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Disciplina: Direito Civil I – Parte Geral.

Turma: 2º Semestre.
Docente: Vinícius Eduardo de Jesus Pereira.
Discente: Fabiana da C Damasceno dos Santo Silva
Data: 29 de June de 2023.
Tema: Conflito de Normas

FICHAMENTO DE CONTEÚDO
Referência: DINIZ, Maria Helena. Conflito de normas. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 1998.

A análise apresentada por Maria Helena Diniz neste primeiro capitulo a respeito do
conflito normativo existente no ordenamento jurídico, não consegue abarcar todas as antinomias jurídicas
e segundo a própria autora, um único livro não caberia todos os questionamentos dos quais se fazem
necessários acerca do tema.
As antinomias é tema controverso, ainda não existe uma doutrina capaz de apresentar de
maneira consistente uma solução para essas divergências de interpretação. Para que o estudo fosse
realizado, primeiramente fez-se um breve exame da evolução histórica, já que não se faz possível a análise
das antinomias sem traçar essa linha do tempo, para seja possível determinar em que momento o conflito
normativo se tornou um problema jurídico.
A palavra antinomia surgiu na antiguidade, e já teve várias definições, Zedler definiu o
termo “como o conflito que ocorre quando duas leis se opõe ou se contradizem”. Porém, a questão
normativa conflituosa atual data da Revolução Francesa, responsável fixar algumas situações como
soberania nacional, separação dos poderes, o reconhecimento da lei como fonte do direito, o controle
acerca das decisões judiciais.
Com o advento e a solidificação desses fatos importantes tanto na área política como no
direito foi necessário a criação de ferramentas para normatizar e organizar a legislação, bem como, os
vários preceitos criados pelo direito, tais acontecimentos, vão de encontro a positivação do direito. Por
direito positivo entendemos o conjunto de normas e leis que conduzem a vida social e as instituições que
constituem o Estado.
Desta forma, percebe-se que a relação do ser humano com o mundo social tem
características específicas. Seguindo o pensamento de Foucault, através de suas vivências o homem
consegue transformar o espaço ao seu redor e também seu próprio ser, a partir daí, temos então a
necessidade dos mecanismos organizacionais, que agem na estrutura organizacional da sociedade e do
Estado.
Assim, todo problema traz consigo uma variedade de opções de resolução, que exige do
homem a capacidade de planejar e tomar decisões. Assim sendo o homem se torna elemento indispensável
e matéria para a positivação do direito, sendo responsabilizado por tal acontecimento.
Ao ser positivado, o direito elevou o homem na condição de componente central do
jurista. Mesmo segundo a crença de alguns, que este é uma ciência posta, é impossível deixar de lado as
considerações referentes ao comportamento humano.
A normatização do direito foi imprescindível para que se reconhecesse a antinomia e a
que se fazia necessário a criação de soluções para esses impasses. A antinomia faz parte do sistema e sua
criação requer a solução de discordâncias, para que seja possível ter uma harmonia no ordenamento.
Terminado a especificação dos pontos históricos importantes, passamos para a parte de
buscar responder questionamentos que serão indispensáveis para consolidar a determinação da existência
desses conflitos normativos. Dentre elas temos: O conflito normativo realmente existe? O princípio da não
contradição é aplicável nesses casos? O ordenamento jurídico é uniforme? Se existem conflitos
normativos, a antinomia jurídica é relevante? Existem meios capazes de resolvê-las?
Para compreendermos a importância de um sistema jurídico para obtermos respostas
acerca dos questionamentos apresentados, primeiramente vamos conceituar a palavra “sistema”, já que ele
será a ferramenta usada nessa análise. Sistema é a união de elementos concretos ou abstratos, que se
conectam formando um todo organizado.
A partir dessa conceituação, entende-se que o direito não constitui um sistema, mas sim,
fatos normativos que que podem ser analisados metodicamente pela ciência do direito. É certo que o
hermeneuta tem por função de aduzir o direito de maneira organizada, tanto para seus estudos, bem como,
