide a edificação em duas partes, seja no sentido longitudinal, seja
no transversal” (ABNT, 1994, p.1).

35
Competência 02

No caso da figura 2.7 temos um corte no sentido transversal, que é aquele cujo plano de corte fica
posicionado de forma paralela à menor dimensão do objeto. Já no corte longitudinal o plano de
corte se posiciona de modo paralelo à maior dimensão do objeto.

Por uma escolha didática o corte representado aqui foi chamado de AB, onde a ordem das letras
indica a direção em que o corte será representado, porém as normas brasileiras têm desencorajado
o uso de letras para a nomeação de corte. Tanto o uso de letras consecutivas (ex.: Corte AB), como
o uso de letras repetidas (ex.: Corte AA’). Elas recomendam o uso de setas indicando a direção do
corte. Feita essa ressalva quanto à nomeação dos cortes, vamos entender como se dá a
representação dos cortes analisando o desenho da figura abaixo (Figura 2.8), que traz o resultado
do corte AB.

Figura 2.8 - plano de seção vertical para realização do corte AB.


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: a imagem a seguir é a continuação da imagem anterior, agora a construção está cortada pelo plano
e pode ser visualizado o seu interior.

Como se vê na figura 2.8, depois que o plano de seção passa pelo objeto, ele é dividido em duas
partes. Sendo assim, feitos o Corte AB, no qual serão mostradas as informações que podem ser
vistas na porção esquerda do objeto, e o Corte BA, no qual veremos representadas as informações
que estão na porção direita do objeto.

36
Competência 02

Vamos tentar visualizar mentalmente quais paredes vão aparecer cortadas e quais vão aparecer em
vista no corte AB. Para isso, o observador deve se posicionar de modo a ficar de frente para o corte,
sendo descartado o que está atrás do observador.

Se você julgar necessário mostrar as paredes da porção esquerda do objeto, você deve mudar a
direção da visualização, ficando de frente para a porção que havia sido descartada anteriormente.

Se o que você visualizou coincide com o que está representado nas figuras a seguir (Fig. 2.9 e 2.10),
você visualizou os cortes corretamente.

Figura 2.9 - corte AB


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: Corte esquemático de uma casa, é mostrado na figura as paredes,
portas, janelas, telhado de duas águas e piso. Todos cortados em vista ortogonal.

Figura 2.10 - corte BA


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: as imagens mostram a seção produzida pelo corte da imagem anterior de
ambos os lados sendo projetado em um plano. Aparecem paredes, telhado e piso
cortado.

37
Competência 02

VOCÊ SABIA?
Os cortes devem ser indicados na planta baixa por meio de uma linha de corte e de um
símbolo indicativo. A linha de corte “deve ser suficientemente forte e clara para evitar
dúvidas e mostrar imediatamente onde ele se encontra” (ABNT, 1994, p. 18) e também deve
ser do tipo traço e ponto fino, ficando grossa nas extremidades, como sugere a NBR 8403
(1984). A linha de corte está representada abaixo na figura 2.11.

Figura 2.11 - tipo da linha de corte


Fonte: ABNT (1984)
Descrição: linha traço e ponto fino.

O projetista deve ter sempre o cuidado de escolher a posição dos cortes de forma a
contemplar o maior número de detalhes construtivos possível, como, por exemplo, meias
paredes, janelas, escadas, portas, áreas molhadas, entre outros (NBR 6492, 1994).

Inclusive podem ser feitas mudanças de direção na linha de corte. Perceba que na linha da figura
acima (Fig. 2.11) houve um desvio de direção do corte. Isso pode ocorrer para que o mesmo corte
contemple dois elementos construtivos e, assim, o número de cortes seja reduzido. Vamos ver um
exemplo de mudança de direção em um corte.

Figura 2.12 - planta baixa com linha de corte com Figura 2.13 - corte com mudança de direção
mudança de direção. Fonte: Montenegro (1997)
Fonte: Montenegro (1997) Descrição: corte da planta baixa da imagem anterior
Descrição: planta baixa com linha de corte com com mudança de direção.
mudança de direção.

38
Competência 02

Já o símbolo indicativo recomendado pela NBR é como o que está na figura abaixo (Fig. 2.14), o qual
traz uma seta indicando a direção do corte, um espaço para o número da folha em que o corte está
representado e outro para o número do desenho do corte na folha.

Figura 2.14 - símbolo da marcação do corte na planta baixa


Fonte: ABNT (1984)
Descrição: símbolo da marcação do corte. É possível verificar o número da folha e o número do
desenho que estão indicados no símbolo.

Figura 2.15 - planta baixa com localização de cortes.


Fonte: Brabo (2009)
Descrição: exemplo de planta baixa com localização dos cortes.

39
Competência 02

De acordo com a NBR 6492 (1994), o desenho dos cortes deve conter:

a) Simbologias de representação gráfica, conforme as prescritas na norma NBR 6492 (1994);

b) Eixos do projeto;

c) Sistema estrutural;

d) Indicação das cotas verticais;

e) Indicação das cotas de nível acabado e em osso;

f) Caracterização dos elementos de projeto:

- fechamentos externos e internos;

- circulações verticais e horizontais;

- áreas de instalação técnica e de serviço;

- cobertura/telhado e captação de águas pluviais;

- forros e demais elementos significativos;

g) Denominação dos diversos compartimentos seccionados;

h) Marcação dos detalhes;

i) Escalas;

j) Motas gerais, desenhos de referência e carimbo;

k) Marcação dos cortes transversais nos cortes longitudinais e vice-versa.

As escalas mais utilizadas no desenho de cortes na área de projeto de interiores são as mesmas
utilizadas para plantas baixas, que são as seguintes: 1/20, 1/25 e 1/50.

No item a seguir você vai aprender como representar as Vistas, utilizando os conhecimentos do
Desenho Arquitetônico para projetos de interiores.

40
Competência 02

2.4 Vistas

As vistas são as representações gráficas de planos verticais (ABNT, 1994). A lógica da representação
está ilustrada na figura abaixo (Fig. 2.16) que mostra o observador se posicionando de frente para a
parede que quer ver representada.

Figura 2.16 - observador se posicionando


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: esquema que mostra as quatro vistas de um observador em relação a uma construção.
Apresenta uma construção onde um observador é colocado na frente, outro na lateral esquerda,
outro na lateral direita e outro atrás.

Se os planos forem externos temos as Fachadas, porém, se eles forem internos, temos as Elevações
(ABNT, 1994). Estas últimas são muito utilizadas nos projetos de interiores, já que a maioria dos
ambientes representados nessa área são internos.

Nas figuras abaixo temos alguns exemplos de vistas (elevações e fachadas).

41
Competência 02

Figura 2.17 - elevação de parede interna feita em meio digital


Fonte: www.designinteriores.com.br/design-de-interiores/anteprojeto
Descrição: elevação de uma parede interna de um ambiente feita por meio digital. Apresenta uma
churrasqueira e na lateral um balcão com 3,80m de comprimento, com armários superiores e
inferiores.

Figura 2.18 - fachada de uma residência feita em meio digital


Fonte: www.plantasdecasas.com/projetos/sobrado-sao-paulo/
Descrição: fachada de uma residência com térreo e primeiro andar com detalhes em
madeira e com revestimento cinza feita em meio digital.

42
Competência 02

Figura 2.19 - elevação feita à mão livre


Fonte: http://paes-designer.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html
Descrição: elevação de um banheiro que mostra um espelho com uma cuba e box.
A elevação foi feita manualmente.

De acordo com a NBR 6492 (1994), o desenho das vistas deve conter:

a) Simbologias de representação gráfica conforme as prescritas na norma NBR 6492 (1994);

b) Eixos do projeto;

c) Indicação das cotas de nível acabado;

d) Indicação de convenção gráfica dos materiais;

e) Marcação e detalhes;

f) Escalas;

g) Notas gerais, desenhos de referência e carimbo;

h) Marcação dos cortes transversais nos cortes longitudinais.

As escalas mais utilizadas no desenho de vistas na área de projeto de interiores são as mesmas
utilizadas em plantas baixas e em cortes, que são as seguintes: 1/20, 1/25 e 1/50. Isto quer dizer
que em um mesmo projeto deve haver uma correspondência em termos de escala entre os
desenhos de plantas baixas, cortes e vistas.

