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AUTORIDADE NAS IGREJAS BATISTAS

O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE

INTRODUÇÃO
A palavra “obediência” significa o ato ou efeito de obedecer, hábito ou disposição para
obedecer, submissão, docilidade, sujeição, dependência.
Desde o principio, podemos observar que Deus estabeleceu Suas Leis a fim de nos
guiar a uma vida conforme o Seu propósito: uma vida abundante aqui na terra e a Vida
Eterna com Ele para sempre. No mundo atual, estamos presenciando uma geração rebelde,
em que não há mais respeito e obediência a qualquer tipo de autoridade: filhos não
obedecem aos seus pais, alunos enfrentam seus professores, empregados não respeitam
seus patrões, os idosos são desprezados e marginalizados. Quando meditamos sobre a
obediência, necessitamos nos voltar para os princípios da Palavra de Deus que nos mostra o
caminho para o respeito e obediência àqueles que foram estabelecidos como autoridade
sobre nós.
A quais autoridades precisamos obedecer?

1. A DEUS – Dt 27.10
Obedecer a Deus é a melhor coisa que podemos fazer na nossa vida. Esse texto nos
ensina a obedecer a voz do Senhor e praticar os seus mandamentos. Conforme Dt 10.12-13,
há quatro coisas que Deus nos pede para fazermos: que tenhamos temor a Ele, que
andemos em todos os seus caminhos, que o amemos e lhe sirvamos com todo o nosso
coração e com toda a nossa alma para que guardemos os seus mandamentos e estatutos
para o nosso bem. A obediência é um dos resultados de amarmos a Deus (Jo 14.21).

2. AOS PAIS – Ex 20.12


Depois de Deus, a próxima autoridade que o Senhor coloca sobre as nossas vida é
nossos pais, aos quais devemos obedecer e honrar, pois esse ” é o primeiro mandamento
com promessa”, ou seja ” para que os nossos dias de vida que Deus nos dá sejam de
bênçãos, sejam prolongados e vivamos por muito tempo na terra.

3. ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS – Rm 13.1-7


À primeira vista esta é uma passagem extremamente surpreendente, visto que parece
aconselhar a absoluta obediência dos cristãos ao poder civil. Mas, em realidade, este é um
mandamento que está presente através de todo o Novo Testamento. Em 1 Timóteo 2:1-2
(NVI) lemos: “Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões,
ações de graças por todos os homens, pelos reis e pelos que Romanos estão elevados em
dignidade, para que vivamos uma vida sossegada e tranquila em toda a piedade e
honestidade.” Em Tito 3:1 o conselho do pregador é: “Lembra-lhes que se sujeitem aos
que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra”
“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como
soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores
como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela
prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos ... Tratai todos com honra,
amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.” 1 Pedro 2:13-17.
Poderíamos alegar que estas pesagens são da época em que o governo romano não
tinha começado a perseguir e dar caça aos cristãos. Sabemos, por exemplo, que no livro dos
Atos, como disse Gibbon, freqüentemente o tribunal dos magistrados pagãos, era o refúgio
mais seguro contra a fúria do povo judeu. Várias vezes, vemos Paulo recebendo justiça e
amparo de mãos da justiça romana, em forma imparcial. Mas o interessante e significativo é
que, muitos anos depois, inclusive séculos, quando já a perseguição tinha começado a rugir
e os cristãos estavam fora da lei, os líderes cristãos continuavam dizendo exatamente o
mesmo.
Justino Mártir escreve (Apologia 1:17):
"Em todo lugar, nós, mais dispostos que qualquer outro, procuramos pagar os
impostos prescritos por vós, tanto os ordinários, como os extraordinários, tal como Jesus
nos ensinou. Adoramos somente a Deus, mas em outras questões lhes serviremos gostosos,
os reconhecendo como reis e condutores dos homens, e rogando que com seu real poder,
possuam também sensato juízo."

