De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais DSM-V (APA, 2013), os transtornos do neurodesenvolvimento podem
ser evidenciados antes da idade escolar. Esses transtornos são marcados por déficits no desenvolvimento que alternam entre limitações específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até déficits globais em habilidades sociais ou inteligência, que ocasiona prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. A ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento é frequente, e a manifestação desses inclui sintomas, tanto de excesso quanto de prejuízos e atrasos em alcançar o marco previsto em áreas do funcionamento intelectual.
Com relação à avaliação do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a
complexidade se dá devido à diversidade de manifestações dos sintomas. Em alguns casos, o individuo apresenta um conjunto de restrições na comunicação, inabilidade de estabelecer contato afetivo ou social, de maneirismos motores e estratégias de comunicação não usuais. Existem aqueles que apresentam sintomas que se assemelha ao quadro de esquizofrenia, como também aqueles com comportamentos e padrões similares de comunicação social prejudicada, entretanto mantém sua capacidade cognitiva preservada (SEIMETZ, 2018).
Por conta dessa variabilidade sintomatológica, a avaliação psicológica
nesses casos é desafiadora para o profissional, pois impacta diretamente na interação e na comunicação deste profissional com o individuo, já que há uma rigidez comportamental. Seimetz (2018) afirma que avaliação psicológica objetiva delinear o funcionamento psicológico, salientando as suas forças e fraquezas, com o objetivo de direcionar uma intervenção especifica para cada caso.
De acordo com de Oliveira et.al. (2021), em função desses diversos
perfis apresentados pelo TEA (cognição, sociabilidade, comunicação, adaptabilidade e padrões de comportamento) nos últimos anos o autismo passou a ser nomeado como um “espectro” comportamental. Sendo assim, o Psicodiagnostico é fundamental no processo de identificação do transtorno, pois o mesmo considera aspectos singulares e subjetivos do individuo, bem como para a definição das técnicas e instrumentos adequados à especificidade de cada caso, como as entrevistas familiares, testes psicológicos, hora lúdica e outros.
De Oliveira et.al. (2021) descreve que a observação em contextos
lúdicos é importantíssima no processo de psicodiagnóstico do TEA, pois corrobora com a análise dos resultados de outras técnicas utilizadas; e nesse contexto é possível identificar fatores de risco que sinalizam o diagnóstico do TEA, como prejuízos nas habilidades sociocomunicativas ou de reciprocidade social. Uma avaliação bem estruturada na observação das dificuldades dessa criança, seja nas áreas “prejudicadas”, bem como nas suas potencialidades, facilita a elaboração de intervenções apropriadas, com objetivo de contribuir no desenvolvimento de suas habilidades.
Por ser uma tarefa minuciosa, é necessário realizar um diagnóstico
diferencial a partir dos critérios diagnósticos baseados em exames clínicos, escalas de rastreamento ou observações comportamentais. Mariano et.al.2016, afirma que partindo de uma perspectiva psicológica e dos recursos clínicos disponíveis ao psicólogo, o psicodiagnostico visa avaliar o grau de comprometimento causado pelo TEA e o que é necessário para a adequação de uma proposta de intervenção com crianças autistas.
Com o objetivo de avaliar o do grau de comprometimento das crianças
com autismo, considera-se a importância de tal diagnóstico para a indicação de intervenções para melhoria da qualidade de vida deste individuo, no entanto há uma limitação com relação à quantidade de instrumentos psicológicos, por se tratar na maioria de crianças, o que aumenta a necessidade de uso de instrumentos neuropsicológicos e escalas para complementar a investigação (MARIANO et.al., 2016).
Este mesmo autor enfatiza que, os instrumentos de rastreio auxiliam
nessa identificação precoce de crianças com autismo, e sua prevalência se dá pela maior facilidade de acesso aos pais ou cuidadores da criança, do que com a própria criança. Através dos resultados obtidos, a reabilitação é um processo que deve considerar o grau de comprometimento das funções cognitivas (memória, atenção, linguagem) do autista, e equivale ao inicio da elaboração de programas de intervenções, bem como encaminhamentos a outros profissionais como fonoaudiólogo, psicopedagogo, psicoterapeuta, neuropediatra, psicomotricista e afins.
REFERENCIAS
SEIMETZ, G. D. (2018). AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA CRIANÇA COM
SUSPEITA DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DESAFIOS PARA O AVALIADO.
DE OLIVEIRA, A. H., GROSS, C. B., DOS SANTOS, E. A., DO NASCIMENTO,
E. J., GARCIA, M. S. C., & TASSOTTI, R. D. S. (2021). TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UM ENSAIO SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UMA HIPÓTESE PSICODIAGNÓSTICA. SALÃO DO CONHECIMENTO, 7(7).
MARIANO, M. D., PELLES, P. R. H., & LEMOS, W. (2016). AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS–UNIVERSO BELO HORIZONTE, 1(1).