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Dicionário de Filosofia

“A Posteriori” - Aquilo que é estabelecido e afirmado em virtude da experiência.


 
“A Priori” - Independente da experiência sensível
 
Absoluto - O que não comporta nenhuma limitação, restrição ou dependência. O contrário de
relativo.
 
Abstração - Operação pela qual o espírito separa mentalmente coisas de fato inseparáveis.
 
Abstrato - O que resulta de uma abstração. O contrário de concreto.
 
Acidente - O que pode ser modificado ou suprimido sem que a coisa em que existe mude de
natureza ou desapareça.

Aforismo deriva de aforizo, delimitar, separar, distinguir. Delimitar para provocar o advento do que é
sem limites. Aforismo e horizonte procedem do mesmo verbo, ambos circunscrevem o campo do
visível, ambos se movimentam com os que se movimentam. (SCHÜLLER, Donald. Heráclito e seu
[Dis]curso). 

Análise - Operação pela qual o espírito vai do composto ao simples, do todo para suas partes
componentes.
 
Analogia - Argumentação pela semelhança, segundo a qual, do fato de um atributo convir a
um sujeito, se deduz a sua conveniência com um sujeito semelhante.
 
Antropocentrismo - Doutrina que coloca o homem no centro do universo e medida de todas
as coisas.
 
Antropomorfismo - Doutrina que representa todos os seres tomando por modelo a natureza
humana.
 
Argumento - É a expressão verbal de um raciocínio.
 
Automatismo - Movimento que escapa à direção dos centros superiores. Atividade psíquica
inconsciente.
 
Axiologia - Teoria dos valores em geral, especialmente dos valores morais (do grego “axios”:
valioso, desejável, estimado)
 
Axioma - Verdade que não se precisa demonstrar, por ser evidente por si mesma.
 
Belo - No sentido objetivo, é o esplendor do ser. No sentido subjetivo, é aquilo cuja
contemplação causa prazer.
 
Bem - Aquilo que possui um valor moral positivo, constituindo o objeto ou o fim da ação
humana.
 
Ceticismo - Concepção filosófica segundo a qual o conhecimento certo e definitivo sobre
algo pode ser buscado, mas não atingido.
 
Ciência - Objetivamente, é um conjunto de verdades certas, logicamente encadeadas entre si,
de modo a fornecer um sistema coerente. Subjetivamente, é um conhecimento certo das coisas
por suas causas ou por seus princípios.
 
Conceito - Representação intelectual de um objeto. O mesmo que idéia ou noção.
 
Concreto - Aquilo que é efetivamente real ou determinado.
 
Conhecimento - Apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados,
tendo em vista dominá-los e utilizá-los.
 
Conotação - Significado segundo, figurado, às vezes subjetivo, dependente de experiência
pessoal de um signo.
 
Consciência - Em moral, é a faculdade que o homem tem de julgar o valor moral dos seus
atos.
 
Contradição - Ato de afirmar e de negar, ao mesmo tempo, uma mesma coisa.  
 
Cosmo - Designa o mundo enquanto ele é ordenado e se opõe ao caos: mundo considerado
como um todo organizado, como uma ordem hierarquizada e harmoniosa.
 
Cosmogonia - Teoria sobre a origem do universo geralmente fundada em lendas ou em mitos
e ligada a uma metafísica.
 
Cosmologia - Parte da filosofia que tem por objeto o estudo do mundo exterior, isto é, da
essência da matéria e da vida.
 
Crítica - Atitude que consiste em separar o que é verdadeiro do que é falso, o que é legítimo
do que é ilegítimo, o que é certo do que é verossímil.
 
Dedução - Raciocínio que nos permite tirar de uma ou várias proposições uma conclusão que
delas decorre logicamente.
 
Definição - Do latim definitione. Definir, segundo a lógica formal, é dizer o que a coisa é,
com base no gênero próximo e na diferença específica.
 
Denotação - Significado primeiro e imediato de um signo (palavra, imagem etc.). Ver
conotação.
 
Dever - Necessidade de realizar uma ação por respeito à lei civil ou moral.
 
Devir - Transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constróem e se
dissolvem noutras coisas através do tempo.
 
Dialética - Arte de discutir; tensão entre os opostos.
 
