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Tipos de Transportes

(Modais)
Paulo Ney Alves Barata

Curso Técnico em
Logística
Tipos de Transportes
(Modais)
Paulo Ney Alves Barata

Curso Técnico em
Logística

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

2.ed. | fevereiro 2022


Professor Autor Catalogação e Normalização
Paulo Ney Alves Barata Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Revisão Diagramação
Paulo Ney Alves Barata Jailson Miranda

Coordenação de Curso Coordenação Executiva


Eliane Barbosa George Bento Catunda
Renata Marques de Otero
Coordenação Design Educacional Manoel Vanderley dos Santos Neto
Deisiane Gomes Bazante
Coordenação Geral
Design Educacional Maria de Araújo Medeiros Souza
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Maria de Lourdes Cordeiro Marques
Helisangela Maria Andrade Ferreira
Izabela Pereira Cavalcanti Secretaria Executiva de
Jailson Miranda Educação Integral e Profissional
Roberto de Freitas Morais Sobrinho
Escola Técnica Estadual
Descrição de imagens Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Helisangela Maria Andrade Ferreira
Gerência de Educação a distância
Sumário
Introdução .................................................................................................................................... 6

1.Competência 01 | Conhecer a Importância e as Aplicações dos Modais de Transporte ............... 9

Conceitos básicos dos transportes ................................................................................................................ 12


Conceitos de modais e formas de transportes.............................................................................................. 12
Infraestrutura de Transportes no Brasil ........................................................................................................ 14
Transportes ................................................................................................................................................... 19
Tipos de carga ............................................................................................................................................... 26
Tomada de Decisão ....................................................................................................................................... 34
2.Competência 02 | Compreender a Dinâmica e a Importância dos Modais de Transporte Rodoviário
e Aéreo ....................................................................................................................................... 37

Modal Rodoviário .......................................................................................................................................... 37


Tipos de veículos usados no transporte rodoviário ...................................................................................... 38
Operadores de cargas do modal rodoviário .................................................................................................. 41
Documentação do transporte rodoviário...................................................................................................... 42
Modal Aéreo.................................................................................................................................................. 44
Tipos de veículos usados no transporte aeroviário ....................................................................................... 47
Operadores de cargas do modal aeroviário .................................................................................................. 49
Documentação do transporte aéreo ............................................................................................................. 49
A contratação dos fretes aéreo e rodoviário................................................................................................. 51
3.Competência 03 | Compreender a Dinâmica e a Importância dos Modais de Transporte
Ferroviário e Aquaviário. ............................................................................................................. 55

Modal Ferroviário.......................................................................................................................................... 55
Tipos de veículos usados no transporte ferroviário ...................................................................................... 56
Operadores de carga do modal ferroviário ................................................................................................... 58
Documentação do transporte ferroviário ..................................................................................................... 59
Modal Aquaviário .......................................................................................................................................... 60
Tipos de veículos usados no transporte aquaviário ...................................................................................... 63
Tipos de Serviços Marítimos ......................................................................................................................... 67
Particularidades das operações marítimas ................................................................................................... 68
Documentação do transporte marítimo ....................................................................................................... 70
A contratação dos fretes ferroviário e aquaviário ........................................................................................ 71
4.Competência 04 | Conhecer os custos impactantes no transporte de materiais ........................ 75

Aspectos do desempenho dos modais .......................................................................................................... 75


Integração dos transportes com outras funções logísticas – Logística Integrada. ........................................ 78
Operações especiais nos transportes ............................................................................................................ 80
Serviços acessórios ao transporte ................................................................................................................. 84
Documentos e Apólices de Seguro Internacional de Transportes................................................................. 86
Conclusão .................................................................................................................................... 90
Referências ................................................................................................................................. 91

Minicurrículo do Professor .......................................................................................................... 93


Introdução
Caro (a) estudante,
Seja muito bem-vindo (a) à disciplina Tipos de Transporte (Modais) do módulo de
Transporte do nosso curso Técnico de Logística.
Nessa jornada vamos aprender um pouco mais sobre os modais de transporte disponíveis
na atualidade para atender à necessidade cada vez maior de transpor distâncias a fim de que
matérias-primas, produtos semiacabados e produtos acabados percorram os elos da cadeia de
suprimentos e cheguem até o consumidor final no tempo certo, no lugar certo, nas condições
adequadas de uso e com o menor custo possível.
Convido você a embarcar nessa jornada que lhe proporcionará um entendimento de
forma simples e objetiva sobre como os meios de transporte evoluíram até o ponto em que
vivenciamos hoje. Sua evolução confunde-se com a evolução da humanidade.
Para chegar nesse estágio de tamanha eficiência moderna, os transportes precisaram
evoluir de acordo com as necessidades e dos conhecimentos que a humanidade adquiria. O exemplo
mais extraordinário dessa evolução do conhecimento é o da Expansão Marítima, no século XV. O
conhecimento adquirido para construir o meio de transporte aquaviário tornou possível a saída dos
europeus do seu continente em busca de novos territórios. Esse fato deu início a descoberta de
“novas” terras como as Américas.
Mas vamos voltar um pouquinho no tempo...
Inicialmente, num primeiro momento, lá na pré-história, quando os homens ainda eram
nômades1, o transporte de cargas era realizado por tração humana, mais precisamente, pelo próprio
homem, utilizando sua própria força dos músculos das pernas e dos braços.
Nesse período da evolução da nossa raça, os primeiros homens passaram a ser bípedes
(a andar sobre suas próprias pernas) e somente assim foram capazes de desenvolver várias
ferramentas com a utilização de pedras e ainda aprenderam a controlar o fogo. Sempre em busca de
uma nova oportunidade de caçar, os nômades precisavam levar consigo todos os seus pertences,
sendo eles próprios, durante muito tempo, o meio de transporte dessa carga.

1
Nômades - Aqueles que não têm habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar.

6
Muito tempo depois, o homem passou a viver em grupo e em cavernas, nesse momento
da história humana o homem se torna sedentário, deixa de ser nômade, e desperta para o controle
da agricultura.
Após o término da última era glacial, a terra se transforma e adquire novas características,
forçando os homens a cultivar certos tipos de plantas para a sua própria alimentação e também a
construir novas ferramentas para a caça e a pesca. Nessa época o homem iniciou a domesticação dos
animais e isso permitiu, pela primeira vez, que fossem utilizados animais para o transporte de carga.
A utilização da tração animal no transporte de cargas, fez com que as viagens pudessem
ser realizadas com mais facilidade, permitindo que os homens pudessem carregar os seus pertences
e seus alimentos (caça e plantio) no lombo dos animais, utilizando-se dessa vez, da força dos músculos
dos animais. Em algum momento nessa fase da história passamos a expandir nossos territórios e com
a invenção da roda (datada de cerca de 3.500 a.C), passamos a transportar nossas cargas por carroças,
puxadas por bois ou cavalos, provocando uma revolução nos transportes terrestres.
Ao longo dessa saga, a humanidade também já experimentava o transporte de carga pelo
meio marítimo ou aquaviário em canoas, barcos e outros tipos de embarcações que se
desenvolveram ao longo do tempo e de acordo com a evolução do conhecimento e da tecnologia
para esse modal.
Avançando um pouco na história, para o período conhecido como Renascentismo (que
teve seu início no século XV e seguiu até o século XIX), a primeira revolução industrial nos permitiu
um salto tecnológico significativo para o desenvolvimento dos primeiros modais de transporte de
carga da era moderna.
Durante a revolução Industrial descobrimos novas formas de obtenção de energia e novos
combustíveis o que permitiu o desenvolvimento de novas e potentes máquinas. A manufatura, até
então realizada pelos artesãos, deixaram de existir e passamos a fabricar em massa com a utilização
de máquinas no lugar dos artesãos, construímos grandes indústrias, desenvolvemos novas máquinas
a vapor, o que favoreceu o êxodo rural e o crescimento das grandes cidades com consequente
explosão do consumo. A nossa sociedade nunca mais foi a mesma e os meios transportes precisaram
evoluir para acompanhar todas essas transformações.

7
Com a crescente necessidade de meios de transporte de maior capacidade, mais potentes
e velozes, para atender a demanda em escala cada vez maior, faz-se surgir as primeiras locomotivas
e as primeiras ferrovias.
No final do século XIX e início do século XX surgiam os primeiros automóveis com motores
a combustão que também alteraram o mapa dos transportes de cargas no mundo.
Seguindo na linha do tempo, na primeira metade do século XX, a segunda guerra mundial
modificou quase completamente o cenário para o transporte de cargas, visto que essa guerra foi
quase toda motorizada, o que exigiu um crescente número de utilização de caminhões para prover
os suprimentos das tropas. Outro modal bastante utilizado durante a segunda guerra foi o aéreo, a
sua velocidade fez com que ele fosse um dos mais empregados para levar suprimentos e pessoas de
maneira mais rápida ao longo das rotas internacionais.
Atualmente o modal aéreo é o segundo mais utilizado no comércio exterior, pois a sua
utilização permite a redução do tempo de viagens entre países, levando a carga de um ponto a outro
do planeta em questão de poucas horas.
Depois dessa breve viagem no tempo, para entendermos melhor o contexto no qual
vivemos na atualidade, abordaremos os principais conceitos que serão explorados na nossa disciplina.
Vamos juntos entender as definições, características, vantagens e desvantagens, de cada
modal e sua relevância no processo logístico.
Você poderá verificar na primeira competência da nossa disciplina os aspectos básicos de
cada modal para facilitar seu entendimento. Na segunda competência, você irá compreender a dinâmica
e a importância dos modais de transporte rodoviário e aéreo. Em um terceiro momento, na terceira
competência, será dedicado a compreensão da dinâmica e da importância dos modais de transporte
ferroviário e aquaviário. Finalmente, na quarta competência, você será levado para conhecer os
custos envolvidos no transporte de cargas, a Integração dos transportes com outras funções
logísticas, algumas das operações especiais em transportes de carga, alguns serviços acessórios ao
transporte e também sobre aspectos importantes da documentação e apólices de seguro
internacional de transportes.
Preparado?
Então vamos lá...

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1.Competência 01 | Conhecer a Importância e as Aplicações dos Modais
de Transporte
Nesta competência você vai aprender um pouco mais sobre os transportes e a sua
importância para o nosso confortável estilo de vida em pleno século XXI.
Você já parou para pensar como seria a nossa vida sem os meios de transporte de que
dispomos atualmente?
De que depende a nossa qualidade de vida moderna? Vou te dar uma chance! Vamos lá,
tente imaginar...
Certamente você deve ter pensado em qualquer coisa relacionada ao desenvolvimento
do conhecimento da humanidade e da tecnologia nos últimos séculos e você acertou.
Mas, para ser mais preciso, desde a antiguidade nos preocupamos com as melhores
técnicas que dispúnhamos para suprir, prover de mantimentos considerados essenciais, as
sociedades no mundo inteiro. Mesmo que essas sociedades tivessem que pagar um preço por esses
suprimentos essenciais.
Construímos cadeias de abastecimento ao redor do mundo, desenvolvemos uma série de
processos recheados de conhecimento e tecnologia, capacitamos pessoas para operarem esses
processos, conseguimos integrar a logística entre todos os seus elos de comunicação – fornecedores,
fabricantes, distribuidores, atacadistas e varejistas - tudo isso na tentativa de suprir essas
necessidades de consumo de bilhões de pessoas em todo o planeta. Sim isso mesmo, atualmente
somos mais de sete e meio bilhões de pessoas no mundo todo (o número sete seguido do número
cinco e mais oito zeros è 7.500.000.000).
Dá para imaginar isso?
E, ao que tudo indica, conseguimos!
Continuando com o nosso raciocínio, a nossa qualidade de vida no mundo moderno se
deve a forma como pudemos desenvolver a logística ao longo dos últimos anos. Produzindo e
distribuindo todo tipo de produtos, bens e serviços e entregando-os em todas as regiões e
continentes. Como consequência de toda essa evolução, podemos agora saborear aqui, na nossa
cidade, uma fruta ou iguaria natural de um continente que fica do outro lado do planeta. Fazemos

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isso de uma forma tão natural e cotidiana que nem percebemos, de fato, a complexidade que está
por trás de todo esse processo logístico.
E nesse contexto não poderíamos deixar de mencionar a importância dos transportes
para a conquista dessa qualidade de vida. É através da utilização de um ou mais modais de transportes
que nós podemos transpor distâncias, fazendo com que todas as nossas necessidades sejam
produzidas, industrialmente ou não, em qualquer lugar do mundo e ao mesmo tempo fiquem
disponíveis para nós, onde nós estivermos. Melhor que continue assim!

Dê uma olhada nesse vídeo, mostra rapidamente a evolução da logística:


https://www.youtube.com/watch?v=wxGwgRtImUE

Aproveite agora e ouça o PODCAST desta competência!

Agora que você já ouviu o podcast, vamos continuar com o nosso conteúdo!
O transporte corresponde a atividade mais cara e mais visível da logística moderna.
O transporte atua como uma das principais atividades de uma cadeia de suprimentos e
serve também para despachar a mercadoria até o cliente final, ou seja, tudo só acontece e se
transforma em magia, se o produto estiver disponível no momento certo, no lugar onde você precisa
e em condições adequadas para o uso, com o menor custo possível e isso só é possível por conta dos
meios de transporte modernos.
A magia aqui no caso, foi só uma forma romântica para me expressar, o que faz isso tudo
acontecer mesmo é a tecnologia!
De acordo com o Conselho Nacional de Administração de Distribuição Física dos Estados
Unidos da América, a logística está conectada com transportes, distribuição física, suprimento,
administração de materiais e operações. Em função das muitas definições apresentadas na vasta

10
bibliografia, é necessário fazer uma parada para definir o que vem a ser logística. Assim sendo, vejamos
o que menciona Christopher (2000, p. 100):

A logística refere-se ao processo de gerir estrategicamente a aquisição, movimentação e


estocagem de materiais, parte de produtos acabados (...) através da organização e dos seus
canais de marketing, para satisfazer as ordens de forma mais efetiva em custos.

Uma abordagem parecida e comumente disponibilizada por Ballou (2011, p.24) é a de que
a logística cuida integralmente das atividades de movimentação e armazenagem a fim de auxiliar no
fluxo de informações que colocam os produtos em movimento, na intenção de ofertar níveis de
serviço efetivos aos seus mais variados clientes com um custo aceitável.
Sendo assim, é possível afirmar ainda que a logística é a arte de disponibilizar bens,
oportunizando o acesso aos produtos para a sociedade, sem ignorar o propósito absoluto: atender às
exigências dos clientes (DAVID; STEWART, 2010).

Figura 01 – Exemplos de Modais de Transporte


Fonte: http://setran.pa.gov.br/site/Conteudo/1
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, apresenta em seu interior, da esquerda para a direita, um barco, um
caminhão, um avião, um trem e um gasoduto demonstrando as possibilidades de tipos de transportes existentes. Fim
da audiodescrição

Um dos objetivos dessa disciplina é o de fornecer uma visão que possa contribuir para
que, você estudante, conheça alguns dos fundamentos importantes e necessários à boa compreensão
da logística moderna, pois o bom profissional de logística não pode prescindir de uma formação que
lhe proporcione conhecimento teórico dos principais assuntos da área.
O transporte é a área da logística que movimenta mercadorias de vários tipos e posiciona os
estoques ao longo da cadeia de abastecimento. É uma atividade importante que exerce forte
influência para o crescimento de cidades e de indústrias além de contribuir para competitividade do

11
mercado global, para a exportação e importação além de favorecer a captação de investimentos
estrangeiros.
De acordo com Bertaglia (2009), a atividade do transporte gera os fluxos físicos de bens e
serviços ao longo dos canais de distribuição, sendo responsável pelo movimento de produtos
utilizando modalidades de transporte que ligam as unidades físicas de produção ou armazenagem
até os pontos de compra ou consumo.
Cada um desses modais guarda algumas peculiaridades que os tornam mais ou menos
eficientes2, tais como: as condições geográficas e de infraestrutura de cada local, o que será
transportado (natureza da carga, volume, etc.), o ambiente comercial existente, entre outras
variáveis que você poderá conhecer com mais detalhes ao longo dessa disciplina.

Conceitos básicos dos transportes

Economia de escala – o custo por unidade transportada diminui à medida que se aumenta
a quantidade de unidades embarcadas. Assim, segundo esse indicador de desempenho de
produtividade de transporte de carga, podemos afirmar que os modais de maior capacidade de carga
(Exemplo: aquaviário) são mais econômicos do que os modais de menor capacidade (Exemplo:
rodoviário).
Economia de distância – Consiste na redução do custo de transporte por unidade de peso,
na medida que se aumenta a distância percorrida. Desta forma, distâncias maiores de transporte
permitem que os custos fixos de transporte sejam diluídos em uma maior quilometragem.

Conceitos de modais e formas de transportes

De uma maneira geral, podemos dizer que os modais de transporte são as formas ou
maneiras utilizadas para transportar produtos e mercadorias do endereço de origem até o endereço
do seu destinatário, o que em logística denominamos de PAR O/D, par origem e destino.

2
Eficiência – ausência de desperdício, utilização econômica de recursos, fazer mais gastando a menor quantidade de
recursos possível.

