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RESUMO PARTE II – A Justiça

A justiça é um conceito prático ligado ao nosso agir, carregado de valor e emotividade.


Porém, essa carga emocional muitas vezes impede que se chegue a um significado unívoco do
conceito. Para abordar filosoficamente o tema da justiça, é preciso trabalhar com as palavras e
evitar camuflar interpretações ideológicas do seu significado. Observar como usamos a
linguagem no cotidiano quando falamos de justiça pode fornecer uma orientação para
continuar pesquisando. No uso corriqueiro da linguagem, falamos mais sobre coisas que nos
parecem justas ou injustas do que sobre "a Justiça" como um substantivo abstrato. Coisas
concretas podem ser consideradas justas ou injustas, como a) ações ou decisões das pessoas,
b) normas (leis, regras) e distribuição de bens e recursos.

1. Primeiro andar: ações justas ou injustas

Marina Velasco traz o conceito de justiça e injustiça, destacando que as pessoas


podem agir de maneira justa ou injusta em suas ações. A autora também questiona se a justiça
está sempre relacionada apenas às ações humanas ou se também existe uma justiça divina que
se estende a entidades como Deus, deuses, natureza ou animais. A justiça está relacionada a
estados de coisas que envolvem pessoas e suas ações, e a questão da justiça e injustiça se
apresenta em nossas relações humanas. É utilizado um exemplo de uma norma simples em
uma escola para ilustrar como as normas se referem a um grupo de pessoas e exigem que algo
seja feito ou não feito em relação a elas e assim, destacando que é importante entender o que é
justo e injusto para agir de maneira justa.

Ademais, o texto aborda a importância da justiça e igualdade na aplicação de normas e


leis. Destaca-se que ser justo é tratar igualmente aqueles que são iguais e de forma diferente
aqueles que são diferentes. A conexão entre justiça e igualdade é apontada desde a
antiguidade, sendo que todo estudo sobre justiça é uma tentativa de interpretar e
operacionalizar essa fórmula. O conceito de justiça sempre aparece junto com outros
conceitos, como o de igualdade e lei. Para ser justo, é necessário ser consistente na aplicação
da norma e aplicar a lei correta.

Assim, a ideia de que podemos ser injustos de duas maneiras quando se trata de aplicar
normas: ou aplicamos a norma de forma inconsistente ou não aplicamos a norma correta. É
importante notar que podemos ser injustos nos dois sentidos ao mesmo tempo. Decidir qual
norma aplicar pode ser difícil em certas situações, o que pode levar a conflitos morais. Além
disso, as reações perante um crime podem variar muito, o que aumenta o risco de tomar uma
decisão errada. Em resumo, uma ação é justa quando trata igualmente todos os mencionados
na norma e aplica a norma correta. Também é abordada a relação entre justiça e igualdade,
bem como entre justiça e lei.

1.1 Justiça e igualdade – imparcialidade

Primeiramente, há uma conexão entre justiça e igualdade, destacando que ser justo é
tratar todos de forma igual. A justiça é simbolizada pela imagem de uma balança e uma venda
nos olhos, representando a imparcialidade, que é um ponto de vista impessoal que nos permite
julgar o que é justo ou injusto. Falar sobre justiça significa ir além da nossa perspectiva
particular e conceber conflitos humanos como problemas que podem ser resolvidos a partir de
um ponto de vista em que todos poderiam concordar. Ser justo exige não ser influenciado por
sentimentos de simpatia ou antipatia pelas pessoas, o que pode ser difícil em algumas
situações. Temos como exemplo um professor que precisa avaliar todos os alunos de maneira
igual, mas sabe que alguns se esforçaram mais do que outros, o que pode gerar um sentimento
de injustiça.

