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Músicos de Igreja Devem Ser Remunerados?

on 1 de março de 2017 at 05:00


por: Levi de Paula Tavares

Introdução

As igrejas locais têm sido, já há muito tempo, confrontadas com uma questão
que tem levado, de forma recorrente, a muita polêmica e debates acalorados,
nos quais muitos chegam a ficar magoados com seus irmãos, sem que se tenha
chegado a um posicionamento coerente com os princípios revelados por Deus à
Sua igreja. Este assunto é a remuneração dos músicos convidados a participar,
de forma eventual, nos cultos de adoração e louvor ou em programas especiais.

Há músicos que aceitam convites sem fazer qualquer exigência, cobrindo


diretamente suas despesas pessoais. Outros solicitam que seus gastos com
transporte, alimentação e estadia sejam supridos ou ressarcidos pela
congregação que o convidou. Outros ainda fazem exigências bastante pródigas,
como cachês de alto valor, quota obrigatória de mídia gravada para ser vendida,
hospedagem em hotéis de alto padrão, transporte de luxo, camarins supridos
com extravagâncias, etc… Chega a ser digno de nota o fato de que essas
exigências são feitas mesmo para apresentação em igrejas, em “cultos de
adoração”, e não apenas em apresentações especiais em teatros ou casas de
espetáculos.

Como podemos conciliar esses comportamentos díspares e até contraditórios?

Como em qualquer outra situação em nossa vida cristã, e especialmente por ser
um assunto polêmico e, mais ainda, que afeta diretamente fontes de ganho de
algumas pessoas, devemos buscar uma posição bíblica a respeito deste
assunto. Não vamos entrar aqui no mérito da questão se esses convites são
apropriados ou não. Nosso intuito com este estudo é compreender a
argumentação utilizada por aqueles músicos que exigem algum pagamento para
se apresentarem, comparando-os com os conselhos e recomendações divinas
que temos sobre este assunto.

A Argumentação Levítica

O argumento mais utilizado pelos músicos que solicitam alguma contribuição


financeira é que os levitas, que serviam no templo em Jerusalém recebiam para
se apresentaram como cantores e instrumentistas no templo. Desta forma, seria
biblicamente defensável a remuneração a músicos, sejam cantores ou
instrumentistas, que hoje se apresentam em nossas igrejas.

Entendemos que o ministério levítico, especialmente durante seu auge, no


período do primeiro Templo de Jerusalém, sob o reinado se Salomão é um
momento no relato bíblico que realmente pode apresentar um paralelo mais
imediato relativo a esta situação, e do qual podemos tirar muitas lições valiosas
sobre este assunto.

O ministério dos músicos levitas está bem definido em I Crônicas 16:4: “E pôs
alguns dos levitas por ministros perante a arca do Senhor; isto para recordarem,
e louvarem, e celebrarem ao Senhor Deus de Israel”. Os três verbos usados
neste texto – “recordar”, “louvar”, e “celebrar” – sugerem que o ministério da
música era uma parte vital na experiência de adoração do povo de Deus.

Existem alguns paralelos bastante claros: havia um culto institucionalizado, havia


uma necessidade de músicos capacitados, há numerosos relatos da rica prática
musical cúltica no templo (I Crônicas 15:16, 22; II Crônicas 5:12-13; 7:6; 8:14).

Através do estudo detalhado das orientações que balizaram a organização


daquele ministério, podemos dizer com segurança que a posição bíblica para o
assunto de remuneração dos músicos para o culto é muito clara. Vejamos os
seguintes textos:

▪ “E trouxeram a sua oferta perante o Senhor, seis carros cobertos, e doze


bois; por dois príncipes um carro, e cada um deles um boi; e os
apresentaram diante do tabernáculo. E falou o Senhor a Moisés,
dizendo: Recebe-os deles, e serão para servir no ministério da tenda da
congregação; e os darás aos levitas, a cada qual segundo o seu
ministério. Assim Moisés recebeu os carros e os bois, e os deu aos
levitas.” (Números 7:3-6)
▪ “E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por
herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da
congregação.” (Números 18:21)
▪ “Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em
oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes
disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.” (Números
18:24)
▪ “Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança
com Israel; das ofertas queimadas do Senhor e da sua herança
comerão.” (Deuteronômio 18:1)
▪ “Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos
tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para
ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os
sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos
sacerdotes e dos levitas que assistiam ali. E observava os preceitos do
seu Deus, e os da purificação; como também os cantores e porteiros,
conforme ao mandado de Davi e de seu filho Salomão. Porque já nos
dias de Davi e Asafe, desde a antiguidade, havia chefes dos cantores,
e dos cânticos de louvores e de ação de graças a Deus. Por isso todo
o Israel, já nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, dava aos
cantores e aos porteiros as porções de cada dia; e santificavam as
porções aos levitas, e os levitas as santificavam aos filhos de Arão.”
(Neemias 12:44-47)
▪ “E fizera-lhe uma câmara grande, onde dantes se depositavam as ofertas
de alimentos, o incenso, os utensílios, os dízimos do grão, do mosto e
do azeite, que se ordenaram para os levitas, cantores e porteiros, como
também a oferta alçada para os sacerdotes.” (Neemias 13:5)

Esses textos estão em linha com a orientação de Jesus, quando enviou os


discípulos em missão evangelística (Mateus 10:10; Lucas 10:7), e de Paulo à
igreja apostólica (I Timóteo 5:18). Todos esses textos dizem claramente que a
pessoa que trabalha na obra ministerial é digna de salário.
Portanto, à primeira vista, parece que a Bíblia ordena de maneira inequívoca a
remuneração dos músicos que estão envolvidos na igreja.

Contextualizando o Argumento

Mas algumas ressalvas importantes devem ser feitas. Em primeiro lugar, os


textos citados no Novo Testamento, em que Jesus e Paulo indicam que a pessoa
que trabalha na obra ministerial deve receber remuneração da comunidade à
qual serve, referem-se exclusivamente ao ministério da palavra. Na verdade, não
existia um ministério de música na igreja apostólica. Para falarmos mais
francamente, os textos que falam de música na igreja primitiva sempre se
referem unicamente ao canto congregacional (I Coríntios 14:15; Efésios
5:19; Colossenses 3:16; Hebreus 2:12).

Portanto, vemos que os textos do Novo Testamento citados acima, embora


sejam usados atualmente por músicos para tentar justificar algum pagamento,
não se aplicam de forma alguma, aos músicos; especialmente no formato em
que essa atividade é exercida em nossos dias, onde temos essencialmente
participações eventuais, e não um ministério contínuo e focado na igreja local.

O Ministério Levítico Bíblico

Temos ainda os textos do Antigo Testamento que relatam o direcionamento de


parte do dízimo para os levitas. Esses textos poderiam, em uma análise mais
superficial, servir de base para a remuneração dos músicos na igreja. Porém, é
de importância fundamental destacar as enormes diferenças existentes entre o
ministério levítico do Antigo Testamento e o pretenso “ministério” de alguns
músicos atuais. Para tal finalidade, vamos nos aprofundar um pouco mais na
compreensão de como o ministério levita foi estruturado por Davi.

O termo “levita” é um termo genérico, relativo aos israelitas da tribo de Levi. O


próprio Moisés era levita (Êxodo 2:1-2). Ao provar sua fidelidade a Deus no
episódio da adoração ao bezerro de ouro (Êxodo 32:26), esta tribo foi
considerada como separada das demais. Quando o tabernáculo foi construído,
Arão e seus filhos foram consagrados como sacerdotes (Êxodo 40:12-15).
Apesar de Arão e seus filhos serem sacerdotes, o termo levita foi aplicado a
todos aqueles que ministravam no templo: sacerdotes, porteiros, músicos, os
responsáveis pela manutenção dos utensílios e mobiliário do templo, aqueles
que transportavam a arca da aliança, etc. (ver Números 1:50-51; Números 4)

O texto de I Crônicas 23:3-5 é claro em dizer que haviam 38 mil levitas, sendo
que, dentre esses, apenas 4 mil eram músicos, ou seja, a grande maioria deles
era responsável por outras funções no templo.

