Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“A Covid-19 deixou claro que existe uma interface sensível entre nós e os vírus,
e essa mediação está nos animais que vivem na natureza. Quando o humano
perturba esse ambiente há uma facilitação desses encontros. E estamos
assistindo a uma invasão crescente dos habitats naturais, aumentando essa
interface - particularmente no Brasil e em outros países megadiversos”, diz o
pesquisador do Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan
Otavio Marques, e doutor em zoologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Saúde Única
Uma das estratégias preconizadas pela OMS para transformar essa maneira
como os humanos se relacionam com a natureza é a de Saúde Única (One
Health, em inglês), que prevê uma conexão entre a saúde das pessoas, dos
animais e do meio ambiente, integrando áreas como segurança alimentar, meio
ambiente e o controle de zoonoses.
https://butantan.gov.br/noticias/mudancas-climaticas-aumentam-o-risco-de-transmissao-
viral-entre-especies
Texto 2
COP 27: hora de alertar sobre pandemias que o aquecimento global
pode gerar
A COP 27 (Conferência do Clima das Nações Unidas) começa neste domingo
(6), no Egito. Apesar de parecer algo trivial para muita gente, torna-se cada vez
mais importante a gente encarar esses eventos como cruciais para a saúde
humana. Primeiro, por reunir representantes de governos e da sociedade civil
de todas as nações ou da grande maioria delas. Com isso, é possível que os
países possam acompanhar os problemas e interagir com diversas nações
para conseguir frear o desastre ambiental que a espécie humana tem
provocado no planeta.
Imaginamos que esses eventos são apenas para buscar formas de diminuir as
emissões de gases de efeito estufa na atmosfera e diminuir o ritmo do
aquecimento global. Com isso, soa como algo distante da sociedade que, em
sua grande maioria, está preocupada com a busca de maneiras para conseguir
alimento e moradia para sobreviver. No entanto, enfrentar esse tema e nos
adaptarmos às mudanças climáticas é uma forma de buscar maneiras de
sobreviver, pois esse planeta é quem nos fornece alimentos e moradias.
Parte das nações tem percorrido um longo caminho para enfrentar os
problemas de aquecimento global. Porém, outras não têm dado a devida
atenção e continuam emitindo gases de efeito estufa descontroladamente.
Dessa forma, podemos afirmar tranquilamente que a luta contra as mudanças
climáticas é longa e árdua, mas necessária. Não custa nada frisar que a
preocupação com o aquecimento global não é apenas com o derretimento das
geleiras, algo que temos visto aumentar consideravelmente nas últimas
décadas, ou pensar que esse fenômeno vai provocar o aumento do nível da
água do mar e, consequentemente, haverá a invasão da água em nossas
praias e casas etc. Isso é muito egoísmo e muito pouco comparado ao prejuízo
que o aquecimento global pode causar. Egoísmo porque muitos de nós nem
sequer conhecem ou vão conhecer uma praia durante toda a vida. Então, essa
questão não é global, mas sim de uns poucos privilegiados. Sem falar que
facilmente nós nos adaptaríamos a perda de praias, se esse fosse o único
problema.
Um exemplo muito fácil de compreender relacionado aos prejuízos do
aquecimento global é com a geração de maiores mutações de microrganismos
que favoreçam adaptações e propagação, consequentemente, elevando a
possibilidade de novas pandemias. Isso faz com que nós pensemos muito além
da emissão de gases. Por exemplo, um país como o Brasil, que faz fronteira
com quase todos os países da América do Sul, torna-se uma nação
extremamente suscetível ao desequilíbrio ecológico de outros países (além dos
internos) que não têm uma estrutura de combate a doenças infectocontagiosas
como o Brasil. Dessa forma, é necessária uma aproximação cada vez maior,
com trabalhos em conjunto, pois assim todos ganham.
Não imaginem que esse pensamento é apenas humanitário (apesar de que
essa deveria ser a primeira necessidade), pois as ações de ajuda mútua e aos
que tem menor poder aquisitivo podem favorecer muitos outros países e vai
muito além, pois quando há uma transmissão descontrolada de doenças
infecciosas de países vizinhos, nós podemos ser os primeiros a sermos
afetados
A consequência é um prejuízo enorme para a saúde pública e para a
economia, algo que temos bem fresco em nossas cabeças, por causa da covid-
19. Além disso, com o aquecimento global cada vez mais acentuado em
nossas vidas, somando ao fato de vivemos em um país tropical que
naturalmente é uma região com maior diversidade biológica (incluindo de vírus
e bactérias), o resultado pode ser ainda mais acentuado, para não falar
devastador.
Ressalto que a disseminação de agentes infecciosos não respeita fronteiras ou
etnia, pois a transmissão pode ser letal a toda sociedade. Aproveito esse
ensejo para justificar que a vacinação precisa ser cada vez mais global, pois
esta é a melhor ferramenta contra doenças infectocontagiosas. Por fim,
precisamos ter o olhar para a questão ambiental e notar que isso está
totalmente conectado com nossa saúde e o bem-estar social. Precisamos
utilizar o que sabemos cientificamente sobre as mudanças climáticas e criar as
ferramentas necessárias para lidar com tudo isso. Mas não adianta termos uma
ciência evoluída se não tivermos a sensibilidade colaborativa para olharmos e
agirmos de forma multissetorial e multiterritorial, para assim nós alcançarmos a
saúde plena e interconectada entre sociedades, com os animais, as plantas, ou
seja, com todo o ambiente que compartilhados nesse planeta.
https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/gustavo-cabral/2022/11/06/cop-27-e-hora-de-alertar-
sobre-pandemias-que-aquecimento-global-pode-gerar.htm