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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS PATO BRANCO


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CLEITON MARCINIAK FIGURSKI


VITOR HUGO LENZ NAUE

BALANÇO HÍDRICO
Reservatório de Tremedal - Bahia

DISCIPLINA: HIDROLOGIA APLICADA (HA26CV)


DOCENTE: DR. MURILO CESAR LUCAS

PATO BRANCO
2022
EMPREENDIMENTO:

Estudo referente à disponibilidade hídrica para o atendimento da demanda de uso da


região de Tremedal/BA.

Bacia Hidrográfica do Rio de Contas

Município: Tremedal/BA.

BALANÇO HÍDRICO
Reservatório de Tremedal - Bahia

Responsáveis Técnicos:
CLEITON MARCINIAK FIGURSKI (2080222)
VITOR HUGO LENZ NAUE (2080460)

PATO BRANCO
13 de outubro de 2022
INTRODUÇÃO

A disponibilidade hídrica de uma bacia hidrográfica relaciona-se diretamente ao


balanço hídrico existente entre o potencial de produção de água e a demanda desta para
os diversos usos aos quais se destina, como o abastecimento público, produção industrial,
produção de alimentos, entre outros. O acompanhamento da disponibilidade hídrica de
uma bacia hidrográfica, se faz extremamente necessária para evitar a ocorrência de uma
futura escassez de água e períodos críticos no geral, como também, longos períodos de
inundações.

Assim como citado por Melo e Johnsson (2017), se faz necessário uma gestão que
visa garantir a disponibilidade de água para seus múltiplos usos e que atenda a
expectativa, protegendo ainda, a sociedade de efeitos negativos dos eventos hidrológicos
extremos.

Para um melhor planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos, um estudo


deve ser realizado sobre a disponibilidade hídrica e a demanda para a realização das
atividades, principalmente relacionados ao abastecimento público, dessedentação de
animais e irrigação agrícola. No presente trabalho, especificamente, será tratado sobre o
município de Tremedal, localizado na Bahia.

Neste município, a construção de uma barragem em uma seção específica do Rio


de Contas, possibilitou a instauração de um reservatório de acumulação de águas
superficiais, ou seja, um lago artificial, o qual é responsável pelo abastecimento público.
Esta barragem foi construída com o intuito de elevar o tirante de águas do Rio de Contas
e possibilitar a acumulação de águas para as funções hídricas essenciais, possuindo um
vertedor-extravasor, que possibilita que a vazão excedente seja descarregada quando a
cota do nível da água ultrapassar a cota do nível de operação da barragem.
OBJETIVO

Calcular a vazão mensal afluente ao reservatório de Tremedal, usando o método


do balanço hídrico no período de 2013, bem como identificar em quais meses a vazão de
regularização é atendida.
ÁREA DE ESTUDO

O reservatório de Tremedal está localizado no município de Tremedal no estado


da Bahia. Para melhor compreensão e visualização do reservatório, um mapa de
localização.
MEMORIAL DESCRITIVO

No balanço hídrico, o seu princípio fundamental é o cálculo de tudo o que entra e


o que sai de determinado volume de controle. Desse modo, através da equação de
continuidade, podemos partir da seguinte equação para o seu cálculo:

Δ𝑉 = 𝑄𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 (1)

Onde Δ𝑉 é a variação de volume e Q é a vazão.

Pensando no reservatório de Tremedal, tem-se algumas variáveis que devem ser


levadas em consideração, como os volumes de entrada, que podem ser a precipitação e a
vazão afluente do rio de Contas, e os volumes de saída, que são a evaporação e a
infiltração, que são vazões naturais, o volume jusante através da comporta, a vazão vertida
pelo vertedor e o usado para abastecimento humano e necessidades diárias.

Para o cálculo do balanço hídrico, primeiramente foram utilizados os dados de


precipitação, evaporação e infiltração, já disponibilizados anteriormente em
milímetros(mm), os quais foram transformados para metros cúbicos por metro quadrado
(m³/m²) e multiplicados pela área da lâmina d’água, que foi convertida de quilômetros
quadrados(km²) para metros quadrados(m²). Desta forma, um valor em metros
cúbicos(m³) pôde ser encontrado e convertido para hectômetros cúbicos(hm³), a fim de
manter um padrão de unidade. Além disso, foram considerados os valores de retirada
diária para abastecimento público, consumo animal e irrigação agrícola, além da vazão
jusante a comporta.