O ministério musical levítico foi instituído diretamente por Davi, de forma


organizada e hierárquica. Tudo teve início quando a arca foi trazida de volta,
após ter sido capturada pelos filisteus. Os líderes do cântico – Hemã, Asafe e
Etã (ou Jedutum) – foram escolhidos (I Crônicas 15:17), bem como seus
auxiliares. Quando a arca repousou em Jerusalém, em uma tenda provisória (I
Crônicas 16:1), Davi organizou o embrião do que seria o ministério musical
levítico no futuro templo (I Crônicas 16:4-6). Posteriormente, quando os planos
para a construção do templo estavam sendo preparados, Davi – juntamente com
seus oficiais – confirmou esses líderes e selecionou as turmas de cantores, num
total de 288 (I Crônicas 25:1-7). Ele ainda teve o cuidado de delinear a posição,
o grau e a extensão do ministério dos músicos (I Crônicas 23:25-31). Esses
homens, escolhidos e capacitados, ministravam continuamente durante os
sacrifícios diários, pela manhã e à tarde e durante as festas do calendário
litúrgico (I Crônicas 23:30-31).

Entendendo as Diferenças

Tendo em mente apenas o que já foi exposto, vemos diferenças marcantes entre
a prática musical atual nas nossas igrejas e o sacerdócio levítico. Mas ainda há
outros pontos importantes:

1. Os músicos levitas eram maduros espiritualmente e musicalmente


treinados (I Crônicas 15:22; I Crônicas 25:7).
2. O coro era constituído de cantores adultos, com idades acima de trinta
anos (I Crônicas 23:3).
3. Aparentemente eles começavam a servir aos vinte anos (I Crônicas
23:24, 27, 30), e após intensa preparação e seleção, passavam a
integrar o coro, conforme as suas turmas, após os 30 anos, e serviam
até os 50 anos de idade (Números 4:3, 23, 30, 35, 39, 43, 47)
4. Eram trabalhadores de tempo integral, com dedicação exclusiva às
coisas do templo (I Crônicas 9:33).
5. A atuação do ministério da música era subordinada aos sacerdotes (I
Crônicas 23:28).
6. Estavam organizados hierarquicamente, conforme suas famílias, sendo
sujeitos aos seus líderes, os quais eram subordinados ao rei (I Crônicas
25:6).

Notemos que quando o ministério levítico foi restaurado, após o cativeiro


babilônico, esta estrutura foi mantida da mesma forma, reforçando o fato de que
os músicos levitas não possuíam autonomia, mas que estavam inseridos em
uma hierarquia que se reportava diretamente ao rei: “Porque havia um mandado
do rei acerca deles, e uma certa regra para os cantores, cada qual no seu dia.”
(Neemias 11:23 – ACF). A Nova Versão Internacional versa este texto da
seguinte forma: “”Eles estavam sujeitos às prescrições do rei, que
regulamentavam suas atividades diárias” (Neemias 11:23 – NVI). Deve ser
notado que neste período de sua história, o povo de Israel estava sujeito ao rei
da Pérsia e não tinham um rei próprio. Claro que seria difícil dizer que um rei
pagão estaria coordenando a adoração de Israel. Portanto, provavelmente essa
referência aponta para o modelo organizacional do ministério levítico original,
quando os cantores estavam sujeitos ao rei Davi. De qualquer forma, a indicação
de continuidade do modelo é clara.

