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18 / 09 / 2023
Resumo
Este paper examina a interseção entre o ordenamento jurídico e o processo evolutivo
das sociedades, bem como sua influência na construção de narrativas históricas.
Argumenta-se que o sistema jurídico desempenha um papel preponderante na
estruturação e na regulação das sociedades com o transcorrer do tempo. A análise se
concentra na maneira pela qual as normas jurídicas espelham os valores culturais,
políticos e sociais, moldando o comportamento humano e as estruturas sociais.
Adicionalmente, explora-se como as mudanças no sistema jurídico ao longo da
história podem ser empregadas como ferramentas para rastrear o desenvolvimento
das sociedades e suas metamorfoses. Considera-se como as decisões judiciais, os
códigos legais e as constituições como reflexos dos desafios e das aspirações de
diferentes períodos temporais, bem como como esses registros legais são utilizados
na construção das narrativas históricas. Conclui-se que o sistema jurídico não é
meramente um espelho da sociedade, mas também um agente propulsor de sua
evolução, desempenhando um papel fundamental na formação das narrativas
históricas que moldam nossa compreensão do passado e do presente. Este paper traz
à tona a complexa relação entre o sistema jurídico e a história, sublinhando a
importância de uma análise crítica dessa interação para uma compreensão mais
profunda da sociedade humana.
1. Desenvolvimento
Essa visão geral do direito antigo, incluindo o direito romano, serve para
marcar as essenciais diferenças entre o que hoje chamamos direito e o que
foi o direito de civilizações já desaparecidas. De fato, de alguma forma,
inseridos que estamos na orbita da civilização ocidental, é claro que a
herança romana nos chegou, assim como algo da herança grega. Apesar
disso é bom lembrar que o direito romano só nos chega porque foi
“redescoberto” e verdadeiramente “reinventado” duas vezes na Europa
ocidental: a primeira vez nos séculos XII a XV e a segunda vez no século XIX,
respectivamente pelos juristas da universidade medieval, glosadores e
comentadores, e pelos professores alemães que tentavam a unificação
jurídica nacional. Como toda “volta” histórica, as redescobertas do direito
romano foram um uso não previsto historicamente para decisões, sentenças
e instituições. (O Direito na História_José Reinaldo de Lima Lopes p. 15-16)
António Manuel Hespanha tece a tese das instituições que seria alternativa ao
passado jurídico, destacando das abordagens tradicionais e da dogmática jurídica.
Ele contextualiza que tanto as fontes do direito que envolve o processo
evolutivo das normas, tanto a dogmática jurídica que está centrada na evolução das
doutrinas e das terminologias adotadas pelos juristas tem o caráter de excluir o direito
de outras questões da vida social tais como: a economia, a cultura, a política e as
tradições, afirmando veementemente que a ordem jurídica é a vontade do legislador,
da construção dos juristas, tornando esse ciclo restrito.
Em contraponto, sua tese da história das instituições vai contra essa
perspectiva e argumenta que o direito e a realidade social são umbilicalmente ligados.
Ela defende que o direito regula a vida nas sociedades, tem uma interação direta com
outros valores, como a etiqueta, a moral e a religião solucionando conflitos sociais e
trazendo equilibro a sociedade.
Sociólogos como Hauriou e Durkheim, afirmam que as instituições jurídicas são
parte integralista da realidade social, que elas não podem ser desvinculadas.
Referências bibliográficas
HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra:
Almedina. 1982. Introdução.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 2000. Capítulo 1.