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Disciplina: Formas musicais e uso dos instrumentos na Liturgia: aspectos para a

inculturação litúrgica.
Docente: Prof. Dr. Delphim Rezende Porto

1. Qual a forma sugerida pelo texto do cântico ouvido e justifique. (forma antifonal,
responsorial, tropária, hínica, etc).

2. Como podem ser descritos formalmente os seguintes salmos? (3+2, 2+2, 4+4, etc.)
Marque com barras e sublinhe as sílabas que atestam sua escolha.

1. Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, atendei por compaixão! Não afasteis
em vossa ira o vosso servo, sois vós o meu auxílio! (Sl 26)
2. Escutai o meu clamor, a minha súplica, quando eu grito para vós; quando
eu elevo, ó Senhor, as minhas mãos para o vosso santuário. (Sl 27)
3. De ebúrneos palácios os sons vos deleitam. As filhas de reis vêm ao
vosso encontro, e à vossa direita se encontra a rainha com veste
esplendente de ouro de Ofir. (Sl 44)

As questões 3 e 4 devem ser respondidas tendo em consideração os excertos da página 2.

3. Neste curso vimos que o conceito de forma se aplica tanto à “fôrma” que engendra
uma composição quanto à actio (ação, performance) – à forma com que se realizam
as matérias musicais. Examine os seguintes excertos e escreva uma reflexão sobre a
peculiaridade do serviço musical na Liturgia da Igreja, onde se combinam de modo
perfeito os vários entendimentos formais.

4. Uma vez que a primazia na Igreja cristã é a do texto sagrado, da Palavra de Deus,
a partir dos excertos, escreva sobre como o repertório inculturado apresentado em
sala de aula ajudam – e como não ajudam – a Assembleia sob o suporte do coro, e
de instrumentos proferir os louvores. Aborde também os modos de
acompanhamento dos cânticos na sua argumentação.
1. Segundo Gelineau (1966, p.189) “tocar um instrumento não constitui uma ação
propriamente litúrgica”, mas os instrumentos participam da dimensão sacramental da
Liturgia, se seguem as orientações e funcionalidades litúrgicas, quando favorecem a absorção
e meditação da palavra de Deus. Assim música instrumental é sacra por participar da Liturgia:
é “sacra por participação e não por si mesma”.
[...]
Orar e louvar juntos são o caminho normal e primordial de nossa reunificação no único
Senhor e na única Igreja. Não se pode, sem hipocrisia, cantar juntos, se não somos concordes.
Nossa reunião será nossa esperança de unidade em Cristo, e o canto nos fará viver juntos a
comunhão em devir, porque ele é a única realidade sensível, onde podemos fundir as
inumeráveis vozes, todas diversas, para se tornar um grande unissono à glória de Deus, já
antecipando, aqui na terra, o cântico dos eleitos. Assim fazendo, poderemos enriquecer-nos
mutuamente, com as nossas respectivas tradições de canto e música. Possam estes cantos nos
lembrar que temos a mesma origem. Utilizar, nas nossas assembleias locais, os tesouros dos
irmãos separados não é abrir um caminho para esta unidade desejada?

2. [...] Uma vez que o ofício próprio da música é o deleite – não desonestamente, mas pelo
contrário, de modo honesto a devemos usar – para que não aconteça aquilo que pode suceder
a quem, por exemplo, bebe vinho sem moderação. [...] Assim, todas as coisas são boas
quando moderadamente utilizadas segundo aquele fim para o qual foram inventadas e
ordenadas; contudo, quando são destemperadamente usadas, e não segundo o seu devido fim,
causam dano e são perniciosas. [...] Todas as Ciências e Artes podem ser boas e ruins, segundo
são usadas; por ‘boas’, digo, quando são endereçadas àquele fim ao qual foram ordenadas, e
ruins, quando daquele fim se distanciam. Tendo sido, portanto, o Homem criado à coisas
muito mais excelentes que não somente satisfazer o ouvido cantando, tocando a Lira ou outros
instrumentos, quando mal usa a natureza da música, desvia-a do seu fim próprio que é
alimentar o intelecto – o qual sempre deseja saber e entender novas coisas. ZARLINO (1589)

3. Zacconi (1592, fl. 55): [...] Porque a beleza do cantar reside na impostação e colocação
graciosa da voz, nos gestos e na modéstia de vida. Como ao Orador convém não apenas a
beleza da fala, que com seu belo concerto diz e narra, mas os atos, os gestos e os costumes [e
vestes] através dos quais as suas ideias são bem explicadas e demonstradas, assim também
convém ao Cantor [...].Também [devei prestar atenção] à boca: [não] a torçais ora para um
lado, ora para outro, nem movais os olhos de modo extravagante pois quem ouve e escuta,
também observa e vê – e as formas agradam mais que qualquer outra coisa. Por isso digo
sempre que mais agradará aos ouvintes um franco, mas modesto cantor do que um artificioso
contrafeito.

4. É direito sagrado de todos os povos conhecerem e amarem Jesus Cristo e serem iniciados
no seu mistério pascal. Por outro lado, todos os povos carregam o seu tesouro simbólico como
uma reserva dos valores que perpassam o limiar entre a vida e a morte. É neste horizonte que
se situa a área que o processo de inculturação litúrgica deve conhecer com profundidade, pois
lá reside a capacidade de expressão do que há de mais belo no coração das culturas. O
Apóstolo Paulo seguiu este caminho e ajudou uma pequena comunidade de seguidores de
Jesus, que corria o risco de se tornar fundamentalmente uma nova espécie de judaísmo, a se
transformar numa comunidade verdadeiramente mundial, isto é, católica. Então, um dos
motivos do crescimento do cristianismo católico está na sua capacidade de inculturação aliada
à preservação dos valores de fonte. Este é um caminho que deu certo e por causa disto, em
vez de uma comunidade judaica cristianizada, temos uma Igreja católica. (VALERIANO,
2003, p.16)

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