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CASOS PRÁTICOS DIREITO ADMINISTRATIVO II

CASO PRÁTICO 2.2.

Nos termos da lei, a acumulação de funções docentes universitárias depende de autorização


do reitor da universidade em que o docente tem vínculo, existindo parecer favorável do Conselho
Científico (C.C.) da unidade orgânica a que pertence o interessado.
Por Decreto Regulamentar, o Governo fixou em trinta dias o prazo para o Reitor se
pronunciar e em dez dias o prazo para o C.C. emitir parecer.
Abel, assistente da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP), requereu ao
Reitor da U.P., em 12.12.2009, a acumulalão com a lecionação de aulas de Direito numa universidade
privada.
Em 20.02.2020, o C.C. da FDUP, ao contrário da sua prática habitual neste domínio, emitiu
parecer favorável ao pedido de acumulação, fundamentando-o ‘’no facto de Abel ter desempenhado
funções diretivas de muito mérito na gestão da Faculdade’’. A verdade, porém, é que não havia
quorum​ no momento da votação e, por lapso, a fundamentação de deliberação não foi exarada em ata.
Em 05.05.2010, o Reitor da U.P. (irmão do cônjuge de Abel) indefere o pedido de
acumulação, considerando que o parecer do C.C. da FDUP é nulo.
Em 06.06.2010, o Secretário de Estado do Ensino Superior, agindo ao abrigo de uma
delegação de poderes que não foi publicada, declara a nulidade do ato do Reitor da UP.

a) Analise todas as situações jurídico-administrativas suscitadas (12 vals.).

b) Poderá hoje o Governo, sob forma de decreto-lei, conceder a acumulação solicitada por Abel?
(2 vals.)

II

Desenvolva o seguinte tema (6 vals.):


O princípio da transparência em Direito Administrativo​.

CASO PRÁTICO 2.6.

Imagine-se que, nos termos da ‘’Lei Alfa’’, a decisão de abate ou vacinação de animais
contaminados com o ‘’vírus Beta’’ pertence ao ministro responsável pelo setor pecuário, precedido de
parecer, a emitir pelo veterinário municipal, sobre a ‘’previsibilidade de contágio e gravidade da
doença’’.
Em 11.01.2012, sem que existisse lei de habilitação para o efeito, a Ministra da Agricultura
delegou os poderes conferidos pela ‘’Lei Alfa’’ nos presidentes das câmaras municipais (PCM).

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CASOS PRÁTICOS DIREITO ADMINISTRATIVO II

Tenha em consideração o seguinte:

a) Em 12.02.2012, sem que existisse qualquer surto de ‘’vírus Beta’’ no ‘’município Gama’’, o
seu PCM decidiu, sem parecer do médico veterinário, mandar abater de imediato todo o gado
bovino da exploração agrícola ‘’Delta’’, visando (sem o declarar) eliminar a concorrência que
a ‘’Delta’’ fazia a idêntica atividade desenvolvida pelo seu afilhado ‘’Épilson’’.
1) Será válido o ato do PCM? Justifique. (3,5 vals.)
2) Se a polícia veterinária se deslocar à exploração ‘’Delta’’, visando abater o
gado, que forma de atividade administrativa está em causa? (2 vals.)
3) Como poderá o Ministro da Agricultura intervir na situação? (2,5 vals.)

b) Em 13.03.2012, perante um violento surto de ‘’vírus Beta’’ no ‘’município Dzeta’’, tendo o


veterinário municipal opinado no sentido de serem abatidos todos os animais contaminados
desse município, a Ministra da Agricultura ordenou, sem que tivesse existido audiência prévia
de qualquer proprietário, que os animais fossem antes vacinados.
4) Será o ato da Ministra da Agricultura válido? (2,5 vals.)
5) Em 15.05.2012, ante a insuficiência da medida de 13.03., a Ministra da
Agricultura determina o abate imediato de todos os animais do ‘’município
Dzeta’’. Será o ato válido? (2,5 vals.)
6) Perante um pedido de indemnização formulado pelos proprietários de gado
contra o ato de 15.05.2012, o Ministro das Finanças veio hoje dizer que, à luz
da lei orgânica do Governo, o deveria ter aprovado, ‘’razão pela qual o ato de
15.05.2012 é nulo, nada tendo o Estado a pagar’’. Parece-lhe válida a
argumentação do Ministro das Finanças? (3 vals.)

II

Responda a ​uma​ das seguintes questões (4 vals.):


A) Fora das situações previstas no artigo 140º/ 2 do CPA, será equacionável, à luz da unidade da
ordem jurídica, a revogação de atos constitutivos de direitos válidos?

B) Em que medida se pode hoje dizer que a distinção entre contratos administrativos e contratos
de direito privado da Administração Pública perdeu a tradicional relevância?

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