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ABC DO CRÉDITO

DECISÃO NORMATIVA CAT N° 001, DE 25 DE ABRIL DE 2001

(DOE de 27.04.2001)

ICMS - Dispõe sobre o direito ao crédito do valor do imposto destacado em documento fiscal
referente a aquisição de insumos, ativo permanente, energia elétrica, serviços de transporte e
de comunicações, combustível e mercadoria para uso ou consumo, entre outras mercadorias.

NOTA 1 - As orientações de Decisões Normativas referem-se à legislação vigente à época em


que foram publicadas.

NOTA 2 - Esta Decisão Normativa encontra-se disponível no site da Secretaria da Fazenda do


Estado de São Paulo (www.fazenda.sp.gov.br), por meio dos módulos "legislação"/"tributária",
no menu "Agendas, Pautas e Tabelas", opção ABCs, ou pela busca no módulo "Decisões
Normativas".

O Coordenador da Administração Tributária, tendo em vista o disposto no artigo 522 do


Regulamento do ICMS - RICMS, aprovado pelo Decreto 45.490, de 30/11/00, decide

1 - Ficam aprovados os entendimentos da Consultoria Tributária a seguir reproduzidos, que


versam sobre o direito ao crédito do valor do imposto destacado em documento fiscal referente
a aquisição de insumos, ativo permanente, energia elétrica, serviços de transporte e de
comunicações, combustível e mercadoria para uso ou consumo, entre outras mercadorias, e
que foram objeto de diversas respostas desse órgão incumbido de dizer sobre a "a
interpretação e aplicação da legislação tributária estadual", conforme o artigo 510 do RICMS

2 - Conseqüentemente, com fundamento no inciso II do artigo 521 do RICMS, ficam reformadas


todas as demais respostas dadas pela Consultoria Tributária que, versando sobre a mesma
matéria, concluíram de modo diverso

3 o texto desta Decisão Normativa pode ser acessado via Posto Fiscal Eletrônico da Secretaria
da Fazenda no endereço www.pfe.fazenda.sp.gov.br, no módulo "Saiba mais sobre", sob o
título "ABC dos Créditos Fiscais"

4 Esta decisão produzirá efeitos a partir da sua publicação

"I - DO PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE

1. - o órgão consultivo da Secretaria da Fazenda (Consultoria Tributária), com base no princípio


da não-cumulatividade do imposto inserto no artigo 36 da Lei n° 6.374/89 - e observadas todas
as demais regras de lançamento, vedação e estorno do crédito do valor do ICMS, bem como as
específicas de cada operação ou prestação, previstas no Regulamento do ICMS - RICMS,
aprovado pelo Decreto n° 45.490, de 30 de novembro de 2000 (artigos 59 e seguintes) - tem se
manifestado pela legitimidade do direito de o contribuinte lançar em sua escrita fiscal, a título
de crédito, o valor do ICMS "anteriormente cobrado por este ou outro Estado, relativamente a
mercadoria entrada ou a prestação de serviço recebida, acompanhada de documento fiscal
hábil, emitido por contribuinte em situação regular perante o fisco" (incluindo as mercadorias
destinadas ao ativo permanente), utilizadas na sua atividade industrial e/ou comercial ou de
prestação de serviços, em razão de operações ou prestações por ele realizadas, regulares e
tributadas pelo ICMS, ou não o sendo, haja expressa previsão/autorização regulamentar para o
crédito fiscal ser mantido

II - DAS PREMISSAS BÁSICAS


2. - São premissas básicas do presente trabalho as seguintes condições, à vista daquele
mesmo princípio da não-cumulatividade do imposto estadual (artigo 59 do RICMS)

2.1 - se o contribuinte adquirir mercadorias (incluindo os bens do ativo permanente, como por
exemplo, máquinas, aparelhos, equipamentos, móveis ou veículos, com o fim de assim
contabilizá-los) ou receber serviços, cujas aplicações ou utilizações previsivelmente relacionar-
se-ão com mercadoria ou prestação de serviço objeto de suas operações ou prestações
isentas ou não tributadas, é VEDADO lançar em sua escrita fiscal, no momento da entrada ou
do recebimento do serviço, o valor do ICMS destacado nos documentos fiscais pertinentes
(artigo 66 do RICMS)

