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O MINISTRO DE LOUVOR E A DORAÇÃO

Introdução
Cantar é uma prática constante dos cristãos desde seus primórdios e a música,
uma ferramenta importante e útil no culto cristão. Donald Hustad em sua obra
“JUBILATE! A MÚSICA NA IGREJA”, define a música sacra como uma arte funcional.
Hustad afirma que a música na igreja não deve ser inserida no programa de culto
como um “tapa buracos” ou simplesmente para entreter os fiéis. No culto, a música
“serve aos propósitos de Deus e da igreja, particularmente na expressão coletiva da
adoração congregacional, sua comunhão e seu trabalho missionário”. Hustad
desenvolve que a música na igreja executa diversas funções:
 Proporcionar prazer. Por meio de uma bela execução e através de ideias
fluentes, a música encanta e delicia a congregação. Se esta função é realizada
com sabedoria e equilíbrio, a congregação recebe a mensagem propagada pela
letra da música de maneira mais profunda;
 Expressar as emoções. Quando a música se ajusta bem ao texto, ela
“dramatiza, explica, sublinha, ‘sopra vida’ nas palavras, resultando em mais
significado do que as palavras isoladamente poderiam expressar”. Porém,
emoção por emoção não se torna eficaz na transmissão da mensagem, para
que a adoração, a comunhão e a evangelização alcancem seus objetivos mais
elevados, as canções precisamente devem ser escolhidas por razões mais
significativas do que apenas a emoção que a música pode proporcionar;
 Auxiliar a congregação a portar-se nos diversos momentos do culto. A música
quando bem inserida nas diversas partes do culto encoraja certo tipo de
atividade nos fiéis, por exemplo, um prelúdio no culto ajuda a congregação a se
preparar para a adoração. Sons musicais podem ser utilizados para sinalizar
que a congregação fique de pé, se assente ou ore;
 Reforço da vida evangélica. A música sacra pode ser considerada como a
declaração mais significativa dos valores da comunidade cristã – uma
expressão coletiva de fé. A linguagem simbólica da música dá identidade,
intensidade e significado à fé e sua expressão, confirmando suas crenças
(teologia) e os alvos (adoração, comunhão e ministério), bem como a
identidade (tradições) de cada cultura e subcultura em particular.

Com este papel tão importante, requer-se desde os tempos bíblicos, pessoas
separadas e preparadas para conduzir esta área desde os cultos de Israel até hoje. No
Antigo Testamento, a tribo de Levi havia sido preparada e separada para tal área.

QUEM FORAM OS LEVITAS


O povo de Israel foi formado por doze tribos que descendiam dos filhos de
Jacó. Levi era o nome de um desses filhos. Portanto, os levitas eram os membros da
tribo formada por seus descendentes. Levi teve três filhos: Gérson, Coate e Merari.
Esses três filhos deram origem às três famílias que constituíam a tribo de Levi. Moisés
e Arão, por exemplo, pertenciam a família de Coate.
A tribo de Levi foi separada por Deus na época de Moisés para executar
responsabilidades específicas com relação ao serviço religioso e não apenas cantar e
tocar. Mas, é consenso que a figura do ministro de música ou líder de louvor esteja
ligada ao costume de ter alguém que liderava a área da adoração.
Assim, embora não hajam mais levitas hoje separados para este tipo de serviço
(porque ninguém entre nós é da tribo de Levi), herdamos o princípio da organização
frente à importância da música na igreja.

Leiamos o texto que servirá de base para a nossa reflexão hoje:


“Davi, junto com os comandantes do exército, separou alguns dos filhos de Asafe, de Hemã e
de Jedutum para o ministério de profetizar ao som de harpas, liras e címbalos. Esta é a lista
dos escolhidos para essa função: ² Dos filhos de Asafe: Zacur, José, Netanias e Asarela. Os
filhos de Asafe estavam sob a sua supervisão que, por sua vez, profetizava sob a supervisão
do rei. ³ Dos filhos de Jedutum: Gedalias, Zeri, Jesaías, Simei, Hasabias e Matitias, seis ao
todo, sob a supervisão de seu pai, Jedutum, que profetizava ao som da harpa para
agradecer e louvar ao Senhor. ⁴ Dos filhos de Hemã: Buquias, Matanias, Uziel, Sebuel,
Jeremote, Hananias, Hanani, Eliata, Gidalti, Romanti-Ézer, Josbecasa, Maloti, Hotir e
Maaziote. ⁵ Todos esses eram filhos de Hemã, o vidente do rei. Esses lhe nasceram conforme
as promessas de que Deus haveria de torná-lo poderoso. E Deus deu a Hemã catorze filhos e
três filhas.
⁶ Todos esses homens estavam sob a supervisão de seus pais quando ministravam a música
do templo do Senhor, com címbalos, liras e harpas, na casa de Deus. Asafe, Jedutum e Hemã
estavam sob a supervisão do rei. ⁷ Junto com seus parentes, todos capazes e preparados
para o ministério do louvor do Senhor, totalizavam 288.”
(1 Crônicas 25:1-7)
Do texto, podemos extrair algumas lições que servirão para todos nós:

1. EM PRIMEIRO LUGAR - DAVI RECONHECIA A IMPORTÂNCIA DA


MÚSICA/ADORAÇÃO (V.1)
“Davi, junto com os comandantes do exército, separou alguns dos filhos de Asafe, de Hemã e de Jedutum
para o ministério de profetizar ao som de harpas, liras e címbalos. Esta é a lista dos escolhidos para essa
função.”
Davi era músico desde a adolescência e hábil construtor de instrumentos. O
texto nos coloca Davi como o líder de uma nação que reconhecia a importância do
papel da música para o Senhor e para o seu povo.
a. Precisamos de pastores que reconheçam que a música é uma área importante
para a adoração ao Senhor e não apenas um adereço num culto.
b. Precisamos de pastores que invistam na área da música, desenvolvendo um
papel de supervisor da área de adoração em sua igreja, buscando pessoas
capacitadas para tal tarefa.
c. Precisamos de pastores e líderes que a exemplo de Davi, separe alguns dentre
todos para esta honrosa tarefa. Eles montaram uma lista de pessoas
capacitadas!!
2. EM SEGUNDO LUGAR – ELES DESENVOLVERAM UM IMPORTANTE TRABALHO DE
SUPERVISÃO DA ÁREA DE ADORAÇÃO (v. 6)
⁶ Todos esses homens estavam sob a supervisão de seus pais quando ministravam a música do templo do
Senhor, com címbalos, liras e harpas, na casa de Deus. Asafe, Jedutum e Hemã estavam sob a supervisão
do rei.
O povo de Israel e em particular o rei Davi, levava a questão da adoração a
Deus a sério. Somente Davi escreveu 74 salmos divididos em canções e orações no
cancioneiro oficial de Israel.
No texto que lemos, vimos a dedicação e o interesse do Rei e, sobretudo a
demonstração da importância que ele dava a esta área chamando a atenção para o
trabalho da supervisão desenvolvida por ele no tocante à adoração.
Aqui temos uma importante ação de liderança supervisionada na Bíblia. Há
uma escala de supervisão hierarquizada e com isto, precisamos aprender também
algumas verdades:
a. A área de música de uma igreja precisa estar debaixo de uma liderança que
tenha humildade a ponto de reconhecer a necessidade da supervisão. – Por ser
uma área muito delicada, é fácil os músicos de uma igreja se perderem em suas
vaidades enquanto usam sua arte na adoração.
b. Novamente aqui quero me referir aos pastores e líderes – é necessária uma
supervisão séria nesta área. Falo isto porque muitos pastores, por não terem a
habilidade e o talento, ignoram a importância da supervisão na área da
adoração e alguns problemas de ordem moral e espiritual terminam não sendo
percebidos e tratados pela liderança num tempo hábil de recuperação e
conserto.
c. No texto, a nova geração de levitas adoradores eram supervisionados por seus
pais e por conseguinte, seus pais eram supervisionados pelo Rei. – Aqui vemos
uma hierarquia supervisional que funcionou e funciona.
d. Aqui temos também uma importante orientação aos músicos e participantes de
ministério de louvor: Sejam humildes para se colocarem sob a supervisão de
seu líder. Sua habilidade não é tudo. Seu talento não é tudo. Há algo mais
importante que a sua performance diante da congregação e das pessoas. Um
músico bom não é aquele que tem talento. Um músico bom é aquele que é um
servo de Deus, uma ovelha ensinável, submissa, um crente de caráter ilibado,
de um testemunho irretocável e humilde o suficiente para receber correção
quando necessário. Antes do seu talento, Deve haver vida com Deus. Em lugar
da busca pelos aplausos dos homens, você precisa do aplauso de Deus.