Disciplina - a raiz latina dessa palavra significa aprender. Uma mente disciplinada é uma
mente capaz de aprender, que é oposto de uma mente capaz de amoldar-se. (KRISHNAMURTI,
J. Sobre a Aprendizagem e o Conhecimento, p. 35.)
 
Dogma - Em filosofia, doutrina ou opinião filosófica transmitida de modo impositivo e sem
contestação por uma escola ou corrente filosófica. Em religião, doutrina religiosa fundada
numa verdade revelada e que exige o acatamento e a aceitação dos fiéis. No catolicismo, o
dogma possui duas fontes: as Escrituras e a autoridade da Igreja.
 
Dogmatismo - Doutrina dos que pretendem basear seus postulados apenas na autoridade, sem
admitir crítica nem discussão.
 
Doutrina - Conjunto de princípios, de idéias, que servem de base a um sistema religioso,
político, filosófico ou científico. 
 
Doxa - Em grego significa opinião, juízo, ponto de vista, crença filosófica e também a fama, a
glória humana.
 
Dúvida - Estado da mente em que não há assentimento firme sobre um juízo, por que se teme
ser falso.
 
Dúvida Hiperbólica - Método de conhecimento que tem por objetivo descobrir a verdade
(Descartes).
 
Educação - Consiste em transmitir normas de comportamento técnico-científica (instrução) e
moral (formação do caráter) que podem ser compartilhadas por todos os membros da
sociedade. (ARANGUREN, J. L. Comunicação Humana,  p. 144.)
 
Empirismo - Caráter comum dos sistemas filosóficos que consideram a experiência como
único critério de verdade.
 
Epifenômeno - Concepção que faz da consciência um fenômeno acessório e secundário, um
simples reflexo, sem influência sobre os fatos de pensamento e conduta.
 
Epistemologia -  (episteme, “ciência”): estudo do conhecimento científico do ponto de vista
crítico, isto é, do seu valor; crítica da ciência; teoria do conhecimento. Estudo da natureza e
dos fundamentos do saber, particularmente de sua validade, de seus limites, de suas condições
de produção. (LAVILLE, Chistian. A Construção do Saber)
 
Erro - É o conhecimento que não reflete fielmente a realidade e por isso mesmo não
corresponde à realidade.
 
Escatologia - Doutrina que diz respeito aos fins últimos da humanidade, da natureza ou do
indivíduo depois da morte.
 
Escolástica - Escola filosófica da Idade Média, cujo principal representante é Santo Tomás de
Aquino. No sentido pejorativo, que decorre da escolástica decadente, o termo escolástico se
refere a todo pensamento formal, verbal, estagnado nos quadros tradicionais.
 
Esotérico - Todo o ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes. Saber
secreto. Em oposição, exotérico é o saber público, aberto a todos.
 
Espaço e tempo  - Espaço é meio de coexistência, enquanto tempo é o meio da sucessão.
(SANTOS, M. F. dos. Filosofia e Cosmovisão, p. 66.)
 
Especulação - Criação do saber apenas pelo exercício do pensamento, geralmente sem
qualquer outro objetivo que o próprio conhecimento.. (LAVILLE, Chistian. A Construção do
Saber)
 
Essência - Aquilo que a coisa é ou que faz dela aquilo que ela é.
 
Eternidade - Caráter do ser subtraído à mudança e ao tempo. Posse indivisível, perfeita e
simultânea de uma vida sem fim.
 
Ética - Parte da Filosofia que se ocupa com o valor do comportamento humano. Investiga o
sentido que o homem imprime à sua conduta para ser verdadeiramente feliz.
 
Ética e Moral - Curiosamente, a palavra "ética" é, hoje em dia, bem aceita nos discursos,
enquanto o termo "moral" é rejeitado em nome de uma conotação vagamente religiosa ou
bem-pensante. No entanto, trata-se de dois sinônimos, derivados um do grego e o outro do
latim, evocando a arte de escolher um comportamento, distinguir o bem do mal. (JACQUARD,
A.  Filosofia para não Filósofos, p. 37.)
 
Evidente - Aquilo que se impõe a nós de modo direto e imediato.
 
Existência - O fato de a coisa estar aí, sem necessidade, de modo contingente
(existencialismo).
 
