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Projeto Mobiliário

Letícia Teixeira Mendes


Sadi Seabra da Silva Filho

Curso Técnico em Design de Interiores


Educação a Distância
2018
EXPEDIENTE

Professor Autor
Letícia Teixeira Mendes
Sadi Seabra da Silva Filho

Design Educacional
Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero

Revisão de Língua Portuguesa


Eliane Azevêdo

Diagramação
Ana Cristina Jaeger

Coordenação
Manoel Vanderley dos Santos Neto

Coordenação Executiva
George Bento Catunda
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Dezembro, 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

M538m
Mendes, Letícia Teixeira.
Projeto Mobiliário: Curso Técnico em Design de Interiores: Educação a distância / Letícia
Teixeira Mendes, Sadi Seabra da Silva Filho. – Recife: Secretaria Executiva de Educação
Profissional de Pernambuco, 2018.
56 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em dezembro de 2016 através de convênio com o Ministério da
Educação (Rede e-Tec Brasil) e a Secretaria de Educação de Pernambuco.

1. Design de Interiores. 2. Design de Mobiliário. I. Mendes, Letícia Teixeira. II. Silva Filho,
Sadi Seabra da. III. Título.

CDU – 741.02

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129

Índice para catálogo sistemático:

1. Ambientação. 2. Mobiliário. 3. Design de Interiores.


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 5
1.Competência 01 | Conhecer o Projeto de Mobiliário Adequado ao Design de Interiores
Fundamentando-se na Pesquisa dos Diversos Tipos e Estilos Existentes ........................................... 6
1.1 Os significados do móvel ............................................................................................................................ 6
1.2 Estilos de mobiliário ................................................................................................................................... 8
1.2.1 Estilo Luís XIII ........................................................................................................................................... 9
1.2.2 Estilo Luís XIV .......................................................................................................................................... 9
1.2.3 Estilo Luís XV ......................................................................................................................................... 10
1.2.4 Estilo Luís XVI ........................................................................................................................................ 11
1.2.5 Art Nouveau .......................................................................................................................................... 12
1.2.6 Art Déco ................................................................................................................................................ 13
1.2.7 Biedermeier........................................................................................................................................... 13
1.2.8 Bauhaus ................................................................................................................................................. 14
1.2.9 Estilo Chippendale................................................................................................................................. 15
1.2.10 Estilo Vitoriano .................................................................................................................................... 15
1.3 Os pioneiros no design do móvel brasileiro ............................................................................................. 16
1.4 Desenho técnico de mobiliário: uma introdução..................................................................................... 18
2.Competência 02 | Identificar e Conhecer os Tipos de Materiais, Revestimentos e Demais
Complementos que Compõem o Projeto do Mobiliário .................................................................... 21
2.1 Madeiras de reflorestamento .................................................................................................................. 21
2.2 Madeiras industrializadas ........................................................................................................................ 24
2.2.1 OSB – Oriented Strand Board................................................................................................................ 24
2.2.2 MDF – Medium Density Fiberboarm..................................................................................................... 30
2.2.3 MDP – Medium Density Particleboard ................................................................................................. 32
2.2.4 Aglomerado – Particle Board ................................................................................................................ 33
2.2.5 Compensado ou contraplacado ............................................................................................................ 34
2.3 Ferragens.................................................................................................................................................. 37
3.Competência 03 | Entender o Desenho Detalhado de Projeto de Móveis .................................... 41
3.1 Representação gráfica.............................................................................................................................. 41
3.1.2 Escalas ................................................................................................................................................... 42
3.1.3 Tipos de desenho .................................................................................................................................. 45

3
4.Competência 04 | Conceber o Projeto de Móveis Adequados à Realidade e às Necessidades do
Usuário e do Mercado ......................................................................................................................... 55
4.1 Necessidades biológicas ........................................................................................................................... 56
4.1.1 Conforto ambiental ............................................................................................................................... 56
4.1.2 Temperatura ......................................................................................................................................... 56
4.1.3 Qualidade do ar ..................................................................................................................................... 57
4.1.4 Luz ......................................................................................................................................................... 57
4.2 Briefing ..................................................................................................................................................... 58
4.3 Custos ....................................................................................................................................................... 61
4.3.1 Orçamentos ........................................................................................................................................... 63
Conclusão ............................................................................................................................................. 64
Referências ........................................................................................................................................... 65
Minicurrículo do Professor .................................................................................................................. 66

4
Introdução

Seja bem-vindo à disciplina de Projeto de Mobiliário, do curso Técnico de Design de


Interiores!
Nesta disciplina, você estudará os diferentes estilos de mobiliário e objetos decorativos,
aprenderá sobre materiais e acabamentos e como fazer um projeto de mobiliário para sua
construção, afinal uma das atividades de um técnico em Design de Interiores inclui escolher os móveis
e definir sua execução para compor um ambiente harmonioso e funcional.
Dessa forma, a cada semana, você se apropriará de alguns conhecimentos que levarão à
construção de algumas competências ao final do curso. Na 1a semana, estudaremos o significado do
móvel em diferentes épocas, suas principais características e estilos de mobiliário. Na 2a semana,
vamos aprender a diferenciar os tipos de materiais e revestimentos, bem como descobrir outros
complementos que compõem o projeto de mobiliário.
Na 3a semana, aprenderemos como representar o desenho detalhado do projeto de um
móvel e na 4a semana iremos discutir como criar ambientes e projetos que melhor atendem às
necessidades atuais dos usuários e do mercado.
Para finalizar, eu o convido a participar dos fóruns de discussão, envolver-se nas
atividades propostas neste caderno e nos encontros presenciais e, para ampliar ainda mais o
conteúdo desta disciplina, incentivo-o a ler os textos complementares e assistir às videoaulas e
sugestões de vídeos na internet.
Desejo a você bons estudos!

5
Competência 01

1.Competência 01 | Conhecer o Projeto de Mobiliário Adequado ao Design


de Interiores Fundamentando-se na Pesquisa dos Diversos Tipos e Estilos
Existentes
Nesta semana, iremos discutir o significado do móvel em diferentes épocas, suas
principais características e estilos de mobiliário. Por isso, gostaria de convidá-lo a reparar nos móveis
que compõem a sala da sua casa. Você vai notar diferentes texturas, cores e também que cada
mobiliário possui uma função distinta: o sofá para sentar, a mesa lateral para apoiar objetos (como:
telefone, abajur, porta-retratos, etc.), o rack que serve de apoio para a televisão e outros objetos com
diferentes utilidades.
Mais do que simples objetos e móveis que integram a decoração ou refletem a
personalidade e preferência do morador, esses componentes podem servir como narrativas de
períodos, movimentos, sociedade. A história do mobiliário pode nos contar, por exemplo, um pouco
sobre o modo de vida de reis e rainhas, indicando como esses objetos eram usados no cotidiano e
questões de status e poder. Assim, iniciaremos esta disciplina discutindo o significado do móvel.

Você já se perguntou como surgiu o móvel e seu significado?

1.1 Os significados do móvel


O móvel representa algo curioso entre os artefatos humanos, pois, se pensarmos de
forma prática, ele não é necessário para a existência humana. Essa afirmação soa bastante estranha,
mas se analisarmos algumas culturas, especialmente aquelas nômades, podemos perceber que as
pessoas viviam suficientemente bem sem móveis. Esses objetos, por seu volume, estão relacionados
a uma existência sedentária; nesse sentido, os móveis são inseparáveis da arquitetura e do design de
interiores.
Dessa forma, podemos analisar os móveis de diferentes maneiras: 1. do ponto de vista da
sua função – para que esse móvel serve? 2. do ponto de vista social – se ele representa o status ou
condição financeira de seu usuário. 3. do ponto da tecnologia utilizada para construi-lo – madeira,

6
Competência 01

plástico, ferro, etc. E, por último, do ponto de vista do ambiente em que ele está inserido. Vamos
analisar rapidamente cada um desses pontos de vista?
O autor Lucie-Smith (1997) classifica a maneira como os móveis podem ser analisados sob
quatro pontos de vista diferentes:

1. O primeiro ponto de vista pode ser visto como o mais comum, assim, podemos pensar nos
móveis relacionados à função. Por exemplo, existem móveis para sentar (cadeiras, bancos
ou poltronas); para apoiar coisas (mesas e estantes); que reclinam. Além disso, outros são
feitos para dormir (sofás e camas) ou para guardar coisas (armários e guarda-roupas).

2. O segundo ponto de vista apresenta os móveis como importantes indicadores de uma


posição social. Dessa forma, sob essa ótica, os móveis representam maior ou menor poder
aquisitivo, status e posição social, assim, eles são apenas um pouco menos importantes que
a roupa e os adornos pessoais como meios para transmitir as características sociais e
culturais de uma pessoa.

3. O terceiro ponto de vista apresenta o aspecto tecnológico dos móveis. Sob essa ótica,
podemos refletir que há bem pouco tempo os móveis eram produzidos de forma artesanal
e a real revolução tecnológica atingiu a fabricação de móveis apenas recentemente, e ainda
está acontecendo. Por exemplo, podemos perceber no mercado que existem muitos
móveis ou objetos decorativos ainda produzidos artesanalmente em contraposição a
produtos que são desenvolvidos a partir de tecnologias digitais (Figura 1).

Como você pode observar na imagem abaixo, apresentamos um ambiente externo com
mobiliários que apresentam cores e formas pouco comuns. Na figura 1A, você verá a base
de uma mesa produzida a partir de brinquedos de criança!

4. O quarto ponto de vista se baseia no fato de que os móveis são utilizados para constituir
um espaço pessoal, onde o indivíduo escolheu viver. Sendo assim, transmitem a noção de
interior doméstico e são respostas das necessidades cotidianas.

Para saber mais sobre essa curiosa mesa apresentada na figura 1A, assista ao vídeo:
https://youtu.be/tDbr4WYgP3o

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Competência 01

Figura 01 - Mobiliários desenvolvidos com tecnologia digital.


Fonte: www.youtube.com/watch?v=tDbr4WYgP3o e www.archdaily.com.br/br/
Descrição: na figura 1A, a da esquerda, é apresentada um ambiente externo, com piscina e pergolado. Em primeiro plano,
uma mesa feita a partir de brinquedos de crianças descartados nas cores amarelo e azul, juntamente com duas cadeiras
brancas. Na figura 1B, da direita, podemos analisar um móvel feito a partir de peças de madeira utilizando tecnologia de
fabricação digital e que pode mudar seu formato e disposição, com dois jovens sentados e um jovem deitado.

O link a seguir explica como o mobiliário exposto na figura 1B foi produzido:


www.archdaily.com.br/br/01-22804/instalacao-polymorphic-fast-pace-slow-space

Partindo dessas análises, vamos estudar os pincipais estilos de mobiliário.

Os reis franceses Luís XIV (1643-1715), Luís XV (1715-1774) e Luís XVI (1774-1792), além de
marcarem a história como três grandes monarcas que concentravam todos os poderes do
estado, fazem parte dela também como nomes de estilos de mobiliários característicos da
França que surgiram na época de seus reinados. A evolução dos móveis foi estimulada pela
criação de uma fábrica que produzia os móveis para a corte. As cadeiras eram feitas de acordo
com a posição social do usuário. Apenas o rei poderia ter braços nas cadeiras, que também
eram caracterizadas por ter um encosto alto.