12
De acordo com Rodrigues (2007, p. 25), um sistema de transportes é constituído pelo
modo (via de transporte), pela forma (relacionamento entre os vários modos de transporte), pelo
meio (elemento transportador) e pelas instalações complementares (terminais de carga).
É necessário que você compreenda que não há como estabelecer um único melhor modal
de transporte para todos os tipos de carga.
Precisamos definir antecipadamente diversos fatores críticos que serão apontados como
essenciais para a realização do transporte e somente depois poderemos escolher o modal ou os
modais mais adequados para a realização do transporte da carga.
Para que possamos determinar qual modal será utilizado é necessário estar de posse de
algumas informações:
• Definição do tipo de carga;
• Determinação do prazo de entrega;
• Infraestrutura na origem do carregamento e no destino final.

• Para cada resposta dessas variáveis existe uma definição de modal ou


conjunto de modais para a realização mais eficiente do transporte.
Apresentamos a seguir as formas de transportes sugeridas de acordo com a legislação
brasileira vigente:
• Unimodal – A unidade de carga é transportada diretamente, utilizando um único
veículo, em uma única modalidade de transporte e com apenas um contrato de
transporte.
• Sucessivo – A unidade de carga necessita ser transportada por um ou mais
veículos da mesma modalidade de transporte com mais de um contrato de
transporte. Ou seja, quando a mercadoria, para alcançar o destino final, necessitar
ser transportada para prosseguimento em veículo da mesma modalidade de
transporte (será regido por mais de um contrato).
• Segmentado – Nessa forma de transporte, utilizam-se veículos diferentes, de uma
ou mais modalidades de transporte, em vários estágios, sendo todos os serviços
contratados separadamente a diferentes transportadores. Ou seja, envolve
diversos contratos para cada um dos diversos modais.

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• Multimodal - Envolve mais de uma modalidade de transporte, porém regido por
um único contrato, o CTMC – Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas,
o qual é emitido pelo Operador de Transporte Multimodal (OTM). A coleta prévia
e a movimentação de mercadorias para unitização3, bem como eventuais
operações depois de sua entrega final no local do destino estabelecido no contrato
de transporte não caracterizam o transporte multimodal, nem dele fazem parte.
• Intermodal - Envolve mais de uma modalidade e para cada trecho/modal é
realizado um contrato separadamente. Outro fator a ser lembrado aqui é que a
responsabilidade é dividida entre os transportadores participantes da operação.
As formas mais comuns de unitização de cargas são: Cargas paletizadas, Cargas pré-
lingadas4, Contêineres5 e Tipos especiais de unitização.
Modal nada mais é que um modo de transporte característico com finalidades distintas,
cada modal de transporte possui um custo e um serviço característicos. Isso estabelece qual o método
de modal ou combinação de modais será mais apropriado para cada tipo de mercadoria a ser
transportada. Observa-se para cada modal uma dinâmica diferente, servindo com suas
particularidades para alguns segmentos da economia ou mesmo para alguns tipos de produtos
específicos.

Infraestrutura de Transportes no Brasil

Diante dos conteúdos apresentados até agora, já deu para perceber que o transporte
representa um valor expressivo do custo logístico, principalmente no Brasil, influenciando de forma
considerável na competitividade dos produtos vendidos, uma vez que seus custos podem, em muitos
casos, até inviabilizar operações no mercado interno e no comércio exterior.
O custo logístico em uma cadeia de abastecimento tem apresentado uma relação direta
com os custos totais das empresas por estar fortemente associado às compras, vendas, inventários,

3
Unitização - ato ou efeito de unitizar. Unitizar é reunir cargas de diversas naturezas num só volume, para fins de
transporte. Para fins econômicos, a unitização auxilia a movimentação, armazenagem e o transporte de produtos, fazendo
com que a transferência, do ponto de origem até o seu destino final seja com o mínimo de manuseio possível.
4
Cargas pré-lingadas - Uma porção de objetos ou carga que a linga levanta de uma vez num pau de carga ou guindaste.
Exemplo: As lingas de corrente são um tipo de cabo usado para fazer a elevação de cargas.
5
Contêiner - É um equipamento logístico versátil, semelhante a uma caixa de dimensões padronizadas, feito de aço,
alumínio ou fibra que serve para a unitização de materiais para o transporte de cargas nos diversos modais.

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informações etc. Para a maior parte das indústrias brasileiras, a atividade de transporte é considerada
como um dos elementos mais importantes na estruturação do custo logístico. Nos países mais
desenvolvidos o custo com o transporte costuma concentrar aproximadamente 60% do gasto
logístico total, entre 8% e 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em se tratando desses custos logísticos, uma das principais decisões no gerenciamento
de uma cadeia de abastecimento passa a ser a escolha do modal de transporte mais adequado, já que
cada um desses modais possui um custo específico e é mais apropriado a um ou outro tipo de
mercadoria, e consiste em características operacionais específicas.
Desta forma, para se decidir sobre qual o modal seria mais apropriado para transportar
cada tipo de produto, é necessário que sejam consideradas as características operacionais de cada
modal, quais sejam: tempo de entrega médio (velocidade), variabilidade do tempo de entrega
(consistência), capacidade, disponibilidade e frequência. Todas essas características nos permitem
considerar melhor a qualidade do serviço logístico.
A escolha do modal mais adequado impacta em todas as operações visto que o transporte
representa em média, 60% dos custos logísticos, como já vimos antes.
Assim sendo, a disponibilidade do uso desses modais, comumente relacionada a
infraestrutura de transportes, também passa a ser considerada como sendo um dos fatores mais
relevantes para a garantia de competitividade em uma economia globalizada e o Brasil vai perdendo
nesse cenário ano após ano sem uma perspectiva de melhoria real. O Brasil investe historicamente
em infraestrutura algo em torno de 0,4% do PIB enquanto a China investe em torno de 4% do PIB na
melhoria da sua infraestrutura (MENCHIK, 2010).

15
Figura 02 – Infraestrutura de transportes no Brasil
Fonte: Dias (2012) – Adaptado pelo autor.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, representa a situação da infraestrutura de transportes no Brasil, como se
fosse uma corda, esticada e partindo em função dos diversos problemas existentes. Fim da audiodescrição

O nosso Brasil, país de dimensões continentais – somos o quinto maior país do mundo em
extensão territorial, só perdemos para a Rússia, Canadá, China e Estados Unidos - possui uma matriz
de transportes desbalanceada, excessivamente desviada para o modal rodoviário e ao longo dos
últimos anos o estado brasileiro não tem feito o suficiente para nos tirar desse cenário, como
podemos observar na figura abaixo.

Figura 03 – Tabela que demonstra a utilização dos modais no Brasil e nos EUA em 2015.
Fonte: Instituto ILOS
Audiodescrição da figura: A tabela mostra a participação percentual no transporte de cargas de cada modal bem como
o custo por unidade de TKU x 1.000 transportada para cada modal. Fim da audiodescrição

Como podemos observar na figura acima, em 2015, 65% da carga transportada no Brasil
era realizada pelo modal rodoviário, e apenas 20% pelo modal ferroviário, enquanto nos Estados
Unidos da América do Norte o modal rodoviário era responsável pelo transporte de 43% da carga e o
ferroviário por 40%. A matriz de transporte brasileira foi montada para usar o segundo modal mais
caro, que é o rodoviário. Notadamente precisaríamos de mais investimentos para balancear melhor
essa infraestrutura, no intuito de fazer com que fôssemos capazes de utilizar mais e melhor os modais
ferroviário e aquaviário em território nacional. Isto certamente refletiria na redução dos custos de
transportes nos levando na direção do caminho para a tal garantia de competitividade no mercado
globalizado. Observe agora a próxima figura.

16
Figura 04 – Tabela que demonstra a utilização dos modais no Brasil em 2016.
Fonte: Instituto ILOS
Audiodescrição da figura: A tabela mostra a participação percentual no transporte de cargas de cada modal bem como
o custo por unidade de TKU x 1.000 transportada para cada modal. Fim da audiodescrição

Conforme foi mostrado na imagem acima, em 2016, o Brasil aumentou a participação no


transporte de cargas dos modais ferroviário, aquaviário e dutoviário em 1%, mas o resultado disso foi
que o cenário continua exatamente o mesmo, grande concentração de transporte de cargas no modal
rodoviário.

Figura 05 – Figura Participação relativa da utilização dos Modais de Transporte no Mundo.


Fonte: TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL - Ameaças e Oportunidades para o Desenvolvimento do País - Centro de
Estudos em Logística do COPPEAD – UFRJ – 2002.
Audiodescrição da figura: O gráfico mostra a participação relativa da utilização do transporte de cargas por modais no
mundo. Os círculos maiores representam os países com extensão territorial maior e os menores os países com extensão
territorial menor. O eixo horizontal, no sentido da esquerda para a direita, indica a utilização maior do modal

17
ferroviário, enquanto que o eixo vertical, no sentido de baixo para cima, indica a utilização maior do modal rodoviário.
Fim da audiodescrição

O gráfico acima demonstra a participação relativa, no transporte de cargas, dos modais


rodoviário e ferroviário em diversos países do mundo.
Em uma primeira observação, podemos verificar que todos os países de grande extensão
territorial – Estados Unidos, China, Rússia e Canadá - com a exceção do Brasil, estão localizados à
direita e na parte inferior do gráfico, significando que estes países utilizam mais o modal ferroviário
em relação ao modal rodoviário.
Podemos verificar também que os países de pequena extensão territorial – Dinamarca,
Bélgica, Alemanha, França, e Hungria, incluindo o Brasil que destoa em relação aos outros países
quando se trata de dimensões territoriais - estão localizados à esquerda e na parte superior do
gráfico, demonstrando a opção prioritária pelo modal rodoviário, sem levar em consideração a
possibilidade de utilização de outros modais.
Chega a ser surpreendente a constatação da posição brasileira, ao lado de países de
menor extensão territorial, o que sinaliza a prioridade dedicada do modal rodoviário, menos
eficiente.

Figura 06 – Comparativo da disponibilidade da infraestrutura de transporte ferroviário brasileiro e norte-americano.


Fonte: TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL - Ameaças e Oportunidades para o Desenvolvimento do País - Centro de
Estudos em Logística do COPPEAD – UFRJ - 2002
Descrição da imagem: Do lado esquerdo o mapa do Brasil com as demarcações das suas ferrovias e do lado direito as
demarcações das ferrovias norte-americanas. Fim da audiodescrição

A partir da observação dessa figura fica nítida e perceptível a necessidade do Brasil


expandir a sua malha ferroviária para que possamos dispor de uma melhor participação deste modal
em nossa matriz de transportes de dimensões continentais.

18
Veja mais sobre a disfunção modal na infraestrutura de transportes do Brasil
no link:
https://www.youtube.com/watch?v=ZlYvVzzRye8

Transportes

Parafraseando o famoso cantor e compositor Raul Seixas, há 10.000 anos atrás..., de


acordo com os historiadores, nós éramos aproximadamente um milhão de pessoas no mundo inteiro.
Nos anos de 1800, há pouco mais de 200 anos, já éramos algo em torno de um bilhão de pessoas. Há
50 anos atrás, por volta de 1960, o planeta inteiro chegava a incríveis 3,5 bilhões de habitantes.
Atualmente, superamos a marca dos 7,5 bilhões de habitantes. Segundo projeções dos cientistas da
área, a expectativa é de que em 2050, nossos filhos e os filhos dos nossos filhos (nossos netos) viverão
em um planeta habitado por no mínimo nove bilhões de pessoas.
No Brasil, de acordo com as informações do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, a nossa população saiu de 93.139.037 (noventa e três milhões, cento de trinta e nove mil
e trinta e sete) habitantes em 1970, para aproximadamente 213.687.500 (duzentos e treze milhões,
seiscentos e oitenta e sete mil e quinhentos) habitantes em 2021, o que corresponde a um
crescimento de quase cento e trinta por cento, cento e vinte e nove virgula quarenta e dois por cento,
para ser mais preciso (129,42% ) em apenas (51) cinquenta e um anos, ou seja, a nossa população
mais do que dobrou nesses últimos cinquenta anos.
E como era de se esperar, naturalmente, todo esse crescimento populacional vem
provocando um aumento crescente da demanda pelo consumo dos mais diversos tipos de produtos,
pressionando os mais variados setores da economia por uma melhor infraestrutura de transportes
em busca de uma melhor eficiência logística que pudesse dar suporte necessário para o crescimento
econômico com algum grau de competitividade, principalmente nesse último meio século.

19
Figura 07 – Gráfico que demonstra o crescimento da população mundial desde 1950 e sua projeção para 2100.
Fonte: < http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/566517-o-impressionante-crescimento-da-populacao-humana-atraves-
da-historia >
Audiodescrição da figura: Gráfico que demonstra o crescimento da população mundial desde 1950 e sua
projeção para 2100. Fim da audiodescrição

Nesse sentido verificamos que os investimentos necessários que deveriam ampliar as


redes e malhas da infraestrutura rodoviária, ferroviária, aquaviária e aérea, melhorando muito a
nossa matriz de transportes, infelizmente não aconteceram. A população cresceu, a economia
também cresceu, ao longo desses anos, mas o nível de serviço logístico de transporte, no nosso país,
continuou deixando a desejar.
Examinar e entender a competitividade de cada modal, desde que houvesse a
disponibilidade de sua utilização, poderia oferecer melhores estratégias de distribuição dos diversos
produtos, entre os diversos setores da economia, reduzindo assim, seus custos de transporte e
atendendo a essa crescente demanda do mercado consumidor.
Mesmo com os problemas de infraestrutura identificados agora e do avanço da tecnologia
e consequentemente das facilidades de comunicação proporcionadas pelas TIC’s (Tecnologia da
Informação e Comunicação), o transporte continua com a sua relevância, em função da sua influência
no objetivo central da logística, que é o de “colocar o produto certo, na quantidade certa, na hora
certa, no lugar certo ao menor custo possível” (NAZÁRIO, 2010, p. 125).
Como foi mencionado anteriormente, a escolha do modal de transporte mais adequado,
deve levar em consideração aspectos importantes, que possam favorecer questões relacionadas aos
custos envolvidos, a produtividade e ao nível de serviço logístico contratado, tais quais:

20
• Zonas estratégicas de embarque e desembarque;
• Custos de movimentação de carga;
• Custos do frete interno e frete internacional;
• Velocidade e garantia, de acordo com a natureza da mercadoria e dos prazos a
serem cumpridos, e;
• Confiabilidade do transportador, quanto ao cumprimento de prazos e não
ocorrência de avarias.
Um sistema de transportes é formado pelo modo ou modal (via de transporte), forma
(relacionamento entre os vários modos de transporte), meio (elemento transportador) e instalações
complementares (terminais de carga), (RODRIGUES, 2007).

Agora você aprenderá um pouco mais a respeito de cada modal de transporte!


Conheça um pouco mais sobre cada um deles:

Modal Rodoviário: é o modal, mais importante economicamente falando, pois é o único que entrega
na porta. De acordo com Bertaglia (2009), o transporte rodoviário também é o mais independente
dos transportes, por possibilitar a movimentação de uma grande variedade de produtos para diversos
destinos, em função da sua flexibilidade, podendo ser utilizado para pequenas, médias e longas
distâncias.
O modal rodoviário apresenta característica única, que o diferencia dos demais modais, que é sua
capacidade de tráfego por qualquer via, não se atendo a trajetos fixos.
Os veículos utilizados nesse modal são comumente denominados caminhões e carretas, podendo
apresentar características especiais. O processo de reserva do transporte pode ser feito diretamente
com a transportadora, de dois tipos distintos: reserva de um espaço no veículo ou a reserva para um
veículo integral, contratado por viagem ou por período de tempo determinado.

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Para conhecer alguns tipos de veículos do modal rodoviário acesse:
Os seis principais tipos de caminhões utilizados no Brasil
https://www.bloglogistica.com.br/mercado/conheca-aqui-os-6-principais-
tipos-de-caminhao-existentes/

Diferença entre Toco, Trucado, Traçado e Bi-truk


https://www.youtube.com/watch?v=oQwtV-hvI7U

Tipo de caminhão e/ou carreta (cavalo traçado, toco, trucado, e quinta roda)
https://www.youtube.com/watch?v=J-Ttw8D4Iic

Modal Ferroviário: O modal ferroviário, é um dos mais antigos. De acordo com Ballou (2001), o
transporte ferroviário se transformou basicamente em um transportador de longo curso e um
movimentador lento de matéria-prima e de produtos manufaturados de baixo valor agregado.
Segundo Novaes (2004), por operar em unidades (trens) com capacidade de carga maior, o transporte
ferroviário é mais eficiente em termos de gasto energético / consumo de combustível e de outros
custos operacionais diretos. No entanto, os custos fixos de uma ferrovia são bem maiores em função
dos gastos necessários à conservação da própria ferrovia, da operação nos terminais de carga e
descarga, da alimentação de energia elétrica ou de combustível (diesel), entre outros gastos.
No transporte ferroviário chamamos de composição, o conjunto de vagões e locomotivas que podem
ser uma combinação de vários vagões e de várias locomotivas. As locomotivas possuem
autopropulsão6, e por isso, têm a função de tração da composição e podem estar dispostas no início,
no meio, ou no final da composição. Essa disposição será definida em função do tipo de mercadoria,
do seu peso, e também, pela topologia do percurso.