No item a seguir vamos aprender como se elaboram os desenhos de planta baixa, cortes e vistas.

43
Competência 02

2.5 Etapas do desenho de plantas baixas, cortes e vistas (fachadas e elevações)

Nessa seção vamos aprender como elaborar os desenhos utilizados para apresentar um projeto que
são: plantas baixas, cortes e vistas. Eles são produzidos segundo uma sequência de etapas, vamos
conhecê-las?

2.5.1 Plantas Baixas

Na primeira etapa do desenho de uma planta baixa:

1. É feita a marcação do contorno externo do projeto com traços finos;

2. Em seguida, são desenhadas as principais divisões internas, que representam as paredes internas
do ambiente, como ilustra a figura abaixo (Fig. 2.20);

3. Depois, é desenhada a espessura das paredes externas.

Figura 2.20 - primeira etapa do desenho


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: primeira etapa do desenho arquitetônico com posicionamento das paredes.

44
Competência 02

Na segunda etapa do desenho:

1. São desenhadas as aberturas (portas e janelas). Atenção para o fato de que na planta baixa as
portas são desenhadas abertas, para que se saiba quanto de espaço vai ser preciso para seu giro e
que tipo de giro ela possui;

2. Depois são desenhados os elementos fixos como balcões, bacias sanitárias, banheiras; e
eletrodomésticos de grande porte como fogão, geladeira e máquina de lavar roupas, conforme
figura a seguir (Fig. 2.21).

Figura 2.21 - segunda etapa do desenho


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: segunda etapa do desenho da planta baixa, com posicionamento das
esquadrias e esboço do mobiliário.

Na terceira etapa do desenho de uma planta baixa:

1. É traçada a linha de projeção da coberta. E traçadas todas as linhas que representam elementos
construtivos que estejam localizados acima de 1,5m do piso;

2. Na sequência, as linhas que representam as paredes que foram cortadas são engrossadas;

45
Competência 02

3. Depois são colocadas as linhas de cota e as cotas (aprenderemos mais sobre o assunto
“Dimensionamento” na próxima semana de estudos dessa disciplina);

4. Em seguida, os ambientes são nomeados;

5. E, finalmente, são feitas as indicações dos cortes e dos níveis dos pisos. No caso de projetos
arquitetônicos é necessário indicar também a entrada e o Norte, como podemos ver no exemplo
ilustrado na figura a seguir que contém o desenho de uma planta baixa após o cumprimento das
três etapas de desenho.

Figura 2.22 - terceira etapa do desenho


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: planta baixa finalizada com todos os detalhes do desenho arquitetônico: esquadrias,
principais mobiliários, cotas, indicações de cortes, textos e nível.

2.5.2 Cortes

A elaboração dos cortes segue a seguinte sequência:

46
Competência 02

1. Colocar o papel transparente sobre o desenho da planta baixa, como mostra a figura abaixo. Nela
vemos, do lado direito, a planta baixa com a indicação do corte e do lado esquerdo um papel
manteiga sobre a planta baixa (Figura 2.23). Esse procedimento é realizado para que o desenhista
ganhe tempo e não precise transportar as medidas da planta para o corte com uma régua ou um
compasso.

Figura 2.23 - desenho do corte


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: esquema de como se deve posicionar os papéis para desenhar os cortes,
colocando um papel sobre o outro para que a planta baixa possa guiar o corte.

2. Em seguida, você deve desenhar a linha do terreno e a altura do piso;

3. Depois, desenhe as paredes externas e as internas cortadas pelo plano de corte, marcando as
alturas;

4. Na sequência, desenhe as aberturas (portas e janelas). Atenção para o fato de que nos cortes as
portas são desenhadas fechadas. Desenhe também os elementos que estão “em vista”, ou seja, os
elementos que não são cortados pelo plano de corte, mas que são vistos após o plano de corte, um
exemplo bastante comum desses elementos são as portas e janelas não cortadas;

5. Agora, engrosse as linhas que marcam os elementos que estão sendo cortados e coloque as
linhas de cota e as cotas. Atenção porque nos cortes são colocadas apenas as cotas verticais, já que
as horizontais já estão na planta baixa;

6. Finalmente, desenhe o forro, a coberta e o telhado.

47
Competência 02

Figura 2.24 - desenho do corte


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: modelo de um corte com todas as indicações necessárias. No corte são mostrados uma
cozinha, um ambiente com um armário e um BWC.

O corte fica como na figura acima (Figura 2.24), que traz o corte de uma residência.

2.5.3 Vistas (fachadas e elevações)

O desenho de uma vista (fachada ou elevação) é feita somente após o desenho dos cortes, pois
estes são utilizados como base para o desenho das vistas. É utilizado o mesmo procedimento
descrito no item anterior, que fala da colocação de uma folha de papel manteiga sobre a planta
baixa, nesse caso coloca-se a folha de papel manteiga sobre o corte e se procede com o desenho da
vista. As etapas seguintes são:

1.Desenhe a linha do terreno;

2. Depois traga do corte as medidas horizontais e de altura. Atenção para o fato de que não é
preciso colocar linhas de cota, nem cotas, pois os cortes já contêm essas informações;

3. Em seguida, engrosse as linhas dos elementos que estão em primeiro plano para enfatizar a
profundidade, indicando para o leitor quais elementos estão na frente e quais estão no fundo.

48
Competência 02

Figura 2.25 - desenho de uma fachada


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: desenho de uma fachada de uma casa em que aparece uma janela.

Terminamos de estudar o conteúdo da segunda semana de estudos da disciplina Desenho


Arquitetônico. Não deixe de participar dos chats e de sanar suas dúvidas antes de dar continuidade
ao conhecimento que será apresentado para você na próxima semana, o qual tratará do
dimensionamento em Desenho Arquitetônico e da representação da circulação vertical.

Bons Estudos!!!

49
Competência 03

3.Competência 03 | Dimensionamento e Circulação Vertical

Começa agora a terceira semana de estudos, que vai tratar, primeiramente, do dimensionamento
ou seja das medidas dos objetos no Desenho Arquitetônico e, em seguida, vamos falar sobre a
representação dos elementos que permitem a circulação vertical de objetos e de pessoas nas
construções.

3.1 Definição de dimensionamento no Desenho Técnico

No Desenho Técnico os números correspondentes às medidas (altura, largura e profundidade) dos


objetos são chamados de COTAS.

GLOSSÁRIO
Cotagem
Representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos,
notas e valor numérico numa unidade de medida (NBR 10126, 1987, p. 1).

Todos os desenhos arquitetônicos devem trazer as medidas corretamente indicadas, pois medidas
incorretas em projetos certamente causarão prejuízos financeiros e aborrecimentos.

3.2 Diretrizes gerais para cotagem

Existem algumas diretrizes gerais para a cotagem no Desenho Arquitetônico, vamos, agora,
conhecer as mais importantes (NBR 10126, 1987 e Montenegro, 1997).

1. A cotagem deve ser feita com o intuito de descrever, clara e completamente, um objeto, porém é
preciso estar atento para que não haja a repetição de cotas num mesmo desenho para que o
desenho não fique carregado ou confuso;

2. Toda a cotagem feita para um determinado objeto deve ser representada diretamente no
desenho e localizada na vista ou corte que represente mais claramente o objeto;

50
Competência 03

3. No Desenho Arquitetônico a unidade de medida pode ser centímetro, milímetro ou metro, sendo
este último predominantemente utilizado. Em todos os casos, a medida é escrita sem o símbolo (m,
cm e mm), como podemos ver na figura a seguir (Fig. 3.1).

Figura 3.1 - elementos de cotagem


Fonte: NBR 10126 (1987)
Descrição: a imagem mostra como realizar a cotagem por meio dos elementos da
cotagem.

4. Num projeto é recomendado que se utilize a mesma unidade de medida em todos os desenhos;

5. Qualquer que seja a escala do desenho, as cotas sempre representarão as verdadeiras grandezas
das dimensões, ou seja, as medidas reais do objeto;

6. É sempre interessante e útil indicar a cota total de determinada dimensão do objeto ou


ambiente.

FICA A DICA
A cotagem do projeto deve ser feita de maneira que se preveja a utilização futura das
cotagens na construção, para evitar que sejam feitos cálculos pelo operário no canteiro de
obras.

3.3 Elementos de cotagem

Os elementos de cotagem incluem: linha auxiliar, linha de cota, limite da linha de cota e cota, todos
representados na figura abaixo (Fig. 3.2).