Fonte: http://sobreosentar.blogspot.com.br/2008/06/lus-xiv-xv-e-xvi.html

1.2 Estilos de mobiliário


Antes de seguir com os estudos, segue uma curiosidade sobre os estilos de mobiliário
criados pelos reis franceses. Você já ouviu falar em poltrona estilo Luís XIV ou XV?

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Competência 01

1.2.1 Estilo Luís XIII


O estilo Luís XIII permaneceu do fim do século XVI até a subida do monarca Luís XIV ao
trono. São móveis que se caracterizam pela rigidez, simplicidade, aspecto pesado e exagerado;
refletem grandiosidade e excesso de ornamentos. Têm como elemento decorativo predominante os
entalhes, ponta de diamante e torneados em espiral (Figura 2). Como você pode conferir nas imagens
a seguir, são apresentadas duas poltronas, um armário e uma mesa no estilo Luís XIII.

Figura 2 - Mobiliário estilo Luís XIII.


Fonte:www.naon2.com/;http://restamueble.galeon.com/ e www.subastassegre.es/lote-dsp/muebles-990/
Descrição: na figura 2A, à esquerda, são apresentadas duas cadeiras, com tecido florido e estrutura em madeira. A figura
2B apresenta um armário, em madeira escura, todo entalhado, com quatro portas. A figura 2C apresenta uma mesa com
oito pés, entalhada com ornamentos e quatro gavetas. Todos os móveis são estilo Luís XIII.

1.2.2 Estilo Luís XIV


O mobiliário Luís XIV tem proporções grandes, apresenta simetria, muito luxo e, embora
apresente uma ornamentação extravagante, tem caráter masculino. Suas principais características
são: linhas retas, painéis retangulares, limitados por molduras arquitetônicas, com detalhes ricos e
abundantes, uso de figuras como: cabeças e patas de leão, máscaras, esfinges, golfinhos e folhagens.
As madeiras utilizadas eram o carvalho, ébano e castanheiro (Figura 3). Como você pode observar na
figura a seguir é apresentada uma mesa no estilo Luís XIV com elementos dourados e bastantes
detalhes.

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Competência 01

Figura 3 - Mobiliário estilo Luís XIV.


Fonte: http://mercadonegroantiguidades.com.br/estilo-luiz-xiv/
Descrição: nessa imagem é apresentada uma mesa estilo Luís XIV bastante ornamentada com detalhes ricos e
abundantes, com o uso de folhas, máscaras e outros elementos dourados.

1.2.3 Estilo Luís XV


O estilo Luís XV designa um estilo de decoração de interiores e mobiliário que se
desenvolve a partir da França durante o reinado de Luís XV, entre aproximadamente 1730 e 1750-60
(não englobando todo o período do reinado até 1774). Os móveis são marcados por curvas sinuosas
e contornos. Suas linhas são refinadas e delicadas. As cadeiras têm espaldares curvos, pés em forma
de pata de ganso ou cabeça de delfim e assentos estreitos na parte traseira. Sofás e poltronas
possuem os braços mais curtos. Os armários e cômodas são arredondados. Mesas quase sempre em
forma circular ou oval. Camas mais baixas, com dossel na cabeceira e em toda a extensão da parede.
Como você pode observar na figura 4A, em que se apresenta desenho de poltrona e um ambiente
em estilo Luís XV.

Figura 4 - Mobiliário estilo Luís XV.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_Lu%C3%ADs_XV e www.bonde.com.br/?id_bonde=1-32--44-20090623
Descrição: na figura 4A é apresentada um desenho de uma poltrona estilo Luís XV, com tecido estampando uma
paisagem. Na figura 4B, apresenta-se uma poltrona estilo Luís XV com tecido em tom marrom, estampado com elementos
abstratos, ao lado de uma mesa oval dourada, com tampo em pedra verde, com um objeto (possivelmente um relógio)
apoiado sob o móvel.

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Competência 01

1.2.4 Estilo Luís XVI


No estilo Luís XVI os ornamentos utilizados eram de ordem clássica, sentimental e
naturalista. Algumas características desse estilo: o móvel Luís XVI é leve e pequeno, com
ornamentação clássica, de guirlandas, festões, laços de fitas e também coroas de rosas, arabescos,
querubins, cupido, arcos e flechas e motivos pastorais. A madeira mais usada era o mogno,
encontrando-se belos trabalhos de marchetaria e aplicação de bronze. Como você pode observar na
figura 5, são apresentados um ambiente e uma poltrona em estilo Luís XVI.

Figura 05 - Mobiliário estilo Luís XVI.


Fonte: www.archiexpo.es/ e www.casaadorada.com.br/2013/
Descrição: na figura 5A, à direita, é apresentado um ambiente composto por móveis estilo Luís XVI: uma cômoda com
quatro gavetas grandes centrais e duas fileiras (uma de cada lado) de gavetas menores. A cômoda apresenta ornamentos
em dourado e cor de madeira clara. Acima da cômoda, está posicionado um espelho com uma moldura ornamentada na
mesma cor dos detalhes da cômoda. Ao lado da cômoda está localizada uma poltrona estilo Luís XVI com estrutura em
dourado e tecido claro com uma almofada sob o assento. Na figura 5B, apresenta-se uma cadeira estilo Luís XVI com
estrutura em madeira escura ornamentada e tecido vermelho com motivos florais e arabescos.

Você percebeu a diferença entre os estilos dos diferentes reis?

Atividade:
Agora, vamos fazer um exercício rápido: analise os estilos dos diferentes reis e aponte
as diferenças em materiais, motivos decorativos, etc. Guarde esse material para que
ele funcione como um guia, caso você precise consultá-lo depois.

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Competência 01

1.2.5 Art Nouveau

O Art Noveau ou Arte Nova foi um movimento artístico que surgiu no final do século XIX,
na Bélgica, fora do contexto em que normalmente surgem as vanguardas artísticas. Vigorou entre
1880 e 1920, aproximadamente. Os móveis são entalhados com motivos de flores, folhas e animais.
As madeiras mais usadas foram o jacarandá, a imbuia e o mogno. Na arquitetura, o estilo Art Nouveau
teve a expressiva participação do arquiteto Gaudí. Como você pode observar na figura 6, são
apresentadas a Sagrada Família e uma escadaria no estilo Art Nouveau.

"Templo Expiatório da Sagrada Família, e também conhecido simplesmente como Sagrada


Família, é um grande templo católico da cidade catalã de Barcelona (Espanha), desenhado
pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí, e considerado por muitos críticos como a sua obra-
prima e expoente da arquitetura modernista catalã. O projeto foi iniciado em 1882 e
assumido por Gaudí em 1883, quando tinha 31 anos de idade, dedicando-lhe os seus
últimos 40 anos de vida, os últimos quinze de forma exclusiva. A construção foi suspensa
em 1936 devido à Guerra Civil Espanhola, continua em construção atualmente e aberto à
visitação. No entanto, não se estima a conclusão para antes de 2026, centenário da morte
de Gaudí".

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Templo_Expiat%C3%B3 rio_da _Sagrada_Fam%C3%ADlia

Figura 6 - Sagrada Família, obra arquitetônica de Antoni Gaudí e Escadaria e decoração no estilo Art Nouveau
Fonte: www.herancacultural.com.br/blog/2013/10/antoni-gaudi/ e https://arquitracobrasil.wordpress.com
Descrição: na figura 6A, a da esquerda, a igreja Sagrada Família, projetada pelo arquiteto Antoni Gaudí. Destacam-se
quatro grandes torres e a ornamentação da fachada desse monumento arquitetônico localizado em Barcelona, na
Espanha. Na figura 6B, apresenta-se uma escada com guarda-corpo em madeira e ferro. Além disso, destacam-se os
ornamentos no chão e na parede que caracterizam o estilo Art Noveau: flores e folhas.

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Competência 01

1.2.6 Art Déco


O art déco apresenta-se de início como um estilo luxuoso, destinado à burguesia
enriquecida do pós-guerra, empregando materiais caros como jade, laca e marfim. As principais
características desse estilo são: linhas circulares ou retas estilizadas, uso de formas geométricas,
design abstrato e predomínio de formas femininas e animais. Como você pode observar na figura 7
em que aparece um ambiente e uma luminária no estilo Art Déco.

Figura 7 - Poltrona e luminária estilo Art Déco.


Fonte: http://maisestilo.net/2013/10/art-deco-elegancia-e-sofisticacao/
Descrição: na figura 7A é apresentada uma poltrona de madeira escura e encosto de tecido. A característica mais
marcante é o apoio de braço, que também faz função de apoio e pés da poltrona, com forma geométrica. Na figura , é
apresentado um abajur, composto pela escultura do corpo de uma mulher, inclinando a cabeça para trás e segurando o
suporte para a luz e a cúpula da luminária.

1.2.7 Biedermeier
O estilo Biedermeier surgiu como uma adaptação ao luxo exagerado do estilo império
francês, no entanto, apresenta características do estilo Neoclássico: móveis simples, robustos e
confortáveis. O nome vem de um personagem de Ludwig Eichrodt que representava a burguesia
alemã no começo do século XIX. Seu acabamento geralmente é feito com madeiras claras e tecidos
alegres nos estofamentos. Como você pode observar na figura 8 são apresentadas duas poltronas
com tecido listrado e liso.

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Competência 01

Figura 08 - Cadeiras no estilo Biedermeier.


Fonte: www.arteplural.com.br/decoracao/estilos/biedermeier.php e www.restauracion tiempos .com.ar/estilos.php
Descrição: na figura 8A, apresenta-se uma poltrona com estrutura em madeira escura e tecido listrado no assento e
encosto. Na figura 8B apresenta-se outra poltrona com estrutura em madeira escura, com apoio para braços entalhado e
assento em tecido claro.

1.2.8 Bauhaus
A Bauhaus foi uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda na
Alemanha fundada pelo arquiteto Walter Gropius em 1919. O mundo passava por grandes mudanças
e os móveis produzidos por essa escola utilizavam matérias novos e inusitados, explorando ao limite
as características técnicas dos materiais. As peças deveriam ser funcionais, de baixo custo, produzidas
em massa e tudo isso apresentando uma linha artística bem definida com formas puras e lineares.
Como você pode observar na figura 9, são apresentadas duas poltronas produzidas em
aço e couro criadas na escola Bauhaus.

Figura 09 - Cadeiras Wassily, projetada por Marcel Breuer e Barcelona, de Mies Van de Rohe.
Fonte: http://bauhaus-belasartes.blogspot.com.br e www.equipamientointegraldeoficinas.com
Descrição: na figura 9A, apresenta-se a cadeira Wassily, projetada pelo arquiteto Marcel Breuer, com sua estrutura
composta por tubos cromados e assento e encosto de tiras de couro preto. Na figura 9B, apresenta-se a poltrona
Barcelona, projetada pelo arquiteto Mies Van de Rohe. Destaca-se a estrutura em aço cromado e almofadas para compor
o assento e encosto com capitonê em couro preto.

