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ARISTÓTELES
Curso Online
Filosofia 360°
Prof. Dr. Mateus Salvadori
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ARISTÓTELES
. O termo meta�sica (= o que está além da �sica) foi cunhado pelos peripaté�-
cos ou nasceu por ocasião da edição das obras de Aristóteles realizada por An-
drônico de Rodes no séc. I a.C. Aristóteles usava a expressão “filosofia primei-
ra” ou “teologia” em oposição à “filosofia segunda” ou a “�sica”.
. Divisão da meta�sica:
- etiologia: estudo das causas e dos princípios primeiros ou supremos –
formal, material, eficiente e final;
- ontologia: estudo do ser enquanto ser – 1. “ser em si” (via as 10 categorias),
2. como “ato e potência”; 3. como “acidente”; 4. como “verdadeiro”;
- ousiologia: estudo da substância – a forma informa a matéria e funda o
sínolo, que é o conjunto, o todo;
- teologia: estudo da substância suprassensível / Deus – tempo, movimento e
mundo são eternos. Da causa eterna deriva tudo: motor imóvel, pensamento
de pensamento, ato puro; não é causalidade do �po eficiente, mas do �po
final.
cia de um ser, aquilo que ele é em si mesmo ou aquilo que o define em sua
iden�dade e diferença com relação a todos os outros;
-- 3. causa eficiente ou motriz, isto é, quem fez, aquilo que explica como uma
matéria recebeu uma forma para cons�tuir uma essência (por exemplo, o ato
sexual é a causa eficiente que faz a matéria do óvulo, ao receber o esperma,
adquirir a forma de um novo animal ou de uma criança; o carpinteiro é a causa
eficiente que faz a madeira receber a forma da mesa etc.);
-- 4. a causa final, isto é, a causa que dá o mo�vo, a razão ou a finalidade para
alguma coisa exis�r e ser tal como ela é (por exemplo, o bem comum é a causa
final da polí�ca; a flor é a causa final da transformação da semente em árvore;
o Primeiro Motor Imóvel é a causa final do movimento dos seres naturais etc.).
em potência e ato, cada ser em ato gerando um novo ser em potência, que se
atualiza e gera outro ser em potência. Essa regressão não pode ser infinita
porque uma série de causas que se estende infinitamente nunca vai produzir
um efeito, é impossível atravessar um tempo infinito entre a causa e o efeito.
Então, para que o Universo faça sentido, deve haver um ser em estado de puro
ato, aquele que não possui potência alguma, logo não precisa se atualizar e
não depende de um ser preexistente. Esse ser, a quem se pode chamar Deus,
sempre existiu porque nunca teve um estado de potência, não possui uma
origem e um processo de desenvolvimento. Nessa condição, ele pode dar início
a toda a cadeia de atualizações que culmina na semente proposta inicialmen-
te.
- O argumento se fundamenta na causalidade e na finitude do tempo, as
mesmas premissas do argumento da causa primeira e, de fato, os dois argu-
mentos estão in�mamente ligados. Se a figura de Deus como PRIMEIRO
MOTOR é pensada como princípio da realidade sensível, é porque ele é ATO
PURO. Ele cons�tui assim a CAUSA FINAL do real que tende para ele como a
potência para seu ato, a matéria para sua forma.
. Física:
- A ciência das formas e das essenciais:
-- Hoje, entendemos a �sica como a ciência da natureza entendida no sen�do
de Galileu, ou seja, entendida quan�ta�vamente.
-- Aristóteles entendia a física como a ciência das formas e das essenciais, se
revelando como uma ontologia ou metafísica do sensível.
- A solução da aporia eleá�ca:
-- Diferentemente de Platão, que atribuía escassa cognoscibilidade à realidade
em movimento, Aristóteles estudou de maneira sistemá�ca sua natureza na
Física, enfrentando com decisão e resolvendo a aporia eleá�ca:
--- o movimento não implica, como queria Parmênides, uma passagem do ser
ao não-ser (e, portanto, não implica um absurdo que comporta sua negação),
mas implica a passagem de uma forma de ser para outra forma de ser, do ser
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. Psicologia:
- A psicologia é considerada parte integrante da �sica, pois ela estuda os seres
�sicos enquanto animados. Os seres animados são tais por causa de um prin-
cípio de vida, ou seja, de uma ALMA.
