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DO MAGISTRADO CIVIL

Capítulo XXIII

O Duplo Governo de Deus.


XXIII.1- Deus, o Senhor supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o
bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim,
os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos
malfeitores. Ref.:
1- Rm 13. 1-4; I Pe 2. 13,14.

Síntese.
O duplo governo de Deus: o geral, sobre o mundo; o especial, sobre a Igreja.
Segurança pública e defesa estatal.
Promoção dos bons e castigo dos maus.

O Governo Geral de Deus

Deus não somente é o Criador de todas as coisas, mas também, e eficientemente,


governa a humanidade, a natureza e o universo. Nenhuma autoridade assume o poder,
senão pela vontade imperativa, diretiva ou permissiva de Deus. Pilatos, diante do Filho de
Deus, temporariamente submetido ao seu poder e arbítrio, pensou que o poder que exercia
emanava dele mesmo ou provinha do magistrado superior de Roma, mas o Divino Mestre
mostrou-lhe que sua autoridade era, na verdade, uma concessão de Deus:
Então Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para
te soltar, e autoridade ara te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias
sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti, maior pecado
tem ( Jo 19. 10,11 ). O mesmo princípio defende Paulo:
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que
não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas ( Rm 13. 1 cf
I Pe 2. 13,14 ). Não são, portanto, as vontades humanas que elevam e derrubam
governantes; constituem e destituem governos; levantam e fazem desaparecer povos,
nações e civilizações. A mão de Deus, que dirige a história da humanidade, faz tudo isso.

Governo Especial de Deus

Neste mundo, Deus introduziu o seu povo, congregado na Igreja; salvo, separado e
governado por Cristo Jesus. O cristão, em decorrência da dupla cidadania, a terrestre e a
celeste, está sob jurisdição das autoridades civis e sob controle do Criador. Cada país tem
sua constituição federal, mas a Igreja deixa-se gerir pelas Escrituras Sagradas, sua regra de
fé e norma de comportamento. Além das normas estabelecidas pela revelação dos estatutos
bíblicos, o cristão é dirigido diretamente por Cristo mediante o Espírito Santo, que nele
habita, mas o Espírito não age contra os postulados da revelação bíblica nem leva o crente,
por ele dirigido, a fazê-lo.

Defesa Estatal e Segurança Pública

O mal, a maldade e a malignidade estão inseridos na sociedade, fazendo parte da


vida de cada cidadão. Por causa disso, Deus permite a “espada”, isto é, um poder
armado, capaz de conter ou reprimir o crime, e um exército suficientemente forte,
poderoso o bastante para prevenir invasões, rechaçá-las, se ocorrerem, e intimidar
agressões esporádicas ou sistemáticas. Paulo justifica as forças armadas,
argumentando que elas foram instituídas por Deus para que as pessoas de bem não
sejam destruídas:
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e, sim, quando se
faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a
autoridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque
não é sem motivo que ele traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o
que pratica o mal ( Rm 13.3-5 ).
O servo de Deus, portanto, pode alistar-se nas instituições policiais e nas forças
armadas. No exercício de suas funções, e em defesa da sociedade ou da pátria, pode andar
armado, mas não deve, jamais, valer-se do poder militar para humilhar as pessoas ou
praticar injustiças.

Promoção dos Bons e Castigo dos Maus

A justiça deve estar a serviço dos cidadãos honestos e honrados, mas agir com rigor
contra os perversos, os indignos e os indesejáveis à sociedade em virtude da corrupção e da
depravação sociais que causam. Tão necessários são à sociedade as casas de detenções, as
delegacias e os tribunais como os hospitais, as escolas e as igrejas. Os conturbadores e
pervertedores da ordem social devem ser retirados da sociedade pelo tempo que a justiça
determinar, segundo a gravidade do delito que cometerem, mas ela deve também trabalhar
para recuperá-los moralmente, profissionalizá-los e ressocializá-los. Os irrecuperáveis,
aqueles de absoluta periculosidade, devem ser mantidos fora da sociedade, mas
humanamente tratados e preservados. Não se pode pagar o mal com o mal. Prisão não pode
ser a “vingança” do Estado, mas a forma, embora dolorosa, de preservação da ordem social
e das vidas humanas. Os que são “ameaças” à integridade física, à moral, à liberdade, à
dignidade, à família e ao patrimônio, devem ser retirados temporária ou definitivamente, se
são ou não recuperáveis. A cadeia deve redundar em bem para o próprio preso, jamais para
o seu mal, a sua degradação.