14
Competência 01

1.2.9 Estilo Chippendale


Estilo de móveis popularizado por Thomas Chippendale que incorporou o desenho de
muitos períodos, com influência da arte chinesa. As cadeiras são altas, com braços ligeiramente
curvados para cima, pernas torneadas e assento forrado com seda ou brocado. Como você pode
observar na figura a seguir são apresentadas duas peças no estilo Chippendale: uma poltrona e uma
mesa.

Figura 10 - Mobiliário estilo Chippendale


Fonte: www.restauraciontiempos.com.ar/estilos.php e www.infomuebles.net/2012/12/mesas-des pacho -y-escritorios-
vitange/escritorio-chippendale-5-cajones/
Descrição: Na figura 10A, apresenta-se uma cadeira em estilo Chippendale com madeira escura e ornamentos no encosto,
seu assento é composto por um tecido listrado em tons claros. Na figura 10B, apresenta-se uma mesa de quatro pés
entalhados em madeira e quatro gavetas menores e uma gaveta maior, central.

1.2.10 Estilo Vitoriano


Estilo de móveis bastante influenciado pelo estilo Luís XV. Mistura vários estilos
adaptados, combinados ou copiados. Os móveis são enormes e desproporcionais, com excesso de
curvas e ornamentos. As madeiras mais utilizadas são a nogueira e o ébano. As mesas mais
características têm como base um pedestal ou grandes colunas. As cadeiras e sofás têm braços e
espaldares estofados. Como você pode observar na figura a seguir é apresentada uma cadeira em
estilo Vitoriano (Figura 11).

15
Competência 01

Figura 11 - Cadeira estilo Vitoriano.


Fonte:www.sociedadesemear.org.br/?pg=evento&setor=cultura&cd_Agen da=286
Descrição: cadeira em estilo Vitoriano, composta em sua estrutura por madeira escura entalhada. O assento é feito de
um tecido de fundo vermelho com motivos florais.

1.3 Os pioneiros no design do móvel brasileiro


O design do mobiliário brasileiro nasce com um objetivo claro: substituir os “móveis
antigos” até então fabricados, e a profusão de estilos, por móveis coerentes com o país e a época.
O início do século XX, uma época em que nasciam as sementes da arquitetura moderna,
necessitava de espaços interiores e equipamentos domésticos, integrados a uma arquitetura livre de
excessos e de ornamentações. Dessa forma, a ideia que inspirava os designers era de que o “país
tropical” não podia copiar padrões europeus em revestimentos, usos de materiais e medidas
ergonômicas.
1) O movimento de modernização do móvel
A transição do móvel eclético para o moderno se deu a partir dos anos 20 e 30. No
entanto, o mobiliário moderno brasileiro nesse período ainda acompanhava o cenário europeu.
Nos anos 30, a empresa Móveis Cimo, criada em 1873, estava estabelecida em Rio
Negrinho, Santa Catarina, e já apresentava as seguintes caraterísticas: padronização de componentes,
montagem em série e industrialização na produção moveleira (Figura 12).

16
Competência 01

Figura 12 - Mobiliário produzido pela empresa Móveis Cimo.


Fonte: https://exadrezinho.wordpress.com/tag/design/ e www.desmobilia.com.br /blog /
Descrição: na figura 12A apresenta-se uma cadeira produzida pela empresa Cimo, em madeira escura, design simples e
sem ornamentos. Na figura 12B apresenta-se uma cadeira escolar, com apoio para livros, em madeira, robusta e design
simples.

O arquiteto Villanova Artigas (1915-1985) teve uma valiosa contribuição na arquitetura


brasileira na implantação do desenho industrial, criando poltronas em madeira revestidas em couro
ou borracha. Para ele, o que importava da relação com o móvel era recuperar o afeto que o homem
brasileiro sempre teve pela madeira, redescobrir a origem nos nomes das essências vegetais e das
diversas madeiras. Outro arquiteto que também contribuiu para o movimento de modernização do
mobiliário no Brasil foi Paulo Mendes da Rocha, que foi influenciado pelo desenho dos assentos
aéreos e elásticos estruturados em metal, típico dos americanos e europeus, no final dos anos 20
(Figura 13).

Figura 13 - Cadeiras Preguiça e Paulistano, projetadas por Villanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha.
Fonte: www.tecto.com.br/Agenda/2010/10/01/Mostra-Os-Modernos-Brasileiros e https://futon-company.com.br/
Descrição: na figura 13A, a cadeira chamada Preguiça, projetada pelo arquiteto Villanova Artigas, com estrutura em
madeira escura e tiras de couro branco. Na figura 13B, apresenta-se a cadeira Paulistano, projetada pelo arquiteto Paulo
Mendes da Rocha, sua estrutura é produzida em aço tubular cromado e seu assento e encosto são constituídos por uma
única peça de couro marrom.

17
Competência 01

As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro detiveram de 1930 a 1960 as maiores iniciativas
na modernização da mobília no Brasil. O arquiteto Oscar Niemeyer, durante a construção de Brasília,
convidou vários arquitetos e designers para projetarem os móveis, para os edifícios públicos, dentre
eles: Joaquim Tenreiro, Sérgio Rodrigues, Sérgio Bernardes e Bernardo Figueiredo (Figura 14).

Figura 14 - Cadeira de Três Pés, Poltrona Mole e Cadeira Rampa, de Joaquim Tenreiro, Sérgio Rodrigues
e Sérgio Bernardes respectivamente.
Fonte:http://tipografos.net/design/tenreiro.html ; www.bossame.com.br/sergio-rodrigues-o-eterno-designer/ e
https://legado arte.wordpress.com/tag/sergio-bernardes/
Descrição: na figura 14A a cadeira de três pés, projetada por Joaquim Tenreiro, em madeira, com assento e encosto com
detalhes de marchetaria. A figura 14B apresenta a poltrona Mole, criada por Sérgio Rodrigues, com estrutura em madeira
escura e tiras de couro que sustentam as grandes almofadas em couro que constituem o assento, encosto e apoio dos
braços. A figura 14C apresenta a Cadeira Rampa, projetada por Sérgio Bernardes em madeira e um material que sugere
uma rampa de transporte de produtos ao longo de uma linha de produção industrial.

Sugiro que você leia o trabalho do professor da disciplina de Ecodesign, Adailton


Laporte de Alencar, cujo título é “Designers de Mobiliário: um estudo de caso sobre o
processo de configuração dos designers contemporâneos brasileiros”, através do link
abaixo. O trabalho trata da relação entre processo, metodologia de design e mobiliário
contemporâneo brasileiro e tem uma relevante contribuição no que diz respeito à
história do móvel no Brasil.
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3548

1.4 Desenho técnico de mobiliário: uma introdução


Uma das competências que devem ser executadas por um técnico em Design de Interiores
é ser capaz de elaborar desenhos técnicos de mobiliário e outros objetos, utilizando ferramentas de
representação convencionais, bem como softwares CAD (Desenho assistido por computador).
Dessa forma, cabe a esse profissional analisar desenhos globais, peças modelo e outras
especificações técnicas dos artigos a fabricar, com vista a determinar as características geométricas
das peças constituintes do mobiliário e outros objetos.

18
Competência 01

Você conhece as etapas que envolvem o desenvolvimento do projeto de um mobiliário?


Para elaborar o plano de montagem do projeto de um mobiliário é necessário:
1) Desenhar as diversas peças constituintes do produto final de acordo com as
dimensões e formas estabelecidas, utilizando ferramentas de representação
adequadas.
2) Elaborar o plano de montagem dos artigos a fabricar, identificando as respectivas
peças constituintes, os acessórios e o seu modo de encaixe, de forma a constituir o
produto final.
3) Verificar a conformidade do protótipo com o produto pretendido, acompanhando a
sua fabricação nas fases de execução e montagem e propondo eventuais alterações,
sempre que o produto não obedeça aos requisitos de qualidade.
Seguem abaixo algumas imagens de projetos de mobiliários, cujo tema iremos abordar
nas competências 3 e 4 desta disciplina:

Figura 15 - Projeto de marcenaria de uma cozinha.


Fonte: http://mariana-projetista.blogspot.com.br/2013/04/veda-02-projeto-de-marcenaria.html
Descrição: Nesta imagem apresenta-se a representação técnica de um projeto de marcenaria de uma cozinha, uma vista
frontal e um corte, com as dimensões das portas dos armários e indicações de materiais e acabamentos.

19
Competência 01

Figura 16 - Projeto de marcenaria de uma estante.


Fonte: http://stefanomega.com.br/marcenaria/
Descrição: Nesta imagem apresenta-se a representação técnica de um projeto de marcenaria de uma estante, uma vista
frontal com as portas e uma vista frontal interior, com as dimensões dos nichos e gavetas, bem como indicações de
materiais e acabamentos.

Encerramos aqui o conteúdo da nossa primeira semana. Esperamos que você tenha
gostado de estudar sobre o significado do móvel, os diferentes estilos de mobiliário e aprender sobre
alguns designers brasileiros. Aproveite para ampliar seus conhecimentos acessando o site de alguns
arquitetos, designers de interiores e fabricantes de móveis para se inspirar:
 www.campanas.com.br
 www.rosenbaum.com.br/projetos/decora/
 www.etelinteriores.com.br
 www.joaquimtenreiro.com
 www.starck.com/en/architecture/category/interiors
 www.kartell.com/gb/onlinestore/ghost-family

20
Competência 02

2.Competência 02 | Identificar e Conhecer os Tipos de Materiais,


Revestimentos e Demais Complementos que Compõem o Projeto do
Mobiliário
Assim como é importante reconhecer os diferentes estilos de mobiliário e suas principais
características, também é necessário conhecer os tipos de materiais e demais complementos que
compõem o projeto do mobiliário. Devido a isso, nesta semana, você irá aprender sobre madeiras
industrializadas, ferragens e suas aplicações.

Você já observou os diferentes materiais que compõem os móveis ao seu redor?

Quando pensamos em mobiliário de madeira nos dias atuais, é necessário entender que
esse material como é conhecido desde o princípio já não é o mesmo. Por essa razão, é importante
conhecer os produtos industrializados e suas características técnicas para desenvolver um projeto de
mobiliário.