Ademais, através do Sistema de Acompanhamento de Reservatórios, foi possível


ainda obter informações como nível da cota do reservatório e volume de água de quase
todos os dias do ano de 2021, e com isso, pôde-se chegar uma média mensal da cota de
nível do reservatório e a variação do volume em cada mês, com as seguintes equações:
∑ 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑑𝑖𝑎 (média mensal do nível do reservatório) (2)

𝑥 = ∑ 𝑛º 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑚ê𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çõ𝑒𝑠

∆𝑣 = 𝑣𝑜𝑙. 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑚ê𝑠 − 𝑣𝑜𝑙. 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑚ê𝑠 (variação de volume


mensal) (3)

Contudo, para se chegar ao objetivo, que é vazão mensal afluente, pode-se


observar a seguinte equação de balanço hídrico:

Δ𝑉 = (𝑃 + 𝑄𝑎𝑓𝑙𝑢) − (𝑄𝑎𝑏𝑎𝑠𝑡 + 𝑄𝑗𝑢𝑠 + 𝐸 + 𝐼 + 𝑄𝑣) (4)

Onde P é a precipitação, Qaflu é a vazão afluente, que é o objetivo da equação,


Qabast é a vazão que sai do reservatório para abastecimento público, juntamente com o
que é usado para consumo agrícola e humano, Qjus é a vazão jusante da comporta, E é a
evaporação do reservatório e I é a infiltração no solo, onde todos os termos necessitam
ser devidamente transformados para a mesma unidade de medida.

Outro termo que pode ser considerado é a vazão do vertedor (Qv), que é a vazão
através do vertedor do reservatório, que é acionada quando a cota do reservatório
ultrapassa o limite de capacidade. A cota da soleira do vertedor-extravasor é de 390,00
m, portanto, a partir de 392,00 m a água começa a verter. Essa vazão pode ser obtida com
a seguinte fórmula: 𝑄𝑣 = 𝐶. 𝐿. ℎ3/2 (5)

Sendo C o coeficiente de descarga, que é igual a 1, L é a largura da soleira do


vertedor, igual a 15,00 metros, e h é carga hidráulica sobre a soleira do vertedor.

MEMORIAL DE CÁLCULO

Para se chegar ao objetivo final, primeiramente foram checados os volumes de


água que são retirados do reservatório para o abastecimento público, usos agrícolas e de
dessedentação de animais, que são constantes durante todo o ano no município de
Tremedal/BA. Os valores disponibilizados eram em sua maioria em litros por segundo,
os quais foram devidamente transformados para metros cúbicos por hora e calculados em
uma vazão mensal, baseando-se na quantidade de horas diárias e pela quantidade de dias
que os meses possuem (tabela 1). Para melhor compreensão e visualização, uma unidade
padrão foi estabelecida, hectômetros cúbicos (hm³).

Tabela 1: Valores do volume de água retirada do reservatório para suprir a demanda de uso da região de
Tremedal, com a vazão mensal individual para cada utilização, seguida da vazão mensal total.

Outras componentes de saída a serem consideradas, são as vazões de jusante,


através da comporta e a vazão do vertedor. Quanto à vazão de jusante, a qual também é
constante durante o ano, transformamos seu valor de litros por segundos para metros
cúbicos por horas, a qual posteriormente foi convertida para hectômetros cúbicos,
encontrando assim, separadamente, a vazão mensal para os meses do ano em que possuem
28, 30 e 31 dias (tabela 2).

Tabela 2: Vazão de jusante através da comporta.

Ademais, referente a vazão do vertedor, temos que este é acionado quando a cota
do reservatório supera a cota máxima do vertedor. Neste ano de estudo em específico
(2021), o vertedor foi acionado em apenas dois dias no ano, os últimos de dezembro,
mesmo assim teve uma vazão vertida considerável. Para a vazão do vertedor, através da
equação (5), foi obtida a vazão em metros cúbicos por segundo, a qual foi transformada
em hectômetros cúbicos por dia. Por fim, foram somadas as vazões dos dias em que o
vertedor foi utilizado, resultando assim na vazão total do mês de dezembro (tabela 3).
Os valores de vazão das tabelas 1 e 2 são constantes ao longo do ano, variando apenas de
acordo com o número de dias correspondentes a cada mês.
Tabela 3: Volume das vazões através do vertedor.

