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Artigo Original

© 2018 - ISSN 1807-2577

Estudo transversal do autorrelato de bruxismo e sua


associação com estresse e ansiedade
Cross-sectional study about self-reported bruxism and its association with
stress and anxiety

Iago Gomes MOTAa , Larissa Aparecida Benincá TONa , Janice Simpson DE PAULAb ,
Ana Paula Varela Brown MARTINSa* 
a
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora, Governador Valadares, MG, Brasil
b
UFMG - Universidade Federal Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

Como citar: Mota IG, Ton LAB, De Paula JS, Martins APVB. Estudo transversal do autorrelato de bruxismo e sua associação
com estresse e ansiedade. Rev Odontol UNESP. 2021;50:e20200003. https://doi.org/

Resumo
Introdução: O bruxismo é uma condição prevalente e pode ser destrutivo à cavidade bucal, sendo
amplamente abordado na Odontologia, especialmente por sua etiologia multifatorial e prevalência
controversa. Objetivo: Este estudo teve o objetivo de investigar a prevalência do autorrelato de bruxismo
entre universitários e correlacionar a parafunção com a ansiedade e o estresse autopercebidos. Material e
método: Utilizaram-se o autorrelato de bruxismo, Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e
Inventário de Sintomas de Estresse de LIPP (LIPP) para avaliar a prevalência de bruxismo, ansiedade e
estresse, respectivamente. Setecentos e quatorze estudantes de todos os cursos da universidade foram
entrevistados, com idade entre 18 e 45 anos. Análises estatísticas descritivas foram realizadas por cálculos
de frequências (absolutas e relativas), bem como medidas de tendência central e dispersão (média e desvio
padrão). Quanto às análises estatísticas inferenciais, o teste qui-quadrado ou exato de Fisher foi utilizado
na comparação de proporções e o teste t de Student ou ANOVA, como critério para comparar médias, todos
com nível de significância de 5%. Resultado: A prevalência de bruxismo foi 46,92%; houve diferença
significante da proporão do bruxismo com a ansiedade estado (p = 0,00) e traço (p ≤ 0,0001) de
personalidade. Conclusão: Conclui-se que, apesar de o bruxismo não ter prevalecido entre estudantes, um
elevado percentual de estudantes afirmou realizar essa atividade repetitiva e a proporção de bruxistas com
ansiedade foi relevante, evidenciando a importância desse fator psicológico na fisiopatologia da parafunção.
Descritores: Bruxismo; ansiedade; estresse psicológico.

Abstract
Introduction: Bruxism is a prevalent condition and can be destructive to the oral cavity, being widely
addressed in dentistry, especially due to its multifactorial etiology and controversial prevalence. Objective:
This study aimed to investigate the prevalence of self-reported bruxism among university students and to
correlate it with self-perceived anxiety and stress. Material and method: Self-reported Bruxism, Trait-
State Anxiety Inventory (STAI) and LIPP Stress Symptoms Inventory (LIPP) were used to assess the
prevalence of bruxism, anxiety and stress, respectively. 714 students of all courses of a university were
interviewed, they were between 18 and 45 years. Descriptive statistical analyzes performed by calculations
of frequencies (absolute and relative), as well as measures of central tendency and dispersion (mean and
standard deviation). About inferential statistical analyzes, the Chi-square or Fisher's exact test was used to
compare proportions and the Student t test or ANOVA was a criterion for comparing means, all with a 5%
significance level. Result: The prevalence for bruxism was 46.92%; there was a significant difference in the
proportion of bruxism with state anxiety (p = 0.00) and personality trait (p = <0.0001). Conclusion: It is
concluded that although bruxism did not prevail among students, a high percentage of students stated to
perform this repetitive activity and the proportion of bruxists with anxiety was relevant, showing the
importance of this psychological factor in the pathophysiology of parafunction.
Descriptors: Bruxism; anxiety; psychological stress.

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução
em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.

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Estudo transversal do autorrelato de bruxismo...

