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O presente trabalho de campo é referente a disciplina Teoria e Análise do Discurso do 3º

ano do curso de Portugues que pretende investigar sobre Mecanismos discursivos em


textos do livro do aluno: caso de Língua Portuguesa – 7ª classe. Em qualquer ensino o
livro didáctico é indispensável por ser o principal veículo pelo qual os objectos de ensino
de todas as disciplinas chegam à maioria das salas de aula de nossas escolas, especialmente
as públicas. Mesmo diante dos avanços tecnológicos, o livro didáctico continua sendo o
principal suporte do professor. Produzido para servir como um auxílio no processo de
ensino aprendizagem, esse material pedagógico, muitas vezes, por falta de outras opções,
acaba sendo o único recurso utilizado pelo docente. Por isso, é necessário ter critérios
minuciosos na análise do material didáctico a ser usado durante a aula.

Objectivos de Trabalho

Objectivo Geral:

 Analisar os Mecanismos discursivos em textos do livro do aluno da 7ª classe;

Objectivos Especificos:

 Conceituar Mecanismos Discursivos



Mecanismos discursivos – conceito

Os mecanismos discursivos são as formas de organizar e expressar o discurso, de acordo


com a intenção, o propósito e o contexto comunicativo. Eles podem ser de diferentes tipos,
como modalizadores, conectores, operadores argumentativos, marcadores de atitude, entre
outros. Os mecanismos discursivos servem para dar coerência, coesão, clareza e eficácia ao
texto, além de revelar a posição e a perspectiva do enunciador.

Formas discursivas usadas nos textos do livro do aluno da 7ª classe

Levando em consideração o nosso objecto de análise, podemos dizer que nos textos que
contam no livro da 7ª classe encontramos duas formações discursivas diferentes: (i) de um
lado, os autores com o papel de informar o interlocutor sobre um determinado assunto,
como é o caso de Noticias e reportagem, de persuadir aos leitores, como é o caso de
anúncio, ou mesmo de dar atenção aos leitores como é o caso de avisos; assim, os autores
usam todos os possíveis meios de forma positiva, para que, esses “textos” checam aos seus
objectivos. Todos os argumentos dos autores, presentes nos diferentes textos levam à
conclusão de que o eixo da “escrita” e “Oralidade”, atende às demandas educacionais em
destaque em nosso tempo.

Para Orlandi (2012, p. 28, cit. em Apinagé, Santos e Leite, s/d), “Os sentidos – sempre aí
em seu movimento de produzir rupturas, acontecimentos – não estão, no entanto, jamais
soltos (desligados, livres), eles estão administrados (geridos)”.

Por outro lado, (ii) os avaliadores, na posição de avaliar o livro e informar aos seus
interlocutores as características pedagógicas da obra, têm a função de assinalar seus pontos
fortes e suas limitações. Para isso, eles revelam os possíveis pontos positivos e negativos do
material em análise, e é aí que encontramos os pontos discrepantes entre ambos. Essa
configuração é constitutiva para a AD, pois, como explica Orlandi (2012, cit. em Apinagé,
Santos e Leite, s/d), “as palavras não significam por si, mas pelas pessoas que as falam, ou
pela posição que ocupam os que falam. Sendo assim, os sentidos são aqueles que a gente
consegue produzir no confronto do poder das diferentes falas”. Há, também, outros factores
que são constitutivos dos discursos como, por exemplo, o mecanismo da Antecipação e da
relação de forças.
O livro está organizado em três sectores, que são: Literatura, Gramática e Leitura e
produção de textos. Portanto com essa organização visa a flexibilidade, uma vez que
desobriga o uso linear do livro didáctico, possibilitando a construção de programas
adequados às condições específicas de cada unidade escolar, de cada turno e mesmo de
cada turma. Isso implica, como ponto de partida, não fazer do Sumário o programa.

Assim podemos dizer que a maneira como os autores “organizam” o livro, dividindo-o em
três sectores, reflecte-se na forma como os professores ministram as aulas de Literatura,
Gramática, bem como de Leitura e produção de textos; de forma separada, geralmente,
reservam duas aulas para o ensino de Gramática, uma aula para Literatura e uma aula para
Produção de textos, levando os alunos a, muitas vezes, pensarem que estas são matérias
diferentes da matéria de Língua Portuguesa.

Segundo os autores, a divisão do livro, nestes três grandes sectores, visa à flexibilidade, à
desobrigação do uso linear da obra, e a não utilização do Sumário como o programa de
ensino.

Mecanismos discursivos em textos do livro do aluno; Caso da lingua portuguesa da 7ª


Classe.

Ao analisarmos o discurso, estaremos inevitavelmente diante da questão de como ele se


relaciona com a situação que o criou. A análise vai procurar colocar em relação o campo da
língua (suscetível de ser estudada pela Lingüística) e o campo da sociedade (apreendida
pela história e pela ideologia).

A "ideologia" é um conjunto de representações dominantes em uma determinada classe


dentro da sociedade. Como existem várias classes, várias ideologias estão permanentemente
em confronto na sociedade. A ideologia é, pois, a visão de mundo de determinada classe, a
maneira como ela representa a ordem social. Assim, a linguagem é determinada em última
instância pela ideologia, pois não há uma relação direta entre as representações e a língua.

Por isso, os processos discursivos estão na fonte da produção dos sentidos e a língua é o
lugar material onde se realizam os "efeitos de sentido". Segundo Althusser (s.d.), a
ideologia é a representação imaginária que interpela os sujeitos a tomarem um determinado
lugar na sociedade, mas que cria a "ilusão" dè liberdade do sujeito. A reprodução da
ideologia é assegurada por "aparelhos ideológicos" (religioso, político, escolar etc.) em cujo
interior as classes sociais se organizam em formações ideológicas ("conjunto complexo de
atitudes e representações").

O discurso é um dos aspectos da materialidade ideológica, por isso, ele só tem sentido para
um sujeito quando este o reconhece como pertencente a determinada formação discursiva.
Os valores ideológicos de uma formação social estão representados no discurso por uma
série de formações imaginárias, que designam o lugar que o destinador e o destinatário se
atribuem mutuamente (Pêcheux, 1990, p.18).

Segundo Fiorin (1990, p. 177), o discurso deve ser visto como objecto lingüístico e como
objeto histórico. Nem se pode descartar a pesquisa sobre os mecanismos responsáveis pela
produção do sentido e pela estruturação do discurso nem sobre os elementos pulsionais e
sociais que o atravessam. Esses dois pontos de vista não são excludentes nem
metodologicamente heterogêneos.

Esta pesquisa precisa aprofundar o conhecimento dos mecanismos sintáxicos e semânticos


geradores de sentido; de outro, necessita compreender o discurso como objecto cultural,
produzido a partir de certas condicionantes históricas, em relação dialógica com outros
textos.

As investigações mais recentes em Análise do Discurso consideram que é possível construir


procedimentos efetivos capazes de restituir o traço da estrutura invariante dos discursos (o
sistema de suas "funções") sob a série combinatória de suas variações superficiais, ou seja,
descrever e explicar a estrutura presente na série de seus efeitos (Pêcheux, 1990, p.255).

Do nosso ponto de vista, o projecto semiótico greimasiano conseguiu desenvolver uma


análise "interna" consistente, e abriu perspectivas para uma análise externa. A semiótica
greimasiana tem por objetivo analisar a construção e a organização dos discursos e dos
textos através de um conjunto de regras.

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