O Cristão na Magistratura
XXIII.II- Aos cristãos é lícito aceitar e exercer o ofício de magistrado, sendo para ele
chamados1; e em sua administração, como devem especialmente manter a piedade, a
justiça, e a paz, segundo as leis salutares de cada Estado2, eles, sob a dipensação do
Novo Testamento e para conseguir esse fim, podem licitamente fazer guerra, havendo
ocasiões justas e necessárias3. Ref.:
1- Pv 8. 15,16.
2- Sl 82.3,4.
3- Rm 13. 1-4; Lc 3. 14; Mt 8.9; At 10.1,2.

Síntese.
Ao cristão Deus permite o exercício da magistratura.
Um magistrado cristão pode declarar guerra justa, tanto de defesa como de ataque.

O cristão no poder

Magistratura, no entendimento da Confissão de Fé, é o múnus público, o poder


individual ou coletivo, de governar, de formular a Constituição Federal, de fazer e
executar leis, compendiadas em códigos, segundo o objetivo e a natureza de cada sistema
legal e seguimento social. Desta maneira, temos na magistratura de cada país: governantes,
legisladores e juizes, atuando nos tronos reais, nas tribunas judiciais, nas câmaras ( de
deputados e senadores ) e nos tribunais de instâncias hierarquizadas. Os poderes de defesa
nacional e de segurança pública ( militar e policial ), derivam da magistratura central e a
ela subordinam-se.
Deus, no Velho Testamento, constituiu para si uma nação, dando-lhe governantes;
primeiramente juizes, que eram ministradores da justiça; depois, reis com poderes
absolutos. Hoje, na dispensação da graça, Deus não tem um povo específico, mas possui
uma Igreja composta de membros de todos os povos e nações. Estes, como parte da
humanidade e no exercício da cidadania civil, têm o dever de, quando se lhes oferecerem
oportunidades, assumirem o poder público em quaisquer níveis e especificações, levando
para o coração da magistratura a ética cristã, que se caracteriza pela honestidade,
honorabilidade e fidelidade à verdade e à justiça que, por natureza, é indiscriminatória,
equilibrada e sempre posta a serviço do bem comum e à defesa dos fracos e injustiçados. O
crente no poder tem de servir a Deus, servindo com lisura e eficiência a sua pátria.
O caminho para se chegar à magistratura, no que se refere ao cristão, não pode ser o
do suborno, o do engodo, o da influência monetária, o do ataque, sem motivo justificável,
aos concorrentes, nem o da negação, renúncia, distorção ou apostasia de sua fé evangélica.
A Igreja é separada do Estado, e esta separação deve ser mantida em virtude da
salubridade democrática. O governante crente não pode priorizar o seu credo em
detrimento de outros e dos não-cristãos. A nação é um corpo de eleitos e réprobos, mas que
pode e deve ser governada, em seus múltiplos aspectos magistraturais, por autênticos
servos de Deus, que coloquem o poder e a justiça a serviço de todos, sem discriminação,
exatamente como faz o seu Senhor, o Pai celeste, que faz nascer o seu sol sobre maus e
bons, e vir chuvas sobre justos e injustos ( Mt 5. 45 ).
A nação é leiga. Algumas, porém, professam, oficialmente, determinada fé,
impondo-a, direta ou indiretamente, aos seus cidadãos. Este tem sido o procedimento do
Brasil, legalizando “dias santos” de padroeiros e padroeiras, fazendo um país
religiosamente multicredal, parar as suas atividades com prejuízos econômicos
incalculáveis para a nação: Feriado nacional de N. S. Aparecida e feriados estaduais e
municipais santolátras; além do “feriado nacional” de Corpus Christi, o Cristo
transubstanciado. Todas essas paralizações idólatras são todos estabelecidos por lei,
ferindo frontalmente nossa constituição. O Estado brasileiro é falsamente leigo.