2.1 Madeiras de reflorestamento


Hoje, muitas vezes os produtos industrializados atendem melhor ao projeto de mobiliário
que pretendemos desenvolver do que a madeira maciça, que é uma escolha mais luxuosa e restrita
ao uso das espécies permitidas, à produção, que é limitada, e ao custo.
As principais espécies de árvores que encontramos disponíveis e legalmente possíveis de
uso em nosso país são, sem dúvida alguma, as de reflorestamento, conforme tabela abaixo:

21
Competência 02

1. Araucária ou Pinho-do-Paraná - Uma das


preferidas pela indústria de móveis, devido às suas
características de fácil usinagem, cor e peso
adequados.
Seu crescimento é relativamente lento, mesmo
em plantações bem conduzidas. Requer terras
férteis, competindo, portanto, com a agricultura, o
que se reflete na sua pouca disponibilidade e
Figura 17
preço relativamente alto. Fonte:www.ipt.br/informacoesma
Suas plantações concentram-se no Oeste do deiras/18.htm
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

2. Cinamomo - Madeira de crescimento rápido,


leve e clara, da mesma família que o cedro e o
mogno.
Assemelha-se ao cedro, embora apresente cor
mais clara.
Apresenta bons rendimentos na produção de
lâminas faqueadas e, como madeira sólida, seca
facilmente, e proporciona excelente acabamento.
Figura 18
Fonte:www.ipt.br/ipt/areas/ctflo
resta/lmpd/madeiras/consulta/img/
59-cinamomo_rad_80.jpg

3. Eucalipto - É a madeira mais estudada


atualmente sob todos os aspectos e a mais
plantada.
Uma das espécies mais favoráveis para a indústria
moveleira é o eucalipto grandis (Figura 1), de cor
clara, avermelhada e densidade média, que
necessita cuidados no desdobro e secagem, mas
proporciona excelente material para móveis.
O eucalipto citriodora (Figura 2) é a madeira mais Figura 19 - Eucalipto-grandis
Fonte:www.ipt.br/informacoesma
pesada, castanha clara, muito resistente, que deiras3.php?madeira=13
apresenta excelentes resultados de acabamento
em móveis.
Pode ser encontrada comercialmente nos estados
de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

22
Competência 02

Figura 20: Eucalipto citriodora


Fonte: www.ipt.br/informacoes_ma
deiras/12.htm

4. Grevílea - Madeira de crescimento rápido,


densidade média, cor castanha clara levemente
acinzentada, podendo apresentar efeitos quase
prateados.
Apresenta secagem fácil e produz lâminas e
compensados de boa qualidade.
Existem poucas plantações e, portanto, ainda há
pouca disponibilidade da madeira; encontra-se no Figura 21
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Fonte: www.guiadomarceneiro.com
/forum/mensagem187960.html

5. Pinus - Pioneira entre as madeiras de


reflorestamento usadas pela indústria moveleira,
o pinus representa cerca de 30% da madeira
serrada produzida no Brasil, em especial nas
regiões Sudeste e Sul.
As plantações dessas espécies e seu
processamento concentram-se nos estados de
Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Figura 22
Apresenta bons rendimentos e excelentes Fonte: www.ipt.br/informacoes_ma
acabamentos, mas tem pouca resistência deiras3.php?madeira=7

mecânica e superficial, devendo ser utilizada com


cuidados nas estruturas de móveis e requerendo
acabamento superficial.

23
Competência 02

6. Teca - Madeira nobre, atualmente produzida


em plantações no Mato Grosso, com boa
resistência, grande estabilidade, fácil de secar e
usinar, proporcionando excelente acabamento.
É usada em todos os tipos de móveis internos e
externos, com excelentes resultados.
É madeira tradicional no comércio internacional,
alcançando altos preços. Figura 23
Fonte: www.arkpad.com .br/pai
nel-de-teca-qualidade-mca

Tabela 1
Fonte: www.guiadomarceneiro.com/?dir=mad_arq&gdm=reflorestamento.

A madeira maciça teve seu uso restrito a partir da metade do século XX devido a questões
ambientais ou de esgotamento de recursos, dessa forma, surgiram os painéis reconstruídos ou
madeira processada para substituição da madeira maciça.
Termos como exemplos OSB, MDF, MDP, AGLOMERADOS e outros comuns ao meio de
trabalho do designer de interiores e na fabricação de mobiliário, por isso é necessário conhecermos
as definições e características técnicas desses produtos para diferentes finalidades em um projeto de
mobiliário.

2.2 Madeiras industrializadas


Vamos conhecer alguns termos utilizados pela indústria de móveis, designers de
interiores, arquitetos, projetistas, entre outros:

2.2.1 OSB – Oriented Strand Board


Mais do que uma simples chapa de madeira aglomerada, o OSB é um material de alta
resistência e tolerância às intempéries. É um produto de grande resistência mecânica,
ecologicamente correto, durável, versátil e de qualidades absolutamente uniformes.
O OSB é um painel estrutural de tiras de madeira orientadas perpendicularmente, em
várias camadas, o que aumenta sua resistência mecânica e rigidez. Essas tiras são unidas com resinas
aplicadas sob altas temperaturas e pressão (Figura 24).

24
Competência 02

OSB no design e na construção:

Figura 24 - Placas de OSB – Oriented Strand Board


Fonte: www.apawood.org/osb
Descrição: nesta figura são apresentadas duas placas de OSB sobrepostas, destacando as tiras de madeira orientadas
perpendicularmente, em várias camadas unidas com resina.

O OSB é um material que em conjunto com perfis metálicos ou de madeira, e outras


tecnologias integradas já presentes no Brasil, possibilita a execução de um inovador sistema de
construção que é aplicado em todo o mundo, tanto para residências de alto padrão quanto para casas
populares, bem como para construções comerciais leves.

Você já imaginou como seria uma casa inteira construída com placas de OSB?

A “Casa para um casal” faz parte de um conjunto de quatro casas construídas que
compõem uma pousada em Campos do Jordão, inserida em uma área preservada de floresta e
projetada pelo arquiteto Andre Eisenlohr em parceria com o escritório Cabana Arquitetos.
A casa foi construída de maneira artesanal, além de mão de obra reduzida e especializada.
Foram usadas placas de 15 mm de OSB para o fechamento das paredes, formando um “sanduíche”
com 5 cm de distância entre elas, o que proporciona um melhor conforto e isolamentos térmico e
acústico, possibilitando a passagem da fiação elétrica de forma simples e racional.
A escolha do sistema de construção com OSB foi feita pela facilidade e rapidez de
montagem, além de sua resistência, leveza e textura visual, que deixa aparente o conceito orgânico
e o partido ecológico do projeto, visando o mínimo impacto ambiental e a máxima integração com a
natureza (Figuras 25A, 25B e 25C).

25
Competência 02

25A

Figura 25A - Fachada lateral da “Casa para um casal”


Fonte: http://andreeisenlohr.blogspot.com.br/2006/10/casa-para-um-casal.html
Descrição: Nesta figura é apresentada uma vista lateral da “Casa para um casal”, destacando o declive do terreno e os
materiais que compõem a construção: estrutura em madeira, fechamento em placas de OSB e cobertura composta por
telhas de fibra vegetal.

25B
Figura 25B - Ambiente interno da “Casa para um casal”.
Fonte: http://andreeisenlohr.blogspot.com.br/2006/10/casa-para-um-casal.ht ml
Descrição: Esta figura apresenta um dos ambientes internos da “Casa para um casal”, em primeiro plano destaca-se a
bancada da cozinha composta por placas de OSB e ao fundo apresenta-se o quarto composto por uma cama de casal com
uma televisão à frente.

26
Competência 02

25C

Figura 25C - Detalhe da escada.


Fonte: http://andreeisenlohr.blogspot.com.br/2006/10/casa-para-um-casal. Ht ml
Descrição: Destaca a estrutura da escada em madeira maciça e fechamento dos degraus em OSB.

Segundo o Guia do Marceneiro (2016), a consistência e a resistência do OSB conferem a


esse produto uma relação custo-benefício insuperável por qualquer outro painel para aplicações
industriais, além da excelente qualidade visual desse material, que permite novas possibilidades de
aplicações para designers, arquitetos e decoradores, abrangendo desde a construção civil,
embalagens (Figura 26A) e design de interiores (Figura 26B) até o segmento moveleiro. Dessa forma,
a superfície atraente do OSB permite utilizá-lo tanto sem acabamentos como pintado, envernizado
ou tingido, proporcionando todo o aconchego da madeira (Figuras 26C).

26A

Figura 26A - Embalagem produzida com OSB.


Fonte: http://designart.ind.br/produtos.php?l=102&p=24
Descrição: nesta figura é apresentado uma embalagem para transporte de vinhos, em formato de mala, produzida em
OSB envernizado.

27
Competência 02

26B

Figura 26B - Ambiente produzido com placas de OSB.


Fonte:www.casadevalentina.com.br/blog/como-decorar-sem-gastar-muito-262 1/
Descrição: nesta figura é apresentado o projeto de mobiliário de uma adega, destacando o uso de placas de OSB para
compor paredes, teto e móveis.

26C

Figura 26C - Estante produzida com placas de OSB natural e pintada.


Fonte: www.acasaqueaminhavoqueria.com/osb-mil-e-uma-utilidades/
Descrição: nesta figura é apresentado uma estante com módulos retangulares produzida com placas OSB natural e
pintadas nas cores vermelha, amarela, azul e roxo.

28
Competência 02

No quadro que segue apresentamos algumas informações adicionais e curiosidades sobre


MDF e chapas aglomeradas:

VERDADES E MITOS SOBRE MDF E CHAPAS AGLOMERADAS

1º. Mito - MDF é resistente à água


O MDF possui certa resistência à água, mas ele não é imune à sua ação.
É preciso saber que existe uma diferença entre uma chapa que é molhada uma vez, mesmo que por um
período longo, e outra que sofra molhamentos constantes ao longo do tempo.
A explicação sobre a ação da água na chapa é que as fibras da madeira, ao absorver umidade, irão inchar.
Isso acontece em qualquer tipo de chapa - seja MDF, aglomerado ou compensado.
A umidade também favorece o aparecimento de fungos, o que contribui para a degradação do painel.
Os móveis que estão sujeitos a molhamentos eventuais, como é o caso de móveis de cozinha e banheiro,
devem ter todas as faces e bordas dos componentes do móvel revestidas adequadamente.
Com esta proteção, executada da forma correta, a água não irá penetrar na peça, e ela ficará intacta por
muitos anos.

2º. Mito - Chapas são imunes a cupins


Saiba que nenhum tratamento é dado ao MDF, à madeira aglomerada ou à chapa de fibra para proteção
contra cupins.
Acontece que estes painéis são prensados em alta temperatura, cerca de 200ºC, o que extermina todos os
insetos existentes no processo produtivo, inclusive o cupim.
Isto é garantia de que as chapas chegam nas revendas livres de cupins, mas não assegura que não possa
acontecer uma contaminação a partir daí.
Mas como normalmente as chapas ficam pouco tempo armazenadas em revendas e marcenarias, é difícil
ocorrer o ataque de cupins nestes locais.
Entretanto, se o móvel for instalado em local contaminado por cupins, ele poderá ser atacado.
Sabendo disso, é recomendável uma dedetização local para evitar que o móvel seja infestado.

3º. Mito - MDF é mais resistente que aglomerado


Muitas pessoas acham que o MDF é mais resistente que outros tipos de painéis e que, quanto maior sua
espessura, maior sua resistência.
Talvez este conceito errado tenha surgido devido ao fato do MDF ser mais compactado que o aglomerado.
Uma das afirmações ouvidas neste sentido é que o MDF "segura" mais os parafusos, o que não é verdade.
A resistência de uma peça depende, além do material usado, de outros fatores importantes como: projeto
do móvel; execução e ferragens utilizadas.
Os projetos e a execução dos móveis são muito mais importantes na definição de sua resistência que o
próprio painel utilizado.

