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MOLINA, O.F.; GAIO, D.C.; CURY, M.D.N.; CURY, S.E.; GIMENEZ, S.R.M.; SALOMÃO, E.C.; PINESCI, E. Uma análise crítica
dos sistemas de classificação sobre o bruxismo: implicações com o diagnóstico, severidade e tratamento dos sinais e
sintomas de DTM associados com o hábito. JBA, Curitiba, v.2, n.5, p.61-39, jan./mar. 2002.
UNITERMOS: DCM; Bruxismo; Fatores psicológicos; Ansiedade; Hostilidade; Classificação; Tratamento; Tipos de
bruxismo.
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- Jornal Brasileiro de Oclusão, ATM e Dor Orofacial - Ano 2 - v.2 - n.5 - jan./mar. 2002
Uma Análise Crítica dos Sistemas de Classificação Sobre o Bruxismo: Implicações com o Diagnóstico, Severidade e Tratamento
dos Sinais e Sintomas de DTM Associados com o Hábito
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dos Sinais e Sintomas de DTM Associados com o Hábito
do, principalmente para mostrar ao leitor a importância idéias sobre etiologia e tratamento dos distúrbios cranio-
de um sistema de classificação. Um dos objetivos deste mandibulares. RAMFJORD (1961) e outros seguidores
estudo é alertar o clínico sobre a presença de bruxismo exerceram poderosa influência na filosofia oclusal e de
severo e as implicações importantes com o diagnóstico tratamento dos distúrbios craniomandibulares nos anos
e tratamento dos distúrbios temporomandibulares. Este sessenta, setenta e oitenta.
material foi utilizado para a geração dos resultados e Outro sistema de classificação que pode ser consi-
discussão do presente trabalho. derado muito similar ao anterior, com a exceção de que
não faz referência às posições e movimentos mandibu-
lares, é aquele de REDING et al. (1968). Estes autores
RESULTADOS E DISCUSSÃO estudaram a personalidade de pacientes com bruxismo,
Apesar de MARIE & PIETKIEWICZ (1907) introdu- classificaram o hábito como sendo diurno ou noturno,
zirem este assunto interessante na literatura francesa em e mencionaram o grau de consciência do indivíduo em
1901, o primeiro sistema de classificação sobre o bruxis- relação ao hábito. Desta maneira, os autores sugerem
mo foi o de MILLER, introduzido em 1936. Este autor que “alguns indivíduos com bruxismo diurno” podem
classificou o bruxismo como “bruxomania” para sugerir estar conscientes de que apertam os dentes, enquanto
o hábito de ranger e apertar os dentes durante o dia, e que é pouco provável que os indivíduos com bruxis-
o termo “bruxismo” com o significado de “um hábito de mo noturno tenham consciência do mesmo. Além do
ranger e apertar os dentes que ocorre exclusivamente mais, os autores mencionaram que os ruídos oclusais
durante a noite”. Interessante mencionar que MARIE & não ocorrem nos pacientes com bruxismo diurno, mas
PIETKIEWICZ (1907) utilizaram o termo “bruxomanie” podem ser escutados nos pacientes com bruxismo no-
para indicar a presença de bruxismo de forma geral, turno. A importância desta classificação consiste no fato
enquanto MILLER (1936) utilizou o termo para indicar de que faz alusão ao grau de consciência, presença de
bruxismo diurno. ruídos de rangimento, e relaciona o bruxismo com a
De qualquer forma, o termo bruxomania aparece mais personalidade. Obviamente, o fato de que alguns indi-
tarde numa pesquisa publicada por RAMFJORD (1961) víduos estão conscientes do bruxismo diurno e outros
na revisão da literatura sobre o assunto. A importância do não tem implicações com o tratamento. Além do mais,
estudo de MILLER (1936) é o reconhecimento dos dois sugerem que as prevalências observadas em pacientes
tipos de bruxismo. É interessante mencionar a preocu- portadores de bruxismo diurno não são muito precisas.
pação dos autores com algum componente psicológico Estes conceitos indicam que alguma forma de terapia
relacionado com o bruxismo, o que torna-se evidente comportamental pode ser utilizada tanto nos pacientes
ao usar o termo mania. Isto sugere que algum elemento com bruxismo diurno como noturno. Muitos clínicos e
psicológico associado com o hábito foi reconhecido desde pesquisadores têm incorporado “o aumento no grau de
os primeiros anos do século passado. conscientização sobre o bruxismo diurno e noturno, seja
O segundo sistema interessante de classificação foi através de exercícios comportamentais, seja utilizando
aquele publicado por RAMFJORD em 1961. Este autor terapias de retroalimentação eletromiográfica“ como
classificou o bruxismo como sendo dos tipos cêntrico ou parte do arsenal no tratamento do hábito e dos sinais e
excêntrico. O termo cêntrico foi utilizado para indicar um sintomas clínicos.