INTRODUÇÃO

As interpretações atuais do bruxismo sugerem que pode ser considerado uma condição que
pode se tornar um fator de risco para algumas consequências clínicas deletérias1. Na definição
mais recente, foi descrito como uma atividade repetitiva dos músculos mastigatórios
caracterizada por apertar ou ranger os dentes e/ou manter rígida ou mover vigorosamente a
mandíbula. A atividade pode ocorrer de formas distintas, de acordo com o ciclo circadiano,
classificada, assim, em bruxismo do sono (BS) e bruxismo em vigília (BV)2.
O bruxismo apresenta intervalos de prevalência de 8% a 31%, sem distinção entre em vigília
ou do sono, 22% a 31% para BV e 13% ± 3% para BS em adultos3. Sua distribuição é indiferente
quanto ao gênero, porém, em relação à faixa etária, são encontradas altas prevalências em
crianças e adolescentes (por exemplo, 3,5% a 40% para BS), tendendo a diminuir com o aumento
da idade1.
O bruxismo pode desenvolver alguns problemas clínicos, mais frequentemente estando
associado a problemas mecânicos (afrouxamento de parafusos de prótese sobre implante, fratura
de cerâmica, de pilar ou estrutura, fraturas ou falhas nas restaurações dentárias), embora
complicações biológicas possam ocorrer (por exemplo, desgaste dos dentes, comprometimento
da inserção do osso marginal, fracasso biológico)1,4,5.
A literatura é controversa sobre a relação entre bruxismo e dor, sendo as mais citadas dor nos
músculos mastigatórios e/ou nas articulações temporomandibulares, dor de cabeça4. Sugere-se
que BS e BV podem ter etiologia diferente e as atividades de apertar e ranger são fenômenos
motores diferentes com consequências potencialmente diversas em termos de fadiga muscular e
estresse articular para explicar tal controvérsia1.
A influência da oclusão dentária sobre bruxismo não é mais aceita e, atualmente, é considerado
de etiologia multifatorial, incluindo fatores biológicos, neurológicos (por exemplo,
neuroquímicos, como dopamina e outros neurotransmissores, genética, despertar do sono),
psicológicos (por exemplo, sensibilidade ao estresse, traços de personalidade, ansiedade) e
exógenos (por exemplo, tabagismo, álcool, cafeína, certos medicamentos, como inibidores
seletivos da recaptação de serotonina, drogas ilícitas)1,6.
Características de personalidade, como traços de ansiedade e sensibilidade ao estresse, são os
principais fatores psicológicos associados ao bruxismo, especialmente BV, independentemente
da faixa etária7-9. O mecanismo fisiopatológico proposto é que indivíduos com altos níveis de
sensibilidade a estresse, ansiedade, neuroticismo e traços de responsabilidade tendem a liberar
tensão emocional, envolvendo atividades de BS e/ ou BV7. Logo, traços de personalidade e
sensibilidade ao estresse foram identificados como fatores de risco entre adultos e
adolescentes1,9,10. Assim, estudos baseados no autorrelato do bruxismo forneceram sua
associação com alguns traços de personalidade, fortalecendo a opinião generalizada da existência
de uma relação bruxismo-fatores psicossociais.
Portanto, o objetivo do estudo foi investigar a prevalência de possível bruxismo em adultos
usando abordagem não instrumental e avaliar a associação com ansiedade e estresse psicológico.
As hipóteses desse estudo foram: 1) elevada prevalência do autorrelato do bruxismo, ansiedade
e estresse entre universitários; 2) autorrelato do bruxismo significantemente correlacionado com
estresse e ansiedade.

MATERIAL E MÉTODO

Esta pesquisa caracterizou-se por ser um estudo de prevalência entre alunos da Universidade
Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares (UFJF-GV), aprovado pelo comitê de ética
(no 1.878.567).