- A alma é uma “forma” (em sen�do ontológico), é a “enteléquia”, isto é, o ato,
a perfeição de um corpo. Todavia, os seres vivos não têm todos as mesmas
funções e, portanto, terão princípios vitais (ou seja, almas) diferentes, confor-
me as funções específicas que lhes são próprias:
-- os vegetais: podem apenas reproduzir-se e crescer; terão a alma vegetativa
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. Matemá�ca:
- Enquanto Platão entendia os entes matemá�cos como subsistentes em si e
por si, ou seja, como realidades substanciais separadas, Aristóteles os consi-
derou como caracterís�cas das realidades sensíveis, separáveis com a mente.
- Os números e as figuras geométricas existiriam em potência nas coisas e, por-
tanto, tem realidade própria, mas em ato subsistem apenas em nossa mente,
por meio da operação da separação-abstração.
2. ÉTICA E POLÍTICA
. Télos:
- A jus�ça é teleológica e honorífica.
- Ex.: flauta, Callie Smar� (1996) e cotas.
- Jus�ça par�cular: distribu�va, corre�va (comuta�va e repara�va) e reciproci-
dade; equidade; igualdade/balança.
. Eudaimonia:
- 3 �pos de vida (prazer, virtude e contempla�va).
- O fim úl�mo e o bem supremo é a eudaimonia (felicidade não é uma emoção,
mas está mais para um estado de plenitude, uma forma de viver plena, voltada
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. Virtude:
- Virtude (aretê): excelência. Ex.: faca: cortar; homem: felicidade. O céu é o
limite, respeitando o limite da natureza; se o desenhista trabalhar na bolsa,
jogará seus talentos no lixo.
- Há dois �pos:
-- Virtude dianoética ou intelectual: teórica (nous, sofia e episteme) e prá�ca
(fronesis: prudência, moderação, sabedoria prá�ca, inteligência prá�ca, razão
prá�ca: meio-termo);
-- Virtude ética: eis alguns exemplos de “vício por deficiência / virtude / vício
por excesso”: Covardia / Coragem / Temeridade; Indiferença / Gen�leza / Iras-
cibilidade; Insensibilidade / Temperança / Liber�nagem; Avareza / Liberalida-
de / Esbanjamento; Vileza / Magnificência / Vulgaridade; Modés�a / Respeito
Próprio / Vaidade; Moleza / Prudência / Ambição; Descrédito Próprio / Veraci-
dade / Orgulho; Rus�cidade / Agudeza de Espírito / Zombaria; Enfado / Amiza-
de / Condescendência; Desavergonhado / Modés�a / Timidez
Malevolência / Justa Indignação / Inveja.
. Akrasia:
- Sócrates (diálogo Protágoras) diz que não é possível a akrasia; Platão (Livro
IV da República) salienta que há sim akrasia, mas pelo menos para a classe dos
filósofos ainda vale a tese de Sócrates; Aristóteles (Livro VII de Ética a Nicôma-
co) defende que a akrasia pode ser evidentemente observada no comporta-
mento humano.
- É possível ensinar a virtude moral? Isso vai depender de como entendemos a
virtude moral. Se a considerarmos um saber, ela poderá ser ensinada. Sócra-
tes: sim, porque a virtude é um saber; Platão (diálogo Mênon): para os filóso-
fos, a virtude é uma ciência e poderá ser ensinada; para os demais, ela é
hábito, prá�ca e exercício e é assim que eles adquirem as virtudes; Aristóteles:
a virtude moral é unicamente adquirida pelo hábito e pela prá�ca, como, por
exemplo, agindo com a�tudes de tolerância eu adquiro a virtude da tolerância;
agindo com atos generosos, eu adquiro a virtude da generosidade.