A guerra justa

Deus permitiu que seu povo, Israel, empreendesse guerras, tanto as de conquista,
começando pela dominação da Terra da Promissão, como as de defesa contra vários
invasores. Um magistrado cristão tem a obrigação cívica de defender sua pátria, de
proteger o seu povo. Precisa, no entanto, ser prudente para não envolver seu país em
conflitos internacionais de objetivos ilícitos ou cujas razões sejam inconfessáveis.
O mundo confederou-se por meio de tratados internacionais de não-agressão ou de
defesa comum das soberanias e das integridades dos povos. As duas questões pelas quais
as beligerâncias têm acontecido no seio das nações, e as intromissões dos mais potentes em
soberanias nacionais impotentes são: Religião e economia. Motivos religiosos provocaram
conflitos bélicos crudelíssimos ao longo da história. Objetivos econômicos têm provocado
invasões, colonizações e dominações injustas de pátrias belicosamente indefesas e
financeiramente fragilizadas. Um governante cristão não deve prestar-se a tais injustiças,
superfortalecendo os mais fortes e miserabilizando os que já eram fracos. As ditaduras
despóticas não podem ressurgir. Ressurgindo, têm de ser combatidas em benefício da paz,
da igualdade social, do bem estar dos povos e dos indivíduos.
Para o cristão não existe guerra santa, mas há guerra justa. Todos os esforços
devem ser feitos para evitar a guerra. Porém, se for inevitável, e o alvo for a preservação da
soberania nacional ou a manutenção da paz mundial, que se envolva em confronto bélico.
Cumpre ao Estado estabelecer e defender os direitos fundamentais do homem: Direito à
vida, ao trabalho, à saúde, à educação, à moradia; à liberdade de expressão, de locomoção
e de religião, bem como a igualdade perante a lei.

A Igreja de Cristo num Estado leigo.


XXIII.3- Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da palavra e
dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu, nem de modo algum intervir
em matéria de fé1; contudo, como pais solícitos, devem proteger a Igreja do nosso
comum Senhor, sem dar preferência a qualquer denominação cristã sobre as outras,
para que todos os eclesiásticos sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade
de cumprir todas as partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como
Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei
de qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os
membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e crença de
cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um
dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião
ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa; e
bem assim providenciar para que todas as assembléias religiosas e eclesiásticas possam
reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas. Ref.:
1- Mt 16. 19; I Co 4. 1; Jo 18. 36; Ef 4. 11,12; II Cr 26. 18.

Síntese.
O Estado tem de ser estritamente leigo.
O Estado deve proteger a Igreja.
O estado deve respeitar o governo eclesiástico.

O Estado Leigo

O Estado tem de ser obrigatoriamente leigo, em virtude da pluralidade conceitual e


credal da população. A unidade nacional não é de consenso ideológico geral, como
acontece com a Igreja denominacional. A nação se constrói sobre quatro bases, existentes
sem a intervenção de conceitos pessoais ou grupais: O espaço geográfico, a identidade
populacional ( mesmo sob variedades étnicas ), língua oficial e o governo central. A
população nacional, unida sob a bandeira pátria, vivendo no mesmo solo, falando
oficialmente a mesma língua e submissa ao mesmo governo, congrega-se em sociedades
diversas, conforme as ideologias, os credos e os interesses: partidos políticos, igrejas ou
seitas, grupos comerciais e industriais, instituições educacionais e culturais, clubes
beneficentes e sociais; todos amparados e supervisionados pelo Estado, para que a
harmonia do país se mantenha e se consolide. As igrejas são parcelas do todo e, portanto,
não devem ser dominadoras nem dominadas. O certo, o normal e o prudente, é uma Igreja
eclesiástica e teocêntrica num Estado laico e nomocêntrico.

O ESTADO DEVE PROTEGER A IGREJA

O Estado tem a obrigação de proteger as confissões credais, do mesmo modo


como lhe compete a proteção de todas as instituições sociais, políticas, culturais e
econômicas, que compõem a nação. Afinal de contas, os credos religiosos são, devem
ser e continuam, submissos ao poder estatal, respeitando suas leis, acatando seu
governo e gerando, como é de seu dever, os melhores cidadãos. Os grupos
confessionais não podem sofrer discriminação, venha de onde vier, nem restrições à
sua liberdade religiosa, desde que esta seja compatível com as demais liberdades, e
não se choque com os direitos públicos e privados. A Igreja respeita o Estado para
ser respeitada por ele. A relação da Igreja com o Estado é de submissão e respeito,
mas não de subserviência ou escravidão.