2.2 - caso contrário, ou seja, sendo aquela circunstância imprevisível à data da entrada dessas
mercadorias ou dos serviços recebidos, o contribuinte que tenha efetuado o lançamento a
crédito do valor do ICMS no momento da entrada das mercadorias ou do recebimento dos
serviços, deverá fazer o correspondente ESTORNO do valor do ICMS de que tiver se creditado
(artigo 67 do RICMS) Em resumo, têm-se que o direito ao crédito do valor do ICMS, em geral,
deve estar estritamente vinculado à realização de operações ou prestações tributadas, com as
quais pode ser compensado, como forma de se efetivar o princípio constitucional da não-
cumulatividade previsto no artigo 155 da Carta Magna

III - DO DIREITO AO CRÉDITO DO VALOR DO IMPOSTO

3. - Diante das normas legais e regulamentares atrás citadas, dão direito ao crédito do valor
imposto as seguintes mercadorias entradas ou adquiridas ou os serviços tomados pelo
contribuinte

3.1 - insumos

A expressão "insumo" consoante o insigne doutrinador Aliomar Baleeiro "é uma algaravia de
origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir
a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matérias-primas,
energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o
'output' ou o produto final. (...). "Insumos são os ingredientes da produção, mas há quem limite
a palavra aos 'produtos intermediários' que, não sendo matérias-primas, são empregados ou se
consomem no processo de produção" (Direito Tributário Brasileiro, Forense Rio de janeiro,
1980, 9ª edição, pág.214)

Nessa linha, como tais têm-se a matéria-prima, o material secundário ou intermediário, o


material de embalagem, o combustível e a energia elétrica, consumidos no processo industrial
ou empregados para integrar o produto objeto da atividade de industrialização, própria do
contribuinte ou para terceiros, ou empregados na atividade de prestação de serviços,
observadas as normas insertas no subitem 3.4 deste trabalho.

Entre outros, têm-se ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram
totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo
produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc: lixas; discos de corte; discos de lixa;
eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em
geral - tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais
de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no
isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e
lápis para marcação de embalagens -; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor
utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água afluente e efluente
e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos

3.2 - mercadoria

Aquela objeto de seu comércio


3.3 - ativo permanente (incluindo o bem objeto de arrendamento mercantil)

Entende a Consultoria Tributária, com fundamento no artigo 20 da Lei Complementar n° 87/96


(artigo 38 da Lei n° 6.374/89), que dão direito a crédito do valor do ICMS apenas os bens
relacionados à produção e/ou comercialização de mercadorias ou a prestação de serviços
tributadas pelo ICMS, ou seja, quando se tratar dos chamados bens instrumentais, vale dizer,
bens que participem, no estabelecimento, do processo de industrialização e/ou comercialização
de mercadorias ou da prestação de serviços. Neste particular, recomenda-se a leitura da
Decisão Normativa CAT n° 2, de 7 de novembro de 2000, que bem delineou os aspectos
conceituais da dicção ativo permanente

Nota 1 : de acordo com a Lei Complementar n° 87/96, é assegurado ao contribuinte, desde


1°/11/96, o direito de se creditar e de uma só vez (regra válida até 31/12/2000) do valor integral
do ICMS correspondente à entrada de mercadoria destinada ao ativo permanente, observadas,
como dito, todas as demais regras de lançamento e vedação previstas no RICMS. Nesse caso,
deverão ser observadas as regras de estorno do valor crédito fiscal lançado na escrita do
contribuinte insertas no artigo 3° das DDTT do RICMS