51
Competência 03

Figura 3.2 - elementos de cotagem


Fonte: NBR 10126 (1987)
Descrição: a imagem mostra em detalhes os elementos da cotagem: linha auxiliar, cota, linha de
cota, limite da linha de cota.

3.3.1 Linha auxiliar

A linha auxiliar deve ser traçada de forma que ela se prolongue um pouco além da linha de cota
correspondente, como aparece na figura a seguir (Fig. 3.2). As linhas auxiliares, em geral, são
desenhadas em posição perpendicular ao objeto que está sendo dimensionado. Porém, pode ser
que em determinados desenhos haja a necessidade de que sejam desenhadas obliquamente ao
objeto, para que não se sobreponha ao contorno do objeto. O ângulo entre a linha auxiliar e a linha
de cota deve ser de, aproximadamente, 60°, como se vê na figura a seguir (Fig. 3.3).

Figura 3.3 - linha auxiliar oblíqua


Fonte: NBR 10126 (1987)
Descrição: a imagem mostra como aplicar a linha auxiliar oblíqua para a cota.

3.3.2 Linha de cota

As linhas de cota são desenhadas com linhas finas e contínuas como recomenda a NBR 8403.

A linha de cota não deve ser interrompida mesmo que o elemento tenha sido interrompido como
ilustra a figura abaixo (Fig. 3.4).

52
Competência 03

Figura 3.4 - linha de cota de elemento interrompido


Fonte: NBR 10126, 1987
Descrição: a imagem mostra uma cota contínua em um elemento interrompido

Linhas de cota e linhas auxiliares não devem cruzar com outras linhas, a menos que seja
extremamente necessário. O traçado das linhas de cota deve ser feito, prioritariamente, fora do
desenho, para que o desenho não fique confuso, como mostra a figura abaixo (Fig. 3.5).

Figura 3.5 - Linha de cota e linha auxiliar


Fonte: NBR 10126 (1987)
Descrição: mostra como colocar a linha de cota e a linha auxiliar sem que
as mesmas se cruzem.

As linhas de cota paralelas devem ser espaçadas igualmente, como mostra a figura abaixo (Fig. 3.6).

Figura 3.6 - linha de cota paralelas


Fonte: NBR 10126, 1987
Descrição: detalhe de como as cotas devem ser colocadas umas paralelas às outras e
com espaçamentos iguais.

53
Competência 03

ATENÇÃO!
Você sabia que as cotas são tão importantes num desenho arquitetônico que elas prevalecem
sobre as medidas calculadas com base no desenho. Assim, se houver uma divergência entre a
medida da cota e a medida registrada no desenho, a cota sempre estará correta
(Montenegro, 1997).

3.3.3 Limite da linha de cota

Setas ou traços oblíquos são utilizados para indicar o limite da linha de cota. Se a preferência for
pelas setas, elas podem ser abertas, com traços curtos fazendo ângulos de 15° com a linha de cota
ou fechadas, preenchidas como mostra a figura que segue (Fig. 3.7).

Figura 3.7 - limite da linha de cota com setas Figura 3.8 - limite da linha de cota com traço oblíquo
Fonte: NBR 10126, 1987 Fonte: NBR 10126, 1987
Descrição: Setas indicativas das cotas e limite da cota com traço oblíquo.

Já se a preferência for pelos traços oblíquos, eles devem ser desenhados com linhas curtas e
inclinadas 45°, como está na figura acima (Fig. 3.8).

A opção por um ou por outro tipo de indicação de limite de linha de cota deve ser respeitada em
todo o desenho, ou conjunto de desenhos. Inclusive, o tamanho também deve ser respeitado. Mas
se o espaço para uma determinada cota for muito pequeno para fazer o desenho do limite da linha
de cota, pode ser feita a opção por outro tipo de indicação de limites.

3.3.4 Cotas

Segundo a NBR 10126 existem dois métodos de cotagem. Uma vez escolhido o método, este deve
ser utilizado em todo o desenho ou conjunto de desenhos.

54
Competência 03

MÉTODO 1

Figura 3.9 - linha de cota e linha auxiliar


Fonte: NBR 10126 (1984)
Descrição: linha de cota e linha auxiliar. Exemplo do método 1, cotas acima da linha
de cota.

As cotas devem ser escritas acompanhando a direção das linhas de cota. Além disso, elas devem ser
escritas ACIMA e no centro da linha de cota, como aparece na figura acima (Fig.3.9).

Atenção!!! Não escreva a cota como aparece na figura 3.10, que mostra a cota sobre a linha de
cota.

Figura 3.10 - linha de cota e linha auxiliar com representação incorreta


Fonte: Montenegro, 1997
Descrição: a figura mostra como a cota não deve ser aplicada com o número por trás da
linha.

MÉTODO 2

No segundo método, as cotas devem estar posicionadas de forma que sejam lidas da base da folha
de papel. Nesse método as linhas de cota são interrompidas, preferivelmente no meio, justamente
onde é escrita a cota, ver figura abaixo (Fig. 3.11).

55
Competência 03

Figura 3.11 - linha de cota e linha auxiliar


Fonte: NBR 10126 (1984)
Descrição: linha de cota e linha auxiliar. Exemplo do método 2, cotas interrompendo
a linha de cota.

As cotas devem ser apresentadas em caracteres com tamanho suficiente para garantir a legibilidade
das mesmas. A altura dos algarismos que indicam as cotas em um desenho deve ser uniforme, em
geral utiliza-se entre 2,5 e 3mm.

Quando as cotas são ângulos, a unidade de medida é graus, exceto em cobertas e rampas onde a
grandeza é indicada em porcentagem. A indicação é como segue nas figuras abaixo (Figs.3.12 e
3.13).

Figura 3.12 - linha de cota e linha auxiliar Figura 3.13 - linha de cota e linha auxiliar
Fonte: NBR 10126 (1984) Fonte: NBR 10126 (1984)
Descrição: cotas para ângulos com aplicação dos dois métodos expostos nas imagens anteriores.

ATENÇÃO!!!
Quando houver divergência entre cotas de um mesmo objeto em desenhos diferentes, a cota
do desenho feito em escala maior prevalece, ou seja, se um mesmo objeto for representado
em escala 1:20 e 1:200, vai prevalecer a cota do desenho feito na escala 1:20, uma vez que
neste o desenho possui mais detalhes.

56
Competência 03

Cotas em linhas inclinadas devem seguir a lógica apresentada no esquema abaixo (Fig. 3.14).

Figura 3.14 - cotas em linhas inclinadas


Fonte: NBR10126 (1984)
Descrição: indicação de cotas inclinadas mostrando a relação da posição dos
números.

E se você errar uma cota?

Você imagina o que deve fazer se precisar corrigir ou mesmo modificar uma cota?

Não se preocupe, existe uma solução convencionada para esses casos. Ela está ilustrada na figura
abaixo (Fig. 3.15).

Figura 3.15 - Como corrigir uma cota


Fonte: Montenegro, 1997
Descrição: cota sendo alterada, onde se faz um pequeno risco no valor errado e se
coloca o valor correto acima.

Não é tão complicado, é só cruzar a medida incorreta com um traço oblíquo e escrever a nova cota.

TEXTOS COMPLEMENTARES
Se você ficou curioso e deseja saber de mais detalhes sobre a cotagem no Desenho
Arquitetônico, não deixe de ler a NBR 10126, pois ela traz mais detalhes sobre esse conteúdo.

3.4 Circulação vertical

A circulação vertical surgiu por causa da necessidade de se aproveitar melhor o espaço do lote.

57
Competência 03

Primeiramente foi criado mais um pavimento nas construções, mais tarde os pavimentos foram
multiplicados de tal forma que fez com que alguns edifícios fossem chamados de arranha-céus.
Diante da realidade de construções com mais de um pavimento foi necessário permitir o trânsito de
pessoas e de objetos de um pavimento para outro. As escadas, rampas, elevadores, monta-cargas,
tubos pneumáticos, etc. são a conexão entre um pavimento e outro e eles são nosso objeto de
estudo nessa seção.