Diante do que foi exposto, podemos compreender que os músicos levitas eram
os ministros da música no templo (I Crônicas 6:31-32; 16:4,37; II Crônicas
8:14; 23:6; 31:2) os quais, após intensa preparação técnica e aprendizado do
discipulado espiritual, ministravam ordenadamente e estavam sujeitos a uma
hierarquia rígida.
Os levitas não eram músicos convidados para o entretenimento da congregação,
com participações especiais esporádicas ou pontuais. Eles não eram chamados
para “abrilhantar” algum programa especial, mas para adorarem diretamente a
Deus. Notemos que não havia uma “plateia” ouvindo-os cantar durante os
sacrifícios da manhã e da tarde, já que ninguém, exceto os próprios sacerdotes,
podia entrar no templo. Apenas nas três grandes festas nacionais – a Páscoa, o
Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos – quando a congregação de todo o
Israel era chamada a comparecer perante o Senhor em Jerusalém, é que o povo
tinha oportunidade de ouvir os levitas cantando, pois aparentemente eles se
apresentavam do lado de fora do templo.

Falando especificamente sobre a Festa dos Tabernáculos, Ellen G. White


descreve este evento com as seguintes palavras:

“O templo era o centro da alegria geral. Ali se achava a pompa das


cerimônias sacrificais. Ali, enfileirados de ambos os lados da escada de
branco mármore do sagrado edifício, dirigia o coro dos levitas o serviço de
cântico. A multidão dos adoradores, agitando ramos de palma e murta, unia
sua voz aos acordes e repetia o coro; e, novamente, a melodia era cantada
por vozes próximas e distantes, até que as circundantes colinas ressoavam
todas o louvor. À noite, o templo e o pátio brilhavam pelas luzes artificiais.
A música, o agitar dos ramos de palmeira, os alegres hosanas, o grande
ajuntamento de povo sobre o qual se espargia a luz irradiada das lanternas
suspensas, os paramentos dos sacerdotes e a majestade das cerimônias,
combinavam-se para tornar a cena profundamente impressiva aos
espectadores. ” (White, “O Desejado de Todas as Nações”, cap. 49, p. 448)

O texto acima mostra claramente que os levitas atuavam não como artistas a
serem admirados a aclamados, sendo o centro das atenções, mas como líderes
da manifestação de louvor congregacional em adoração a Deus.

Aplicando as Diferenças ao Contexto Atual

Após uma análise exaustiva, notamos também que não existe qualquer texto
bíblico que, analisado dentro de seu contexto, possa ser utilizado pelos músicos
atuais, convidados a apresentar-se eventualmente nas igrejas, para justificar a
exigência de que estas os remunerem financeiramente. Na verdade, embora
possamos extrair do sistema ministério levita do Antigo Testamento princípios
valiosos para a ordem e a prática do ministério musical da igreja hoje, é possível
(e até mesmo necessário) questionar se ele realmente oferece um embasamento
tão sólido quanto alguns músicos na igreja atual gostariam que oferecesse.

Em primeiro lugar, todo o sacerdócio, incluindo o ministério levita, o templo, todo


o seu simbolismo e formas de culto, prefigurava o ministério de Cristo, quando
da Sua primeira vinda. Após a Sua encarnação, ministério e morte todo este
sistema perde a sua razão de ser. Lembramos que “quando Cristo foi crucificado,
o véu interior do templo se rasgou em dois de alto a baixo, significando que o
grande sacrifício final fora feito, e que o sistema de ofertas sacrificais cessara
para sempre. ” (White, “O Desejado de Todas as Nações”, p. 165) (Mateus
27:51; Marcos 15:38)
Outro ponto é que as prescrições para o serviço levítico deixadas por Davi,
sempre foram restauradas quando o povo voltava ao Senhor e experimentava
um reavivamento espiritual (II Reis 12; II Crônicas 29; Esdras 6:13-22; Neemias
12:27-47). Porém, conforme já ressaltamos acima, a igreja apostólica do Novo
Testamento não as seguiu, corroborando o fato que esse sistema estava
historicamente superado. Os textos que falam de música na igreja primitiva
sempre se referem unicamente ao canto congregacional (I Coríntios
14:15; Efésios 5:19; Colossenses 3:16; Hebreus 2:12).