6
Autopropulsão - Ação de se mover por seus próprios meios.

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Para conhecer alguns tipos de veículos do modal ferroviário acesse:
Trem de Carga MRS - Plataforma e Vagão
https://www.youtube.com/watch?v=98LFD73wxrU
Trem de Carga MRS – “Elefante” carga geral
https://www.youtube.com/watch?v=wkBvCzM-kOo
Os trens de carga mais longos do Mundo
https://www.youtube.com/watch?v=1PT04r32iNI

Modal Aeroviário: É o modal mais veloz, contudo possui o maior custo de transporte e, portanto, é
indicado para cargas emergenciais. Os gastos com a implantação (a criação de um aeroporto com
terminais para carga e descarga), manutenção preventiva das aeronaves – que são os veículos desse
modal - e a utilização dos equipamentos modernos necessários, torna esse modal limitado e muito
caro. Esta modalidade de transporte apresenta características relevantes quanto à segurança e
agilidade. A vantagem mais relevante no uso deste tipo de transporte está na sua velocidade de
entrega quando precisamos percorrer grandes distâncias.

Para conhecer melhor o modal aeroviário acesse:


Carregando um avião de carga...
https://www.youtube.com/watch?v=xWgsC-ZJU-o

Modal Aquaviário: Podemos atribuir o termo aquaviário para todos os tipos de transporte que
ocorrem sobre a água - marítimo (mares e oceanos), fluvial (rios) ou lacustre (lagos), que podem ser
divido em transporte marítimo de longo curso, sendo o mais utilizado no mundo e transporte de
navegação de cabotagem, sendo este realizado entre portos locais, ao longo de uma região costeira.
O modal aquaviário é um dos mais antigos modais de transporte existentes no mundo. Um aspecto
que precisa ser destacado neste tipo de transporte é a vantagem de sua enorme capacidade de
movimentar cargas. Da mesma forma que os modais ferroviário e aeroviário, necessita de elevados
custos de implantação (infraestrutura portuária), porém apresenta a maior economia de escala
dentre os demais modais além de relevante eficiência energética.

23
Para conhecer alguns modais aquaviários acesse:
Os dez maiores navios cargueiros do MUNDO
https://www.youtube.com/watch?v=eyb8amVpLPo
Trânsito no Navio de Carga

Modal Dutoviário: Segundo Bertaglia (2009), o transporte dutoviário é uma forma eficiente e segura
para transportar alguns tipos de produtos. O esforço para a movimentação desses produtos é
bastante significativo, uma vez que as linhas dutoviárias precisam vencer o relevo e a gravidade
através de vales, lagos, rios, montanhas e até mesmo oceanos. Torna-se necessário o monitoramento
frequente desses dutos durante toda a sua vida útil, na tentativa de evitar vazamentos. Esse modal é
frequentemente utilizado para o transporte de produtos a granel7, tais quais: gás, petróleo e
minérios, dentre outros, utilizando-se de dutos projetados para cada tipo de produto. No Brasil são
pouco utilizados se comparado com os demais países do mundo.

Para conhecer alguns tipos de modal dutoviário acesse:


Gasoduto
https://www.youtube.com/watch?v=X4EpDFANEU0
Transporte Dutoviário
https://www.youtube.com/watch?v=Vs-xQk7Qkxg

De uma maneira em geral, podemos afirmar que cada um desses modais tem suas
características que os tornam mais ou menos vantajosos.
Portanto, na hora de selecionar o modal, se faz necessário analisar a natureza e as
características da mercadoria; o tamanho do lote; as restrições dos modais; a disponibilidade e a

7
Produtos a granel - Os granéis são cargas transportadas sem embalagem ou acondicionamento ou, ainda, mercadorias
comercializadas sem embalagem. Como exemplo de granéis líquidos, podemos citar o petróleo e seus derivados, produtos
químicos, GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha), óleos vegetais e até sucos concentrados de frutas cítricas. Já
os sólidos, são cargas do tipo: minérios e carvão, grãos, fertilizantes, cimento, coque de carvão, entre outros.

24
frequência do transporte; o tempo de trânsito; o valor do frete; o índice de faltas e/ou avarias (taxa
de sinistralidade8) e o nível de serviço prestado (RODRIGUES, 2007, p.29).
Ao verificar cuidadosamente cada um dos pontos mencionados, você poderá analisar e decidir
melhor a respeito de aspectos importantes, tais como:
• O tempo de trânsito - está diretamente relacionado ao prazo de ressuprimento,
incluindo o tempo gasto pelo embarcador, na consolidação da carga e no manuseio,
e;
• O tempo da viagem - o tempo utilizado no transbordo9 se for necessário, e o
tempo exigido para a liberação de carga.
Agora faça um exercício e pense no impacto que qualquer atraso em uma dessas fases
poderá trazer para a operação logística, a ponto de paralisar uma linha de produção, caso o estoque
de reserva já esteja baixo (RODRIGUES, 2007, p.29).
Você precisará considerar também a possibilidade de perdas, avarias ou sinistros10 que
são mais propensas em alguns modais de transporte do que em outros. As avarias podem ser
ocasionadas no processo de movimentação da carga e tendem a aumentar em função da quantidade
de movimentações e transbordos. Dessa forma, a fragilidade da mercadoria deverá ser considerada
também como um fator crucial no processo decisório entre a escolha de um modal em detrimento de
outro, mesmo que, nesse caso, o frete seja mais caro.
É fundamental que, você estudante, compreenda que “qualquer estratégia comercial”
deve, necessariamente, considerar o fator relacionado a economia na utilização dos recursos em
todos os processos. Comprovadamente, um dos fatores para o aumento da competitividade, em
logística, é selecionar o modal de transporte que agregue menos custo ao produto durante o seu
percurso”. (RODRIGUES, 2007, p. 18).

8
Taxa de sinistralidade - É um índice de desempenho, obtido como sendo o resultado da relação direta entre a soma dos
valores de todos os sinistros (acidentes/roubos de carga, por exemplo) de um período determinado (semestral, anual) e
o valor resultante da soma dos prêmios pagos pelos respectivos seguros no mesmo período.
9
Transbordo - É o processo pelo qual as mercadorias são transferidas direta ou indiretamente de um veículo de transporte
para outro.
10
Sinistro - É um acidente que causa danos e/ou prejuízos a um bem segurado e, por isso, o termo normalmente é
utilizado em apólices de seguro.

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Você sabe o que é avaria no transporte?
As avarias de transporte, são os danos ou prejuízos provocados intencionalmente
ou não, ao material ou a carga durante o período em que a mesma está sendo
transportada.

Tipos de carga

Uma carga11 que se destina ao transporte, pode ser transportada de várias formas
diferentes, através de diversos equipamentos, pelos diferentes modais de transporte existentes e
disponíveis.
Vamos pensar um pouco...
Você já parou para pensar na quantidade de produtos que estão sendo transportados
agora, neste exato momento? Na sua cidade? No seu estado? No seu País? No mundo inteiro?
Independentemente de onde e da quantidade em que você estiver pensando, esses
volumes de cargas podem se traduzir em produtos para os mais variados fins, podem ser alimentos,
materiais para construção, matérias-primas para a produção de bens e até materiais perigosos,
explosivos ou radioativos.
Para que os transportes de todas essas cargas sejam entregues no tempo certo e no lugar
correto ao menor custo possível, precisamos nos atentar em quais modais podemos utilizar e
contratar para realizar o transporte de todas essas cargas com características tão específicas.
Para entendermos melhor a importância da escolha ideal do transporte da carga, a seguir
vamos observar algumas das principais características que vão definir a forma e o modal mais
adequado para o transporte:
• Peso: estabelece o tipo e a capacidade dos equipamentos na movimentação;
• Volume: estabelece o espaço ocupado no armazém e ou no pátio;
• Valor: estabelece o limite de responsabilidade em função das avarias;
• Fragilidade: estabelece cuidados especiais no manuseio, transporte e na
armazenagem.

11
Carga - É um conjunto de mercadorias - podendo ser produtos acabados ou matéria-prima para a fabricação de novos
produtos - que serão transportadas de um ponto de origem até um ponto de destino.

26
Agora que você já conhece as principais características que precisamos atentar para a
definição correta da forma e do modal de transporte, vamos observar os principais tipos de carga
comumente utilizadas nos diversos modais de transporte:

Carga Seca - essa categoria de carga diz respeito aos produtos industrializados e não
perecíveis. Por não necessitarem de refrigeração, seu transbordo pode ser realizado
independentemente das intempéries do clima, tais como: sol, chuva, calor, frio, dia, noite, etc.

Exemplos de Carga Seca – madeira, ferragens, móveis, produtos alimentícios não


perecíveis, materiais de construção (exceto cimento e similares), etc.

Figura 08 – Carroceria Baú


Fonte: < https://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=101110 >
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, apresenta em seu interior uma carga de madeira sendo içada, por um
guindaste, de um caminhão para um navio. Fim da audiodescrição

Cargas a Granel - são todas que não são embaladas, encaixotadas ou ensacadas, de forma
sólida ou líquida. Para as cargas sólidas, os exemplos mais comuns são a soja, o arroz e o milho, que
normalmente são transportadas em veículos com carrocerias abertas, conhecidas como graneleiros.
Em se tratando da carga líquida, a mesma pode ser composta por itens como água potável –
transportada em caminhões pipa - sucos e leite (é necessário que a carroceria seja refrigerada para
evitar que o produto estrague com o calor). Esse tipo de carga geralmente é utilizado para a
movimentação de insumos - matéria-prima.

Exemplos de Carga Granel Sólida - Arroz, cereais, feijão, milho, etc.

27
Os tipos de veículos que são usados para movimentação desse tipo de carga são o
Caminhão Truck e as Carretas Simples, LS, Bitrem e Rodotrem. O modelo de carroceria pode ser
aberto, graneleiro ou de grade alta.

Figura 09 – Carroceria Aberta, Grade Alta


Fonte: < https://pixabay.com/pt/photos/de-milho-agricultura-a-carregar-554521/>
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, com o carregamento de milho em um caminhão do tipo carroceira
aberta de grade alta. Fim da audiodescrição

Exemplos de Carga Granel Líquida (não perigosas) – água potável, leite, refrigerantes,
sucos e demais produtos líquidos.
A carga deverá ser líquida e não ser de teor perigoso. Exige uma necessidade específica
de transporte. É indispensável que a carroceria seja de tanque de aço, do tipo: Cisterna, Carro-Tanque
ou Pipa.

Figura 10 – Caminhão Pipa


Fonte: < https://minutoligado.com.br/agua-potavel/por-que-alugar-caminhao-pipa/ >
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um caminhão com tanque cilíndrico de aço. Fim da audiodescrição

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Cargas Frigoríficas:

Conhecidas também como cargas refrigeradas, são subdivididas em duas categorias -


perecível e congelada.

Carga Frigorífica Perecível – Não é possível transportar esse tipo de produto por longas
distâncias, em função da possibilidade de deterioração e/ou decomposição da mercadoria.

• Exemplos de Carga Frigorífica Perecível - frutas, legumes, verduras, etc.

Podemos destacar que, por se tratar de produtos vulneráveis, torna-se necessário a


utilização de uma câmara fria e equipamentos de refrigeração, além de higienização constante. Para
esse tipo de carga a carroceria mais indicada é a baú refrigerado.

Figura 11 – Caminhão de Carga Refrigerado e Congelada


Fonte: < https://pt.made-in-china.com/co_veldlion/product_JAC-5-Tons-5000kgs-Refrigerated-Cargo-Box-Freezer-Van-
Cooler-Truck_rgsysryog.html >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um caminhão com carroceria para carga refrigerada e congelada. Fim
da audiodescrição

Carga Frigorífica Congelada – São aquelas mercadorias que foram acometidas por um
processo de redução de temperatura, ocasionando formação de gelo.

Exemplos de Carga Frigorífica Congelada – carnes, frangos, peixes, alimentos congelados


em geral.

Esse tipo de transporte, requer alguns cuidados específicos relacionados a temperatura,


armazenamento e manutenção da mercadoria.

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O modelo de carroceria utilizada é o baú frigorífico fechado com aparelho de controle de
temperatura.
Cargas Perigosas:

Aquelas que são consideradas um risco à saúde das pessoas, ao meio ambiente ou
segurança pública, ainda que sejam produzidas e/ou encontrados na natureza.

Exemplos de Carga Perigosa – explosivos, gás natural, gás tóxicos, materiais corrosivos ou
radioativos, petróleo e sólidos ou líquidos inflamáveis.

Necessita de caminhões específicos para o transporte e transbordo dessa carga,


devidamente sinalizados indicando o risco respectivo de cada carga. A utilização do transporte
dutoviário é bastante comum para este tipo de carga, pois apresenta menor risco e menor custo
operacional.

Figura 12 – Caminhão de Carga Perigosa Inflamável


Fonte: < https://serranossa.com.br/noticia/seguranca/65115/caminhoes-com-carga-perigosa-sao-fiscalizados >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um caminhão com carga inflamável sendo feitas as averiguações no
posto fiscal. Fim da audiodescrição

Cargas de Minério e Cimento:

Movimentadas por meio de dutos com bombas especiais, seja para impulsionar cargas
sólidas quanto em pó. O transporte dutoviário utiliza-se de um fluído portador (água) para
transportar minério a médias e longas distâncias, e para o cimento, a curtas distâncias, o fluído

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utilizado é o ar. Em vários lugares do mundo, o transporte desse tipo de carga ainda é comumente
utilizado através do modal rodoviário.

Figura 13 – Dutos
Fonte: https://revistaadnormas.com.br/2018/10/09/o-transporte-por-dutos-ainda-e-incipiente-no-brasil
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de dutos de carga líquida. Fim da audiodescrição

Cargas de Veículo:

Para a esse tipo de carga é utilizado o caminhão cegonha e a carroceria recomendada é a


plataforma e/ou guincho.

Figura 14 – Caminhão Cegonha


Fonte: < https://naboleia.com.br/contran-publica-novas-medidas-para-caminhoes-cegonha/ >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um caminhão cegonha carregado de carros para serem entregues.
Fim da audiodescrição

Cargas Frágeis:

São classificadas como cargas frágeis as mercadorias delicadas, sensíveis com alta
facilidade de quebra.

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Exemplos de Carga Frágil – cristais, espelhos, louças e vidros.

Para transportar essa carga se faz necessário embalagem apropriada de forma que
melhor a proteja (estopas, plástico bolha ou isopor). Além da escolha da embalagem, a
caixa/embalagem, onde deve estar acondicionada a carga intitulada frágil, deve estar devidamente
sinalizada.

Figura 15 – Embalagem para carga frágil


Fonte: < https://www.tecnovia.com.br/transporte-de-carga-fragil-5-cuidados-essenciais/>.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de embalagens de papelão com a indicação de carga frágil. Fim da
audiodescrição

Cargas Vivas:

O transporte e o transbordo desse tipo de carga exigem atenção do condutor pois trata-
se de espécimes animais vivos.

Exemplos de Carga Viva – bois, porcos, vacas.

Para esse tipo de carga, devemos utilizar de veículos com carroceria fechada, do tipo
boiadeira, dispondo de várias entradas de ar, garantido circulação adequada.

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Figura 16 – Caminhão Boiadeiro
Fonte: https://www.comprerural.com/aprovada-nova-altura-para-caminhao-boiadeiro-veja/
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um caminhão boiadeiro para transporte de carga viva. Fim da
audiodescrição

Cargas de Medicamentos:

Trata-se de uma das movimentações logística mais complexas e burocráticas, pois além
da necessidade de documentos específicos e a contratação de um farmacêutico terceirizado, essa
modalidade é pouco concorrida.
No transporte e transbordo de medicamentos utilizamos tanto os pallets para facilitar a
movimentação quanto os refrigerados.

Figura 17 – Carga refrigerada de medicamentos


Fonte: < https://dcerto.com.br/autorizacao-anvisa-transportadora/>
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de uma carroceria refrigerada com operadores descarregando
medicamentos. Fim da audiodescrição

Agora você aprendeu a importância de conhecer previamente o conteúdo de uma carga

33
para somente depois decidir sobre a melhor forma de transporte, inclusive decidindo também sobre
o melhor modal. Cada carga possui características específicas que merecem sua atenção para que a
mesma seja transportada da melhor forma possível, ao menor custo, com o tempo planejado para
que chegue até o seu destino de acordo com a segurança contratada.

Tomada de Decisão

Pelo que nós aprendemos até agora, já deu para perceber quantas variáveis precisam ser
levadas em consideração, antes de um profissional da logística optar pela contratação de um serviço
de transporte. Sendo assim podemos dizer que existem algumas alternativas de modais a serem
consideradas para que possamos tomar a decisão de escolher um modal em detrimento dos demais
ou uma combinação de modais. A solução, para a tomada dessa decisão, se dá pelo uso de um
processo racional que nos auxilie na escolha do modal mais adequado, considerando, é claro, a
disponibilidade de cada um deles. Podemos escolher entre características físicas, econômicas, do
consumidor, da empresa, de infraestrutura, da legislação e também do uso da tecnologia.
E agora, você já imaginou quais são as variáveis que devem ser consideradas para a
escolha do modal mais adequado no transporte de cargas? Vejamos no exemplo abaixo, algumas
delas:

• Velocidade – Velocidade do modal incluindo o tempo necessário entre as


movimentações, deve ser considerado o nível de serviço contratado.
• Consistência - diz respeito prestação do serviço feita de forma contínua e regular;
• Disponibilidade – Deve-se levar em consideração a disponibilidade de uso do
modal;
• Capacidade de movimentação - Uso de equipamentos e locais adequados à
integração entre os modais;
• Frequência – Diz respeito a frequência de uso do modal, e;
• Economia / Custo – Leva em consideração os custos envolvidos no modal
escolhido e a relação custo x benefício.

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Convido você a raciocinar comigo, a respeito das características operacionais dos modais.
Pensemos assim: Para optar pelo modal mais adequado para o transporte da mercadoria que deseja
entregar, obrigatoriamente, devemos conhecer os atributos operacionais relacionados a cada modal
de transporte. Portanto, em se tratando dos modais que estamos estudando, consideremos esses
aspectos ou características operacionais: velocidade, consistência, disponibilidade, capacidade de
movimentação, frequência e economia/custo.

