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estou aqui para vos esclarecer. A referência ao Quinto Império surge na Bíblia num episódio
em que o rei da Babilónia pede aos sábios que lhe revelassem um sonho que tivera e a
respetiva interpretação. Foi o profeta Daniel que lho revelou e decifrou. O sonho envolvia uma
enorme estátua de cabeça de ouro, peito e braços de prata, ventre e ancas de bronze e pernas
de ferro, à qual uma grande pedra se desprende da montanha e divide todos os membros em
pedaços. Com isto, o profeta Daniel refere-se ao rei como o rei dos reis, a quem Deus dos céus
deu a realeza, e diz-lhe que depois dele surgirá um outro reino, menor que o dele, depois um
terceiro, o de bronze, de seguida um quarto reino que será forte como o ferro e por fim, o
Deus dos céus fará aparecer um reino que jamais será destruído e cuja soberania nunca
passará a outro povo.
A referência ao quinto império torna-se mito nas interpretações que sucederam ao longo dos
tempos, sendo os reformuladores deste o Bandarra, o padre de António Vieira e por fim
Fernando Pessoa. É incoerente falar do quinto império sem falar em Padre ANtonio Vieria, pois
é ele que forja o conceito apropriando-se de diferenciados elementos. Vieira constrói a ideia
de que Portugal seria a expressão da concórdia universal, da reunificação das várias
religiões e que isto seria feito no tempo presente, através da ação espiritual do Papa e
da ação temporal do rei de Portugal - D.João IV.
Contudo, não é nele quu hoje concentramos a nossa atenção, mas sim na noção de
quinto império para Fernando Pessoa e no contexto da Mensagem.
O “intenso sofrimento patriótico” leva Pessoa a antever um império que se encontra além do
material, isto é, um império espiritual, que leva os portugueses à idealização/sonho de um
tempo mítico que há de voltar, junto com D.Sebastião - sebastianismo.
A crença no Quinto Império persegue Fernando Pessoa. Numa entrevista dada em 1923 a
Pessoa, o entrevistador perguntou-lhe o que ele calculava sobre o futuro da raça portuguese
ao que ele responde O Quinto Império. O futuro de Portugal – que não calculo, mas sei –
está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra, e também nas quadras
de Nostradamus. Esse futuro é sermos tudo."