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O número total de universitários que participaram da pesquisa foi de 714 (482 mulheres),
saudáveis, com idade variando de 18 a 40 anos (média de idade de 21,5 anos; desvio padrão ±
4,53 anos). Foram recrutados alunos regularmente matriculados nos diversos cursos de
graduação da UFJF-GV, representando 33,8% do total de alunos. O estudo foi realizado de acordo
com as diretrizes da Declaração de Helsinque, completamente anônimo, com todos os indivíduos
tendo assinado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e podendo livremente se
retirar do estudo a qualquer momento. Além do TCLE, todos os voluntários responderam aos
questionários.
Para participar da pesquisa, os voluntários precisariam ter idade de 18 a 40 anos, capacidade
de responder às perguntas e estar regularmente matriculados em um dos cursos da UFJF-GV. Os
critérios de exclusão foram história de desordens neurológica, mental ou do sono, presença de
doenças sistêmicas que pudessem confundir os resultados (discinesias oromandibular ea
orofacial), traumas de face e uso contínuo de medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios,
antidepressivos, anticonvulsivantes).
A coleta de dados dos alunos foi realizada imediatamente após o período de recesso de final
de ano, com duração total de sete dias de coleta. A aplicação dos questionários foi realizada em
diferentes locais de funcionamento da UFJF/GV, durante os horários das atividades acadêmicas.
Antecedendo a aplicação dos questionários, cada voluntário recebeu uma carta de informação aos
voluntários da pesquisa, que continha a finalidade da pesquisa e dos dados recolhidos e sua
utilização.
Para obtenção do diagnóstico de ansiedade, estresse e bruxismo, foram utilizados o
autorrelato de bruxismo, o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e o Inventário de
Sintomas de Estresse de LIPP (ISSL).
O autorrelato de bruxismo foi investigado com o Índice Anamnésico de Fonseca *, um
instrumento destinado a avaliar a prevalência e a gravidade dos distúrbios
temporomandibulares. No item 8, questionava: “Já observou se tem o hábito de apertar e/ou
ranger os dentes durante o dia ou a noite?”, de modo que o aluno poderia assinalar uma das três
seguintes respostas: “sim”, “não” ou “às vezes”. Os alunos que responderam “sim” e “às vezes”
foram considerados bruxistas.
Para avaliação do nível de ansiedade, foi utilizado o IDATE, questionário de autorrelato.
Constituído por duas escalas tipo Likert, a primeira relativa ao estado de ansiedade (ansiedade-
estado, estado emocional momentâneo) e a segunda, ao traço de ansiedade (ansiedade-traço,
considera a personalidade do indivíduo, predisposição a reagir com ansiedade em situações
estressantes). Cada avaliação é constituída de 20 perguntas: a primeira avalia como o voluntário
se sente em um determinado momento no tempo, enquanto a segundo questiona como
geralmente se sente durante a vida. A classificação é feita de acordo com a soma dos pontos das
respostas assinaladas: entre 20 e 29 pontos, não há ansiedade; entre 30 e 37, ansiedade baixa;
entre 38 e 44, ansiedade moderada; entre 45 e 80, ansiedade grave. Para esse estudo, considerou-
se com ou sem ansiedade11.
O LIPP qualifica e quantifica os sintomas de estresse físicos e psíquicos e categoriza-os nas
seguintes fases: alerta, resistência e exaustão. Esse questionário é formado por três quadros que
contêm sintomas físicos e psíquicos de cada fase do estresse, sendo o número de sintomas físicos
maior que o dos psicológicos, variando de fase para fase, contabilizando no total 34 itens de
natureza somática e 19 de natureza psicológica12.
Para esse estudo, utilizou-se apenas o resultado da avaliação de estresse obtida nas últimas
24 horas prévias à aplicação do questionário. O diagnóstico é obtido do somatório dos itens
marcados no questionário, em que cada resposta marcada é contabilizada como um ponto. No

* Fonseca DM. Disfunção craniomandibular (DCM): diagnóstico pela anamnese [Dissertação de Mestrado]. Bauru: Faculdade de Odontologia de

Bauru da USP, 1992.

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final do primeiro quadro do questionário (que mede o nível de estresse das últimas 24 horas), se
o número de respostas marcadas for igual ou superior a 9, o voluntário será classificado como um
indivíduo que apresenta estresse.
Os dados obtidos foram analisados por meio do SPSS17.0. As análises estatísticas descritivas foram
realizadas por meio de cálculos de frequências (absolutas e relativas), bem como por medidas de
tendência central e dispersão (média e desvio padrão). Quanto às análises estatísticas inferenciais, o
teste qui-quadrado ou exato de Fisher foi utilizado para comparar proporções e o teste t de Student
ou ANOVA, um critério para comparar médias, todos com nível de significância de 5%.

