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INTRODUÇÃO

1
INTRODUÇÃO

Desde a primeira vez que foi visualizada do espaço, a Terra recebeu o


apelido de Planeta Água devido à sua grande quantidade de água.
Aproximadamente 75% da superfície terrestre é coberta por água. A existência de
água nos estados sólido, líquido e gasoso na Terra envolve o fenômeno
denominado Ciclo Hidrológico, a contínua circulação entre os oceanos, a
atmosfera e os continentes, responsável pela remoção da água doce a cerca de 4
bilhões de anos (Capucci et al., 2001). Entretanto, do volume total de água, 97,3%
corresponde à água salgada dos oceanos, mares e lagoas. As calotas polares e
geleiras representam 2,0%, a água subterrânea 0,5% e 0,1% rios, lagos e
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atmosfera.
A água doce disponível para uso da humanidade encontra-se no subsolo, na
forma de água subterrânea. No entanto, pelo fato de ser um recurso invisível, a
grande maioria das pessoas, incluindo governantes e políticos, nunca a levam em
consideração quando falam em água. A água subterrânea desempenha um papel
muitas vezes vital para a população do estado do Rio de Janeiro. Atualmente,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado do Rio
de Janeiro compreende a 92 municípios em uma área de aproximadamente 44.000
Km2 e com uma população estimada de 15,4 milhões de habitantes.
O desenvolvimento populacional, econômico e agroindustrial desencadeou
uma demanda progressiva de água subterrânea para o consumo doméstico e
industrial e para o abastecimento público dos municípios. Dessa forma, durante os
últimos anos, a água subterrânea tem sido utilizada como fonte de abastecimento
de municípios, indústrias e propriedades particulares. Assim, faz-se necessária
uma avaliação das características dessas águas.
Em relação à captação de água subterrânea feita através de poços para o
consumo humano e irrigação, atualmente, não é importante avaliar somente o
aspecto quantitativo, a vazão, mas também o aspecto qualitativo. Segundo Leal
INTRODUÇÃO 24

(1999), a exploração de água subterrânea está condicionada a fatores


quantitativos, qualitativos e econômicos:
• Quantitativo: ligada à condutividade hidráulica e ao coeficiente de
armazenamento dos terrenos. Os aqüíferos têm diferentes taxas de
recargas, alguns deles se recuperam lentamente e em outros a
recuperação é mais regular;
• Qualidade: influenciada pela composição das rochas e condições
climáticas e de renovação das águas;
• Econômico: depende da profundidade do aqüífero e das condições de
bombeamento.

Como meio de solucionar os problemas de escassez e utilização inadequada


da água, estão sendo realizados estudos sobre as águas subterrâneas. Contudo, os
dados existentes são ainda insuficientes e muito dispersos, e, também, poderiam
conter informações sobre os aspectos geológicos das camadas de rochas existentes
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e as características físico-químicas das águas subterrâneas.


O interesse pelo uso da água subterrânea ocorreu devido à sua excelente
qualidade natural e pelo desenvolvimento tecnológico, possibilitando um
melhoramento das técnicas de construção de poços e dos métodos de
bombeamento, o que permitiu a extração de água em quantidades e profundidades
cada vez maiores. No Estado do Rio de Janeiro, muitas cidades com sistemas de
distribuição de água administrados pelas prefeituras municipais são abastecidas,
total ou parcialmente, por água subterrânea e, também, é grande a sua utilização
nas indústrias, principalmente na Baixada Fluminense.
De acordo com o Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas no Estado
de São Paulo realizado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB, 2004), as vantagens apresentadas em relação aos mananciais de
superfícies são:
• A forma de ocorrência extensiva proporcionando sua captação nos
locais onde são geradas as demandas;
• Prazos de execução são mais curtos e de menor custo, possibilitando
uma maior flexibilidade nos investimentos;
INTRODUÇÃO 25

• Não acarretam inundações de áreas potencialmente aproveitáveis na


superfície, não exigindo desapropriação de grandes áreas como as
barragens que demandam vultosos investimentos;
• Independe de períodos de estiagens prolongadas para recarga anual e
dos efeitos contínuos do processo de evaporação;
• Os mananciais subterrâneos são naturalmente mais bem protegidos
dos agentes poluidores do que as águas superficiais, portanto, a água
captada quase sempre dispensa tratamento.

