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Resumo de Filosofia Antiga

A FILOSOFIA NO PERÍODO SOFÍSTICO-SOCRÁTICO

Os Sofistas

O sentido negativo do termo “sofista”

 O termo “sofista” vem de “sophos”, que significa sábio, sabedor, amigo


do saber. Originariamente este termo estava reservado àqueles que
possuíam um saber raro e excecional. Os sofistas eram tidos por sábios
que ensinavam, eram muito considerados e tratados como autênticas
personalidades. Pagavam-lhes bem e rendiam-lhes honras.

 Porém, os sofistas adquirem, no séc. V, uma conotação muito negativa


(note-se que “sofista” significa também o cultivo da aparência, da
sofisticação) aplicando-se o termo a todos os que têm como “profissão”
a transmissão do saber, do conhecimento, mas sem critérios, sem
valores de fundo e cobrando um salário por essa tarefa.

 Pretendem fazer dos seus discípulos pessoas de sucesso na vida, nos


negócios, nos tribunais, na administração, sem outras referências para
além da eficácia, do lucro, da riqueza e ostentação social, a qualquer
preço!.

 Os sofistas apresentam-se publicamente como “instrutores ou


professores” ambulantes, conferencistas, enciclopedistas. Assumem-se
como cidadãos cosmopolitas, que se propunham ensinar todas as
disciplinas e matérias, desde as questões da moral, ao direito, à
economia, à política, à retórica... Assumiam-se, assim, como educadores
da juventude e das classes desejosas de adquirir estatuto na vida
pública, ou que quisessem alargar o seu horizonte cultural e intelectual.
Estes "agentes culturais" recolhem assim fama e dinheiro.

Protágoras (480-410 a.C.)

 Foi um dos mais notáveis sofistas. Ficou célebre a sua máxima: "O homem é a
medida de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não enquanto
não são". Esta afirmação pretende garantir que a verdade depende sempre do
indivíduo que a diz; a interioridade e a subjetividade do homem constituem a
base do conhecimento das coisas.
 À primeira vista, este princípio parece estar muito próximo das exigências de
Sócrates, quando ele apontava para a necessidade do autoconhecimento como
garantia da verdade. De facto, Sócrates pugnava pelo exame da nossa natureza
e das nossas ideias, confiava na possibilidade do nosso conhecimento e na
verdade e salienta a relação entre os nossos conhecimentos e as coisas, a nossa
interioridade e o mundo exterior.

 Porém, há uma enorme diferença entre Sócrates e Protágoras; este filósofo


afirma apenas o relativismo: o homem que ele identifica não é o humano como
"natureza" dotada de razão comum a todos e constante, muito menos aponta
para o esquadrinhamento da nossa alma como sede da racionalidade, da
consciência moral com os seus valores persistentes, mas tão só para o
indivíduo, enquanto ele é percorrido pela variedade dos seus estados
subjetivos, feitos de impressões, sensações, inclinações, de afeções singulares.

 Por isso, Protágoras pode concluir que "a verdade é aquilo que parece a cada
um"; a mesma coisa pode ser branca para mim e preta para ti…Nesta mesma
linha afirma que "sobre a mesma coisa há dois discursos em oposição um com
o outro"; o seu método das antologias permite defender o ponto de vista mais
“oportuno” sobre uma mesma realidade.

 O relativismo protagoreano também se estende a uma forma de agnosticismo


no domínio da religião: "acerca dos deuses, nada posso saber; muitas coisas o
impedem, sobretudo a obscuridade da questão e a brevidade da vida humana".

Górgias de Leôncio

 Quanto ao pensamento, Górgias leva às últimas consequências tanto o


relativismo do conhecimento como a habilidade retórica. A conclusão é o mais
radical nihilismo.

A tríplice negação:

 Nada existe: nem o não-ser nem o ser

O não-ser não é, pois se o não-ser fosse, seria e não seria ao mesmo tempo.
Tão pouco o ser existe, pois se existisse, seria eterno ou gerado, ou eterno e
gerado ao mesmo tempo. Mas não é eterno nem gerado nem as duas coisas.
Não pôde ser gerado, como foi demonstrado pelos eleatas, nem pode ser
eterno, porque o eterno é infinito e o infinito não pode estar em nenhum lugar;
portanto, não existe.

 Se algo existisse não poderia ser conhecido


Quer dizer, não poderia ser pensado, dado que o pensamento e a realidade são
totalmente heterogéneos. Aquele é estável e duradoiro, esta é fugidia e fluida;
além disso o nosso pensamento pode representar objetos impossíveis de
realização (de realidade inviável, como ficções, quimeras, sonhos sem nenhuma
consistência…). Logo, as nossas ideias não nos garantem um conhecimento
seguro.

 Mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado

A palavra somente comunica enquanto se comunica a si mesma, e nunca o


conteúdo real ou representado, ou seja, o conteúdo do pensamento. A palavra
não é a coisa, a coisa não é a palavra, do mesmo que o visível não se pode
tornar audível nem vice-versa. Logo, a linguagem, as palavras/significantes
nunca são confiáveis instrumentos para expressar as nossas vivências,
conhecimentos, perceções e convicções.

SÓCRATES

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