Perelman apresenta uma lista de seis concepções de justiça, sendo que quatro delas são
relevantes para nossos fins: a igualdade para todos, a recompensa de acordo com o trabalho
realizado, a recompensa de acordo com o mérito e a recompensa de acordo com as
necessidades. Todas essas fórmulas ou critérios de justiça têm em comum a expressão "para
cada um", indicando que sempre que se trata de justiça, um grupo de pessoas está envolvido,
essas pessoas são reunidas em um grupo e é necessário levar em consideração alguma
característica que elas tenham em comum. No exemplo dos cadernos, as normas que formam
os grupos. Nesse exemplo, a norma agrupa todos os alunos da 1ª série, que são "iguais" e
devem ser tratados igualmente, recebendo um caderno cada um, sem considerar mais nada.
Embora os alunos não sejam iguais, eles são igualmente alunos da 1ª série. A norma traz
explicitamente alguma propriedade compartilhada e ordena que as pessoas que compartilham
essa propriedade recebam um tratamento específico, igual para todas elas. As pessoas podem
compartilhar inúmeras propriedades ou características, mas nem todas parecem relevantes
para serem levadas em conta pelas normas de uma sociedade, pois são as normas que, ao
destacar determinadas propriedades e ordenar algum tipo de tratamento igual para todas as
pessoas que as possuem, garantem a justiça.

Ao tratar-se do conceito formal de justiça, que exige que todas as pessoas de uma
mesma categoria sejam tratadas da mesma forma, já que isso decorre da aplicação de uma
norma que já se refere a um grupo de pessoas. A exigência de igualdade segue o fato de que
uma norma deve ser aplicada em todos os casos que caem sob seus supostos e em nenhum
caso que não caia sob eles. Agir de acordo com uma norma é tratar igualmente todos aqueles
que a norma agrupou como iguais (justo) e a norma deve ser aplicada corretamente para tratar
igualmente todos os que a norma agrupa. Em suma, a definição formal de justiça é tratar de
forma igual todos os seres que fazem parte da mesma categoria.

Após isso, há uma distinção entre conceito de justiça e concepção da justiça. O


conceito de justiça é formal e único, enquanto as diferentes concepções da justiça são plurais
e substanciais, fornecendo critérios para avaliar situações como justas ou injustas. Perelman
usa implicitamente essa distinção, que mais tarde seria popularizada por John Rawls em seu
livro Theory of Justice. O autor argumenta que a compreensão das diferentes concepções da
justiça é essencial para avaliar questões de justiça na vida cotidiana, pois as pessoas podem ter
diferentes perspectivas e critérios para julgar o que é justo ou injusto.

A equidade é uma ferramenta utilizada quando não há outra saída para julgar casos em
que duas concepções da justiça entram em conflito, já que ela diminui a desigualdade que
pode ser produzida ao levar em conta apenas uma característica, permitindo a adaptação das
normas a um caso específico que não estava previsto. Não há regras para a equidade, o que
pode levar a desacordos sobre o grau em que as diferentes perspectivas estão sendo
consideradas. Em contextos jurídicos normais, as normas que devem ser aplicadas são claras e
espera-se que os juízes não apelam para a equidade, embora às vezes seja inevitável. A
equidade é uma tendência a não tratar de forma por demais igual os seres que fazem parte de
uma mesma categoria.

Quanto à complexidade do conceito de justiça, distingue-se a aplicação da lei correta


da aplicação de uma lei injusta. A autora utiliza o exemplo de um "tirano justo" que impõe
uma lei cruel a todos os subordinados de forma imparcial e consistente, o que torna suas ações
justas em um sentido, mas injustas em outro. Destaca-se também a importância de distinguir
entre as questões do "primeiro andar", que envolvem a aplicação da lei correta, e as questões
do "segundo andar", que envolvem a justiça ou injustiça das próprias normas. Velasco
argumenta ainda que a filosofia é a arte de traçar distinções e que essas distinções têm
implicações para nossa prática.

1.2 Justiça e Lei


A subsunção é o processo de relacionar um caso particular com uma norma geral, e é a
forma mais comum de raciocínio jurídico. A autora destaca a necessidade de ajuste mútuo ao
selecionar a norma correta, levando em consideração as nuances da situação em questão. Por
fim, há a crítica de que a subsunção é um procedimento mecânico, e é argumentado que os
juízes não criam direito, mas sim aplicam as normas existentes.

