Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1.0 INTRODUÇÃO
O bruxismo se classifica em uma prática parafuncional inconsciente e involuntário,
ocorrendo pelo excessivo apertar e/ou ranger dos dentes em mobilidades não-
funcionais da mandíbula. Este hábito vem ocorrendo nos períodos de sono ou vigília
(MARIOTTI, 2011; REDDY, 2014), “sendo mais frequente durante o sono, podendo
levar a complicações dentais, orais e/ou faciais” (MACEDO, 2008; MACHADO et al,
2014).
O hábito de ranger dos dentes tem sido apontado como uma prática habitual
de distúrbio do movimento em crianças com Paralisia Cerebral (PC) (ORTEGA et al.,
2007). Existem teorias, de que alguns medicamentos, anticonvulsivantes, podem ter
uma ação sobre distúrbios do movimento, diminuindo ou ampliando esses ocorridos
(WINOCUR et al., 2003). Ortega et al., (2014) procederam uma pesquisa sobre
anticonvulsivantes e bruxismo, e a inferência dos resultados admitiu aos autores a
condução de que crianças e adolescentes com PC são acometidos com uma maior
presença de bruxismo do que crianças sem paralisia.
Ainda, de acordo com os autores, os que administravam o uso de barbitúricos
(remédio que age no SNC: sedativo/hipnótico/anticonvulsivante) demonstravam alto
perigo de apresentar bruxismo quando comparados com outras crianças que fazem
uso de diferentes drogas anticonvulsivantes. Podemos pontuar diversas teorias que
relacionam os fatores emocionais ao desencadeamento do bruxismo, considera-se
pontos na personalidade de cada indivíduo, estando associados as formas individuais
de lidar com diferentes situações cotidianas, indivíduos com estresse e/ou traços de
personalidade são tendenciosos a liberação da tensão guardada durante o dia, por
meio do bruxismo do sono. Nesse viés, comportamentos de ansiedade e raiva,
elucidam através de autodisciplina rígida, são capazes de demonstrar características
significativas do bruxismo do sono em crianças. (SERRA-NEGRA et al., 2009).
No entanto, a concepção do estresse, como um fator mais relacionado ao
começo para o agravamento do bruxismo do sono, vem deixando de ser uma das
principais vertentes frente aos avanços nas pesquisas da problemática na área, que
estão sendo direcionadas para um notável envolvimento sistêmico – como a obstrução
das vias aéreas e problemas gastroesofágicos (MANFREDINI et al., 2015) – ao que
tange os fatores psicológicos nesse quesito.
A pesquisa de Motta e seus colaboradores em (2011), ao investigar 42 crianças
com e sem bruxismo em um estudo abrangendo o exame clínico intraoral e
questionário aos pais, totalizaram que a cavidade bucal serve como um escape para
liberar as tensões afetando dentes e músculos, causando alterações também nos
músculos do complexo craniofacial, no pescoço e ombros. Outra revisão de literatura
elaborada por Restrepo et al., (2001) buscou inferir a relação do relaxamento muscular
e os sinais de bruxismo em crianças, foi observado que no momento que houver
dentição mista juntamente ao bruxismo, perfis associados a extresse, tensão e
ansiedade têm potencial relação.
Pode se qualificar que “o fato de crianças observarem e imitarem o
comportamento de adultos próximos a ela, pode gerar o apertamento ou raspagem de
dentes” (LAVIGNE et al., 2008).
Sampaio et al., (2018) evidencia a relevância das pesquisas sobre fatores
etiológicos, uma vez que, a ansiedade e o estresse são capazes de agravar o
bruxismo e não sendo a causa principal, por isso, os autores validam, que mesmo
quando o paciente demonstra manifestações de ansiedade, devem ser pesquisados
verificados outros fatores como possíveis casuísticas.
4.3 Formas de Profilaxia/tratamento
Diversos pesquisadores do tema afirmam que não existe nenhum tratamento
direcionado ao bruxismo. O que pode ser feito é uma avaliação pessoal para cada
paciente, e assim, realizar um tratamento a partir dos fatores reais para evitar futuras
complicações dentárias (DINIZ; SILVA; ZUANON, 2009; BADER; LAVIGNE, 2000).
BELLERIVE, A. et al. The effect of rapid palatal expansion on sleep bruxism in children.
Sleep and Breathing, v. 19, n. 4, p. 1265-1271, 2015.
CARRA, M. C.; HUYNH, N.; FLEURY, B.; LAVIGNE, G. Overview on Sleep Bruxism
for Sleep Medicine Clinicians. Sleep Medicine Clinicians, [s. l.], v. 10, i. 3, p. 375-
384, Sept. 2015.
CHEN, Y. L.; GAU, S. S. F. Sleep problems and internet addiction among children and
adolescents: a longitudinal study. Journal of Sleep Research, v. 25, n. 4, p. 458-465,
2016.
INSANA, S. P. et al. Community based study of sleep bruxism during early childhood.
Sleep Medicine, v. 14, n. 1, p. 183-188, 2013.
LEE, S. J. et al. Effect of botulinum toxin injection on nocturnal bruxism: arandomized
controlled trial. Am J Phys Med Rehabil, v. 89, n. 1, p. 16–23, 2010.
MINDELL, J. A. et al. Developmental aspects of sleep hygiene: Findings from the 2004
National Sleep Foundation Sleep in America Poll. Sleep Medicine, v. 10, n. 7, p. 771-
779, 2009.
OLIVEIRA, M. T. et al. Sleep bruxism and anxiety level in children. Brazilian Oral
Research, São Paulo, v. 29, i. 1, p. 1-5, 2015
ORTEGA, A. O. et al. Frequency of parafunctional oral habits in patients with cerebral
palsy. Journal of Oral Rehabilitation, [s. l.], v. 34, i. 5, p. 323–328, May 2007.
SAMPAIO, N. M. et al. Relationship between stress and sleep bruxism in children and
their mothers: A case control study. Sleep Science, v. 11, i. 4, p. 239-244, 2018.
SHIM, Y. J. et al. Effects of botulinum toxin on jaw motor events during sleep in
sleep bruxismpatients: a polysomnographic evaluation. Journal of clinical sleep
medicine, v. 10, n. 3, p. 291–298, 2014.
SHINKAI, R. S. A.; SANTOS, L. M.; SILVA, F. A.; SANTOS, M. N. Contribuição ao
estudo da prevalência do bruxismo cêntrico em crianças de 2 a 11 anos de idade.
Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo, Piracicaba. v. 12, n. 1, p.
29-37, jan./mar. 1998.
WINOCUR, E. et al. Drugs and bruxism: a critical review. Journal of Orofacial Pain,
v. 17, i. 2, p. 99–111, Feb. 2003.