A qualidade das águas subterrâneas é resultado da dissolução dos minerais


presentes nas rochas que constituem os aqüíferos por ela percolados. Durante o
seu percurso entre os poros do subsolo e das rochas, ocorre a depuração da água
através de uma série de processos físico-químicos (troca iônica, decaimento
radioativo, remoção de sólidos em suspensão, neutralização de pH em meio
poroso, entre outros) e bacteriológicos (eliminação de microorganismos devido à
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ausência de nutrientes e oxigênio que os viabilizem) que agindo sobre a água,


modificam as suas características adquiridas anteriormente, tornando-se
particularmente mais adequada ao consumo humano (Associação Brasileira de
Águas Subterrâneas – ABAS, 2005). Mas, a água pode sofrer a influência de
outros fatores como a composição da água de recarga, tempo de contato entre a
água e o meio físico, clima e até mesmo a poluição causada pelas atividades
humanas.
Segundo Falcão (1978), desde épocas remotas se atribuem a certas águas
propriedades especiais. Na época dos romanos, atribuíam a algumas propriedades
medicinais. No decorrer do tempo, com o aumento populacional e o surgimento
da indústria, essa característica foi sendo substituída, progressivamente, pela
comercialização em larga escala. Com a poluição dos mananciais pelos centros
urbanos, um maior tratamento da água captada se tornou necessário, e com isso, o
mercado de água mineral usada como bebida e complemento alimentar foi
ampliado.
A exemplo dos Estados de Pernambuco, São Paulo e Ceará, o Estado do Rio
de Janeiro começa a disponibilizar de dispositivos institucionais para disciplinar,
controlar e fiscalizar o exercício da atividade de captação e exploração de águas
subterrâneas. A ausência de instrumentos legais de normas e de uma estrutura
INTRODUÇÃO 26

técnica-administrativa, garantindo um bom resultado na explotação e controle


desse recurso, está colocando em risco nossos principais aqüíferos devido à falta
de limitações para o uso, nem normas de proteção. A partir da sanção da Lei
Estadual de Recursos Hídricos, em 1999, a preservação e o controle do uso das
águas subterrâneas passaram a fazer parte da legislação do Estado do Rio de
Janeiro. Neste aspecto, a Lei nº 3.239/99 apresenta-se bastante avançada em
relação a outros estados brasileiros, porque trata dos recursos hídricos como um
todo, não separando na legislação as águas superficiais das águas subterrâneas
(Capucci et al., 2001).

1.1
Água Subterrânea

A água subterrânea é uma solução aquosa, definida como solvente com


constituintes orgânicos e inorgânicos dissolvidos (Deutsch, 1997), resultante da
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infiltração da água de superfície no subsolo através dos espaços intergranulares


dos solos ou fraturas das rochas.
Segundo a definição da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT
(1993), a água subterrânea é a água que ocupa a zona saturada do subsolo ou, num
sentido mais amplo, toda a água situada abaixo da superfície do solo, a litosfera
(CETESB, 2004).
O Código de Águas Minerais define águas minerais como: “Aquelas
provenientes de fontes naturais ou artificialmente captadas que possuam
composição química ou propriedades físico-químicas distintas das águas comuns,
com características que lhe confiram uma ação medicamentosa”.
As águas denominadas “potáveis de mesa” são águas provenientes de fontes
minerais ou de fontes artificialmente captadas que se caracterizam pela sua baixa
concentração de sais minerais na sua composição química, sendo, portanto,
indicadas plenamente ao consumo, e sem restrições (Código de Águas Minerais,
1945; Pedrosa e Caetano, 2002).
Atualmente, de acordo com a nova regulamentação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA): Resolução de Diretoria Colegiada – RDC Nº.
274, de setembro de 2005 – as águas são definidas em:
INTRODUÇÃO 27

1) Água Mineral Natural: é a água obtida diretamente de fontes naturais


ou por extração de águas subterrâneas. É caracterizada pelo conteúdo
definido e constante de determinados sais minerais, oligoelementos e
outros constituintes considerando as flutuações naturais;
2) Água Natural: é a água obtida diretamente de fontes naturais ou por
extração de águas subterrâneas. É caracterizada pelo conteúdo
definido e constante de determinados sais minerais, oligoelementos e
outros constituintes, em níveis inferiores aos mínimos estabelecidos
para água mineral natural. O conteúdo dos constituintes pode ter
flutuações naturais (antiga água potável de mesa);
3) Água Adicionada de Sais: é a água para consumo humano preparada e
envasada, contendo um ou mais dos seguintes sais, de grau
alimentício: bicarbonato de cálcio, bicarbonato de magnésio,
bicarbonato de potássio, bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio,
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carbonato de magnésio, carbonato de potássio, carbonato de sódio,


cloreto de cálcio, cloreto de magnésio, cloreto de potássio, cloreto de
sódio, sulfato de cálcio, sulfato de magnésio, sulfato de potássio,
sulfato de sódio, citrato de cálcio, citrato de magnésio, citrato de
potássio e citrato de sódio. Não deve conter açúcares, adoçantes,
aromas ou outros ingredientes.