Você vai aprender a desenhar escadas, rampas e elevadores por serem estes os elementos de
circulação vertical mais utilizados. Alguns detalhes da representação dos elementos de circulação
vertical são:

1. Obrigatoriamente aparecem nas plantas e em pelo menos um corte de cada um dos pavimentos;

2. A direção da subida é sempre indicada com uma seta, para facilitar a leitura da planta.

3.4.1 Escadas

Existem diversos tipos de escada, todas são funcionais, porém muitas vezes elas servem além da
funcionalidade e passam a ser o ponto central de um projeto, ou seja, também possuem valor
estético. Vejamos alguns exemplos nas figuras que seguem:

Figura 3.16 - exemplo de escada Figura 3.17 - exemplo de escada


Fonte: http://design-milk.com/fab-stairs/ Fonte: www.boredpanda.com/modern-stair-design/
Descrição: escada helicoidal vista de Descrição: imagem de uma escada moderna
cima. amarela, com uma bicicleta embaixo dela.

58
Competência 03

Figura 3.18 - exemplo de escada Figura 3.19 - exemplo de escada


Fonte: https://twitter.com/landscapeevent/status/ Fonte: www.boredpanda.com/modern-stair-design/
725672926356344833 Descrição: outro exemplo de escada residencial
Descrição: outro exemplo de escada urbana. bastante moderna e ousada.

Uma escada é constituída por diversos elementos, os quais estão representados na figura abaixo
com os respectivos termos técnicos (Fig. 3.20).

Figura 3.20 - elementos de uma escada


Fonte: Montenegro, 1997
Descrição: elementos de uma escada - corrimão, balaústre, espelho, piso do degrau, lance, patamar,
largura, altura e comprimento.

Há divergências na literatura quanto à largura mínima de escadas. Alguns autores dizem que a
largura mínima de uma escada é de 60cm, porém há outros autores que dizem que é de 80cm. O

59
Competência 03

que se conclui dessa divergência é que 60cm é pouco e que se deve utilizar as medidas mínimas
quando não houver outra alternativa.

O quadro abaixo traz as recomendações de Pronk (2003) para a largura de escadas:

LARGURA... EM CM
Mínima para escadas subordinadas, que são aquelas que não são o acesso
60
principal a um ambiente.
Mínima para escadas em residências unifamiliares 70
Recomendável para escadas em residências unifamiliares 90
Mínima para escadas para a passagem de duas pessoas quando houver mais de
120
dois pavimentos.
Quadro 3.1
Fonte: Adaptado pelos autores de Pronk (2003)

Com relação ao espelho e ao piso de uma escada não há divergências na literatura. Segundo dados
experimentais, a altura ideal do espelho é 18cm e o piso deve ter, no mínimo, 25cm, pois se a altura
do espelho for maior do que 18cm a escada fica cansativa de ser subida. Por outro lado, se essa
altura for menor, há chances de quem estiver subindo cair pois, como há esse padrão, nosso corpo
já “espera” uma determinada altura a ser vencida pela passada que damos.

VOCÊ SABIA?
Blondell, um arquiteto francês, estabeleceu uma fórmula através da qual se calcula a
profundidade do piso (p) do degrau de uma escada em função da altura do espelho (h):
2ℎ + 𝑝 = 0,62 (Montenegro, 1997)
Então, se o espelho mede 18cm, a profundidade deve ser igual a 26cm. Já se o espelho mede
17cm, a profundidade deve ser igual a 28cm.

Escadas com mais de 16 degraus devem ter um patamar, caso contrário, fica cansativo subi-la. Esse
patamar deve ter a mesma largura da escada e a profundidade deve ser maior do que 45 cm pois,
se a profundidade for igual ou menor, a pessoa que está subindo fica na dúvida se aumenta a
passada para vencer o degrau ou se encurta a passada para dar duas passadas a cada degrau. As
duas alternativas tornam a subida, ou descida, desconfortável, o ideal é que a passada seja
uniforme. Em muitos casos a profundidade do patamar é igual à largura, para facilitar a mudança de
direção de uma escada.

60
Competência 03

ATENÇÃO!!!
As medidas do piso e do espelho não devem variar numa mesma escada, pois se isso
acontecer há grande risco de quedas, já que o ritmo das passadas é quebrado.

No cálculo do número de degraus de uma escada utiliza-se a seguinte fórmula:

Onde:
n = número de degraus
𝑯 + 𝒑𝒔 H = altura do pé direito (que é a distância entre o
𝐧= piso e o forro de um compartimento)
𝐡
ps = espessura do piso superior
h = altura do espelho

Com o número de degraus, calcula-se a profundidade do piso (p) com a fórmula de Blondell. Em
seguida, calcula-se d, que é a distância, em projeção horizontal, entre o primeiro e o último degrau,
como mostra a figura abaixo (Fig. 3.21).

Figura 3.21 - distância (d)


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: esquema mostrando a distância da escada, de perfil.

Onde:
d = distância entre o primeiro e o último degrau
𝒅 = (𝒏 − 𝟏)𝒑 n = número de degraus
p = profundidade do piso

Abaixo mostraremos o desenho de uma escada com patamar e, em seguida, o de uma escada
helicoidal.

61
Competência 03

Figura 3.22 - planta baixa de uma escada com patamar


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: planta baixa de uma escada com patamar e suas respectivas direções e medidas.

Figura 3.23 - corte AB Figura 3.24 - corte CD


Fonte: Oberg (1979) Fonte: Oberg (1979)
Descrição: cortes da escada representada na imagem anterior. Corte longitudinal e transversal.

62
Competência 03

Figura 3.25 - exemplo de escada helicoidal


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: planta baixa e elevação de uma escada helicoidal com pilastra central.

VIDEOAULA
Agora, dê uma pausa na leitura e assista ao vídeo, que mostra como desenhar uma escada.

RAMPAS

As rampas são muito pouco utilizadas em construções residenciais, porém são amplamente
utilizadas em prédios públicos onde o fluxo e a necessidade pela acessibilidade justificam a
construção das mesmas, visto que são elementos de circulação que tomam bastante espaço.

63
Competência 03

Se a rampa for para uso de pedestres a inclinação ideal é de 8%, porém como essa inclinação exige
muito espaço, geralmente, se faz a rampa com inclinação de 10%. Quando a rampa é curta, ou
quando não há espaço suficiente, é possível aumentar a inclinação para mais do que 10%.

Já se a rampa for para automóveis a inclinação fica entre 10 e 13%. Se a rampa for muito longa a
inclinação máxima deve ser de 5% e no caso de rampas muito curtas pode chegar até 20%.

No caso de rampas para cadeirantes, a inclinação deve variar entre 7 e 10%, sendo que o limite
máximo deve ser evitado. Porém, no caso de rampas curtas a inclinação pode chegar a 12%.

Assim como as escadas, as rampas também possuem patamares para descanso. Os parâmetros para
a definição deles são os mesmos. Abaixo segue a representação de uma rampa em planta e em
elevação (Fig. 3.26).

Figura 3.26 - exemplo de rampa


Fonte:Montenegro (1994)
Descrição: exemplo de uma rampa com patamar de descanso, mostrados em planta baixa e em
elevação.

VIDEOAULA
Agora, dê uma pausa na leitura e assista ao vídeo, cujo link segue abaixo, que mostra como
desenhar uma rampa.

64
Competência 03

ELEVADORES

Os elevadores são peças com componentes mecânico e elétricos cujos dados e cálculos que
definem suas dimensões e capacidade são fornecidas pelos fabricantes e não decididas pelo
projetista. Dessa forma, deve-se seguir “à risca” as recomendações do fabricante.

Abaixo, segue um exemplo de representação genérica de uma caixa de escada e de uma caixa do
elevador com suas definições.

Caixa de escada é o conjunto formado pela caixa do elevador e pela escada, a qual poder ser
aparente, ou não, na volumetria da construção. Já a caixa do elevador, contém o poço (parte
inferior), a casa de máquinas (parte superior) e o prisma em que ele se movimenta (parte
intermediária). Tais itens aparecem no corte AB (Fig. 3.28). Já na figura 3.27 temos a planta parcial
do pavimento tipo que contém, além da escada e da caixa do elevador, a cabine e o contrapeso do
mesmo.

65
Competência 03

cabine

contrapeso

Figura 3.27 - caixa de elevador Figura 3.28 - poço de elevador


Fonte:Montenegro (1994) Fonte:Montenegro (1994)
Descrição: exemplo de caixa de elevador em duas situações: planta baixa elevação.