para os operadores.
O pesquisador do direito é bem mais que um simples transcritor de leis, a ele cabe a
função de descrever e interpretar, para determinar os possíveis resultados na aplicação dessas normas. E
assim, tem por objetivo correlacionar essas normas e os demais elementos do direito, buscando dar-lhe um
sentido estrito.
O ordenamento jurídico não é um mecanismo opressor, ele está em constate evolução,
adapta-se conforme as mudanças sociais e humanas. O surgimento de novas divergências força os
legisladores a criar novas leis, princípios e valores mudam constantemente, tudo isso é resultado das
inúmeras mudanças do cotidiano.
O direito é um fenômeno amplo, que perpassa por elementos da história, antropologia,
sociedade e axiologia, que são interligados pela positivação do direito. Santi Romano afirmou que a lei
não é simplesmente a norma posta, o processo de coisificação acontece bem antes de sua disseminação. É
a ferramenta usada para a fixação do poder social. Esta também é a mesma visão de Giorgio Campanini.
Cabe, porém, aqui deixar claro que para Kelsen o direito não é somente um compilado
de leis, mas por conta da dificuldade para compreender as normas e seus componentes, a metodologia da
ciência jurídica, a reduz a condição única de norma. O estudo superficial dos acontecimentos jurídicos não
é suficiente para explicar ou justificar suas consequências.
Toda essa análise vai de encontro com a teoria tridimensional de Miguel Reale, a qual
diz que o ordenamento jurídico se trata de uma relação dialética ente fato, valor e norma, tendo todos a
mesma forma. Para Klug a isomorfia acontece quando dois elementos conseguem se relacionar de
maneira única.
Dessa forma, entendemos então que os componentes dos sistemas são interdependentes.
Porém, estão interligados, se ocorre alguma divergência, que quebra essa forma universal, aprecem as
lacunas que podem resultar nas antinomias em casos de conflitos. Se o sistema jurídico for compreendido
com aberto e incompleto, o direito pode tornar-se algo desordenado e vago por falta de solução para um
fato especifico.
Diante do surgimento de antinomias, o direito é obrigado a encontrar a solução para ela,
já que o direito tem como função a garantia da harmonia social. Para fazer com que seja cumprido seu
objetivo, o jurista tende a se guiar por interpretações sistemáticas e corretivas, que serão sua base para
resolver os impasses.
Não existem normas falsas ou verdadeiras, só existem conflitos quando normas válidas
apresentam soluções diferentes para um mesmo caso. Pode-se comparar um conflito de norma as duas
forças que atuam em direções diversa.
Por não ser algo lógico, a revogação de uma norma para solucionar uma antinomia
também não é. Segundo Kelsen tal ação consiste na negação da validade normativa, e que nenhuma das
normas conflitantes são capazes de invalidar uma a outra.
A ciência normativa tem por objetivo entender o direito em sentido amplo, agindo
imparcialmente, trabalhando sempre para solucionar todo e qualquer conflito normativo. O conflito de
normas é fato corriqueiro, devido a volatilidade da criação de leis.
A antinomia é um problema que se encontra na parte estrutural do ordenamento, para
resolver tal dissonância, regido pelo princípio da não contradição, o hermeneuta deverá agir de forma
coerente. Acompanhando este raciocínio, deve a ciência apresentar ferramentas que sejam capazes de
solucionar e manter a harmonia entre as normas.
Para solucionar as antinomias deve-se enxergar o direito com algo que em constante
transformação, segundo Bobbio isso é fato importante na construção do reconhecimento e também
solução destas. Pode se resolver os conflitos normativos antes mesmo dele chegar ao judiciário, no
entanto, pelo indeferimento judiciário, mas este sem conseguir solucioná-la, acaba por a direcionar
novamente ao legislativo.
A antinomia permanece em trâmite judicial, mas como o jurista não detém a solução, ela
continua vagueando pelo ordenamento, até que o legislativo consiga extingui-la.

Palavras-Chave: Antinomia; Sistema Jurídico, Normatização; Princípios.

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