A afirmação de que um caso se enquadra ou não em uma determinada regra envolve


um julgamento complexo com muitas considerações embutidas. É necessário interpretar a
situação e a regra de uma maneira determinada, algo que não está explicitamente declarado na
situação ou na regra. Não há regras gerais para aplicar regras, pois isso levaria a um infinito
regresso. No entanto, é importante justificar nossa escolha de premissas e interpretações para
a norma e a situação. Isso é especialmente importante na argumentação moral e jurídica. Não
devemos esquecer que a aplicação de normas requer um caráter prático autêntico, e que as
normas devem nos guiar em nossos julgamentos e ações. Não há distinção entre a atitude de
um juiz e de qualquer um de nós ao julgar situações cotidianas. A submissão é a forma de
raciocínio usada implicitamente na vida cotidiana e explicitamente na argumentação.

As normas que são regras possuem uma forma condicional, mencionando as condições
de sua aplicação, enquanto as normas que são princípios são enunciados abertos que não
mencionam as condições de sua aplicação. É mais fácil saber quando aplicar uma regra, pois
ela especifica as circunstâncias gerais em que deve ser aplicada. No entanto, a interpretação
das normas envolve discussão racional e comparação entre enunciados linguísticos. Para
seguir uma regra, é preciso saber qual possível regra aplicar e verificar se a circunstância
mencionada na regra verifica-se nos fatos, já para aplicar um princípio, é mais difícil saber
quando cabe ou não cabe aplicá-lo.

O conflito normativo entre princípios é especialmente difícil, pois não há


incompatibilidade lógica entre as normas. Ambos os princípios podem ser observados na
maioria das situações, mas não é possível prever com certeza as situações em que eles
entrarão em conflito. Além disso, o princípio priorizado em uma situação concreta pode não
ser o mesmo escolhido em outra situação em que haja conflito entre os mesmos princípios.
Isso ocorre porque sempre pode haver outros traços presentes na situação que venham a ser
considerados relevantes e conduzam a um julgamento diferente. Os juízes usam cada vez mais
argumentações acerca de princípios em suas decisões, especialmente no caso dos juízes dos
tribunais supremos que costumam ter "a última palavra" ao decidir conflitos entre direitos
fundamentais. A dificuldade reside no fato de que os conflitos entre direitos não podem ser
resolvidos pelos critérios tradicionalmente usados pelos juristas para resolver conflitos
normativos. Nos conflitos entre princípios, o juiz deve decidir caso a caso qual deles deve
prevalecer naquela situação.

Para resolver um conflito entre princípios, existem duas perspectivas: a


consequencialista, que interpreta os princípios como valores em conflito e considera o peso
relativo de cada um à luz das consequências de sua realização, e a deontológica, que justifica
a primazia de um dos princípios como o mais adequado a ser aplicado na situação,
independentemente das consequências. A decisão é justificada como "a melhor" ou "correta"
nas circunstâncias.

Tradicionalmente, a habilidade de agir corretamente em diferentes situações é


atribuída à capacidade de julgamento, chamada de frónesis ou sabedoria prática. Embora os
filósofos morais contemporâneos tenham tentado resgatar essa perspectiva aristotélica, é
difícil assimilar juízos morais a enunciados verdadeiros ou falsos sobre fatos morais. É
importante caracterizar exaustivamente os traços da situação à luz das normas
presumidamente aplicáveis para decidir qual norma aplicar. Agir racionalmente significa
basear nossas ações em razões que consideramos justificadas, mesmo que possamos estar
errados, já agir irracionalmente seria agir com base em crenças falsas.

Ao final desse trecho, discute-se a dificuldade em decidir racionalmente em situações


em que há razões a favor e contra uma ação. A ideia de "sopesamento" é metafórica e não
pode ser aplicada de forma concreta, pois as razões são expressas linguisticamente e não têm
peso. As perspectivas teleológica-consequencialista e deontológica diferem nas razões que
fundamentam a decisão, pois a primeira busca a melhor alternativa, enquanto a segunda
considera um critério de correção que não depende de valores prévios.