tipo de bruxismo que ocorre principalmente na posição Um sistema interessante de classificação foi intro-
de máxima intercuspidação habitual, relação cêntrica duzido na literatura dental por OLKINUORA, em 1972.
ou entre estas duas posições. Por outro lado, o termo Este autor utilizou uma bateria sofisticada de testes psi-
excêntrico foi utilizado para indicar um tipo de bruxismo cológicos e classificou os pacientes como portadores de
que ocorre nas posições mandibulares excêntricas: lateral- “bruxismo com tensão” e “bruxismo sem tensão”. Segue
protrusiva ou somente protrusiva. uma lista das características diferenciais entre estes dois
RAMFJORD (1961) ainda acrescentou que o bru- comportamentos:
xismo cêntrico ocorre principalmente durante o dia e o
excêntrico durante a noite. A importância desta classifi- Bruxismo com tensão
cação é que enfatiza a relação do hábito com as posições • Pacientes admitem uma relação entre bruxismo
e os movimentos mandibulares. O autor ainda sugeriu a e dificuldades emocionais;
importância do bruxismo relacionado com a estabilidade • Pacientes psicologicamente mais agressivos;
nas posições cêntricas e excêntricas e a relação com as • Têm mais problemas emocionais;
interferências oclusais. Seus conceitos sobre bruxismo, • Relatam mais sintomas musculares;
oclusão, desgaste seletivo associado com bruxismo e • Forte tendência para apresentar distúrbios psi-
estabilidade oclusal influenciaram profundamente as cossomáticos;
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• Menos inibidos que o grupo controle para expressar dores de bruxismo noturno mais pesado” e “portadores
reações de raiva e agressão. de bruxismo noturno menos pesado”. Os pesquisadores
observaram que o nível de atividade eletromiográfica e o
Bruxismo sem tensão nível de catecolaminas na urina eram significativamente
• Pacientes não admitem esta relação; mais altos nos pacientes com bruxismo pesado. A impor-
• Menos agressivos; tância deste estudo é resumida a seguir:
• Tem menos problemas emocionais; 1. Utilizando critérios eletromiográficos e psicofisio-
• Relatam menos sinais e sintomas musculares; lógicos, os resultados do estudo sugerem que, no mínimo,
• Menos tendência para este distúrbios; dois tipos de bruxismo podem ser observados: bruxismo
• Mais inibidos; mais severo e bruxismo menos severo.
• Mais inibidos para exteriorizar reações de raiva. 2. O estudo correlaciona bem a presença de cateco-
laminas com um “gradiente” de bruxismo, o que provê
A importância desta classificação pode ser resumida suporte para a idéia de que o bruxismo é principalmente
da seguinte maneira: “um distúrbio psicofisiológico”. A concentração destas
1. Reconhece a importância de fatores psicológicos substâncias pode ser correlacionada com a intensidade
e provê uma idéia do grau ou intensidade dos sinais e e/ou freqüência do bruxismo.
sintomas psicológicos que podem estar relacionados com
os sinais e sintomas clínicos de DCM. Conseqüentemen- Esta e outras classificações mencionadas anterior-
te, fornece informações importantes sobre como estes mente provêm uma base substancial para a idéia de
pacientes deverão ser tratados ao nível clínico. que alguns pacientes portadores de bruxismo noturno
2. Reconhece a importância da agressão: estudos não devem utilizar o mesmo tipo de placa recomenda-
recentes (MOLINA & SANTOS, 2001-2002) sugerem da para os pacientes portadores de bruxismo diurno.