Devido ao maior contato com os materiais geológicos, a baixa velocidade e


maiores pressões e temperaturas, as águas subterrâneas são geralmente mais
mineralizadas do que as águas superficiais. Pelas mesmas razões, possui menores
teores de matérias em suspensão e matéria orgânica, este último devido também à
ação dos microorganismos presentes no solo. Também, por causa das suas
condições de circulação, as águas subterrâneas tendem a possuir menor teor de
oxigênio dissolvido do que as água superficiais (Capucci et al., 2001).
A quantidade e o tipo de sais presentes na água subterrânea dependerão do
meio percolado, do tipo e velocidade do fluxo subterrâneo, da fonte de recarga do
aqüífero e do clima da região. (Pedrosa e Caetano, 2002).
INTRODUÇÃO 28

1.1.1
Histórico

Segundo Falcão (1978), os antigos se preocupavam com as águas como


meio de cura para várias doenças. Na época dos romanos, foram construídas
grandes termas como as de Diocliciano e Caracala, onde as águas não eram usadas
somente para banhos; a algumas eram atribuídas propriedades medicinais, e as
agrupavam em quentes ou frias, conforme suas temperaturas.
Interessados pelo assunto como Plínio, não se satisfizeram somente com as
divisões das águas em quentes e frias, chegando a denominá-las de sulfurosas e
salinas. Vitrúvio considerou as fontes termais como sulfurosas e betuminosas,
chegando essa classificação até a Idade Média.
No século XVII, Leroy admite três classes para as águas medicinais: salinas
marciais e ferruginosas. Monnet classifica-as em sulfurosas, alcalinas e
ferruginosas, e Bergman passa a considerá-las como hidrossulfurosas acídulas,
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ferruginosas acídulas e salinas.


No século XVIII, Raulin se baseia na classificação das águas em quentes e
frias, considerando as primeiras como ácidas, as segundas como sulfurosas e as
divide em diversas categorias.
No século XIX, surge a Escola Francesa com Allyr Chassevant, adotando
uma classificação pela divisão das águas em quatro famílias. A primeira formada
por águas minerais simples, classificadas segundo a natureza dos íons dominantes,
onde aparecem, onde aparecem as designações cloretadas, bicarbonatadas,
sulfatadas, sódicas, magnesianas e cálcicas. As demais famílias são caracterizadas
pela presença de íons admitidos como tendo propriedades terapêuticas: as
sulfurosas, arsenicais e ferruginosas.
Portanto, de acordo com as normas vigentes, as classificações podem estar
baseadas principalmente nas características químicas, físico-químicas ou
geológicas.
INTRODUÇÃO 29

1.1.2
Ciclo Hidrológico

A água subterrânea constitui uma parcela do sistema de circulação da água


na Terra conhecido como Ciclo Hidrológico. A figura 1 ilustra algumas das
muitas fases envolvidas nesse ciclo.
Parte da água da precipitação atmosférica seja sob a forma de água ou neve,
infiltra-se no solo, sendo influenciada no seu percurso pela gravidade e pressão
das águas que a circundam e, continuamente, procura áreas de menor pressão, ou
de energia potencial mais baixa (Falcão, 1978). Pequenas quantidades de água no
solo tendem a se distribuir uniformemente pela superfície das partículas.
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Ciclo da
Água
Figura 1: Ciclo Hidrográfico (www.simae.com.br/ciclo.htm)

Ao cair no solo, a água da chuva pode seguir vários caminhos. Parte dessa
água persistirá como gotas na vegetação ou persistirá na superfície do solo e
evaporará logo depois do término da chuva. Outra será absorvida pelas raízes das
plantas e evaporada através das folhas, um processo chamado de transpiração. O
termo evapotranspiração é usado pelos processos combinados de evaporação e
transpiração. Outra parte se infiltra no solo, onde migra lateralmente em direção a
um rio ou um lago, um processo chamado de fluxo subterrâneo (Drever, 1997); ou
INTRODUÇÃO 30

percola em um movimento descendente devido à ação da gravidade, preenchendo


os vazios do subsolo (poros ou fraturas) e acumulando-se ao encontrar barreiras
menos permeáveis, o que denomina zona saturada (CETESB, 2004). Quando a
chuva é muito forte ou prolongada para infiltração acomodar a água, a mesma
fluirá sobre a superfície do solo formando um curso superficial.
A composição química da água da chuva sofre mudanças quando entra em
contato com a superfície do solo. Mesmo antes de alcançar o solo, a chuva pode
adquirir solutos das plantas. Como a água passa através da zona de umidade do
solo, a mesma adquire solutos pela dissolução total ou parcial dos minerais e
alguns solutos são extraídos da água pelas raízes das plantas. Os organismos do
solo liberam compostos orgânicos solúveis para a água, e esses componentes
devem acelerar o desarranjo dos minerais. Quando não está chovendo, a
evapotranspiração remove essencialmente a água pura do solo, da mesma maneira
que muitos solutos na água, ambos produzidos pela chuva ou dissolvidos dos
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minerais do solo, tendem a depender da concentração e devem ainda precipitar


como fases sólidas.
Ao deixar a zona de umidade do solo, a água passa através do sistema de
água subterrânea ocorrendo diminuição da concentração da matéria orgânica
devido à decomposição ou adsorção pelas bactérias. A diminuição da
concentração dos elementos encontrados na forma de complexos orgânicos
(principalmente ferro e alumínio) e o aumento das concentrações dos íons
principais são os resultados da reação entre a água e a rocha envolvida. Quando
não está chovendo ou não chove há algum tempo, as águas dos córregos
geralmente refletem a composição da água subterrânea. (Drever, 1997).

