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Escola Estadual de

Educação Profissional - EEEP


Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Transações Imobiliárias

Bases Jurídicas do
Comércio Imobiliário
Governador
Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 2

DIREITO CIVIL 3

TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE IMÓVEIS 33

O CORRETOR DE IMÓVEIS E A LEGISLAÇÃO BÁSICA 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65

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INTRODUÇÃO

Caro (a) Aluno (a),

A apostila de Bases Jurídicas do Comércio Imobiliário tem como objetivo proporcionar ao


futuro profissional em Transações Imobiliárias conhecimentos básicos de Direito, sua estrutura,
objeto e relações jurídicas, como também alguns aspectos da legislação que regulamentam a
profissão de Corretor de Imóveis.

Os assuntos aqui abordados – Direito Civil, Tributário e Lei 6.530/78 – podem servir não só
como fonte de conhecimentos mas, também, como fonte de consultas.

Bom curso!

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DIREITO CIVIL

DAS PESSOAS

Pessoa: é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito
de direito.

Personalidade jurídica: é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.

Capacidade: é a medida jurídica da personalidade; é a manifestação do poder de ação implícito


no conceito de personalidade (Teixeira de Freitas).

Direitos da personalidade: são direitos subjetivos da pessoa defender o que lhe é próprio, ou
seja, a sua integridade física, a sua integridade intelectual e sua integridade moral.

Pessoa Natural: é o homem, a criatura humana, proveniente de mulher; é o ser humano


considerado como sujeito de direitos e obrigações.

Capacidade jurídica: é a maior ou menor extensão dos direitos de uma pessoa (art. 2º, CC); esta
aptidão oriunda da personalidade, para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil, dá-se
o nome de capacidade de gozo ou de direito; não pode ser recusada ao indivíduo; tal capacidade
pode sofrer restrições legais quanto ao seu exercício pela intercorrência de um fator genérico;
logo, a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil.

Incapacidade: é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, devendo ser sempre
encarada estritamente, considerando-se o princípio de que a capacidade é a regra e a
incapacidade a exceção.

Incapacidade absoluta: a incapacidade será absoluta quando houver proibição total o exercício
do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito, a nulidade do ato (CC,
art. 145, I); os absolutamente incapazes têm direitos, porém não poderão exercê-los direta ou
pessoalmente, devendo ser representados; são absolutamente incapazes (CC, art. 5º), os menores
de 16 anos, os loucos de todo gênero, os surdos-mudos que não possam manifestar sua vontade,
por não terem recebido educação adequada (CC, art. 446, II) e os ausentes, declarados como tais
por sentença.

Incapacidade relativa: diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil desde
que assistidos por quem o direito positivo encarrega deste ofício, em razão de parentesco, de
relação de ordem civil ou de designação judicial; o efeito da violação desta norma é gerar a
anulabilidade do ato jurídico (CC, art. 147, I); se enquadram nessa categoria (CC, art. 6º), os
maiores de 16 e menores de 21 anos, os pródigos e os silvícolas.

Proteção aos incapazes: realiza-se por meio da representação ou assistência, o que lhes dá
segurança, quer em relação à sua pessoa, quer em relação ao seu patrimônio, possibilitando o
exercício de seus direitos; além disso há várias medidas tutelares, determinadas por normas,

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para defender seus interesses; se houver um conflito de interesses entre o absolutamente incapaz
e seu representante, ou entre o relativamente incapaz e seu assistente, será imprescindível que o
juiz nomeie um curador especial, em favor do menor, para protegê-lo (ECA, art. 148, VII, §
único, f; CC, art. 387).

Cessação da incapacidade: a incapacidade termina, em regra, ao desaparecerem as causas que a


determinaram; em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o menor completar 21
anos ou quando houver emancipação.

Emancipação: se o menor tiver idade superior a 18 anos, os pais podem conceder-lhe


emancipação, dada por escritura pública ou particular, que deverá ser registrada no Cartório de
Registro Civil; à falta dos pais, por sentença do Juiz, ouvido o tutor, se houver; pode dar-se,
também, pelo casamento, pelo exercício de função pública, pela colação de grau em curso
superior ou pelo estabelecimento, com recursos próprios, de sociedade civil ou comercial; uma
vez concedida, por qualquer meio, a emancipação é irrevogável e definitiva.

Começo da personalidade: inicia-se com o nascimento com vida, ainda que o recém-nascido
venha a falecer instantes depois, ressalvados desde a concepção os direitos do nascituro.

Nascituro: é o ser gerado, mas que ainda está por nascer; possui direitos (in fieri), isto é,
expectativas de direitos, que irão materializar-se quando nascer com vida; o nascituro é
herdeiro, pode receber doações e legados, pode ser adotado, reconhecido e legitimado; pode agir
através de seu curador (art. 462, CC); a eficácia de tudo depende do nascimento com vida.

Comoriência: se 2 ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar


se algum dos comorientes precedeu os outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos (art. 11,
CC); a conseqüência do preceito é que não se estabelece sucessão entre eles.

Individualização da pessoa: a identificação se dá pelo nome, que individualiza a pessoa; pelo


estado, que define sua posição na sociedade política e na família, como indivíduo; pelo
domicílio, que é o lugar de sua atividade social.

Nome: é o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio
da família e da sociedade; é inalienável, imprescritível; em regra são 2 os elementos
constitutivos do nome: o prenome, próprio da pessoa, e o nome de família ou sobrenome,
comum a todos os que pertencem a uma certa família.

Estado da pessoa: é o seu modo particular de existir, que pode ser encarado sob o aspecto
individual ou físico (é a maneira de ser da pessoa quanto à idade, sexo, saúde mental e física),
familiar (indica sua situação na família em relação ao matrimônio, no que concerne ao
parentesco cosanguíneo e quanto à afinidade.

Domicílio: é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito e
onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos; pode ser necessário ou
legal, quando for determinado por lei, em razão da condição ou situação de certas pessoas
(recém-nascido, incapaz), e voluntário, quando escolhido livremente, podendo ser geral, se
fixado pela própria vontade, e especial, se estabelecido conforme os interesses das partes em um
contrato a fim de fixar a sede jurídica onde as obrigações contratuais deverão ser cumpridas ou

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exigidas; perde-se o domicílio pela mudança, por determinação de lei ou por contrato.

Extinção da personalidade natural: extingue-se pela morte real, pela morte civil, pela morte
presumida e pela morte simultânea ou comoriência.

PESSOA JURÍDICA

Conceito: é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônio, que visa à consecução de certos


fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações; são 3 os seus
requisitos: organização de pessoas ou de bens; lícitude de seus propósitos ou fins; capacidade
jurídica reconhecida por norma.

Pessoas jurídicas de direito público externo: países estrangeiros, organismos internacionais,


como ONU, OEA, etc..

Pessoas jurídicas de direito público interno: União, Estados, Municípios, os Territórios e as


autarquias.

Pessoas jurídicas de direito privado: sociedades civis ou comerciais, as associações, os partidos


políticos, as fundações e as entidades paraestatais, como as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e os serviços sociais autônomos; são instituídas por iniciativa de particulares,
conforme o art. 16 do CC.

Fundações particulares: é um acervo de bens livres, que recebe da lei a capacidade jurídica para
realizar as finalidades pretendidas pelo seu instituidor, em atenção aos seus estatutos; sua
natureza consiste na disposição de certos bens em vista de determinados fins especiais, logo
esses bens são inalienáveis (RT, 252:661); uma vez que assegura a concretização dos objetivos
colimados pelo fundador, embora, em certos casos, comprovada a necessidade de venda, esta
possa ser autorizada pelo magistrado, ouvido o MP, que a tutela, para oportuna aplicação do
produto em outros bens destinados ao mesmo fim (RT, 242:232, 172:525, 422:162; CC, arts. 26
e 30).

Sociedade civil: é que visa fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios,
sendo alcançado pelo exercício de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos; tem
ela uma certa autonomia patrimonial e atua em nome próprio, pois sua existência é distinta dos
sócios (CC, art. 20), de modo que os débitos destes não são da sociedade e vice-versa.

Associações: é a que não tem fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado, embora tenha
patrimônio, formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais,
educacionais, esportivos, etc.

Sociedades comerciais: visam lucro, mediante exercício de atividade mercantil; para diferenciá-
la da civil, basta considerar-se a natureza das operações habituais; se estas tiverem por objeto
atos de comércio, a sociedade será comercial, caso contrário, civil.

Empresa pública: é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com


patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade
econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência

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administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

Sociedade de economia mista: é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado


criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria a União ou à entidade de Administração
Indireta.

Existência legal: as pessoas jurídicas de direito público iniciam-se em razão de fatos históricos,
de criação constitucional, de lei especial e de tratados internacionais, se tratar-se de pessoa
jurídica de direito público externo; nas pessoas de direito privado, o fato que lhes dá origem é a
vontade humana, sem necessidade de qualquer ato administrativo de concessão ou autorização,
salvo os casos especiais do CC (arts. 18 e 20,§§ 1º e 2º), porém a sua personalidade jurídica
permanece em estado potencial, adquirindo status jurídico, quando preencher as formalidades
ou exigências legais; o processo genético apresenta-se em 2 fases: a do ato constitutivo, que
deve ser escrito, e a do registro público.

Capacidade da pessoa jurídica: decorre da personalidade que a ordem jurídica lhe reconhece por
ocasião de seu registro; essa capacidade estende-se a todos os campos do direito; pode exercer
todos os direitos subjetivos, não se limitando à esfera patrimonial; tem direito à identificação,
sendo dotada de uma denominação, de um domicílio e de uma nacionalidade; a pessoa jurídica
tem capacidade para exercer todos os direitos compatíveis com a natureza especial de sua
personalidade.

Responsabilidade contratual: a pessoa jurídica de direito público e privado, no que se refere à


realização de um negócio jurídico dentro do poder autorizado pela lei ou pelo estatuto,
deliberado pelo órgão competente, é responsável, devendo cumprir o disposto no contrato,
respondendo com seus bens pelo inadimplemento contratual (CC, art. 1.056); terá
responsabilidade objetiva por fato e por vício do produto e do serviço.

Responsabilidade extracontratual: as pessoas de direito privado devem reparar o dano causado


pelo seu representante que procedeu contra o direito; respondem pelos atos ilícitos praticados
pelos seus representantes, desde que haja presunção juris tantum de culpa in ligendo ou in
vigilando , que provoca a reversão do ônus da prova, fazendo com que a pessoa jurídica tenha
de comprovar que não teve culpa nenhuma (STF, Súmula 341); as pessoas de direito público
são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos
a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando dever prescrito por lei, salvo o
direito regressivo contra os causadores do dano; bem como as de direito privado que prestem
serviços públicos.

Domicílio: é a sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das
obrigações; é o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração ou direção, ou,
ainda, o determinado no ato constitutivo.

Fim da pessoa jurídica: as pessoas de direito público extinguem-se pela ocorrência de fatos
históricos, por norma constitucional, lei especial ou tratados internacionais; termina a pessoa de
direito privado, conforme prescreve os arts. 21, 22, § único, e 30, § único, do CC: a) pelo
decurso do prazo de sua duração; b) pela dissolução deliberada unanimemente entre os
membros; c) por determinação legal, quando se der qualquer uma das causas extintivas previstas

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no art. 1.399 do CC; d) por ato governamental; e) pela dissolução judicial. Percebe-se que a
extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo; qualquer que seja o fator
extintivo, tem-se o fim da entidade; porém se houver bens de seu patrimônio e dívidas a
resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo
e pagamento de débitos, cessando, de uma vez, quando se der ao acervo econômico o destino
próprio; sua existência finda pela sua dissolução e liquidação.

Grupos despersonalizados: constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de


bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação; dentre
eles podemos citar a família, as sociedades irregulares, a massa falida, as heranças jacente e
vacante, o espólio e o condomínio.

Despersonalização da pessoa jurídica: o órgão judicante está autorizado a desconsiderar a


personalidade jurídica da sociedade, se houver, de sua parte: abuso de direito, desvio ou excesso
de poder, lesando consumidor; infração legal ou estatutária, por ação ou omissão, em detrimento
ao consumidor; falência, insolvência, encerramento ou inatividade, em razão de sua má
administração; obstáculo ao ressarcimento dos danos que causar aos consumidores, pelo simples
fato de ser pessoa jurídica (Lei 8.078/90, art. 28); na hipótese de desconsideração, haverá
responsabilidade subsidiária das sociedades integrantes do grupo societário e das controladas,
responsabilidade solidárias das sociedades consorciadas e responsabilidade subjetiva das
coligadas, que responderão se sua culpabilidade for comprovada.

DOS BENS

Conceito: bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem
servir de objeto a uma relação jurídica; para que o bem seja objeto de uma relação jurídica é
preciso que ele apresente os seguintes caracteres, idoneidade para satisfazer um interesse
econômico, gestão econômica autônoma e subordinação jurídica ao seu titular.

Bens corpóreos e incorpóreos: corpóreos são os que têm existência material, como uma casa,
um terreno, um livro; são o objeto do direito; incorpóreos são os que não têm existência tangível
e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os
produtos de seu intelecto ou com outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como os
direitos reais, obrigacionais e autorais.

Bens móveis e imóveis: móveis são os que podem ser transportados por movimento próprio ou
removidos por força alheia; imóveis são os que não podem ser transportados sem alteração de
sua substância.

Bens imóveis por sua natureza: abrange o solo com sua superfície, os seus acessórios e
adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.

Bens imóveis por acessão física artificial: inclui tudo aquilo que o homem incorporar
permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo
que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano.

Bens imóveis por acessão intelectual: são todas as coisas móveis que o proprietário do imóvel
mantiver, intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, aformoseamento ou
comodidade.

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Bens imóveis por determinação legal: são direitos reais sobre imóveis (usufruto, uso, habitação,
enfiteuse, anticrese, servidão predial), inclusive o penhor agrícola e as ações que o asseguram;
apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inaliebilidade, decorrente de doação ou
de testamento; o direito à sucessão aberta, ainda que a herança só seja formada de bens móveis.

Bens móveis por natureza: são as coisas corpóreas que se podem remover sem dano, por força
própria ou alheia, com exceção das que acedem aos imóveis, logo, os materiais de construção,
enquanto não forem nela empregados, são bens móveis.

Bens móveis por antecipação: são bens imóveis que a vontade humana mobiliza em função da
finalidade econômica; ex: árvores, frutos, pedras e metais, aderentes ao imóvel, são imóveis;
separados, para fins humanos, tornam-se móveis; ex: são móveis por antecipação árvores
convertidas em lenha.

Bens móveis por determinação de lei: são os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
correspondentes, os direitos de obrigação e as ações respectivas e os direitos de autor.

Bens fungíveis e infungíveis: fungíveis são os bens móveis que podem ser substituídos por
outros de mesma espécie, qualidade e quantidade; infungíveis são os insubstituíveis, por
existirem somente se respeitada sua individualidade.

Bens consumíveis e inconsumíveis: consumíveis são os que se destroem assim que vão sendo
usados (alimentos em geral); inconsumíveis são os de natureza durável, como um livro.

Bens divisíveis e indivisíveis: divisíveis são aqueles que podem ser fracionados em porções
reais; indivisíveis são aqueles que não podem ser fracionados sem se lhes alterar a substância,
ou que, mesmo divisíveis, são considerados indivisíveis pela lei ou pela vontade das partes.

Bens singulares e coletivos: as coisas singulares são as que, embora reunidas, se consideram de
per si, independentemente das demais; são consideradas em sua individualidade; coletivas são
as constituídas por várias coisas singulares, consideradas em conjunto, formando um todo único,
que passa a ter individualidade própria, distinta de seus objetos componentes, que conservam
sua autonomia funcional.

Bens principais e acessórios: principais são os que existem em si e por si, abstrata ou
concretamente; acessórios são aqueles cuja existência supõe a existência do principal.

Bens particulares e bens públicos: são respectivamente, os que pertencem a pessoas naturais ou
jurídicas de direito privado e os que pertencem as pessoas jurídicas de direito público, políticas,
à União, aos Estados a aos Municípios.

Bens públicos de uso comum do povo: são os que embora pertencentes as pessoa jurídica de
direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição e gratuitamente, por todos, sem
necessidade de qualquer permissão especial.

Bens públicos de uso especial: são utilizados pelo próprio poder público, constituindo-se por
imóveis aplicados ao serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal, como prédios
onde funcionam tribunais, escolas públicas, secretarias, ministérios, etc.; são os que têm uma
destinação especial.

Bens públicos dominicais: são os que compõem o patrimônio da União, dos Estados ou dos
Municípios, como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas; abrangem bens móveis ou
imóveis.

Bens que estão fora do comércio: os bens alienáveis, disponíveis ou no comércio, são os que se

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encontram livres de quaisquer restrições que impossibilitem sua transferência ou apropriação,


podendo, portanto, passar, gratuita ou onerosamente, de um patrimônio a outro, quer por sua
natureza, quer por disposição legal, que permite, por exemplo, a venda de bem público; os bens
inalienáveis ou fora do comércio são os que não podem ser transferidos de um acervo
patrimonial a outro ou insuscetíveis de apropriação.

Bens inalienáveis por sua natureza: são os bens de uso inexaurível, como o ar, o mar, a luz
solar; porém a captação, por meio de aparelhagem, do ar atmosférico ou da água do mar para
extrair certos elementos com o escopo de atender determinadas finalidades, pode ser objeto de
comércio.