Fonte: http://www.guiadomarceneiro.com/

29
Competência 02

Para saber mais sobre a construção de paredes utilizando placas de OSB, assista ao
vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=F7RmC5gjnWo

2.2.2 MDF – Medium Density Fiberboarm


Conhecido mundialmente, o MDF (Fibra de Média Densidade) é ecologicamente correto.
Trata-se de um painel de fibras de madeira de composição homogênea em toda superfície, como
também no interior.
Devido à alta resistência e estabilidade, esse material permite alcançar excelentes
acabamentos em móveis (Figura 27A), artesanatos (Figura 27B), molduras, rodapés, colunas,
balaústres, divisórias, forros, entre outros. Destaca-se pela possibilidade de ser pintado ou laqueado,
podendo ser cortado, lixado, entalhado, perfurado, colado, pregado, parafusado, encaixado,
emoldurado, proporcionando, sempre, excelente acabamento tanto com equipamentos industriais
quanto com ferramentas convencionais para madeira.

27A
Figura 27A - Projeto de mobiliário de um dormitório de casal.
Fonte: www.duratexmadeira.com.br.
Descrição: nesta figura é apresentado o projeto de mobiliário de um dormitório de casal produzido com placas de MDF
nas cores branco e amadeirado (padrão Carvalho Hanover, da Duratex).

30
Competência 02

27B

Figura 27B - Peças de artesanato produzidas com MDF.


Fonte: http://www.palaciodaarte.com.br
Descrição: nesta figura são apresentadas diversas peças de artesanato produzidas com MDF, dentre elas: caixas, letras,
quadros, etc.

Atividade:
Vamos fazer um exercício rápido: analise os objetos ao seu redor e tente identificar os
materiais utilizados para produzir os mobiliários como: mesa, armários, prateleiras,
bancos, etc.

Videoaula: Agora, dê uma pausa na leitura e assista ao primeiro vídeo desta semana,
em que mostramos em detalhes o uso do MDF na indústria moveleira. Você já
observou as características do material e agora poderá ampliar os conhecimentos
observando a aplicação na fabricação de móveis planejados.

Você já notou ao entrar em uma madeireira ou loja de material de construção de grande


porte os diferentes acabamentos que uma chapa de MDF pode ter? Algumas apresentam
cor mais clara, outras imitam madeira de demolição, bambu, etc.

31
Competência 02

2.2.3 MDP – Medium Density Particleboard


MDP é a abreviação de Medium Density Particleboard ou Painel de Partículas de Média
Densidade. Consiste em um painel de madeira industrializada, assim como o Aglomerado, o MDF e o
OSB (Figura 28).
O MDP é especialmente indicado para a produção de móveis residenciais e comerciais de
linhas retas, formas orgânicas, que não exijam usinagens em baixo relevo, entalhes ou cantos
arredondados. Por isso, o MDP pertence a uma nova geração de painéis de partículas de média
densidade com características superiores e totalmente distintas dos painéis de madeira aglomerada
de antigamente.

Figura 28 - Diferença na composição das placas de MDF, MDP, compensado e aglomerado.


Fonte: https://arquiteteblog.wordpress.com/2013/12/05/dicas-para-projetar-sua-cozinha-parte-2/
Descrição: nesta figura são apresentados quatro tipos de placas utilizadas em projetos de mobiliário, em sentido horário:
MDF, MDP, compensado e aglomerado.

32
Competência 02

Principais diferenças entre MDF e MDP

Além da formulação (um é feito de partículas de madeira aglutinadas em duas camadas finas e uma grossa
e o outro de fibras de madeira que, em placas, são coladas umas sobre as outras), uma das principais
diferenças entre o MDF e o MDP é a limitação de uso. Enquanto o MDF apresenta maleabilidade,
permitindo a formação de curvas, por exemplo, o MDP tem limitações que favorecem o uso desse material
em artigos de linha reta, como portas, prateleiras, gavetas e demais peças retas.
Outra diferença entre os dois materiais é que o MDP apresenta alta absorção de tintas no acabamento
final e o MDF não. Assim, para essa finalidade, as placas de MDF tornam-se mais vantajosas, já que
permitem, por exemplo, que a finalização em laca seja mais homogênea, sem irregularidades na superfície.
Essa característica também influencia o custo-benefício. Para uso em parte externa, madeira com menos
poros têm menos absorção e, consequentemente, menos custos com tintas. Para uso interno, em
contrapartida, o MDP é o mais rentável. Permite ótima colagem e o custo do material é bem menor.
No final das contas, não tem melhor nem pior. Cada um tem seu papel e os dois são excelentes quando
usados na aplicação correta.

Fonte: www.liderinteriores.com.br/

2.2.4 Aglomerado – Particle Board

O aglomerado é formado por uma mistura de resíduos de madeira – como pó e serragem


–, cola e resina (Figura 29A). Essa mistura é prensada, formando os painéis que, depois, poderão
receber qualquer tipo de revestimento. Geralmente é usado na fabricação de móveis de baixa
qualidade, montados com cola e/ou cavilhas (pequenos pinos utilizados nos encaixes de móveis). Não
é recomendado o uso de pregos ou parafusos, pois o aglomerado pode rachar com muita facilidade.
A principal vantagem com relação ao aglomerado é seu baixo custo (Figura 29B). No
entanto, a baixa resistência à umidade, a curta durabilidade e a dificuldade de se trabalhar com esse
material – limitando consideravelmente suas possibilidades de uso – tornam seu uso pouco viável.

33
Competência 02

29A
Figura 29A - Placas de aglomerado.
Fonte: http://criartambientes.blogspot.com.br/2013/04/criart-ambientes-diferenca-en tre-mdf.html
Descrição: nesta figura são apresentadas placas de aglomerado sobrepostas.

29B

Figura 29B - Balcão criado pela empresa britânica Unto This Last, produzido em pranchas de
madeira aglomerada certificada.
Fonte: www.untothislast.co.uk
Descrição: nesta figura é apresentado um balcão criado pela empresa britânica Unto This Last, produzido em pranchas
de madeira aglomerada certificada. O tom da placa de aglomerado é claro e apresenta nuances em tons mais escuros. O
design do móvel é arrojado, com cantos arredondados, 2 portas de abrir e pés palito.

2.2.5 Compensado ou contraplacado


O painel compensado tradicional é composto por três ou mais lâminas torneadas, unidas
perpendicularmente com adesivo ou cola.
A principal aplicação de compensados está voltada para os fabricantes de móveis e os
construtores civis. Na indústria moveleira são empregados principalmente na produção de armários,
roupeiros, tampos de mesa, laterais de móveis, braços de sofá, fundos de armários e de gavetas,
prateleiras, pisos e portas residenciais internas.

34
Competência 02

No Brasil, os compensados são tradicionalmente divididos conforme sua fabricação em


dois tipos: multilaminados (plywood, formado por lâminas de madeira) e sarrafeados (blockboard),
formado por duas lâminas de madeira externas e miolo sarrafeado.
Os compensados também são subdivididos quanto ao seu uso, conforme apresentado a
seguir:

1. Compensados de uso geral – São chapas de madeira


compensadas, multilaminadas ou sarrafeadas cujo
adesivo empregado na fabricação restringe-a ao uso
interno, utilizando o adesivo ureia-formaldeído. Este tipo
de chapa tem grande aplicação na indústria moveleira. Os
painéis têm espessuras comuns, variando entre 3mm e
25mm, podendo chegar até 35mm. As dimensões usuais
são: 2,20m x 1,60m.
Figura 30
Fonte: https://coisasdaarquitetura.word
press.com/2011/08/30/a-madeira-em-
tempos-de-sustentabilidade-iii/

2. Forma de concreto – São chapas de madeira


compensadas e multilaminadas cuja colagem é à prova
d’água, à base de adesivo fenol-formaldeído, admitindo-
se, portanto, o uso exterior. Esse produto é largamente
empregado na construção civil. São fabricados
com acabamentos distintos relacionados com sua
destinação e uso, nas seguintes dimensões: 1,10 x 2,20 m,
espessuras 6, 10, 12, 14, 17 e 20 mm, 1,22 x 2,44 m,
espessuras – 6, 10, 12, 15, 18, 21 mm. Podem ser: Figura 31
Fonte: https://coisasdaarquitetura.word
plastificados, permitindo uma maior reutilização (cerca de
press.com/2011/08/30/a-madeira-em-
sete vezes) e resinados, permitindo cerca de duas tempos-de-sustentabilidade-iii/
reutilizações.

35
Competência 02

3. Decorativo (compensado laminado) – Estas chapas


recebem na superfície uma lâmina de madeira
considerada como decorativa e a colagem deve ser do tipo
intermediária, ou seja, podem ser utilizadas em locais de
alta umidade relativa e eventualmente entrar em contato
com a água. O uso final deste produto acontece
principalmente na fabricação de móveis.

Figura 32
Fonte: https://coisasdaarquitetura. word
press.com/2011/08/30/a-madeira-em-
tempos-de-sustentabilidade-iii/

4. Industrial – A chapa do tipo industrial é aquela que


possui a menor restrição em termos de aparência da
superfície, mas é exigida boa resistência mecânica e o
adesivo utilizado deve ser do tipo à prova d’água. A
utilização do produto é muito ampla, destacando-se a
embalagem.
Figura 33
Fonte:
www.mafeso.com.br/pages/produto.
asp?id=3

5. Naval – São chapas classificadas genericamente como


de uso exterior, colagem à base de adesivo fenol-
formaldeído (cola à prova d’água), com alta resistência
mecânica e montagem perfeita. Destinam-se
normalmente ao uso em aplicações que exigem o contato
direto com a água.

Figura 34
Fonte: www.amizadecuritiba.com.br/
index.php/ departamentos/compensado-
naval/chapa-de-compensado-naval-
diversas-medidas-detalhes.html

36
Competência 02

6. Painel estrutural – Utilizado em construção civil, na


chamada “construção seca”, para paredes
divisórias externas e internas e mesmo lajes de
mezaninos. É composto de miolo de madeira maciça,
laminada ou sarrafeada, contraplacado em ambas as
faces por lâminas de madeira e externamente por placas
cimentícias em CRFS (Cimento Reforçado com Fio
Sintético) prensadas. Dimensões 2,50 x 1,20 m, cm
espessura de 40 mm.
Figura 35
Fonte: https://coisasdaarquitetura.word
press.com/2011/08/30/a-madeira-em-
tempos-de-sustentabilidade-iii/

Fonte: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com

Videoaula: Não se esqueça da nossa segunda videoaula! Que tal uma pausa para vê-
la? O segundo vídeo desta semana traz uma exposição sobre tipos de madeira e suas
aplicações em um projeto de design de interiores.

2.3 Ferragens
Assim como existem diferentes materiais e suas aplicações específicas no projeto de
mobiliário, é importante conhecermos outros complementos e ferramentas para o desenvolvimento
de móveis planejados. As feiras do setor moveleiro apresentam as tendências e, assim, podemos
projetar móveis com valor agregado a partir do uso correto de ferragens. A escolha do sistema que
será utilizada em um móvel deve considerar alguns aspectos como: o orçamento do cliente, as
necessidades do usuário, o movimento idealizado, dentre outros.