1.1.3
A água no subsolo

Como dito anteriormente, a água da chuva pode ter vários destinos após
atingir a superfície do solo. Uma parte se infiltra no solo e percola no interior do
subsolo, durante períodos de tempo extremamente variáveis, dando origem à água
subterrânea. Conforme Pedrosa e Caetano (2002) e ABAS (2005), a taxa de
infiltração da água depende de fatores como:
INTRODUÇÃO 31

• Porosidade: a presença de argila no solo diminui a sua porosidade, não


permitindo uma grande infiltração;
• Cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável
do que um solo desmatado;
• Inclinação do relevo: em declividades acentuadas, a água corre mais
rapidamente, diminuindo o tempo de infiltração;
• Tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo
que chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem.

A figura 2 mostra as zonas de ocorrência de água no solo de um aqüífero


freático.
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Figura 2: Zonas de ocorrência da água no solo de um aqüífero freático


(www.meioambiente.pro.br/agua/guia/aguasubterranea.htm).

A ocorrência de água subterrânea deve ser dividida em zona de aeração ou


não-saturada e zona saturada. A zona de aeração consiste de interstícios ocupados
parcialmente pela água e pelo ar. Na zona de saturação, todos os interstícios estão
preenchidos com água (Todd, 1980).
Na zona de aeração, a água ocorre na forma de películas aderidas aos grãos
do solo. Solos muitos finos tendem a ter mais umidade do que os mais grossos,
pois há mais superfícies de grãos onde a água pode ficar retida por adesão
(Zimbre, 2005). Nesta zona, segundo Mestrinho (2006), o fluxo de água é
normalmente lento e em condições geralmente aeróbica e alcalina. Deste modo,
INTRODUÇÃO 32

espera-se um maior potencial para a maioria das reações e processos biológicos


que controlam a hidroquímica natural. Ocorre também o fenômeno de
transpiração pelas raízes das plantas, de filtração e de autodepuração da água
(ABAS, 2005).
A zona de aeração pode ser dividida em três regiões (Pedrosa e Caetano,
2002; ABAS, 2005; Zimbres, 2005):
• Zona de umidade do solo: corresponde a parte mais superficial, onde a
perda de água de adesão para a atmosfera é intensa. Existem casos
onde a quantidade de sais precipitados na superfície do solo após a
evaporação dessa água é muito grande, originando solos salinizados
ou crostas ferruginosas (laterísticas) (Zimbres, 2005).

A quantidade de água presente na zona de umidade do solo depende


primeiramente da recente exposição do solo à umidade. Sob circunstâncias
quentes, condições áridas, o equilíbrio de vapor de água tende a se estabelecer
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entre o ar e as superfícies das partículas granuladas finas do solo. Para materiais


granulados mais grossos, a água também forma anéis líquidos ao redor dos
contatos entre os grãos, onde é mantida por forças de tensão superficial (Todd,
1980).
• Zona intermediária: região compreendida entre a zona de umidade do
solo e a franja de capilaridade, com umidade menor do que nesta
última e maior do que a zona superficial do solo. Sua espessura deve
variar de zero, onde o nível freático está próximo da superfície, não
existindo a zona intermediária, pois a franja de capilaridade atinge a
superfície do solo, até mais do que 100 m de profundidade chegando
ao nível freático (Todd, 1980).
• Franja de capilaridade (zona de capilaridade): região mais próxima ao
nível d’água do lençol freático, onde a umidade é maior devido à
presença da zona saturada logo abaixo (Pedrosa e Caetano, 2002).
Segundo Todd (1980), a espessura da franja de capilaridade varia
inversamente com o tamanho do poro de um solo ou rocha.

A zona saturada é a região abaixo do lençol freático (nível freático) onde a


água subterrânea preenche todos os interstícios. Para que haja infiltração até a
zona saturada, é preciso primeiro satisfazer as necessidades da força de adesão na
INTRODUÇÃO 33

zona de aeração (Capucci et al., 2001). Uma parte da água pode ser removida da
camada subterrânea por drenagem ou bombeamento dos poços; contudo, as forças
de tensão molecular e superficial retêm o resto da água no lugar (Todd, 1980).
Segundo Mestrinho (2006), em maiores profundidades, as águas subterrâneas
circulam mais lentamente aumentando a concentração de sais. A pressão e a
tensão aumentam com a profundidade, permitindo um ataque mais intenso dos
carbonatos e dos silicatos.
A direção do fluxo da água de um corpo d’água superficial muitas vezes
varia sazonalmente: durante a estação chuvosa, a água flui dos corpos d’água
superficiais para a água subterrânea, enquanto na estiagem a direção do fluxo se
inverte (Capucci et al., 2001).
Segundo Hubbert (1940), a água se move de áreas de maior energia total de
fluido para áreas de menor energia. A energia cinética, a energia mecânica, o
potencial gravitacional, o potencial interfacial e o potencial químico podem
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conduzir o fluxo do fluido. Em geral, as velocidades no subsolo são pequenas


demais, de tal modo que a energia cinética pode ser negligenciada. A água,
portanto, se move de áreas de maior para menor potencial de fluido. Em sistemas
parcialmente saturados com água, a combinação de potencial gravitacional e
potencial interfacial (ação capilar) serve para conduzir o fluxo. Em sistemas
saturados de água subterrânea relativamente superficial, o potencial gravitacional
é usualmente dominante (Neuzil, 1995).