Além disso, foram analisadas também as outras componentes do ciclo hidrológico,


como os dados de precipitação, evaporação e infiltração, dos doze meses do ano de 2021,
os quais foram transformados de milímetros para hectômetros cúbicos por mês (tabela 4).
Para que essa transformação fosse possível, foi necessário calcular a área da lâmina de
água do reservatório, obtida através de uma equação específica (equação 6) que depende
da cota média mensal do reservatório, em metros.

Á𝑟𝑒𝑎 = 5, 992 + 3, 418 * 𝑐𝑜𝑠(𝑐𝑜𝑡𝑎 * 0, 04533) + 4, 949 * 𝑠𝑒𝑛(𝑐𝑜𝑡𝑎 * 0, 04533) (6)


Tabela 4: Valores de precipitação, evaporação e infiltração mensais, em hectômetros cúbicos.

Para chegar a esses números, os valores em milímetros foram divididos por 1000
para se chegar a um valor em m³/m², multiplicados pela área da lâmina de água, em m², e
divididos por 1000000, para se chegar em hm³.

Outra componente importante é a variação de volume mensal do reservatório


(∆𝑣), obtida através dos dados disponíveis no site do Sistema de Acompanhamento de
Reservatórios (SAR), utilizando a equação 3, ou seja, tomando o volume final de
determinado mês e subtraindo deste, o valor do volume inicial do mesmo (tabela 5). Os
valores dos volumes já são disponibilizados em hectômetros cúbicos (hm³) pelo SAR,
com variadas quantidades de medições durante o mês, tendo apenas uma menor
quantidade destas nos meses de maio e junho.

Tabela 5: Valores da variação de volume mensal do reservatório.

Nessa tabela, torna-se possível observar que, em alguns meses, o valor da variação
de volume é negativa, ou seja, nesses meses o volume de água do reservatório de
Tremedal teve uma redução ao passar do mês.

Por fim, com os dados obtidos e com a equação 4, foi possível se chegar a uma
única variável na equação do balanço hídrico, a vazão afluente (Qaflu), que chega do Rio
de Contas ao reservatório, calculados e mostrados na Tabela 6.

Tabela 6: Valores da vazão afluente mensal.


Como pode ser observado, nos meses de janeiro, março, abril e junho, os valores
da vazão afluente ficaram negativos, o que em uma interpretação física é impossível.
Desse modo, o que se pode concluir é que as precipitações e as entradas de água no
reservatório nesses meses não foram suficientes para suprir as retiradas mensais para
abastecimento, e com isso, o nível de água acaba reduzindo ao passar dos meses.

Olhando para os dados isolados dos meses de março a outubro, pode-se notar que
os volumes de chuva foram inferiores que os valores de evaporação, isso mostra um certo
desequilíbrio hidrológico. Com isso, fica evidente que são necessárias algumas medidas
para que o reservatório continue com uma constância em seu volume, tendo em vista que
a vazão de retirada do reservatório se mantém constante o ano todo.
CONCLUSÃO

Contudo, pode-se concluir que, na região do reservatório de Tremedal/BA, as


chuvas não têm uma boa distribuição durante o ano, apresentando uma maior
concentração de chuvas nos meses de novembro a fevereiro, e com isso, ocorrem certas
variações no volume de água disponível no reservatório.

Desse modo, nos meses mais secos, ou seja, com menores índices pluviométricos,
como o reservatório tem uma grande dependência de abastecimento, pode ocorrer uma
inversão de valores, pois a vazão de entrada não consegue ser suficiente para atender a
demanda de retirada. Com isso, na análise dos cálculos do balanço hídrico houve
divergências, o que se pode dar a entender que a demanda da região foi maior que a
entrada de água, o que em longo prazo, não é saudável para o nível do reservatório.
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

ANA, Agência Nacional de águas e Saneamento Básico. SAR, Sistema de


Acompanhamento de Reservatórios - Dados Históricos, 2022. Disponível em:
https://www.ana.gov.br/sar0/Medicao?dropDownListEstados=6&dropDownListReser
vatorios=12468&dataInicial=01%2F01%2F2021&dataFinal=31%2F12%2F2021&butt
on=Buscar. Acesso em 10 out. 2022.

MELO, Marília Carvalho; JOHNSSAN, Rosa Maria Formiga. O conceito emergente de


segurança hídrica. Sustentare, Três Corações, v. 1, n. 1, p.72-92, 2017.

Disponível em: http://periodicos.unincor.br/index.php/sustentare/article/view /4325/0.


Acesso em 10 out. 2022.

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