Bens legalmente inalienáveis: são os que, apesar de suscetíveis de apropriação pelo homem, têm
sua comercialidade excluída pela lei, para atender aos interesses econômico-sociais, à defesa
social e à proteção de determinadas pessoas; poderão ser alienados, por autorização legal apenas
em certas circunstâncias e mediante determinadas formalidades; entram nessa categoria: os bens
públicos; os dotais; os das fundações; os dos menores; os lotes rurais remanescentes de
loteamentos já inscritos; o capital destinado a garantir o pagamento de alimentos pelo autor do
fato ilícito; o terreno onde está edificado em edifício de condomínio por andares; o bem de
família; os móveis ou imóveis tombados; as terras ocupadas pelos índios.

Bens inalienáveis pela vontade humana: são os que lhes impõe cláusula de inalienabilidade,
temporária ou vitalícia, nos casos e formas previstos em lei, por ato inter vivos ou causa mortis.

Benfeitorias: são bens acessórios acrescentados ao imóvel, que é o bem principal; podem ser
necessárias (imprescindíveis à conservação do imóvel ou para evitar-lhe a deterioração), úteis
(aumentam ou facilitam o uso do imóvel) e voluptuárias (embelezam o imóvel, para mero
deleite ou recreio).

Frutos: são bens acessórios que derivam do principal; podem ser naturais (das árvores),
industriais (da cultura ou da atividade) e civis (do capital, como os juros).

Bem de família: divide-se em voluntário e legal; voluntário é um instituto em que o casal, ou


um dos cônjuges, destina um imóvel próprio para domicílio da família, com a cláusula de ficar
isento de execução por dívidas, salvo as que provierem de impostos relativos ao mesmo imóvel
(art. 70, CC); essa isenção durará enquanto viverem os cônjuges a até que os filhos completem a
maioridade, não podendo o imóvel ter outro destino ou ser alienado, sem o consentimento dos
interessados e dos seus representantes legais; também não entra no inventário, nem será
partilhado, enquanto continuar a residir nele o cônjuge sobrevivente ou filho menor (art. 20 do
Decreto-Lei 3.200/41); é o instituído pela Lei 8.009/90, que estabeleceu a impenhorabilidade
geral de todas as moradias familiares próprias, uma para cada família, independentemente de
qualquer ato ou providência dos interessados; a impenhorabilidade abrange os seguintes bens,
desde que quitados: a casa e seu terreno, os móveis que guarnecem a casa, as plantações, as
benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional; se a
casa for alugada, aplica-se aos bens móveis, que guarnecem a residência; se for imóvel rural,
aplica-se só a sede de moradia móveis.

A seguir apresentaremos uma tabela que classificará melhor os bens


públicos:

BENS PÚBLICOS DE USO COMUM

Pertencentes à União

a) águas marítimas (mares territoriais, incluindo baías, golfos, enseadas e portos);

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b) os lagos e os cursos d’água que, no todo ou em parte, sirvam de limites do Brasil com países
estrangeiros;
c) os cursos d’água que se dirijam a países estrangeiros ou deles provenham;
d) os lagos e os cursos d’água que, no todo ou em parte, sirvam de limites a estados brasileiros;
e) os cursos d’água que percorram territórios de mais de um estado brasileiro;
f) os lagos e os cursos d’água existentes dentro da faixa de 150 km ao longo das fronteiras,
desde que, em todos esses casos, os lagos e os cursos d’água naturais sejam, em algum trecho,
flutuáveis ou navegáveis por um tipo qualquer de embarcação;
g) as estradas de rodagem e os caminhos públicos compreendidos no plano de viação federal,
desde que construídos ou adquiridos pela União.

Pertencentes ao Estado

a) as águas, quando sirvam de limite a dois ou mais municípios ou quando percorram parte dos
territórios de dois ou mais municípios;
b) as estradas de rodagem e os caminhos públicos compreendidos no plano estadual de viação,
desde que construídos ou adquiridos pelos estados.

Pertencentes ao Município

a) as águas, quando situadas exclusivamente em seus territórios, respeitadas as restrições que


possam ser impostas pela legislação dos Estados;
b) as estradas e os caminhos públicos circunscritos ao território municipal;
c) as ruas, avenidas, praças, parques, jardins e quaisquer outros logradouros públicos, feitos ou
adquiridos pelas prefeituras;
d) os cemitérios.

BENS PÚBLICOS DE USO ESPECIAL

Pertencentes à União

a) os edifícios e os terrenos destinados aos serviços ou estabelecimentos públicos federais;


b) as fortalezas, fortificações, construções militares, navios de guerra, material da marinha e do
exército.

Pertencentes aos Estados

a) edifícios e terrenos destinados aos serviços ou estabelecimentos públicos estaduais.

Pertencentes aos Municípios

a) edifícios e terrenos destinados aos serviços ou estabelecimentos públicos municipais

BENS PÚBLICOS DOMINICAIS

da União

a) as estradas de ferro, telégrafos, rádios, fábricas, oficinas e fazendas federais;


b) os terrenos de marinha e os acrescidos natural ou artificialmente;
c) as jazidas, ou depósitos minerais;
d) as quedas d’água e outras fontes de energia hidráulica existentes em águas públicas

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de uso comum ou dominicais;


e) os bens declarados vagos.

dos Estados

a) os terrenos reservados às margens das correntes e lagos navegáveis, se, por algum título, não
forem do domínio federal, municipal ou particular;
b) as terras devolutas;
c) as estradas de ferro, fábricas, oficinas e fazendas estaduais, etc.

dos Municípios

a) telefones;
b) terrenos destinados à alienação ou aforamento;
c) bens que tiverem adquirido por qualquer título legítimo.

FATO JURÍDICO

Conceito de fato jurídico em sentido amplo: fatos jurídicos seriam os acontecimentos, previstos
em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as
relações jurídicas; para Savigny, são os acontecimentos em virtude dos quais as relações nascem
e se extinguem; pode ser natural ou humano.

Fato natural: advém de fenômeno natural, sem intervenção da vontade humana, que produz
efeito jurídico; esse evento natural consiste no fato jurídico stricto sensu, que se apresenta ora
como ordinário (nascimento, decurso do tempo, etc.) ou extraordinário (caso fortuito, força
maior).

Fato humano: é o acontecimento que depende da vontade humana, abrangendo tanto os atos
lícitos como ilícitos; pode ser voluntário, se produzir efeitos jurídicos queridos pelo agente, caso
que se tem o ato jurídico em sentido amplo (abrande o ato em sentido estrito e o negócio
jurídico); e involuntário, se acarretar conseqüências jurídicas alheias à vontade do agente,
hipótese em que se configura o ato ilícito, que produz efeitos previstos em norma jurídica, como
sanção, porque viola mandamento normativo.

Aquisição de direitos: aquisição de um direito é a sua conjunção com seu titular; no âmbito
patrimonial são 2 os modos de aquisição: o ordinário, se o direito nascer no momento em que o
titular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa;
o derivado, se houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo
uma relação jurídica entre a anterior e o atual titular.

A aquisição pode ser ainda, gratuita, se não houver qualquer contraprestação, e onerosa, quando
o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação; levando-se em
consideração a maneira como se processa, temos: aquisição a título universal, se o adquirente
substitui o seu antecessor na totalidade de seus direitos ou numa quota ideal deles, e aquisição a
título singular, quando se adquire uma ou várias coisas determinadas, apenas no que concerne
aos direitos, como sucede o legatário, que herda coisa individuada.

Quanto ao processo formativo, pode ser: simples, se o fato gerador da relação jurídica consistir
num só ato, ou complexa, se for necessário a intercorrência simultânea ou sucessiva de mais de
um fato, por exemplo, o usucapião que requer posse prolongada, lapso temporal, inércia do
titular e em certas hipóteses justo título e boa-fé.

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Normas legais sobre a aquisição de direitos: adquirem-se direitos mediante ato adquirente ou
por intermédio de outrem; pode uma pessoa adquiri-los para si, ou para terceiros; dizem-se
atuais os direitos completamente adquiridos, e futuros os cuja aquisição não se acabou de
operar.

Expectativa de direito: é uma mera possibilidade ou esperança de adquirir um direito.

Direito eventual: ocorre se houver interesse, ainda que incompleto, pela falta de um elemento
básico protegido por norma jurídica.

Direito condicional: é o que se perfaz pelo advento de um acontecimento futuro e incerto, de


modo que o seu titular só o adquire se sobrevier a condição.

Modificação dos direitos: tem-se modificação objetiva quando atingir a qualidade ou quantidade
do objeto ou conteúdo da relação jurídica; qualitativa será a modificação quando o conteúdo do
direito se converte em outra espécie; há uma modificação na natureza do direito creditório, sem
quaisquer alterações no crédito; será quantitativa a modificação se o seu objeto aumentar ou
diminuir no volume, sem aumentar a qualidade do direito, em virtude de fato jurídico stricto
sensu; a modificação subjetiva é a pertinente ao titular, subsistindo a relação jurídica, hipótese
em que se pode ter a substituição do sujeito de direito inter vivos ou causa mortis.

Defesa dos direitos: para resguardar seus direitos, o titular deve praticar atos conservatórios
como o protesto, retenção, arresto, seqüestro, caução fideijussória ou real, interpelações
judiciais para constituir devedor em mora, quando esta não resulta de cláusula expressa na
convenção ou de termo estipulado com esse escopo de notificação extrajudicial; quando sofrer
ameaça ou violação, o direito subjetivo é protegido por ação judicial; o titular também está
provido de instrumentos de defesa preventiva, para impedir a violação de seu direito, que poder
ser extrajudicial (arras, fiança, etc.) ou judicial (interdito proibitório, ação de dano infecto, etc.);
esta prevista também a autodefesa, em que a pessoa lesada, empregando força física, se defende
usando meios moderados, mediante agressão atual e iminente, sem recorrer ao Judiciário.

Extinção dos direitos: extinguem-se quando ocorrer:

a) perecimento do objeto sobre o qual recaem se ele perder suas qualidades essenciais ou o valor
econômico; se se confundir com outro de modo que não se possa distinguir; se cair em lugar
onde não pode mais ser retirado;

b) alienação, que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, havendo perda do


direito para o antigo titular;

c) renúncia, que é o ato jurídico pelo qual o titular de um direito dele se despoja, sem transferi-
lo a quem quer que seja, sendo renunciáveis os direitos atinentes ao interesse privado de seu
titular, salvo proibição legal;

d) abandono, que é a intenção do titular de se desfazer da coisa;

e) falecimento do titular, sendo o direito personalíssimo e por isso intransmissível;

f) prescrição, que extinguindo a ação faz com que o direito desapareça pela ausência da tutela
jurídica;

g) decadência, que atinge o próprio direito;

h) confusão, quando numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e de devedor;

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i) implemento de condição resolutiva;

j) escoamento do prazo, se a relação jurídica for constituída a termo;

k) perempção da instância ou do processo, ficando ileso o direito de ação;

l) aparecimento de direito incompatível com o direito atualmente existente e que o suplanta.

NEGÓCIO JURÍDICO

Conceito: é o poder de auto-regulação dos interesses que contém a enunciação de um preceito,


independentemente do querer interno.

Os negócios jurídicos: classificam-se:

1) quanto as vantagens que produz, em gratuitos e onerosos;

2) quanto às formalidades, em solenes e não solenes;

3) quanto ao conteúdo, em patrimoniais e extra patrimoniais;

4) quanto à manifestação de vontade, em unilaterais e bilaterais;

5) quanto ao tempo em que produzem efeitos, em inter vivos e causa mortis;

6) quanto aos seus efeitos, em constitutivos, se sua eficácia operar-se ex nunc, ou seja, a partir
do momento da conclusão (compra e venda, por exemplo), e declarativos, em que a eficácia é ex
tunc, ou melhor, só se efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que se vincula a
declaração de vontade (divisão de condomínio, partilha);

7) quanto à sua existência, em principais e acessórios;

8) quanto ao exercício dos direitos, em negócios de disposição e de simples administração.

Interpretação do negócio jurídico: pode ser: declaratória, se tiver por escopo expressar a
intenção dos interessados; integrativa, se pretender preencher lacunas contidas no negócio, por
meio de normas supletivas, costumes, etc.; construtiva, se objetivar reconstruir o ato negocial
com o intuito de salvá-lo.

Normas interpretativas: o Código Civil possui as seguintes: a) nas declarações de vontade


atender-se-á mais a sua intenção do que ao sentido literal da linguagem; b) a transação
interpreta-se restritivamente; c) a fiança dar-se-á por escrito e não admite interpretação
extensiva; d) os contratos benéficos interpretar-se-ão estritamente; e) quando a cláusula
testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a
observância da vontade do testador.

A doutrina e a jurisprudência têm entendido em matéria interpretativa que: a) em relação aos


contratos deve-se ater à boa fé, às necessidades de crédito e a equidade; b) nos contratos que

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tiverem palavras que admitam 2 sentidos, deve-se preferir o que mais convier a sua natureza; c)
nos contratos de compra e venda, no que concerne à extensão do bem alienado, deve-se
interpretar em favor do comprador; d) no caso de ambigüidade, interpreta-se de conformidade
com o costume do país; e) na interpretação contratual considerar-se-ão as normas jurídicas
correspondentes; f) nas estipulações obrigacionais dever-se-á interpretar do modo menos
oneroso para o devedor; g) no conflito entre 2 cláusulas a antinomia prejudicará o outorgante e
não o outorgado; h) na cláusula suscetível de 2 significados, interpretar-se-á em atenção ao que
poder ser exeqüível; i) nas cláusulas duvidosas, prevalecerá o entendimento de que se deve
favorecer quem se obriga.

Os elementos constitutivos abrangem: os elementos essenciais, imprescindíveis à existência do


ato negocial, pois forma sua substância, podem ser gerais e particulares; os naturais, que são
efeitos decorrentes do negócio jurídico, sem que seja necessário qualquer menção expressa, pois
a própria norma jurídica já lhe determina quais são essas conseqüências jurídicas; os acidentais,
que são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seus negócios
para modificar uma ou algumas de suas conseqüências naturais, como condição, modo, encargo
e o termo.

Capacidade do agente: se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração de vontade, a


capacidade do agente é indispensável à sua participação válida na seara jurídica; a capacidade
especial ou legitimação distingue-se da capacidade geral das partes, para a validez do negócio
jurídico, pois para que ele seja perfeito não basta que o agente seja plenamente capaz; é
imprescindível que seja parte legítima, isto é, tenha competência para praticá-lo, dada a sua
posição em relação a certos interesses jurídicos; sua falta pode tornar o negócio nulo ou
anulável; a legitimação depende da particular relação do sujeito com o objeto do ato negocial.

Objeto lícito e possível: para que o negócio se repute perfeito e válido deverá versar sobre
objeto lícito, conforme a lei; além de lícito deve ser possível, física ou juridicamente, o objeto
do ato negocial.

Consentimento: é a anuência válida do sujeito a respeito do entabulamento de uma relação


jurídica sobre determinado objeto; pode ser ele expresso ou tácito desde que o negócio, por sua
natureza ou disposição legal, não exija forma expressa.

DIREITO DAS COISAS

Direito das coisas é um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos
bens materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem; visa regulamentar as
relações entre os homens e as coisas, traçando normas tanto para a aquisição, exercício,
conservação e perda de poder dos homens sobre esses bens como para os meios de sua
utilização econômica.

POSSE

Quanto às teorias acerca da posse, temos:

A teoria subjetiva define a posse como o poder direto ou imediato que tem a pessoa de dispor
fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e de defendê-lo contra a intervenção ou

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agressão de quem quer que seja; em linhas gerais para essa teoria, a posse só se configura pela
união de corpus e animus, a posse é o poder imediato de dispor fisicamente do bem, com o
animus rem sibi habendi, defendendo-a contra agressões de terceiros e a mera detenção não
possibilita invocar os interditos possessórios, devido à ausência do animus domini.

Pela teoria objetiva posse é a exteriorização ou visibilidade do domínio, ou seja, a relação


exterior intencional, existente normalmente entre o proprietário e sua coisa; para essa escola: a
posse é condição de fato da utilização econômica da propriedade; o direito de possuir faz parte
do conteúdo do direito de propriedade; a posse é o meio de proteção do domínio; a posse é uma
rota que conduz à propriedade, reconhecendo, assim, a posse de um direito.

Podem ser objeto da posse, as coisas corpóreas, salvo as que estiverem fora do comércio, ainda
que gravadas com cláusula de inalienabilidade, as coisas acessórias se puderem ser destacadas
da principal sem alteração de sua substância, as coisas coletivas, os direitos reais de fruição
(uso, usufruto, etc.) e os direitos pessoais patrimoniais ou de crédito.

Quanto à natureza, a posse pode ser considerada um direito; para a maioria de nossos civilistas é
um direito real devido ao seu exercício direto, sua oponibilidade erga omnes e sua incidência em
objeto obrigatoriamente determinado.

São elementos constitutivos da posse:

a) o corpus, exterioridade da propriedade, que consiste no estado normal das coisas, sob o qual
desempenham a função econômica de servir e pelo qual o homem distingue quem possui e
quem não possui;

b) o animus, que já está incluído no corpus, indicando o modo como o proprietário age em face
do bem de que é possuidor.