1.2
Os aqüíferos

O aqüífero é uma formação geológica do subsolo constituída por rochas


permeáveis capazes de armazenar água em seus poros e fraturas. Outro conceito
refere-se a aqüífero como sendo, somente, o material geológico capaz de servir de
depósito e transmissor de água armazenada para poços e nascentes (Lohman,
1972). Etimologicamente, aqüífero significa: aqui = água; fero = transfere; ou do
grego, suporte de água (ABAS, 2005).
INTRODUÇÃO 34

1.2.1
Tipos de aqüíferos

A constituição geológica de um aqüífero determinará a qualidade da água, a


capacidade de armazenagem e a velocidade da água no seu meio. Os aqüíferos são
classificados de acordo com a porosidade (Figura 3) ou a pressão de água exercida
pela superfície (Figura 4).
Em relação à porosidade, os aqüíferos são classificados em:
• Aqüífero poroso ou sedimentar: formado por rochas sedimentares
consolidadas, sedimentos inconsolidados ou solos arenosos
decompostos in situ. Armazena um grande volume de água e sua
porosidade é quase sempre homogeneamente distribuída, permitindo
que a água flua para qualquer direção devido às diferenças de pressão
hidrostática existentes (Pedrosa e Caetano, 2002).
• Aqüífero fraturado ou fissural: formado por rochas ígneas,
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metamórficas ou cristalinas, onde a circulação da água ocorre nas


fraturas ou fendas abertas devido ao movimento tectônico. A
capacidade dessas rochas de acumularem água está relacionada à
quantidade de fraturas, suas aberturas e intercomunicações,
permitindo a infiltração e o fluxo de água em orientações
preferenciais. Exemplos: basalto, granitos, gnaisse, gabros e filões de
quartzo (Pedrosa e Caetano, 2002; ABAS, 2005; Zimbres, 2005).
• Aqüíferos cársticos: formados em rochas calcárias, dolomitas,
mármores ou carbonáticas. A circulação da água ocorre nas fraturas e
outras descontinuidades devido à dissolução do carbonato pela
mesma, produzindo grandes aberturas, criando verdadeiros rios
subterrâneos. (Pedrosa e Caetano, 2002; ABAS, 2005; Zimbres,
2005).
INTRODUÇÃO 35

Figura 3: Tipos de aqüíferos quanto à porosidade


(www.abas.org.br/index.php?PG=aguas_subterraneas&SPG=aguas_subterraneas_as#2
_1)

No Estado do Rio de Janeiro, cerca de 80 % do seu território ocorre em


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rochas metamórficas e magmáticas (gnaisses, migmatitos, granitos, rochas


alcalinas, entre outras). Isto implica em que o principal aqüífero é do tipo fissural.
No restante do Estado, cerca de 20 % de sua área, ocorrem rochas sedimentares e
sedimentos variados relacionados à porção continental da Bacia Sedimentar de
Campos (municípios de Campos dos Goytacazes, São João de Barra, São
Francisco de Itabapoana, Quissamã e Carapebus) e bacias sedimentares menores
como a de Resende (municípios de Resende, Quatis, Porto Real e Itatiaia), a de
Volta Redonda, a de Itaboraí, nos municípios de mesmo nome, além das
Formações Macacu e Caceribu, nos municípios de Itaboraí, São Gonçalo, Magé,
Guapimirim, Duque de Caxias e Rio de Janeiro. Os sedimentos aluvionares de
grandes rios, como o Guandu, Guapiaçu, o Macaé, o Iguaçu e o Macacu, são
importantes por sua extensão e espessura. Nestas rochas e sedimentos, os
aqüíferos são de tipo poroso, com diferentes potencialidades, dependendo
normalmente da permeabilidade e espessura dos pacotes sedimentares. Em
condições favoráveis, os aqüíferos porosos tendem a ser mais produtivos que os
fissurais (Capucci et al., 2001). As águas subterrâneas ao atravessarem as rochas
sedimentares com uma estrutura porosa ficam livres de substâncias não
desejáveis, como compostos de massa molecular elevada e alguns elementos
como o Cu, Pb, Zn e Sr.
INTRODUÇÃO 36

Em relação à pressão de água, podemos dividir em:


• Aqüífero freático ou livre: é aquele constituído por uma formação
geológica permeável e superficial, totalmente aflorante em toda sua
extensão, e limitado na base por uma camada impermeável. A pressão
de água na superfície da zona saturada está em equilíbrio com a
pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. Nesses
aqüíferos, o nível de água varia conforme a quantidade de chuva. São
os aqüíferos mais comuns e mais explorados pela população e os que
apresentam maiores problemas de contaminação (Pedrosa e Caetano,
2002; ABAS, 2005).
• Aqüífero confinado: é aquele constituído por uma formação geológica
permeável, onde a camada saturada está confinada entre duas camadas
impermeáveis ou semipermeáveis. A pressão da água no topo da zona
saturada é maior do que a pressão atmosférica naquele ponto (Todd,
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1980), fazendo com que a água ascenda no poço além da zona


aqüífera. Quase sempre estão situados em locais com rochas
sedimentares profundas (Pedrosa e Caetano, 2002; ABAS, 2005).