RESULTADO

Com base nos dados obtidos, as seguintes variáveis foram incluídas no presente estudo:
a) dados demográficos: sexo, idade; b) bruxismo: consciência autorrelatada (às vezes e sim);
c) ansiedade: tanto para o estado como para o traço, foram categorizados em: não há ansiedade,
ansiedade baixa, moderada e grave; d) estresse: sem estresse, fases alerta, resistência e exaustão.
Do total de 2.115 alunos, 714 (33,75%) universitários, pertencentes a um dos dez cursos de
graduação da UFJF-GV, participaram desse estudo. Alunos que não informaram alguma variável
da pesquisa não foram contabilizados nas análises estatísticas. A idade média dos participantes
foi de 21,5 anos (± 4,53) e apenas 8% participantes não responderam sobre a idade. Quanto a
gênero, etnia e estado civil, o maior número de voluntários foi de mulheres e autodeclarados
brancos e solteiros, respectivamente.
A maioria dos voluntários autorrelatou que não apresenta o hábito de apertar nem/ou ranger
os dentes durante o dia nem durante a noite (Tabela 1).

Tabela 1. Prevalência de bruxismo entre universitários da UFJF/GV


Bruxismo n %
Ausente 379 53.08
Presente 335 46.92
Total 714 100.00

A proporção de alunos sem estresse foi maior, não havendo autorrelatos de estresse na fase
de exaustão. Em contrapartida, o nível de ansiedade no momento da aplicação do questionário
(ansiedade-estado) foi elevado, de modo que ansiedade grave tanto para estado quanto para traço
representou maior porcentagem, 56,30% e 55,04%, respectivamente (Tabela 2).

Tabela 2. Prevalência de estresse e ansiedade (estado e traço) entre universitários da UFJF/GV


Variável Categorias n %
Sem estresse 665 93.14
Estresse Fase alerta 21 2.94
Fase resistência 28 3.92
não há ansiedade 24 3.36
Ansiedade baixa 112 15.69
Ansiedade - estado
Ansiedade moderada 176 24.65
Ansiedade grave 402 56.30
Não há ansiedade 45 6.30
Ansiedade baixa 117 16.39
Ansiedade - traço Ansiedade moderada 155 21.71
Ansiedade grave 393 55.04
Não informada 4 0.56

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Os resultados obtidos na associação de bruxismo e aspectos demográficos evidenciaram que


as proporções foram estatisticamente significantes entre os gêneros, de modo que a proporção
do gênero feminino apresentou discreta prevalência de bruxismo, com 50,83% (Tabela 3).

Tabela 3. Associação entre presença de bruxismo e aspectos demográficos, caracterização do curso e


período dos universitários da UFJF/GV
Bruxismo
Gênero Ausência Presença Total p-valor
n % n %
Feminino 237 49.17 245 50.83 482 0.00*
Masculino 142 61.21 90 38.79 232
Idade 0.43
Média (dp1) 21.4 (4.9) 21.6 (4.1) 21.5 (4.5)
Curso n % n % Total
Administração 30 48.39 32 51.61 62 0.01***
Ciências Contábeis 20 57.14 15 42.86 35
Ciências Econômicas 26 70.27 11 29.73 37
Direito 77 49.68 78 50.32 155
Educação Física 18 69.23 8 30.77 26
Farmácia 35 58.33 25 41.67 60
Fisioterapia 25 43.86 32 56.14 57
Medicina 62 59.05 43 40.95 105
Nutrição 21 72.41 8 27.59 29
Odontologia 65 44.52 81 55.48 146
Não informado 0 0.00 2 100.00 2
Período
1 108 65.06 58 34.94 166 0.00***
2 67 57.76 49 42.24 116
3 32 44.44 40 55.56 72
4 46 58.97 32 41.03 78
5 8 28.57 20 71.43 28
6 31 39.74 47 60.26 78
7 30 50.00 30 50.00 60
8 20 54.05 17 45.95 37
9 17 39.53 26 60.47 43
Não informado 20 55.56 16 44.44 36
Total geral 379 53.08 335 46.92 714
1 dp: desvio padrão; * p: valor calculado pelo teste qui-quadrado; ** p: valor calculado pelo teste t de Student; *** p: valor

calculado pelo teste exato de Fisher.