66
Competência 03

Chegamos ao final de mais uma semana de estudos na disciplina Desenho Arquitetônico. Não hesite
em tirar suas dúvidas antes que elas acumulem e atrapalhem a construção desse conhecimento.
Faça todas as atividades propostas. Esperamos que você tenha aproveitado!

Na próxima semana vamos entender como se representa um projeto de interiores.

Bons Estudos!!!

67
Competência 04

4.Competência 04 | Instalações Prediais

Na quarta semana da disciplina Desenho Arquitetônico vamos conhecer como se dá a


representação dos projetos de instalações prediais. Iniciaremos falando sobre as instalações
elétricas. Em seguida, trataremos das instalações hidráulicas e depois das instalações sanitárias.

4.1 Instalações Prediais

O projeto das instalações hidrossanitárias, elétricas e de telefonia são considerados projetos


complementares ao projeto de interiores. Não é de competência do Técnico em Design de
Interiores elaborar os cálculos envolvidos em tais projetos, os quais ficam a cargo do projetista de
instalações. No entanto, é interessante que estes trabalhem em equipe uma vez que a indicação
sobre o posicionamento dos pontos é do projetista de interiores.

Trabalhar em equipe é uma das habilidades mais utilizadas pelos profissionais que trabalham com
projetos complementares, pois sempre haverá a necessidade de se fazer modificações nos projetos.
Porém, estas modificações não podem deixar incongruências ou incompatibilidade entre os
diversos desenhos.

Figura 4.1
Fonte: http://pt.depositphotos.com/19411403/stock-photo-meeting-the-team-of-
en gineers.html
Descrição: foto de quatro pessoas discutindo um projeto.

68
Competência 04

4.1.1 Instalação elétrica domiciliar

Os pontos elétricos e de telefonia são representados no projeto arquitetônico por meio de símbolos
gráficos e esses devem ser de conhecimento dos projetistas para que possam “ler” os projetos de
instalações elétricas.

TEXTOS COMPLEMENTARES
A NBR 5444 (1989) traz um conjunto extenso de símbolos gráficos para instalações elétricas
prediais. Sua leitura é bastante importante para os que querem conhecer mais sobre essa
área.

Apresentamos no quadro abaixo, (Quadro 4.1), os símbolos mais utilizados no projeto de


instalações elétricas prediais, porém é importante salientar que apesar desses símbolos serem
convenções já estabelecidas na área convém sempre fazer uma legenda na prancha que contém o
projeto de instalações elétricas.

ELEMENTO SIGNIFICADO SÍMBOLO

Incandescente
Lâmpadas no teto
Fluorescente

Lâmpada na parede Arandela

Alta, acima de 2m
Média,
indicar altura
específica
Baixa

Tomadas No piso

Dupla

Para telefone

Com marcação de
circuito

69
Competência 04

Simples
Interruptor
Duas seções
Medidor de luz
Quadro
Distribuição de luz

Cigarra

Campainha
De cigarra ou
Botão
campainha
Fase

Neutro
Retorno
Terra
Fios Telefone no teto
Telefone no piso
Fase para campainha
Neutro para
campainha
Retorno para
campainha
Quadro 4.1 - símbolos de instalações elétricas
Fonte: Montenegro, 1997 e NBR 5444, 1989
Descrição: símbolos das instalações elétricas que devem ser colocados em projetos elétricos.

4.1.1.1 Diretrizes para a representação de projetos de instalações elétricas

1. Marcação de pontos de luz: devem ser representados como na figura abaixo (Fig. 4.2);

Figura 4.2 - marcação de pontos de luz


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: marcação de pontos de Luz, indicação da capacidade do ponto de luz,
número do circuito e indicação do ponto de luz, tendo o número 2 dentro do
círculo e a indicação de 100W.

70
Competência 04

2. Localização do quadro de distribuição: deve ficar no corredor ou na cozinha;

3. Escolha do local das tomadas e interruptores: para posicioná-los corretamente deve-se verificar
para que lado a porta abre, evitando colocar interruptores e tomadas atrás delas (Fig. 4.3). Em
compartimentos com mais de uma porta é interessante posicionar um interruptor perto de cada
uma delas;

Figura 4.3 - marcação de pontos de luz


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: exemplo de onde posicionar os pontos elétricos em um projeto com
relação à abertura da porta.

4. Compartimentos (ambientes) contíguos: por questões de economia de tempo e de recursos,


durante e após a obra, é interessante aproveitar a mesma descida da fiação para a instalação de
tomadas e de interruptores em compartimentos contíguos como mostra a figura que segue (Fig.
4.4);

Figura 4.4 - fiação em compartimentos contíguos


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: como posicionar os pontos para ter um aproveitamento melhor da
distribuição da fiação. A imagem mostra dois pontos de tomada média
alinhados em lados opostos da parede. O desenho é feito em planta.

5. Localização das tomadas: deve-se planejar quais equipamentos serão utilizados em cada um dos
compartimentos e, dependendo da disponibilidade de recursos, projetar de maneira que haja uma
pequena sobra e não falta de tomadas nos ambientes. O número mínimo de tomadas em cada
ambiente segue no quadro abaixo, (Quadro 4.2).

71
Competência 04

COMPARTIMENTO (AMBIENTE) LOCALIZAÇÃO/QUANTIDADE DAS TOMADAS


Depende da disposição das mesas de canto e dos
aparelhos eletrônicos. É preciso ter tomadas para esses
Sala
aparelhos, para os abajures e, pelo menos, uma tomada
extra de fácil acesso.
A localização depende da posição da cama, podendo
haver uma ou duas para abajures e aparelhos eletrônicos.
Dormitórios
Prever o uso de aparelhos competcomo TV, ar
condicionado e ventilador.
Banheiro Pelo menos uma tomada instalada a meia altura.
Prever o uso de eletrodomésticos fixos: geladeira, fogão,
aquecedor de passagem e máquina de lavar roupas, bem
Cozinha como dos aparelhos não fixos, tais como: ferro de passar,
batedeira, liquidificador, etc., os quais podem
compartilhar tomadas.
Corredor Pelo menos uma tomada baixa.
Quadro 4.2 - localização/quantidade das tomadas
Fonte: Oberg (1979)

4.1.1.2 Representação de uma planta e de um corte típicos de instalações elétricas

Figura 4.5 - planta típica de instalações elétricas


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: exemplo de uma planta típica de instalações elétricas. A imagem mostra as
conexões dos pontos de luz com os interruptores e tomadas projetados em uma planta baixa.

72
Competência 04

Figura 4.6 - corte Típico de Instalações Elétricas


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: exemplo de uma planta típica de instalações elétricas. A imagem mostra as conexões dos
pontos de luz com os interruptores e tomadas projetados em um corte.

4.2.1 Instalação hidrossanitária domiciliar

Como já mencionado, o projeto das instalações hidrossanitárias não fica a cargo do Técnico em
Design de Interiores, mas sua representação sim, pois é ele que decide sobre a localização dos
diferentes aparelhos hidráulico-sanitários na planta de arquitetura.

Um projeto de instalações hidrossanitárias compreende a distribuição de água fria, água quente, do


cálculo para a reserva de segurança contra incêndios, bem como a coleta, condução e afastamento
do esgoto sanitário e das águas pluviais.

Um projeto completo de instalações hidrossanitárias é composto por:

1. Planta;

2. Elevação;

3. Esquema em perspectiva isométrica.

4.2.1.1 Instalação hidráulica domiciliar

A localização dos diferentes aparelhos sanitários é de responsabilidade do projetista responsável


pela parte de arquitetura, que pode vir a ser o Técnico em Design de Interiores. Entretanto, os

73
Competência 04

cálculos e a verificação da necessidade de alguns dispositivos são de responsabilidade do projetista


de instalações hidrossanitárias. O ideal é que estes profissionais trabalhem conjuntamente.

Nem sempre é necessário desenhar toda a planta de arquitetura, mas sim a parte que contém as
instalações hidráulico-sanitárias.

Os critérios para a escolha do quantitativo e da localização desses aparelhos são:

a) Suas dimensões e o espaço demandado por sua utilização;

b) Localização e sentido da abertura das portas;

c) Fluxo dos usuários;

d) Hábito dos usuários;

e) Orçamento disponível.

