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RESPOSTA À CONSULTA TRIBUTÁRIA 24181/2021, de 02 de dezembro de 2021.

Disponibilizado no site da SEFAZ em 03/12/2021

Ementa

ICMS – EC 87/2015 – DIFAL – Entidades beneficentes e assistenciais hospitalares e


fundações privadas de apoio a hospitais públicos – Decreto 65.718/2021.

I. Quando o destinatário paulista da mercadoria for consumidor final não contribuinte do


imposto, o cálculo do DIFAL deve observar a carga tributária efetiva incidente nas
operações internas, considerando eventuais isenções e reduções de base de cálculo
vigentes.

II. Nas operações interestaduais destinadas a entidades relacionadas no Anexo Único da


Portaria CAT 42/2021, consumidores finais não contribuintes deste Estado, com
mercadorias relacionadas nos artigos 2º, 14, 92, 150 e 154, todos do Anexo I do
RICMS/2000, caso a carga tributária incidente na operação interna deste Estado seja
inferior à alíquota interestadual aplicável à operação, não haverá montante a ser
recolhido a este Estado a título de DIFAL.

Relato

1. A Consulente, localizada no Rio Grande do Sul, tem como atividade principal o comércio
atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, cirúrgico, hospitalar e de
laboratórios (CNAE 46.45-1/01).

2. Cita o Decreto 65.718/2021 (que dispõe sobre a aplicação da isenção do ICMS nas
operações destinadas a entidades beneficentes e assistenciais hospitalares e fundações
privadas de apoio a hospitais públicos) e identifica, pelo CNPJ e razão social, um
adquirente de seus produtos neste Estado.

3. Indaga se, nas operações realizadas com o destinatário que identifica, deve considerar
a carga tributária prevista no citado decreto para fins de recolhimento do diferencial de
alíquotas – DIFAL (Emenda Constitucional nº 87/2015) para o Estado de São Paulo.

Interpretação

4. Inicialmente, cabe considerar que a presente resposta parte dos seguintes


pressupostos:

  
4.1. as mercadorias comercializadas são aquelas relacionadas nos artigos 2º, 14, 92, 150
e 154, todos do Anexo I do Regulamento do ICMS – RICMS/2000;

4.2. a Consulente preenche todos os requisitos para a fruição das isenções dispostas nos
artigos citados no subitem precedente;

4.3. o adquirente não realiza qualquer operação ou prestação sujeita ao ICMS, ou seja,
não é contribuinte do imposto.

5. Posto isso, no que diz respeito ao DIFAL previsto na EC 87/2015, o artigo 2º, inciso
XVII, § 5º e o artigo 56 do RICMS/2000 estabelecem:

“Artigo 2º - Ocorre o fato gerador do imposto (Lei 6.374/89, art. 2º, na redação da Lei
10.619/00, art. 1º, II, e Lei Complementar federal87/96, art. 12, XII, na redação da Lei
Complementar 102/00, art. 1º):

(...)

XVII - na saída de mercadoria ou bem de estabelecimento localizado em outra unidade


federada com destino a consumidor final não contribuinte localizado neste Estado; (Inciso
acrescentado pelo Decreto 61.744, de 23-12-2015, DOE 24-12-2015; produzindo efeitos a
partir de 01-01-2016)

(...)

§ 5º - Nas hipóteses dos incisos VI, XIV, XVII e XVIII, será devido a este Estado o imposto
correspondente à diferença entre a alíquota interna e a alíquota interestadual. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto 61.744, de 23-12-2015, DOE 24-12-2015; produzindo
efeitos a partir de01-01-2016)”

“Artigo 56 - No cálculo do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a


alíquota interestadual, de que trata o § 5º do artigo 2º, nas hipóteses dos incisos XVII e
XVIII do artigo 2º, observar-se-á o seguinte: (Redação dada ao artigo pelo Decreto
61.744, de 23-12-2015, DOE 24-12-2015; produzindo efeitos a partir de 01-01-2016)

I - a alíquota interna a ser utilizada será aquela que corresponda à carga tributária efetiva
incidente nas operações e prestações internas destinadas a consumidor final,
considerando eventuais isenções e reduções de base de cálculo vigentes;

II - a alíquota interestadual a ser utilizada será aquela fixada pelo Senado Federal, exceto
na hipótese do inciso III;

 
III - caso haja, no Estado de origem, incentivo ou benefício fiscal concedido em desacordo
com o disposto na alínea "g" do inciso XII do § 2º do artigo 155 da Constituição Federal, a
alíquota interestadual a ser utilizada será aquela que corresponda à carga tributária
efetivamente cobrada pelo Estado de origem.”

6. Prosseguindo, cabe reproduzir parcialmente o Decreto 65.718/2021, bem como trechos


da Portaria CAT 42/2021, para análise:

Decreto 65.718/2021:

“Artigo 1°- As isenções previstas nos artigos 2º, 14, 92, 150 e 154, todos do Anexo I do
Regulamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação -
RICMS, aprovado pelo Decreto nº 45.490, de 30 de novembro de 2000, aplicam-se,
também, às operações destinadas a entidades beneficentes e assistenciais hospitalares e
fundações privadas de apoio a hospitais públicos, desde que observado o disposto neste
decreto, sem prejuízo das demais disposições previstas na legislação.