Na sequência vamos atribuir valores ou notas através da tabela abaixo, em que o maior
número de 1 a 5 representa a melhor opção para cada característica de cada modal:

Características operacionais relativas para cada modal de transporte


Características
Rodoviário Ferroviário Dutoviário Aquaviário Aeroviário
Operacionais
Velocidade 4 3 1 2 5

Consistência 4 3 5 2 1

Disponibilidade 5 4 1 2 3

Capacidade de 3 4 1 5 2
Movimentação

Frequência 4 3 5 1 2

Economia/Custo 2 3 4 5 1

Somatório 22 18 17 17 14

Tabela 01 – Características operacionais relativas para cada modal de transporte


Fonte: MENCHIK, 2010 – Adaptado pelo Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve as características operacionais relativas para cada modal de transporte.

E agora, ficou mais claro que é necessário analisar várias dessas características antes de
contratar um modal de transporte?
Assim sendo, é interessante esclarecer que a opção do modal deve ser explorada para
responder aos objetivos, ponderando o nível de serviço, no atendimento ao cliente e no seu custo.

35
Não deixe de assistir a videoaula da primeira competência.

36
2.Competência 02 | Compreender a Dinâmica e a Importância dos Modais
de Transporte Rodoviário e Aéreo
Nesta segunda competência, precisaremos de um pouco mais de atenção aos conteúdos
relacionados as formas de aplicação dos modais rodoviário e aeroviário.

Modal Rodoviário

Considerando que os serviços de transporte de carga representam algo em torno de 7%


do PIB brasileiro (Produto Interno Bruto – soma de toda a riqueza produzida no Brasil) e que mais de
60% desse transporte é realizado pelo modal rodoviário, fica claro a importância desse modal no
transporte de cargas no Brasil.

O transporte rodoviário no Brasil é regulado pela ANTT – Agência Nacional de Transportes


Terrestres.

ANTT - É a agência responsável por regular as atividades de exploração de toda a


infraestrutura rodoviária federal além de também fiscalizar a execução dos contratos de concessão
das rodovias federais administradas pela iniciativa privada. As rodovias federais (BR’s) não pedagiadas
não são de responsabilidade da ANTT e sim do Departamento Nacional de Infraestrutura em
Transporte (DNIT). As rodovias estaduais, pedagiadas ou não, estão sob a responsabilidade dos
respectivos estados da federação. Além da concessão das rodovias, a ANTT também regula e fiscaliza
as concessões de ferrovias, o transporte de passageiros e o transporte de cargas.

O transporte rodoviário é realizado em estradas de rodagem, pavimentadas ou não, com


a utilização de veículos, tais como: caminhões e carretas e pode ser praticado em território nacional
ou internacional, podendo fazer uso de estradas de vários países em uma mesma viagem, por
exemplo. O Transporte Rodoviário de Carga no Brasil é fundamental para a operacionalização da
multimodalidade e da intermodalidade, pois só o modal rodoviário interliga os diversos modais,
abrangendo todo o percurso da mercadoria - desde a origem até o destino.

Comumente, o modal rodoviário, possui custos de frete mais elevados do que os modais
ferroviário e aquaviário, por exemplo e é recomendado para mercadorias de alto valor agregado ou
de produtos perecíveis, assim sendo, deveria funcionar como auxiliar aos demais modais, entretanto

37
não é o que acontece na prática, aqui no Brasil.

Dê uma parada e ouça agora o PODCAST desta competência!

Tipos de veículos usados no transporte rodoviário

O Sistema Nacional de Trânsito brasileiro é composto por órgãos normativos e


consultivos, os principais são: CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito; DENATRAN –
Departamento Nacional de Trânsito; DINIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes e os CETRAN’s - Conselhos Estaduais de Trânsito de cada estado, além dos DETRAN’s -
Departamentos Estaduais de Trânsito de cada estado.
O órgão responsável por determinar as diretrizes nacionais de trânsito é o Conselho
Nacional de Trânsito (CONTRAN) que determina o peso máximo aconselhável para cada tipo de
veículo de transporte de carga rodoviário, por eixo, ou conjunto de eixos, e as margens de
comprimentos entre eixos. Existem ainda, outras regulamentações e leis que estabelecem suas
classificações, todas baseadas na quantidade e tipos de eixos e na capacidade de carga de cada
veículo.

Você já ouviu falar sobre a Lei da Balança?


É a legislação que limita o peso da carga dos caminhões para a circulação
desses veículos nas rodovias. Esse nome popular se baseia nas resoluções
210 e 211 de 2006 do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN.
Quando qualquer caminhão ultrapassa esse peso máximo permitido a
fiscalização pode aplicar uma multa - vale a pena salientar que essa limitação
de peso se dá por cada eixo do caminhão.

38
Tabela com os tipos de veículos de transportes de carga rodoviários mais comumente
utilizados no Brasil.

Tipos de Veículos Características


Caminhão De 3,5 a 29 Toneladas, são veículos fixos nos quais a cabine, o
motor e a carroceria são uma peça única e somam pouco mais de
1/3 da frota nacional.
Caminhão Trator Conhecido como carreta ou cavalo mecânico dispõe da
versatilidade de ser desengatado, deixando a carga no terminal,
liberando o cavalo mecânico (parte que possui autopropulsão) para
o transporte de mais cargas.
Truck Possui um eixo dianteiro simples e um conjunto de dois eixos
traseiros. Peso máximo: 23 Toneladas.
Toco Básico, possui um eixo dianteiro simples e um traseiro podendo ser
simples. Peso máximo: 16 Toneladas.
Refrigerado Carrega perecíveis de forma refrigerada, mantendo a temperatura
controlada no compartimento de cargas.
Tanque Reservatório composto por tanques, nos quais são transportados
derivados de petróleo e outros líquidos a granel.
Graneleiro ou Silo Transporta granéis sólidos, que são descarregados por meio da
gravidade, através de portinholas que se abrem.
Combinações de Veículos de Veículo constituído de um cavalo mecânico com dois
Carga/CVC (Bitrem, semirreboques. No caso do treminhão, que é composto por três
Rodotrem e Treminhão) partes, há limitação de trânsito, dado o seu peso bruto total de
cerca de 70 toneladas.
Sider Carroceria carregada pelas laterais do baú, vedada com lona
plástica. Essa lona serve como cortina, que se desloca no sentido
horizontal.
Cegonheira Modelos articulados usados especialmente para o transporte de
veículos automotores.
Plataformas (Boogies, Veículos articulados, assim como as carretas, apropriados para o
Trailers ou Chassis) transporte de contêineres (de 20 a 40 pés), cargas de grande
volume e cargas indivisíveis.
Tabela 02 – Tipos de Veículos – Modal Rodoviário
Fonte: Próprio Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve as principais características dos veículos utilizados no modal Rodoviário.

39
Observe na figura abaixo alguns exemplos de veículos para o transporte de carga
rodoviário com suas especificações e indicações:

Figura 18 – Tipos de Veículo Rodoviário


Fonte: < http://bvtcargo.com.br/site/tipos-de-veiculos-2/ >.
Audiodescrição da figura: A imagem apresenta os principais tipos distintos de veículos rodoviários, a saber: Fiorino,
Iveco, 3’4 ou VUC, Toco, Truck, Cavalo Mecânico Simples, Cavalo Mecânico Trucado, Conjunto Carreta 2 eixos mais
Cavalo Mecânico Simples, Conjunto Carreta 3 eixos mais Cavalo Mecânico Simples, Bitrem e Rodotrem. Fim da
audiodescrição.

Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC)


A exploração da atividade econômica de transporte rodoviário remunerado de cargas
depende de prévia inscrição do interessado no Registro Nacional de Transportadores
Rodoviários de Cargas (RNTRC). O transportador rodoviário remunerado de cargas poderá se
inscrever no RNTRC em uma das seguintes categorias: Transportador Autônomo de Cargas -
TAC; Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC, e
Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas - CTC.
Os requisitos para inscrição e manutenção no RNTRC estão previstos na Resolução ANTT nº. 4799/2015

40
Operadores de cargas do modal rodoviário

Existem alguns tipos ou categorias de empresas de transporte de carga que prestam


serviços através do modal rodoviário. Elas podem ser classificadas conforme abaixo:
• Empresas de Transporte de Carga (ETC): pessoas jurídicas que exercem a
atividade de transportar cargas para terceiros.
• Carreteiros (TAC – Transportador Autônomo de Cargas): pessoa física
proprietária ou coproprietária de um ou mais veículos, conduzidos pelo
proprietário ou por motorista, sem vínculo empregatício.
• Empresas de Carga Própria (ECP): empresas industriais, comerciais, agrícolas, etc.
que utilizam veículos de sua própria frota ou veículos fretados para a
movimentação das cargas que comercializam ou produzem. Eventualmente
realizam transporte remunerado de cargas para terceiros.
• Transportadores Individuais: assemelham-se às empresas de carga própria - ECP,
com a diferença de que são pessoas físicas (exemplo: os próprios fazendeiros).
• Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas (CTC): Assemelha-se às
Empresas de Transporte de Cargas (ETC), com a diferença de que a pessoa jurídica
é uma cooperativa.

ANTT atualiza Tabela de Piso Mínimo de Frete - 2021


A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou, nesta quarta-
feira (14 de julho de 2021), a Resolução no 5.949/2021, referente ao reajuste
da tabela de pisos mínimos de frete do transporte rodoviário de cargas.
Confira como funciona a tabela no site:
https://www.tabelasdefrete.com.br/p/calculo-carreteiro

41
Documentação do transporte rodoviário

Para a realização do transporte de cargas no modal rodoviário de forma legal, é necessário


que as mercadorias estejam acompanhadas de seus respectivos documentos administrativos e fiscais,
emitidos desde o fornecedor até o consumidor final.
Atualmente com o avanço da tecnologia, a relação entre as receitas federais, estaduais e
municipais, têm se tornado mais ágil e um pouco mais livre de burocracia, fazendo com que toda essa
documentação possa ser preenchida e armazenada eletronicamente.
Vamos aprender mais um pouco a respeito da documentação necessária para o
transporte rodoviário de carga, no Brasil!
Para a contratação do transporte de cargas rodoviário torna-se obrigatório operar com:
• Nota Fiscal Eletrônica (NF-e): é um documento obrigatório. A nota fiscal eletrônica
tem por objetivo oficializar através de um documento legal a ação de venda de
mercadorias ou da prestação de serviços. A validade jurídica é atestada pela
assinatura digital do emitente da NF-e, e a autorização é de responsabilidade do
órgão responsável da unidade da federação (Receita Estadual, por exemplo no
Estado de Pernambuco) do contribuinte. Na nota fiscal ficam registrados todos os
detalhes sobre a transação, bem como sobre os impostos que foram retidos e
posteriormente serão recolhidos, para a o órgão responsável da unidade da
federação do contribuinte.
• Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE): Sua principal função é
facilitar o acesso ao arquivo digital da Nota Fiscal Eletrônica (NFe), no entanto, ele
não a substitui, servindo apenas para o trânsito da mercadoria. Outra utilidade é
a de coletar a assinatura do responsável que recebe a mercadoria no ato da
entrega ou do serviço prestado, servindo como comprovante da entrega.
• Conhecimento Rodoviário de Transporte (CRT), também conhecido como Carta
de Porte Rodoviário. Serve para documentar os serviços prestados na área de
transporte de cargas interestaduais e intermunicipais. Esse documento é
produzido e armazenado de forma eletrônica, e sua validade jurídica, contábil
e fiscal, são asseguradas pela assinatura digital do emissor da carga e pela

42
autorização de uso, concedida pela Receita Estadual, antes do evento do
transporte. Podemos dizer de forma resumida que o CRT funciona como um
recibo de entrega de mercadoria, servindo como prova de que foi realizado um
contrato de transporte terrestre entre o usuário e o transportador (VIEIRA, 2002,
p. 106).
• Documento de Trânsito Aduaneiro (DTA): Possui a função de agilizar o mecanismo
aduaneiro da mercadoria, “evitando que o veículo fique retido na fronteira,
aguardando vistoria” (VIEIRA, 2002, p. 107). É um documento específico da
movimentação do transporte rodoviário internacional de cargas. A carga recebe
um lacre depois de ser embarcada pelo exportador e conferida pela Receita
Federal. A vistoria e o pagamento dos tributos só acontecem no destino final.
• Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e): semelhante a uma nota fiscal,
entretanto, refere-se à prestação de serviço de transporte de carga feito por
qualquer modal — rodoviário, ferroviário, hidroviário, dutoviário ou aéreo. Uma
curiosidade do CT-e é que o mesmo precisa ser registrado/autorizado,
virtualmente, no site das Secretarias das Fazendas Estaduais (Sefaz) e está sujeito
a conferência em postos de fiscalização. A legislação vigente determina que ele
seja válido em todo o território nacional.
• Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e): É emitido pelas
transportadoras ou quaisquer organizações que estejam participando das
operações, cujo transporte seja realizado em veículos próprios, ou por meio de
contratação de terceiros, responsável pelo transporte da carga. Tem por
finalidade concentrar o registro dos documentos fiscais, reunindo
diversas informações em um só documento. Também é emitido e armazenado de
forma digital e é válido em todo o território nacional. Com ele, é possível também
identificar todos os detalhes sobre a carga e outras características do transporte.

43
Acompanhe a análise das principais vantagens e desvantagens do modal rodoviário:

Vantagens Desvantagens
• Manuseio mais simples para cargas • Aumento do preço com a distância percorrida
menores
• Grande competitividade em pequenas • Espaço limitado em peso e volume (cubagem).
distâncias
• Elevado grau de adaptação • Sujeito a circulação do trânsito – sofre
interferência do tempo e do tráfego.
• Baixo investimento para o • Sujeito a regulamentação de circulação –
transportador horários.
• Rápido – boa velocidade para pequenas • Ineficiente para longas distâncias
e médias distâncias.
• Custos menores de embalagens • Maior intensidade de risco – acidente e roubo
• Grande cobertura geográfica. • Volume transportado menor em relação aos
modais aquaviário e ferroviário.
• Atua de forma complementar aos • Menor capacidade carga entre todos os outros
outros modais. modais.
Tabela 03 – Vantagens e desvantagens do transporte de cargas pelo modal rodoviário
Fonte: Dias, 2012 – Adaptado pelo Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve o comparativo de vantagens e desvantagens do transporte de cargas no
modal rodoviário.

Modal Aéreo

Transporte aéreo é todo aquele realizado com aeronaves - utilizando-se de uma aerovia12
como meio de locomoção – podendo acontecer internamente dentro de um mesmo país ou ainda
envolvendo outros países. Este tipo de transporte pode ser denominado continental ou
intercontinental. Quando ocorre em apenas um país pode ser denominado de doméstico ou nacional
e quando envolve mais de um país pode ser denominado de internacional.

12
Aerovia - Espaço aéreo delimitado, com largura, altitude e posição geográfica especificadas segundo convenção
internacional, que serve para orientar, organizar e controlar o tráfego de aeronaves durante o voo entre decolagens e
aterrisagens.

44
O transporte aéreo também pode ser definido como aquele que é realizado por empresas
de navegação aérea, com a utilização de aeronaves de vários tipos e tamanhos, com tráfego nacional
ou internacional, para o transporte de pessoas ou mercadorias, em geral de alto valor agregado ou
urgentes.
A importância do transporte aéreo na logística aumentou muito com a globalização, pois agora
as cadeias produtivas estenderam suas ramificações pelo mundo todo, e muitas vezes o
fornecimento de componentes e a distribuição de produtos não podem ficar dependendo do
transporte marítimo, principalmente quando os embarcadores não conseguem níveis de
confiabilidade satisfatórios nos prazos de entrega. (NOVAES, 2004, p. 155).

O transporte aéreo de cargas é mais adequado para mercadorias de alto valor agregado
e para expedições de alta velocidade.
O modal aéreo é bastante conhecido como sendo utilizado para o transporte de pessoas
por todo o globo. No entanto, o transporte de cargas através desse modal vem conseguindo bastante
destaque na logística moderna, visto que, os processos logísticos requerem cada vez mais, agilidade
e respostas rápidas além de precisas, e o modal aéreo atende perfeitamente a estas necessidades.
De acordo com pesquisa do Instituto ILOS – apresentada na primeira competência do
nosso e-book - em 2016, o transporte aéreo foi responsável por 0,1% do volume de cargas
(mercadorias) transportadas no Brasil.
O transporte aéreo mundial é regido pelas normas da IATA (International Air Transport
Association) e ganhou reconhecimento mundial após a segunda guerra.
A associação assumiu um papel fundamental para a formação das tarifas de frete
aeroviário regulando o transporte de pessoas e de mercadorias, dividindo o globo em três grandes
áreas:
§ Área 01 – Américas - incluindo o Havaí, Groenlândia e as ilhas vizinhas;
§ Área 02 – Europa – incluindo as ilhas vizinhas, África e parte Oeste da Ásia;
§ Área 03 – Ásia, incluindo as ilhas vizinhas, com exceção das incluídas na área
02, além da Oceania.
A partir de 1945 e de acordo com Vieira (2001), a IATA se torna o principal órgão regulador
do transporte aéreo no âmbito internacional.