Quanto à caracterização do curso, os resultados evidenciaram que as proporções foram


estatisticamente significantes. Entre os dez cursos existentes na instituição, os que apresentaram
mais proporção de bruxismo foram Fisioterapia (56,14%), Odontologia (55,48%), Administração
(51,61%) e Direito (50,32%). Em contrapartida, os que obtiveram maior índice de ausência de
bruxismo foram Nutrição (72,41%), Ciências Econômicas (70,27%), Educação Física (69,23%) e
Medicina (59,05%), respectivamente (Tabela 3).
Quanto ao bruxismo relacionado ao período dos universitários, os resultados evidenciaram
que as proporções foram estatisticamente significantes, havendo mais prevalência de bruxismo
nos voluntários que cursavam o 5o (71,43%), o 9o (60,47%) e o 6o período (60,26%),
respectivamente (Tabela 3). Quanto à idade dos pacientes, não houve significância estatística.
Na associação de bruxismo com estresse, a maioria dos voluntários que relataram não serem
bruxistas também não apresentou estresse. Mesmo aqueles que relataram ter bruxismo não
apresentaram estresse. Entre os acadêmicos que relataram ausência de bruxismo, 83,33% não

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estavam ansiosos no momento da aplicação do teste de ansiedade–estado, em contrapartida entre


aqueles que relataram ter bruxismo, 52,24% apresentaram ansiedade grave no momento da
aplicação do questionário (Tabela 4).

Tabela 4. Associação de presença de bruxismo com estresse e ansiedade nos universitários da UFJF/GV
Bruxismo
Ausência Presença Total p-valor*
n % n %
Estresse
Sem estresse 362 54.44 303 45.56 665 0.01
Fase alerta 5 23.81 16 76.19 21
Fase resistência 12 42.86 16 57.14 28
Ansiedade - Estado
Não há ansiedade 20 83.33 4 16.67 24 0.00
Baixa 68 60.71 44 39.29 112
Moderada 99 56.25 77 43.75 176
Grave 192 47.76 210 52.24 402
Ansiedade - Traço
Não há ansiedade 31 68.89 14 31.11 45 < 0.0001
Baixa 75 64.10 42 35.90 117
Moderada 95 61.29 60 38.71 155
Grave 175 44.53 218 55.47 393
Não informada 3 75.00 1 25.00 4
* Teste qui-quadrado com nível de significância de 5%.

Os resultados da associação do bruxismo com a ansiedade–traço mostram que, entre


acadêmicos sem bruxismo, 68,89% não apresentaram ansiedade em seu traço de personalidade.
Em compensação, 55,47% dos pacientes que relataram bruxismo tinham traço de ansiedade
grave em sua personalidade (Tabela 4).

DISCUSSÃO

O presente estudo mostrou que quase metade dos estudantes universitários autorrelatou ter
bruxismo. A palavra bruxismo foi empregada de forma genérica, associando BS e BV. Baseado no
novo sistema de classificação diagnóstica elaborado por Lobbezoo et al.2, de acordo com as
ferramentas empregadas, o bruxismo pode ser categorizado em possível, provável e definitivo:
autorrelato (questionários, história oral) para o diagnóstico de possível bruxismo; exame clínico
para provável bruxismo; técnicas instrumentais (eletromiografia, polissonografia e estratégias de
avaliação em tempo real baseada na abordagem de avaliação ecológica momentânea) para
bruxismo definitivo. Dessa forma, de acordo com a abordagem adotada pelo estudo, 46,92% dos
estudantes foram diagnosticados com possível bruxismo, com sutil prevalência no sexo feminino
(50,83%).
Alguns estudos, com diferentes metodologias aplicadas, avaliaram a prevalência do bruxismo
com ampla discrepância dos valores obtidos. Em uma revisão sistemática, Manfredini et al.3
apontaram que a prevalência do bruxismo (sem distinção entre BV e BV) entre os estudos
selecionados variou de 8% a 31,4% e sem relação com sexo. Cavallo et al.13 investigaram a
prevalência de possíveis BS e BV e constataram prevalência de BV de 37,9% e de BS de 31,8%,
ambos sem diferença significativa de gênero. Soares et al.14 avaliaram a prevalência de provável