Atenágoras, advogando pela paz para os cristãos, escreve (cap. 37):


"Merecemos o favor, porque rogamos por seu governo, para que possam, como é
justo, transmitir seu reino, de pai a filho, e que seu império cresça, até que todos os
homens estejam sujeitos a seu comando."

Tertuliano (Apologia 30) escreve extensamente:


"Oferecemos preces pela salvação de nosso príncipe ao Deus eterno, verdadeiro, vivo,
cujo favor, além de todas as coisas, eles mesmos devem desejar... Oramos sem descanso
por todos os nossos imperadores. Rogamos por uma longa vida, pela segurança do império;
por amparo para a casa imperial; por exércitos valentes; por um senado leal, um povo
virtuoso; o mundo em paz — por tudo o que, seja como homem ou como César, pode
desejar um imperador."
E continua dizendo que o cristão não pode mais que admirar o imperador, porque crê
que ele mesmo "é chamado por nosso Senhor a sua posição". E termina dizendo que "César
é mais nosso que seu, porque nosso Deus o designou". Arnobio (4:36) declara que nas
reuniões cristãs se pede "paz e perdão para todos os que estão em autoridade".
O consequente ensino oficial da Igreja cristã era que se devia dar obediência e orar
pelo poder civil, mesmo que o depositário desse poder fosse um Nero.
Qual é o pensamento e a crença que há por trás disso?

(1) No caso de Paulo, há uma causa imediata que o leva a dar ênfase à obediência à
autoridade civil.
Os judeus eram notoriamente rebeldes. Na Palestina, e especialmente na Galiléia,
explodiam constantemente as insurreições.
Além disso, havia os zelotes, que estavam convencidos de que não existia outro rei
para os judeus a não ser Deus; e que não devia pagar-se tributo algum, a não ser a Deus.
Eles não se conformavam com uma resistência passiva. Criam que Deus não os ajudaria se
não se embarcavam em uma ação violenta para proteger-se a si mesmos. Estavam
juramentados e empenhados em uma carreira de morte e assassinatos. Seu propósito era
fazer impossível todo governo civil. Eram conhecidos como "os portadores de adagas".
Eram nacionalistas fanáticos entregues aos métodos terroristas. Não só utilizavam esse
terrorismo para com o governo romano, também destruíam as casas e queimavam o grão,
assassinando as famílias de seus próprios compatriotas judeus que pagavam tributo ao
governo romano.
Paulo não via que isto tivesse propósito algum. Era, com efeito, a negação direta de
toda conduta cristã. E contudo, ao menos em uma parte da nação judaica, era a conduta
normal judaica. Poderia ser que Paulo tivesse escrito aqui tão categoricamente, porque
desejasse dissociar ao cristianismo do judaísmo insurrecional, e deixar claro que o
cristianismo e a boa cidadania iam necessariamente de mãos dadas.

(2) Mas há mais que uma relação meramente temporal entre o cristão e o Estado.
Pode ser que Paulo tivesse presente as circunstâncias causadas pela combatividade dos
judeus, mas também havia outros motivos. Primeiro e fundamentalmente havia este — que
ninguém pode dissociar-se inteiramente da sociedade da qual forma parte. Ninguém pode,
conscientemente, marginar-se da nação. Como parte da nação, o indivíduo desfruta de uma
série de benefícios que não teria isoladamente. Razoavelmente, não pode pretender todos
os privilégios e logo rechaçar todos os deveres. Está preso no feixe da vida; assim como é
parte do corpo da Igreja, é parte também do corpo da nação. Não há neste conjunto tal
coisa como o indivíduo isolado. O homem tem um dever para com o Estado, deve
confrontar esse dever, embora um Nero esteja no trono.

(3) Para o Estado, um homem lhe deve a proteção.