45
Como você já viu anteriormente, IATA é uma sigla para a expressão em inglês
“International Air Transport Association” que traduzida para o português significa “Associação
Internacional de Transportes Aéreos”. É uma instituição criada em 1945 na cidade de Havana em
Cuba para representar os interesses das diversas companhias aéreas. Seu principal foco é a
assistência aérea, segurança e economia para os seus clientes. Atualmente sua sede fica na cidade de
Montreal no Canadá.
O objetivo da IATA é liderar, servir e representar a aviação industrial e auxiliar as
companhias aéreas, facilitando a comunicação e o processo entre elas e o governo, além da
preocupação com o meio ambiente.
A IATA também é responsável pela determinação de tarifas a serem aplicadas por todas
as empresas aéreas como por exemplo, o limite para o frete aéreo. Essas tarifas são fundamentadas
na rota, no tráfego e nos custos, que uma viagem pode ter, são elas:
• Tarifa mínima: valor mínimo cobrado pela carga cujo valor de frete, após ser
calculado pelas demais tabelas, não alcancem o frete mínimo estabelecido.
• Tarifa Geral: sobreposta na maioria das cargas, possui uma divisão em cinco faixas
de peso, onde quanto maior for o peso menor será o frete.
• Tarifa para mercadoria específica (specific commodity rates): quando o embarque
é contínuo e combinado, cada empresa dispõe de sua tabela com valor reduzido
de tarifa, diferentemente da tarifa geral.
• Tarifa Classificada (class rates): é a tarifa sobreposta que deposita um aumento
ou uma redução percentual na tarifa geral. O acréscimo pode variar entre 10% a
200% para, por exemplo, produtos de alto valor agregado, animais vivos, ou cargas
perigosas. A redução pode ser aplicada para produtos de relevante interesse
social, como jornais e periódicos, quadros, etc.
• Tarifa ULD (Unit Load Device): aplicada em cargas unitizadas, onde o
carregamento e o descarregamento serão realizados pelo remetente e
destinatário da carga.

No domínio do território brasileiro, o transporte aéreo é regulamentado pelos seguintes


órgãos:

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§ Comando da Aeronáutica - (FAB – Força Aérea Brasileira), atualmente
subordinada ao Ministério da Defesa;
§ Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC13), e;
§ Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO14).

O modal aéreo possui sistema próprio de tráfego aéreo e esses sistemas são geralmente
oferecidos pelo governo de cada país.

Tipos de veículos usados no transporte aeroviário

O transporte aéreo consegue atingir com facilidade uma vasta região geográfica, em
função da sua velocidade, no entanto, necessita de elevados e constantes investimentos em
aeronaves, infraestrutura aeroportuária e sistemas de informação e controle.
Os principais tipos de aeronaves para o transporte de cargas são:
• All Cargo ou Full Cargo: exclusivamente destinadas ao transporte de cargas;
• Combi: usada tanto para transportar cargas (no convés inferior da aeronave e no
fundo do deck superior) quanto passageiros;
• Full Pax: aeronaves nos quais o espaço destinado às cargas é unicamente no
último convés inferior.

Principais aeronaves habitualmente utilizadas

Tipo de Aeronaves Passageiros Carga (Kg) Modelo

Cessna 172 3 55
Monomotor

13
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), foi criada para regular e fiscalizar as atividades da aviação civil e a
infraestrutura aeronáutica e aeroportuária no Brasil. Instituída em 2005, começou a atuar em 2006 substituindo o
Departamento de Aviação Civil (DAC). A ANAC é uma autarquia federal de regime especial e está vinculada ao atual
Ministério da Infraestrutura. As ações da ANAC se limitam aos processos de certificação, fiscalização, normatização e
representação institucional.
14
A INFRAERO tem por objetivos: Implantar, administrar, operar e explorar industrial e comercialmente a infraestrutura
aeroportuária e prestar consultoria e assessoramento em suas áreas de atuação e na construção de aeroportos.

47
ATR 72 Turboélice 68 – 78 1.672

Embraer 190 94 – 122 3.050

Boeing 737 160 – 189 5.700

Airbus A320 150 – 186 9.400

Airbus A330 246 – 300 18.700

Boeing 777 305 – 368 23.000

Boeing 747 410 20.000

Airbus A380 544 – 853 19.000

Tabela 04 – Tipos de aeronaves utilizadas no modal aeroviário.


Fonte: Próprio Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve as principais características das principais aeronaves utilizadas no modal
aéreo.

Figura 19 – Serviços de transporte e suas características econômicas


Fonte: Grant, 2014 – Adaptado pelo Autor
Audiodescrição da figura: A figura demonstra os modais de transporte e suas principais características econômicas. Fim
da audiodescrição.

48
Operadores de cargas do modal aeroviário

As companhias aéreas são empresas de transporte aéreo autorizadas pelas autoridades


do país de origem, a operar no transporte de cargas e no transporte de passageiros, obedecendo às
normas internacionais, com aeronaves registradas e capacitadas para o tráfego, Dias (2012).
Os agentes de carga são os intermediários que fazem a ligação entre as companhias
aéreas e os embarcadores, disponibilizando informações quanto às disponibilidades de voos,
companhias aéreas, rotas, disponibilidade de espaço de carga nas aeronaves, fretes, etc.
Operam com a possibilidade de redução dos fretes pela consolidação de cargas. Parte de
sua receita é registrada em função de um percentual do frete que realizam e que recebem das
companhias aéreas. Outra parte provém de taxas de expediente diversas.
Da mesma maneira como ocorre no modal rodoviário, no modal aéreo existe uma divisão
ou categorias de empresas de carga. Elas organizam-se basicamente a partir das seguintes
características:
§ Mista: as empresas transportam a carga nos porões, proporcionando um
complemento de receita às outras receitas provenientes da operação do
transporte de passageiros.
§ Operações Cargueiras: são operações inteiramente dedicadas ao transporte
de carga.
Documentação do transporte aéreo

O transporte aéreo de carga é sempre documentado através de um conhecimento de


embarque aéreo, que pode pertencer ao próprio agente de carga ou a companhia aérea e como nos
outros modais é o documento mais importante do transporte. É um documento de expedição da
mercadoria e deve emitido diretamente ao destinatário. A validade do contrato de transporte inicia
quando o conhecimento aéreo é emitido e assinado pelo transportador ou seu agente autorizado, e
também pelo embarcador ou seu representante. Sua validade encerra quando a mercadoria é
liberada para o destinatário indicado no documento conhecimento de embarque aéreo.
O conhecimento de embarque deve compor os seguintes elementos:
• Nome e endereço do exportador e do importador;
• Local de embarque e de desembarque;

49
• Quantidade de volumes;
• Tipo de embalagem;
• Descrição da mercadoria e códigos (SH/NCM/NALADI15);
• Peso bruto e líquido;
• Dimensão e cubagem dos volumes;
• Valor do frete.
O conhecimento de embarque aéreo funciona como comprovante de que a carga foi
entregue pelo embarcador ou seu representante, a o transportador e, também, é prova de que
existe um contrato de transporte.
Outra finalidade desse documento é que funciona como fatura de frete, contendo dados
da mercadoria, descrição do voo, tipos de tarifa e o correspondente cálculo de seu valor, bem como
certificado de seguro, caso a mercadoria esteja segurada pela companhia aérea.
Existem três tipos de conhecimento de embarque aéreo:
• AWB (Air Waybill): conhecimento da companhia aérea emitido por ela ou por seu
agente ao exportador, em caso de cargas não consolidadas. Ao contrário dos
outros modais, o AWB não é um documento negociável.
• MAWB (Master air waybill): documento emitido para a companhia aérea em caso
de cargas consolidadas pelo agente. Representa a totalidade da carga entregue
por diversos embarcadores e consolidadas através de um único embarque. O
MAWB não é entregue ao embarcador, visto que este recebe um HAWB emitido
pelo agente para suas cargas individuais.
• HAWB (House air waybill): é emitido pelo agente de cargas e entregue a cada
embarcador, correspondente a uma parte ou fração da carga total consolidada no
MAWB.
O AWB é composto de três vias originais, sendo que a primeira fica com o transportador,
a segunda segue com a mercadoria durante o transporte e é entregue ao destinatário no ponto final,
e a terceira é entregue ao expedidor, comprovando o embarque da mercadoria (VIEIRA, 2002).

15
Códigos (SH/NCM/NALADI) - Da mesma forma como no Mercosul temos a NCM, o Brasil também faz parte da
Associação Latino-Americana de Integração – ALADI e, para este grupo de países, utilizamos a codificação NALADI que é
a Nomenclatura da Associação Latino-Americana de Integração. A NALADI também utiliza como base o SH nos seus
primeiros seis dígitos com mais dois dígitos estendidos próprios desta nomenclatura.

50
Acompanhe a análise das principais vantagens e desvantagens do modal aéreo:

Vantagens Desvantagens
• Bom para situações de prazo para longas • Pouco flexível – trabalha de terminal a
distâncias terminal
• Bom para mercadorias de elevado valor a grandes • Mais lento do que o rodoviário para
distâncias pequenas distâncias
• Boa flexibilidade e frequência entre cidades • Elevado custo para grande parte das
mercadorias
• Velocidade de transporte • Restrições de volume e peso
• Possibilidade de redução de estoques – aplicação • Impossibilidade de transporte de carga
de metodologia just in time. a granel.

Tabela 05 – Vantagens e desvantagens do transporte de cargas pelo modal aéreo.


Fonte: Dias, 2012 – Adaptado pelo Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve o comparativo de vantagens e desvantagens do transporte de cargas no
modal aéreo.

A contratação dos fretes aéreo e rodoviário

A contratação e o pagamento do frete são o reconhecimento pelo serviço contratado de


transporte de quaisquer mercadorias, normalmente, a contratação e o pagamento do frete referente
aos modais aeroviário e rodoviário acontece de duas formas distintas:
• Frete pré-pago (freight prepaid): deve ser pago para retirar o conhecimento de
embarque que, habitualmente, é realizado no país de embarque;
• Frete a pagar (freight collect): deve ser pago em qualquer lugar, porém é mais
comum ser pago no país de destino.

51
Não é permitida a modalidade de pagamento do frete a pagar para os
seguintes casos: restos humanos, amostras, mercadorias perecíveis, animais
vivos, bem como mercadoria que tenha frete maior que seu valor e quando o
destinatário é o próprio embarcador da mercadoria.
Você pode verificar em: < https://portogente.com.br/portopedia/73376-
transporte-aereo >

Caro estudante!
Estamos chegando ao final de mais uma competência.
Você está aproveitando os conhecimentos apresentados até aqui?
Espero que sim!
Não deixe de procurar os seus professores para esclarecer quaisquer dúvidas que possam
surgir. Participe dos fóruns de discussão e procure aproveitar bastante os conteúdos dos destaques,
além de outros disponibilizados no nosso ambiente virtual.

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Acesse: https://www.infolivros.org/livros-de-logistica-gratis-pdf/

Você deve estar lembrado de que os custos do transporte estão diretamente relacionados a
algumas características, tais como:
• O tipo da carga;
• Peso e volume;
• Fragilidade;
• Embalagem;
• Valor e distância, e;
• Localização dos pontos de embarque e desembarque.
Da mesma maneira, a tarifa do frete depende tanto dessas características como também
do modal utilizado. Veja algumas situações quanto aos modais aeroviário e rodoviário:

52
• Frete Aéreo: Por ser mais rápido e seguro, o transporte aéreo sai na frente quando o
assunto é vantagens, pois são menores os custos com seguro, estocagem e
embalagem, como também mais viável para remessa de amostras, brindes,
bagagem desacompanhada, partes e peças de reposição, mercadoria perecível,
animais, etc. A base de cálculo do frete aéreo é obtido através do peso ou do
volume da mercadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior
valor. Para saber se devemos considerar o peso ou o volume, a IATA
estabeleceu a seguinte relação: 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton = 6 m³. Por exemplo:
no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior que 6000 cm³,
considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, considera-
se o peso.
Em se tratando do transporte rodoviário internacional, podemos salientar que esse tipo
de transporte é marcado por sua simplicidade de funcionamento:
• Oferta de serviço porta a porta - a mercadoria sofre apenas uma operação de carga
(ponto de origem) e outra de descarga (local de destino);
• Maior regularidade e disponibilidade de vias de acesso;
• Maior rapidez e flexibilidade na manipulação das cargas;
• Maiores recursos na substituição de veículos, no caso de acidente ou quebra, sendo
ideal para viagens de curtas e médias distâncias.
Vale salientar que, em momentos de grandes congestionamentos nas estradas, o modal
rodoviário diminui sua eficiência, caracterizado por uma menor capacidade de carga, acarretando
uma elevação significativa nos custos operacionais, se comparado com o modal ferroviário ou ao
aquaviário pois esses últimos não estão sujeitos a problemas relacionados ao tráfego.
No modal rodoviário, as tarifas de frete são ordenadas individualmente, por cada empresa
de transporte e, o frete pode ser calculado por peso, volume ou por lotação do veículo. Observe como
é constituído o frete rodoviário:
§ Frete Básico: tarifa x peso da mercadoria. Se a carga for “volumosa”, pode ser
necessário considerar o volume no lugar do peso;
§ Taxa Ad Valorem: percentual cobrado sobre o valor da mercadoria, e;

53
§ Seguro Rodoviário Obrigatório: os percentuais são aplicados sobre o preço
FOB (preço de exportação) da mercadoria. O usuário deve consultar a
transportadora para conhecer quais as cláusulas da apólice de seguro que dão
cobertura ao transporte da carga e quais podem ser adicionadas juntamente
com a seguradora responsável pela emissão da apólice, ou pela emissão da
averbação do seguro do transporte nacional ou internacional da carga.

Não deixe de assistir a videoaula da segunda competência.

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3.Competência 03 | Compreender a Dinâmica e a Importância dos Modais
de Transporte Ferroviário e Aquaviário.
Nessa terceira competência discutiremos as principais particularidades dos modais
ferroviário e aquaviário, lembrando que o transporte aquaviário pode ser dividido em três tipos
distintos: Fluvial – transporte realizado por embarcações nos rios; Lacustre - transporte realizado por
embarcações nos lagos, e o Marítimo - transporte realizado por embarcações nos mares e oceanos.

Modal Ferroviário

O transporte ferroviário é aquele que consiste no transporte de pessoas e de mercadorias


realizado por vagões sem propulsão própria interligados a uma ou mais locomotivas – veículo que
tem propulsão própria - que os puxa sobre trilhos de ferro (ferrovias), utilizando para tanto,
plataformas de embarque e desembarque de passageiros e de carga. Sua característica principal está
relacionada a sua capacidade de transportar grandes volumes de carga, de possuir alto rendimento
energético, principalmente em locomoção a médias e grandes distâncias. Além desses benefícios o
modal ferroviário se apresenta como um meio de transporte seguro em relação aos acidentes,
comparado ao modal rodoviário e também não está sujeito a riscos de congestionamentos.
De acordo com Ballou (2001), o transporte ferroviário é basicamente um transportador
de longo curso e um movimentador lento de matéria-prima e de produtos manufaturados de baixo
valor agregado.

Figura 19 - Trem em operação no transporte de passageiros e de minério de ferro em Carajás –Belém – PA.
Fonte: < https://www.oliberal.com/belem/o-cora%C3%A7%C3%A3o-tecnol%C3%B3gico-da-estrada-de-ferro-
caraj%C3%A1s-1.52881

55
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um trem transportando passageiros e minério de ferro. Fim da
audiodescrição.

Não esqueça, aproveite agora e ouça o PODCAST desta competência!

Agora que você já ouviu o podcast, vamos continuar com o nosso conteúdo!
Como vimos lá na nossa primeira competência, infelizmente o Brasil ao longo das últimas
décadas não priorizou o desenvolvimento de uma infraestrutura necessária e compatível aos padrões
internacionais para a utilização adequada desse modal de transporte. Quase a metade dos países que
possuem características geográficas semelhantes, com extensões territoriais de cobertura como, por
exemplo, EUA e China, utilizam mais intensamente o modal ferroviário.

O sistema ferroviário nacional é o maior da América Latina, em termos de


carga transportada, atingindo 407,3 bilhões de tku’s (tonelada por
quilômetro útil), em 2017. Os dados econômicos encontram-se disponíveis
na CNT – Confederação Nacional dos Transportes – Desempenho da
economia brasileira e do setor de transporte, publicado em 2019.

Tipos de veículos usados no transporte ferroviário

Segundo Vieira (2002, p. 111), o trem é um meio de transporte apropriado para viagens
de média e longa distâncias, como também para o transporte de mercadorias a granel. Portanto, ele é
ideal para o transporte de grandes volumes de carga de baixo valor agregado. Podemos salientar
também, por outro lado, que a tendência do crescimento da conteinerização, através da utilização
do transporte combinado, poderia gerar um aumento no transporte de mercadorias de maior valor
agregado nesse modal.

56
No Brasil, o veículo que se movimenta através dos trilhos e que transporta pessoas ou
mercadorias é chamado de trem. Nos países da Europa de uma maneira em geral esse mesmo trem
é chamado de comboio.
Assim sendo, no Brasil existe uma variação entre dois tipos de trens, que se caracterizam
por duas categorias e tipos de trilhos ou linha, utilizadas.
Categorias:

Trem de Mercadoria ou Carga: composto por um ou mais vagões;


Trem de Passageiros: a malha ferroviária, nesse caso, é principalmente utilizada para o
transporte de carga, no entanto ainda existem duas linhas que operam com transporte de pessoas –
a Estrada de Ferro de Vitória a Minas (EFVM) e a Estrada de Ferro de Carajás (EFC) com cerca de 1.500
quilômetros de trilhos.