Nota 2 : com as alterações da Lei Complementar n° 87/96, introduzidas pela Lei Complementar
n° 102/2000, foi baixada a Lei n° 10.699, de 19 de dezembro de 2000, estabelecendo, entre
outras situações, que a partir das entradas no estabelecimento do contribuinte que tenham
ocorrido ou venham a ocorrer a partir de 1° de janeiro de 2001, o crédito do valor do ICMS
referente a mercadorias destinadas ao ativo permanente será efetuado parceladamente ao
longo de 48 (quarenta e oito) meses (vide artigo 61, § 10, do RICMS).
O valor do crédito a ser apropriado, em cada período de apuração, será obtido multiplicando-se
o valor total do respectivo crédito, segundo o valor constante no documento fiscal
escriturado/lançado no livro Registro de Entradas (sem direito a crédito do imposto), como
também o valor correspondente ao diferencial de alíquota (aquisições de ativo permanente em
operações interestaduais) recolhido na forma regulamentar (artigo 117 do RICMS), pelo fator
igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da relação entre o valor das operações de saídas e
prestações tributadas e o total das operações de saídas e prestações do período, equiparando-
se às tributadas, para esse fim, as saídas ou prestações que tiverem destinado mercadorias ou
serviços ao exterior e as operações ou prestações isentas ou não-tributadas com previsão legal
de manutenção de crédito.

Para fins de apuração dos valores das operações de saídas e prestações, devem ser
computados apenas os valores das saídas que afiguram caráter definitivo, ou seja, que
transferem a titularidade, devendo ser desconsideradas as saídas provisórias, tais como
remessa para conserto, para industrialização, as quais não reduzem estoques, constituem
simples deslocamentos físicos, sem implicações de ordem patrimonial

Exemplificando

a) valor do ICMS constante do R$


documento fiscal .................... 1.200,00
b) valor do ICMS correspondente ao
R$ 600,00
diferencial de alíquota...
c) valor Total de saídas ou prestações R$
(d + e + f).................. 20.000,00
d) valor das saídas ou prestações R$
destinadas ao exterior ........ 2.000,00
e) valor das saídas ou prestações R$
isentas ou não-tributadas... 5.000,00
f) valor das saídas ou prestações R$
tributadas (c - d - e)........... 13.000,00

g) cálculo do valor a que tem direito o contribuinte a título de crédito do ICMS relativo à entrada
ou aquisição de ativo permanente, conforme a seguinte sugestão de equação matemática
{ [ (a + b) / 48] . [ (d+ f) : c] } = valor do ICMS a ser lançado como crédito no RAICMS

Então, à vista dessa equação matemática, têm-se o valor de R$ 28,12 a ser lançado
diretamente no livro Registro de Apuração do ICMS - RAICMS no item "Outros Créditos", com
fundamento no que dispõe o artigo 61, § 10, do RICMS, conforme segue

{ [ (R$ 600,00 + R$ 1.200,00) / 48] . [ (R$ 2.000,00 + R$ 13.000,00) : R$ 20.000,00] } =

= {R$ 37,50 . [ R$ 15.000,00 : R$ 20.000,00] } = = {R$ 37,50 . 0,75} = R$ R$ 28,12

Nota 3 : no tocante ao direito de crédito do valor do ICMS relativo às entradas ou aquisições de


móveis ou equipamentos de escritório, utilizados na atividade industrial e/ou comercial ou no
departamento administrativo do contribuinte (setores de compras e vendas), recomenda-se a
leitura da Decisão Normativa CAT n° 2, de 7/11/00, cujos itens 22 a 26 da resposta à Consulta
n° 212/97, ali citada integralmente, bem tratou dessa questão

Nota 4 : Relativamente ao direito de lançar, como crédito, o valor do ICMS destacado no


documento fiscal referente à aquisição ou entrada de partes e peças empregadas na
reconstrução, reforma, atualização, conserto etc, de máquinas ou equipamentos do ativo
permanente, a questão já foi abordada exaustivamente pela Decisão Normativa CAT n° 1, de 7
de novembro de 2000 (D.O. de 8 de novembro de 2000), cuja leitura também recomenda-se

Nota 5 : com relação às aquisições ou entradas de materiais necessários à construção de um


bem imóvel, saliente-se que o direito de lançar, como crédito, o valor do ICMS não é permitido,
assunto esse que também foi objeto da Decisão Normativa CAT n° 2, de 7 de novembro de
2000 (D.O. de 8 de novembro de 2000)

Nota 6 : Os valores lançados na escrita fiscal do contribuinte em relação às entradas ou


aquisições para o ativo permanente, devem ser também controlados no documento
denominado "Controle de Crédito do ICMS do Ativo Permanente - CIAP", conforme a Portaria
CAT n° 25, de 2 de abril de 2001 (D.O. de 3 de abril de 2001)

3.4 - energia elétrica e serviços de comunicação (artigo 1° das DDTT do RICMS)

"Artigo 1° (DDTT) do RICMS - o crédito do imposto com relação à entrada de energia elétrica e
aos serviços de comunicação tomados pelo contribuinte, ocorridos de 1° de janeiro de 2001 e
até 31 de dezembro de 2002, somente será efetuado relativamente (...)