Figura 4: Tipos de aqüíferos quanto á pressão de água


(www.abas.org.br/index.php?PG=aguas_subterraneas&SPG=aguas_subterraneas_as#2
_1)
INTRODUÇÃO 37

1.2.2
Recarga e descarga dos aqüíferos

Um aqüífero apresenta uma reserva permanente de água e uma reserva ativa


ou reguladora, sendo continuamente abastecidas através da infiltração da chuva
(Freeze e Cherry, 1979) e de outras fontes subterrâneas. As reservas reguladoras e
ativas correspondem ao escoamento de base dos rios (ABAS, 2005).
O nível de água no aqüífero não é estático e varia com (IGM, 2001):
• a precipitação ocorrida;
• a extração de água subterrânea;
• os efeitos das marés nos aqüíferos costeiros;
• a variação súbita da pressão atmosférica, principalmente no inverno;
• as alterações do regime de escoamento dos rios que recarregam os
aqüíferos;
• a evapotranspiração, etc.
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O maior ou menor grau de reabastecimento ou recarga dos aqüíferos


depende de fatores como clima, vegetação, relevo, drenagem e geologia da região.
A existência de solos porosos e permeáveis favorece a infiltração, mas essa
condição pode ser ampliada se o solo for coberto por vegetação e estiver em
relevo plano. Já em áreas de relevo íngreme e solos poucos permeáveis, a maior
parte da água precipitada transforma-se em cursos superficiais, dificultando a
infiltração. Em regiões de clima úmido e solos permeáveis, a recarga pode até
atingir 25% da precipitação pluviométrica anual (Capucci et al., 2001). Nas
regiões de relevo acidentado, sem cobertura vegetal, sujeita às práticas de uso e
ocupação que favorecem as enxurradas, a recarga ocorre mais lentamente e de
maneira limitada (Rebouças et al, 1999). Logo, a vegetação e a água de superfície
podem às vezes ser usadas para determinar áreas de recarga (Fetter, 1994).
Em áreas com alto índice pluviométrico, a recarga constante dos aqüíferos
permite uma maior remoção das águas subterrâneas, com conseqüente diluição
dos sais em solução. Diferentemente, em climas áridos, a pequena precipitação
leva a uma salinização na superfície do solo através da evaporação da água que
sobe por capilaridade. Por ocasião das chuvas mais intensas, os sais mais solúveis
são carreados para as partes mais profundas do aqüífero, aumentando sua
salinidade (Pedrosa e Caetano, 2002).
INTRODUÇÃO 38

A área de abastecimento do aqüífero é conhecida como zona de recarga,


podendo ser direta ou indireta. A área de escoamento da água do aqüífero é
chamada de zona de descarga. As áreas de recarga estão geralmente em lugares de
topografia elevada e as áreas de descarga são situadas em pontos topográficos
baixos (Fetter, 1994)
Na zona de recarga direta, as águas da chuva infiltram diretamente no
aqüífero, através de suas áreas de afloramento e fissuras de rochas sobrejacentes.
Logo, a recarga sempre é direta nos aqüíferos livres, ocorrendo em toda superfície
acima do lençol freático. Nos aqüíferos confinados, o reabastecimento do aqüífero
ocorre preferencialmente nos locais onde a formação portadora de água aflora à
superfície.
Na zona de recarga indireta, o reabastecimento do aqüífero ocorre a partir da
drenagem (filtração vertical) superficial das águas e do fluxo subterrâneo indireto,
ao longo do pacote confinante sobrejacente, nas áreas onde a carga
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potenciométrica favorece a fluxos descendentes.


Na zona de descarga, as águas emergem do sistema, alimentando rios e
jorrando com pressão por poços artesianos (ABAS, 2005). No Brasil, o
surgimento de fontes está condicionado a áreas de grandes dobramentos e de
falhamentos nas bordas das áreas cratônicas e das bacias sedimentares (formação
de montanhas), e também nas áreas onde houve reflexos dos processos tectônicos
que afetaram o embasamento cristalino dobrado. Nestas regiões onde se verificam
um tectonismo bastante intenso, Serras da Mantiqueira e do Mar na região Sudeste
por exemplo, existem estruturas que permitem a circulação de água e descarga na
forma de fontes, sendo que nestas mesmas regiões situa-se o maior número de
indústrias envasadoras de água mineral (www.geomagma.com.br/aguamineral).