A ideia platônica do Estado era que este existia por causa da justiça e a segurança; que
assegurava ao homem amparo contra as bestas selvagens e contra os homens selvagens.
"Os homens", como alguém escreveu, "amontoaram-se atrás de uma parede para salvar-
se." Um Estado é, essencialmente, um corpo de homens que se uniram, que convieram
manter certas relações entre eles e observar certas leis. Sem o Estado, sem essas leis, e sem
o mútuo acordo das observar, imperaria o mau, o egoísta e o forte. O fraco se veria em
apuros. A vida seria regida pela lei da selva. Todo homem comum, deve sua segurança ao
Estado, e tem, portanto, um dever e uma responsabilidade para com esse Estado.

(4) Ao Estado o povo comum deve uma ampla gama de serviços que individualmente não
poderia desfrutar.
Seria impossível que cada um tivesse sua própria água, sua própria luz, serviços sanitários,
sistema de transporte. Um indivíduo isolado não poderia desfrutar de um sistema de
serviços municipais ou de serviços sociais de segurança. Estas coisas só se obtêm quando os
homens concordam em viver juntos. E seria muito equivocado que alguém desfrutasse de
tudo o que o Estado provê e rechaçasse toda responsabilidade para com o mesmo.
Ninguém pode tomar tudo e não dar nada. Esta, com efeito, é uma razão compulsiva de por
que o cristão está preso por sua honra a ser um bom cidadão, e a cumprir seu parte em
todos os deveres da cidadania.
(5) Mas o principal conceito de Paulo sobre o Estado era que em seus dias, ele via o
império romano como o instrumento divino ordenado por Deus para salvar o mundo do
caos.
Tirem o império, e segundo Paulo, o mundo se desintegraria em fragmentos voadores. Era,
com efeito, a pax romana, a paz romana, o que dava ao missionário cristão, a possibilidade
de realizar seu trabalho. Idealmente os homens deveriam estar unidos pelo amor cristão;
mas não estão, e o zelo que os mantém unidos, é o Estado. Paulo via no Estado um
instrumento de Deus; o Estado preservava o mundo do caos; aqueles que o administravam,
estavam desempenhando um papel nessa grande tarefa; estavam fazendo a obra de Deus,
e era um dever cristão ajudar e não obstruir.

CONCLUSÃO
Deus é o Senhor da Autoridade.
Todo o poder pertence a Ele. Para haver uma ordem social e política, Deus
estabeleceu as autoridades terrenas para governar em Seu nome. Assim, Paulo orienta a
congregação de Roma que "todo homem deve estar sujeito às autoridades superiores".
Todo homem refere-se ao homem consciente e inteligente, capaz de relações e atitudes
morais e éticas. Este deve se sujeitar às autoridades superiores. Não se delimita quais
autoridades, nem condiciona ao tipo de autoridade: se legitimamente constituída, se justa
ou correta. Fala genericamente de todas as autoridades superiores.
E ainda diz que "não há autoridade que não proceda de Deus". Eis aqui o grande
motivo pela qual nós devemos nos sujeitar, obedecer. Elas procedem de Deus. Aqueles que
exercem autoridade são pessoas humanas e com isso pecadores como os demais. Também
caem no erro. Isso, no entanto, não tira a autoridade dada a ela. Com toda certeza, terão
que prestar contas do seu governo a Deus, de quem receberam autoridade.
Um mau governo é castigo divino sobre toda uma nação. Cabe a nós, como cidadãos
e como igreja o papel de ser a consciência do governo. Cabe-nos também orar por bons
governos e autoridades constituídas. Isso é estar sujeito ativamente às autoridades. Que
Deus nos ilumine e às autoridades para que nosso Brasil possa ser justo. E que as
autoridades sejam elas, sejam vocês, sejam os verdadeiros paradigmas que tanto a nossa
cidade, nosso Estado e nosso País precisam!
Mas, sobretudo, não esqueçam: Toda autoridade emana de Deus. Ele tem o poder! E
o homem que deseja que os homens o vejam como autoridade, precisam também, pelo
exemplo, sujeitarem-se à autoridade maior, que é Deus!

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