Você já reparou os tipos de problema que uma ferragem incorreta pode causar?

37
Competência 02

Uma ferragem especificada incorretamente pode causar muitos problemas técnicos, tais
como: gavetas que não abrem, portas empenadas, encaixes que não funcionam. Por isso, é
importante que nós, designers de interiores e outros projetistas do setor, trabalhemos em parceria
com os profissionais que executam o móvel que projetamos, como o marceneiro.
As ferragens sempre agregam valor ao móvel, permitindo elevar a qualidade, conforto e
funcionalidade do projeto. O uso adequado desses complementos auxilia na abertura de portas em
diferentes ângulos. Os amortecedores impedem pancadas que podem danificar os móveis e os
extensores otimizam a abertura por completo de gavetas.
É importante prestar atenção na adequação das ferragens ao seu projeto, para isso alguns
detalhes são fundamentais e devem ser observados. Vamos analisar na tabela abaixo alguns
complementos utilizados em projetos de mobiliário que auxiliam e otimizam tarefas do cotidiano:

1. Dobradiças
Critérios importantes para sua especificação: o tamanho e
peso das portas são os primeiros itens a ser levados em
conta e determinam o tipo de dobradiça e a quantidade a
ser usada. A largura da folha, espessura e altura é
determinante, podemos também definir o ângulo de
abertura com a escolha certa.
Ao especificar as dobradiças temos que optar por um tipo
que ofereça regulagem e alta resistência aos ciclos de Figura 36A - sistema de portas de elevação,
abertura e fechamento e amortecimento, para evitar a fabricante BLUM.
Fonte: http://ipeferragens.com.br/acessori
batida das portas. os para-moveis/kit-para-porta-basculante/
kit-blum-aventos-hk.html

Figura 36B - sistema de portas de elevação,


fabricante BLUM.
Fonte: www.mdpaiva.com/index.php?ro ute
=pro duct/product&product_id=211

38
Competência 02

2. Corrediças
Critérios importantes para sua especificação: nas gavetas
as corrediças podem ter sistemas de rolamentos com
roldana de nylon, teflon e esferas metálicas, podemos
ainda ter corrediças invisíveis ou gavetas com sistemas de
laterais e divisórias que determinam o nível de
personalização e funcionalidade do móvel. E, mais uma vez,
antes da escolha temos que saber a finalidade da gaveta e
carga que ela irá suportar. As gavetas podem ter
Figura 37A - sistema de corrediças,
amortecedores ou sistemas elétricos de abertura para
fabricante BLUM.
serem acionadas sem puxadores. Fonte:www.companhiadoscursos.com.br/p
df/aqi024/DM%20APOSTILA%20JAN2010.pd
f

Figura 37B - sistema de abertura para


gavetas sem puxadores, fabricante TANDEM.
Fonte: www.companhiadoscursos.com.br/p
df /aqi024/DM%20APOSTILA%20JAN2010.
pdf

3.
Articuladores
Critérios importantes para sua especificação:
Nos sistemas de elevação e articuladores, em especial os
pistões a gás, temos que saber que tipo de abertura
desejamos. E, mais uma vez, o tamanho e peso são
determinantes. Temos aberturas sanfonadas, paralelas ao
móvel ou em diagonal. Para cada intenção tem uma
Figura 38 - sistema de portas de elevação.
solução. Temos também sistemas com amortecedores e
Fonte: www.companhiadoscursos. com
que param em qualquer posição que o usuário desejar. .br/pdf/aqi024/DM%20APOS TILA%20 JA
N2010.pdf

39
Competência 02

4. Portas de correr
Critérios importantes para sua especificação:
Para as portas de correr existe a opção de trilhos
embutidos, invisíveis e coplanares, aqueles em que as
portas ficam no mesmo nível, com batentes e
amortecedores. O tamanho da folha e seu material são
fundamentais para determinar o sistema a escolher. É só
consultar a especificação técnica do fabricante para saber
os limites.

Figura 39 - sistema de porta de correr,


fabricante PORTELLO.
Fonte: www.portello.com.br/

Fonte: www.companhiadoscursos.com.br/pdf/aqi024/DM%20APOSTILA%20JAN2010.pdf

Encerramos aqui os estudos desta semana. Esperamos que você tenha gostado de
aprender mais sobre diferentes materiais e tecnologias aplicadas ao projeto de mobiliário e sugiro
que você complemente nosso estudo assistindo ao documentário “Construção Dinâmica na TV”.

Este vídeo apresenta um projeto utilizando a tecnologia conhecida como Steel


Framing. Trata-se de uma maneira de construir utilizando uma estrutura metálica
coberta por chapas de OSB. Esse sistema garante um grande isolamento térmico e
acústico, podendo ainda ser acrescentado materiais em seu interior, aumentando
ainda mais a isolação. Segue o link para acessar o vídeo:
https://youtu.be/2SQLOROXIO4

Para finalizar este conteúdo, sugerimos que você faça uma visita virtual ao Museu do
Louvre, em Paris, e tente identificar alguns dos materiais e estilos de mobiliário
estudados até agora. Para isso, clique no link abaixo. Bom divertimento!
www.youvisit.com/tour/louvremuseum

40
Competência 03

3.Competência 03 | Entender o Desenho Detalhado de Projeto de Móveis


Nesta semana, você vai estudar como representar um projeto de móvel e os elementos
que o compõem. Atualmente, os espaços das habitações estão cada vez mais reduzidos, por isso, o
móvel sob medida tem um papel fundamental no aproveitamento de espaços e o profissional que
domina esse conhecimento, como o designer de interiores, é muito requisitado por empresas do
segmento, principalmente marcenarias e lojas de móveis planejados.
Vamos dar início aos nossos estudos analisando os tipos de desenho utilizados na
representação gráfica de um projeto de mobiliário. Mas, antes disso, sugiro um exercício bastante
interessante e rápido:

ATIVIDADE:
encontre um cômodo da sua residência que possua um armário, como um dormitório
ou cozinha, analise-o com as portas fechadas (repare na quantidade de portas,
gavetas, tipo de fechadura e puxadores) e, em seguida, abra os compartimentos
observando elementos como: corrediças, dobradiças, sistemas de elevação,
quantidade de divisões e prateleiras e outros elementos que chamarem sua atenção.

3.1 Representação gráfica


Ao observar um ambiente da sua casa, você deve ter reparado nos diferentes
componentes utilizados para compor um armário, dessa forma, assim como é importante conhecer
os diferentes materiais disponíveis no mercado para o desenvolvimento de um projeto de mobiliário,
é necessário aprender a utilizar os recursos para apresentar um projeto: os desenhos (representações
gráficas) e a maquete (modelo tridimensional, computadorizado ou não). No Módulo de Ferramentas
aplicadas você aprenderá ferramentas digitais que te auxiliarão no desenvolvimento de maquetes na
disciplina de Informática Aplicada ao Design de Interiores.
Para compreendermos a representação gráfica de um projeto de interiores, vamos
estudar alguns recursos utilizados para apresentar um projeto como: escala, tipos de desenho e
detalhamento para projeto de mobiliário.

41
Competência 03

3.1.2 Escalas

Escala é a definição dada para a relação entre as medidas de um espaço ou edificação e a


sua representação, usualmente gráfica. Dessa forma, a escolha da escala dependerá do objeto (que
poderá ser um móvel, objeto ou edificação) que será representado. Por exemplo, a escala 1:100
(significa que cada centímetro no papel corresponde a 1 metro do objeto real) é mais utilizada para
desenhos maiores, como projetos apresentados na prefeitura, plantas de implantação (que mostram
a casa e o terreno onde está localizada) e desenhos mais gerais que não necessitam de grandes
detalhes (Figura 40).

Figura 40 - Exemplo de planta de implantação, em sua maioria, representada em escala 1:100


Fonte:http://image.slidesharecdn.com/desenhoarquitetonico
Descrição: nesta figura apresenta-se a planta de localização, cobertura e implantação de uma residência, demonstrando
as principais cotas, a localização do Norte em relação ao terreno e o desenho do telhado.

42
Competência 03

Segundo Gurgel (2007), utilizamos a escala 1:50 para mostrar uma ideia geral de uma
construção relativamente com mais detalhes do que a planta em escala 1:100. Dessa forma, podemos
perceber que quanto maior for o número de informações necessárias para apresentar um projeto,
maior será a escala do desenho. Para representar apenas um ambiente, ou desenhos mais
detalhados, são mais indicadas as escalas de 1:20 ou 1:25, que permitem exibir um ambiente e seus
móveis, como por exemplo: o projeto de mobiliário de uma cozinha com todos os detalhes
necessários (Figura 41).

Figura 41 - Planta baixa de um banheiro, geralmente representada em escala 1:25.


Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nesta figura é apresentada uma planta de um banheiro de casal, composto por chuveiro, uma banheira dupla,
vaso sanitário, bidê e bancada da pia.

43
Competência 03

As áreas molhadas dos projetos (banheiros, lavabos, cozinhas, áreas de serviço, saunas,
etc.) geralmente são espaços mais complexos e que demandam detalhamento em separado
complementares ao projeto, na maioria das vezes, em escala 1:20 ou 1:25 (Figura 42).

Figura 42 - Exemplo de detalhamento de área molhada - Vista do banheiro do casal, geralmente representada em
escala 1:25.
Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nesta figura é apresentada uma vista do banheiro de um casal, destacando os materiais e acabamentos e as
cotas como: altura da pia, banheira, forro de gesso, etc.

44
Competência 03

A escala mais usada para o desenho de mobiliário é a escala 1:10, para representar as
vistas e plantas do projeto. Para apresentação dos cortes em detalhes e detalhes geralmente são
indicadas as escalas de 1:5, 1:2 e 1:1 (Figura 43).

Figura 43 - Exemplo de detalhamento de porta pivotante em madeira.


Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nesta figura é apresentado um detalhe em corte da maçaneta de uma porta pivotante em compensado.

3.1.3 Tipos de desenho

Para representar um projeto e torná-lo compreensível para os diferentes profissionais


envolvidos podemos utilizar diferentes tipos de desenho, por isso precisamos aprender a representar
graficamente o que pretendemos fazer e como será o espaço a ser criado. Dessa forma, designers de
interiores e outros projetistas devem transmitir suas ideias da forma mais completa e detalhada
possível.
Planta baixa
Planta Baixa é o nome que se dá ao desenho de uma construção feita, em geral, a partir
do corte horizontal à altura de 1,50m a partir da base. Tudo que estiver acima dessa altura deverá ser
representado por linhas tracejadas, significando sua projeção (Figura 44).

45
Competência 03

Figura 44 - Exemplo de planta baixa de uma suíte.


Fonte: http://images.slideplayer.com.br/3/378729/slides/slide_18.jpg
Descrição: nesta figura é apresentada uma planta baixa de uma suíte com as cotas principais e mobiliário.

Atividade:
Vamos fazer uma atividade rápida: tente imaginar como seria a planta do seu quarto
com os móveis (como no exemplo da figura 44) e a desenhe à mão livre em uma folha
A4. Lembrando que serão representados apenas os objetos até 1,50m e prateleiras
altas suspensas, por exemplo, serão representadas com linhas tracejadas.