I - à entrada de energia elétrica no estabelecimento, quando


a) for objeto de operação de saída de energia elétrica
b) for consumida em processo de industrialização
c) seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção
desta sobre as saídas ou prestações totais

II - ao recebimento de serviços de comunicação utilizados pelo contribuinte, quando


a) tenham sido prestados na execução de serviços da mesma natureza
b) de sua utilização resultar operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção
desta sobre as saídas ou prestações totais."

Nota 1 : com relação ao crédito do valor do ICMS relativo à entrada/aquisição de energia


elétrica e a tomada dos serviços de comunicação ocorridas até 31/12/2000, deverão ser
observadas as normas regulamentares expedidas até essa data, especialmente o Regulamento
do ICMS - RICMS, aprovado pelo Decreto n° 33.118, de 14 de março de 1991, ou seja, é
legítimo o aproveitamento, como crédito, do valor do ICMS relativo ao consumo direto no
processo de industrialização e comercialização de mercadorias (incluindo os setores de
compras e vendas), cujas saídas ou prestações sejam regularmente tributadas, ou não o
sendo, haja expressa autorização para o crédito ser mantido
Nota 2 : na situação em que o consumo total de energia elétrica e dos serviços de
comunicação se dá por estabelecimento de contribuinte cujas notas fiscais correspondentes
estão em nome do proprietário do imóvel ou da linha telefônica (ex : locadores), tem-se a
observar que para efeito do crédito fiscal, a propriedade do imóvel ou da linha telefônica é
questão de interesse apenas relativo. O fator determinante a ser examinado diz respeito ao
efetivo destinatário do serviço ou da mercadoria. Em caso de estabelecimento ou de linha
telefônica, de posse do contribuinte sob qualquer forma, em que as Notas Fiscais de Serviço de
Telecomunicações e de Conta de Energia Elétrica forem emitidas em nome de terceiros
(proprietário do imóvel ou da linha, ex : locadores), para efeitos de crédito fiscal, caberá ao real
destinatário das mercadorias ou dos serviços tomados provar, pelos meios admitidos em direito
(contrato de locação, empréstimo, lançamentos contábeis da despesa etc), sua posse e uso no
estabelecimento

Nota 3 : na situação em que o consumo parcial de energia elétrica e dos serviços de


comunicação tomados se dá por estabelecimento de contribuinte situado em locais de terceiros
cujas notas fiscais correspondentes estão em nome do proprietário do imóvel, da linha
telefônica ou da administradora do imóvel (repassadores) e que o consumo é pago por
estabelecimento de contribuinte na forma de rateio, temos a observar que para esse fim
(apropriação do valor do imposto) e considerando a hipótese de envolvimento de
estabelecimento não-contribuinte do ICMS na figura de repassador do consumo de energia
elétrica e dos serviços de comunicação tomados, entende-se que a operação de entrada
dessas mercadorias ou a utilização do serviço no estabelecimento de contribuinte que
realmente as consumiu ou utilizou o serviço, pode ser acobertada por Nota Fiscal, modelos 1
ou 1-A, emitida pelo adquirente do consumo ou utilização (contribuinte), devendo conter todas
as indicações exigidas pelo artigo 127 do RICMS, aprovado pelo Decreto n° 45.490/2000,
incluída a referente à alíquota do imposto em destaque, onde consignará o valor da energia
elétrica, ou do serviço de comunicação repassados, segundo a quota-parte em relação ao valor
total constante dos documentos fiscais, o que permitirá ao estabelecimento recebedor
(contribuinte) efetuar o lançamento, como crédito, do valor do ICMS pertinente, com
fundamento nos artigos 59 e seguintes do Regulamento do ICMS.
Julga-se, também, útil que se mencione naquela Nota Fiscal o número da Nota Fiscal/Conta de
Energia Elétrica, da Nota Fiscal de Serviço de Telecomunicação respectivas emitidas pelo
distribuidor/operador em nome do proprietário do imóvel, da linha telefônica ou da
administradora do imóvel.
Assim, caberá ao real destinatário do consumo ou utilização do serviço (contribuinte) o direito
de crédito relativamente à importância que efetivamente desembolsar a tal título Naturalmente,
que tal fato, além daquelas providências fiscais, para fins de crédito, há de ser provada a
relação jurídica com a pessoa em nome da qual o documento fiscal (Nota Fiscal/Conta de
Energia Elétrica, Nota Fiscal de Serviço de Telecomunicação) está sendo emitido