Além disso, deve-se:

1. Evitar posicionar bacias sanitárias em frente à porta de acesso ao banheiro;

2. Separar o chuveiro da bacia sanitária, uma vez que o chuveiro pertence à chamada zona molhada
e a bacia sanitária pertence à zona seca e tais zonas não devem se sobrepor;

3. Janelas em banheiros devem ter peitoril mínimo de 1,5m para evitar que o banheiro fique
devassado.

As paredes são desenhadas com traços finos, não há cotagem nem outros detalhes comuns em
projetos de arquitetura. Já os aparelhos sanitários, as tubulações, os registros, etc., são
representados pelos símbolos convencionados e em linha mais grossa do que a linha das paredes.

A figura a seguir mostra a simbologia utilizada na elaboração de desenhos de instalações hidráulicas


(Fig. 4.7).

74
Competência 04

Figura 4.7 - simbologia para desenho de instalações hidráulicas


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: simbologia para instalações hidráulicas.

Nas figuras abaixo você vai ver um exemplo de planta e de esquema isométrico da distribuição de
água potável de uma residência (Figs. 4.8 e 4.9).

75
Competência 04

Figura 4.8 - planta da distribuição de água potável de uma residência


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: exemplo de uma planta típica de instalações hidráulicas. A imagem mostra as
conexões dos pontos de agua potável projetados em uma planta baixa.

76
Competência 04

Figura 4.9 - esquema isométrico da distribuição de água potável de uma residência


Fonte: Oberg (1979)
Descrição: esquema isométrico da distribuição de água potável de uma residência onde aparecem os
nomes dos cômodos.

Na figura a seguir você vai encontrar mais um exemplo de esquema isométrico das instalações
hidráulicas de um banheiro (Fig. 4.10).

77
Competência 04

Figura 4.10 - esquema isométrico das instalações hidráulicas de um banheiro


Fonte: Montenegro (1997)
Descrição: esquema isométrico das instalações hidráulicas de um banheiro em que aparecem
as conexões dos reservatórios, registros, chuveiros e pontos de água.

4.2.1.2 Instalação sanitária domiciliar

A elaboração do projeto de instalações de esgoto sanitário tem como objetivo coletar, conduzir e
afastar o esgoto sanitário e pluvial da edificação. Atualmente há uma abordagem diferente sobre a
coleta, condução e o afastamento das águas pluviais, sobretudo nas áreas urbanas. Estas áreas têm
sofrido com problemas relativos à alagamentos e inundações. Uma das soluções para diminuir tais
problemas é o retardo do lançamento das águas pluviais no sistema público, podendo inclusive
haver o reuso e o aproveitamento das águas pluviais dentro da própria edificação.

78
Competência 04

PESQUISA
Faça uma pesquisa sobre o reuso e o aproveitamento das águas pluviais urbanas. Você vai se
surpreender com o que tem sido feito nas edificações no Brasil e no mundo.

O projetista de instalação sanitária domiciliar deve saber onde estão localizados os coletores
públicos de esgoto e de águas pluviais. Em função dessa informação, o projetista vai decidir a
localização dos aparelhos sanitários e os itinerários a serem seguidos pelas tubulações. Esses
itinerários devem ser os mais curtos e retilíneos possíveis.

Os projetos de esgoto sanitário devem ter como objetivos:

a) Evitar a contaminação da água, de forma a garantir sua qualidade;

b)Permitir o rápido escoamento da água utilizada;

c) Evitar a ocorrência de vazamentos;

d) Impedir que os gases provenientes do interior do sistema predial de esgoto sanitário atinjam as
áreas de utilização;

e) Permitir que os componentes sejam facilmente inspecionados;

f) Impossibilitar o acesso de esgoto ao subsistema de ventilação;

g) Fixar os aparelhos sanitários com dispositivos que facilitem sua remoção para eventual
manutenção.

A figura a seguir (Fig. 4.11) traz a simbologia utilizada nos projetos de instalação sanitária domiciliar
de acordo com a NBR 8160 (1999).

79
Competência 04

Figura 4.11 - Simbologia utilizada nos projetos de instalação sanitária domiciliar


Fonte: NBR 8160 (1999)
Descrição: símbolos usados nos projetos de instalação sanitária domiciliar.

O quadro que segue mostra as convenções de desenho a serem adotadas no projeto de instalação
sanitária domiciliar (Quadro 4.3).

ELEMENTO DESENHO
Esgoto primário Traço contínuo preto
Esgoto secundário Tracejado preto
Ventilação Pontilhado preto
Águas pluviais Traço e ponto pretos
Quadro 4.3 - convenções de desenho para instalação sanitária domiciliar
Fonte: Oberg (1979)

80
Competência 04

Na figura abaixo (Fig. 4.12) segue um exemplo de projeto de instalação sanitária domiciliar.

Figura 4.12 - exemplo de instalação sanitária domiciliar


Fonte: NBR 8160 (1999)
Descrição: exemplo de instalação sanitária domiciliar, aplicada a um banheiro em um desenho de planta baixa.

Terminamos agora a quarta semana de estudo na disciplina Desenho Arquitetônico. Temos mais
uma semana de trabalho pela frente. Vamos continuar nosso aprendizado na próxima semana
falando sobre o detalhamento e sobre as especificações dos projetos de interiores.

Bons Estudos!!!

81
Competência 05

5.Competência 05 – Especificações Técnicas e Detalhamento

Chegamos à última semana da disciplina Desenho Arquitetônico!

Iniciaremos os estudos falando das especificações do projeto, inclusive das convenções para
reformas. Em seguida, abordaremos o tema do detalhamento em projetos de interiores.

5.1 Especificações técnicas

As especificações técnicas, também chamadas simplesmente de especificações, são um


complemento à parte gráfica do projeto, pois descrevem de maneira precisa, completa e ordenada
as especificações técnicas, critérios, condições e procedimentos utilizados na contratação,
execução, acompanhamento e controle dos projetos.

Como em determinados projetos a quantidade de desenhos é significativa, eles são organizados em


um caderno chamado de “Caderno de Especificações e Detalhes”. Essa é uma maneira fácil e
organizada de apresentar ao cliente tais informações, pois elas ficam reunidas num só volume que,
inclusive, é de mais fácil manuseio e reprodução (caso seja necessário), se comparada ao manuseio
de desenhos feitos em pranchas de tamanhos A3, A2 e A1.

As especificações podem ser informadas ao executor de diferentes maneiras. Vamos apresentar


aqui três delas: a planta falada, o quadro geral de acabamentos e o mapa de esquadrias. Tais formas
de apresentação podem ser usadas isoladamente ou conjuntamente no Caderno de Especificações
e Detalhes, cabe ao projetista decidir como informará ao cliente tudo que precisa para a execução
da obra.

5.1.1 Planta falada

Uma forma muito comum de apresentar ao cliente as informações acerca das especificações de
acabamento dos ambientes é a chamada planta falada. A informação é organizada na planta baixa.
Em cada ambiente é desenhada, junto ao nome do ambiente, uma circunferência dividida em

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Competência 05

tantas partes quantos forem os serviços a serem especificados. Cada parte contém um número, que
indica o item que terá os acabamentos especificados. Juntamente com a planta baixa há um quadro
com as especificações de cada item, como podemos ver na figura a seguir (Fig. 5.1).

1
2
#33
ITEM ACABAMENTO
1 piso Porcelanato 60 x 60 cm
2 parede Pintura acrílica na cor azul
3 teto Gesso cartonado

Figura 5.1 - quadro geral de acabamentos


Fonte: ABNT (1994)
Descrição: símbolo de especificação de material.

Além da circunferência e do quadro acima também podem ser feitas chamadas com setas na planta
baixa e nas vistas como aparece na figura 5.19 para complementar as informações.

Outra forma de apresentar uma planta falada segue a lógica apresentada na figura a seguir (Fig 5.2).
Utilizando letras e algarismos, estabelecemos um código onde A1 significa piso de cerâmica, C3
significa parede de gesso, etc. O conjunto de letra (+) algarismo é escrito em cada dependência
muito mais rapidamente do que qualquer outro processo. Se esta for a opção do projetista para a
especificação do seu projeto, cada planta será acompanhada da legenda com os códigos.

83
Competência 05

Figura 5.2 - quadro geral de acabamentos


Fonte: www.leiautdicas.com/2015/11/aula-07-projeto-arquitetonico/
Descrição: imagem que demostra um quadro geral de serviços e materiais de acabamentos
relacionados com a planta baixa do projeto.