Corte
Assim como a planta tem o objetivo de mostrar uma vista aérea do edifício, o corte mostra
a dimensão vertical como se fosse uma fatia da edificação. Pode mostrar os andares, a altura, o pé-
direito e outros detalhes que não são representados na planta baixa (Figura 45). Essa “fatia” pode ser
no eixo transversal, mostrando as laterais do edifício, ou longitudinal, da frente para os fundos.
Também podem ser utilizados cortes com outra orientação, dependendo do formato estabelecido
pelo projetista. A orientação e localização dos cortes devem estar indicados na planta, dessa forma é

46
Competência 03

possível compreender as diferentes maneiras de se visualizar as estruturas e alturas internas da


construção.

Figura 45 - Exemplo de corte de uma habitação.


Fonte: www.ebah.com.br/content/ABAAAAQKsAK/apostila-desenho-arquitetura-fag?part=6
Descrição: nesta figura é apresentada um corte de uma habitação, destacando o banheiro e as diferentes cotas de nível
do piso.

Vista
Como o próprio nome sugere, a vista representa verticalmente tudo que enxergamos
dentro de um ambiente. A vista é muito similar ao corte, a única diferença é que as espessuras de
parede, piso e laje não são representadas. Esse tipo de desenho é muito utilizado na representação
de projeto de mobiliário para apresentar todas as paredes que terão armários e outros móveis (Figura
46).

47
Competência 03

Figura 46 - Exemplo de vista de uma parede com armário.


Fonte: https://rosasclaras.files.wordpress.com/2010/09/picture-14.png
Descrição: nesta figura é apresentada uma vista de uma parede de um dormitório com armário, destacando as divisões,
prateleiras e gavetas, bem como as ferragens utilizadas.

Videoaula: Agora, vamos fazer uma pausa na leitura e assistir ao primeiro vídeo
desta semana, que demonstra alguns dos elementos que você aprendeu: planta,
corte e vista, de forma mais ilustrativa.

48
Competência 03

Detalhamento
Os detalhamentos são ampliações de elementos do projeto que devem ser executados
ou construídos segundo as instruções específicas contidas nessa representação. Esse tipo de desenho
é bastante utilizado em projetos de mobiliário para especificação de ferragens, encaixes ou detalhes
funcionais e/ou estéticos. Na imagem abaixo podemos analisar diversas representações de um
mesmo objeto: um banco. Primeiramente, podemos apresentar uma isométrica esquemática para
dar uma visão geral do móvel (Figura 47).

Figura 47 - Exemplo de detalhamento de um banco: isométrica esquemática.


Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nesta figura apresenta-se uma isométrica esquemática de um banco em madeira freijó maciça e detalhes em
compensado pintado na cor preta.

Além da isométrica esquemática, outros desenhos são executados para detalhar um


móvel, como por exemplo: uma vista superior auxilia no mapeamento e orientação das seções
verticais e elevações (Figura 48).

49
Competência 03

Figura 48 - Exemplo de detalhamento de um banco: vista superior, seção vertical e elevação.


Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nesta figura apresenta-se uma vista superior do banco em madeira freijó maciça, destacando as elevações e
seções que também compõem o detalhamento do móvel.

Outros detalhamentos também podem contribuir na compreensão do móvel que está


sendo projetado como, por exemplo, a seção vertical longitudinal apresentada na figura 49A e as
seções verticais ampliadas para auxiliar na compreensão da complexa geometria e encaixe de peças
dos pés do banco, distinguindo entre o apoio de mão e a faixa maciça, estrutural, reforçada por duas
mão-francesas (figuras 49B e 49C).

50
Competência 03

10A

Figura 49A - exemplo de detalhamento: seção vertical longitudinal.


Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nesta figura é apresentada uma seção vertical longitudinal (como se fosse uma “fatia” do objeto), destacando
os materiais e acabamentos necessários para a execução do móvel.

10B 10C
Figuras 49B e 49C - exemplo de detalhamento, seções verticais ampliadas para auxiliar na execução do móvel.
Fonte: https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf
Descrição: nestas figuras são apresentadas duas seções verticais ampliadas para auxiliar na compreensão da complexa
geometria e encaixe de peças dos pés do banco, distinguindo entre o apoio de mão e a faixa maciça, estrutural, reforçada
por duas mãos-francesas.

51
Competência 03

Para alguns móveis, como é o caso de armários de cozinha e de dormitório, além de


representar o móvel com as portas (externa), também é importante apresentar o desenho interno
dos móveis, como se o armário estivesse sem as portas. Assim, podemos detalhar a altura de
prateleiras, quantidade de gavetas, sapateiro, maleiro e outros componentes (Figura 50).

Figura 50 - exemplo de detalhamento, representação de um armário de dormitório sem portas.


Fonte: http://nossacasamuitoengracada.blogspot.com.br/2012/12/armarios-fechados.html
Descrição: nesta figura é apresentado um armário de dormitório sem portas, destacando as alturas das prateleiras,
cabideiro e dimensões para sua execução.

Maquete
Segundo Gurgel (2007), a maquete é uma representação tridimensional que auxilia na
compreensão e visualização dos projetos. No entanto, com o avanço das tecnologias computacionais
cada vez mais são utilizados softwares, principalmente no setor moveleiro, para desenvolvimento de
modelos geométricos digitais em substituição às maquetes produzidas de forma tradicional.

52
Competência 03

Figura 51A - exemplo de maquete física.


Fonte:http://static.wixstatic.com/media/2b86f40a9717d70594396eab0d5dcf2565595c.jpg124
Descrição: a figura 11A apresenta uma maquete física produzida em papel paraná com métodos tradicionais.

Figura 51B - exemplo de maquete desenvolvida em software 3D.


Fonte: https://construir.arq.br/wp-content/uploads/2015/11/SketchUp_3.png
Descrição: a figura 11B apresenta um exemplo de modelo digital de uma residência desenvolvida em software 3D.

Videoaula: Sugiro que você assista ao segundo vídeo desta semana, que demonstra
algumas tecnologias digitais para desenvolvimento de maquetes físicas a partir de
modelos digitais.

53
Competência 03

Aqui concluímos os estudos desta semana e esperamos que você tenha gostado de
aprender mais sobre os diferentes tipos de desenho e representação de projeto de mobiliário.
Sugerimos que você assista ao vídeo abaixo para observar algumas soluções de marcenaria para
espaços pequenos.

Dica!
Se você tem um espaço pequeno e precisa aproveitá-lo com vários usos, veja estas
sugestões de móveis multifuncionais que podem ser um coringa na sua casa. Segue o
link para acessar o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=HXAEsZyItYc

54
Competência 04

4.Competência 04 | Conceber o Projeto de Móveis Adequados à Realidade


e às Necessidades do Usuário e do Mercado
Você já aprendeu sobre estilos de mobiliário, tecnologia para produzi-los, acabamentos e
representação de projeto de móveis; assim, nesta semana, você vai aprender sobre como o designer
de interiores pode fazer a análise do perfil do cliente e noções de custos e orçamentos de um projeto
de mobiliário.
Com a diminuição dos espaços das habitações na atualidade, o móvel sob medida tem um
papel importante no aproveitamento de espaços e cabe ao designer de interiores conceber móveis
adequados à realidade e às necessidades dos usuários.
Antigamente o móvel era passado de geração a geração, no entanto, nos dias atuais, o
mobiliário acaba sendo trocado com maior frequência para adequar-se às tendências de design e
atender as exigências de espaço na residência e das novas tecnologias, como, por exemplo,
comportar eletroeletrônicos que constantemente apresentam inovações de tamanho, modelos e
funções.
Como foi visto anteriormente, os móveis possuem diferentes características - materiais,
texturas e estilos - que remetem sensações distintas para cada pessoa. Dessa forma, podemos
perceber que as pessoas reagem diferentemente a diversos estímulos visuais, por isso algo que pode
ser agradável para um indivíduo pode desagradar a outro.
Considerando que o trabalho do designer de interiores deve contribuir positivamente
para a criação de espaços que proporcionem bem-estar para as pessoas que irão ocupá-los, a escolha
dos materiais, cores, formas e texturas deve ser feita de maneira cautelosa, buscando criar harmonia
no ambiente projetado.
Dessa forma, os profissionais que trabalham com projetos de ambientes, como o designer
de interiores, precisam levar em consideração alguns fatores que influenciam a qualidade de vida dos
indivíduos, como as necessidades biológicas e o conforto ambiental.

55
Competência 04

4.1 Necessidades biológicas

Podemos perceber que o nosso organismo funciona de maneira diferente ao longo do


ano, do dia ou das horas. Dentre as principais necessidades do nosso organismo podemos destacar:
luz natural, ventilação dos ambientes, aquecimento nos dias frios, resfriamento nos dias quentes,
umidade do ar ou escuridão para proporcionar uma noite de descanso adequada.

4.1.1 Conforto ambiental

Quando estamos desenvolvendo um projeto de interiores precisamos utilizar soluções


eficientes para manter as edificações de acordo com as normas de conforto. Desde o início da
existência do ser humano, o homem busca abrigo contra as intempéries do tempo. Por isso, podemos
considerar que a sensação de bem-estar está relacionada à sensação de segurança e, assim, podemos
utilizar toda tecnologia disponível para alterar as características de um ambiente, trazendo conforto
para seus usuários.
Vamos dar início aos nossos estudos, mas, antes disso, sugiro um exercício bastante
interessante e rápido:

ATIVIDADE:
escolha alguns cômodos da sua casa como banheiro, dormitório e sala e procure
perceber se existe alguma diferença de temperatura entre eles e os materiais e
acabamentos que o tornam confortável, aconchegante, quente ou frio.

Após esse exercício, vamos abordar alguns fatores que devem ser considerados no
projeto de ambientes, para contribuir no conforto e bem-estar dos usuários.

4.1.2 Temperatura

A temperatura do ambiente é um fator importante para o conforto dos moradores, assim


é fundamental considerar o período de maior insolação nas edificações, que ocorre das 10h às 14h.

56
Competência 04

Na maioria das vezes, para conseguir um bom desempenho térmico, deve-se considerar
várias soluções simultâneas. No inverno devemos evitar que o ar quente do ambiente saia, enquanto
no verão devemos evitar que o ar quente externo entre no ambiente.
Algumas estratégias podem contribuir para alterar a temperatura ambiente, como utilizar
ar-condicionado, lareira ou exaustor, além de soluções aliadas à construção das edificações, como
janelas com orientação correta para ventilação, mantas térmicas para minimizar o frio, tijolos
maciços, etc.

Dica!
Devem-se buscar soluções econômicas, do ponto de vista financeiro ou energético, a
fim de se fazer do projeto um exemplar único e particular. Criatividade e pesquisa são
os ingredientes para se chegar a soluções singulares.
Fonte: GURGEL, M. Projetando Espaços. Design de Interiores. São Paulo: SENAC, 2007.

