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1. Identidade
A “sofística antiga” é um termo utilizado pelos filólogos alemães Diels & Kranz
(fins séc. XIX- séc.XX) para os fragmentos de textos cujas fontes se referem a
Protágoras, Górgias, Xeníades, Licofronte, Pródico, Trasímaco, Hípias,
Antifonte, Crítias, até então espalhados em livros de retórica e de literatura.
Consta que o doxógrafo Filostrato (séc. II- III d.C.) escreveu uma “Vida dos
sofistas” narrando fatos da vida dos oradores e filósofos da época do Imperio
Romano, a “segunda sofística”, e relacionando-os com os “primeiros sofistas”.
Os sofistas são também personagens que dialogam com o Sócrates
personagem dos textos platônicos, aí criticados por sua suposta sabedoria e
pelos seus supostos ensinamentos (a virtude).
Os sofistas são considerados filósofos? A diferença de sentido entre “sábio”,
“sofista” e “filósofo” é objeto de polêmica desde a época de Platão e Isócrates,
até os dias atuais.
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2. Contexto político-cultural
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. Os sofistas mostraram que os resultados da filosofia da natureza muitas vezes se
contradiziam mutuamente (monistas X pluralistas, eleatismo X heraclitismo).
Deslocam, portanto, o debate sobre a natureza e o princípio de todas as coisas (a
phýsis e a arkhé) para um debate sobre os valores, a linguagem, o homem, a
educação, a política (igualdade, poder, etc.). Identificam a contraposição entre
natureza e costumes, convenções, leis. Todas os seus debates trazem, portanto,
uma grande contribuição para a História da Filosofia.
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3. Protágoras
- O relativismo
- A antilogia
- A virtude
- O agnosticismo teológico
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. RELATIVISMO/SUBJETIVISMO: a realidade é relativa a cada homem
singular. “O homem é a medida de todas as coisas, das que são pelo que são,
e das que não são, pelo que não são” (DK 80B1; 80a1). Medida equivale a
critério (relativo ao sujeito). Protágoras nega a existência de um critério que
diferencie o verdadeiro do falso, o ser e o não-ser, o justo e o injusto, etc. O
critério é o indivíduo (sua experiência: frio ou não; assim, o bem pode ser mal e,
o mal, bem), ser é aparecer a mim.
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. A VIRTUDE como habilidade: a excelência está na astúcia (eubolía), na
habilidade no falar diante dos tribunais e assembleias principalmente. A virtude
pode ser ensinada como habilidade. (Platão, Protágoras 318e ou D.K. 80 a 5).
Tudo o que se diz é igualmente verdadeiro (frag.2) mas, nem sempre
igualmente persuasivo, daí cabe ao mestre “tornar melhor o pior discurso”
(frag.6), ensinando ao discípulo a “procurar a expressão mais persuasiva desta
verdade” (Capizzi), uma maior eficácia em gerar aparência verdadeira na alma
do ouvinte.
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. AGNOSTICISMO TEOLÓGICO: sobre os deuses, nada se pode conhecer.
“Sobre os deuses, não tenho possibilidade de afirmar nem que são, nem que
não são” (frag.4).
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4. Górgias
Pensar não é apreender o ser. Assim, também, a palavra não pode significar, de
modo verdadeiro, seja o ser, seja uma coisa que seja diferente dela própria, o
não-ser. Então como exprimir o que você escuta ou vê? O ser é inexprimível.
Ex: a palavra ‘um’ não expressa o ser do um; e o ‘um’ não expressa o dois.
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. Crítica posterior: A contraposição do Sócrates platônico a Górgias é: pensar é
diferente de ser e de também de dizer, que, por sua vez, é diferente de dizer a
verdade]. (Cf. Reale, 1993, v.1., p.211...; Guthrie, 1995, p.185...)
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. A RETÓRICA: se não há verdade absoluta nem relativa, se a palavra não está
ligada a conhecimento, deve-se explorar os seus efeitos, o seu poder sobre os
outros, sua capacidade de levar ao sucesso o agente, o seu uso político (nos
tribunais, no conselho na assembleia). A palavra cria sentimentos, ilusões,
enganos, e isso é elogiado por Górgias como sabedoria. É útil o que é
prazeroso, e não necessariamente o que é benéfico. A retórica é a arte da
persuasão e do discurso (lógos), do convencimento, pela persuasão, para
Górgias. [Opõe-se ao Sócrates platônico: formação das almas].
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Referências Bibliográficas
ADORNO, Sócrates. Lisboa: Edições 70, 198_.
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