O governo eclesiástico

A Igrejas, de modo geral, têm governos próprios, mas especificamente falarei do


governo presbiteriano. Tendo dupla dimensão, a material e a espiritual, a administração da
Igreja cuida dos seguintes setores:
a- O físico: Construção, reforma e manutenção do imóvel ou imóveis; móveis
necessários ao seu bom funcionamento; utensílios comuns e utensílios consagrados
especialmente à realização do culto.
b- O monetário: Recebimentos de dízimos, contribuições e ofertas; conferências,
por meio da Junta Diaconal, dos emolumentos recolhidos; planejamento anual de
distribuição e aplicação dos recursos monetários da Igreja; constituição de um tesoureiro,
responsável pelo recebimento e pagamento das despesas previstas, mantendo conta
bancária em nome da Igreja; nomeação de uma comissão de exame de contas para
examinar as contas da tesouraria de três em três meses.
c- Religioso: Administrar a vida espiritual da Igreja para evitar desvios
doutrinários, afastamento das Escrituras, desvirtuamento da ordem litúrgica, quebra da
unidade eclesiástica, contaminação moral e ética dos membros ou sociedades internas;
manutenção e aprimoramento da espiritualidade do corpo eclesial; criação de um ambiente
social sadio para substituir o hedonismo secular por alegrias compatíveis com a fé
professada. O crente também pode rir, divertir-se, recrear-se e viver alegre e feliz na
comunhão de seus conservos.
Conselho: O governo eclesiástico é exercido, na comunidade, por um Conselho
eleito pelos membros da Igreja em assembléia legítima. Cada presbítero recebe um
mandato de cinco anos. Anualmente o Conselho elege sua diretoria, composta de vice-
presidente, secretário e tesoureiro. O presidente é o Pastor, indicado pelo Presbitério, se
evangelista, por um ano; ou eleito pela Igreja com mandato de dois a cinco anos. A
diretoria anual é registrada em cartório, validando, juridicamente, seus atos. O Conselho é
jurisdicionado pelo Presbitério: o Presbitério, pelo Sínodo; o Sínodo e os presbitérios, pelo
Supremo Concílio. Todas as instâncias superiores ao Conselho são formadas por
representantes dos concílios imediatamente inferiores. Suas respectivas diretorias são
democraticamente eleitas por mandatos de um, dois e quatro anos respectivamente. Toda a
vida da Igreja rege-se por uma Constituição, um Código de Disciplina e Princípios de
Liturgia, um Manual de Culto: Tudo legitimamente constituído e legalmente reconhecido.
O governo estatal respeita o governo eclesiástico, enquanto legítimo e restrito ao universo
religioso proposto e executado. Até agora, o diálogo entre Igreja e Estado, no que tange à
regência religiosa e ao múnus espiritual, tem sido satisfatório. O conflito tem sido no
campo de priorizações do romanismo com reconhecimento oficial de dias santos e
investimentos em construções e reformas de templos, fatos discriminatórios das outras e
várias denominações.
Os cânones da Igreja orientam-se, no campo civil, pela Constituição Federal e
pelas leis ordinárias do país. As penas eclesiásticas são restritas aos direitos e deveres
morais e espirituais dos membros de cada comunidade, não competindo à Igreja aplicar
penalidades que restrinjam ou afetem o patrimônio físico, a liberdade de locomoção, de
expressão e de consciência. A disciplina não pode ferir o foro íntimo da consciência, mas
visa educar e controlar os atos externos, conforme os princípios éticos e doutrinários do
corpo eclesial ( cf Código de Disciplina da IPB, capítulo I, Arts. 1 e 2 ).
Respeito às autoridades constituídas.
XXIII.4- É dever do povo [de Deus] orar pelos magistrados1, honrar as suas
pessoas , pagar-lhes tributos e outros impostos3, obedecer às suas ordens legais e
2

sujeitar-se à sua autoridade, e tudo isto por amor da consciência4. Incredulidade ou


indiferença religiosa não anula a justa e legal autoridade do magistrado, nem absorve
o povo da obediência que lhe deve, obediência de que não estão isentos os eclesiásticos5.
O papa não tem nenhum poder ou jurisdição sobre os magistrados dentro dos domínios
deles ou sobre qualquer um do seu povo; e muito menos tem o poder de privá-los dos
seus domínios ou vidas, por julgá-los hereges ou sob qualquer outro pretexto. Ref.
1- I Tm 2. 1,2.
2- I Pe 2. 17.
3- Rm 13. 6,7.
4- Rm 13.5; Tt 3.1.
5- At 25. 10,11.