Existencialismo - Conjunto de doutrinas que se opõem ao racionalismo e ao idealismo e que
admitem que o objeto próprio da filosofia é a realidade existencial, isto é, existência concreta
e vivida, e que o único meio que possuímos para entrar em contato com ela consiste no
sentimento ou emoção.
 
Explicar, vem de ex-plicare, verbo latino que significa desembrulhar. Plicare, fazer pregas,
rugas, explicare, desenrugar, desfazer, por exemplo, um pacote. (SANTOS, M. F. dos. Filosofia e
Cosmovisão,  p. 20.). Plica em latim significa dobra. Ex-plicare significa desdobrar, ou seja,
abrir as dobras. Explicação, isto é, explicar uma coisa significa reproduzir discursivamente, na
mente e no discurso, o desdobramento de uma determinada coisa.(CIRNE-LIMA, C.
Dialética para Principiantes) 
 
Facticidade - Caráter do que existe como puro fato.
 
Fato social - São todas as formas de associações e as maneiras de agir, sentir e pensar,
padronizadas e socialmente sancionadas.
 
Fenômeno - Aquilo que se oferece à observação intelectual, isto é, à observação pura
 
Fenomenologia - No sentido geral, é o estudo descritivo de um conjunto de fenômenos tais
como se manifestam no tempo ou no espaço, em oposição às leis abstratas e fixas desses.
 
Fideísmo - Doutrina segundo a qual as verdades fundamentais da ordem especulativa ou da
ordem prática não devem ser justificadas pela razão, mas simplesmente aceitas como objeto
de pura crença.
 
Filosofia - Sistema de conhecimentos naturais, metodicamente adquiridos e ordenados que
tende a explicar todas as coisas por seus primeiros princípios e suas razões fundamentais.
 
Fim - Via de regra, na terminologia filosófica, este vocábulo não designa o mero termo, ou
seja, o último de uma série, mas sim “aquilo pelo qual (id, propter quod) alguma coisa existe
ou se faz (fit).
 
Gnose - Conhecimento esotérico e perfeito das coisas divinas pela qual se pretende explicar o
sentido profundo de todas as religiões.
 
Gnoseologia - Teoria do conhecimento que tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o
valor e os limites da faculdade de conhecer.
 
Hermenêutica - Parte da crítica histórica que consiste em decifrar, traduzir e interpretar os
textos antigos.
 
Heterodoxia - Crença contrária aos princípios aceitos na época.
 
Heurístico - Aquilo que se refere à descoberta e serve de idéia diretriz numa pesquisa. Um
método é heurístico quando leva o aluno a descobrir aquilo que se pretende que ele aprenda.
 
Ideal - O que se concebe como um tipo perfeito.
 
Idealismo - Caráter geral dos sistemas filosóficos que negam a objetividade do conhecimento
e reduzem o ser ao pensamento.
 
Idéia - Representação intelectual de um objeto.
 
Imagem - Representação sensível de um objeto.
 
Imaginação - Faculdade de representar ou de combinar imagens.
 
Imanente - O que está contido na natureza de um ser.
 
Inato - Tudo aquilo que existe num ser desde seu surgimento e que pertence à sua natureza.
opõe-se a adquirido, aprendido.
 
Indeterminismo - Doutrina segundo a qual o homem é dotado de livre-arbítrio.
 
Indução - Raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular ao
universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis.
 
Instinto - Atividade automática, existente sobretudo no animal, caracterizada por um
conjunto de reações bem determinadas hereditárias, específicas, idênticas na espécie. Não
confundir com intuição.
 
Introduzir é, em primeiro lugar, inquietar, por em questão, no duplo sentido desta expressão:
formular a questão e perguntar pelo seu sentido, isto é, descobrir a sua origem. É iniciar, isto
é, tomar o caminho da indagação e comunicar em primeiro lugar a necessidade da própria
indagação. (DELEULE, D. La Psicologia, Mito Cientifico)
 
Intuição - Forma de conhecimento que permite à mente captar algo de modo direto e
imediato.
 
Inútil - Significa o que não tem um fim noutro, ou seja, não tem fim algum, ou tem um fim
em si mesmo.