Possuidor é o que tem pleno exercício de fato dos poderes constitutivos do domínio ou somente
de alguns deles, como no caso dos direitos reais sobre coisa alheia, como o usufruto, etc.

Posse direta é a do possuidor direto que recebe o bem, em razão de direito ou de contrato,
sendo, portanto, temporária e derivada.

Posse indireta é a do possuidor indireto que cede o uso do bem a outrem; assim, no usufruto, o
nu-proprietário tem a posse indireta, porque concedeu ao usufrutuário o direito de possuir,
conservando apenas a nua propriedade, ou seja, a substância da coisa.

A composse ocorre quando, em virtude de contrato ou herança, duas ou mais pessoas se tornam
possuidoras do mesmo bem, embora, por quota ideal, exercendo cada uma sua posse sem
embaraçar a da outra; para que se tenha a posse comum ou compossessão será mister a
pluralidade de sujeitos e a coisa ser indivisa.

Composse pro diviso ocorre quando há uma divisão de fato, embora não haja de direito, fazendo
com que cada um dos compossuidores já possua uma parte certa, se bem que o bem continua
indiviso.

Composse pro indiviso dá-se quando as pessoas que possuem em conjunto o bem têm uma parte
ideal apenas, sem saber qual a parcela que compete a cada uma.

Posse justa é a que não é violenta, não clandestina e que não é precária.

A posse injusta é aquela que se reveste de algum dos vícios acima apontados, ou melhor, de
violência, clandestinidade ou de precariedade.

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A posse é de boa fé quando o possuidor está convicto de que a coisa realmente lhe pertence.

Já a posse de má fé é aquela que o possuidor tem ciência da ilegitimidade de seu direito de


posse, em razão de vício ou obstáculo impeditivo de sua aquisição.

Posse ad interdicta é a que se pode amparar nos interditos, caso for ameaçada, turbada,
esbulhada ou perdida.

Posse ad usucapionem é quando der origem ao usucapião da coisa desde que obedecidos os
requisitos legais.

A posse será nova se tiver menos de ano e dia.

Da mesma forma, será posse velha se contar com mais de ano e dia.

Quanto ao princípio geral sobre o caráter da posse, temos que, salvo prova em contrário,
entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida; essa afirmação contém uma
presunção juris tantum, no sentido de que a posse guarda o caráter de sua aquisição; quer isso
dizer que se uma posse começou violenta, clandestina ou precária presume-se ficar com os
mesmos vícios que irão acompanhá-la nas mãos dos sucessores do adquirente; do mesmo modo
se adquirida de boa fé ou de má fé, direta ou indireta, entende-se que ela permanecerá assim
mesmo, conservando essa qualificação; contudo sendo juris tantum, tal presunção admite prova
em contrário.

A aquisição originária da posse realiza-se independentemente de translatividade, sendo,


portanto, em regra, unilateral, visto que independe da anuência do antigo possuidor, ou seja,
efetiva-se unicamente por vontade do adquirente sem que haja colaboração de outrem.

São modos aquisitivos originários:

a) a apreensão da coisa, que é a apropriação do bem pela qual o possuidor passa a ter condições
de dispor dele livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando, assim, seu domínio;

b) o exercício do direito, que, objetivado na sua utilização econômica, consiste na manifestação


externa do direito que pode ser objeto da relação possessória (servidão , uso);

c) a disposição da coisa ou do direito, isto porque a disponibilidade é o ato mais característico


da exteriorização do domínio; logo se adquiri a posse de modo unilateral, pelo fato de se dispor
da coisa ou do direito.

A aquisição derivada da posse requer a existência de uma posse anterior, que é transmitida ao
adquirente, em virtude de um título jurídico, com a anuência do possuidor primitivo, sendo,
portando, bilateral; assim, pode-se adquirir a posse por qualquer um dos modos aquisitivos de
direitos, ou seja, por atos jurídicos gratuitos ou onerosos, inter vivos ou causa mortis.

São modos aquisitivos derivados as posse, a tradição, o constituto possessório e a acessão:

a) tradição é a entrega ou transferência da coisa, sendo que, para tanto, não há necessidade de
uma expressa declaração de vontade; basta que haja a intenção do tradens (o que opera a

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tradição) e do accipiens (o que recebe a coisa) e efetivar tal transmissão; pode ser efetiva ou
material (que se manisfesta por uma entrega real do bem, como sucede quando o vendedor passa
ao comprador a coisa vendida), simbólica ou ficta (substitui-se a entrega material do bem por
atos indicativos do propósito de transmitir a posse) e consensual, que se apresenta sob 2 formas,
traditio longa manu e traditio brevi manu.

b) o constituto possessório ocorre quando o possuidor de um bem (imóvel, móvel ou


semovente) que o possui em nome próprio passa a possuí-lo em nome alheio; é uma modalidade
de transferência convencional da posse, onde há conversão da posse mediata em direta ou
desdobramento da posse, sem que nenhum ato exterior ateste qualquer mudança na relação entre
a pessoa e a coisa.

c) pela acessão, a posse pode ser continuada pela soma do tempo do atual possuidor com o de
seus antecessores; essa conjunção de posse abrange a sucessão (ocorre quando o objeto da
transferência é uma universalidade, como um patrimônio, ou parte alíquota de uma
universalidade) e a união (se dá na hipótese da sucessão singular, ou melhor, quando o objeto
adquirido constitui coisa certa ou determinada).

No que se refere a quem pode adquirir a posse, considerando subjetivamente a aquisição, poderá
ela efetivar-se:

a) pela própria pessoa que a pretende desde que se encontre no pleno gozo de sua capacidade de
exercício ou de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória, instituindo a
exteriorização do domínio;

b) por representante ou procurador do que quer ser possuidor, caso em que se requer a
concorrência de 2 vontades: a do representante e a do representado;

c) por terceiro sem procuração, caso em que a aquisição da posse fica na dependência da
ratificação da pessoa em cujo interesse foi praticado o ato.

PERDA DA POSSE

A perda da posse pelo abandono se dá quando o possuidor, intencionalmente, se afasta do bem


com o escopo de se privar de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ela
quaisquer atos possessórios.

A tradição, além de meio de aquisição da posse pode acarretar sua extinção; é uma perda por
transferência.

A perda da própria coisa se dá quando for absolutamente impossível encontrá-la, de modo que
não mais se possa utilizá-la economicamente.

A destruição da coisa decorre de evento natural ou fortuito, de ato do próprio possuidor ou de


terceiro; é preciso que inutilize a coisa definitivamente, impossibilitando o exercício do poder
de utilizar, economicamente, o bem por parte do possuidor; a sua simples danificação não
implica a perda da posse.

A perda pela inalienabilidade da coisa ocorre por ter sido colocada fora do comércio por motivo
de ordem pública, de moralidade, de higiene ou de segurança coletiva, não podendo ser, assim,
possuída porque é impossível exercer, com exclusividade, os poderes inerentes ao domínio.

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Perda pela posse de outrem se verifica ainda que contra a vontade do possuidor se este não foi
manutenido ou reintegrado em tempo competente; a inércia do possuidor, turbado ou esbulhado
no exercício de sua posse, deixando escoar o prazo de ano e dia, acarreta perda da sua posse,
dando lugar a uma nova posse em favor de outrem.

O constituto possessório que, simultaneamente, é meio aquisitivo da posse por parte do


adquirente, e de perda, em relação ao transmitente.

A perda da posse dos direitos ocorre:

a) pela impossibilidade de seu exercício, isto porque a impossibilidade física ou jurídica de


possuir um bem leva à impossibilidade de exercer sobre ele os poderes inerentes ao domínio;

b) pela prescrição, de modo que, se a posse de um direito não se exercer dentro do prazo
previsto, tem-se, por conseqüência, a sua perda para o titular.

A perda da posse para o ausente se configura quando, tendo notícia da ocupação, se abstém o
ausente de retomar o bem, abandonando seu direito; quando, tentando recuperar a sua posse, for,
violentamente, repelido por quem detém a coisa e se recusa, terminantemente, a entregá-la.

EFEITOS DA POSSE

Os efeitos da posse são as conseqüências jurídicas por ela produzidas, em virtude de lei ou de
norma jurídica.

Ação de manutenção de posse é o meio de que se pode servir o possuidor que sofrer turbação a
fim de se manter na sua posse, receber indenização dos danos sofridos e obter a cominação da
pena para o caso de reincidência ou, ainda, se de má fé o turbador, remover ou demolir
construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

Turbação é todo ato que embaraça o livre exercício da posse, haja, ou não, dano, tenha, ou não,
o turbador melhor direito sobre a coisa; pode ser de fato (consiste na agressão material dirigida
contra a posse) ou de direito (é a que opera judicialmente, quando o réu contesta a posse do
autor, ou por via administrativa).

Ação de reintegração de posse é movida pelo esbulhado, a fim de recuperar a posse perdida em
razão de violência, clandestinidade ou precariedade; pode o possuidor intentá-la não só contra o
esbulhador, mas também contra terceiro, que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era.

Esbulho é o ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse, injustamente, por violência, por
clandestinidade e por abuso de confiança.

Interdito proibitório é a proteção preventiva da posse ante a ameaça de turbação ou esbulho;


assim o possuidor direto ou indireto, ameaçado de sofrer turbação ou esbulho, previne-os,
obtendo mandado judicial para segurar-se da violência iminente; só produz efeitos depois de
julgado por sentença.

Nunciação de obra nova é a ação que visa impedir que o domínio ou a posse de um bem imóvel
seja prejudicada em sua natureza, substância, servidão ou fins, por obra nova no prédio vizinho;
só cabe se a obra contígua está em vias de construção; seu principal objetivo é o embargo à
obra, ou seja, impedir sua construção.

Ação de dano infecto é uma medida preventiva utilizada pelo possuidor, que tenha fundado

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receio de que a ruína ou demolição ou vício de construção do prédio vizinho ao seu venha
causar-lhe prejuízos, para obter, por sentença, do dono do imóvel contíguo caução que garanta a
indenização de danos futuros; não é propriamente uma ação possessória, mas sim cominatória,
ante sua finalidade puramente acautelatória.

Ação de imissão de posse é a que tem por escopo a aquisição da posse pela via judicial; embora
o novo CPC não a tenha previsto, de modo específico, o autor poderá propô-la desde que
imprima ao feito o rito comum (ação ordinária de imissão de posse), que objetivará a obtenção
da posse nos casos legais.

Embargos de terceiro senhor e possuidor é o processo acessório que visa defender os bens
daqueles que, não sendo parte numa demanda, sofrem turbação ou esbulho em sua posse ou
direito, por efeito de penhora, depósito, arresto, seqüestro, venda judicial, arrecadação,
arrolamento, inventário, partilha ou outro ato de apreensão judicial.

No direito à percepção dos frutos, o possuidor tem direito à percepção dos frutos, que são
utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja percepção se dá sem detrimento de sua
substância; em relação a sua percepção, que é o ato material pelo qual o possuidor se torna
proprietário dos frutos dividem-se em: pendentes (quando unidos à coisa principal); percebidos
(quando colhidos); estantes (quando armazenados para venda); percepiendos (quando deviam
ter sido, mas ainda não foram colhidos) e consumidos (quando, ante sua utilização pelo
possuidor, não mais existem), o possuidor de boa fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos tempestivamente, equiparando-se ao dono, uma vez que possui o bem; o possuidor
de má fé responde por todos os prejuízos que causou pelos frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber; tem, porém, direito às despesas de produção
e custeio, a fim de se evitar enriquecimento ilícito, mas não tem direito a quaisquer frutos.

O possuidor tem direito à indenização das benfeitorias, que são obras ou despesas efetuadas
num coisa para conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la, bem como o direito de retenção, que é o
direito que tem o devedor de uma obrigação reter o bem alheio em seu poder, para haver do
credor da obrigação as despesas feitas em benefício da coisa; o possuidor de boa fé, privado do
bem em favor do reivindicante ou evictor, tem direito de ser indenizado das benfeitorias
necessárias e úteis, e de levantar, desde que não danifique a coisa, as voluptuárias; o possuidor
de má fé sé é ressarcido do valor das benfeitorias necessárias, executadas para a conservação da
coisa.

O possuidor tem responsabilidade pela deterioração e perda da coisa, sendo que o de boa fé não
responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa, a não ser que concorra
propositadamente para que se dê a deterioração ou a perda do bem; o de má fé responde pela
perda e deterioração, mas poderá exonerar-se dessa responsabilidade se demonstrar que esses
fatos se verificariam de qualquer modo, ainda que estivesse o bem em poder do reivindicante.

PROPRIEDADE

Propriedade é o direito que a pessoa, física ou jurídica, tem, dentro dos limites normativos, de
usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem
injustamente o detenha; a propriedade não é a soma desses atributos, ela é direito que
compreende o poder de agir diversamente em relação ao bem, usando, gozando ou dispondo
dele.

Jus utendi é o direito de usar a coisa, dentro das restrições legais, a fim de evitar o abuso de
direito, limitando-se, portanto, o bem-estar da coletividade; o direito de usar da coisa é o de tirar
dela todos os serviços que ela pode prestar, sem que haja modificação em sua substância.

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Jus fruendi exterioriza-se na percepção dos frutos e na utilização dos produtos da coisa; é o
direito de gozar da coisa ou de explorá-la economicamente.

Jus abutendi ou disponendi equivale ao direito de dispor da coisa ou poder de aliená-la a título
oneroso (venda) ou gratuito (doação), abrangendo o poder de consumi-la e o poder de gravá-la
de ônus (penhor, hipoteca, etc.) ou de submetê-la ao serviço de outrem.

Rei vindicatio é o poder que tem o proprietário de mover ação para obter o bem de quem
injustamente o detenha, em virtude do seu direito de seqüela, que é uma das características do
direito real.

O caráter pode ser absoluto devido a sua oponibilidade erga omnes, por ser o mais completo de
todos os direitos reais e pelo fato de que o seu titular pode desfrutar do bem como quiser,
sujeitando-se apenas às limitações legais impostas em razão do interesse público ou da
coexistência do direito de propriedade de outros titulares.

O caráter pode ser exclusivo em virtude do princípio de que a mesma coisa não pode pertencer
com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas; o direito de um sobre
determinado bem, exclui o direito de outro sobre o mesmo bem.

Caráter perpétuo é característica da perpetuidade do domínio resulta do fato de que ele subsiste
independentemente de exercício, enquanto não sobrevier causa extintiva legal ou oriunda da
própria vontade do titular, não se extinguindo, portanto, pelo não uso.

No caráter elástico o domínio pode ser distendido ou contraído, no seu exercício, conforme lhe
adicionem ou subtraiam poderes destacáveis.

Quanto ao objeto, inicialmente, poder-se-á dizer que pode ser objeto da propriedade tudo aquilo
que dela não for excluído por força da lei; tanto as coisas corpóreas como as incorpóreas podem
ser objeto do domínio desde que apropriáveis pelo homem, que, como sujeito da relação
jurídica, poderá exercer sobre ela todos os poderes dentro dos limites impostos pela ordem
jurídica.

A propriedade é plena quando todos os seus elementos constitutivos se acham reunidos na


pessoa do proprietário, ou seja, quando seu titular pode usar, gozar e dispor do bem de modo
absoluto, exclusivo e perpétuo, bem como reivindicá-lo de quem, injustamente o detenha.

A propriedade será restrita ou limitada quando se desmembra um ou alguns de seus poderes que
passa a ser de outrem, caso em que se constitui o direito real sobre coisa alheia.

Propriedade perpétua é a que tem duração ilimitada.

Propriedade resolúvel ou revogável é a que encontra, no seu título constitutivo, uma razão de
sua extinção, ou seja, as próprias partes estabelecem uma condição resolutiva.

O proprietário responde objetiva ou subjetivamente pelos prejuízos, se houver nexo de


causalidade entre o dano causado pela coisa e sua conduta; responde subjetivamente por danos
causados por animais de sua propriedade, porque há presunção juris tantum de que tem
obrigação de guardá-los e fiscalizá-los; responde pelos prejuízos causados por coisa que ante
sua periculosidade deve ser controlada por ele; responde pelos danos causados por coisas não
perigosas.

No que se refere a tutela específica do domínio, existe a ação de reivindicação para retomar o
bem de quem o injustamente o detenha; ação negatória se sofrer turbação no exercício de seu
direito; ação declaratória para dissipar dúvidas concernentes ao domínio; ação de indenização

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por prejuízo causado por ato ilícito; ação de indenização quando sua propriedade é diminuída
em razão de um acontecimento natural como no caso de avulsão.

Ter-se-á aquisição originária da propriedade imobiliária quando o indivíduo faz seu o bem sem
que este lhe tenha sido transferido por alguém, não havendo qualquer relação entre o domínio
atual e o anterior, como ocorre com a acessão e o usucapião.

A aquisição será derivada quando houver transmissibilidade de domínio por ato causa mortis ou
inter vivos; tal se dá no direito hereditário e no negócio jurídico seguido de registro do título de
transferência na circunscrição imobiliária competente.

Na aquisição pela transcrição do título estão sujeitos à transcrição no respectivo registro os


títulos translativos da propriedade imóvel por ato inter vivos, onerosos ou gratuitos, porque os
negócios jurídicos não são hábeis para transferir o domínio de bem imóvel; sem o Registro
Público não há transferência de propriedade; a transcrição só produz efeitos a partir data em que
se apresentar o título ao oficial do Registro e este o prenotar no protocolo.