Também podemos destacar que a igreja atual não segue o formato de culto do
Templo do Antigo Testamento. Nossa forma litúrgica extrai suas raízes da forma
como eram organizadas as reuniões nas sinagogas. No templo, não havia uma
congregação que se reunia ali, apenas os sacerdotes podiam entrar seus portais.
Mas as sinagogas eram vistas como locais de reunião semanal, aos sábados,
das pessoas que moravam no seu entorno, a fim de se dedicarem à adoração e
ao estudo da Palavra. E este é o modelo que seguimos hoje em nossas casas
de oração.

Além disso, as castas sacerdotais do ministério levítico – vitalícias e hereditárias


– não se comparam, de forma alguma, ao sistema de pastores e líderes locais
que foi instituído desde a igreja apostólica e que foi adotado pelas igrejas cristãs
protestantes. Os contrastes entre as regras que delineamos acima, válidas para
a escolha de sacerdotes ou cantores levitas, e as regras deixadas por Paulo para
a escolha de líderes locais (I Timóteo 3) confirmam esta diferença, sendo que
essas últimas ainda servem de princípios para a escolha dos líderes atuais da
igreja.

Conclusão

Depois de termos estudado as características do ministério levítico, tentando


fazer um paralelo com a situação de nossos dias, podemos concluir que aqueles
interessados em ser qualificados para a função de Ministros de Música, com
base em princípios extraídos do ministério levítico deveriam estar sujeitos tanto
a esses princípios quanto às regras deixadas por Paulo.

Nosso pensamento é que, caso os músicos atuais de nossas igrejas estejam


dispostos a servir a igreja local seguindo o mesmo modelo, conforme os levitas
serviam no Templo – no que diz respeito à hierarquia, dedicação e preparação
– seria justo pagar-lhes um salário. Se a igreja local tem condições de arcar com
esta despesa, sem prejuízo a suas atividades mais nobres e urgentes, poderia
fazê-lo. Isto também se aplica às nossas instituições eclesiásticas. Contudo,
entendemos que os candidatos a este cargo deveriam:

1. Estar conscientes da necessidade de preparação espiritual para o


exercício de suas funções (I Crônicas 15:14; II Crônicas 29:15,
34; 30:14; Esdras 6:20; I Timóteo 3:9).
2. Ser exemplo de vida cristã, tanto na igreja quanto na sociedade (I
Timóteo 3:2-4, 7)
3. Ser adulto com maturidade espiritual, psicológica, intelectual e social (I
Crônicas 23:3; I Timóteo 3:6, 10).
4. Estar disponíveis em tempo integral, com dedicação exclusiva às
atividades da igreja (I Crônicas 9:33).
5. Ter treinamento e experiência sólidos em música (I Crônicas 15:22; I
Crônicas 25:7).
6. Estar subordinados hierarquicamente aos líderes da igreja e,
especialmente, ao Ministro da Palavra (I Crônicas 25:6).

Porém, a pergunta que surge é: Encontraremos músicos com esse espírito nos
dias atuais? [1]

Outra Perspectiva

Na verdade, nem mesmo nos escritos de Ellen G. White existe algum texto que
autorize a igreja a contratar músicos eventuais, com a finalidade de abrilhantar
programas especiais (ainda que evangelísticos) ou, menos ainda, cultos de
adoração. Pelo contrário, há um texto que contradiz especificamente este tipo de
procedimento:

“Não se deve negligenciar o canto nas reuniões realizadas. Deus pode ser
glorificado por esta parte do culto. E quando cantores oferecem seus
préstimos, devem ser aceitos. Dinheiro, porém, não deve ser usado para
contratar cantores. Muitas vezes o canto de hinos simples pela
congregação tem um encanto não possuído pelo canto de um coro, por
mais hábil que seja. ” (Evangelismo, p. 509).