2.2 É�ca e felicidade (cap. 2 da obra Ética dos maiores mestres através da his-
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. O fim úl�mo:
- Em todas as suas ações, o homem visa alguma finalidade, visa alcançar um
bem. Isto faz toda a pessoa consciente de si e de seu agir; só um desequilibra-
do, como o ébrio, pode fazer ações sem visar algum resultado.
- Há, porém, uma hierarquia de bens.
- Alguns nós os procuramos em vista de obter outros bens, como trabalhar
para ganhar um bom salário para comprar uma casa e viver tranquilamente.
- Numa hierarquia de bens é preciso que haja um bem final que sinte�ze todos
e que será o fim úl�mo e supremo: esse bem é a FELICIDADE.
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de. O paradoxo é que as cidades gregas estão naquele momento em pleno de-
clínio: conquistadas pelos reis da Macedônia, elas vão dar lugar à monarquia
centralizada. Mas nem por isso a tese perde sua força.
cracia é a melhor.
. Sobre o Organon:
- Os seis tratados do Organon incluem:
-- 1) as Categorias, que trata das CATEGORIAS (substância, qualidade, quan�-
dade, relação, ação, paixão, onde, quando, ter e jazer). Ex.: Sócrates (substân-
cia) corre (agir). Não são nem verdadeiras nem falsas; são indefiníveis porque
são universais;
-- 2) Da interpretação, que trata da proposição;
-- 3) Primeiros analíticos, que trata da teoria do silogismo em geral;
-- 4) Segundos analíticos, que trata do silogismo demonstra�vo; aqui temos as
DEFINIÇÕES;
-- 5) Tópicos ou teoria do raciocínio provável;
-- 6) Refutações sofísticas, teoria dos raciocínios especiais u�lizados pelos
sofistas.
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. Da dialé�ca à analí�ca:
- Qual a diferença entre a dialé�ca platônica e a lógica (ou analí�ca) aristotéli-
ca?
-- Em primeiro lugar, a dialé�ca platônica é o exercício direto do pensamento
e da linguagem, um modo de pensar que opera com os conteúdos do pensa-
mento e do discurso. A lógica aristotélica é um instrumento para o exercício do
pensamento e da linguagem: ela oferece os meios para realizar o conhecimen-
to e o discurso.
-- Em segundo lugar, a dialé�ca platônica é uma a�vidade intelectual des�na-
da a trabalhar contrários e contradições para superá-los, chegando à iden�da-
de da essência ou da ideia imutável. Depurando e purificando as opiniões con-
trárias, a dialé�ca platônica chega ao que é verdadeiro para todas as inteligên-
cias. Já a lógica aristotélica oferece procedimentos a serem empregados na-
queles raciocínios que se referem a todas as coisas das quais possamos ter um
conhecimento universal e necessário. Seu ponto de par�da não são opiniões
contrárias, mas princípios, regras e leis necessários e universais do pensamen-
to.
. Retórica:
- Assim como Platão, Aristóteles �nha a firme convicção de que a retórica não
tem a função de ensinar e treinar acerca da verdade ou de valores par�cula-
res. Com efeito, esta função é própria da filosofia, por um lado, e das ciências
e artes par�culares, por outro. O OBJETIVO DA RETÓRICA É, AO CONTRÁRIO,
O DE “PERSUADIR” OU, MAIS EXATAMENTE, O DE DESCOBRIR QUAIS SÃO OS
MODOS E MEIOS PARA PERSUADIR.
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. Poé�ca:
- Platão censurou a arte porque é mimese, imitação das coisas fenomênicas.
- Aristóteles, diferentemente de Platão, não condenou a arte pelo seu caráter
ilusório, e até lhe atribuiu valor “catártico” (purificador). A arte, para Aristóte-
les, é “mimese” da realidade; não é imitação passiva e mecânica, mas imita-
ção cria�va que reproduz as coisas segundo a dimensão do possível e do uni-
versal.
- Aristóteles cita a tragédia, que por meio da piedade e do terror, acaba por
efetuar a purificação de tais paixões. Ele cita que também a música tem esse
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papel. O aspecto catár�co consiste no fato de que ela liberta das paixões, ou
que a sublima pelo prazer esté�co.
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