Nota 4 : Ressalte-se que no período de 1° de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2002, o


contribuinte com atividade comercial está impedido de se apropriar do valor do ICMS referente
a entrada ou aquisição energia de elétrica ou a serviço de comunicação, exceto, como visto, se
"seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção desta
sobre as saídas ou prestações totais"

Nota 5 : no caso em que o contribuinte-industrial desenvolva sua atividade de forma mista, ou


seja, industrializa mercadorias para comerciá-las e também promova a revenda de outras
mercadorias adquiridas de terceiros, faz-senecessário, no período citado na Nota 4, ratear a
energia elétrica consumida em cada uma dessas atividades, a fim de apropriar em sua escrita
fiscal somente o valor do ICMS a que tem direito relativamente à atividade direta de
industrialização (ou, se for o caso, também da comercialização de mercadorias revendidas para
o exterior), porquanto a norma regulamentar atrás referenciada assim disciplina.
Nesse rateio poderá se levar em consideração a proporção dos valores totais das vendas de
mercadorias decorrentes do processo de industrialização do contribuinte (ou, se for o caso,
também da comercialização de mercadorias para o exterior - revendas) em relação aos valores
totais de vendas, na seguinte conformidade, como sugestão

C = [ e . (V1 : V2) ]
E = valor total do ICMS destacado na Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica, já diminuído do
valor do imposto correspondente à parte (setor ou departamento) administrativa do contribuinte,
o qual já fora escriturado/lançado no livro Registro de Entradas, sem direito a crédito do
imposto
V1 = valores totais de vendas de mercadorias industrializadas (para o mercado interno e
externo) e aquelas decorrentes de revendas para o exterior, quando for o caso
V2 = valores totais de Vendas do período
C = valor do crédito do ICMS a ser lançado na escrita fiscal

Exemplificando:

E) valor do ICMS constante do


R$ 200,00
documento fiscal .............................
V1) valor total de vendas de R$
mercadorias industrializadas.......... 85.000,00
V2) valores totais de vendas do R$
período.................................... 125.000,00
C) valor do crédito do ICMS a ser
R$ 136,00
lançado na escrita fiscal........

Assim, diante dessa equação matemática, têm-se o valor de R$ 136,00 a ser lançado
diretamente no livro Registro de Apuração do ICMS - RAICMS no item "Outros Créditos", com
fundamento no que dispõe o artigo 1°, inciso I, das DDTT do RICMS, conforme segue

C = [R$ 200,00 . (R$ 85.000,00 : R$ 125.000,00) ] =

C = [R$ 200,00 . 0,68]=

C = R$ 136,00

3.5 - combustível utilizado no acionamento, entre outros de máquinas, aparelhos e


equipamentos, utilizados na industrialização, comercialização, geração de energia elétrica,
produção rural e na prestação de serviços de transporte de natureza intermunicipal ou
interestadual ou de comunicação veículos, exceto os de transporte pessoal (artigo 20, § 2° da
Lei Complementar n° 87/96), empregados na prestação de serviços de transporte
intermunicipal ou interestadual ou de comunicação, na geração de energia elétrica, na
produção rural e os empregados pelos setores de compras e vendas do estabelecimento
veículos próprios com a finalidade de retirar os insumos ou mercadorias ou para promover a
entrega das mercadorias objeto de industrialização e/ou comercialização empilhadeiras ou
veículos utilizados, no interior do estabelecimento, na movimentação dos insumos ou
mercadorias ou que contribuam na atividade industrial e/ou comercial ou de prestação de
serviço do contribuinte