uma conexão entre a severidade do bruxismo, nível de Além do mais, uma vez que os pacientes com bruxismo
hostilidade entre subgrupos, e nível de hostilidade entre noturno pesado são identificados, o uso de drogas para
pacientes com bruxismo e indivíduos de uma população diminuir a atividade neuromuscular e induzir o sono deve
normal. ser considerado. Interessante acrescentar que, em uma
3. Observa a presença de fatores psicossomáticos: os classificação anterior, o bruxismo foi relacionado com
resultados do estudo de Olkinuora são confirmados ou raiva e agressividade. Conseqüentemente, a pesquisa
reforçados por uma pesquisa recente (MOLINA, 2002), na de CLARK et al. (1980) provê suporte científico para o
qual os pesquisadores observaram que aqueles pacientes trabalho de OLKINUORA (1972), porque, de forma geral,
portadores de bruxismo mais severo apresentaram mais as catecolaminas são consideradas como mediadores de
sinais e sintomas de depressão, somatização, distúrbios um grande número de funções fisiológicas, patológicas e
psicossomáticos e dor em locais múltiplos. emocionais. Por exemplo, um aumento na concentração
4. A presença de fatores psicológicos, sejam traços de algumas catecolaminas pode ser correlacionado tanto
de personalidade tipo A, somatização, distúrbios psicos- com o aumento da pressão arterial como com a hostili-
somáticos e depressão, certamente sugere que técnicas dade e raiva. Tanto a pesquisa de CLARK et al. (1980)
psicológicas são necessárias como elementos coadju- como o trabalho de OLKINUORA (1972) têm suporte
vantes no tratamento de pacientes com DCM e formas em uma pesquisa recente, que classificou os pacientes
mais severas de bruxismo. De forma geral, quanto mais portadores de bruxismo e DCM em três tipos: bruxismo
severo o bruxismo e maiores as implicações psicológi- leve, moderado e severo.
cas, mais formas de tratamento, mais envolvimento de CLARK et al. (1981) avaliaram um grupo de 60 pa-
abordagens cognitivas e não cognitivas e maior o tempo cientes portadores de DTM e SDDMF, que foi comparado
de tratamento recomendáveis. com outro grupo da população normal. Os autores utili-
zaram registros eletromiográficos durante o sono. Apesar
Um estudo mais recente foi elaborado por CLARK de estes autores não pretenderem classificar os pacientes
et al. em 1980. Estes autores utilizaram material eletro- como portadores de diversos graus de bruxismo, classi-
miográfico sofisticado no estudo de pacientes portadores ficaram os pacientes como portadores de diversos graus
de bruxismo noturno e Dor e Disfunção Miofascial. Os de DTM. Tal classificação é mencionada neste trabalho
pacientes foram comparados com indivíduos da po- pelas implicações diretas com o grau ou severidade do
pulação normal. O nível de catecolaminas que estava bruxismo. Por exemplo, subgrupos de pacientes podem
presente na urina foi também avaliado. Apesar de a ser observados:
amostra examinada ser muito pequena para generalizar • Pacientes com sinais e sintomas de DCM leves;
as conclusões, os autores dividiram o grupo em “porta- • Pacientes com sinais e sintomas de DCM leves a
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a reforçar comportamentos negativos associados com Por exemplo, pode ajudar a determinar a severidade
o bruxismo, através do reforço de situações operantes dos distúrbios temporomandibulares, tem correlação
(reforço operante negativo). Este conceito de tratamento com a somatização, depressão, dor e personalidade tipo
diferencial também tem aplicações clínicas diretas em A. Estudos mais recentes (MOLINA & SANTOS, 2001-
faculdades de Odontologia e outros centros de tratamen- 2002; MOLINA et al., 2001), realizados com o uso desta
to, para onde geralmente são encaminhados os casos classificação, provêem suporte substancial, indicando a
mais complicados. Certas abordagens terapêuticas em validade e utilidade clínica. Tal sistema de classificação
pacientes com alterações emocionais, comportamentais foi desenvolvido da seguinte maneira:
e psicofisiológicas evidentes (depressão, somatização, 1. Avaliação de todos os sinais e sintomas relaciona-
dependência) podem não curar a dor, e até aumentar dos com o bruxismo citados na literatura;
as necessidades e dependência de centros de saúde. O 2. Seleção daqueles sinais e sintomas mencionados
reconhecimento de fatores psicossociais e necessidades com maior freqüência;
no uso de formas multidisciplinares de tratamento por 3. Discussão dos mesmos com especialistas de reno-
períodos mais prolongados de tempo é uma necessidade me nos Estados Unidos;
óbvia nestes pacientes. O clínico e o especialista devem 4. Segunda seleção dos sinais e sintomas mais re-
dedicar tempo e energia na identificação de subgrupos levantes;
de pacientes portadores de bruxismo, DCM e distúrbios 5. Obtenção de 15 sinais e sintomas;
psicossociais. 6. Aplicação de um questionário e uso de exame
clínico numa amostra considerável de pacientes exami-
DAO et al. (1994) não desenvolveram um sistema de nados (aproximadamente 200);
classificação propriamente dito, mas ao estudar um grupo 7. Classificação dos pacientes como portadores de
de pacientes portadores de SDDMF e DTM reconheceram bruxismo leve, moderado e severo, de acordo com uma
a presença de dois grupos de pacientes: aqueles que escala que considera o número de sinais e sintomas
apresentavam bruxismo mas não tinham dor, e aqueles (questionário e exame clínico) e a intensidade e freqü-
que apresentavam bruxismo e dor. A presença de dor, ência de cada resposta positiva na avaliação;
sem dúvida, está relacionada com fatores como cronici- 8. Uma vez que o trabalho foi realizado e publicado
dade, ansiedade, depressão, elementos que provocam (MOLINA et al., 1999), os autores utilizaram o mesmo
estresse no dia-a-dia, conflitos sem solução, capacidade protocolo na pesquisa de outros distúrbios psicológicos
de resistência dos tecidos, estabilidade oclusal, sexo, e craniomandibulares, para determinar a utilidade, vali-
idade e fatores cognitivos. dade e “spectrum” de aplicabilidade desta classificação.
