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Adoração Bíblica – Capítulo Cinco

Princípios Bíblicos Acerca da Adoração Agradável a Deus

"Deus reina! O seu trono é estabelecido em louvores. Logo, música de adoração é eterna. Ela já existia
antes da criação. Deus declara a Jó: Sobre que estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a
pedra angular, quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos
de Deus?" (Jó 38:4-7).

Origem da música: Na eternidade.

A música é um instrumento de louvor a Deus, um meio de expressão e um poderoso meio de influência.


Para Parcival Módulo, a música tem, pelo menos, dois papéis importantes no culto:

 O Papel de Impressão – a música cria um ambiente próprio, uma atmosfera que mexe com as
pessoas envolvidas no culto.

 O Papel da Expressão – a música expressa aquilo que cremos, os ensinos da Palavra de Deus. E
isso acontece quando a música diz alguma coisa junto com o texto, quando ela endossa e
subsidia o texto.

1 – A música no Antigo Testamento

Origem e organização

O rei Davi foi quem introduziu a música no culto do Antigo Testamento. Sabemos que ele fez isso com a
autorização de Deus (II Crônicas 29:25).

Podemos constatar na bíblia, que Davi organizou um ministério de música, em três etapas:

1. Ele ordenou aos chefes das famílias levíticas que designassem uma orquestra e um coro para
acompanharem o transporte da arca até a tenda em Jerusalém (I Crônicas 15:16-24).
2. Após a colocação da Arca na tenda, em seu palácio (I Crônicas 15:1-3), Davi determinou o
canto na hora do sacrifício (I Crônicas 16:4-6, 37-42). Um grupo cantava diante da Arca, sob
a liderança de Asafe (I Crônicas 16:37) e outro grupo cantava diante do altar em Gibeão, sob a
liderança de Hemã e Jedutum (I Crônicas 16:41-42).
3. A última etapa da organização do ministério de música por Davi, aconteceu no final de seu
reinado quando ele estruturou a música que seria utilizada no templo de Salomão que seria
realizado no templo que Salomão construiria (I Crônicas 23:2-26:32).

O Ministério de Música organizado por Davi estava fundamentado em princípios espirituais, que devem
ser aplicados pela igreja hoje. Utilizarei como texto básico I Crônicas 25.

Era um ministério

O texto inicia dizendo: "Davi, juntamente com os chefes do serviço, separou para o ministério…" (25:1).
O termo ministério (hebraico = sharath) era usado para expressar a ideia de ministração profissional ou
sacerdotal. No Novo Testamento, o termo característico é diakonia ou um serviço que deve ser prestado a
Deus e aos irmãos (Mateus 20:28; Marcos 10:45). Jesus é o referencial ou o exemplo de servo.

Era um ministério organizado

Davi organizou o ministério estabelecendo um "modus operandi". Os seus integrantes tinham papéis
definidos e deveres estabelecidos:

 O ministério tinha comando: "Todos estes estavam sob a direção respectivamente de seus
pais, para o canto da Casa do SENHOR, com címbalos, alaúdes e harpas, para o ministério
da Casa de Deus, estando Asafe, Jedutum e Hemã debaixo das ordens do rei." (I Crônicas
25:6).

 Os músicos tinham funções e deveres: Eles trabalhavam em lugares determinados e em


turnos. "Deitaram sortes para designar os deveres, tanto do pequeno como do grande, tanto
do mestre como do discípulo." (I Crônicas 25:8). Uns tocavam e cantavam defronte da arca e
outros diante do tabernáculo. (I Crônicas 6:31-32).

 Os músicos não tocavam qualquer instrumento: Davi não instituiu apenas o tempo, o lugar, e
as músicas para a apresentação do coro levítico, mas ele também "fez" os instrumentos
musicais para serem usados no seu ministério (I Crônicas 23:5; II Crônicas 7:6). É por isso
que eles são chamados "os instrumentos de Davi" (II Crônicas 29:26-27). Além das trombetas
que o Senhor tinha ordenado por Moisés, Davi acrescentou címbalos, alaúdes, e harpas (I
Crônicas 15:16; 16:5-6). A importância desta combinação de instrumentos como sendo uma
ordem divina é indicada pelo fato de que esta combinação foi respeitada por muitos séculos,
até a destruição do Templo. (II Crônicas 29:25).
 O ministério tinha objetivos: A música era tocada e cantada com três objetivos:

1. 1. Louvar e adorar: "Designou dentre os levitas os que haviam de ministrar diante


da arca do Senhor, e celebrar, e louvar, e exaltar o Senhor, Deus de Israel". (I
Crônicas 16:4) Os três verbos usados neste texto – "celebrar", "louvar", e "exaltar"
indicam que o ministério da música visava à adoração a Deus.
2. 2. Profetizar: "Quanto à família de Jedutum, os filhos: Gedalias, Zeri, Jesaías,
Hasabias e Matitias, seis, sob a direção de Jedutum, seu pai, que profetizava com
harpas, em ações de graças e louvores ao SENHOR." (I Crônicas 25:2). Os
músicos exerciam uma função profética por intermédio da música (I Crônicas
25:3; II Crônicas 20:14-17; 24:19-22; 29:30; 35:15).
3. 3. Ensinar: Instruir era uma dos objetivos dos ministérios da música: "Disse aos
levitas que ensinavam a todo o Israel e estavam consagrados ao SENHOR: Ponde
a arca sagrada na casa que edificou Salomão, filho de Davi, rei de Israel; já não
tereis esta carga aos ombros; servi, pois, ao SENHOR, vosso Deus, e ao seu povo
de Israel." (II Crônicas 35:3).