Aquisição por acessão é o modo originário de adquirir, em virtude do qual fica pertencendo ao
proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu bem; a acessão vem a ser o direito em
razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir o domínio de tudo aquilo que a ele
adere; possui duas modalidades:

a) a acessão natural que se dá quando a união ou incorporação de coisa acessória à principal


advém de acontecimento natural (formação de ilhas, aluvião, avulsão e o abandono de álveo);

b) a acessão industrial ou artificial, quando resulta do trabalho do homem (plantações e as


construções de obras).

Formação de ilhas é a acessão em rios não navegáveis ou particulares, em virtude de


movimentos sísmicos, de depósito pauliano de areia, cascalho ou fragmentos de terra, trazidos
pela própria corrente, ou de rebaixamento de águas, deixando descoberto e a seco u ma parte do
fundo ou do leito.

Aluvião dá-se quando há acréscimo paulatino de terras às margens de um rio, mediante lentos e
imperceptíveis depósitos ou aterros naturais ou desvio das águas, acréscimo este que importa
em aquisição de propriedade por parte do dono do imóvel a que se aderem essas terras; será
própria a aluvião quando o acréscimo se forma pelos depósitos ou aterros naturais nos terrenos
marginais do rio; e imprópria quando tal acréscimo se forma em razão do afastamento das águas
que descobrem parte do álveo.

Avulsão se dá pelo repentino deslocamento de uma porção de terra por força natural violente,
desprendendo-se de um prédio para se juntar a outro; o proprietário do imóvel desfalcado não
perderá a parte deslocada; poderá pedir sua devolução desde que reconhecível, mas não lhe será
lícito exigir indenização.

O abandono de álveo tem-se por um rio que seca ou se desvia em virtude de fenômeno natural.

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Acessões artificiais são as que derivam de um comportamento ativo do homem, dentre elas as
plantações e construções de obras, processando-se de móvel a imóvel; possui caráter oneroso e
se submete à regra de que tudo aquilo que se incorpora ao bem em razão de uma ação qualquer,
cai sob o domínio de seu proprietário ante a presunção juris tantum.

Aquisição por usucapião é um modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais pela
posse prolongada da coisa com a observância dos requisitos legais; é uma aquisição de domínio
pela posse prolongada; o usucapião tem por fundamento a consolidação da propriedade, dando
juridicidade a uma situação de fato: a posse unida ao tempo; a posse é o fato objetivo, e o
tempo, a força que opera a transformação do fato em direito.

USUCAPIÃO

Os requisitos pessoais do usucapião consistem nas exigências em relação ao possuidor que


pretende adquirir o bem e ao proprietário que, conseqüentemente, o perde; há necessidade que o
adquirente seja capaz e tenha qualidade para adquirir o domínio por essa maneira; os requisitos
reais são alusivos aos bens e direitos suscetíveis de serem usucapidos, pois nem todas e nem
todos os direitos podem ser adquiridos por usucapião.

Jamais poderão ser objeto de usucapião:

a) as coisas que estão fora do comércio;

b) os bens públicos que estando fora do comércio são inalienáveis;

c) os bens que, por razões subjetivas, apesar de se encontrarem in commercio, dele são
excluídos, necessitando que o possuidor invertesse o seu título possessório.

Quanto aos direitos, somente os reais que recaírem sobre bens prescritíveis podem ser
adquiridos por usucapião; dentre eles, a propriedade, as servidões, a enfiteuse, o usufruto, o uso
e a habitação; seus requisitos formais compreendem quer os elementos necessários e comuns do
instituto, como a posse, o lapso de tempo e a sentença judicial, quer os especiais, como o justo
título e a boa fé.

Alienação é a forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse direito, por
vontade própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa; é a transmissão de um direito de
um patrimônio a outro; essa transmissão pode ser a título gratuito, como a doação, ou oneroso,
como a compra e venda, troca, dação em pagamento.

Renúncia é um ato unilateral, pelo qual o proprietário declara, expressamente, o seu intuito de
abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa que não precisa manifestar
sua aceitação.

Abandono é o ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz, voluntariamente, do seu


imóvel, porque não quer mais continuar sendo, por várias razões, o seu dono; é necessário a
intenção abdicativa; simples negligência ou descuido não a caracterizam.

Transações imobiliárias – Bases Jurídicas do Comércio Imobiliário 22


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Como não há direito sem objeto, com o perecimento do imóvel extingue-se o direito; esse
perecimento pode decorrer de ato involuntário, se resultante de acontecimentos naturais, ou de
ato voluntário do titular do domínio, como no caso de destruição.

Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder Público, compulsoriamente, por ato


unilateral despoja alguém de um certo bem, fundado em necessidade pública, utilidade pública
ou interesse social, adquirindo-o, mediante prévia e justa indenização, pagável em dinheiro ou
se o sujeito concordar, em títulos de dívida pública, com cláusula de exata correção monetária,
ressalvado à União o direito de saldá-la por este meio nos casos de certas datas rurais, quando
objetivar a realização de justiça social por meio de reforma agrária.

Requisição é o ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse público, constitui alguém de
modo unilateral e auto executório, na obrigação de prestar-lhe um serviço ou ceder-lhe,
transitoriamente, o uso de uma coisa, obrigando-se a indenizar os prejuízos que tal medida,
efetivamente, acarretar ao obrigado.

Temos condomínio quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma
delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes; concede-se a cada
consorte uma quota ideal qualitativamente igual da coisa e não uma parcela material desta; por
conseguinte, todos os condôminos têm direitos qualitativamente iguais sobre a totalidade do
bem, sofrendo limitação na proporção quantitativa em que decorrem com os outros comunheiros
na titularidade sobre o conjunto.

A classificação quanto à sua origem pode ser convencional (se resultar de acordo de vontade
dos consortes, nascendo de um negócio jurídico pelo qual 2 ou mais pessoas adquirem ou
colocam um bem em comum para dele usar e gozar), incidente ou eventual (quando ela vier a
lume em razão de causas alheias à vontade dos condôminos, como ocorre com a doação em
comum a 2 ou mais pessoas) e forçado ou legal (quando derivar de imposição de ordem jurídica,
como conseqüência inevitável do estado de indivisão da coisa).

Quanto ao seu objeto pode ser a comunhão universal (se compreender a totalidade do bem,
inclusive frutos e rendimento) ou particular (se se restringir a determinadas coisas ou efeitos,
ficando livres os demais).

Quanto à sua necessidade, tem-se o condomínio ordinário ou transitório (denomina-se assim,


aquele que, oriundo ou não de convenção, vigora durante um certo lapso de tempo ou enquanto
não se lhe ponha termo, mas que sempre e em qualquer momento pode cessar) e o permanente
(não poderá extinguir-se dada a natureza do bem ou em virtude da relação jurídica que o gerou
ou do exercício do direito correlativo).

Quanto à sua forma, apresenta-se como condomínio pro diviso (a comunhão existe
juridicamente, mas não de fato, já que cada comproprietário tem uma parte certa e determinada
do bem) e pro indiviso (a comunhão perdura de fato e de direito; todos permanecem na
indivisão, não se localizando o bem, que se mantém indiviso).

O fundamento das limitações encontra-se no primado do interesse coletivo ou público sobre o


individual e na função social da propriedade, visando proteger o interesse público social e o
interesse privado, considerado em relação à necessidade social de coexistência pacífica; sua
natureza é de obrigação propter rem, porque tanto o devedor como o credor são titulares de um
direito real, pois ambos os direitos incidem sobre a mesma coisa, só que não são oponíveis erga
omnes nem interessam a terceiros.

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As restrições em virtude de interesse social pressupõe a idéia de subordinação do direito de


propriedade privado aos interesses públicos e às conveniências sociais; são restrições
imprescindíveis ao bem-estar coletivo e à própria segurança da ordem econômica e jurídica do
país.

As limitações ao domínio baseadas no interesse privado inspiram-se no propósito de


coexistência harmônica e pacífica de direitos, fundando-se no próprio interesse do titular do
bem ou de terceiro, a quem este pretende beneficiar, não afetando, dessa forma, a extensão do
exercício do direito de propriedade; caracteriza-se por sua bilateralidade ante o vínculo
recíproco que estabelece.

Direito de vizinhança são limitações impostas por normas jurídicas às propriedades individuais,
com o escopo de conciliar interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes
ao domínio e de modo a regular a convivência social.

Passagem forçada é o direito que tem o proprietário de prédio rústico ou urbano, que se encontra
encravado em outro, sem saída para a via pública, fonte ou porto, de reclamar do vizinho que
lhe deixe passagem, fizando-se a esta judicialmente o rumo, quando necessário.

No que se refere ao direito de tapagem, o proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar
de qualquer modo o seu prédio urbano ou rural, para que possa proteger, dentro de seus limites,
a exclusividade de seu domínio, desde que observe as disposições regulamentares e não cause
dano ao vizinho.

O direito de construir constitui prerrogativa inerente da propriedade o direito que possui o seu
titular de construir em seu terreno o que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os
regulamentos administrativos.

São modos aquisitivos e extintivos da propriedade mobiliária: a ocupação, a especificação, a


confusão, a comistão, a adjunção, o usucapião, a tradição e a sucessão hereditária; são
considerados modos originários de aquisição e perda: a ocupação e o usucapião, porque neles
não há qualquer ato volitivo de transmissibilidade, aos passo que as outras modalidades, acima
citadas, são tidas como derivados, porque só se perfazem com a manifestação do ato acima
mencionado.

Ocupação é o modo de aquisição originário por excelência de coisa móvel ou semovente, sem
dono, por não ter sido ainda apropriada, ou por ter sido abandonada não sendo essa apropriação
defesa por lei;

Apresenta-se sob 3 formas:

a) a ocupação propriamente dita, que tem por objeto seres vivos e coisas inanimadas; suas
principais manifestações são a caça e a pesca, disciplinadas por leis especiais;

b) a invenção, que é relativa a coisas perdidas;

c) tesouro, concernente à coisa achada.

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Usucapião é o modo originária de bens móveis; o fundamento em que se baseia o usucapião de


bens móveis é o mesmo que inspira o dos imóveis, ou seja, a necessidade de dar juridicidade a
situações de fato que se alongaram no tempo.

Especificação é o modo de adquirir a propriedade mediante transformação de coisa móvel em


espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do especificador, desde que não seja
possível reduzi-la à sua forma primitiva.

Confusão, comistão e adjunção ocorrem quando coisas pertencentes a pessoas diversas se


mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las; tem-se a confusão, se a mistura se der
entre coisas líquidas; a comistão, se se der entre coisas secas ou sólidas; quando, tão-somente,
houver uma justaposição de uma coisa a outra, que não torne mais possível destacar a acessória
da principal, sem deterioração, dá-se a adjunção.

Tradição vem ser a entrega da coisa móvel ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o
domínio, em razão de título translativo de propriedade; o contrato, por si só, não é apto para
transferir o domínio, contém apenas um direito pessoal; só com a tradição é que essa declaração
translatícia de vontade se transforma em direito real.

Propriedade resolúvel é aquela que no próprio título de sua constituição encerra o princípio que
a tem de extinguor, realizada a condição resolutória, ou vindo o termo extintivo, seja por força
de declaração de vontade, seja por determinação da lei; imprescindível é a expressa declaração
de vontade nesse sentido; pode advir de um negócio jurídico a título gratuito ou oneroso, inter
vivos ou causa mortis.

Direito de autor é um conjunto de prerrogativas de ordem não-patrimonial e de ordem


pecuniária que a lei reconhece a todo criador de obras literárias, artísticas e científicas de
alguma originalidade, no que diz respeito à sua paternidade a ao seu ulterior aproveitamento,
por qualquer meio durante toda sua vida e aos sucessores, ou pelo prazo que ela fixar.

Direitos morais são aqueles em que se reconhece ao autor a paternidade da obram sendo,
portanto, inseparáveis de seu autor, perpétuos, inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis,
uma vez que são atributos da personalidade do autor.

Direitos patrimoniais são direito de utilizar-se economicamente da obra, publicando-a,


difundindo-a, traduzindo-a, transferindo-a, autorizando sua utilização, no todo ou em parte, por
terceiro.

Direitos reais são os direitos subjetivos de ter, como seus, objetos materiais ou coisas
corpóreas ou incorpóreas; as coisas a que se referem os direitos reais são, primordialmente,
objetos pertencentes aos titulares desses direitos, como propriedade deles, constituindo o
domínio desses indivíduos.

ENFITEUSE

Enfiteuse é o desmembramento da propriedade, do qual resulta o direito real perpétuo. em que


o titular (enfiteuta), assumindo o domínio útil da coisa, constituído de terras não cultivadas ou
terrenos por edificar (prazo, bem enfitêutico ou bem foreiro), é assistido pela faculdade de lhe
fruir todas as qualidades, sem destruir a substância, mediante a obrigação de pagar ao

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proprietário (senhorio direto) uma pensão anual invariável (foro);

Dá-se a enfiteuse, aforamento ou aprazamento quando, por ato entre vivos, ou de última
vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o
adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro anual, certo e
invariável.

Quanto à natureza, a enfiteuse é o mais amplo direito real sobre coisa imóvel alheia, já que
com ela se pode tirar da coisa todas as utilidades e vantagens que encerra e de empregá-la nos
misteres a que, por sua natureza, se presta, sem destruir-lhe a substância e com a obrigação de
pagar ao proprietário uma certa renda anual.

Só pode ter objeto coisa imóvel, limitando-se a terras não cultivadas e aos terrenos que se
destinem à edificação; pode ter por objeto terrenos de marinha e acrescidos.

Constitui-se a enfiteuse pela transcrição (lei 6015/73, art. 167, I, n.10), pela sucessão
hereditária e pelo usucapião.

Extingue-se a enfiteuse:

a) pela natural deterioração do prédio aforado;

b) pelo omisso, deixando o foreiro de pagar as pensões devidas por 3 anos consecutivos;

c) pelo falecimento do enfiteuta sem herdeiros, salvo direito de credores;

d) pela confusão, ou seja, quando as condições de senhorio e enfiteuta reúnem-se na mesma


pessoa;

e) pelo perecimento do prédio aforado;

f) pelo usucapião do imóvel enfitêutico;

g) pela desapropriação do prédio aprazado, tendo o enfiteuta direito de receber a indenização,


da qual se deduzirá o que se deve pagar ao senhorio direto.

SERVIDÕES PREDIAIS

Servidões prediais são as restrições às faculdades de uso e gozo que sofre a propriedade em
benefício de alguém; é o direito real constituído em favor de um prédio (dominante), sobre outro
prédio (serviente), pertencente a dono diverso (Lafayette); é um direito real de fruição ou gozo
de coisa imóvel alheia, limitado e imediato, que impõe um encargo ao prédio serviente em
proveito do dominante.

Têm por objetivo precípuo proporcionar uma valorização do prédio dominante, tornando-o mais
útil, agradável ou cômodo; implica, por outro lado, uma desvalorização econômica do prédio
serviente, levando-se em conta que as servidões prediais são perpétuas, acompanhando sempre
os imóveis quando transferidos.

Quanto aos princípios fundamentais:

1) é em regra, uma relação entre prédios vizinhos (praedia debent esse vicina), embora a

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contigüidade entre prédios dominante e serviente não seja essencial;

2) a servidão não pode recair sobre prédio do próprio titular, logo não há servidão sobre a
própria coisa;

3) a servidão serve a coisa e não o dono, por essa razão distingue-se da obrigação;

4) não se poder uma servidão constituir outra;

5) a servidão não se presume, porque deve ser constituída de modo expresso e transcrita no
Registro de Imóveis;

6) a servidão, uma vez constituída em benefício de um prédio, é inalienável.

No que se refere à natureza jurídica, é um direito real de gozo ou fruição sobre imóvel alheio, de
caráter acessório, perpétuo, indivisível e inalienável.

Quanto aos modos de constituição, pode ocorrer por:

a) ato inter vivos ou causa mortis;

b) sentença judicial;

c) usucapião;

d) destinação do proprietário.

No direito brasileiro as ações que amparam as servidões são:

a) ação confessória, que tem por escopo reconhecer sua existência, quando negada ou
contestada pelo proprietário do prédio gravado;

b) ação negatória a que pode recorrer o dono do prédio serviente para provar que inexiste ônus
real, ou para defender seus direitos contra o proprietário do imóvel dominante que, sem título,
pretender ter a servidão sobre o prédio, ou então para ampliar os direitos já existentes;

c) ação de manutenção de posse, outorgada ao dono do prédio dominante, se este tiver sua posse
protestada pelo dono do serviente;

d) ação de nunciação de obra nova para defender a servidão tigni immitendi;

e) ação de usucapião, nos casos expressamente previstos em lei.

A servidão extingue-se pela:

a) renúncia do seu titular;

b) impossibilidade de seu exercício;

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c) resgate, ou seja, quando o proprietário do imóvel serviente resgatar a servidão;

d) pela confusão;

e) pela supressão;

f) pelo desuso durante 10 anos;

g) pelo perecimento ou desaparecimento do objeto;

h) pelo decurso do prazo (se foi constituída a termo, ou o implemento da condição, se a ela
estava subordinada);

i) pela convenção, se a servidão é oriunda de um ato de vontade.

