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Este ensaio se propõe a discutir a medida de Política Criminal abordada no
terceiro capítulo do livro “Tratado de Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120)” de
Cezar Roberto Bittencourt, publicado pela editora Saraiva, atualmente, em sua 29ª
desviante no decurso da história. Para isso, o autor inicia sua apresentação com a
está posta na frase com a qual este escolheu abrir o capitulo: “A prisão é uma exigência
mas de sua permanente reforma”. A partir deste ponto de vista, que pensa recusar que o
enquanto necessidade social inevitável para tratar seres imperfeitos, podemos ter em
mente qual é o prisma teórico-crítico com o qual o autor observa a realidade. Apesar de
possuir uma obra dedicada a discutir a falência das prisões, olvida a realidade latente e
se esquiva de questões que clamam por elaborações que ousem ver um horizonte para
além da prisão. Por esta razão, este trabalho se propõe a apresentar breves apontamentos
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sobre o conteúdo interditado que circunda um Manual-Rotina que se dedica a
truísmo, por sua natureza, torna-se invisível aos olhos incautos do cotidiano. A vida em
concretas, por esta razão importa dizer que, para o campo do Direito Penal, as certezas
realidade material a qual visam manter, desta forma a primeira pergunta não feita pelo
Para responder esta primeira pergunta devemos observar que a questão penal-
sentimentos humanos vitais, a não compreensão do tema ensejada pela fuga intelectual
para observar a vocação para qual o Direito Penal se orienta, não só inviabiliza a
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construção de soluções para questão penal-penitenciária, mas também perpetua a
realidade posta, entronizando-a como único horizonte possível. Por isso, neste primeiro
determinações imanentes, isto é, por meio das suas Funções Declaradas e Latentes,
como fez JUAREZ CIRINO DOS SANTOS (Santos, 2022, p. 29). Para esta reflexão,
80,000
50,000
45,371
41,140 42,093
40,076
40,000
33,378
20,420 21,622
20,000 16,796
14,797 15,374 15,610
11,940 11,188
8,326 9,586
10,000 7,094 6,241 5,901 4,749
2,986 3,237 2,153
-
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
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A Função Declarada do Direito Penal, consagrada como a única pela porção
devemos nos questionar se o direito penal é capaz de realizar a proteção dos bens que
Figura 2 População Prisional por Ano. Dados fornecidos pelo SISDEPEN- Dados Estatísticos do Sistema Penitenciário.
Painéis Interativos — Secretaria Nacional de Políticas Penais (www.gov.br)
Observe os gráficos e veja que o Bem Jurídico Vida, um dos mais importantes da
violência policial, não foi protegido pelo Direito que supostamente destina-se a este fim,
ou seja, o superestimado Fantasma da Pena não salvou o Bem que jura proteger, posto
fundamento para punição está na Lesão ou Perigo de Lesão Real, portanto o direito
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penal não protege bens jurídicos, apenas “repara” a lesão por meio da expropriação da
vítima, que tem suas dores instrumentalizadas para o exercício do Poder Punitivo
(Zaffaroni, Batista, Alagia, & Slokar, 2004). Veja que a primeira promessa jamais
ensejam uma miríade de valores éticos, tornando o segundo discurso tão ilusório quanto
o primeiro.
sua inépcia, então qual sua real função? O que é capaz de fazer? Qual sua Função
Latente?
punição, de modo a cumprir com sua real vocação: a reprodução da vida social.
Contudo, devemos nos perguntar quais são os mecanismos que permitem que essa
conflitos sociais entre nós clamam por soluções na esfera do Direito Penal? Como
vimos, este campo do Direito possui um cariz dúplice e fantasmagórico, o qual lhe
esporeados na realidade social, contudo de forma epidérmica, visto que a satisfação por
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ele ensejada é rapidamente degradada, fazendo com que sua presença seja novamente
invocada para lidar com outro objeto, assim provocando um ciclo vicioso de
“cumprir com sua palavra”, isto é, proteger bens jurídicos ou estabilizar valores, em
virtude de seu limite ínsito, ou seja, a ação condicionada à lesão ( ou perigo de lesão)
real à um bem jurídico — com sua verve densamente simbólica, mobiliza a sociedade
como um todo, ainda que os grupos que a compõe tenham interesses em litígio: os
sabem a quem serve o Gasparzinho de nossa discussão. Portanto, diante deste potencial
mefistofélico, que foge à cognição normativa, devemos pensar quem é a figura que
Desta forma, tendo em mente que a categoria Lei tem sua estrutura voltada para os
sujeitos formalmente iguais em razão de sua essência humana, por dedução conclui-se
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que os seus efeitos devem se reproduzir homogeneamente. Todavia, enganam-se os
afoitos que pensam que o Mundo-da-Vida e o Incrível Mundo da Norma são distintos e
O erro daquele que quer crer que há um mundo regido pelo império da Lei está
em olvidar que a vida enquanto tal ocorre a despeito da Lei, sendo ela capaz de produzir
norma por força do esforço hermenêutico, para que desta forma possa ocorrer a
produção dos efeitos decorrentes de suas virtudes. Com isto em mente, podemos
norma: o lugar da norma criminal, em razão de sua forma a-histórica, poderá ser
mantenedora do status quo. (Zaffaroni, Batista, Alagia, & Slokar, 2004, pp. 46-56).
violência estatal. É por meio desse mecanismo que se realiza a produção dos
podemos notar que o que se está perfazendo não é apenas o direcionamento da repressão
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por meio da mediação feita pelo Sistema de Justiça Penal, mas também está se
o alcance da norma, de forma que o que resta aos destinatários da estigmatização, ora
resistência”, os quais nada mais são do que execuções sumárias legitimadas pelo direito
A Situação Carcerária
penitenciária, ora legitimada por sua função de defesa da sociedade. O cárcere hoje
coisas inconstitucional, o que, por decorrência lógica, faz com que toda prisão realizada
À Guisa de Conclusão
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Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Direito Penal, no Gasparzinho, o fantasminha camarada, que faz-nos crer que pode
termos a ciência de que suas soluções não são efetivas, enquanto sociedade voltamos a
apostar no mesmo mecanismo toda vez que algum problema surge ou ressurge. No
senso comum como uma manifestação de demandas legítimas, contudo suas respostas
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incorrer na legitimação da reprodução dos morticínios, que infelizmente já foram
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Obras Citadas
a 120). Saraiva.
Santos, J. C. (2022). Direito Penal: Parte Geral (10 ed.). São Paulo:
Tirant lo Blanch.
Zaffaroni, E. R., Batista, N., Alagia, A., & Slokar, A. (2004). Direito
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