Nota 1 : Conforme o Comunicado CAT n° 44/91, nas entradas ou aquisições de combustíveis, o


documento fiscal hábil que possibilita o crédito, nos termos da legislação de regência, é a Nota
Fiscal, modelo 1 ou 1-A

Nota 2 : no que se refere às operações pretéritas, em relação às quais não houve a emissão de
Nota Fiscal, modelo 1 ou 1-A, o crédito do valor do ICMS somente poderá ser escriturado após
o saneamento das irregularidades havidas no documento emitido, em consonância com o
disposto no artigo 61, §7°, do RICMS. Esse saneamento demanda prova de que a venda se fez
ao contribuinte e para abastecimento de determinado veículo, sempre que esses dados
faltarem no documento fiscal emitido por ocasião da aquisição do combustível. A prova pode
ser obtida diretamente do vendedor da mercadoria em documento por ele firmado, sendo
importante que nele conste relação exaustiva das Notas Fiscais originalmente emitidas e a
identificação, em relação a cada uma, do veículo abastecido, podendo também haver
comprovação por regular escrituração contábil dessas aquisições e respectivos pagamentos.
Entretanto, são situações que devem ser examinadas pelo Posto Fiscal em cuja vinculação
territorial estiver situado o estabelecimento do contribuinte, que decidirá tanto sobre a forma de
saneamento, como sobre a procedência das pretensões da espécie

Nota 3 : Não havendo destaque do valor do imposto no documento emitido em razão da


retenção procedida em fase anterior da comercialização do combustível, por contribuinte
substituto, é de se frisar que, para efeito de aproveitamento do respectivo crédito fiscal, o
contribuinte, conforme determina o artigo 272 do RICMS, calculará o valor correspondente,
mediante aplicação da alíquota interna sobre a base de cálculo que seria atribuída à operação
própria do remetente, caso estivesse submetida ao regime comum de tributação, observado o
disposto no parágrafo único desse mesmo dispositivo regulamentar (aquisições de combustível
com redução de base de cálculo)

Nota 4 : As aquisições de combustíveis efetivadas por veículos abastecidos em Postos de


Combustíveis situados em outros Estados com a emissão da Nota Fiscal correspondente,
propiciam também ao contribuinte o direito ao crédito do valor do ICMS pertinente. Para tal fim,
por ser considerado como uma operação interna, a alíquota aplicável para o cálculo do imposto
devido na operação deverá ser aquela para as operações internas de cada Estado onde estiver
localizado o estabelecimento varejista de combustível

3.6 - frete

Aquele relativo a tomada do serviço de transporte intermunicipal ou interestadual, pago ou não


pelo regime de substituição tributária de que trata o artigo 317 do RICMS, quando diretamente
relacionado com o processo industrial e/ou comercial ou de prestação de serviço

4. - Há de ser observado, como regra geral, e enfatizando o que já foi delineado no item 1
deste trabalho, como também de acordo com as normas de regência, não dá direito ao crédito
do valor do ICMS destacado no documento fiscal relativo às entradas ou aquisições de
mercadorias, bens e serviços, quando relacionadas com operações ou prestações isentas ou
não tributadas, exceto em relação às operações ou prestações tributadas, incluindo nestas
aquelas com o lançamento do imposto diferido, ou, ainda, quando há expressa autorização
para que o valor do crédito seja mantido

IV - DA MERCADORIA PARA USO OU CONSUMO

5. - Assim entendido a mercadoria que não for utilizada na comercialização ou a que não for
empregada para integração no produto ou para consumo no respectivo processo de
industrialização ou produção rural, ou, ainda, na prestação de serviço sujeita ao imposto (artigo
66, V, do RICMS)

Nota : Essa mercadoria somente gerará direito ao crédito do valor do ICMS que onera sua
entrada ou aquisição a partir de 1°/1/2003, nos termos do inciso I do artigo 33 da Lei
Complementar n° 87/96, na redação da Lei Complementar n° 99/99 (artigo 2° das DDTT do
RICMS)