4.1.3 Qualidade do ar

Além da temperatura, ar puro e circulante também é essencial para o projeto de qualquer


ambiente saudável, por isso é importante posicionar corretamente janelas, portas, exaustores para
contribuir na circulação e renovação do ar de um ambiente, bem como fazer manutenção nos filtros
do aparelho de ar-condicionado para garantir condições saudáveis para os usuários.

4.1.4 Luz

A luz, natural ou artificial, é um elemento fundamental para o bem-estar físico e mental


do ser humano. Dessa forma, a escolha de materiais e acabamentos adequados para uma boa
reflexão da luz é de extrema importância no desenvolvimento do projeto de um ambiente. Assim
como a luz natural pode ser garantida a partir do posicionamento adequado das aberturas de um
ambiente, o projeto de interiores também inclui a especificação de luz artificial para maior conforto
e comodidade. Para isso, existem normas que auxiliam o designer de interiores a definir condições
mínimas de iluminação para cada ambiente, de acordo com as atividades que são desenvolvidas no
cômodo.

57
Competência 04

4.2 Briefing

Quando estamos fazendo um projeto de mobiliário precisamos saber as reais


necessidades do cliente, que, às vezes, apresenta com clareza o que deseja e/ou necessita,
fornecendo informações suficientes para o desenvolvimento de um projeto que atenda às suas
demandas. No entanto, muitas vezes, o cliente não fornece informações de maneira objetiva para a
criação do projeto.
Quando isso acontece, para reduzir as possibilidades de erros, é necessário que o designer
de interiores faça uma coleta de informações de todos os aspectos essenciais para a concepção do
projeto. Para isso, podemos usar uma ferramenta conhecida como briefing. Essa palavra tem origem
no inglês e significa “instrução” ou “direção” e, assim como seu significado demonstra, seu objetivo
é instruir o designer para realizar as exigências, preferências e sonhos do cliente.
Cada cliente possui experiências, rotinas, preferências diferentes, dessa forma, o briefing
nunca será o mesmo para todos os clientes, no entanto, temos algumas perguntas que auxiliarão
iniciar a coleta de informações com o usuário do ambiente que você projetará. O ideal é que o briefing
não se pareça com uma entrevista, para não deixar o cliente desconfortável, mas se assemelhe com
uma conversa casual, em que o cliente se sinta à vontade para falar sobre seu dia a dia, gostos,
hobbies, etc.

Você sabe quais são as perguntas fundamentais para conhecer melhor o perfil do seu
cliente?

No quadro abaixo você pode analisar algumas perguntas que podem te auxiliar para o
levantamento de dados na conversa com o cliente:

58
Competência 04

▪ Quantas pessoas vão utilizar a residência?

▪ Pretendem aumentar a família?

▪ Qual a idade destes utilizadores?

▪ Qual rotina destes utilizadores?

▪ Qual momento do dia em que todos ficam juntos?

▪ Como é o café da manhã?

▪ Como é o almoço?

▪ Como é o jantar?

▪ Quantos empregados trabalham na casa?

▪ Assistem à TV juntos?

▪ O que mais gostam quando o assunto é passar o tempo?

▪ Gostam de cozinhar?

▪ Gostam de receber amigos em casa? Quando? Para quê?

▪ O que mais irrita você em uma residência?

▪ Do que você mais gosta quando se refere a uma residência?

▪ Recebe hóspedes?

▪ Você tem algum hobby?

▪ Tem animal de estimação?

▪ Você gosta de plantas? Flores? Temperos?

59
Competência 04

▪ O que você detesta fazer em casa?

▪ Se você pudesse se transportar para um filme, qual seria?

▪ Em uma noite fria, você faz o quê?

▪ Em uma noite quente, você faz o quê?

▪ Qual a sua relação com a tecnologia?

▪ Quais cores mais lhe agradam? Gosta de tons pastéis ou vibrantes?

▪ Você tem o hábito de assistir à TV no quarto?

▪ Você coleciona objetos? O quê?

▪ Que tipo de elemento você acha que enfeita um ambiente?

▪ De qual tipo de iluminação você gosta? (muita, pouca, ambiente, direta, fria, quente).

▪ Você trabalha em casa? Qual o período?

▪ Tem objetos a serem guardados com chaves ou cofre?

▪ Qual a sua particularidade para esse projeto (alguma observação em especial que você gostaria
que tivesse em sua nova residência?)

▪ Deseja automação? (som, vídeo, ar-condicionado, cortinas)

▪ Gosta de bebidas? Quais?

▪ O que não pode faltar de maneira alguma nesta residência?

▪ Qual seu “budget / orçamento” para esta reforma?

Fonte: www.cklein.com.br/questionario-de-briefing/

Videoaula:Com base nas informações de que você já dispõe, assista à primeira


videoaula desta semana, que apresenta mais algumas dicas e informações para o
levantamento de dados com o cliente.

60
Competência 04

4.3 Custos

Quando estudamos projeto de mobiliário é necessário pensarmos sobre uma das


questões mais importantes para sua execução: o orçamento. Uma das principais vantagens do móvel
sob medida é a possibilidade de personalizar a casa do cliente, garantindo que os cômodos
correspondam às necessidades e ao estilo de vida de quem o ocupa.
Nem sempre o móvel feito sob medida pelo designer de interiores, arquiteto ou projetista
constitui um custo maior do que a compra de móveis prontos e mesmo que, às vezes, custem um
pouco mais, é importante esclarecer ao cliente que, ao contratar um profissional qualificado para o
desenvolvimento do projeto, ele estará adquirindo móveis que são de alta qualidade, durabilidade e
melhor custo-benefício.
Conforme vimos anteriormente, existem diferentes materiais, acabamentos e tecnologias
para o desenvolvimento de um projeto de mobiliário, assim, são muitas variáveis envolvidas no custo
e que devem ser consideradas para a definição do orçamento da obra como, por exemplo: tamanho
do cômodo (quanto maior a área do ambiente, maiores serão os armários, por exemplo), tipo de
acabamento da madeira e sua espessura (Figura 52A), ferragens e acessórios (Figura 52B).

52A

Figura 52A - Exemplo de variáveis que definem o custo do projeto: tipo de acabamento da madeira e sua espessura.
Fonte: http://files.consulteaki.webnode.com.br/200000943-3cd403ec7f/mdf.jpg
Descrição: diferentes chapas de MDF e MDP.

61
Competência 04

52B
Figura 52B - exemplo de ferragens e acessórios que podem elevar o custo do projeto, mas que agregam qualidade e auxiliam nas
atividades do cotidiano.
Fonte: www.procompra.com.br/blog/decoracao/como-fazer-um-orcamento-de-moveis-pla nejados/
Descrição: nesta figura apresenta-se um armário de cozinha aberto, destacando os acessórios aramados para armazenamento de
condimentos e as ferragens que possibilitam diferentes aberturas da porta do móvel.

Por isso, quando você for escolher os componentes que utilizará em um projeto, avalie
todas as opções selecionadas e que se adaptam perfeitamente à sua ideia e analise qual a melhor
relação custo-benefício.
Muitas vezes, o preço de um material pode parecer muito alto a princípio, mas após uma
análise criteriosa pode se tornar um valor justo e trará grandes vantagens em relação a um material
com menor custo, compensando e justificando sua aplicação no projeto.

Dica!
Fazendo uma análise cautelosa das opções disponíveis no mercado, muito dificilmente
ocorrerão erros e precipitações na hora da especificação dos materiais.
Fonte: GURGEL, M. Projetando Espaços. Design de Interiores. São Paulo: SENAC, 2007.

Videoaula: Antes de continuarmos, sugiro que você assista à segunda videoaula, que
complementará o conhecimento sobre custos e orçamentos de um projeto de
mobiliário.

62
Competência 04

4.3.1 Orçamentos

Para definirmos uma ideia mais precisa do custo da execução de um projeto de mobiliário
é importante que se façam pelo menos dois ou três orçamentos com diferentes profissionais
qualificados para a cotação de materiais e mão de obra.
A variação de preço no setor moveleiro é muito comum, por isso precisamos nos certificar
de que um valor muito abaixo do mercado não está relacionado com a qualidade do serviço e/ou
material de baixa qualidade. No entanto, quando encontramos um preço mais em conta, mas com
pequena variação relacionada à cor, dimensão ou revestimento, devemos ponderar se essas
pequenas alterações não implicarão em nenhum comprometimento para o projeto e, finalmente,
decidirmos por essa opção. Muitas vezes, uma pequena economia com materiais similares que não
comprometam o resultado final pode contribuir para uma melhor negociação, economia ou
investimento em outros materiais do projeto.

Dica!
Saiba onde economizar e gaste onde é fundamental. Analise a relação custo-benefício
dos materiais. Agindo assim, o resultado final do projeto será gratificante não somente
do ponto de vista visual ou funcional, mas também econômico.
Fonte: GURGEL, M. Projetando Espaços. Design de Interiores. São Paulo: SENAC, 2007 .

Este vídeo apresenta uma abordagem mais aprofundada sobre custo, orçamento e
variáveis que envolvem a definição do valor de um projeto de mobiliário. Segue o link
para acessar o vídeo: https://youtu.be/E4nP9BKxMqw

63
Conclusão

Terminamos aqui a disciplina de Projeto de Mobiliário e nosso desejo é que este


conhecimento tenha contribuído para sua formação no curso técnico de Design de Interiores.
Como você percebeu, o projeto de mobiliário faz parte das competências do designer de
interiores, que possui uma grande área de abrangência de atuação em marcenarias, lojas de
planejados, madeireiras, dentre outros.
Para desemprenhar projetos de mobiliário é necessário conhecer os diferentes estilos de
móveis e suas principais características. Você aprendeu também a diferenciar os tipos de materiais e
revestimentos, bem como descobriu outros complementos que compõem o projeto de mobiliário.
Para finalizar esta disciplina abordamos como representar o desenho detalhado do
projeto de um móvel, como criar ambientes que melhor atendam às necessidades atuais dos usuários
utilizando o briefing e como definir os custos para execução de um projeto.
Esperamos que você tenha gostado e até a próxima!

64
Referências

GURGEL, M. Projetando Espaços. Design de Interiores. São Paulo: SENAC, 2007.

LUCIE-SMITH, Edward. Furniture: a concise history. London: Thames & Hudson,1997.

65
Minicurrículo do Professor

Olá! Eu sou Leticia Teixeira Mendes, tenho 34 anos, sou formada em Arquitetura e
Urbanismo pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) e desenvolvi meu mestrado e doutorado
na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Faz 10 anos que atuo como arquiteta e professora e, na minha carreira profissional, já
trabalhei com desenvolvimento de projetos de arquitetura e design de interiores, acompanhamento
de obra, design gráfico e cenografia.
Hoje trabalho na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como professora e
pesquisadora do Departamento de Expressão Gráfica. Sou coordenadora do Laboratório de
Experimentos em Artefatos 3D (Grea3D) e tenho desenvolvido atividade de docência em diversos
cursos, como Arquitetura e Urbanismo, Engenharias e Licenciatura em Expressão Gráfica. Além disso,
desenvolvo pesquisa sobre habitação popular e leciono na Educação a Distância.
É isso, pessoal!
Espero poder compartilhar com você o que tenho aprendido na minha carreira
profissional e docência!
Um grande abraço!

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