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bruxismo em estudantes da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri no Brasil e


os resultados mostraram que 31,6% dos alunos apresentaram bruxismo. No estudo de
Huhtela et al.15, 7,2% das mulheres e 3,2% dos homens relataram BS e BV.
Estudos apontaram algumas alterações psicossociais presentes nos universitários10,13,16. O
termo estresse pode ser aplicado para indicar estímulos ou eventos estressantes que geram
resposta (ou seja, a entrada anteriormente mencionada)7. Estudantes universitários podem
sofrer uma quantidade indevida de estresse, oriundo de trabalho acadêmico, situações pessoais
e circunstâncias econômicas13, além da possibilidade de exercer atividades fora do relógio
biológico interno. O acúmulo de tarefas e responsabilidades pode gerar estresse e afetar a saúde
das pessoas em qualquer idade10. Consequências negativas podem refletir em resultados
acadêmicos e pessoais, emocionais ou de saúde16. Entretanto, nesse estudo, a prevalência de
estresse entre universitários foi baixa (6,84%), possivelmente justificada pelo momento de coleta
dos dados ter sido realizada imediatamente após o recesso escolar.
Para a associação entre bruxismo e estresse emocional, a maioria dos voluntários que
autorrelataram ter bruxismo não mencionou estresse. Entretanto, entre aqueles que relataram
estresse, a maioria apresentou autorrelato de bruxismo. Estudos anteriores não encontraram
associação entre bruxismo definitivo, em especial BS, e autorrelato de estresse17,18.
Karakoulaki et al.19 utilizaram biomarcadores na saliva (cortisol e amilase) para avaliar a relação
entre BS definitivo e estresse percebido entre 45 voluntários (30 bruxistas confirmados por
registros eletromiográficos – Bitestrip – e 15 não bruxistas) e perceberam que BS estava
relacionado a altos níveis de estresse psicológico percebido e cortisol salivar.
Cavallo et al.13 investigaram a prevalência de possíveis BS e BV e sua correlação com estresse
percebido em um grupo de 278 estudantes de graduação italianos. Uma correlação positiva, com
significativas concordância e dependência, entre o escore de estresse e BV esteva presente
somente para estudantes do sexo masculino. Os autores afirmaram que os estudantes
universitários mostraram altos níveis de BV e estresse e que há correlação entre BV e estresse e
diferença de gênero para a presença de estresse. Também afirmaram que a correlação entre
estresse e BV é relacionada a gênero, estando presente apenas em estudantes universitários do
sexo masculino. Essas divergências de resultados podem ser explicadas pelas diferentes
metodologias aplicadas ao diagnóstico do bruxismo e do estresse, além da não distinção do ciclo
circadiano do bruxismo.
Soares et al.14 também avaliaram fatores associados ao bruxismo em 253 estudantes
(106 homens; 147 mulheres) que foram examinados clinicamente e responderam a um
questionário. O modelo de regressão logística ajustado mostrou que alunos com estresse eram
3,1 vezes mais propensos a ter bruxismo. O presente estudo diferiu de estudos prévios20,21 que
constataram associações entre autorrelato de estresse e bruxismo entre não pacientes. Por outro
lado, um trabalho que investigou a quantidade de estresse autorreferido em relação ao bruxismo
gravado, eletromiograficamente, durante a noite anterior ao relatório de estresse (estresse
antecipado) e na noite seguinte ao relatório (estresse atual), não encontrou associação entre
estresse e bruxismo17.
Diferindo do estresse, o nível de ansiedade, tanto estado quanto traço, foi elevado, com atenção
especial para o nível grave de ambas as condições, acometendo mais da metade dos voluntários
no momento da aplicação do questionário e em sua personalidade. Níveis elevados de ansiedade
e estresse foram significativamente mais prováveis entre bruxistas autorreferidos frequentes do
que entre aqueles que relataram não ter bruxismo leve8.
Montero e Gómez-Polo22 investigaram a associação entre autorrelatos de fatores psicológicos
(nível de ansiedade) e perfis de personalidade (neuroticismo, extroversão, abertura,
conveniência e conscientização) com possível bruxismo. Os autores observaram que voluntários
que se autodeclararam bruxistas, independentemente de serem do sono ou da vigília,
compartilharam um perfil de personalidade comparável e concluíram que o autorrelato de

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Estudo transversal do autorrelato de bruxismo...