O apóstolo Paulo resume estes três objetivos do ministério levítico, no ministério de cada cristão, no corpo
de Cristo: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em
toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso
coração." (Colossenses 3:16).

Creio que estes princípios que encontramos no Ministério de Música instituído por Davi aplicam-se a
igreja hoje. Somos uma comunidade de "sacerdotes santos" e "sacerdotes reais" (I Pedro 2:5, 9).

2 – A música no Novo Testamento

A música no culto cristão:

1. Era música vocal

A música entoada pelos primeiros cristãos era sem o acompanhamento de instrumentos musicais. Jesus
e os discípulos cantaram um hino: "E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras."
(Mateus 26:30; Marcos 14:26). Paulo e Silas: "Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam
louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam." (Atos 16:25).

2. Era música variada

Paulo declara: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente
em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em
vosso coração." (Colossenses 3:16).

Este versículo apresenta uma variedade de formas:. Os salmos seriam as músicas do livro dos Salmos do
Antigo Testamento (Lucas 24:44). Os hinos seriam composições recentes de cânticos de louvor dirigidos
a Cristo, os quais aparecem no texto do Novo Testamento (Efésios 5:14; I Timóteo 3:16; Filipenses 2:6-
11; Colossenses 1:15-20; Hebreus 1:3). Os cânticos espirituais seriam, provavelmente, os cânticos
produzidos pelo Espírito Santo nos adoradores (I Coríntios 14:15).

3. Era música espiritual

A expressão "cântico espiritual" aponta para cânticos sobre assuntos espirituais e cânticos resultados da
experiência espiritual do povo de Deus. A música para Paulo está relacionada com a Palavra de Deus –
"Habite, ricamente, em vós a Palavra de Cristo" (Colossenses 3:16) – e com a vida cheia do Espírito
Santo – "Mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração, ao
Senhor com hinos e cânticos espirituais" (Efésios 5:18-19).

Nove vezes aparece na Bíblia a expressão "novo cântico". Sete vezes no Antigo Testamento (Salmos
33:3; 40:3; 96:1; 98:1; 144:9; 149:1; Isaías 42:10) e duas vezes no Novo Testamento (Apocalipse
5:9 e 14:3). A expressão "novo cântico" não indica uma nova composição, mas uma música que surge de
uma nova experiência com Deus.

A origem desta música é divina, vem de Deus: "E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor
ao nosso Deus" (Salmos 40:3). Somente as "novas criaturas" poderão entoá-la: "E ninguém pode
aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados na terra" (Apocalipse
14:3).

4. Era música com funções espirituais

Observe o que diz Paulo: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração." (Colossenses 3:16). O mandamento apostólico é de que a música tem uma
função didática, de instruir e aconselhar (exortar).

Outra função é a de louvar a Deus – "louvando a Deus". "Falando entre vós com salmos, entoando e
louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso
Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo." (Efésios 5:19-20)
Paulo ainda apresenta outro objetivo: edificação. "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem
salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo
feito para edificação" (I Coríntios 14:26). Instruir, louvar e edificar devem ser os objetivos da música no
culto.

Concluindo, precisamos perguntar: Qual é a música apropriada para adoração na Igreja?

As respostas dadas a esta pergunta são controversas. Creio que precisamos definir critérios bíblicos que
ajudarão a selecionar a música a ser utilizada no culto.

Sugiro os seguintes critérios:

 Quanto ao objetivo principal da música deve ser agradar a Deus. Cantemos ao Senhor. Há
também os objetivos secundários: instruir, edificar, consolar, proclamar, aconselhar e
promover a unidade da igreja.

 Quanto à origem deve ser do coração e da mente regenerada pelo Espírito Santo. Cantemos
com a mente e com o espírito.

 Quanto ao estilo musical deve ser variado. Os extremos de só cantar hino ou só entoar cânticos
espirituais servem apenas para referendar estilos de cultos (tradicional ou contemporâneo) e
divisões na igreja (velhos e jovens).

 Quanto ao conteúdo da música deve ser bíblico ou de acordo com a sã doutrina. A poesia
musical deve refletir aquilo que ensina a Palavra de Deus.

 Quanto a sua execução deve ser com excelência. Deus merece o melhor e exige o melhor.
Excelência significa o "melhor que for possível". Excelência é a união da simplicidade com a
profundidade, ou da humildade com a competência.

 Quanto aos resultados, a música deve promover: uma visão elevada de Deus, a edificação
espiritual e a santidade pessoal dos que cantam.

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