USUFRUTO

Usufruto é o direito real conferido a alguém de retirar, temporariamente, da coisa alheia os


frutos e utilidades que ela produz, sem alterar-lhe a substância.

Seu objeto poder ser os bens móveis infungíveis e inconsumíveis, os imóveis; pode ter ainda
como objeto um patrimônio, no todo ou em parte, o que, comumente, ocorre na sucessão
hereditária, quando o testador grava, por exemplo, parte de seu patrimônio com o ônus do
usufruto; pode, ainda, gravar direitos, desde que sejam transmissíveis.

É um direito real sobre a coisa alheia, temporário, intransmissível, inalienável e impenhorável.

São espécies de usufruto:

1) quanto à origem pode ser legal (quando for instituído por lei em benefício de determinadas
pessoas) ou convencional (ocorre quando um direito real de gozar e usar, temporariamente, dos
frutos e das utilidades de uma coisa alheia, advém de um ato jurídico inter vivos (um contrato)
ou causa mortis (testamento));

2) quanto ao seu objeto, subdivide-se em próprio (é o que tem por objeto coisas inconsumíveis e
infungíveis, cujas substâncias podem ser conservadas e restituídas ao nu proprietário) ou
impróprio (é o que recai sobre bens consumíveis ou fungíveis;

3) quanto a sua extensão, apresenta-se como: a) universal (é o que recai sobre uma
universalidade de bens, como o patrimônio) ou particular (quando tem por objeto uma ou várias
coisas individualmente determinadas);

b) pleno (quando abranger todos os frutos e utilidades, sem exceção que a coisa produz) ou
restrito (se se excluem do gozo do bem algumas de suas utilidades);

4) quanto a sua duração, pode ser temporário (quando sua duração se submete a prazo
preestabelecido, extinguindo-se com sua verificação) ou vitalício (perdura até a morte do
usufrutuário).

Constitui-se o usufruto por lei, por ato jurídico inter vivos ou causa mortis, por sub-rogação
real, por usucapião ou por sentença.

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O usufruto extingue-se:

a) pela morte do usufrutuário;

b) pelo advento do termo de sua duração;

c) pelo implemento de condição resolutiva estabelecida pelo instituidor;

d) pela cessação da causa de que se origina;

e) pela destruição da coisa não sendo fungível;

f) pela consolidação;

g) pela prescrição;

h) por culpa do usufrutuário;

i) pela renúncia;

j) pela resolução do domínio de quem os constituiu.

USO

Uso é um direito real, que a título gratuito, autoriza uma pessoa a retirar, temporariamente, de
coisa alheia, todas as utilidades para atender às suas próprias necessidades e às de sua família; O
usuário fruirá a utilidade da coisa dada em uso, quando o exigirem as necessidades pessoais
suas e de sua família.

É um direito real sobre coisa alheia, temporário, indivisível, intransmissível ou incessível e é


personalíssimo.

Pode recair tanto sobre bens móveis (infungíveis e inconsumíveis) como imóveis, como sobre
bens corpóreos ou incorpóreos; pode também ser objeto terrenos públicos e particulares.

Não pode ser constituído por lei; deriva ele de ato jurídico inter vivos ou causa mortis; por
sentença judicial; por usucapião, desde que cumpridos os requisitos exigidos por lei.

Extingue-se pelas mesmas causas do usufruto: morte do usuário, advento do prazo final,
perecimento o objeto, consolidação, renúncia, etc.

CONTRATOS

Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a


estabelecer um regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir,
modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial; sendo um negócio jurídico,
requer, para sua validade, a observância dos requisitos legais (agente capaz, objeto lícito e
forma prescrita ou não defesa em lei).

Requisitos subjetivos: existência de duas ou mais pessoas; capacidade genérica das partes
contratantes para pratica atos da vida civil; aptidão específica para contratar; consentimento das
partes contratantes.

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Requisitos objetivos: dizem respeito ao objeto do contrato; a validade e eficácia do contrato,


como um direito creditório, dependem da: a) licitude de seu objeto; b) possibilidade física ou
jurídica do objeto; c) determinação de seu objeto, pois este deve ser certo ou, pelo menos,
determinável; d) economicidade de seu objeto, que deverá versar sobre interesse
economicamente apreciável, capaz de se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro.

Requisitos formais: são atinentes à forma do contrato; a regra é a liberdade de forma,


celebrando-se o contrato pelo livre consentimento das partes contratantes (CC, arts. 129 e 1079).

Quanto aos princípios fundamentais do direito contratual, temos os seguintes:

Princípio da autonomia da vontade: nele se funda a liberdade contratual dos contratantes,


consistindo no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de
vontades, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.

Princípio do consensualismo: segundo o qual o simples acordo de 2 ou mais vontades basta para
gerar o contrato válido.

Princípio da obrigatoriedade da convenção: pelo qual as estipulações feitas no contrato deverão


ser fielmente cumpridas (pacta sunt servanda), sob pena de execução patrimonial contra o
inadimplente.

Princípio da relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual: visto que não aproveita nem
prejudica terceiros, vinculando exclusivamente as partes que nele intervierem.

Princípio da boa fé: segundo ele, o sentido literal da linguagem não deverá prevalecer sobre a
intenção inferida da declaração de vontade das partes.

DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Elementos indispensáveis são o acordo de vontades das partes contratantes, tácito ou expresso,
que se manifesta de um lado pela oferta e de outro pela aceitação, e a proposta e a aceitação são
elementos indispensáveis à formação do contrato.

As negociações preliminares nada mais são do que conversações prévias, sondagens e estudos
sobre os interesses de cada contratante, tendo em vista o contrato futuro, sem que haja qualquer
vinculação jurídica entre os participantes.

Proposta é uma receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende
celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar
vinculada, se a outra parte aceitar.

A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente. de não revogá-la por


um certo tempo a partir de sua existência.

A aceitação é a manifestação da vontade, expressa ou tácita, da parte do destinatário de uma


proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta em todos os seus termos, tornando o contrato
definitivamente concluído, desde que chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante.

Momento da conclusão do contrato: entre presentes, as partes encontrar-se-ão vinculadas no

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mesmo instante em que o oblata aceitar a oferta; só então o contrato começará a produzir efeitos
jurídicos; entre ausentes, os contratos por correspondência epistolar ou telegráfica tornam-se
perfeitos desde que a aceitação é expedida, desde que não se apresentem as exceções legais,
hipótese em que se aplica a teoria da recepção.

Lugar de celebração: O negócio jurídico contratual reputar-se-á celebrado no lugar em que foi
proposto.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

Contratos comutativos são aqueles em que a prestação e a contraprestação são equivalentes


entre si e suscetíveis de imediata apreciação quanto à sua equivalência; ex: compra e venda.

Contratos aleatórios são aqueles cujas prestações somente serão cumpridas pela ocorrência de
evento futuro e imprevisível, sendo, portanto, incertas quanto à quantidade ou extensão, e
podendo culminar em perda, em lugar de lucro; ex: seguro

Contratos nomidados e inominados: nominados são aqueles que possuem denominação legal
(nomen iuris), obedecem a um padrão definido e regulado em lei; inominados são aqueles que
não se enquadram em nenhum diploma legal e não têm denominação legal própria; surgem,
geralmente, na vida cotidiana, pela fusão de 2 ou mais tipos contratuais.

Contratos gratuitos são aqueles em que somente uma das partes cumpre a prestação, e a outra
não se obriga, limitando-se a aceitar a prestação; ex: doação sem encargo, comodato.

Contratos onerosos são aqueles em que uma das partes paga à outra em dinheiro; ex: locação.

Contratos consensuais, também denominados contratos não solenes, são aqueles que
independem de forma especial, para cujo aperfeiçoamento basta o consentimento das partes.

Contratos formais, denominados solenes, são os que somente se perfazem se for obedecida
forma especial; ex: compra e venda de valor superior ao legal, que depende de escritura pública
e também transcrição do ato no Registro Imobiliário.

Contratos reais são aqueles que, para se aperfeiçoaram, necessitam não apenas do
consentimento mútuo dos contratantes, mas também da entrega da coisa; ex: depósito.

Contratos principais são aqueles que podem existir independentemente de quaisquer outros; ex:
compra e venda.

Contratos acessórios são aqueles que têm por finalidade assegurar o cumprimento de outro
contrato, denominado principal; ex: fiança.

Contratos paritários são aqueles em que as partes interessadas, colocadas em pé de igualdade,


discutem, os termos do ato negocial, eliminando os pontos divergentes mediante transigência
mútua.

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Os contratos de adesão excluem a possibilidade de qualquer debate e transigência entre as


partes, uma vez que um do contratantes se limita a aceitar as cláusulas e condições previamente
redigidas e impressas pelo outro, aderindo a uma situação contratual já definida em todos os
seus termos.

Contratos de execução imediata são os que se esgotam num só instante, mediante uma única
prestação; ex: compra e venda de uma coisa à vista.

Contratos de execução continuada são os que se protraem no tempo, caracterizando-se pela


prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de
tempo; ocorrem quando a prestação de um ou ambos os contraentes se dá a termo; ex: compra e
venda à prazo.

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TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE IMÓVEIS

TRIBUTOS MUNICIPAIS - FORTALEZA:

IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

Fato Gerador

A propriedade, o domínio útil, a posse do bem imóvel por natureza ou acessão física.

Contribuinte

O proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, o seu possuidor a qualquer título, o
titular do direito de usufruto, de uso ou habitação, o compromissário comprador, o comodatário
ou credor anticrético.

Alíquotas Aplicadas (Lei Complementar nº 033/2006)

Imóvel Residencial

Valor Venal Alíquota Redutor


até R$58.500,00 0,6% Não há redutor
acima de R$58.500,00 e 0,8% Aplicar um redutor de R$ 117,00 sobre o valor do
até R$ 210.600,00 imposto
acima de R$ 210.600,00 1,4% Aplicar um redutor de R$ 1.380,60 sobre o valor do
imposto

Não Residencial

Valor Venal Alíquota Redutor


até R$ 210.600,00 1,0% Não há redutor
acima de R$ 210.600,00 2,0% Aplicar um redutor de R$ 2.106,00 sobre o valor do
imposto

Terreno não edificados

Localização Alíquota Redutor


Localizados em áreas desprovidas de infra-estrutura 1,0% Não há redutor
urbana
Localizados em áreas que possuam infra-estrutura 2,0% Não há redutor
urbana.

Recolhimento do Imposto

É anual, podendo ser pago na rede bancária conveniada em até 11 (onze) parcelas mensais e
sucessivas, a partir de fevereiro, sendo cada parcela não inferior a R$ 30,00 (trinta reais),
vencíveis no quinto dia útil de cada mês.

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Isenção
 contribuinte que comprove possuir um único imóvel no município de Fortaleza, e que o mesmo
seja utilizado exclusivamente para sua residência, desde que o valor venal seja de até R$
26.373,85 (vinte e seis mil trezentos e setenta e três reais e oitenta e cinco centavos);
 imóveis que servem exclusivamente de sede a templos religiosos, independentemente da
condição de locatário ou proprietário do imóvel;
 imóvel pertencente a servidor público municipal de sua propriedade e que o utilize
exclusivamente para sua residência;
 imóvel pertencente a ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, que tenha participado de
operações bélicas como integrantes do Exército, da Marinha de Guerra, da Marinha Mercante e
da Aeronáutica, cuja situação esteja definida na Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, bem
assim à viúva e herdeiro menor, desde que nele resida;
 imóvel pertencente a entidades populares, tais como, sindicatos, associações de moradores, de
jovens, de mulheres, estudantis, círculo operário e associação de caráter beneficente,
filantrópico, caritativo, artístico ou científico, que preencha a requisitos do art. 14, incisos I, II e
III, da Lei nº 5.672, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional) e desde que
ocupado pela entidade para o exercício exclusivo de suas atividades, independente da sua
condição de locatário ou proprietário do imóvel;
 imóvel pertencente à pessoa viúva, órfã menor, aposentada, pensionista ou inválida para o
trabalho em caráter permanente, quando nele resida e desde que não possua outro imóvel no
município. O contribuinte deve ter renda mensal de até 3 (três) salários mínimos e o valor venal
do imóvel deve ser de até R$ 70.000,00 (setenta mil reais);
 A parcela do terreno situada em área de preservação ambiental.

Descontos Especiais
 Imóveis residenciais situados na área compreendida entre as ruas: a leste, com a Rua João
Cordeiro; a oeste, a Av. Padre Ibiapina e a Av. Filomeno Gomes; ao norte, com a Av. Leste
Oeste; e ao sul, Av. Antônio Sales e Av. Domingos Olímpio, terão redução de 50% sobre o
valor do imposto;
 Imóveis comerciais situados na área compreendida entre as ruas: a leste, com a Rua João
Cordeiro; a oeste, a Av. Padre Ibiapina e a Av. Filomeno Gomes; ao norte, com a Av. Leste
Oeste; e ao sul, Av. Antônio Sales e Av. Domingos Olímpio, terão redução de 20% sobre o
valor global do imposto;
 Para obter estes benefícios o contribuinte deve estar em situação de regularidade junto ao
Fisco Municipal.

Imunidade
 Imóvel pertencente a partido político, inclusive suas fundações, entidades sindicais dos
trabalhadores, instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei, desde que relacionados com as finalidades essenciais das entidades
mencionadas;
 Autarquias e Fundações, instituídas e mantidas pelo poder público;

Transações imobiliárias – Bases Jurídicas do Comércio Imobiliário 34


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 Patrimônio pertencente a União, Estado ou Municípios (Administração Direta);


 Templos de qualquer culto.

ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis.

Fato Gerador

Transmissão onerosa, a qualquer título, da propriedade ou domínio útil de bens imóveis por
natureza ou acessão física. Transmissão a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto
os de garantia. A cessão de direito relativos às transmissões referidas anteriormente.

Incidência

Incide sobre bens imóveis situados no Município de Fortaleza.

Nas situações em que o ITBI não é pago, que são não incidência, isenção e imunidade, é
necessário solicitar, por escrito, o reconhecimento do benefício.

Não Incidência

Sobre bens e direitos, quando a transferência é realizada para incorporação ao patrimônio de


pessoa jurídica, em pagamento de capital nela subscrito ou decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, desde que a empresa não tenha como atividade
preponderante a compra e venda de bens imóveis e seus direitos reais, a locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil.

Isenção
 Servidor Público Municipal (ativo e inativo)
 Viúva (o) e filho (menor ou inválido) de Servidor Público Municipal
 Ex-Combatente da 2ª Guerra Mundial (viúva e herdeiro menor)
 Contribuinte comprovadamente pobre (renda até 3 salários mínimos) que não possua outro
imóvel residencial e que a avaliação seja inferior a R$ 33.220,97.

Imunidade
 Imóveis pertencentes à União, Distrito Federal e Município;
 Imóveis pertencentes a templos de qualquer culto;
 Imóveis pertencentes a partidos políticos, inclusive suas fundações; entidades sindicais dos
trabalhadores;
 das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos.

Base de Cálculo

É calculado sobre o valor venal do imóvel, considerando os valores aferidos no mercado


imobiliário.

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Alíquotas
Financiamento Valor Alíquota
Imóvel financiado pelo Sistema Financeiro da Sobre o valor financiado 0,5%
Habitação Sobre o valor não-financiado 2,0%
Nas demais transmissões Antecipado à escritura 2,0%
No registro 3,0%

Prazos para o Pagamento do Imposto


Alíquota normal (3%) Até 30 dias da data de lavratura do instrumento que servir de
base à transmissão do imóvel.
Alíquota com desconto Por antecipação, até a data da lavratura do instrumento que servir
(2%) base à transmissão do imóvel.

Multas
20% Por recolhimento do imposto fora do prazo (após os 30 dias da data da
lavratura).
30% Por falta de pagamento do imposto.
60% Por fraude, sonegação ou conluio.

Restituição
 Recolhimento a maior;
 Declarada, por decisão judicial, a nulidade do contrato pelo qual tiver sido pago;
 For reconhecida a isenção ou declarada a não incidência;
 Não se completar o ato ou contrato por força do qual tiver sido pago.

ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

Modificações da Lei Complementar Municipal nº 14 de 26 de dezembro de 2003

O Município de Fortaleza, visando adequar a legislação do Imposto sobre Serviços de Qualquer


Natureza - ISSQN à Lei Complementar Federal nº 116, de 31 de julho de 2003, editou a Lei
Complementar Municipal nº 14, de 26 de dezembro de 2003, publicada no Diário Oficial do
Município do mesmo dia.

A lei trouxe mudanças significativas no ISS, entre elas citamos as seguintes:

 Nova lista de incidência do imposto;


 Novas alíquotas para o imposto devido por pessoa jurídica;
 Novas cotas devidas pelos profissionais autônomos e sociedade de profissionais;
 Mudanças no local onde o imposto será devido;
 Inovações quanto aos contribuintes substitutos e responsáveis solidários pelos serviços
tomados;
 Mudanças na base de cálculo dos serviços de construção civil;
 Novas penalidades por descumprimento de obrigações acessórias, principalmente para os
usuários de cupom fiscal;
 Obrigatoriedade do uso de equipamento emissor de cupom fiscal para os prestadores de
serviços a serem eleitos em regulamento;
 Incentivo fiscal para os prestadores de serviço que iniciarem o uso do cupom fiscal.

