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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO – CLC


DISCIPLINA: Semântica e Pragmática Professora: Luciane Martins Anglo – sala: 224
e-mail: lucianebmk@hotmail.com Licenciatura em Português Data: ________________
Nome: _________________________________________________________________________________

Semântica Cognitiva, segundo Paula Lenz

A autora inicia o capítulo a partir da problematização de “metáfora”. Segundo Lenz, enquanto a Semântica é vista na
Linguística, na Lógica e na Filosofia como o estudo do sentido literal, o sentido metafórico aparece como competência da
Pragmática. Isso se dá porque fomos ensinados a pensar a metáfora como parte integrante da poesia e da retórica ou ainda como
recurso para suprir lacunas de vocabulário.
No início da década de 80, Lakoff e Johnson publicam o livro em que defendem a tese de que as metáforas são sistêmicas
e não meras elocuções elaboradas no momento da fala. Assim, os autores chamam de metáfora conceitual, o conceito e de
expressão metafórica sua realização linguística.
Os autores também destacam que os aspectos culturais são importantes na construção dos sentidos.
Outro importante autor – Kempson, questiona a separação entre Semântica e Pragmática. Nas palavras do autor,
A semântica como o estudo do significado em línguas naturais e a Pragmática como o
estudo de como a fala é interpretada poderiam ser um e o mesmo estudo. Dado que o
significado de uma expressão é a informação que tal expressão traz e que a interpretação
pelos usuários da língua é a recuperação da informação das expressões, é difícil visualizar
essa separação (1997, p. 561).
Apenas com o conhecimento linguístico não é possível alcançar uma análise semântica, “pois cada palavra é
compreendida em termos de um frame (ou MCI), onde o conhecimento de mundo, experiências, percepções, culturas,
comportamentos sociais, convenções etc”.
E assim, do incômodo de semanticistas diante do que fora exposto é que a Linguística Cognitiva surge. A Linguística
Cognitiva considera-se parte das ciências cognitivas e apresenta “uma conjunção de várias abordagens que compartilham os
mesmos princípios básicos, com o objetivo de investigar o sistema integrado global de estruturação conceitual da linguagem.
A semântica Cognitiva pode ser definida como uma área da Linguística Cognitiva que estuda os sistemas conceituais,
significados e inferência humanos, cujos princípios básicos podem ser assim sintetizados:
- a estrutura conceitual é corpórea;
- a estrutura semântica é a estrutura conceitual;
- a representação do significado (sentido) é enciclopédica;
- e a construção do significado (sentido) é a conceitualização.
O movimento que deu origem a Linguística Cognitiva surgiu como uma forma de pensar a relação linguagem-
pensamento, ao mesmo tempo em que se configurou como resistência ao estruturalismo.
Segundo Kemmer,
...a linha de pesquisa que se seguiu foi de examinar a relação da estrutura da língua com
coisas externas à linguagem: princípios e mecanismos cognitivos não específicos à língua,
incluindo os princípios de categorização humana; princípios pragmáticos e interacionais;
e princípios funcionais em geral, tais como iconicidade e economia (2012).

O significado, e não a sintaxe, é o elemento central dos estudos linguísticos, sendo este um dos pressupostos mais
importantes da área, compartilhado pelas abordagens.

 O que a Semântica Cognitiva estuda?


Embora os autores classifiquem os trabalhos da Linguística Cognitiva em duas grandes áreas: Semântica Cognitiva e
Gramática Cognitiva essa divisão é difícil de ser mantida. A Semântica Cognitiva está preocupada em compreender como
construímos significado (conceitualização). A Gramática Cognitiva preocupa-se em modelar o sistema da linguagem e o faz
a partir dos resultados obtidos pela Semântica Cognitiva.