5.1.2 Quadro geral de acabamentos

De acordo com a NBR 6492 (1994), que trata da representação de projetos de arquitetura, é
recomendado o uso de um “Quadro Geral de Acabamentos” para fazer a indicação dos
acabamentos dos ambientes de uma obra.

A grande vantagem é a forma como a informação é extraída do quadro, ou seja, a forma como ela é
decodificada para efeito de orçamento e execução. No quadro geral de acabamentos a informação
fica organizada e ordenada por ambiente e por acabamento, ver figura que segue (Fig 5.3). Tal fato
facilita a decodificação da informação, gerando menos erros e retrabalho.

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Competência 05

Figura 5.3 - quadro geral de acabamentos


Fonte: ABNT (1994)
Descrição: quadro com relação entre o compartimento e o tipo de material de revestimento que deve ser
aplicado a cada arte do ambiente, como piso, parede e teto. Exemplo de um escritório: piso de carpete, parede
de pintura branca PVA e teto com forro de gesso Eucatex.

5.1.3 Mapa de esquadrias

O mapa de esquadrias consiste no conjunto formado por uma planta baixa e um quadro que
contém todas as informações sobre as esquadrias. Seu uso é bastante difundido entre os
profissionais da área.

Na planta baixa fica a informação sobre a posição de cada uma das esquadrias e juntamente com
ela fica um código. No quadro fica toda a informação necessária para a execução da esquadria
relativa àquele código.

A grande vantagem dessa forma de apresentar as especificações das esquadrias é que não há
sobrecarga de informação na planta baixa visto que não é necessária a repetição dos dados de cada

85
Competência 05

esquadria na planta baixa.

Outra vantagem é a decodificação da informação que gera menos erros de interpretação e


retrabalho, como foi mencionado no item anterior.

Veja agora um exemplo de um mapa de esquadrias na figura abaixo (Fig.5.4).

JA2

QUARTO JA1

PM2
BWC
JA3 PM4 PA1
CIRCULAÇÃO
SALA
TERRAÇO

PM3
ÁREA DE
PM5
SERVIÇO
COZINHA

JA4 JA1

PLANTA BAIXA
N° de
Ordem Nome Dimensão Local Movimento Material Quantidade Acabamento Observações
Folhas
Bandeira de
1 PA1 1,40 x 2,10 Sala Giro Alumínio/Vidro 01 02 Anodizado/preto
0,30m fixa
2 PM2 0,70 x 2,10 Quarto Giro Madeira 01 01 Envernizada --
3 PM3 0,80 x 2,10 Cozinha Correr Madeira 01 01 Pintada/cinza --
4 PM4 0,60 x 2,10 BWC Giro Madeira 01 01 Pintada/cinza --
5 PM5 0,90 x 2,10 Cozinha Giro Madeira 01 01 Pintada/cinza --
2,00 x 1,10
6 JA1 1,00
Sala Correr Alumínio/Vidro 02 02 Anodizado/preto --
1,50 x 1,10
7 JA2 1,00
Quarto Correr Alumínio/Vidro 01 02 Padrão --
1,50 x 0,50 Boca de
8 JA3 1,60
BWC Alumínio/Vidro 01 01 Padrão --
Lobo
1,50 x 0,50
9 JA4 1,60
Cozinha Maximar Alumínio/Vidro 01 03 Padrão --

QUADRO DE ESQUADRIAS
Figura 5.4 - mapa de esquadrias, planta baixa e quadro
Fonte: Autores
Descrição: planta baixa de uma residência com indicação das esquadrias através do código do quadro abaixo.

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Competência 05

Há inúmeras maneiras de apresentar um quadro de esquadrias, nas figuras abaixo seguem mais
dois exemplos de quadro de esquadrias (Figs. 5.5 e 5.6).

Figura 5.5 - exemplo de quadro de esquadrias


Fonte:http://renatoarrudafragaarq.blogspot.com.br/2010/12/desenho-arquitetonico-2-esquadrias.html
Descrição: outro exemplo de quadro de esquadrias.

Figura 5.6 - exemplo de quadro de esquadrias


Fonte: http://docplayer.com.br/2640392-Desenho-de-arquitetura-planta-baixa-aula-01-prof-aline-fernandes.html
Descrição: outro exemplo de quadro de esquadrias, mostrando código em planta, largura, altura, peitoril,
quantidade, tipo e material.

87
Competência 05

5.2 Convenções para a representação de reformas

VAMOS PENSAR
Imagine a seguinte situação. Você é contratado (a) para realizar uma reforma numa
residência e tem que informar na planta baixa quais paredes vão ser demolidas, quais serão
conservadas e quais serão construídas. Você imagina como esse tipo de informação é dada
ao executor da obra?

Bom, uma possível solução seria desenhar uma planta com a situação anterior à reforma, uma com
a situação durante a reforma e outra com a situação pós reforma. Porém o resultado seria um
conjunto de três plantas baixas e isso poderia gerar certa confusão na obra.

O desenho arquitetônico convencionou que nas pranchas que contém desenhos relativos às
reformas seria preciso utilizar uma textura ou uma cor para indicar as paredes que vão ser
demolidas, as que vão ser construídas e as que serão conservadas.

Abaixo seguem três dessas convenções, vamos conhecê-las (Montenegro, 1997)?

PAREDE A CONSERVAR PAREDE A DEMOLIR PAREDE A CONSTRUIR

Figura 5.7
Fonte: adaptado de Montenegro, 1997
Descrição: legenda de convenções para construção e demolição de paredes.

A terceira convenção, a que utiliza cores, é a mais utilizada pelos profissionais da área, porém nem
sempre é possível imprimir as pranchas com cor, logo. As outras convenções também possuem
adeptos.

88
Competência 05

5.3 Detalhamento

5.3.1 Detalhamento de objetos isolados

Nos projetos de interiores, o detalhamento significa a exposição minuciosa dos detalhes de um


determinado elemento do projeto. Há projetos de interiores com muitos detalhes e outros com
menos, tudo vai depender do que foi especificado pelo projetista. Se os itens do projeto puderem
ser adquiridos prontos como um banco, por exemplo, o projetista precisa somente especificar como
é o banco, com dimensões, cor e material.

Mas se no mercado não houver a disponibilidade de um banco com as características especificadas


pelo projetista, será necessário executá-lo. Nesse caso, o projetista terá que desenhar o banco em
detalhes.

A seguir serão mostrados, a título de ilustração do processo de detalhamento de um objeto, um


banco, e os desenhos necessários para a execução de um banco (Figs. 5.8 até a 5.16).

Figura 5.8 - detalhe banco, perspectiva isométrica esquemática


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhe de um banco (perspectiva isométrica e esquemática).

89
Competência 05

Figura 5.9 - detalhe banco, vista superior


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhe do mesmo banco da imagem anterior em vista superior

Figura 5.10 - detalhe banco, seção vertical V1


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhe do mesmo banco em seção vertical

Figura 5.11 - detalhe banco, seção vertical V2


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhe de um banco (seção vertical com novas indicações de detalhes no texto).

90
Competência 05

Figura 5.12 - detalhe banco, seção vertical V3


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhes do mesmo banco em seção transversal.

Figura 5.13 - detalhe banco, Elevação E1


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhes do mesmo banco em elevação lateral.

Figura 5.14 - detalhe banco, elevação E2


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhes do mesmo banco em elevação frontal.

91
Competência 05

Figura 5.15 - detalhe banco, friso seção


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhe do friso do banco em seção.

Figura 5.16 - detalhe banco, seção vertical pé


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: detalhe do pé do banco em seção vertical.

5.3.2 Detalhamento de ambientes

Não só os objetos são detalhados, ambientes também são, sobretudo áreas molhadas como
banheiros e cozinhas. Esses ambientes possuem especificidades de tubulações, pisos, forros,
iluminação, móveis e equipamentos que demandam detalhamentos específicos.

Grande parte das plantas de detalhamento são feitas na escala 1:25, porém, como vimos no
detalhamento do banco, há especificidades como o friso (Fig. 5.15), que é detalhada na escala 1:1
ou mesmo 2:1, ou seja, uma escala de ampliação, visto que o detalhe de um friso mede milímetros
e precisa ser bem compreendido pelo executor.

92
Competência 05

Vamos analisar o detalhamento de um ambiente através do exemplo de um banheiro.