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Estas mudanças introduzidas pela LC 14/2003 foram regulamentadas pelo Regulamento do


ISSQN, aprovado pelo Decreto nº 11.591, de 01 de março de 2004, que consolidou todas as
normas relativas ao ISSQN no Município de Fortaleza.

Veja como ficaram os principais elementos do ISSQN e as principais obrigações


acessórias, a partir das alterações:

Fato Gerador

O imposto sobre serviços de qualquer natureza tem como fato gerador a prestação de serviços
constantes da lista do anexo único da Lei Complementar nº 14/2003.

Base de Cálculo

A base de cálculo do imposto devido por empresa ou pessoa e esta equiparada é o preço do
serviço, incorporando-se à mesma os materiais envolvidos na prestação do serviço, salvo no
caso dos serviços de construção civil, em que podem ser deduzidos os valores dos materiais
empregados na obra.

Alíquotas em vigor a partir de 01 de janeiro de 2010

ISS devido por Pessoas Jurídicas


(conforme artigo 146-A da Lei nº 4.144/1972, com a redação da LC nº 14/2003)

ISS devido por Profissionais Autônomos (valores vigentes em 2010)


(conforme parágrafo 1º do artigo 148 da Lei nº 4.144/1972, com a redação da LC nº 14/2003)

Categoria Cota Fixa


Anual
Nível Superior ou Equiparados R$ 297,48
Nível Médio R$ 148,72
Agentes auxiliares do comércio
Artistas
Atletas
Modelos
Manequins
Motoristas autônomos R$ 121,68
Nível fundamental (não caracterizados como R$ 81,11
trabalhadores avulsos)

ISS devido por Sociedades de Profissionais (valores vigentes em 2010)


(conforme artigo 149-A da Lei nº 4.144/1972, com a redação da LC nº 14/2003)

Número de Profissionais Cota Mensal por Profissional


Sem equipe de Com equipe de
apoio apoio
Até 20 profissionais R$ 91,95 R$ 114,94
A partir de 21 R$ 101,40 R$ 126,74
profissionais

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Inscrição Municipal

A inscrição no Cadastro de Produtores de Bens e Serviços - CPBS deverá ser requerida


previamente ao início das atividades pelas seguintes pessoas, conforme estabelecido no
CAPÍTULO II do Regulamento do ISSQN:

 Pessoas Jurídicas, inclusive imunes ou isentas;


 Pessoas Físicas (profissionais autônomos).

De acordo com o Regulamento do ISSQN todas as pessoas jurídicas e equiparadas, sediadas no


Município de Fortaleza, independentemente do ramo de atividade, ficam obrigadas a
inscreverem-se no CPBS para fins de pagamento de ISS referente aos serviços prestados e/ou
retidos na fonte e à entrega de informação referente a estes serviços, através da Declaração
Digital de Serviços - DDS.

Os documentos a serem apresentados, por ocasião da solicitação de inscrição, deverão ser


apresentados em cópia autenticada ou acompanhada da original, para fins de verificação da
autenticidade.

Livros fiscais

Os Livros Fiscais obrigatórios para os prestadores de serviços são os seguintes:

 Registro de Prestação de Serviços;


 Registro de Impressos Fiscais, para uso nos estabelecimentos gráficos.

A partir da competência OUT/2003, o Livro de Registro de Prestação de Serviços será


impresso a partir do programa DDS, devendo ser encadernado ao final de cada exercício e
conservado pelo prazo decadencial.

As normas relativas à obrigatoriedade do uso dos Livros Fiscais encontram-se na Seção II do


CAPÍTULO III do Regulamento do ISSQN.

Emissão de Documentos Fiscais

Os prestadores de serviço são obrigados a emitir os seguintes documentos fiscais, de acordo


com a atividade exercida:

 Nota fiscal de serviço;


 Cupom fiscal;
 Bilhete de ingresso;
 Recibo de retenção de ISSQN.

O tipo de documento fiscal a ser emitido pelo prestador de serviço deverá ser obtido no
CAPÍTULO IV do Regulamento do ISSQN.

As Notas Fiscais de Serviços somente podem ser impressas por gráficas credenciadas, após
autorização da Secretaria de Finanças.

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As normas para o credenciamento de estabelecimentos gráficos e a autorização para a impressão


de documentos fiscais podem ser obtidas no Regulamento do ISSQN (Art. 232 a 247) e/ou
no Manual de Orientação de Credenciamento de Estabelecimento Gráfico e Autorização
de Documentos Fiscais.

EMISSÃO DE TAXAS MUNICIPAIS

Fato Gerador

As taxas são geradas pela utilização efetiva ou potencial ,de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição , ou pelo exercício regular do poder
de polícia.

Exemplos de Taxas
 Taxa de Expediente e Serviços Diversos
Fato Gerador Recolhimento da Taxa
Será cobrada pela expedição de certidões, despachos ou No ato do pedido.
lavraturas de termos ou contratos e demais atos emanados
de autoridades Municipais e por outros diversos serviços
prestados ao contribuinte.

 Taxa de Fiscalização de Anúncios


Fato Gerador Recolhimento da Taxa
A atividade municipal de fiscalização do cumprimento da Será lançada anualmente,
legislação disciplinadora da exploração de engenhos de tomando-se como base as
divulgação de propaganda/publicidade, incidindo sobre características e
todos os engenhos instalados nos imóveis particulares e classificações do engenho de
logradouros públicos do Município. divulgação de
propaganda/publicidade.

 Taxa de Licença
Fato Gerador Recolhimento da Taxa
Funcionamento de estabelecimento de produção, comércio, No início das atividades.
indústria, prestação de serviços e similares; Ocorrerá nova cobrança
somente quando existir
mudança de endereço,
alteração de área, ou de razão
social que modifique a
finalidade original da
atividade econômica.
Aprovação e execução de projetos de urbanização em No início das atividades.
terrenos particulares; Nenhuma construção,
reconstrução, reforma,
demolição, arruamento ou
obra de qualquer natureza
poderá ser iniciada sem
prévio pedido de licença à
Prefeitura.
Licenciamento ambiental. Tem como fato gerador o Na entrada do pedido de
exercício do poder de polícia para fiscalizar e autorizar a licenciamento, o interessado

Transações imobiliárias – Bases Jurídicas do Comércio Imobiliário 39


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realização de empreendimentos e atividades consideradas recolherá antecipadamente


efetivas ou potencialmente causadoras de significativa aos cofres do Município, o
degradação ao meio ambiente, em conformidade com as valor correspondente a 10%
normas estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio da respectiva taxa ficando o
Ambiente. restante a ser recolhido
somente quando for expedida.

 Taxa de Pavimentação
Fato Gerador Recolhimento da Taxa
Execução por parte do Município de obras ou serviços de Após a conclusão das obras
pavimentação em vias e logradouros públicos, no todo ou de pavimentação.
em parte ainda não pavimentados, ou cujo calçamento por
motivo de interesse público, a critério da Prefeitura deva
ser substituído por outro, de tipo mais perfeito ou custoso.

 Taxa de Registro e Inspeção Sanitária


Fato Gerador Recolhimento da Taxa
O Poder de Polícia Sanitária do Município, Será devida por ocasião da
consubstanciado na inspeção dos seguintes solicitação do Registro
estabelecimentos: indústrias, hospitais, clínicas, farmácias, Sanitário ou de sua
drogarias, óticas, escolas, depósitos, oficinas, renovação, cujo prazo de
estacionamentos, instituições financeiras, lojas, validade é de doze meses,
laboratórios, casas de massagem, salões de beleza, contados da data de sua
academias, casas de diversões, clubes recreativos e expedição.
desportivos, postos de combustíveis, abatedouros,
frigoríficos, supermercados, mercearias, restaurantes,
bares, panificadoras , sorveterias, cafés, lanchonetes, hotéis,
motéis e estabelecimentos congêneres, prestadoras de
serviços e similares, visando à manutenção dos padrões de
asseio, higiene e salubridade desses locais, postos à
disposição da comunidade de Fortaleza.

 Taxa de Turismo
Fato Gerador Recolhimento da Taxa
A utilização efetiva ou potencial, dos serviços, Até o 10º dia útil do mês
equipamentos públicos e a infra - estrutura do Município subseqüente à data do
de Fortaleza, postos a disposição do turista. Os hotéis, flats pagamento da taxa, pelo
e pousadas ficam obrigados a recolher à Secretaria de hóspede.
Finanças do Município, a taxa de turismo devida por diária
de hospedagem.

 Taxa de Vistoria e Controle Operacional dos Transportes Coletivos Urbanos


Fato Gerador Recolhimento da Taxa
A atividade do Poder Público Municipal de vistoria dos Mensalmente, até o último
veículos destinados ao transporte coletivo urbano, bem dia útil de cada mês.
como de controle operacional do referido sistema de
transporte, neste compreendida a fiscalização da frota

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operante, do número de viagens e de passageiros


transportados e de outros fatos que motivam o exercício do
Poder de Polícia Municipal.

TRIBUTO ESTADUAL

ITCD

O QUE É ?

Imposto sobre transmissão “causa mortis” e doação de bens e direitos, a título gratuito. É
também conhecido como imposto de herança e de doação. Decorre da abertura de sucessão
hereditária para o caso de transferência de patrimônio em razão de morte. Ou, ainda, em
conseqüência de cessão por ato de liberalidade e generosidade para o caso de transferência de
patrimônio em razão de doação pura e simples.

QUALQUER PESSOA PODE SOLICITAR O CÁLCULO DO ITCD?

Sim, desde que esta pessoa tenha relação ou interesse com a transmissão, na condição de
inventariante, herdeira, meeira, legatária, cessionária, donatária, ou profissional que represente
seus interesses.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

Processo formalizado junto ao Poder Judiciário ou junto ao Tabelionato de Notas. Termo de


Doação ou Declaração de Doação indicando o bem a ser transmitido, com reconhecimento da
firma do doador.

ALÍQUOTA

* Para fato gerador ocorrido a partir de 01.01.1992 e de conformidade com o valor da base de
cálculo, as alíquotas são, para “causa mortis”:

- 4% para base de cálculo até 8.740 UFIRCE;


- 6% para base de cálculo acima de 8.740 e até 26.220 UFIRCE;
- 8% para base de cálculo acima de 26.220 UFIRCE.

O imposto devido é apurado através da multiplicação da base de cálculo por sua alíquota
correspondente. Lei 11.527/1988 e Resolução Senado n. 9.

** Para fato gerador ocorrido a partir de 01.01.2004 e de conformidade com o valor da base
de cálculo, as alíquotas são:

Para transmissão “causa mortis”:

- 2% para base de cálculo até 5.000 UFIRCE;


- 4% para base de cálculo acima de 5.000 e até 15.000 UFIRCE;
- 6% para base de cálculo acima de 15.000 e até 40.000 UFIRCE;

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- 8% para base de cálculo acima de 40.000 UFIRCE.

Para transmissão por doação:

- 2% para base de cálculo até 25.000 UFIRCE;


- 4% para base de cálculo acima de 25.000 UFIRCE;

O imposto devido é apurado mediante a decomposição em faixas do valor da base de


cálculo convertido em UFIRCE e multiplicado por sua alíquota correspondente.
O imposto total será calculado mediante a soma dos valores parciais apurados para cada
uma das faixas. Lei 13.417/2003. Valor da UFIRCE para o ano de 2008: R$ 2,2204.

BASE DE CÁLCULO

O valor venal apurado mediante avaliação administrativa realizada pela SEFAZ, considerando o
valor corrente de mercado para o bem ou direito.

QUANTOS DIAS PARA CONHECER O VALOR DO IMPOSTO?

Em média 15 dias úteis, após entrega ou apresentação dos documentos exigidos. O prazo poderá
ser menor no caso de solicitação para bens ou direitos de imediata avaliação.

PARCELAMENTO

Para transmissão por falecimento, o valor do imposto acima de 750 UFIRCE poderá ser
recolhido em até 10 parcelas mensais de valor não inferior a 150 UFIRCE.

PRAZO LIMITE PARA PAGAMENTO

- No caso de transmissão “causa mortis”, o recolhimento do imposto deverá ser efetuado até o
dia 10 do terceiro mês subseqüente ao do seu lançamento pela SEFAZ.
- No caso de transmissão por doação, o imposto deverá ser recolhido antes da lavratura de
instrumento público ou até o dia 10 do terceiro mês subseqüente ao da lavratura de instrumento
particular.
- Para transmissão por qualquer instrumento público ou particular lavrado fora do Estado, o
imposto deverá ser recolhido até o dia 10 do quinto mês subseqüente ao da lavratura do ato ou
contrato.

A IMUNIDADE OU NÃO

- Adquirente do bem ou direito seja identificado dentre as seguintes entidades: partido político e
suas fundações, sindicato de trabalhadores, instituição de educação ou de assistência social sem
fins lucrativos. Além da União, Estado ou Município, extensivo às autarquias e fundações
mantidas pelo Poder Público, e, ainda, os templos de qualquer culto.
- Transmissão de créditos oriundos de seguro de vida e pecúlio por morte.
- Renúncia à herança sem ressalva ou condição, em benefício do monte.

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BENEFÍCIO DA ISENÇÃO

* Para transmissão por falecimento:

- Imóvel urbano, desde que constitua o único bem imóvel a ser partilhado e que sua avaliação
seja igual ou inferior a 20.000 UFIRCE;
- Imóvel rural não superior a três módulos rurais, desde que feita a quem não seja proprietário
de imóvel;
- Acervo hereditário não superior a 3.000 UFIRCE;
- Créditos oriundos de salário, direito trabalhista, FGTS, PIS/PASEP, benefício da previdência
oficial ou privada, limitada à soma dos créditos equivalentes a 5.000 UFIRCE. O que exceder
será tributado.

** Para transmissão por falecimento ou por doação:

- Imóvel estabelecido em núcleo oficial ou reconhecido pelo Governo em atendimento à política


de redistribuição de terras, desde que feita a colono não proprietário de imóvel;
- Bens e direitos a associações comunitárias e a entidades de moradores de bairro.

TRIBUTO FEDERAL

ITR

Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996

Capítulo I

DO IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR

Seção I

Do Fato Gerador do ITR

Definição

Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como
fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da
zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.

§ 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma
agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse.

§ 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou
mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município.

§ 3º O imóvel que pertencer a mais de um município deverá ser enquadrado no município onde
fique a sede do imóvel e, se esta não existir, será enquadrado no município onde se localize a
maior parte do imóvel.

Imunidade

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Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre
pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua
outro imóvel.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área
igual ou inferior a :

I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal


mato-grossense e sul-mato-grossense;

II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia


Oriental;

III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

Seção II

Da Isenção

Art. 3º São isentos do imposto:

I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas


autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes
requisitos:

a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;

b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites estabelecidos no artigo anterior;

c) o assentado não possua outro imóvel.

II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites
fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:

a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;

b) não possua imóvel urbano.

Seção III

Do Contribuinte e do Responsável

Contribuinte

Art. 4º Contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o
seu possuidor a qualquer título.

Parágrafo único. O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel,


vedada a eleição de qualquer outro.

Responsável

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Art. 5º É responsável pelo crédito tributário o sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts.
128 a 133 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Sistema Tributário Nacional).

Seção IV

Das Informações Cadastrais

Entrega do DIAC

Art. 6º O contribuinte ou o seu sucessor comunicará ao órgão local da Secretaria da Receita


Federal (SRF), por meio do Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR - DIAC,
as informações cadastrais correspondentes a cada imóvel, bem como qualquer alteração
ocorrida, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal.

§ 1º É obrigatória, no prazo de sessenta dias, contado de sua ocorrência, a comunicação das


seguintes alterações:

I - desmembramento;

II - anexação;

III - transmissão, por alienação da propriedade ou dos direitos a ela inerentes, a qualquer título;

IV - sucessão causa mortis;

V - cessão de direitos;

VI - constituição de reservas ou usufruto.

§ 2º As informações cadastrais integrarão o Cadastro de Imóveis Rurais - CAFIR, administrado


pela Secretaria da Receita Federal, que poderá, a qualquer tempo, solicitar informações visando
à sua atualização.

§ 3º Sem prejuízo do disposto no parágrafo único do art. 4º, o contribuinte poderá indicar no
DIAC, somente para fins de intimação, endereço diferente daquele constante do domicílio
tributário, que valerá para esse efeito até ulterior alteração.

Entrega do DIAC Fora do Prazo

Art. 7º No caso de apresentação espontânea do DIAC fora do prazo estabelecido pela Secretaria
da Receita Federal, será cobrada multa de 1% (um por cento) ao mês ou fração sobre o imposto
devido não inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela
falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota.

Seção V

Da Declaração Anual

Art. 8º O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de


Informação e Apuração do ITR - DIAT, correspondente a cada imóvel, observadas data e
condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal.

§ 1º O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua - VTN correspondente ao imóvel.

Transações imobiliárias – Bases Jurídicas do Comércio Imobiliário 45


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§ 2º O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se


referir o DIAT, e será considerado auto-avaliação da terra nua a preço de mercado.

§ 3º O contribuinte cujo imóvel se enquadre nas hipóteses estabelecidas nos arts. 2º e 3º fica
dispensado da apresentação do DIAT.