A linguagem não é uma faculdade A linguagem é uma faculdade ou


cognitiva autônoma. módulo cognitivo separado das
habilidades não linguísticas
(Gramática Gerativa).
Gramática é conceitualização Semântica de Condições de
Verdade
(metalinguagem=verdade e
falsidade=mundo)
O conhecimento da língua emerge do Tendência reducionista Tendência reducionista
uso da língua
Em outros termos, há pelo menos três princípios. O primeiro diz que “A linguagem não é uma faculdade cognitiva
autônoma”. Ou seja, a Linguística Cognitiva se vale das descobertas das ciências cognitivas para explicar a linguagem de forma
mais abrangente, sem incorporar os pressupostos de nenhuma teoria filosófica. Entre as descobertas, podemos destacar três: a
mente é inerentemente corpórea; o pensamento é de modo geral inconsciente; e, os conceitos abstratos são em grande parte
metafóricos. Ao mostrar que a mente é corpórea a visão cartesiana de mente transcendental é quebrada. Nesse sentido, razão e
emoção não são formas distintas de raciocinar e agir, mas formas complementares/essenciais de tomar decisões. Estudos para a
compreensão da mente corpórea inclui três níveis: o nível neural; o nível da experiência fenomenológica; e, o nível do
inconsciente cognitivo. Tais níveis não são independentes, mas imbricados um no outro.
No que se refere ao segundo princípio: “Gramática é conceitualização”, pode-se dizer que ele surge com o propósito de
contestar a Semântica como noção condicionada à verdade.
Já no que concerne ao terceiro, temos que: “as categorias e estruturas semânticas, sintáticas e morfológicas não são
preestabelecidas, mas construídas a cada elocução”, isso porque categorizar é um processo natural e dinâmico.

 Como estudar algum desses fenômenos usando a Semântica Cognitiva?


Nenhuma metodologia consegue dar conta do fenômeno da linguagem como um todo e todas são necessárias para que
se alcance o pleno desenvolvimento da estrutura conceitual humana. Ente as várias metodologias Talmy destaca: a introspecção
de significados e estruturas das formas linguísticas e expressões, isoladas ou em contexto; comparação de características
linguísticas entre línguas distintas; exame de como os eventos de fala interagem com elementos do contexto; análise de gravações
audiovisuais de eventos comunicativos; exame de observações de comportamento linguístico (aquisição da linguagem pela
criança, por exemplo); técnicas experimentais de Psicolinguística; testes sobre o funcionamento do cérebro em neurociência;
simulação do comportamento linguístico humano em linguagem artificial. Em síntese temos:
1. A introspecção linguística que inclui metodologia do pensamento analítico;
2. Análise audiobiográfica;
3. A análise de corpus; e
4. O método experimental.

 Quais são as grandes linhas de investigação?


Partindo do princípio de que a Semântica Cognitiva investiga a representação do conhecimento e a construção dos
sentidos, buscando caracterizar os princípios gerais que se aplicam a todos os aspectos da linguagem humana, em conformidade
com outras disciplinas sobre a mente e o cérebro, podemos dizer que é a área dos estudos aplicados ao ensino/aprendizagem de
segunda língua, a área que recebe maior destaque.
Quanto às outras áreas, temos uma grande diversidade: categorização e léxico, construções e gramática, cognição
espacial, metáfora, metonímia e integração conceitual, aquisição da linguagem, ensino/aprendizagem de segunda língua, análise
de discurso, psicolinguística, linguagem gestual, linguística computacional, fenomenologia, e filosofia da mente, por exemplo.

ATIVIDADES

1. Define Semântica Cognitiva.


2. A partir da leitura sobre protótipos (p 105-110, do Manual de Semântica), estabelece o conceito da palavra JORNAL
usando a noção de condições necessárias e suficientes. Argumente sobre o quanto essas condições podem ser falhas.
3. A metáfora tem sido objeto de discussões em diferentes áreas, logo apresenta diferentes definições e características.
Partindo dessa premissa, explica como a Metáfora é vista na Semântica Cognitiva?
4. Seguindo os estudos sobre metáfora, segundo a Semântica Cognitiva, tome a tirinha a seguir e aponte qual é o conceito
presente no domínio do alvo e no domínio da fonte.

5. A partir do estudo sobre os papéis temáticos, explica a construção da manchete a seguir:

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