A privatização foi uma das tentativas para retomar os investimentos no setor


ferroviário. O governo na época, na década, de 1990, concedeu linhas públicas
para que a iniciativa privada pudesse explorar o transporte de cargas. No
entanto, as concessionárias não se interessaram pelo transporte de
passageiros, essencial num país de dimensões continentais e que foi quase
totalmente extinto no Brasil.

Tipos de trilho ou bitola:

Bitola é o termo utilizado para a determinação da distância medida entre as faces


interiores das cabeças de dois trilhos em uma via férrea. O Brasil nunca oficializou uma política
governamental para a padronização ou unificação das bitolas no sistema ferroviário, em função disso,
essa pluralidade de bitolas que nos coube é algo que claramente prejudica o desenvolvimento do
transporte ferroviário no Brasil desde a sua inauguração, em meados do século XVIII.
Atualmente, as ferrovias espalhadas pelo Brasil, operam com dois tipos de bitolas:
§ Bitola Irlandesa de 1,6m ou larga;
§ Bitola Métrica de 1m ou estreita.

57
Em diversos trechos das ferrovias brasileiras existem três ou mais trilhos correndo em
paralelo numa única linha, a chamada Bitola Mista, que tem a função de fazer com que trens de
bitolas diferentes possam trafegar no mesmo trecho.

Figura 20 – Tipos de Bitola


Fonte: < https://encrypted-
tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRla_gj5ZV98Q72ZDvsjUmSYr63ihDWuNZfLg&usqp=CAU
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, representa os dos tipos de bitola utilizadas no Brasil. A mais larga é
conhecida também pelo nome de Irlandesa ou de 1,6m. A Bitola mais estreita tem esse nome porque possui 1m de
distância e é chamada também de Métrica. Fim da audiodescrição.

A segunda principal forma de transportar produtos e mercadorias no Brasil é


por meio das ferrovias. Nos dias atuais, aproximadamente vinte e um por cento
de todas as cargas passam pelos trilhos e pelas mãos de profissionais
responsáveis por essa movimentação.
Veja mais em: https://www.youtube.com/watch?v=oYFz60REk6g

Operadores de carga do modal ferroviário

Segundo Ballou (2011, p. 127), o transporte pode ser realizado com carga plena
(carregamento com volume e peso predeterminado - geralmente igual ou maior que a capacidade
média de um vagão para o qual se aplica uma taxa de frete específica) ou com carga parcial.
Existem duas formas de contratação do serviço de transporte de cargas no modal
ferroviário:

58
• Transportador Regular - A empresa vende seus serviços para qualquer usuário, sofrendo
regulação em termos econômicos e de segurança pelo órgão responsável do governo - ANTT.
• Transportador Privado - Pertence a algum usuário particular, que o usa de forma exclusiva, por
esse motivo esse tipo de transportador não sofre regulação econômica.

Documentação do transporte ferroviário

Além dos documentos obrigatórios que temos conhecimento relacionados ao transporte


de cargas em outros modais, no transporte ferroviário internacional, o despacho aduaneiro referente
aos países membros do Mercosul exige a apresentação da Carta de Porte Internacional e Declaração
de Trânsito Aduaneiro (TIF/DTA16). De uma maneira em geral, a Declaração de Trânsito Aduaneiro
(DTA) funciona da mesma forma que os conhecimentos de embarque marítimo e rodoviário.
É importante que conste neste documento:
• Descrição e o endereço do embarcador e do consignatário;
• Origem e o destino da mercadoria;
• Ponto de fronteira;
• Data da entrega da mercadoria ao transportador;
• Embalagens;
• Pesos e quantidades;
• Valor do frete;
• Local de pagamento; etc.
O Conhecimento deve ser datado e assinado pelo transportador e pelo embarcador. A
mercadoria deve ser vistoriada antes do embarque no trem.

Acompanhe a análise das principais vantagens e desvantagens do modal ferroviário:

Vantagens Desvantagens
• Ideal para grandes quantidades de cargas • Serviços e horários pouco flexíveis

16
O TIF-DTA é, um conhecimento de transporte e ao mesmo tempo uma declaração de trânsito aduaneiro. É utilizado
apenas para o transporte ferroviário em viagens internacionais de carga proveniente e destinada a países conveniados
ao acordo internacional e à legislação específica.

59
• Baixos custos para grandes distâncias • Pouco competitivo para curtas distâncias e
cargas pequenas
• Bom para produtos de baixo valor • Grande dependência de outros modais –
agregado e alta densidade rodoviário, por exemplo.
• Pouco afetado pelo tráfego • Pouco flexível – somente de terminal para
terminal
• Elevada eficiência energética • Elevados custos de movimentação de carga e
descarga

Tabela 05 – Vantagens e desvantagens do transporte de cargas pelo modal ferroviário.


Fonte: Dias, 2012 – Adaptado pelo Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve o comparativo de vantagens e desvantagens do transporte de
cargas no modal ferroviário.

Modal Aquaviário

Segundo Dias (2012), o transporte marítimo entre nações é o mais antigo tipo de
transporte de mercadorias organizado que existe no mundo. Desde os Fenícios, na idade antiga, foi
sempre um instrumento poderoso na conquista de novas riquezas e de novos territórios.
Como o próprio nome indica, o transporte aquaviário envolve todos os modais de
transporte que ocorrem sobre a água. Incluindo o transporte fluvial, o transporte lacustre e o
transporte marítimo. Este último pode ser divido em transporte marítimo de longo curso, sendo o
mais utilizado no mundo, e o de navegação de cabotagem, sendo este realizado entre portos locais
(Menchik, 2010).
Atualmente, o transporte aquaviário é o mais utilizado no comércio internacional,
principalmente por suas características relacionadas a versatilidade de cargas e de volumes. As
explorações dessas características proporcionam a redução do frete unitário, garantindo
competitividade em relação aos outros modais.
É o modal responsável pelo transporte de mercadorias tais como: automóveis, petróleo,
grãos, etc. e também de passageiros: cruzeiros, por exemplo, através de barcas, navios e barcos em
oceanos, mares, rios, riachos, lagoas e lagos. Contudo, toda essa versatilidade vai de encontro com a
baixa velocidade (é o mais lento de todos), a frequência, juntamente com os custos de embalagem e
de acessibilidade, demonstrando, assim, as suas principais desvantagens.

60
O órgão internacional responsável pelas diretrizes dos transportes aquaviários é a IMO
(International Maritime Organization), cuja sigla traduzida em português livre significa Organização
Marítima Internacional, entidade ligada a ONU – Organização das Nações Unidas. Fundada em março
de 1948, em Genebra, na Suíça, com o objetivo de implantar um sistema de colaboração entre
governos no que se refere às questões técnicas que interessam à navegação comercial internacional.
A principal função da IMO consiste em legislar e traçar procedimentos de segurança e de eficiência
para a navegação marítima, criando e adotando modelos de navegabilidade, além de determinar
medidas preventivas relacionadas a poluição, provocada por acidentes ou por condições operacionais
inadequadas. Também é a entidade responsável pela regulação das atividades entre as companhias
de navegação.
Vale a pena enfatizar que, segundo a IMO, existe uma classificação que subdivide o
transporte aquaviário em:
• Navegação de Longo Curso: ligação entre países distantes;
• Cabotagem Internacional: ligação entre países próximos (mesma costa), como o
Brasil e o Uruguai, por exemplo;
• Cabotagem Doméstica: navegação na costa, sem exceder os espaços
internacionais, ou seja, o serviço doméstico de transporte entre portos em um
mesmo território aduaneiro. Podemos exemplificar usando o transporte de
mercadorias realizado do Porto de Pecém no estado do Ceará para o Porto de
Tubarão no estado do Espírito Santo.

No Brasil, o Ministério da Infraestrutura subdivide o transporte aquaviário em:


• Marítimo: quando ocorre nos grandes mares e oceanos;
• Hidroviário ou fluvial: quando acontece dentro dos rios, e;
• Lacustre: quando ocorre dentro de lagoas e lagos.

61
Figura 21 – Tipos transportes aquaviário
Fonte: < http://marlivieira.blogspot.com/2013/07/modais-de-transportes-modal-hidroviario.html>.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de alguns tipos de embarcações utilizadas no transporte aquaviário. A
primeira, navio de carga. A segunda, transporte de passageiro. A terceira, canoa para pequenas travessias. A quarta, um
navio porta-aviões. A quinta, um submarino e a sexta, um navio de passageiros do tipo cruzeiro. Fim da audiodescrição.

O Transporte Marítimo pode ser considerado como o meio de transporte de passageiros


ou mercadorias com a utilização de embarcações no mar e pode ser dividido em:
• Navegação de longo curso ou internacional: ocorre entre os portos brasileiros e
outros portos estrangeiros;
• Navegação por cabotagem ou costeira: ocorre entre pontos específicos da costa
(portos) ou entre um ponto costeiro e um fluvial. Pode ser doméstico ou
internacional.
O Transporte Hidroviário ou Fluvial pode ser considerado como o meio de transporte
realizado através das hidrovias - locais pré-estabelecidos para navegação sobre rios, para transporte
de passageiros e mercadorias.
As principais hidrovias brasileiras são:
• Araguaia-Tocantins - faz parte a bacia do Tocantins e o rio Araguaia. Possui cerca de 1.360 km
de extensão;
• São Francisco - é um dos rios que está localizado totalmente no território brasileiro. Seu
principal trecho passa pelos estados de Minas Gerais e Bahia;
• Madeira - o rio é um dos afluentes do Amazonas. É navegável numa extensão de 1.056 km,
entre Porto Velho (Rondônia) e a sua foz, na Cordilheira dos Andes, Bolívia;
• Tietê-Paraná - Via fluvial onde é possível realizar o transporte de pessoas e cargas ao longo
do rio Tietê e Paraná. Possui 1.359 km, e;

62
• Taquari-Guaíba - Principal hidrovia para transporte de cargas, no Rio Grande do Sul, com 686
quilômetros de extensão.

Devido à posição geográfica, dois países podem ter uma mesma bacia
hidrográfica e um rio navegável em comum. Neste caso, o transporte realizado
nesse rio, que leva mercadorias de um país a outro, se configura como
transporte fluvial internacional.

O Transporte Lacustre pode ser considerado como um meio de transporte, pouco


utilizado no Brasil, realizado em lagos que ligam duas ou mais cidades, regiões ou países. A via lacustre
do Brasil que merece destaque é a Lagoa dos Patos em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. É
considerada a maior do Brasil e a segunda maior da América do Sul, com área aproximada de 10.145 km².

Tipos de veículos usados no transporte aquaviário

De acordo com Rodrigues (2007, p.99) podemos definir barco como sendo uma
embarcação que desempenha o deslocamento de carga e de pessoas, devendo ser classificada
segundo o seu porte. Embarcações menores podem ser intituladas de barcos. Os navios são
embarcações com dimensões especificadas segundo o tipo de uso ou de navegação (pelos rios, mares
ou lagos) e movidos por velas (ventos), motor a vapor, motor a explosão, motor elétrico ou outra
forma de propulsão para a sua movimentação.
Agora vamos conhecer os principais tipos de navios utilizados para o transporte de cargas
ou mercadorias e passageiros:

Navio de Passageiro: tipo de embarcações para passageiros. Exemplo:


• ferries (realiza o transporte de veículos e passageiros);
• log carriers (transporte de toros de madeira);
• cattle carriers (transporte de gado), e;
• cruzeiro, uma embarcação de grande porte e luxuosa.

63
Figura 22 – Navio Cruzeiro – para transporte de passageiros.
Fonte: < http://blogdoeliomar.com.br/2015/03/20/fortaleza-recebe-o-maior-navio-de-passageiros-ano/ >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de uma embarcação de passageiros. Fim da audiodescrição.

Navio de Transporte de Carga: utilizados no comércio para o transporte de diversos tipos


de cargas, são classificados de acordo com seu tamanho e a mercadoria a ser transportada. Exemplos:
• Graneleiro (utilizados para o transporte de produtos químicos, gases liquefeitos e
petróleo);
• Cargas unitizadas (utilizados para o transporte de cargas específicas. Exemplo:
Porta Contentores, Ro-Ro e Porta Barcaças), e;
• Carga Geral (utilizados para o transporte de qualquer tipo de carga. Exemplo: box
type, multipurpose, heavy lift e reefer).

Figura 22 – HMM Algeciras – Um dos maiores navios Porta Contêiner do mundo


Fonte: < https://pt.wikipedia.org/wiki/HMM_Algeciras >
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, do maior navio de containers do mundo com 400 metros de
comprimento. Fim da audiodescrição.

Navio Petroleiro: usado para transportar petróleo. A parte que armazena o petróleo se
encontra no convés do navio.

64
Figura 23 – Navio Petroleiro
Fonte: < https://www.fazcomex.com.br/blog/tipos-de-navios/ .
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, do navio petroleiro. Fim da audiodescrição.

Navio Auxiliares: Exercem um serviço de apoio a algumas atividades marítimas, tais como
rebocadores, pilotos, supply, salvamento, combate à poluição, combate ao incêndio, quebra-gelos e
de pesquisa.

Figura 24 – Rebocador
Fonte: < https://pixnio.com/pt/veiculos/navio-barco/rebocador-navio-cargueiro-embarcacoes-agua-navio-industria-
porto-expedicao >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um grande navio cargueiro sendo puxado por um rebocador. Fim da
audiodescrição.

65
Figura 25 – Navio de combate à poluição chamado “Pac-Man”
Fonte: < https://edukavita.blogspot.com/2013/04/navio-de-recuperacao-de-oleo-alemao-que.html>.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um navio conhecido como Pac-Man - navio de combate à poluição,
principalmente, por derivados de petróleo. Fim da audiodescrição.

Navio Industrial: destinados para um determinado tipo de área industrial. Embarcação


de Pesca e Draga são os exemplos mais comuns.

Figura 26 – Navio de Draga ou Dragagem


Fonte: < https://opetroleo.com.br/dragabras-vence-licitacao-da-dragagem-do-porto-de-santos/ >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um grande navio expelindo areia, retirada do fundo do mar. Fim da
audiodescrição.

66
Não deixe de assistir ao vídeo
Os dez maiores navios cargueiros do mundo!
https://www.youtube.com/watch?v=eyb8amVpLPo

Tipos de Serviços Marítimos

Existem basicamente dois tipos de serviços de transporte marítimo, o transporte


marítimo afretado e o conferenciado.
Transporte Marítimo Conferenciado – Consiste na oferta livre dos serviços de transporte
marítimo de longo curso por armadores17 associados ou não, para o transporte de carga fracionada
ou consolidada.
Principais Características:
• Essa modalidade de transporte marítimo não sofre regulamentação de linhas e
frequência de serviço por entidades governamentais dos países envolvidos;
• Esse serviço tem como base o livre mercado e a liberdade de tráfego em alto mar;
• O frete marítimo é cotado de acordo com o tipo de produto, a quantidade
transportada e o destino de transporte, não retratando necessariamente os custos
envolvidos com a prestação do serviço de transporte;
• Os prestadores de serviço de transporte marítimo de longo curso compõem um
oligopólio18 devido ao número reduzido de operadores.

Transporte Marítimo Afretado – Consiste na oferta de serviço de transporte marítimo de


carga plena, ou seja, com total utilização da unidade de carregamento do navio.
Tipos de Afretamento:
• Frota Própria – O embarcador utiliza-se de navios próprios para transportar seus
produtos. Exemplo: Navios petroleiros da Petrobrás.

17
Armador - é a empresa proprietária, sócia ou afretadora do navio que equipa, mantém e explora comercialmente navios
mercantis. O armador tem a função de executar todos os procedimentos necessários para o transporte de cargas, bem
como de operar os respectivos navios através das rotas já existentes no comércio internacional.
18
Oligopólio - é um sistema que caracteriza um mercado onde existem poucos vendedores para muitos compradores.

67
• Frota Terceirizada – O embarcador contrata serviços de transporte marítimo junto
aos armadores através de bolsa de negociações em Londres – Inglaterra (bolsa de
afretamento), garantido por um contrato de afretamento.
Tipos de contrato de afretamento:
• Contrato por viagem: O armador fornece o serviço de transporte de um dado
volume de carga da origem para o destino de portos pré-definidos, registrado no
contrato de afretamento.
• Contrato por tempo determinado: O armador fornece o serviço de transporte
marítimo ao embarcador por um período de tempo limitado, registrado no
contrato de afretamento.

Particularidades das operações marítimas

De acordo com Magalhães (2010, p.43), um dos mais interessantes e fundamentais papéis
que um porto exerce é o de facilitador, ao fazer a ligação entre os fluxos e processos externos e a
criação de padrões e de processos próprios.

CURIOSIDADE!
Você já havia pensado que em um só porto é possível reunir os modais
rodoviário, ferroviário e marítimo?

Um terminal portuário, reúne pela engenharia de transportes, todas as instalações onde


se inicia e termina um processo de transporte. Segundo Magalhães (2010) é no terminal onde ocorre
a intermodalidade/multimodalidade ou mudança de modal, envolvendo o modal aquaviário. Sendo
assim, podemos imaginar a complexidade de um terminal portuário, para o porto onde se originam
os fluxos de cargas das rodovias, das ferrovias e dos dutos para o modal aquaviário. (MAGALHÃES,
2010. p. 35).
Para as mercadorias do tipo granéis sólidos e líquidos, torna-se necessário que o terminal
seja aparelhado de um píer19. Para os outros tipos de carga, geralmente é necessário apenas de um

19
Píer é uma estrutura de atracação composta por uma ponte de acesso e pontos de amarração de navios.

68
cais marginal - estrutura em que os navios podem se conectar para carregar, descarregar e abastecer,
tendo acesso direto à parte terrestre, construída nas margens dos rios, baías ou enseadas.