Entrega do DIAT Fora do Prazo

Art. 9º A entrega do DIAT fora do prazo estabelecido sujeitará o contribuinte à multa de que
trata o art. 7º, sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de
recolhimento do imposto ou quota.

Seção VI

Da Apuração e do Pagamento

Subseção I

Da Apuração

Apuração pelo Contribuinte

Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte,


independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições
estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior.

§ 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á:

I - VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:

a) construções, instalações e benfeitorias;

b) culturas permanentes e temporárias;

c) pastagens cultivadas e melhoradas;

d) florestas plantadas;

II - área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas:

a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de


1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989;

b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do
órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea
anterior;

c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira,


aquícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente,
federal ou estadual;

d) as áreas sob regime de servidão florestal. (Incluída pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
2001)

Transações imobiliárias – Bases Jurídicas do Comércio Imobiliário 46


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d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de


dezembro de 2006)

e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de


regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006)

f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder
público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008)

III - VTNt, o valor da terra nua tributável, obtido pela multiplicação do VTN pelo quociente
entre a área tributável e a área total;

IV - área aproveitável, a que for passível de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou
florestal, excluídas as áreas:

a) ocupadas por benfeitorias úteis e necessárias;

b) de que tratam as alíneas "a", "b" e "c" do inciso II;

b) de que tratam as alíneas do inciso II deste parágrafo; (Redação dada pela Lei nº 11.428, de 22
de dezembro de 2006)

V - área efetivamente utilizada, a porção do imóvel que no ano anterior tenha:

a) sido plantada com produtos vegetais;

b) servido de pastagem, nativa ou plantada, observados índices de lotação por zona de pecuária;

c) sido objeto de exploração extrativa, observados os índices de rendimento por produto e a


legislação ambiental;

d) servido para exploração de atividades granjeira e aquícola;

e) sido o objeto de implantação de projeto técnico, nos termos do art. 7º da Lei nº 8.629, de 25
de fevereiro de 1993;

VI - Grau de Utilização - GU, a relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área
aproveitável.

§ 2º As informações que permitam determinar o GU deverão constar do DIAT.

§ 3º Os índices a que se referem as alíneas "b" e "c" do inciso V do § 1º serão fixados, ouvido o
Conselho Nacional de Política Agrícola, pela Secretaria da Receita Federal, que dispensará da
sua aplicação os imóveis com área inferior a:

a) 1.000 ha, se localizados em municípios compreendidos na Amazônia Ocidental ou no


Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;

b) 500 ha, se localizados em municípios compreendidos no Polígono das Secas ou na Amazônia


Oriental;

c) 200 ha, se localizados em qualquer outro município.

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§ 4º Para os fins do inciso V do § 1º, o contribuinte poderá valer-se dos dados sobre a área
utilizada e respectiva produção, fornecidos pelo arrendatário ou parceiro, quando o imóvel, ou
parte dele, estiver sendo explorado em regime de arrendamento ou parceria.

§ 5º Na hipótese de que trata a alínea "c" do inciso V do § 1º, será considerada a área total
objeto de plano de manejo sustentado, desde que aprovado pelo órgão competente, e cujo
cronograma esteja sendo cumprido pelo contribuinte.

§ 6º Será considerada como efetivamente utilizada a área dos imóveis rurais que, no ano
anterior, estejam:

I - comprovadamente situados em área de ocorrência de calamidade pública decretada pelo


Poder Público, de que resulte frustração de safras ou destruição de pastagens;

II - oficialmente destinados à execução de atividades de pesquisa e experimentação que


objetivem o avanço tecnológico da agricultura.

§ 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d"
do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante,
ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa
previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo
de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

(NR)

Valor do Imposto

Art. 11. O valor do imposto será apurado aplicando-se sobre o Valor da Terra Nua Tributável -
VTNt a alíquota correspondente, prevista no Anexo desta Lei, considerados a área total do
imóvel e o Grau de Utilização - GU.

§ 1º Na hipótese de inexistir área aproveitável após efetuadas as exclusões previstas no art. 10, §
1º, inciso IV, serão aplicadas as alíquotas, correspondentes aos imóveis com grau de utilização
superior a 80% (oitenta por cento), observada a área total do imóvel.

§ 2º Em nenhuma hipótese o valor do imposto devido será inferior a R$ 10,00 (dez reais).

Subseção II

Do Pagamento

Prazo

Art. 12. O imposto deverá ser pago até o último dia útil do mês fixado para a entrega do DIAT.

Parágrafo único. À opção do contribuinte, o imposto a pagar poderá ser parcelado em até três
quotas iguais, mensais e consecutivas, observando-se que:

I - nenhuma quota será inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais);

II - a primeira quota ou quota única deverá ser paga até a data fixada no caput;

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III - as demais quotas, acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema de


Liquidação e de Custódia (SELIC) para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a
partir do primeiro dia do mês subseqüente à data fixada no caput até o último dia do mês
anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês do pagamento, vencerão no último
dia útil de cada mês;

IV - é facultado ao contribuinte antecipar, total ou parcialmente, o pagamento do imposto ou das


quotas.

Pagamento Fora do Prazo

Art. 13. O pagamento do imposto fora dos prazos previstos nesta Lei será acrescido de:

I - multa de mora calculada à taxa de 0,33% (zero vírgula trinta e três por cento), por dia de
atraso, não podendo ultrapassar 20% (vinte por cento), calculada a partir do primeiro dia
subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que
ocorrer o seu pagamento;

II - juros de mora calculados à taxa a que se refere o art. 12, parágrafo único, inciso III, a partir
do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do
pagamento, e de 1% (um por cento) no mês do pagamento.

Seção VII

Dos Procedimentos de Ofício

Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou
prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal
procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações
sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total,
área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização.

§ 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º,
inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados
pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.

§ 2º As multas cobradas em virtude do disposto neste artigo serão aquelas aplicáveis aos demais
tributos federais.

Seção VIII

Da Administração do Imposto

Competência da Secretaria da Receita Federal

Art. 15. Compete à Secretaria da Receita Federal a administração do ITR, incluídas as


atividades de arrecadação, tributação e fiscalização.

Parágrafo único. No processo administrativo fiscal, compreendendo os procedimentos


destinados à determinação e exigência do imposto, imposição de penalidades, repetição de
indébito e solução de consultas, bem como a compensação do imposto, observar-se-á a
legislação prevista para os demais tributos federais.

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Convênios de Cooperação

Art. 16. A Secretaria da Receita Federal poderá celebrar convênio com o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, com a finalidade de delegar as atividades de
fiscalização das informações sobre os imóveis rurais, contidas no DIAC e no DIAT.

§ 1º No exercício da delegação a que se refere este artigo, o INCRA poderá celebrar convênios
de cooperação com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA, Fundação Nacional do Índio - FUNAI e Secretarias Estaduais de
Agricultura.

§ 2º No uso de suas atribuições, os agentes do INCRA terão acesso ao imóvel de propriedade


particular, para levantamento de dados e informações.

§ 3º A Secretaria da Receita Federal, na forma do convênio a que se refere este artigo, colocará
à disposição do INCRA as informações contidas no CAFIR, para fins de levantamento,
pesquisas e proposição de ações administrativas e judiciais de política fundiária.
§ 4º Às informações enviadas ao INCRA na forma do parágrafo anterior, aplica-se o disposto no
art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Sistema Tributário Nacional.

§ 3º A Secretaria da Receita Federal, com o apoio do INCRA, administrará o CAFIR e colocará


as informações nele contidas à disposição daquela Autarquia, para fins de levantamento e
pesquisa de dados e de proposição de ações administrativas e judiciais. (Redação dada pela Lei
nº 10.267, de 2001)

§ 4º Às informações a que se refere o § 3º aplica-se o disposto no art. 198 da Lei no 5.172, de 25


de outubro de 1966. (Redação dada pela Lei nº 10.267, de 2001)

Art. 17. A Secretaria da Receita Federal poderá, também, celebrar convênios com:

I - órgãos da administração tributária das unidades federadas, visando delegar competência para
a cobrança e o lançamento do ITR;

II - a Confederação Nacional da Agricultura - CNA e a Confederação Nacional dos


Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, com a finalidade de fornecer dados cadastrais de
imóveis rurais que possibilitem a cobrança das contribuições sindicais devidas àquelas
entidades.

Seção IX

Das Disposições Gerais

Dívida Ativa - Penhora ou Arresto

Art. 18. Na execução de dívida ativa, decorrente de crédito tributário do ITR, na hipótese de
penhora ou arresto de bens, previstos no art. 11 da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, será
penhorado ou arrestado, preferencialmente, imóvel rural, não tendo recaído a penhora ou o
arresto sobre dinheiro.

§ 1º No caso do imóvel rural penhorado ou arrestado, na lavratura do termo ou auto de penhora,


deverá ser observado, para efeito de avaliação, o VTN declarado e o disposto no art. 14.

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§ 2º A Fazenda Pública poderá, ouvido o INCRA, adjudicar, para fins fundiários, o imóvel rural
penhorado, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos.

§ 3º O depósito da diferença de que trata o parágrafo único do art. 24 da Lei nº 6.830, de 22 de


setembro de 1980, poderá ser feito em Títulos da Dívida Agrária, até o montante equivalente ao
VTN declarado.

§ 4º Na hipótese do § 2º, o imóvel passará a integrar o patrimônio do INCRA, e a carta de


adjudicação e o registro imobiliário serão expedidos em seu nome.

Valores para Apuração de Ganho de Capital

Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos
termos da legislação do imposto de renda, considera-se custo de aquisição e valor da venda do
imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14,
respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação.

Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido


anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o valor
constante da escritura pública, observado o disposto no art. 17 da Lei nº 9.249, de 26 de
dezembro de 1995.

Incentivos Fiscais e Crédito Rural

Art. 20. A concessão de incentivos fiscais e de crédito rural, em todas as suas modalidades, bem
como a constituição das respectivas contrapartidas ou garantias, ficam condicionadas à
comprovação do recolhimento do ITR, relativo ao imóvel rural, correspondente aos últimos
cinco exercícios, ressalvados os casos em que a exigibilidade do imposto esteja suspensa, ou em
curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora.

Parágrafo único. É dispensada a comprovação de regularidade do recolhimento do imposto


relativo ao imóvel rural, para efeito de concessão de financiamento ao amparo do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF.

Registro Público

Art. 21. É obrigatória a comprovação do pagamento do ITR, referente aos cinco últimos
exercícios, para serem praticados quaisquer dos atos previstos nos arts. 167 e 168 da Lei nº
6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei dos Registros Públicos), observada a ressalva prevista
no caput do artigo anterior, in fine.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis pelo imposto e pelos acréscimos legais, nos
termos do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Sistema Tributário Nacional, os
serventuários do registro de imóveis que descumprirem o disposto neste artigo, sem prejuízo de
outras sanções legais.

Depósito Judicial na Desapropriação

Art. 22. O valor da terra nua para fins do depósito judicial, a que se refere o inciso I do art. 6º
da Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993, na hipótese de desapropriação do imóvel
rural de que trata o art. 184 da Constituição, não poderá ser superior ao VTN declarado,
observado o disposto no art. 14.

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Parágrafo único. A desapropriação por valor inferior ao declarado não autorizará a redução do
imposto a ser pago, nem a restituição de quaisquer importâncias já recolhidas.

Capítulo II

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos, quanto aos arts.
1º a 22, a partir de janeiro de 1997.

Art. 24. Revogam-se os arts. 1º a 22 e 25 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994.

Brasília, 19 de dezembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.

TABELA DE ALÍQUOTAS

(Art.11)

Área total do imóvel GRAU DE UTILIZAÇÃO - GU (EM %)


(em hectares)
Maior Maior que Maior que Maior que Até 30
que80 65 até 80 50 até 65 30 até 50
Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00
Maior que 50 até 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00
200
Maior que 200 até 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
500
Maior que 500 até 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
1.000
Maior que 1.000 até 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
5.000
Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Pedro Malan
Raul Belens Jungmann Pinto

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CONCEITO DE TRIBUTO

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada. Tributo é a obrigação imposta as pessoas fisicas e
pessoas jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades equivalentes (p.e. tribos e grupos
revolucionários). É vulgarmente chamado por imposto, embora tecnicamente este seja mera
espécie dentre as modalidades de tributos.

Excluídos do conceito de tributo estão todas as obrigações que resultem de aplicação de pena ou
sanção (p.e. multa de trânsito), os tributos sempre são obrigações que resultam de um fato
regular ocorrido. [1]

Os tributos podem ser pagos em dinheiro ou em trabalho, como na figura medieval da corvéia.
Modernamente, nos sistemas tributários capitalistas, somente o dinheiro é aceito como
pagamento, subsistindo a corvéia em Estados tradicionais e pré-capitalistas.

Função dos tributos

No Brasil, os tributos podem ter função:

 Fiscal: Quando tem como objetivo a arrecadação de recursos financeiros para o Estado.
Imposto de Renda, por exemplo;
 Extrafiscal: Quando o objetivo é interferir no domínio econômico, buscando regular
determinados setores da economia. As mudanças no IPI possuem essa função;
 Parafiscal: Quando ocorre a delegação, pela pessoa política (União, Estados-Membros,
Distrito Federal e Municipios), mediante lei, da capacidade tributária ativa à terceira
pessoa (de direito público ou privado), de forma que esta arrecade o tributo, fiscalize
sua exigência e utilize-se dos recursos auferidos para a concecução de seus fins. Por
exemplo, a contribuição anual paga pelos advogados à OAB.

Tipos de tributos

São tributos cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Os impostos se caracterizam por serem de
cobrança compulsória e por não darem um retorno ao contribuinte sobre o fato gerador. Por
exemplo, um imposto sobre posse de automóvel não necessariamente será revertido em
melhorias das condições das vias urbanas ou rodovias. Principais Tipos de Impostos:

FEDERAIS No caso dos impostos federais, somente a União tem competência para instituí-los.
Os principais são:

 II - Imposto sobre Importação

 IE - Imposto sobre Exportação

 IR – Imposto de Renda : tributo pago ao Estado a partir de um cálculo feito em cima das
remunerações (salários, lucros, juros, dividendos e aluguéis.) Há dois tipos de IR: o

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IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física) e IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa


Jurídica).

 IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados: tributo pago a todo produto


industrializado, mesmo que este esteja em fase intermediária, parcial ou incompleta de
industrialização. O IPI é regulamentado pelo Decreto 4.544 de 2002 (RIPI/2002). São
imunes ao IPI:

I – os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão;

II – os produtos industrializados destinados ao exterior;

III – o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial;

IV – a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

 IOF – Imposto sobre Operações Financeiras (Crédito, Câmbio, Seguro, ou relativas a


Títulos e Valores Imobiliários): tributo pago pelos envolvidos nas operações, com base
de cálculo diferenciada para cada uma delas.

 ITR – Imposto sobre Territorial Rural: tributo pago por proprietário de terras fora do
perímetro urbano. A base de cálculo é apenas em cima da terra em si, sem levar em
consideração beneficiamentos, tais como plantações.

ESTADUAIS

Os impostos Estaduais são de competência dos Estados e do Distrito Federal. Os principais são:

 ITCMD - Imposto de Transmissão "causa mortis" e Doação, de qualquer bens ou


direitos.

 ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços: tributo pago por qualquer
pessoa, física ou jurídica, que realize operações com intuito comercial e prestação de
serviços. Casos que o ICMS não é cobrado:

I – operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;

II – operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e


produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;

III – operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e


combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à
comercialização;

IV – operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial;

V – operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na
prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei
complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios,
ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei complementar;

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VI – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de


estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;

VII – operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada


pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;

VIII – operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao


arrendatário;

IX – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de


sinistro para companhias seguradoras. Equipara-se às operações de que trata o item II a saída de
mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: a)
empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa;
b) armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.

 IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores : tributo pago anualmente


pelos proprietários de automotores terrestres (automóveis, motocicletas). O imposto
varia de acordo com o Estado, o modelo do automotor, estado de conservação e
quilometragem e sua base de cálculo é em cima do valor de mercado.

MUNICIPAIS Os principais impostos municipais são:

 IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana: tributo pago


anualmente por pessoas física ou jurídicas, proprietários de imóveis em áreas urbanas.
O cálculo do tributo é baseado no valor de mercado dos imóveis, por meio de critérios
estabelecidos em lei municipal e da aplicação de alíquotas diferenciadas.

 ITBI – Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis: sua hipótese de
incidência, ou fato gerador in abstrato, é, genericamente, a transmissão, por ato oneroso,
de bens imóveis, excluindo-se a sucessão (causa mortis). Tem a legislação própria de
cada município. O ITBI não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos: I – quando
efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de
capital nela subscrito; II – quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma
pessoa jurídica por outra ou com outra.

 ISS – Impostos sobre Serviços: tributo pago sobre a mão-de-obra utilizada para a
execução dos serviços. Considera-se que mão-de-obra é tudo que sobrar após o
desconto dos valores referentes as notas fiscais de compra de materiais. A base de
cálculo varia conforme o município.

Existe uma distinção entre impostos indiretos e impostos diretos. Estes são pagos diretamente
pelo contribuinte (o Imposto de Renda, por exemplo), enquanto aqueles têm o valor embutido
no preço da transação. Um exemplo é o ICMS. Impostos indiretos também não têm qualquer
variação na renda do contribuinte.