KAMPE et al. (1997) estudaram um grupo de pacien- Por exemplo, pacientes portadores de dores de cabeça,
tes portadores de bruxismo crônico, e observaram que um depressão, somatização, dor em locais simples e múlti-
grupo deles apresentava bruxismo com maior freqüência plos, fatores da personalidade tipo A e outros elementos,
do que o outro, e classificaram os pacientes como “porta- estão sendo constantemente avaliados. Entretanto, é bom
dores de bruxismo freqüente” e “portadores de bruxismo afirmar que os trabalhos subseqüentes, já publicados em
menos freqüente”. Apesar de estes autores não terem áreas adjacentes, foram suficientes para indicar o valor
utilizado outro grupo controle e de a amostra ter sido e a importância clínica (MEHTA et al., 2000; MOLINA
pequena, estas observações reforçam a idéia plenamente et al., 2001).
aceita hoje em dia de que diversos grupos de pacientes com
bruxismo podem ser observados na população. Utilizando este sistema de classificação, as pesquisas
Além do mais, há evidência suficiente indicando que recentes demonstraram que pacientes com bruxismo pe-
sinais e sintomas de DCM também existem em diversos sado apresentam mais sinais e sintomas de DTM, dores
gradientes, o que indica o uso de formas de tratamento de cabeça, dores cervicais, mais somatização, distúrbios
diferenciais. internos articulares, menor grau de abertura bucal e maior
A classificação mais recente sobre bruxismo foi freqüência de sinais e sintomas de DDMF e fatores psi-
desenvolvida por MOLINA et al. (1999), pesquisadores cológicos. Estes achados serão discutidos posteriormente
da Universidade do Texas em San Antonio, USA. Apa- em outros trabalhos similares. Apesar de o problema do
rentemente simples, estudos posteriores mostraram que bruxismo poder ser discutido desde diversos ângulos, é
a classificação é extremamente versátil, útil, e pode ser importante afirmar, neste momento, que, basicamente,
aplicada facilmente nos pacientes portadores ou não por- o bruxismo é um problema de hiperatividade muscular,
tadores de DCM. O mais importante nesta classificação é o que não necessariamente indica que a hiperatividade
que mostra correlações interessantes com outros distúr- muscular é a causa do bruxismo.
bios comportamentais, psicofisiológicos e psicológicos. É uma tendência geral na literatura científica dedicar
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volumes de trabalhos para discutir, de forma acirrada, trata os problemas de bruxismo e DCM deve estabelecer
alguns fatores ou mecanismos intermediários, que não algumas diretrizes no tratamento:
constituem a causa real. Seria mais adequado afirmar que 1. Classificar os pacientes em subgrupos portadores
uma disfunção do sistema nervoso autonômico (fator mais de DCM e bruxismo;
geral) provoca o bruxismo através de seus efeitos sobre a 2. Eliminar a dor;
atividade ou hiperatividade muscular (fator intermediário) 3. Melhorar a função do aparelho mastigador (me-
do que afirmar que o estresse, a hiperatividade muscular lhorar a qualidade dos movimentos mandibulares);
e interferências oclusais (fatores finais ou intermediários) 4. Diminuir a ansiedade e o estresse do dia-a-dia;
provocam o bruxismo. Seria mais adequado ver o bru- 5. Usar formas diversas de tratamento (multidis-
xismo como um distúrbio mais geral, que apresenta com- ciplinar);
ponentes somáticos, psicofisiológicos, comportamentais e 6. Utilizar formas cognitivas e comportamentais, visto
nociceptivos. As pesquisas mais recentes sobre o bruxismo, que estudos bem recentes, que não serão discutidos nes-
a depressão, a somatização e dores em locais múltiplos te contexto, têm demonstrado a importância do que os
sugere que estamos tratando de um problema que pode pacientes acreditam em relação à dor, ao bruxismo e à
ser inserido em um distúrbio geral e mais complexo. disfunção (personal belief system, catastrophizing).