Figura 27 - Terminal de carga portuária


Fonte: < https://www.f6transportlogistic.com.br/transporte-maritimo-para-portos-nacionais-e-internacionais >.
Audiodescrição da figura: A imagem, colorida, de um terminal de carga portuária. Fim da audiodescrição.

Em se tratando dos granéis líquidos, os mesmos geralmente, são estocados em estruturas


do tipo tanques e os sólidos, em silos ou armazéns. Já os grãos agrícolas, carga de minérios e carga de
carvão, são estocados em pátios especiais. A carga geral e os neogranéis20 são movimentados e
estocados em áreas semelhantes a armazéns e pátios de trânsito, junto aos cais de atracação dos
navios, em função do uso habitual de equipamentos das próprias embarcações para fazer o
embarque e o desembarque dessas mercadorias.
Em se tratando de um terminal de contêineres, normalmente são encontrados
equipamentos próprios guindastes do tipo “portainer21” ou MHC, sigla de Mobile Harbour Cranes –
denominação para guindastes sobre pneus - no próprio terminal portuário.

20
Neogranéis - São carregamentos compostos de conglomerados homogêneos de produtos. São cargas gerais que não
possuem acondicionamento específico.
21
O portainer é um equipamento que tem como função de agilizar a movimentação dos contêineres no momento de
carga e descarga em estações de logística intermodal. Normalmente ficam localizados ao berço do porto (cais ou píer),
onde os navios cargueiros atracam.

69
Documentação do transporte marítimo

No modal marítimo, o Conhecimento de Embarque, também conhecido como B/L22 é um


documento de emissão do armador que pode ser assinado pelo comandante do navio ou pela agência
marítima representante do armador, em seu nome. Emitido pelo armador (transportador), o B/L
define a contratação da operação do transporte internacional e comprova o recebimento da carga
no porto de origem, além de estabelecer a obrigação de entregá-la no destino, constituindo, assim,
a prova de posse e propriedade da mercadoria, descrevendo e amparando a operação de transporte.
É importante que conste neste documento:
O transportador (carrier), definido como o proprietário do navio ou o afretador que
celebra um contrato de transporte com o embarcador;
O embarcador ou expedidor (shipper), que é qualquer pessoa que, pessoalmente ou por
meio de outra que aja em seu nome, entregue as mercadorias ao transportador com quem celebra o
contrato de transporte, e;
O Destinatário ou consignatário (consignee), a pessoa que detém o direito de retirar a
mercadoria no porto de destino e que pode exercer todas as ações cabíveis em caso de perdas,
atrasos, danos, etc. (VIEIRA, 2002, p. 46).

ATENÇÃO!!!
O B/L funciona como sendo prova do contrato de transporte, recibo e título
de crédito.

Outra documentação, não menos importante, que existe apenas no modal marítimo é a
Carta de Porte Marítimo (Non Negotiable Sea Waybill ou Liner Waybill), que serve para documentar
o transporte, funcionando como recibo da mercadoria transportada. Contudo, não se presta como
um título de propriedade da mercadoria e, por isso, não é suficiente para o seu transporte.

22
Bill of Lading (BL ou B/L) é o mais importante documento da operação de comércio exterior do modal aquaviário. BL é
a denominação do conhecimento de embarque utilizado no transporte marítimo.

70
A contratação dos fretes ferroviário e aquaviário

Você já estudou aqui mesmo nesse e-book, que os custos do transporte são influenciados
por diversas características, tais como:
• Tipo da carga, peso e volume;
• Fragilidade;
• Embalagem;
• Valor da carga, e;
• Distância e localização dos pontos de embarque e desembarque.

De uma forma em geral, o pagamento do frete negociado para os modais ferroviário e


aquaviário podem ocorrer de duas formas:

Frete Pré-Pago (Freight Prepaid): é o frete pago no local de embarque;


Frete a Pagar (Freight Collect): é o frete pago no local de desembarque.

• Frete Ferroviário: o frete ferroviário é baseado em dois fatores: quilometragem


percorrida (distância entre as estações de embarque e desembarque) e o peso
da mercadoria. Em ambos os casos, o frete ferroviário deve ser calculado por meio
da multiplicação da tarifa ferroviária pelo peso ou volume, utilizando-se aquele
que resultar no maior valor.

CURIOSIDADE:
Na cobrança do frete no modal ferroviário, não cabem, as taxas de
armazenagem, manuseio ou qualquer outra. Podendo ainda, ser cobradas as
taxas de estadia do vagão e a taxa administrativa pelo transbordo da carga.

• Frete Marítimo: Corresponde ao trajeto porto a porto (B/L ou Bill of Lading). Neste
caso, além dos respectivos acordos entre as linhas que irão operar, devem ser

71
levados em consideração: a distância entre os portos, o valor da mercadoria, o
peso, e a cubagem. Esses elementos formam o preço básico do frete.

Independente desses fatores, os níveis de frete para uma determinada região sofrem
influência das condições operacionais dos portos de escala e do tipo de mercadoria
que será levada, no que diz respeito a/ao:
• Embalagem: resistência e o fato de estarem mais ou menos sujeitas a roubos e a
avarias;
• Volume ou Peso (o de maior participação na capacidade total);
• Tipo de Movimentação: tempo de operação e despesas;
• Restrições de estivagem23: altura máxima do empilhamento, etc.;
• Periculosidade, e;
• Valor: capacidade de pagamento.

A seguir, vamos aprender como são compostos os fretes do modal marítimo:


FRETE MARÍTIMO COMPOSIÇÃO DO FRETE

Valor relacionado ao volume e ao peso da


Frete Básico mercadoria, prevalecendo o que gerar mais receita
para o armador;
Sobretaxa de Combustível ou Bunker Cobre custos de combustível;
Aplicado a mercadorias de alto valor unitário (carga
Ad Valorem nobre). Pode substituir o frete básico ou ser
acrescida ao seu valor;
Taxa por volume com peso excessivo e cujo
Taxa para Volumes Pesados manuseio da mercadoria precise ser feito de forma
especial;
Adicional aplicado às embalagens maiores do que
Taxa para Volumes com Grandes Dimensões
12 metros e que exijam condições especiais de
(Extra Lenght)
movimentação;
Sobretaxa de Congestionamento (Congestion Aplicada sobre o frete básico para portos com

23
Estivagem - Acomodação da carga

72
Surcharge) demora e atrasos de atracação, fato que irá
encarecer os procedimentos do armador;
Usado eventualmente para diminuir impactos de
Ajuste Cambial
desvalorizações da moeda frente ao valor do frete;
Aplicado quando o porto de destino ou de origem
Adicional de Porto
não faz parte da rota tradicional;
Usado para áreas de destino ou de origem onde há
Adicional de Risco contra Guerra
risco eminente de guerra;
Quando a mercadoria a ser transportada não
Frete Não Especificado apresenta tarifas de frete já estipuladas;

Percentual de 25% aplicado sobre o frete na


importação de longo curso. É cobrado do
Adicional de Frete para Renovação da
consignatário, no porto brasileiro de descarga e na
Marinha Mercante (AFRMM)
data efetiva do início da mesma.

Acompanhe a análise das principais vantagens e desvantagens do modal marítimo:

Vantagens Desvantagens
• Competitivo para produtos de baixo • Velocidade reduzida
valor agregado
• Bom para longas distâncias • Pouco flexível
• Bom para grandes volumes • Limitado a zonas com orla marítima, lagoas ou
movimentados rios navegáveis.
• Maior capacidade de todos os modais • Baixa velocidade
• Elevada eficiência energética • Elevados custos de movimentação de carga e
descarga

Tabela 05 – Vantagens e desvantagens do transporte de cargas pelo modal marítimo.


Fonte: Dias, 2012 – Adaptado pelo Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve o comparativo de vantagens e desvantagens do transporte no modal
marítimo.

73
NOTA!!!
Não deixe de assistir a videoaula da terceira competência.

74
4.Competência 04 | Conhecer os custos impactantes no transporte de
materiais
Muito bem caro estudante! Estamos nos aproximando do final...
Chegamos a última competência de nossa disciplina.
Espero que você tenha aproveitado bastante para aprender um pouco mais sobre os
modais de transporte, que são informações bastante valiosas para qualquer profissional de logística.
E agora vamos conhecer melhor a respeito dos custos envolvidos no transporte de cargas,
sobre a Integração dos transportes com outras funções logísticas, sobre algumas operações especiais
em transportes de carga, serviços acessórios ao transporte e também sobre aspectos importantes da
documentação e apólices de seguro internacional de transportes.
Estudamos anteriormente as diversas modalidades de transportes de carga no Brasil e no
mundo, aprendemos como funcionam os cinco modais e que esses cinco modais podem ser utilizados
em operações para o transporte de cargas em um único modal ou em uma combinação de modais
com suas respectivas integrações ou interfaces logísticas.
Lembro também que já aprendemos, aqui mesmo, o quanto é onerosa a participação dos
custos do transporte de cargas no custo logístico total, o que nos obriga a prestar bastante atenção
para este aspecto no sentido de tornar esta operação a mais eficiente possível, a fim de gerar valor
para o cliente final, que, afinal de contas, é quem paga tudo.

Não esqueça, aproveite agora e ouça o PODCAST desta competência!

Aspectos do desempenho dos modais

De acordo com Bowersox, Closs e Coper (2006, p. 295), o custo dos serviços de transporte
sofre influência de basicamente sete fatores:

75
1. Distância – é o fator que tem maior influência direta no custo, pois afeta outros custos
variáveis24.
2. Volume – este fator segue o princípio da economia de escala (que vimos lá no início do nosso
e-book). O princípio da economia de escala diz que o custo do frete unitário diminui à medida
que o volume de carga aumenta. Se conseguirmos consolidar a carga e manter a ocupação
completa da capacidade do veículo, então teremos uma diluição do frete total nos custos por
unidade transportada.
3. Densidade – é a relação direta entre o peso e o volume da mercadoria. Todos os veículos
utilizados para o transporte de cargas possuem duas restrições básicas de capacidade: peso e
volume (medidas cúbicas). Dependendo da densidade da carga de 10kg de peso bruto, a
mesma pode ocupar muito ou pouco espaço, na área útil para a carga.
4. Acondicionamento – o acondicionamento está diretamente relacionado com às dimensões
da carga e de como estas mesmas cargas podem comprometer o aproveitamento do espaço
total do veículo. Mercadorias transportadas com tamanhos ou formas não padronizadas
acarretam em desperdício do espaço de carga, promovendo custos maiores desnecessários.
5. Manuseio – equipamentos especiais para o manuseio na maioria das vezes são necessários
no processo de carga e descarga (transbordo) dos veículos de transporte. Além da
necessidade desses equipamentos especiais, a forma como os produtos são reunidos
fisicamente, em caixas ou paletes25, tanto para o transporte quanto para a armazenagem,
atuará diretamente nos custos de manuseio.
6. Responsabilidade – o grau de responsabilidade está diretamente relacionado ao risco da
carga e da viagem. Esses riscos podem ser relacionados a avarias, roubo, periculosidade da
carga (químicos, explosivos), como também, o risco em transportar produtos de alto valor
agregado. Estamos falando a respeito da possibilidade de danos e perdas promovidas à carga
durante todo o processo, fator este que também poderá provocar custos mais elevados
relacionados à apólice ou as averbações do seguro de transportes.

24
Custo variável, aqui no caso dos transportes, é a soma de todos os fatores variáveis na operação de transportes. São
custos que mudam de acordo com a distância percorrida ou com a quantidade de trabalho.
25
Palete (do inglês pallet, ou francês pallette) - Estrado ou plataforma, normalmente construído em madeira, plástico ou
metal, utilizado para unitizar, empilhar e transportar carga por meio de equipamentos do tipo empilhadeiras.

76
7. Mercado – a lei da oferta e da procura também contribui para aumentar ou reduzir o custo
do transporte, fatores sazonais e oferta de retorno, por exemplo podem afetar o custo do
transporte.

Estes custos estão relacionados ao serviço de transporte em qualquer modal, todos


devem ser considerados em quaisquer dos modais disponíveis, muito embora, com intensidades
diferentes para cada modal ou combinação deles.
Ainda precisamos escolher ou determinar qual o melhor modal, ou qual a melhor
combinação de modais para o transporte de acordo com as necessidades exigidas pelo tipo de carga
que precisa ser transportada (carga frágil, de alto valor agregado, etc.).
Os custos envolvidos no transporte serão calculados como sendo o resultado da soma de
todos os fatores inter-relacionados que aprendemos ao longo da nossa disciplina, referentes ao
modal ou a combinação de modais mais adequados levando também em consideração a sua
disponibilidade.
Precisamos considerar os custos das opções envolvidas e disponíveis e seguir no caminho
da decisão da melhor forma de realizar o transporte. Essa melhor forma sempre estará fortemente
relacionada com os menores custos envolvidos, ou seja, com a forma que conseguir trazer mais
eficiência ao processo, desde que não prejudique o atendimento do nível de serviço.
Segundo BALLOU (2011, p. 122) as confrontações de gastos com o intuito de apuração de
um serviço de transporte devem ser feitas a partir dos gastos reais, que vão repercutir na locomoção
da mercadoria especificada, a distância e a condução do carregamento e qualquer manuseio especial
que seja necessário.
Como o tempo de entrega é fator determinante do nível de serviço logístico, precisamos
levar em consideração também a questão do tempo envolvido entre a origem e o destino final. E
nesse caso o elemento tempo deve também fazer parte do processo decisório no momento da
escolha da forma de transportar a carga.
Para a finalidade de comparar o desempenho de dado transporte, é melhor medir o
tempo de entrega porta a porta, mesmo que mais de um modal seja envolvido, BALLOU (2011, p. 123).

77
Palete PBR
O palete PBR nasceu da necessidade de padronizar o uso dos paletes de
madeira no Brasil, com o objetivo de conseguir um melhor aproveitamento do
espaço útil no transporte e no armazenamento. A origem dessa necessidade
estabeleceu as medidas do palete PBR, também conhecido como palete
brasileiro, a partir dos critérios da ABRAS (Associação Brasileira de
Supermercados), que são de âmbito nacional.

Agora que você compreende melhor quais os principais fatores que devem ser
levados em consideração na hora de escolher a forma de transportar,
podemos verificar no artigo abaixo, um pouco mais a respeito do tema.
Acesse:
https://www.hivecloud.com.br/post/como-calcular-frete/

Integração dos transportes com outras funções logísticas – Logística Integrada.

Segundo Grant (2013, pág.29), o conceito de Logística Integrada vem da suposição de que
a “gestão logística é uma função integradora da empresa”, para o autor, significa que atender as
demandas através da integração da gestão logística com a SCM (Supply Chain Management –
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos em tradução livre para o português) incluem todos os seus
processos logísticos, que vão desde a origem da aquisição de matérias-primas até a entrega do
produto acabado ao consumidor final.
Ao longo dos últimos anos, os processos logísticos passaram por uma série de mudanças,
principalmente em razão dos avanços da tecnologia e também em função da obrigação de se
ajustarem às novas necessidades e exigências do mercado. Essas exigências e necessidades, ficaram
cada dia mais orientadas para a agilidade, redução dos custos, qualidade e experiências de sucesso.
Motivados por essa necessidade da evolução logística, surgiram os primeiros passos rumo ao que
conhecemos hoje como Logística Integrada.

78
E foi graças a essa integração logística que conseguimos fazer funcionar a cadeia de
suprimentos, onde produtos são fabricados e entregues ao consumidor final de uma forma eficiente,
de maneira que as funções tradicionais deixam de ser vistas de forma isolada e passam a fazer parte
de uma nova estratégia, com sistemas inteligentes, capazes de controlar o fluxo logístico e coordenar todas
as suas atividades. Nesse aspecto, o transporte passa a ter papel fundamental em várias dessas
estratégias logísticas, tornando necessária a geração de soluções que possibilitem flexibilidade
e velocidade na resposta ao cliente, ao menor custo possível, gerando assim maior competitividade
para a empresa, DE SOUSA (2019).
Falar hoje a respeito da logística integrada é discutir sobre uma cadeia interligada de
empresas e atividades, em movimento, nas quais, cada uma delas tem a sua importância singular,
mas quando são somadas, se transformam em um sistema relevante para a estratégia de negócios
de qualquer organização. Contudo, torna-se necessário entendermos um pouco mais a respeito da
integração logística e suas repercussões para compreender os principais conflitos que afetam as
escolhas envolvendo o transporte de cargas em cada um dos modais:

• Administração de Estoques
• Qual a relação entre as políticas de transportes e a administração dos estoques? Essa
pergunta só será respondida corretamente se conseguirmos chegar a uma visão
estratégica da logística integrada, baseada no transporte rápido e consistente o
suficiente para atender aos volumes de carga e aos prazos de entrega. Para produtos
de maior valor agregado, pode ser interessante o uso de modais mais caros e de
maior velocidade. (DE SOUSA, 2019).
• Nível de Serviço ao Cliente
• As consequências que os serviços de transportes podem provocar nos níveis de
atendimento aos clientes são as mais significativas, especialmente no que diz
respeito à pontualidade contratada para a realização da entrega, à competência de
oferecer o serviço porta a porta, à flexibilidade e o gerenciamento de riscos contra
roubos, avarias, danos, etc. Segundo DE SOUSA (2019), as respostas para cada uma
dessas exigências estão vinculadas ao desempenho e às características de cada

79
modal, tanto no que diz respeito a suas dimensões estruturais, quanto a sua estrutura
de custos.
Operações especiais nos transportes

Observando os últimos passos do desenvolvimento da logística no setor industrial, mais


especificamente na área de produção, podemos relacionar uma série de fatores que se destacam,
dentre os quais: as TIC’s (Tecnologias da informação e Comunicação), a logística de suprimentos, a
logística de produção, a logística de distribuição, os diversos processos produtivos, a mutação
frenética e constante em relação as características da demanda e dos mercados, os sistemas de
indicadores de desempenho e o de custos, entre outros.
A evolução do processo de globalização dos negócios e a alta competitividade entre as
diversas organizações globais, trouxe como consequência o aumento significativo da complexidade
dos mais variados processos logísticos.
De acordo com MENCHIK (2010), conforme evolui o processo de globalização e a natural
expansão da logística, a complexidade nos processos vem sendo expandida gradativamente, e em
função do aumento dessa complexidade muitas empresas estão encontrando uma série de
dificuldades para enfrentar essas novas e sucessivas pressões impostas à logística, principalmente
nos aspectos relacionados abaixo:

• Empresas estão competindo de forma cada vez mais acirrada;


• Diversificação da produção com crescimento dos volumes produzidos (SKU26);
• Expansão da segmentação de clientes, mercados e produtos;
• Clientes cada vez mais bem informados e com maiores exigências em relação aos
produtos e a inovação;
• Expectativa de vida dos produtos cada vez mais curta, em função da
obsolescência, do design e das exigências de qualidade;
• Pressão constante e contínua pela redução dos custos;
• Local de produção não significa mais local de consumo;

26
SKU é a sigla em inglês para Stock Keeping Unit, ou Unidade de Manutenção de Estoque. Refere-se a um código
identificador único de um produto ou mercadoria, bastante utilizado para a manutenção do controle dos estoques.