Taxas

As taxas são tributos incidentes sobre um fato gerador e que são aplicados em contrapartida a
esse fato gerador, ou seja, a taxa é a contrapartida que o contribuinte paga em razão de um
serviço público que lhe é prestado ou posto à sua disposição. Além da contrapartida de um

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serviço público prestado ou posto à disposição, as taxas também estão relacionadas ao poder de
polícia da administração, englobando fiscalizações e licenciamentos em geral.

Uma taxa só pode ser instituída por uma entidade tributante da mesma competência. Por
exemplo: taxas de luz pública só podem ser cobradas pelos municípios. Não necessariamente o
pagante da taxa vai usar o serviço, apenas terá o serviço à disposição.

As contribuições de melhoria são tributos que têm como fato gerador o benefício decorrente
das obras públicas. Cobradas somente na região beneficiada pela obra. Não necessariamente
essas contribuições refletem em "melhoria", uma vez que algumas obras públicas em
determinadas regiões tendem a desvalorizar os imóveis locais. O fundamental para o fato
gerador é o benefício decorrente da obra pública.

Assim, a contribuição de melhoria é instituída para custear obras públicas das quais decorram
em valorização de bens imóveis e tem como limite total da cobrança o custo da obra e limite
individual, a valorização acrescida a cada imóvel. [2]

Contribuições Especiais

Também chamadas de contribuições sociais ou parafiscais, [2] estão previstas nos artigos 149 e
149-A da Constituição Federal, sendo tributos cuja característica principal é a finalidade para a
qual é destinada sua arrecadação. Podem ser: sociais, de intervenção no domínio econômico, de
interesse de categorias econômicas ou profissionais e para custeio do serviço de iluminação
pública (COSIP).

As contribuições especiais possuem finalidade e destino certo, definidos na lei que institui cada
contribuição.

Empréstimo compulsório

Segundo o art. 148 da Constituição Federal, a União poderá instituir, mediante lei
complementar, empréstimos compulsórios:

1. para atender às despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra


externa ou sua iminência;
2. no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

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CONCEITO DE IMPOSTO

Definição

Impostos são valores pagos, realizados em moeda nacional (no caso do Brasil em reais), por
pessoas físicas e jurídicas (empresas). O valor é arrecadado pelo Estado (governos municipal,
estadual e federal) e servem para custear os gastos públicos com saúde, segurança, educação,
transporte, cultura, pagamentos de salários de funcionários públicos, etc. O dinheiro
arrecadado com impostos também é usado para investimentos em obras públicas (hospitais,
rodovias, hidrelétricas, portos, universidades, etc.).

Os impostos incidem sobre a renda (salários, lucros, ganhos de capital) e patrimônio (terrenos,
casas, carros, etc.) das pessoas físicas e jurídicas.

A utilização do dinheiro proveniente da arrecadação de impostos não é vinculada a gastos


específicos. O governo, com a aprovação do legislativo, é quem define o destino dos valores,
através do orçamento.

O Brasil tem uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. Atualmente, ela corresponde
a, aproximadamente, 37% do PIB (Produto Interno Bruto).

Lista dos principais impostos cobrados no Brasil são:

Federais

- IR (Imposto de Renda) - Imposto sobre a renda de qualquer natureza. No caso de salários,


este imposto é descontado direto na fonte.
- IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.
- IOF - Imposto sobre Operações Financeiras (Crédito, Operações de Câmbio e Seguro ou
relativas a Títulos ou Valores Mobiliários).
- ITR - Imposto Territorial Rural (aplicado em propriedades rurais).

Estaduais

- ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.


- IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (carros, motos, caminhões)

Municipais

- IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (sobre terrenos,


apartamentos, casas, prédios comerciais)
- ITBI - Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais a eles
relativos
- ISS - Impostos Sobre Serviços

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CONCEITO DE TAXAS

Taxa é a exigência financeira a pessoa privada ou jurídica para usar certos serviços
fundamentais, ou pelo exercício do poder de polícia, imposta pelo governo ou alguma
organização política ou governamental. É uma das formas de tributo.

Definição

Na legislação tributária brasileira, taxa é um tributo em que "a contraprestação de serviços


públicos ou de benefícios feitos, postos à disposição ou custeados pelo Estado, em favor de
quem paga ou por este provocado" (definição de Aliomar Baleeiro, amplamente utilizada nos
circuitos jurídicos).

Ou seja, é uma quantia obrigatória em dinheiro paga em troca de algum serviço público
fundamental (ou para o exercício do poder de polícia), oferecido diretamente pelo estado.

A taxa, assim como os demais tributos, possui base de cálculo a ser definida na lei instituidora.
No entanto, a base de cálculo deve ser diversa daquela determinada aos impostos, diante da
vedação expressa na Constituição Federal. Além disso, a base de cálculo deve ter correlação ao
custo da atividade prestada pelo Estado, caso contrário haverá o enriquecimento sem causa, fato
não permitido pelo Direito. Os valores dependem apenas do serviço prestado. Taxas também
são vinculados a um destino: à manutenção e desenvolvimento do próprio serviço prestado.

Sob pena de se configurar a proibida "bi-tributação", não pode ser cobrada Taxa dos serviços ou
circunstâncias que servem como "base de cálculo" de qualquer outro tributo.

Um conceito bastante similar é de tarifa. Em tarifa o serviço prestado é facultativo, e o


pagamento é coletado indiretamente pelo Estado, através de terceiros.

Exemplos de taxas são as taxas de recolhimento de lixo urbano, pedágios em rodovias estatais,
etc

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O CORRETOR DE IMÓVEIS E A LEGISLAÇÃO BÁSICA

LEI Nº 6.530, DE 12 DE MAIO DE 1978.

Dá nova regulamentação à profissão de Corretor


de Imóveis, disciplina o funcionamento de seus
órgãos de fiscalização e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O exercício da profissão de Corretor de Imóveis, no território nacional, é regido


pelo disposto na presente lei.

Art. 2º O exercício da profissão de Corretor de Imóveis será permitido ao possuidor de


título de Técnico em Transações Imobiliárias.

Art. 3º Compete ao Corretor de Imóveis exercer a intermediação na compra, venda,


permuta e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária.

Parágrafo único. As atribuições constantes deste artigo poderão ser exercidas, também, por
pessoa jurídica inscrita nos termos desta lei.

Art. 4º A inscrição do Corretor de Imóveis e da pessoa jurídica será objeto de Resolução do


Conselho Federal de Corretores de Imóveis.

Art. 5º O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são órgãos de disciplina e


fiscalização do exercício da profissão de Corretor de Imóveis, constituídos em autarquia, dotada
de personalidade jurídica de direito público, vinculada ao Ministério do Trabalho, com
autonomia administrativa, operacional e financeira.

Art. 6º As pessoas jurídicas inscritas no Conselho Regional de Corretores de Imóveis


sujeitam-se aos mesmos deveres e têm os mesmos direitos das pessoas físicas nele inscritas.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas a que se refere este artigo deverão ter como sócio
gerente ou diretor um Corretor de Imóveis individualmente inscrito.

Art. 7º Compete ao Conselho Federal e aos Conselhos Regionais representar, em juízo ou


fora dele, os legítimos interesses da categoria profissional, respeitadas as respectivas áreas de
competência.

Art. 8º O Conselho Federal terá sede e foro na Capital da República e jurisdição em todo o
território nacional.

Art. 9º Cada Conselho Regional terá sede e foro na Capital do Estado, ou de um dos
Estados ou Territórios da jurisdição, a critério do Conselho Federal.

Art. 10. O Conselho Federal será composto por dois representantes, efetivos e suplentes, de
cada Conselho Regional, eleitos dentre os seus membros.

Art. 11. Os Conselhos Regionais serão compostos por vinte e sete membros efetivos,
eleitos dois terços por votação secreta em assembléia geral especialmente convocada para esse

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fim e um terço integrado por representantes dos Sindicatos de Corretores de Imóveis que
funcionarem regularmente na jurisdição do Conselho Regional.

Art. 11. Os Conselhos Regionais serão compostos por vinte e sete membros efetivos e
igual número de suplentes, eleitos em chapa pelo sistema de voto pessoal indelegável, secreto e
obrigatório, dos profissionais inscritos, sendo aplicável ao profissional que deixar de votar, sem
causa justificada, multa em valor máximo equivalente ao da anuidade. (Redação dada pela Lei
nº 10.795, de 5.12.2003)

Parágrafo único. O disposto neste artigo somente será observado nas eleições para
constituição dos Conselhos Regionais após o término dos mandatos vigentes na data desta lei.
(Revogado pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

Art. 12. Somente poderão ser membros do Conselho Regional os Corretores de Imóveis
com inscrição principal na jurisdição há mais de dois anos e que não tenham sido condenados
por infração disciplinar.

Art. 13. Os Conselhos Federal e Regionais serão administrados por uma diretoria, eleita
dentre os seus membros.

§ 1º A diretoria será composta de um presidente, dois vice-presidentes, dois secretários e


dois tesoureiros.

§ 2º Junto aos Conselhos Federal e Regionais funcionará um Conselho Fiscal, composto de


três membros, efetivos e suplentes, eleitos dentre os seus membros.

Art. 14. Os membros do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais terão mandato de
três anos.

Art. 15. A extinção ou perda de mandato de membro do Conselho Federal e dos Conselhos
Regionais ocorrerá:

I - por renúncia;

Il - por superveniência de causa de que resulte o cancelamento da inscrição;

III - por condenação a pena superior a dois anos, em virtude de sentença transitada em
julgado;

IV - por destituição de cargo, função ou emprego, mencionada à prática de ato de


improbidade na administração pública ou privada, em virtude de sentença transitada em julgado;

V - por ausência, sem motivo justificado, a três sessões consecutivas ou seis intercaladas
em cada ano.

Art. 16. Compete ao Conselho Federal:

I - eleger sua diretoria;

II - elaborar e alterar seu regimento;

III - aprovar o relatório anual, o balanço e as contas de sua diretoria, bem como a previsão
orçamentária para o exercício seguinte;

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IV - criar e extinguir Conselhos Regionais e Sub-regiões, fixando-lhes a sede e jurisdição;

V - baixar normas de ética profissional;

VI - elaborar contrato padrão para os serviços de corretagem de imóveis, de observância


obrigatória pelos inscritos;

VII - fixar as multas, anuidades e emolumentos devidos aos Conselhos Regionais;

VIII - decidir as dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais;

IX - julgar os recursos das decisões dos Conselhos Regionais;

X - elaborar o regimento padrão dos Conselhos Regionais;

XI - homologar o regimento dos Conselhos Regionais;

XII - aprovar o relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Regionais;

XIII - credenciar representante junto aos Conselhos Regionais, para verificação de


irregularidades e pendências acaso existentes;

XIV - intervir temporariamente nos Conselhos Regionais, nomeando diretoria provisória,


até que seja regularizada a situação ou, se isso não ocorrer, até o término do mandato:

a) se comprovada irregularidade na administração;

b) se tiver havido atraso injustificado no recolhimento da contribuição;

XV - destituir diretor de Conselho Regional, por ato de improbidade no exercício de suas


funções;

XVI - promover diligências, inquéritos ou verificações sobre o funcionamento dos


Conselhos Regionais e adotar medidas para sua eficiência e regularidade;

XVII - baixar resoluções e deliberar sobre os casos omissos.

§ 1o Na fixação do valor das anuidades referidas no inciso VII deste artigo, serão
observados os seguintes limites máximos: (Incluído pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

I – pessoa física ou firma individual: R$ 285,00 (duzentos e oitenta e cinco reais);


(Incluído pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

II – pessoa jurídica, segundo o capital social: (Incluído pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

a) até R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais): R$ 570,00 (quinhentos e setenta reais);
(Incluído pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

b) de R$ 25.001,00 (vinte e cinco mil e um reais) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais):
R$ 712,50 (setecentos e doze reais e cinqüenta centavos); (Incluído pela Lei nº 10.795, de
5.12.2003)

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c) de R$ 50.001,00 (cinqüenta mil e um reais) até R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais):
R$ 855,00 (oitocentos e cinqüenta e cinco reais); (Incluído pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

d) de R$ 75.001,00 (setenta e cinco mil e um reais) até R$ 100.000,00 (cem mil reais): R$
997,50 (novecentos e noventa e sete reais e cinqüenta centavos); (Incluído pela Lei nº 10.795,
de 5.12.2003)

e) acima de R$ 100.000,00 (cem mil reais): R$ 1.140,00 (mil, cento e quarenta reais).
(Incluído pela Lei nº 10.795, de 5.12.2003)

§ 2o Os valores correspondentes aos limites máximos estabelecidos no § 1 o deste artigo


serão corrigidos anualmente pelo índice oficial de preços ao consumidor. (Incluído pela Lei nº
10.795, de 5.12.2003)

Art. 17. Compete aos Conselhos Regionais:

I - eleger sua diretoria;

II - aprovar o relatório anual, o balanço e as contas de sua diretoria, bem como a previsão
orçamentária para o exercício seguinte, submetendo essa matéria à consideração do Conselho
Federal;

III - propor a criação de sub-regiões, em divisões territoriais que tenham um número


mínimo de Corretores de Imóveis inscritos, fixado pelo Conselho Federal;

IV - homologar, obedecidas as peculiaridades locais, tabelas de preços de serviços de


corretagem para uso dos inscritos, elaboradas e aprovadas pelos sindicatos respectivos;

V - decidir sobre os pedidos de inscrição de Corretor de Imóveis e de pessoas jurídicas;

VI - organizar e manter o registro profissional das pessoas físicas e jurídicas inscritas;

VII - expedir carteiras profissionais e certificados de inscrição;

VIII - impor as sanções previstas nesta lei;

IX - baixar resoluções, no âmbito de sua competência.

Art. 18. Constituem receitas do Conselho Federal:

I - a percentagem de vinte por cento sobre as anuidades e emolumentos arrecadados pelos


Conselhos Regionais;

II - a renda patrimonial;

III - as contribuições voluntárias;

IV - as subvenções e dotações orçamentárias.

Art. 19. Constituem receitas de cada Conselho Regional:

I - as anuidades, emolumentos e multas;

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Il - a renda patrimonial;

III - as contribuições voluntárias;

IV - as subvenções e dotações orçamentárias.

Art. 20. Ao Corretor de Imóveis e à pessoa jurídica inscritos nos órgãos de que trata a
presente lei é vedado:

I - prejudicar, por dolo ou culpa, os interesses que lhe forem confiados;

Il - auxiliar, ou por qualquer meio facilitar, o exercício da profissão aos não inscritos;

III - anunciar publicamente proposta de transação a que não esteja autorizado através de
documento escrito;

IV - fazer anúncio ou impresso relativo à atividade de profissional sem mencionar o


número de inscritos;

V - anunciar imóvel loteado ou em condomínio sem mencionar o número de registro do


loteamento ou da incorporação no Registro de Imóveis;

VI - violar o sigilo profissional;

VII - negar aos interessados prestação de contas ou recibo de quantias ou documentos que
lhe tenham sido entregues a qualquer título;

VIII - violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão;

IX - praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime ou
contravenção;

X - deixar de pagar contribuição ao Conselho Regional.

Art. 21. Compete ao Conselho Regional aplicar aos Corretores de Imóveis e pessoas
jurídicas as seguintes sanções disciplinares;

I - advertência verbal;

II - censura;

III - multa;

IV - suspensão da inscrição, até noventa dias;

V - cancelamento da inscrição, com apreensão da carteira profissional.

§ 1º Na determinação da sanção aplicável, orientar-se-á o Conselho pelas circunstâncias de


cada caso, de modo a considerar leve ou grave a falta.

§ 2º A reincidência na mesma falta determinará a agravação da penalidade.

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§ 3º A multa poderá ser acumulada com outra penalidade e, na hipótese de reincidência na


mesma falta, aplicar-se-á em dobro.

§ 4º A pena de suspensão será anotada na carteira profissional do Corretor de Imóveis ou


responsável pela pessoa jurídica e se este não a apresentar para que seja consignada a
penalidade, o Conselho Nacional poderá convertê-la em cancelamento da inscrição.

Art. 22. Aos servidores dos Conselhos Federal e Regionais de Corretores de Imóveis
aplica-se o regime jurídico das Leis do Trabalho.

Art. 23. Fica assegurado aos Corretores de Imóveis, inscritos nos termos da Lei nº 4.116,
de 27 de agosto de 1962, o exercício da profissão, desde que o requeiram conforme o que for
estabelecido na regulamentação desta lei.

Art. 24. Esta lei será regulamentada no prazo de trinta dias a partir da sua vigência.

Art. 25. Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação.

Art. 26. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei número 4.116, de 27


de agosto de 1962.

Brasília, 12 de maio de 1978; 157º da Independência e 90º da República.

ERNESTO GEISEL
Arnaldo Prieto

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FELIPE, Jorge Franklin Alves e Geraldo Magela Alves. O Novo Código Civil Anotado, Rio de
Janeiro: Forense, 2003.

REZENDE, Afonso Celso F. de. Dicionário: Direito Imobiliário e Afins, Campinas/SP :


Coppola, 2000.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, São Paulo: Atlas, 2000.

Código Tributário Nacional – CTN, São Paulo: Saraiva, 2002.

Constituição Federal de 05/10/ 1988, São Paulo: Saraiva, 2002.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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