Normalmente o detalhamento é composto por (Valadares e Matoso, 2002):

1. Planta geral compatibilizada do ambiente em escala 1:25, a qual traz indicações e especificações
sobre a alvenaria, divisórias, tubulações, louças, metais, equipamentos elétricos, etc., todos cotados
em seus eixos junto à parede em que são afixados;

2. Planta de piso também na escala 1:25, deve mostrar a paginação do piso, detalhes de desníveis,
locação dos ralos de escoamento da água, sentido da inclinação do piso;

GLOSSÁRIO
Paginação do Piso
“Paginação de pisos é o estudo que estabelece como vai ser o padrão ou o desenho do piso
e, a partir daí, definir como será a instalação e o assentamento. Ela designa por onde vai
começar a instalação de tacos, porcelanato, cerâmicas, pedras, pastilhas, tábuas, rejunte,
rodapés, etc.” Fonte: www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/fazer-a-paginacao-do-piso/

Figura 5.17 - exemplo de paginação de piso de um banheiro


Fonte: http://pedreirao.com.br/destaque/duvida-da-semana-por-onde-comecar-a-
instalacao-de-ceramicas-ou-porcelanatos/
Descrição: planta baixa de um bainheiro.

3. Planta de teto (ou forro): esc. 1:25, mostra todos os detalhes do projeto de gesso, se for o caso,
ou de lambri de madeira;

4. Elevações ou seções verticais: esc. 1:25, o objetivo é mostrar a paginação do revestimento das
paredes, bem como as alturas dos acabamentos, das bancadas e demais elementos do projeto;

5. Detalhes ampliados: as escalas variam de 1:10 até 1:1, ampliam-se bancadas, frisos, divisórias,
etc. Na bancada faz-se a vista superior constando a parte da pedra que ficará embutida na parede e

93
Competência 05

os pontos onde haverá chumbadores metálicos. Os armários são totalmente detalhados, esse
trabalho pode ser feito pela empresa que vai executá-los, porém o projetista tem que se certificar
disso;

6. Quadro de especificações: o quadro de especificações, como já foi estudado durante esta


semana, mostra as características dos objetos especificados para o ambiente. No caso de um
banheiro, esse quadro trará as informações sobre esquadrias, louças e metais sanitários, bem como
ferragens.

Abaixo seguem imagens do detalhamento de um banheiro (Figs. 5.18 a 5.25).

Figura 5.18 - detalhamento BWC, planta baixa


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: paginação de piso do mesmo projeto anterior.

94
Competência 05

Figura 5.19 - detalhamento BWC, elevação A


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: paginação de piso do mesmo projeto anterior.

95
Competência 05

Figura 5.20 - detalhamento BWC, elevação B


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: elevação do projeto do banheiro. Na elevação é mostrado todos os detalhes para a execução da obra como
assentamento do revestimento, posição dos pontos de água, prateleiras, bancada da pia, banheira, posição do forro de
gesso, entre outros detalhes.

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Competência 05

Figura 5.21 - detalhamento BWC, elevação C


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: elevação do projeto do banheiro de outra parede. Na elevação é mostrado todos os detalhes para a
execução da obra como assentamento do revestimento posição dos pontos de agua, prateleiras, bancada da pia,
banheira, posição do forro de gesso entre outros detalhes.

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Competência 05

Figura 5.22 - detalhamento BWC, Elevação D


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: elevação do projeto do banheiro de outra parede em que são mostrados todos os detalhes para a execução
da obra, como assentamento do revestimento, posição dos pontos de água, prateleiras, bancada da pia, banheira,
posição do forro de gesso, entre outros detalhes.

98
Competência 05

Figura 5.23 - detalhamento BWC, Elevação E


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: elevação do projeto do banheiro de outra parede onde são mostrados todos os detalhes para a execução da
obra, como assentamento do revestimento, posição dos pontos de água, prateleiras, bancada da pia, banheira, posição
do forro de gesso, entre outros detalhes.

99
Competência 05

Figura 5.24 - detalhamento BWC, Elevação F


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: elevação do projeto do banheiro de outra parede. Aparecem todos os detalhes para a execução da obra,
como assentamento do revestimento, posição dos pontos de água, prateleiras, bancada da pia, banheira, posição do
forro de gesso, entre outros detalhes.

100
Competência 05

Figura 5.25 - Detalhamento BWC, Eleveção G


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: elevação do projeto do banheiro de outra parede. Aparecem todos os detalhes para a execução da obra
como assentamento do revestimento, posição dos pontos de água, prateleiras, bancada da pia, banheira, posição do
forro de gesso, entre outros detalhes.

101
Competência 05

Figura 5.26 - detalhamento BWC, planta de gesso


Fonte: Valadares e Matoso (2002)
Descrição: planta de gesso com indicações de detalhes e indicações de pontos elétricos.

É com muita satisfação que chegamos ao final do conteúdo da disciplina Desenho Arquitetônico. A
representação gráfica, de uma maneira geral, e especificamente o Desenho Arquitetônico, possui o
papel de instrumento de comunicação entre o projetista e o executor, entretanto os desenhos vão
além. Eles são também uma poderosa ferramenta analítica para o profissional, que ao dominar o
desenho passa a dominar também os objetos com os quais trabalha, proporcionando um trabalho
sólido e bem feito.

Esperamos que você tenha gostado!

Bons Estudos!!!

102
Referências

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6492: representação de projetos de arquitetura. Rio
de Janeiro, 1994. 27p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8196: desenho técnico - emprego de escalas. Rio de
Janeiro, 1999. 2p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8402: execução de caracter para escrita em desenho
técnico. Rio de Janeiro, 1994. 4p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8403: aplicação de linhas em desenhos, tipos de
linhas, larguras das linhas. Rio de Janeiro, 1984. 5p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10068: folhas de desenho, leiaute e dimensões. Rio
de Janeiro, 1987. 4p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10126: cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro,
1987. 13p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5444: símbolos gráficos para instalações elétricas
prediais. Rio de Janeiro, 1989. 9p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8160: sistemas prediais de esgoto sanitário – projeto
e execução. Rio de Janeiro, 1999. 74p.

Brabo, Regina. Leitura e interpretação de projetos arquitetônicos. Universidade Federal do Pará,


2009. Apostila de minicurso.

Carvalho Júnior, Roberto de. Instalações hidráulicas: e o projeto de arquitetura. São Paulo: Edgard
Blucher, 2008.

103
Emile Pronk. Dimensionamento em Arquitetura. João Pessoa: Editora da UFPB, 2003.

Montenegro, Gildo. Desenho Arquitetônico. Edgard Blucher: São Paulo, 1997. 3ed.

Oberg, L. Desenho Arquitetônico. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.

SENAC. Técnico em Design de Interiores. <www.ead.senac.br/cursos-tecnicos/tecnico-em-design-


de-interiores/> Acessado em 25 julho de 2016.

Valadares, Porfírio; Matoso, Danilo. Projeto de interiores: apostila de projeto executivo e


detalhamento. UFMG, 2002.

104
Minicurrículo do Professor

 Mariana Buarque Ribeiro de Gusmão

Professora Assistente do Departamento de Expressão Gráfica da UFPE, possui graduação em


Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2000) e mestrado no
Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano - UFPE (2005). Atualmente é aluna do
Doutorado do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (UFPE), onde trabalha com questões
relativas às águas pluviais urbanas. Leciona as seguintes disciplinas: Geometria Gráfica
Bidimensional, Geometria Gráfica Tridimensional, Desenho Topográfico, Desenho Aplicado à
Engenharias,Tecnologias Computacionais Educativas e Trabalho de Conclusão de Curso.
http://lattes.cnpq.br/1958307725663592

 Sadi da Silva Seabra Filho

Graduação em Design pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2009). Com mestrado em
Design também pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2012-2015) com foco em

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Ergonomia e Acessibilidade. Atualmente é professor Assistente da Universidade Federal de
Pernambuco no Departamento de Expressão Gráfica. Tem experiencia na área da Geometria Gráfica
e Design de Interiores. Faz parte do Grupos de Pesquisa do CNPq: Laboratório de Estudos em
Tecnologias de Representação Gráfica - LabGRAF - UFPE e; Tradução Visual e Comunicação Assistiva
- UFPE. http://lattes.cnpq.br/3451337969863065

106

Você também pode gostar