80
• Pressão cada vez maior por menores estoques;
• Tempo de resposta para o atendimento das necessidades do cliente cada vez mais
curto;
• Alto nível de incertezas, e;
• Variabilidade.

Esses aspectos não ocorrem de forma isolada, acontecem frequentemente em uma


combinação muitas vezes elevada, obrigando as empresas a sofisticarem as suas operações logísticas.
Sobretudo em função da grande dificuldade de manter os custos envolvidos nessas operações dentro
dos parâmetros considerados competitivos ou até mesmo gerenciáveis, proporcionando uma melhor
lucratividade.
Agora vamos aprender algumas ferramentas relacionadas as operações especiais de
transportes amplamente utilizadas por organizações de alta competitividade ou que adicionem mais
valor agregado aos seus produtos pela atividade primária da logística em destaque, os transportes.

Milk run - essa técnica foi originada na entrega de leite porta-a-porta. Justamente nos
tempos em que o leiteiro entregava leite em galões, de casa em casa todas as manhãs, quando na
época existia um roteiro previamente planejado de entrega dos galões cheios de leite, e no momento
das referidas entregas os galões vazios já eram coletados. Nesse processo, ao final do roteiro, o
veículo do leiteiro retornava repleto de galões vazios.

Milk run é um sistema que consiste na coleta programada de peças/componentes. Um veículo


executando a operação de transporte de peças ou componentes, coletando em fornecedores
previamente roteirizados com janelas de agendamento, ou seja, horários previamente
determinados para o veículo coletar o material, sendo este um claro exemplo de restrições no
processo de roteirização, MENCHIK (2010).

Com o objetivo principal de aumentar a eficiência do uso dessa ferramenta, a capacidade


dos veículos utilizados para o transporte precisa ser maximizada, na busca pela otimização das rotas
e pela redução dos custos de transporte na operação.

81
O desafio desse sistema reside na agregação de valor na cadeia de abastecimento,
reduzindo estoques, obtendo maior controle sobre a gestão dos materiais que são solicitados, maior
frequência de abastecimento, permitindo com isso um maior acompanhamento das flutuações da
demanda, (MOURA et al., 2003).

Cross-docking - pode ser traduzido livremente para o português como sendo o


cruzamento entre docas. Instalações desse tipo funcionam no mesmo formato que os transit points27,
contudo caracterizam-se por abranger vários fornecedores, atendendo a clientes comuns e
permitindo a consolidação da carga. Redes de varejo são comumente aspirantes candidatas à
utilização dessa ferramenta. Grandes redes varejistas utilizam um armazém central que executa o
suprimento de todas as suas lojas em uma determinada região e assim recebem cargas completas de
vários fornecedores diferentes e as separa em quantidades adequadas para a demanda das
respectivas lojas, expedido um único veículo com vários itens consolidados de diversos fornecedores
à sua loja de destino.
Normalmente a operação de cross-docking é executada com veículos de grande porte,
tais como carretas completas que chegam de vários fornecedores diferentes com sua carga
consolidada e a partir de então, se inicia o processo de separação dos diversos pedidos, com a
movimentação das cargas da área de recebimento diretamente para a área de expedição, onde serão
oportunamente despachadas. Essa carga costuma chegar de forma consolidada e será expedida de
forma fracionada em vários itens para cada loja de destino.
A principal vantagem da utilização desse método é a de que o centro de distribuição
recebe cargas de diversos fornecedores e então essa carga é conferida e distribuída para várias lojas.
O veículo que irá abastecer cada loja, levará as quantidades adequadas de consumo dos diversos
fornecedores em quantidades menores sem que seja necessário o armazenamento dessas
mercadorias. As mercadorias chegam no centro de distribuição, são conferidas e logo despachadas
para as suas respectivas lojas sem a necessidade de armazenamento.

27
Transit point pode ser considerado como uma técnica para aumentar a efetividade e a capilaridade de um sistema de
distribuição sem necessariamente aumentar os custos logísticos, especialmente o custo de armazenagem.

82
Transit point – pode ser considerado um método utilizado com o intuito de aumentar a
expansão e escala do sistema de transporte sem que seja necessário a elevação dos custos logísticos
relacionados à operação, especialmente quando se trata do custo de armazenagem.
Para que possam funcionar corretamente, as operações de transit point devem dispor de
instalações similares aos centros de distribuição, sem que seja necessária a existência de estoques:
recebem carregamentos consolidados que são desmembradas para as entregas locais a clientes
individuais.
Uma característica interessante desse sistema é a de que os produtos recebidos já
possuem destinatários definidos. As mercadorias encontram-se destinadas aos clientes e podem ser
imediatamente expedidas para entrega local. Nesse caso não existe espera pela colocação dos
pedidos, nem pelo processo de separação. Não são executadas as atividades de estocagem, que
obrigam um elevado nível de controle gerencial.
As operações do transit point, todavia, dependem da necessidade de grandes volumes
para que sejam viabilizados o transporte de cargas consolidadas de um único fornecedor, com
frequência regular.

Merge in transit - essa técnica também pode ser aplicada em modelos de distribuição, da
mesma forma como o cross-docking ou transit point, bastante utilizada para mercadorias e produtos
de alto valor agregado com ciclos de vida reduzidos. Podemos citar como um dos casos mais bem-
sucedidos na aplicação desse método como sendo o da indústria de computadores e smartphones
(telefones celulares).
Essa técnica trata da operação da montagem dos produtos, em armazéns especializados,
abastecidos de vários componentes que possuem suas partes individuais produzidas em diferentes
plantas industriais. Nesse processo o próprio operador logístico28 é responsável pela montagem e
pelos testes dos componentes antes de serem encaminhados para o cliente.
Principais vantagens dessa técnica, segundo MENCHIK (2010):
• Redução de estoques;
• Redução do tempo de ciclo de atendimento;

28
Operadores logísticos são organizações que prestam serviços logísticos ou de gestão logística para terceiros e que
podem propiciar mão de obra especializada para algumas ou todas as operações em uma cadeia de suprimentos.

83
• Redução do custo de transporte quando comparado com o sistema tradicional em
que cada fornecedor faz a entrega de seu produto ao cliente;
• Visibilidade na cadeia de suprimentos;
• Melhoria no serviço ao cliente.

Na prática, a utilização de qualquer uma dessas técnicas, ou mesmo a combinação delas,


tem como objetivo principal o ganho operacional somados a redução dos custos na operação e a
melhoria no serviço percebido pelo cliente. Essa melhoria pode acontecer pela redução do tempo ou
ainda pela escala que a atividade de transporte ganha.

Serviços acessórios ao transporte

Uma decisão difícil e uma dúvida que atormenta muitos tomadores de decisões nas
organizações modernas gira em torno da hora de manter ou de terceirizar toda ou parte da operação
logística da empresa. Talvez uma das melhores escolhas, dentre várias, seja a de avaliar o cenário e
focalizar as energias nas competências organizacionais – áreas estratégicas (foco no negócio ou Core
Business) e terceirizar o tático e operacional. Esta não é uma decisão muito simples, mas certamente
elevará a competitividade da organização caso seja escolhida a opção mais adequada.
Afinal de contas, o que é mais vantajoso, tratar a operação de transportes com frota
própria ou com frota terceirizada? Eis a questão!
Enquanto muitas organizações chegam a conclusão de que operar com frota própria
acaba sendo mais econômico, outras alegam os custos elevados e o longo prazo de retorno que essa
escolha pode gerar. Então, finalmente qual a melhor escolha? Para responder a esta pergunta
precisamos avaliar previamente o cenário e o conjunto de vantagens e desvantagens que cada
escolha pode apresentar.

Frota própria ou terceirizada?


Acompanhe o Prof. Carlos Roberto Menchik, no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=DptPCyIgPi8

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Gestores da área de logística do mundo inteiro, sonham em como racionalizar os custos
de transportes e ao mesmo tempo oferecer mais qualidade na prestação do serviço ao cliente, que é
cada vez mais conhecedor dos seus direitos e mais exigente.
Agora vamos imaginar que ter o comando de todos os processos operacionais de
transportes, revisões e conservação de toda a frota, traria inquestionavelmente uma vantagem
competitiva, pois operando dessa forma a organização ganha velocidade e autonomia na tomada de
decisão o que pode se transformar em uma eventual garantia de excelência no atendimento do nível
de serviço logístico. Todavia, administrar uma frota própria gera uma série de impactos,
principalmente no processo de aquisição, acompanhamento, supervisão e manutenção dos veículos.

FROTA PRÓPRIA

Vantagens Desvantagens
• Veículos comprados pela empresa • Manutenção dos veículos
• Motoristas contratados e selecionados pela • Treinamento dos motoristas – encargos
empresa trabalhistas
• Agilidade na tomada de decisões – Maior • Seguros e impostos
autonomia
• Controle completo da frota • Controle de licenças
Tabela 05 – Vantagens e desvantagens na utilização de frota própria.
Fonte: O Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve o comparativo de vantagens e desvantagens na utilização de frota própria.

Se a decisão for pela frota terceirizada, devemos levar em consideração as seguintes


vantagens e desvantagens:

FROTA TERCEIRIZADA

Vantagens Desvantagens
• Os custos são previsíveis, no ato da • Redução da autonomia sobre a operação de
assinatura de contrato transportes

85
• Não há preocupação de depreciação de • Limitação para a carga
veículos
• Aquisições de Peças e Manutenções • Problemas na comunicação
• Problemas relacionados ao monitoramento
da carga

Tabela 05 – Vantagens e desvantagens na utilização de frota terceirizada.


Fonte: O Autor
Audiodescrição da figura: A Tabela descreve o comparativo de vantagens e desvantagens na utilização de frota própria.

Caso a decisão tática seja a redução de custos, exclusivamente, a frota terceirizada é a


mais indicada. Dessa forma a empresa pode conquistar o conceito da mais competitiva em relação
aos seus concorrentes.
No entanto, se a decisão for a de manter maior controle sobre a operação, garantindo
mais autonomia e agilidade na tomada de decisão, a frota própria é mais indicada, pois permite que
as decisões de compra de novos veículos, planejamento de manutenções, roteirização e gestão de
custos fiquem exclusivamente a cargo do tomador de decisão.
De qualquer forma, no momento em que a organização precisar decidir pela frota própria
ou pela frota terceirizada, torna-se prudente considerar a manutenção, em algum grau, do controle
da operação.

Decisão tática
As decisões táticas precisam ser tomadas no âmbito das áreas funcionais.
Geralmente, são decisões que auxiliam o alcance de objetivos de médio e
curto prazo.

Documentos e Apólices de Seguro Internacional de Transportes

Para que o transporte de mercadorias ocorra de forma eficiente, bem como as respectivas
transações comerciais, além dos conhecimentos de embarque específicos de cada modal, também
são necessários os seguintes documentos:

• Fatura Comercial ou Invoice: documento de natureza contratual que espelha a


operação de compra e venda da mercadoria objeto do transporte;

86
• Certificados: documento obrigatório em casos especiais onde é necessária a
comprovação da origem da mercadoria, das condições sanitárias e da segurança,
etc.;
• Licenças e Permissões de Transporte;
• Guias de Remessas, e;
• Seguros.

Vamos agora aprender um pouco sobre o seguro de transportes.

Os mais bem preparados profissionais de logística conhecem bem a respeito da


importância de oferecer todas as garantias para que no embarque do produto, possamos minimizar
os riscos de a mercadoria não chegar até seu destinatário ou ainda gerar algum tipo de prejuízo
financeiro. Por isso, é recomendado e as vezes até obrigatório, a contratação de um seguro de
transportes.

Seguro de Transportes
De acordo com a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), o seguro de
transportes garante ao segurado uma indenização pelos prejuízos causados
aos bens segurados durante o seu transporte em viagens aquaviárias,
terrestres e aéreas, em percursos nacionais ou internacionais.

Mesmo com toda essa recomendação e preocupação, nem todos os gestores se utilizam
dessa ferramenta que tem como objetivo minimizar os riscos da operação de transporte.
Vamos conhecer algumas das opções no mercado de seguros, segundo Brasil (2004):
• Apólice por Viagem: geralmente utilizada para exportações ocasionais;

87
• Apólice Flutuante: composta de uma série de apólices por viagem, com validade
de 12 meses. O valor da cobertura tem um teto máximo e uma franquia29 fixa. É
mais adequada, quando há um fluxo permanente de exportações;
• Apólice Aberta: cobre embarques que ocorrem com regularidade e com
características conhecidas.
Se o cliente optar pela contratação de seguro, você deverá prestar atenção nas seguintes
informações:

Descrição completa da Tipo de embalagem (pallets, Riscos a serem cobertos;


mercadoria; contêineres, etc.);
Denominação comercial e Número de volumes (unidades Veículo de transporte, arranjo
técnica; de carga); da carga e formas de
manuseio;
Natureza; Valor da mercadoria; Valor da cobertura do seguro;
Pesos bruto e líquido; Locais de embarque e de E outros dados, se solicitados
desembarque; pela companhia de seguros.

Alguns cuidados que precisam ser observados na contratação do seguro de transportes:


• Contratar seguradoras reconhecidas no mercado;
• Ao contratar empresas empacotadoras, observar sua experiência;
• Se possível, acompanhar o embarque e manuseio da mercadoria do local de
produção até o armazém, bem como até o ponto de embarque;
• Manter comunicação constante com os agentes envolvidos no processo:
seguradora e o corretor de seguros da apólice;
• Registrar seus contatos por e-mail e documentos legais.

29
Franquia pode ser considerada como uma participação financeira obrigatória do segurado, para a seguradora arcar
com os custos de um determinado evento (sinistro) ou prejuízo.

88
Porque você deve fazer um Seguro de Cargas
https://www.youtube.com/watch?v=Rtv4eRT8tmE&feature=emb_logo

Não se esqueça de assistir a videoaula da quarta competência.

89
Conclusão
Finalmente chegamos ao final de mais uma jornada!

Agora você já aprendeu um pouco mais sobre os transportes, seus respectivos modais e
também sobre as principais características de cada um deles, suas vantagens e desvantagens, enfim,
vivenciamos uma jornada de conhecimentos de quatro semanas inteiras, respirando transportes.
A partir desse momento você precisa estabelecer seus objetivos no sentido de concluir
seu curso, colocar suas energias e foco para essa conclusão e se transformar em uma pessoa ou um
profissional mais bem preparado para exercer uma função na área técnica de logística nesse mercado
de trabalho cada dia mais competitivo.
Lembre-se o caminho mais curto para o seu desenvolvimento profissional é o
conhecimento.

Até breve!

90
Referências

BALLOU, Ronald. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física.


1 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 2. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.

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1ªED., Bookman, 2006.

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Exportação passo a passo. Brasília: MRE, 2004.

CLYDESDALE, Greg. Cargas: Como o comércio mudou o mundo. Rio de Janeiro: Record, 2012.

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VIEIRA, Guilherme Bergmann Borges. Transporte internacional de cargas. 2 ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2002.

92
Minicurrículo do Professor

Prof. Paulo Ney

Olá estudante!
Meu nome é Paulo Ney, sou bacharel em Administração de Empresas e Especialista em
Logística Empresarial, atuo como Professor de Ensino Superior desde 2005, nas Áreas
de Administração de Empresas, Administração de Marketing, Logística Empresarial,
Administração Financeira e Orçamentária, entre outras. Atuo também na Pós-
Graduação nas grandes áreas do conhecimento de Administração de Empresas, bem
como Professor do Ensino Médio Técnico em Logística desde 2012.
Participei durante mais de vinte anos do setor privado em cargos de
gestão e como superintendente nas áreas administrativas, técnicas e comerciais, no setor bancário,
onde adquiri experiência prática e diversas habilidades na administração de empresas.

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