Teorias interessantes têm enfatizado a importância de
traços básicos da personalidade, elementos estressantes
da vida cotidiana e, principalmente, eventos específicos, CONCLUSÃO
nos quais a intensidade, freqüência e duração são sufi- Este estudo revisou a literatura sobre bruxismo, ana-
cientes para provocar dor, disfunção, bruxismo, alterações lisou alguns sistemas de classificação, discutiu as bases da
comportamentais e abrir o caminho para a depressão. formação de grupos diferentes e sugeriu estratégias para
MOULTON (1955), em um trabalho clássico, descreveu o tratamento. A revisão parece sugerir que o bruxismo é
brilhantemente a importância do conflito e das dificuldades um problema complexo, em que fatores internos e exter-
enfrentadas pelos pacientes para resolver problemas que nos interagem em maior ou menor grau. Independente
poderiam ser conscientes ou inconscientes. Ela escreveu dos tipos de classificação que foram substancialmente
que “nos pacientes com distúrbios temporomandibulares, analisados neste trabalho, a necessidade de levar em
a dor parecia ser o resultado de dificuldades para lidar consideração fatores ou traços da personalidade parece
com problemas do cotidiano e com conflitos que os tor- óbvia. O fato de que diversos grupos existem sugere a
navam ansiosos e tensos”. Isto sugere que o bruxismo utilização de formas diferenciadas de tratamento para
está associado diretamente aos problemas da articulação cada grupo. Estudos futuros deveriam delinear de forma
temporomandibular. O hábito é um problema complexo mais clara quais são as características clínicas e psico-
que flutua em intensidade, duração e freqüência. Neste lógicas de cada grupo, discutir a correlação de cada
sentido, tanto os fatores que provocam bruxismo, sejam grupo com os sinais e sintomas craniomandibulares, de
internos ou externos, como o bruxismo por si, devem ser tal forma a sugerir modos mais racionais de tratamento,
vistos como elementos multifatoriais e complexos. Não que o clínico e especialista possam utilizar no dia-a-dia.
resta dúvida de que algumas variáveis do bruxismo estão Este trabalho não é completo e deveria ser substanciado
relacionadas com a ansiedade. por outros estudos que mostrem a validade e utilidade
Com base nas informações da revisão da literatura, clínica e científica de todos os sistemas de classificação
parece adequado sugerir que o clínico ou especialista que discutidos neste contexto.
MOLINA, O.F.; GAIO, D.C.; CURY, M.D.N.; CURY, S.E.; GIMENEZ, S.R.M.; SALOMÃO, E.C.; PINESCI, E. A critical analysis of classification systems about bruxism
behavior: implications with treatment of DTM signs and symptoms related to bruxism. JBA, Curitiba, v.2, n.5, p.61-39, Jan./Mar. 2002.
This study reviewed the literature on bruxism behavior, studied different classification systems and attempted to relate its importance
with diagnosis and treatment. Those papers which seemed to be more relevant for this study were selected and discussed. The most
relevant classification systems were those based on personality factors (strain and no strain), amount of muscle activity demonstrated
at night (severe and less severe bruxers), presence of pain (bruxers with pain and bruxers without pain), severity of bruxism and
psychologic factors (sleep, depressed and destructive bruxism) and the number of signs and symptoms which can be associated with
bruxism (mild, moderate, severe bruxism). The results of this study suggest that different groups of bruxers do exist, and that a more
severe form of bruxism should be treated differentially using clinical and non-clinical modes of therapy (splint, TENS, behavioral and
cognitive intervention and also pharmacologically oriented therapies). This study is not complete and should be implemented by other
investigations on the topic.
UNITERMS: CMD; Bruxism; Psychologic factors; Anxiety; Hostility; Classification; Treatment; Types of bruxism.
CLARK, G.T.; RUGH, J.D.; HANDELMAN, S.L. Nocturnal masseter muscle activity and urinary catecholamine levels in bruxers. J Dent Res, v.59, p.1571-1576, 1980.
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