bruxismo esteve significativamente associado a vários traços de personalidade (principalmente


neuroticismo e extroversão) e ao nível de ansiedade.
Manfredini et al.23 sugerem que atividade muscular mastigatória por tempo de sono pode
estar mais relacionada à ansiedade-traço do que ao estado de ansiedade ou a outros sintomas
psicológicos. Reações ansiosas, especialmente transitórias a eventos estressantes, podem estar
relacionadas a autorrelato de bruxismo8.
Manfredini et al.9 elaboraram uma pesquisa para determinar se existe uma correlação entre
características psicológicas e BS. Um total de 36 voluntários saudáveis foi submetido a uma
avaliação caseira com um dispositivo portátil combinando gravações eletromiográficas (EMG) e
eletrocardiográficas (ECG) para o diagnóstico de BS e aplicação de questionários para avaliar
níveis de ansiedade-estado e traço e características e estratégias de enfrentamento. Indivíduos
com altos índices psicológicos mostraram ligeira tendência a ter mais episódios de SB, mas as
diferenças em relação a indivíduos com níveis baixos e médios de escores psicológicos não foram
significativas. Foram encontradas correlações significativas para os escores de ansiedade-estado
(Phi = 0,456; P = 0,006), pontuação de ansiedade-traço (Phi = 0,369; P = 0,027) e estratégia de
enfrentamento de suporte social (Phi = 0,387; P = 0,020).
Quanto à distribuição do autorrelato de bruxismo entre universitários dos diferentes cursos
de graduação da instituição, não foram encontradas justificativas que fundamentassem o
ocorrido, como carga horária do curso ou estágios extracurriculares. Quanto ao período cursado,
as proporções foram maiores nos períodos intermediários e no final. A primeira condição pode
ser justificada pela transição entre os ciclos básicos e profissionalizantes, ao passo que a última
pode ser decorrente das incertezas das carreiras profissionais pela proximidade da formatura.
Sabe-se que o acúmulo de tarefas e responsabilidades cria perturbações psicossociais e pode
afetar, adversamente, a saúde16,24. Segundo Saddki et al.24, alunos de graduação em saúde
enfrentam cargas de trabalho acadêmicas exigentes e devem se concentrar nas tarefas diárias.
Assim, são comumente expostos a muitas pressões acadêmicas, que influenciam seu
comportamento emocional, devido a reações de adaptação ao estresse14. Entretanto, nesse
estudo, segundo a metodologia utilizada, não foram encontradas diferenças entre os alunos das
áreas de saúde e humanas.
Uma dificuldade encontrada foi, em razão da diversidade de metodologias empregadas,
comparar as taxas de prevalência de nossos resultados com estudos anteriores. Assim, essas
comparações devem ser consideradas com cautela. Este estudo apresenta algumas limitações,
como o emprego de questionário para os diagnósticos, que são práticos para estudos em larga
escala, mas, em razão de sua natureza subjetiva, podem gerar resultados supra ou subestimados,
além de não distinguir o bruxismo de acordo com o ciclo circadiano, considerando-o entidade
única. A única hipótese confirmada desse estudo foi o autorrelato de bruxismo significantemente
correlacionado com o estresse e a ansiedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado nos dados obtidos no presente estudo, a maioria dos universitários autorrelatou não
ser bruxista, não apresentar estresse e possuir níveis elevados de ansiedade (traço e estado). Na
associação de possível bruxismo com os perfis psicossociais avaliados, a maioria dos voluntários
não apresentou estresse, independentemente de terem autorrelatado ou não serem bruxistas.
Quanto à ansiedade, entre acadêmicos que relataram ter bruxismo, a maioria apresentou
ansiedade (estado e traço) grave no momento da aplicação do questionário.

Rev Odontol UNESP. 2021;50:e20210003. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-2577.00321 8/10


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CONFLITOS DE INTERESSE

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

*AUTOR PARA CORRESPONDÊNCIA

Ana Paula Varela Brown Martins, Universidade Federal de Juiz de Fora, Departamento de
Odontologia, Campus Governador Valadares, Avenida Dr. Raimundo Monteiro Rezende, 330,
Centro, 35010-177 Governador Valadares - MG, Brasil, Tel: +55(33) 3301-1000 (1580);
anapaula.martins@ufjf.edu.br

Recebido: Janeiro 18, 2021


Aprovado: Março 2, 2021

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