2. “Segundo andar” – normas justas e injustas

Marina Velasco traz a importância da análise das normas para determinar a justiça ou
injustiça das mesmas. É destacado que diferentes fórmulas de justiça são usadas para discutir
a justiça e injustiça das normas, por exemplo, a distribuição de cadernos para alunos da 1ª
série, onde a fórmula "a cada um a mesma coisa" pode ser questionada como injusta,
sugerindo que a distribuição deve ser feita de acordo com as necessidades dos alunos. Em
outros casos, uma norma pode ser criticada por ser inconsistente com outras normas já aceitas
pela sociedade. A questão da justiça ou injustiça das próprias normas são objeto de
problematização e não apenas tomadas como dadas, além disso, é mencionada a importância
das normas jurídicas e da divisão de poderes do Estado nessa discussão.

A queda das monarquias absolutas e o surgimento de governos "pelo povo" são


resultados de um longo processo de fatos e ideias espalhadas pelo Esclarecimento, que
descobriu que as normas de convivência tidas como corretas e garantidas não têm mais
fundamento concebível além da vontade dos homens. O princípio da igualdade é um princípio
moral e jurídico presente em todas as constituições das repúblicas modernas, que estabelece o
direito geral à igualdade como um direito fundamental.

Assim, a ideia de igualdade de status entre todos os seres humanos substituiu a noção
hierárquica de honra que existia na sociedade do ancien régime. O termo "senhor" passou a
ser utilizado para nomear todos os cidadãos, e não havia mais estratos diferentes. Na época
revolucionária, pensava-se que a justiça das normas dependia apenas da forma universal que
as leis tinham. Posteriormente, o positivismo compartilhou essa crença de que o Direito nada
mais é do que o conjunto das leis vigentes, consideradas legítimas simplesmente pelo fato de
provir de uma fonte considerada legítima.

Logo após, é apresentado o conceito de uma sociedade justa e como diferentes


concepções de justiça são aplicadas na filosofia política contemporânea. A distinção entre
conceito e concepção é explicada, onde o conceito se refere ao significado formal da justiça,
enquanto as diferentes concepções fornecem princípios e critérios para preencher esse
conceito. John Rawls é mencionado como responsável por popularizar essa distinção, onde o
conceito de justiça política se refere a um conjunto de princípios que se aplicam às
instituições básicas de uma sociedade. É enfatizado que qualquer concepção de justiça
sociopolítica pressupõe a validade do conceito formal de justiça e que a justiça está
intrinsecamente ligada à igualdade. A fórmula aristotélica de tratar igualmente o que é igual e
desigualmente o que é desigual é interpretada em relação à justiça.

Enquanto alguns defendem que a justiça deve ser igualitária, outros argumentam que a
igualdade não é um valor a ser perseguido. Robert Nozick, por exemplo, defende que a justiça
depende da liberdade individual e que o Estado deve garantir a segurança e proteger os
direitos de propriedade dos cidadãos, sem promover políticas redistributivas. Mesmo aqueles
que não consideram a igualdade como um valor em si reconhecem sua importância na
aplicação das normas, mas há divergências quanto à sua relevância na construção de uma
sociedade justa.
2.1. De novo da igualdade: duas concepções “igualitárias” de sociedade justa

Existem diferentes variantes de igualitarismo, algumas enfatizam a distribuição


igualitária de recursos, vantagens, oportunidades ou capacidades, enquanto outras enfatizam a
igualdade nas relações entre as pessoas, sem hierarquia ou dominação. O objetivo das
políticas igualitárias é neutralizar as desvantagens produzidas pela "sorte", como nascer em
uma família pobre, e garantir que as pessoas tenham condições iguais para decidir suas vidas.
Então, apresenta-se duas das posições distributivistas: a igualdade de recursos e a igualdade
de capacidades. Além disso, há aqueles que consideram que as políticas de igualdade são
importantes por uma razão distinta: a igualdade de status ou posição entre as pessoas,
evitando situações de opressão, subordinação, humilhação ou servidão.

