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Departamento de Direito

CRISE CLIMÁTICA E PANDEMIA

Alunas: Luciana Tse Chaves Garcia Rego e Maria Eduarda Segovia Barbosa Neves
Orientadora: Danielle de Andrade Moreira

Introdução
Por conta da pandemia de COVID-19 (doença por coronavírus 2019), deflagrada no
primeiro semestre de 2020, os esforços de líderes mundiais e das populações foram voltados
para deter o avanço da doença. Concomitantemente, a urgência da crise climática persiste e se
agrava. É necessário reconhecer que as crises de saúde e climática estão intrinsecamente
relacionadas; a ineficiência da comunidade internacional em mitigar as mudanças do clima
favorecem a proliferação de doenças, especialmente as zoonoses, com novas epidemias e
pandemias.
O enfrentamento a problemas sociais, de saúde e econômicos deve se pautar em
abordagem multidisciplinar, sob a perspectiva dos direitos humanos e tendo em vista o
equilíbrio ecológico do planeta para as futuras gerações. De modo a analisar a realidade
pandêmica, é importante entender (i) o histórico das mudanças climáticas antropogênicas, (ii)
a relação entre a eclosão de epidemias e pandemias com a crise climática e, por fim, (iii) a
interseção entre as vulnerabilidades de populações aos impactos climáticos e os flagelos
sociais já existentes.

Objetivos
No presente trabalho procurou-se relacionar a crise climática e o surgimento de
zoonoses, potenciais causadores de epidemias e pandemias. Analisou-se, também, de forma
crítica, os impactos sociais e sanitários das mudanças climáticas, tendo em vista as
vulnerabilidades sociais e populações desigualmente afetadas tanto pela crise climática,
quanto pela pandemia de COVID-19.
A pesquisa pretendeu identificar de que maneira as mudanças climáticas
antropogênicas influenciam o surgimento e a disseminação de doenças que afetam seres
humanos, assim como as dificuldades no enfrentamento dessa realidade sob a ótica da Justiça
Climática.

Metodologia
A presente pesquisa foi realizada no âmbito do grupo de pesquisa Direito, Ambiente e
Justiça no Antropoceno (JUMA), que integra a Coordenação de Direito Ambiental do Núcleo
Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio (NIMA-Jur).
Primeiramente, fez-se uma análise do histórico das mudanças climáticas
antropogênicas, em especial a partir da leitura de textos dos autores Paul Crutzen, Will
Steffen e Paulo Artaxo, que abordam o início de uma nova época geológica, chamada
Antropoceno.
Posteriormente, foi realizado um levantamento bibliográfico de relatórios elaborados
por organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), dentre outros, além de artigos
científicos que interligam a crise climática com a crise sanitária, em especial a pandemia da
COVID-19.
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Por fim, partiu-se para o estudo da Justiça Climática e sua relação com os flagelos
ocasionados pela pandemia. Esse estudo foi feito a partir da leitura de diversos artigos
acadêmicos e científicos sobre as iniquidades e vulnerabilidades tanto no contexto da crise
climática quanto daquelas expostas pelo enfrentamento à pandemia.

Conclusão
As atividades humanas começaram a impactar significantemente o equilíbrio ecológico
do planeta Terra especialmente após a Revolução Industrial. Isso pode ser observado a partir
das mudanças climáticas antropogênicas e das alterações na biodiversidade do planeta. A
pandemia da COVID-19 e a crise climática compartilham semelhanças, especialmente quanto
às suas origens e consequências.
Foram identificados estudos que evidenciam as intrínsecas relações entre mudanças do
clima e ameaças e impactos negativos na saúde, a exemplo da maior a incidência de doenças
não transmissíveis – como desnutrição, enfermidades mentais e doenças infecciosas – e
daquelas causadas por zoonoses. Há estudos científicos que estabelecem relação direta entre o
surgimento de epidemias ou pandemias e as mudanças climáticas, especialmente por conta de
alterações em ecossistemas e ciclos biológicos, geográficos e químicos, bem como pela
elevação da temperatura planetária, favorecendo a maior distribuição de vetores de doenças
infecciosas e endêmicas Foi possível identificar que as populações mais afetadas pelas
mudanças climáticas antropogênicas são também aquelas mais afetadas pela COVID-19, em
razão da desigualdade em termos de recursos para combater a doença, e as mais vulneráveis a
futuros surtos de novas doenças.
Conclui-se que esforços para diminuição das desigualdades sociais e fortalecimento dos
sistemas de saúde pública, em conjunto com as medidas de enfrentamento da crise climática,
são essenciais para a proteção das populações mais vulneráveis e para a redução das
iniquidades socioambientais e sanitárias.

Bibliografia
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2 - BORRÀS, Susana. Movimientos para la justicia climática global: replanteando el
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