Síntese.
É dever do cristão orar pelas autoridades.
É dever do cristão recolher os tributos devidos.
É dever do cristão acatar, respeitar e obedecer às autoridades.
O governo é religiosamente neutro; por isso, respeitamos a autoridade de que está
investido o governante, não a sua pessoa com suas preferências e opiniões pessoais.

Orar pelas autoridades

Sabendo que todas as autoridades são constituídas ou permitidas por Deus, tendo
ainda a recomendação bíblica de se interceder junto a Deus em favor dos que governam; é
dever do servo de Deus orar pelos seus governantes e por todos aqueles que detêm parcelas
do poder sobre o povo:
Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões,
ação de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se
acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda
piedade e respeito ( I Tm 2. 1,2 ).

Recolher impostos devidos

A sonegação em nosso país é generalizada, o que tem levado membros de igrejas


evangélicas, que fizeram votos de fidelidade às Escrituras, quando professaram a fé em
Cristo, a participarem dos ilícitos recursos de ocultação de rendas ou de fraudes
comerciais, documentárias e contábeis, com objetivos sonegadores. Tais procedimentos
pecaminosos não são admissíveis a um servo de Deus.

Respeito às autoridades

Além do poder regencial proceder de Deus, a quem reverenciamos submissamente,


o desrespeito às autoridades gera anarquia e conturbação da ordem social. Somos cidadãos
dos céus, mas vivemos na terra, sujeitos ao potentados, aos quais devemos subordinação
respeitosa. O governo é exercido sobre o povo, de modo geral. Sendo a Igreja parcela da
população nacional, igualmente sobre ela e sobre cada um de seus membros, por leis
municipais, estaduais e federais, recai o controle do poder estatal. A quebra de qualquer lei
ou regulamento traz conseqüências proporcionais de aplicação de penalidades em forma
de multas, prestação de serviços à sociedade, perda de privilégios e direitos, chegando
mesmo à reclusão, dependendo da gravidade do ilícito. O cristão tem sido, normalmente,
submisso às leis e respeitoso às autoridades, mais por dever de consciência do que por
temor às sanções previstas em nossos códigos civil, penal, tributário e trabalhista.

O governo é neutro

O governo, como sistema, é religiosamente neutro e, como tal, pode ter eventual e
transitoriamente, governantes despóticos, que levem para o exercício do poder público seu
credo pessoal, confundindo a filosofia e a ética do Estado, em si mesmas isentas de
conteúdo religioso confessional. Tais mandatários passam, mas o Estado e o governo
permanecem. Entretanto, mesmo os dirigentes ditatoriais e discriminadores, devem ser
respeitados e pelos quais devemos orar, pois o poder lhes foi concedido por Deus, mesmo
o exercido contra o seu povo.
A Igreja, ainda que seja maioria, assumindo o poder nos vários escalões
governamentais pelo voto de seus membros e por sua influência política, não pode impor o
seu credo à minoria, pois o governo, no sistema democrático, tem de primar pelo princípio
salutaríssimo de que todos são iguais perante a lei. Uma religião no poder não pode
esmagar, em nome de Deus, as outras expressões nacionais de credulidade e incredulidade,
religiosidade e neutralidade, indiferença religiosa e ateísmo radical. A massa nacional é
multiforme e polivalente.

Fontes auxiliares
1- Institutas, João Calvino, volume IV (s/ magistrados), Casa Editora Presbiteriana,
SP, 1ª Edição, 1989.
2- O Humanismo Social de Calvino, A. Biéler com prefácio de Visser´t Hooft,
Oikoumene, SP, 1ª Edição, 1961.
3- Influencia Social del Cristianismo, A. Lopes Munhoz, Casa Bautista de
Publicaciones, Buenos Aires, Arg., 1ª Edição, 1972.
4- Fé Bíblica e Ética Social, E. C. Gardner, ASTE, SP, 1ª Ed.,1969.
5- Ética do Novo Testamento, Heinz – Dietrich Wendland, Editora Sinodal, RS, 1974.
6- Administração do Tempo, Ted W Engstrom R. Alec Mackenzie, Editora Vida,
Miami, Flórida, USA, 1975.
7- Governo da Igreja Local, Onezio Figueiredo.

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