O filósofo John Rawls, em sua obra "Teoria da justiça", propôs a ideia de justiça
igualitária, que consiste em garantir que as instituições de uma sociedade permitam que a vida
das pessoas dependa de suas escolhas e não da sorte. Rawls defende que cada pessoa deve ter
acesso ao mesmo conjunto de bens primários, como liberdades, oportunidades, renda e
riqueza, para realizar seus planos de vida. A concepção igualitária de justiça de Rawls
resume-se em dois princípios: igualdade estrita na distribuição de liberdades e um duplo
critério para aceitar desigualdades em renda e riqueza, desde que beneficiem os menos
favorecidos da sociedade e estejam ligadas a posições acessíveis a todos. É importante
observar que Rawls concebe todas as dimensões de justiça de uma sociedade conforme o
modelo de distribuição igualitária.

(a) Igualdade de recursos: Ronald Dworkin é um defensor da concepção liberal de


igualdade, com foco na igualdade de recursos. Ele concorda com Rawls em que uma
sociedade igualitária deve neutralizar os efeitos da fortuna, mas acredita que a proposta de
Rawls não leva em conta adequadamente a questão da responsabilidade pessoal. Dworkin
propõe uma "igualdade de recursos" sensível às escolhas pessoais, garantindo que cada pessoa
é responsável por suas preferências e escolhas. Ele desenvolve uma teoria complexa para
alcançar essa igualdade, imaginando uma sucessão de situações hipotéticas, incluindo um
leilão inicial em que todos os recursos impessoais são leiloados com cada indivíduo tendo
poder de compra igual. O resultado desse leilão é a base para a distribuição justa de recursos.

(b) Igualdade de capacidades: O filósofo Amartya Sen critica a concepção


distributivista de igualdade de justiça, que se concentra apenas na igualdade de bens ou
recursos, sem levar em conta a situação real das pessoas. Para Sen, a igualdade deve ser
encontrada na capacidade das pessoas de converter esses recursos em liberdades efetivas. Ele
defende uma teoria igualitária que leve em conta as capacidades básicas das pessoas e os
diferentes funcionamentos que elas podem desempenhar. Uma política igualitária sensível a
essas variações deve ser adotada. Como economista, Sen busca oferecer um parâmetro
objetivo para medir os funcionamentos e fornecer uma ferramenta para o planejamento.

Para os igualitaristas, a igualdade não se resume apenas à distribuição de bens, mas


sim às relações entre as pessoas e assim, eles defendem uma sociedade de iguais, na qual não
existam hierarquias, opressão ou exploração. A crítica ao modelo de distribuição igual é que
ele pressupõe uma assimetria entre aqueles que recebem os benefícios e aqueles que os
distribuem. Em vez disso, os igualitaristas focam nas relações entre as pessoas. Duas posições
que enfatizam a democracia e o reconhecimento, respectivamente, e conclui com uma terceira
posição que combina ambos os conceitos:

a) Justiça como democracia radical, que enfatiza a liberdade positiva das pessoas e
entende que uma sociedade justa é, sem dúvida, uma sociedade igualitária, mas onde a
igualdade tem mais a ver com a igualdade de chances de influenciar as decisões que afetam
todos. A perspectiva defende a participação igualitária na livre troca de razões como um
pressuposto inevitável de toda argumentação, com o objetivo de se alcançar uma estrutura de
interação não estratégica, mas "comunicativa". A importância de obedecer às leis, que são
criadas pelos cidadãos, e a ideia de que ninguém pode ser injusto consigo mesmo, então, o
ideal é a igualdade na participação da livre troca de razões, que é uma prática necessária para
resolver conflitos pacificamente.

b) Justiça como reconhecimento, que se baseia nas relações pessoais de


reconhecimento. A ideia é que a identidade das pessoas depende do reconhecimento mútuo
entre sujeitos, o que é fundamental para a formação da identidade individual e para a ação
autônoma na sociedade. Esse reconhecimento é visto como uma forma de justiça, já que a
falta dele pode ser interpretada como uma opressão ou depreciação. Nas últimas décadas,
houve um surgimento de demandas por reconhecimento de grupos sociais específicos que
exigem o reconhecimento de sua identidade, enquanto pertencentes a um gênero, raça ou
cultura determinada. Apesar de não exigirem um tratamento igual, esses grupos demandam
um tratamento diferenciado que respeite sua identidade específica, sendo visto como uma
forma de demanda por igualdade de reconhecimento.

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