Artigo 2º - A aplicação das isenções referidas no artigo 1º deste decreto será:

I - total ou parcial, no percentual dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais


realizados em pacientes do Sistema Único de Saúde - SUS, quando se tratar de operação
destinada a entidade beneficente e assistencial hospitalar que atenda aos requisitos e
condições indicados no artigo 3º deste decreto;

II - total, quando a operação for destinada a fundação privada de apoio a hospitais


públicos que atenda aos requisitos e condições indicados no artigo 4º deste decreto.

Artigo 3º - A entidade beneficente e assistencial hospitalar, para fins de aplicação da


isenção nos termos dos artigos 1º e 2º deste decreto, deverá possuir a Certificação das
Entidades Beneficentes de Assistência Social - CEBAS.

§ 1º - As isenções aplicam-se:

1. exclusivamente às operações destinadas ao estabelecimento cujo CNPJ esteja vinculado


à Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social - CEBAS;

  
2. sobre o montante equivalente:

a) a 60% (sessenta por cento) do valor da operação, quando não houver comprovação da
proporção de procedimentos hospitalares e ambulatoriais realizados em pacientes do
Sistema Único de Saúde - SUS;

b) ao percentual de procedimentos hospitalares e ambulatoriais realizados em pacientes


do Sistema Único de Saúde - SUS, devidamente comprovada pela entidade beneficente e
assistencial hospitalar, observado o disposto no § 2º deste artigo.

§ 2º - As entidades beneficentes e assistenciais hospitalares que, no exercício de 2020,


tenham realizado em pacientes do Sistema Único de Saúde - SUS mais de 60% (sessenta
por cento) dos seus procedimentos hospitalares e ambulatoriais poderão apresentar
pedido à Secretaria da Fazenda e Planejamento para que seja determinado o percentual
de aplicação da isenção, apresentando os documentos comprobatórios que se fizerem
necessários.

§ 3º - Para fins do disposto no "caput" e no item 1 do § 1º deste artigo, a Secretaria da


Saúde enviará, à Secretaria da Fazenda e Planejamento, relação das entidades que
possuem a CEBAS válida, indicando o CNPJ dos estabelecimentos a ela vinculados, bem
como informará qualquer alteração nas informações anteriormente enviadas.

§ 4º - A Secretaria da Fazenda e Planejamento divulgará a relação dos estabelecimentos


das entidades beneficentes e assistenciais hospitalares que fazem jus às isenções, bem
como o percentual do valor da operação ao qual se aplicam.

(...)”

Portaria CAT 42/2021:

“Artigo 1º - Os estabelecimentos das entidades beneficentes e assistenciais hospitalares


que fazem jus às isenções de que trata o Decreto 65.718, de 21-05-2021, são os
indicados no Anexo Único desta portaria, conforme relação apresentada pela Secretaria da
Saúde, aplicando-se a isenção nos percentuais indicados.

Parágrafo único - Na aplicação das isenções a que se refere o “caput”, deverão ser
atendidos os requisitos e condições previstos no artigo 3º do Decreto 65.718, de 21-05-
2021.

 
Artigo 2º - Para fins de determinação do percentual de aplicação das isenções nos termos
do § 2º do artigo 3º do Decreto 65.718, de 21-05-2021, as entidades beneficentes e
assistenciais hospitalares que, no exercício de 2020, tenham realizado em pacientes do
Sistema Único de Saúde - SUS mais de 60% dos seus procedimentos hospitalares e
ambulatoriais deverão apresentar pedido à Secretaria da Fazenda e Planejamento, por
meio do Sistema de Peticionamento Eletrônico - SIPET, instituído pela Portaria CAT 83/20,
de 23-09-2020, juntando os documentos comprobatórios que se fizerem necessários.

Artigo 3º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos
desde 01-05-2021.

Anexo Único

(...)

     Item    CNPJ Nome da entidade %

     209    (...) (...) 60

(...)”

7. Verifica-se que a entidade beneficente objeto de dúvida está devidamente relacionada


no item 209 do Anexo Único da Portaria CAT 42/2021 e, portanto, as operações
destinadas a tal entidade com as mercadorias relacionadas nos artigos 2º, 14, 92, 150 e
154, todos do Anexo I do RICMS/2000, fazem jus à isenção parcial no montante de 60%,
se atendidas todas as condições impostas nos artigos.

8. Deste modo, em resposta à indagação apresentada, nas operações interestaduais


destinadas a entidades relacionadas no Anexo Único da Portaria CAT 42/2021,
consumidores finais não contribuintes deste Estado, com mercadorias relacionadas nos
artigos 2º, 14, 92, 150 e 154, todos do Anexo I do RICMS/2000, o cálculo do DIFAL deve
observar a carga tributária efetiva incidente nas operações internas, considerando
eventuais isenções e reduções de base de cálculo vigentes.

9. Caso a carga tributária incidente na operação interna deste Estado seja inferior à
alíquota interestadual aplicável à operação, não haverá montante a ser recolhido a este
Estado a título de DIFAL.

10. Com esses esclarecimentos, damos por respondida a indagação efetuada.

  
A Resposta à Consulta Tributária aproveita ao consulente nos termos da legislação vigente.
Deve-se atentar para eventuais alterações da legislação tributária.

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