V - DO LAUDO TÉCNICO

6. - no tocante à necessidade ou não de laudo técnico para apropriação do valor do ICMS


incidente sobre o total consumido de energia elétrica e do serviço de comunicação, o RICMS
não estabelece esse método de quantificação técnica. Nessa situação, poderá o contribuinte
munir-se de demonstrativo que comprove o real consumo de energia elétrica e do serviço de
comunicação utilizado em cada área ou departamento, nos termos atrás expostos, que não
necessariamente seja elaborado por perito de empresa especializada e que poderá ser feito
pelo seu próprio pessoal técnico Alerte-se que será de exclusiva responsabilidade do
contribuinte a veracidade dos dados lançados em sua escrita fiscal

VI - DO CRÉDITO EXTEMPORÂNEO
7. - o crédito do valor do ICMS, quando admitido, poderá ser lançado, inclusive
extemporaneamente, por seu valor nominal, conforme preceitua o § 2° do artigo 38 da Lei n°
6.374/89 (artigo 61, § 2°, do RICMS), observado o prazo de prescrição qüinqüenal (artigo 61, §
3°, do RICMS), e nos termos do artigo 65 do RICMS

8. - o montante levantado referente a créditos extemporâneos apurados dentro do prazo de


prescrição qüinqüenal (artigo 61, §3°, do RICMS), poderá ser lançado englobadamente, de
uma única vez, no campo "Outros Créditos" do livro Registro de Apuração do ICMS (Modelo 9)
sem a necessidade de comunicação ao Posto Fiscal que o contribuinte esteja vinculado (artigo
65, inciso I, "a", do RICMS). Referido valor deverá ser informado na Ficha de Apuração do
ICMS da nova GIA (Guia de Informação e Apuração do ICMS), detalhando-se a origem do
crédito

VII - DA NOTA GERAL

Nas situações em que o valor do ICMS destacado no documento fiscal correspondente, cujo
direito ao direito não pode ser exercido de imediato pelo contribuinte quando da entrada da
mercadoria ou do serviço utilizado, pois depende do transcurso do período de apuração, ou
seja, depende de certas condições que somente poderão ser avaliadas e definitivamente
conhecidas após o encerramento do mês em curso, como é o caso das entradas de
mercadorias destinadas ao ativo permanente, daenergia elétrica e dos serviços de
comunicações (vide artigos 61, § 10, e 1°, das DDTT, do RICMS - subitens 3.3 e 3.4), o
contribuinte deve proceder da seguinte maneira

a) - o documento fiscal que acobertou a operação de entrada/ aquisição da mercadoria ou do


serviço utilizado deverá ser escriturado/lançado no livro Registro de Entradas normalmente,
mas sem direito a crédito

b) - após o cálculo do valor do ICMS a que tem direito (vide sugestões de fórmulas constantes
nos subitens 3.3 e 3.4), o contribuinte procederá à sua escrituração diretamente no livro
Registro de Apuração do ICMS - RAICMS, no item "Outros Créditos", citando a fundamentação
legal pertinente a cada situação

Recomenda-se que seja elaborado um demonstrativo - "memória" nesse sentido para,


eventualmente, ser exibido à fiscalização, a fim de comprovar o valor do ICMS
lançado/escriturado no RAICMS

VIII - DA CONCLUSÃO

Em conclusão, têm-se que as normas reguladoras atrás citadas estabeleceram as condições,


limites, procedimentos, e até mesmo certas cautelas, a serem observados pelo contribuinte
quando da apropriação do valor do ICMS incidente sobre a entrada ou aquisição de insumos,
mercadorias para o comércio, ativo permanente e suas partes e peças, energia elétrica,
combustível e a tomada de serviços de transporte intermunicipal ou interestadual e de
comunicação

IX - DA OBSERVAÇÃO GERAL

Naturalmente que a Consultoria Tributária - órgão pertencente à Secretaria de Estado dos


Negócios da Fazenda deste Estado (SP) incumbido de responder às consultas "sobre a
interpretação e aplicação da legislação tributária estadual", conforme o artigo 510 do
Regulamento do ICMS/00 - em relação ao valor do ICMS lançado ou a lançar na escrituração
fiscal, a título de crédito, não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas apenas e tão-só
fornecer parâmetros gerais que possam nortear o contribuinte e os Agentes Fiscais de Rendas
deste Estado frente a uma determinada situação de fato, segundo a legislação tributária vigente
aplicável a cada caso"

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