Aliás, em todo o capítulo 15, intitulado “Evangelismo do Canto” que vai da página
496 até a página 512, há muitos conselhos valiosos, e que devem voltar a ser
seguidos pela liderança das igrejas locais. Vamos destacar alguns desses
parágrafos na ordem em que aparecem no texto do livro, e não na ordem relativa
de importância ou relevância:

“O que me foi apresentado é que, se o Pastor _____ desse ouvidos ao


conselho de seus irmãos, e não corresse da maneira por que o faz no
esforço de obter grandes congregações, exerceria mais influência para o
bem, e sua obra teria efeito mais benéfico. Ele deve cortar de suas reuniões
tudo quanto tenha semelhança com exibições teatrais; pois tais aparências
exteriores não dão nenhuma força à mensagem que ele anuncia. Quando
o Senhor puder cooperar com ele, sua obra não precisará ser feita de modo
tão dispendioso. Ele não necessitará então fazer tantas despesas em
anúncios de suas reuniões. Não porá tanta confiança no programa musical.
Esta parte de seu serviço é realizada mais à maneira de um concerto
teatral, do que de um serviço de canto em uma reunião religiosa.”
(Evangelismo, p. 501)

“Os verdadeiros ministros conhecem o valor da obra interior do Espírito


Santo sobre o coração humano. Satisfazem-se com a simplicidade nos
serviços religiosos. Em vez de dar valor ao canto popular, volvem sua
atenção principalmente para o estudo da Palavra, e dão de coração louvor
a Deus. Acima do adorno exterior, consideram o interior, o ornamento de
um espírito manso e quieto. Na sua boca não se acha engano.”
(Evangelismo, p. 502)
“Há pessoas que têm especial dom para cantar, e ocasiões há em que uma
mensagem especial é anunciada por um solo ou por um canto feito por
vários. Mas raramente deve o canto ser feito por uns poucos. A aptidão de
cantar é um talento que exerce influência, a qual Deus deseja que todos
cultivem e empreguem para glória de Seu nome.” (Evangelismo, p. 504)

“O canto não deve ser feito apenas por uns poucos. Todos os presentes
devem ser estimulados a tomar parte no serviço de canto.” (Evangelismo,
p. 507)

“Como pode Deus ser glorificado quando confiais para o vosso canto em
um coro mundano que canta por dinheiro? Meu irmão, quando virdes essas
coisas em seu verdadeiro aspecto, só tereis em vossas reuniões apenas o
canto suave e simples, e pedireis a toda a congregação que se una a esse
canto. Que importa, se entre os presentes há alguns cuja voz não é tão
melodiosa como a de outros! Quando o canto é de molde a que os anjos
se possam unir com os cantores, pode-se causar no espírito uma
impressão que o canto de lábios não santificados não pode produzir.”
(Evangelismo, p. 509)

“Exibição não é religião nem santificação. Coisa alguma há, mais ofensiva
aos olhos de Deus, do que uma exibição de música instrumental, quando
os que nela tomam parte não são consagrados, não estão fazendo em seu
coração melodia para o Senhor. A mais aprazível oferta aos olhos de Deus,
é um coração humilhado pela abnegação, pelo tomar a cruz e seguir a
Jesus. Não temos tempo agora para gastar em buscar as coisas que
agradam unicamente aos sentidos. É preciso íntimo esquadrinhar do
coração. Necessitamos, com lágrimas e confissão partida de um coração
quebrantado, aproximar-nos mais de Deus; e Ele Se aproximará de nós.”
(Evangelismo, p. 510)

“Quando os professos cristãos alcançarem a alta norma que é seu


privilégio alcançar, a simplicidade de Cristo será mantida em todo o seu
culto. As formas, cerimônias e realizações musicais não são a força da
igreja. No entanto, estas coisas tomaram o lugar que deveria ser dado a
Deus, tal como se deu no culto dos judeus. O Senhor revelou-me que, se
o coração está limpo e santificado, e os membros da igreja são
participantes da natureza divina, sairá da igreja que crê na verdade um
poder que produzirá melodia no coração. Os homens e as mulheres não
confiarão então em sua música instrumental, mas no poder e graça de
Deus, que proporcionará plenitude de gozo. Há uma obra a fazer: remover
o cisco que se tem trazido para dentro da igreja.” (Evangelismo, p. 512)

Acreditamos que não há o que acrescentar a essas palavras.

E que tudo seja feito unicamente para a glória de Deus.

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