3. EM TERCEIRO LUGAR – ELES FORAM DILIGENTES NA ESCOLHA DAS PESSOAS


(v.6b)
“⁶ Todos esses homens estavam sob a supervisão de seus pais quando ministravam a música do templo do
Senhor, com címbalos, liras e harpas, na casa de Deus. Asafe, Jedutum e Hemã estavam sob a supervisão
do rei. ⁷ Junto com seus parentes, todos capazes e preparados para o ministério do louvor do Senhor,
totalizavam 288”.
Uma ótima orientação é nos dada aqui através deste texto. Diz-nos as
Escrituras que eles fizeram uma lista de 288 pessoas ao final. Foi um grande processo
seletivo. Eis algumas considerações importantes para nós:
a. Se fizeram uma lista, significa que precisaram estabelecer um processo de
escolha e separação de pessoas, senão teria vindo todo mundo da “casa de
cada um”, não acha? Mas não foi assim. Houve um processo de observação e
escolha feita pelo Rei Davi e seus comandantes. (Pastores, cuidado ao
terceirizarem escolhas que precisariam passar por vocês!)
b. A escolha para um ministério de música deve seguir critérios como
espiritualidade/consagração e habilidade/talento. – Eles escolheram 288
pessoas diferentes das demais. Diz o texto que estes eram capazes e
preparados.
c. Não basta ter vontade de servir no ministério de louvor. Tem que ter
espiritualidade. Mas não basta apenas ter espiritualidade; tem que ter
habilidade – Não esqueçamos que o ministério de música é algo igualmente
consagrado ao Senhor tal como o ministério da Palavra. Assim como um pastor
precisa de preparo e nossos púlpitos não podem ser dados para quem não tem
conhecimento e habilidade para tal, de igual modo, o ministério de
música/louvor em uma igreja.
d. Não deve-se ignorar a necessidade da habilidade para o desenvolvimento da
música na igreja por um motivo simples: Deus vê o coração, mas Ele deseja que
façamos o melhor que podemos para ele (Sl 33.3). Deus não aceitou “qualquer
coisa que Nadabe e Abiú lhe ofereceram”, nem aceitava o animal defeituoso
que seu povo lhe oferecia no tempo do profeta Malaquias (Ml 1.8-10)
Por isto, se faz necessário que pensemos que o talento precisa ser
aperfeiçoado e aprimorado porque Deus merece o melhor. Não o melhor que
temos; mas, o melhor que podemos oferecer.
e. Lembremo-nos que todos os 288 eram CAPAZES e foram PREPARADOS PARA O
MINISTÉRIO DE LOUVOR. No ministério de louvor deve haver lugar para
iniciantes que desejam ter suas vidas usadas como instrumento do Senhor; mas
quem deseja ser um instrumento do Senhor deve lembrar-se que Deus usa
sempre o melhor para fazer o melhor. Então, o iniciante deve procurar se
aperfeiçoar e fazer o melhor para o Senhor – inclusive no preparo!

ORIENTAÇÕES AOS LÍDERES DO MINISTÉRIO DE LOUVOR:


1. Busque o direcionamento do Espírito Santo através da oração e o estudo da
Bíblia. Se formos guiadas pelo Espírito, não será difícil ministrar louvores na
igreja, ao contrário, sentiremos como vasos nas mãos do Oleiro.
2. Antes de escolher as músicas para cantar, procure saber qual é o tema do culto.
É um Culto da juventude? Culto de Ceia? Culto de Missões? Culto de Oração? Isso
é muito importante para colocar hinos de acordo com a temática do culto.
3. Escolha as músicas de acordo com o tema e com o que Deus colocou em seu
coração, lembrando que:
a) Antes do ensaio, TODOS os integrantes do grupo de louvor deverão ter
estudado as músicas;
b) Como líder, você já deve saber as músicas memorizadas. Isso incentivará
aos outros integrantes a aprenderem também;
c) Músicas novas devem ser ensaiadas e preparadas para cantar, mas evite
cantar no mesmo dia do ensaio. Você pode cantá-la quando ela estiver
bem ensaiada.
d) Envie a música nova para o grupo de whatsapp da igreja
e) As músicas devem ser escolhidas pela sua mensagem e não pelo ritmo.
Elas precisam não ser contraditórias. Há líderes que escolhem as músicas
por serem rápidas ou lentas, ou colocam músicas que dizem uma coisa e
em seguida, canta outra que se contradiz. Por exemplo: “Deus está aqui”
e “Vem Senhor”. Se Ele está, porque eu o convidei a vir?
f) Escolha músicas cristocêntricas, biblicamente e teologicamente corretas
4. Prepare anteriormente as letras dos cânticos que você separou; corrija os erros de
grafia.
5. Informe ao pessoal responsável pelo som e mídia quais serão os cânticos que serão
entoados. Essa é a melhor forma de toda a igreja louvar junto com o grupo.
6. Chegue cedo aos cultos, pelo menos 30 minutos de antecedência para orar pela
direção do culto, pelas pessoas que estarão na igreja e, também, para resolver
algum imprevisto.
7. Siga a direção do seu pastor, sobre o tempo do louvor, e da quantidade de cânticos
separados para aquele dia. Lembre-se: você deve trabalhar junto com o seu pastor;
não queira ser independente
8. Evite pregar enquanto você estiver conduzindo a adoração. Lembre-se que o
pregador é outra pessoa. Foi chamado para cantar, então, cante!
9. Use a Bíblia para embasar a sua condução. Não use este momento para desabafar
ou exortar a igreja. A função de exortar e disciplinar a igreja é do pastor.

10. Busque ser uma pessoa exemplar:


a. Que cumprimenta e fala com as pessoas na Igreja;
b. Que participa de todo o culto, não apenas canta ou dirige e vai embora ou fica
perambulando pelas dependências da igreja;
c. Que vai ao culto independentemente de estar escalado ou não;
d. Uma pessoa em dia com todas as obrigações na igreja;
e. Que tenha bom testemunho fora da Igreja;
f. que ora e busca a Deus através de sua palavra e relacionamento pessoal.
g. Não faça da sua condução meras palavras de contradição com quem você é.

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