As consequências da degradação ambiental do planeta são muitas e, dentre elas,
tem sido levantada a hipótese de que a grande intensidade desse processo pode, num futuro próximo, levar a uma quebra de equilíbrio do sistema que leve à mais frequente ocorrência de pandemias e, até mesmo, elevando severidade de doenças emergentes.
Os processos de degradação ambiental humano-induzidos têm causado
alterações significativas na baixa e na média atmosfera e uma severa depleção de vários outros sistemas naturais como, por exemplo, a fertilidade dos solos, aquíferos, pesca oceânica e biodiversidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas mudanças têm o
potencial de afectar actividades económicas, infra-estrutura e ecossistemas, bem como de causar riscos à saúde da população humana.
As mudanças ambientais antropogênicas também ameaçam a saúde humana por
causar escassez de água e alimentos, aumentar os riscos de desastres naturais, provocar o deslocamento de pessoas e aumentar o risco de ocorrência de doenças infecciosas (Lindahl & Grace et al., 2015).Por exemplo, sabe-se que as condições climáticas podem influenciar a ocorrência e a intensidade de algumas doenças epidémicas, o que tem levado muitos cientistas a considerar plausível a ocorrência de impactos negativos das MCGs sobre surtos de doenças infecciosas, seja em nível local, regional ou, até mesmo, global.
A degradação ambiental provocada, por sua vez, seria capaz de promover
alterações no equilíbrio que levariam ao surgimento mais acelerado de surtos epidemiológicos que poderiam se tornar, a depender da escala atingida, em eventos pandémicos.
Dentro desse contexto, a OMS (2003a) estima que as mudanças climáticas
globais têm parcela importante de responsabilidade sobre a ocorrência de surtos mundiais de diarreia e malária em países em desenvolvimento. Outra possível forma de transmissão de doenças infecciosas ligada não apenas às mudanças climáticas globais, mas às mudanças ambientais como um todo, é aquela ligada à veiculação hídrica. A OMS (2003b) também aponta que outras doenças infecciosas como esquitossomose, helmintíase, cegueira do rio, febre hemorrágica venezuelana, cólera, dengue, leishimaniose cutânea, oropouche, leishimaniose visceral, doença de lyme e síndrome pulmonar do hantavírus podem estar ligadas a mudanças ambientais como barramentos de corpos d’água e formação de canais, intensificação de sistemas agrícolas, urbanização não planejada, desflorestação e aberturas de novas habitações, reflorestamentos, aquecimento dos oceanos e elevação dos índices de precipitação.
Acções estratégicas em saúde ambiental, para a reeducação de riscos a saúde
Humana.
Estruturar e ampliar as actividades de Saúde Ambiental, com vistas a mitigar
situações de risco e os potenciais efeitos adversos sobre a saúde humana é uma das competências da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Esses instrumentos visam sistematizar as acções voltadas para o atendimento à
população exposta às situações causadas por inundações, contribuindo para o fortalecimento das estratégias do Ministério da Saúde destinadas a mitigar impactos negativos relacionados a saúde em áreas urbanas e rurais, de maneira a potencializar a capacidade de resposta frente a estas situações.
A actuação da Funasa, nessas situações, tem como objectivo apoiar os
municípios, quando demandada pelo Ministério da Saúde, por meio de acções de apoio relacionadas:
Ao controle da qualidade da água para consumo humano;
Às actividades educativas e de mobilização social; e
Às acções destinadas a avaliação e vistoria dos sistemas de
abastecimento de água e/ou soluções alternativas colectivas de para tratamento de água.
Referências bibliográficas
Organização Mundial da Saúde (OMS). Climate Change and human health: na
old story writ large. In: Climate change and human health – risks and responses. Summary. 2003a. Disponível em: https://www.who.int/globalchange/summary/en/. Acesso em 28/05/2020. Organização Mundial da Saúde (OMS). Climate change and infectious diseases. In: Climat change and human health – risks and responses. Summary. 2003b. Disponível em: https://www.who.int/globalchange/summary/en/. Acesso em 28/05/2020.