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KOCH, Ingedore V. A coesão textual. 22ª Ed.

São
Paulo: Contexto, 2010.
Responde:

- “tudo” o quê?
- “isto” o quê?
- Qual é o sujeito de “fundaram,
importaram, gagarejaram,
mandaram e fizeram”?
- Qual é o referente de “eles” em
(4)?
- Em (7), a quem se refere o
pronome “eles”?
Se as perguntas podem ser facilmente respondidas é
porque temos em questão elementos que estabelecem relações
textuais – recurso de coesão textual.

-“tudo” – remete a toda a sequência do texto = elemento


catafórico.
-“isto” – remete para um enunciado anterior – elemento
anafórico.
-Urubus – sujeito elíptico da sequência de verbos em (3).

Há também um outro grupo de mecanismos cuja função é


assinalar determinadas relações de sentido entre enunciados ou
partes de enunciados, como por exemplo: oposição ou contraste;
finalidade; consequência; localização temporal; explicação ou
justificativa; adição de argumentos ou ideias.

É por meio de mecanismos como estes que se vai tecendo


o texto – coesão textual.
Halliday & Hasan (1976) definem coesão como um
conceito que se refere às relações de sentido existentes no
interior do texto, definindo-o como tal. Nas palavras dos autores:

“A coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no


discurso é dependente de outro. Um pressupõe o outro, no
sentido de que não pode se efetivamente decodificado a não ser
por recurso ao outro” (p. 4).

Coesão = parte do sistema de uma língua.

Há formas de coesão realizadas através da gramática e outras


através do léxico.

Halliday & Hasan citam como principais fatores de coesão


a referência, a substituição, a elipse, a conjunção, e a coesão
lexical.
Para Beaugrande & Dressler (1981), a coesão é o modo como
palavras e frases encontram-se conectadas a fim de formar um texto.

Para Marcuschi (1983) os fatores de coesão “dão conta da


estruturação da sequência superficial do texto”, ou seja mecanismos
formais que permitem estabelecer relações de sentido.

Ainda para Marcuschi, “a simples justaposição de eventos e


situações em um texto pode ativar operações que recobrem ou criam
relações de coerência”.

Um exemplo é o texto
“Circuito fechado”.
Concluindo: o conceito de
coesão textual diz respeito a
todos os processos de
sequencialização que
asseguram uma ligação
significativa entre elementos
que ocorrem na superfície
textual. (p. 18)
MECANISMOS

Halliday & Hasan (1976) distinguem cinco


mecanismos de coesão:

1. Referência (pessoal, demonstrativa, comparativa);

2. Substituição (nominal, verbal, frasal);

3. Elipse (nominal, verbal, frasal);

4. Conjunção (aditiva, adversativa, causal, temporal,


continuativa);

5. Coesão lexical (repetição, sinonímia, hiperonímia, uso


de nomes genéricos, colocação).
1. Referência

REFERÊNCIA

A referência pessoal é feita por meio de pronomes pessoais e


possessivos; a demonstrativa é realizada por meio de pronomes
demonstrativos e advérbios indicativos de lugar; e a comparativa é
efetuada por via indireta, por meio de identidades e similaridades.
Exemplos:

1. Você não se arrependerá de ter lido este anúncio. (exófora)


2. Paulo e José são excelentes advogados. Eles se formaram na
Academia do Largo de São Francisco. (referência pessoal anafórica)
2. Substituição
Seria uma relação interna ao texto, em que uma
espécie de “coringa” é usado em lugar da repetição de um item
particular.

Exemplos:

a. Pedro comprou um carro novo e José também.

b. O professor pensa que os alunos não estão preparados, mas


eu não penso assim.
3. Elipse

Seria uma substituição por zero: omite-se um


item lexical, um sintagma, uma oração ou todo um
enunciado, facilmente recuperáveis pelo contexto.

Exemplo:

-Paulo vai conosco ao leilão?


- Vai
4. Conjunção

Trata-se dos diversos tipos de conectores e


partículas de ligação como e, mas, depois, assim etc.
um mesmo tipo de relação pode ser expresso por
uma série de estruturas semanticamente
equivalentes, como em:

a. Uma grande paz seguiu-se ao violento tumulto.


b. Após o violento tumulto, houve uma grande paz.

c. Houve um violento tumulto: Depois/Logo após,


seguiu-se uma grande paz.
5. Coesão lexical

É obtida por meio de dois mecanismos: a reiteração e a


colocação. A reiteração se faz por repetição do mesmo item
lexical ou através de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos,
como nos exemplos a seguir:

a. O presidente viajou para o exterior. O presidente levou


consigo uma grande comitiva. (mesmo item lexical)
b. Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia
assustada. (sinônimo)

A colocação ou contiguidade consiste no uso de termos


pertencentes a um mesmo campo significativo.

c. Houve um grande acidente na estrada. Dezenas de


ambulâncias transportaram os feridos para os hospitais da
cidade mais próxima.
Algumas divergências entre autores

Há autores que consideram que toda retomada de


referentes textuais ocorre por meio de substituição. Ao fato de os
mesmos referentes poderem ser retomados no texto através de
formas linguísticas substitutivas, Harweg denomina “múltiplo
referenciamento”.
A substituição para Harweg é a “troca de uma expressão
linguística por outra expressão linguística dada”. Dentro desta
visão não haveria razão para a distinção entre referência e
substituição.

Outros autores refutam a posição substitucionalista,


partem da concepção de que, durante o ato comunicativo, o
falante dá ao ouvinte uma série de instrumentos por meio dos
elementos linguísticos do texto, distinguindo três tipos básicos
de instruções:
- instruções de consequência – nível pragmático;
- instruções de sentido – nível semântico;
- instruções de conexão – nível sintático.
Brown e Yule (1983) ao tratarem de coesão,
apresentam como tipos de formas correferenciais:

•Formas repetidas;
•Formas parcialmente repetidas;
•Substituição lexical;
•Forma substitutiva;
•Forma elidida.

Citam também as relações lexicais (hiponímia e


hiperonímia, parte-todo, colocabilidade, substituição
clausal, comparação, repetição sintática, consistência
de tempos verbais, opções estilísticas adequadas ao
registro etc.
Brown e Yule criticam a posição “substitucionalista”, não
reconhecendo-a como um mecanismo a parte.
Os autores ressaltam ainda que à medida que um texto
se desenvolve, o referente sofre mudanças de estado, de modo
que sua descrição vai se modificando.

Quanto à elipse, ela consiste, para Halliday & Hasan,


numa substituição por zero. Portanto, dentro dessa visão, não
deveria constituir um tipo à parte. É preciso lembrar, também,
que existem tipos diferentes de elipse.
ora consiste em apagamento, ora tem
função (co)referencial.

Para Koch, a coesão lexical não constitui um mecanismo


funcionalmente independente: o uso de sinônimos,
hiperônimos, nomes genéricos constitui uma das formas de
remissão a elementos do mundo textual.

Koch propõe coesão referencial e coesão sequencial.


Atividade 1

Reescritas baseadas nos recursos de coesão.

Atividade 2

Produção textual: Escolhe uma fábula e faça uma


reescrita adaptando-a ao contexto atual ou crie sua
própria fábula.

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