1.2.3
Explotação dos aqüíferos

Os aqüíferos que apresentam compartimentação física causada por barreiras


estruturais (falhamentos ou intrusões de rochas magmáticas), quando submetidos
a explotação, podem sofrer rápido abatimento da potenciometria e esgotamento da
água armazenada. Além disso, pela baixa taxa de renovação de suas águas,
INTRODUÇÃO 39

chegando, em alguns casos, a inviabilizar o seu uso para abastecimento público


(Rosa Filho et al., 2005).
Quando a extração de água subterrânea ultrapassa a recarga natural, por
longos períodos de tempo, os aqüíferos sofrem depleção e o lençol freático
começa a baixar. Conseqüentemente, os seguintes problemas são ocasionados:
• poços rasos, usados para abastecimento locais e irrigações, secam;
• poços de produção passam a ser perfurados a profundidades cada vez
maiores, necessitando de mais energia para o bombeamento;
• aqüíferos litorâneos podem sofrer contaminação por intrusão da água
do mar (Capucci et al., 2001);
• subsidência do solo, definida como movimento para baixo ou
afundamento do solo causado pala perda de suporte subjacente,
provocando uma compactação diferenciada do terreno que leva ao
colapso das construções civis (ABAS, 2005).
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Nas regiões costeiras, é a pressão exercida pela água que impede o avanço
da cunha salina. Nos aqüíferos costeiros, a água salgada encontra-se em contato
com a água doce e por ter uma densidade maior ocupa a posição espacial abaixo
da região da água doce. Em condições naturais, essa situação se mantém em
equilíbrio. Porém, quando é feita a explotação de água do aqüífero sem os devidos
cuidados ou feita uma captação intensa das águas dos rios litorâneos, a cunha
salina começa a avançar, podendo atingir os poços e salinizar todo o aqüífero
(Figura 5). Em regiões de rochas carbonáticas, o bombeamento intensivo da água
subterrânea pode romper o equilíbrio de pressão, criando espaços vazios. Além
disso, com a velocidade de fluxo aumentada, maior será a dissolução das rochas,
provocando subsidência do terreno (Capucci et al.,2001; Pedrosa e Caetano,
2002). A figura 5 mostra o processo de intrusão salina.
INTRODUÇÃO 40

Figura 5: Intrusão salina (www.mineralnet.com.ar/agua.asp).


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1.2.4
Poluição

As fontes de poluição da água são relacionadas a uma variedade de


atividades. A contaminação de um aqüífero ocorre pela ocupação inadequada de
uma área que não leva em consideração a capacidade do solo em degradar as
substâncias tóxicas introduzidas no ambiente, principalmente na zona de recarga.
A poluição pode ser atribuída a fossas sépticas e negras, infiltração de efluentes
industriais, fugas de redes de esgoto e galerias de águas pluviais, vazamento de
postos de serviços, aterros sanitários e lixões, fertilizantes, pesticidas e depósitos
de lixo próximos dos poços mal construídos e abandonados (ABAS, 2005).
O uso indiscriminado de fertilizantes, corretivos de solos e produtos
agrotóxicos tem contribuído consideravelmente para o risco de contaminação de
águas subterrâneas. Uma área superirrigada pode promover a elevação do nível
freático, o que implica num aumento da evapotranspiração freática e
conseqüentemente da salinidade da água subterrânea. Conhecendo-se as
características dos fertilizantes e defensivos agrícolas aplicados é possível prever-
se quais os constituintes que podem vir a ser introduzidos nas águas de um
aqüífero. O uso de fertilizantes inorgânicos vem se expandindo gradativamente e
conseqüentemente, muitos solos têm sido carregados de sais, compostos
INTRODUÇÃO 41

nitrogenados e outras substâncias que podem ser levados para os aqüíferos pela
águas de infiltração (Mestrinho, 2006).
No caso de haver contaminantes dissolvidos na água subterrânea, o
transporte destes, de um aqüífero a um rio, tem lugar através da interface água
subterrânea/água de superfície onde os processos são governados pela rápida
mudança nas condições físicas e químicas (Ellis et al., 2003).
Apesar dos aqüíferos apresentarem uma proteção natural contra a poluição
em função do solo sobreposto e das camadas confinantes, se a água subterrânea
for contaminada, os custos e o tempo para descontaminação são superiores aos da
água superficial, podendo inviabilizar seu uso. Quando se detecta poluição nas
águas subterrâneas, necessita-se de um intenso trabalho de investigação para
delimitar as plumas e determinar a origem da contaminação (CETESB, 2004).

1.3
Classificação das águas minerais e padrões de potabilidade
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Segundo o Código de Águas Minerais (Decreto-Lei nº 9841 de 08 de agosto


de 1945), o Art. 35 classifica as águas minerais, quanto à composição química,
em:
I. Oligominerais: aquelas que contêm diversos tipos de sais, todos em baixa
concentração.
II. Radíferas: quando contêm substâncias radioativas dissolvidas, que lhes
atribuam radioatividade permanente.
III. Alcalina-bicarbonatadas: as que contêm, por litro, uma quantidade de
compostos alcalinos equivalentes a, no mínimo, 0,200 g de bicarbonato de sódio.
IV. Alcalino-terrosas: as que contêm, por litro, uma quantidade de
compostos alcalinos terrosos equivalentes a, no mínimo, 0,120 g de carbonato de
cálcio, distinguindo-se:

a) alcalino-terrosa cálcicas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,048 g


de cátion Ca, sob forma de bicarbonato de cálcio;
b) alcalino-terrosas magnesianas: as que contêm, por litro, no mínimo,
0,030 g de cátion Mg, sob a forma de bicarbonato de magnésio.

V. Sulfatadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,100 g do ânion SO4,


combinado aos cátions Na, K e Mg.
INTRODUÇÃO 42

VI. Sulfurosas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,001 g do ânion S.


VII. Nitratadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,001 g de ânion NO3.
VIII. Cloretadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,500 g de NaCl.
IX. Ferruginosas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,005 g de cátion Fe.
X. Radioativas: as que contêm radônio em dissolução, obedecendo aos
seguintes limites:

a) Fracamente radioativa: as que apresentarem, no mínimo, um teor em


radônio compreendido entre 5 e 10 unidades Mache, por litro, a 20º C
e 760 mm de Hg de pressão;
b) Radioativas: as que apresentam um teor em radônio compreendido
entre 10 e 50 unidades Mache, por litro, a 20º C e 760 mm Hg de
pressão;
c) Fortemente radioativas: as que possuírem um teor em radônio superior
a 50 unidades Mache, por litro, a 20º C e 760 mm de Hg de pressão.
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XI. Toriativas: as que possuem, por litro, no mínimo, um teor em torônio em


dissolução equivalente, em unidades eletrostáticas, a 2 unidades Mache.
XII. Carbogasosas: as que contêm, por litro, 200 ml de gás carbônico livre
dissolvido, a 20º C e 760 mm de Hg de pressão.

§ 1º - As águas minerais deverão ser classificadas pelo Departamento


Nacional de Produção Mineral (DNPM) de acordo com o elemento predominante,
podendo ser classificadas mistas as que acusarem na sua composição mais de um
elemento digno de nota, bem como as que contiverem iontes ou substâncias raras
dignas de nota (águas iodadas, arseniadas, litinadas, etc.).
§ 2º - As águas das classes VII (nitratadas) e VIII (cloretadas) só serão
consideradas minerais quando possuírem uma ação medicamentosa definida,
comprovada conforme o § 3º do Art.1º da presente Lei.

Em relação aos limites internacionais e brasileiros, recomenda-se a


observância dos parâmetros químicos da Tabela de Padrões de Potabilidade
(Tabela 1), elaborada a partir dos Padrões de Potabilidade da Organização
Mundial de Saúde (OMS) (Martins et al.,2002), da Portaria 1.469/2000 do
Ministério da Saúde (Padrão de Aceitação para Consumo Humano) (Martins et al.,
2002) e da Resolução RDC Nº. 274, de setembro de 2005 da ANVISA.
INTRODUÇÃO 43

Neste trabalho, os limites de detecção para o fluoreto (LD = 0,02 mg L-1) e o


litio (LD = 0,01 mg L-1) são utilizados para a caracterização das águas em
fluoretada e litinada, respectivamente, sendo estas denominações dadas às
amostras que possuem as concentrações para estas espécies acima do limite de
detecção.

Tabela 1: Tabela de Padrões de Potabilidade.

Normas Internacionais Normas Nacionais


OMS ANVISA Ministério da Saúde
Parâmetros Referência Limite máximo permitido (aceitáveis)
Cor 15 Pt/L 15 Pt/L
Odor Inofensivo Não objetável
Sabor Inofensivo Não objetável
Turbidez 5 UT 5 UT
pH 6,5 - 8,5
STD 1000 1000
Dureza Total (CaCO3) 500 500
Sódio (Na+) 200 600 200
Potássio (K+)
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500
Cálcio (Ca2+) 75 250
Magnésio (Mg2+) 50 65
Sulfato (SO4=) 400 250
- 250
Cloreto (Cl ) 250
Nitrato (NO3-) 10 50
Antimônio (Sb) 0,005 0,005
Alumímio (Al) 0,2 0,2
Manganês (Mn) 0,1 0,5 0,1
Ferro (Fe) 0,3 0,3
Cobre (Cu) 1 1
Zinco (Zn) 5 5
Níquel (Ni) 0,2
Arsênio (As) 0,05 0,01
Bário (Ba) 0,005 0,7
Cádmio (Cd) 0,005 0,003
Chumbo (Pb) 0,05 0,01
Cianeto (CN-) 0,1 0,07
Cromo (Cr6+) 0,5 0,05
Fluoreto (F-) 1,5
Mercúrio (Hg) 0,001 0,001
Selênio (Se) 0,1 0,1
* Unidade das espécies, sólidos totais disslvidos (STD) e dureza total (CaCO3): mg L-1
* Unidade de cor: Pt-Co/L (Unidade Hazen)
* Unidade de tubidez: UT

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