Inveja - Invejar vem do latim (invidere) e significa não ver. Trata-se portanto de uma negação da
visão da Bondade, Beleza e Verdade. Negamos o que é bom para nós e do que dependemos para
sermos felizes e nos realizarmos. Devido à inveja, negamos as virtudes e qualidades dos outros o
que reverte em nosso próprio prejuízo. Quando negamos nossas agressões e erros, criando mais
obstáculos com os quais procuramos brecar o desenvolvimento. (CHAMADOIRA, L. C. Netto.[et al.] A
Educação Integral pela Trilogia Analítica)

Irmão/Fraternidade - A palavra "irmão" deriva de uma palavra latina que não fazia qualquer alusão a
um vínculo de parentesco. Frater  designava qualquer membro de espécie humana, da "família
humana". (JACQUARD, A. Filosofia para não Filósofos, p.47.)

Juízo - Faculdade ou ato de julgar, de afirmar relações de conveniência ou desconveniências


entre duas idéias.
 
Justiça - No sentido restrito, é a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si
próprio e aos outros, segundo a igualdade; no sentido moral, significa o respeito que há em
cada um de dar a cada um o que é seu.
 
Lei - Relação necessária entre dois acontecimentos. Lei científica: aquela que estabelece entre
os fatos relações mensuráveis, universais e necessárias, autorizando a previsão.
 
Lei Moral - Compreende o conjunto de normas éticas resultantes da situação do homem na
realidade e que, anteriormente a toda estipulação ou convenção, obrigam fundamentalmente a
todos os homens.
 
Lei Natural - Em sentido filosófico, é uma ordenação para determinada atividade insita nas
coisas naturais. Recebe o nome de lei, porque por meio desta disposição foi dada aos seres da
natureza uma necessidade para operar, necessidade diversa, segundo a natureza da coisa: é
diferente no domínio inorgânico, no orgânico e no humano-espiritual. Neste último domínio,
lei natural eqüivale a lei moral natural; sua necessidade consiste no dever da obrigação.
 
Liberalismo - Doutrina que preconiza a liberdade política ou a liberdade de consciência.
 
Liberdade - Capacidade de poder agir por si mesmo, com autodeterminação,
independentemente de toda a coerção exterior.
 
Livre-Arbítrio quer dizer juízo livre. É a capacidade de escolha pela vontade humana entre o
bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos.
 
Lógica - Ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-los corretamente na pesquisa
e na demonstração da verdade.
 
Logos - Designa muitas coisas. Homero emprega o verbo lego, da mesma raiz de logos, para
o processo de recolher alimentos, armas e ossos, para reunir homens. Cada uma dessas
operações implica comportamento criterioso; não se reúnem armas, por exemplo, sem as
distinguir de outros objetos. Concomitantemente, logos significa uma reunião de coisas sob
determinado critério. Armas misturadas com ossos sem critério algum não formariam logos,
provocariam sentimento de desordem, caos. Logos corresponde, portanto, ao com-um, não de
palavras apenas mas também de seres.(SCHÜLER, D. Heráclito e seu (Dis)curso, p.17.) Fala-se
também em discurso, verbo.
 
Maiêutica - Método socrático de interrogação, como a parteira dá à luz os corpos, procura
“dar à luz” os espíritos para levar seus interlocutores a descobrirem a verdade que eles trazem
em si sem o saber. Por extensão, método pedagógico que permite ao mestre apenas dirigir a
pesquisa do aluno, este devendo encontrar a verdade por sua própria reflexão.
 
Marxismo - Teoria econômica, social, política e filosófica elaborada por Karl Marx e
Friedrich Engels, utilizada ao mesmo tempo como método de análise dos fenômenos sociais e
como princípios de uma prática revolucionária.
 
Materialismo - Doutrina segundo a qual toda a realidade, inclusive a espiritual, se reduz à
matéria e suas modificações.
 
Materialismo Dialético - O materialismo dialético é a união do materialismo clássico com a
dialética de Hegel, e representa o núcleo filosófico do marxismo.
 
Metafísica - Parte da filosofia que procura os princípios e as causas primeiras e que estuda o
ser enquanto ser.
 
Método - Derivado do grego methodos, formado por meta, "para", e hodos, "caminho".
Poder-se-ia, então, traduzir a palavra por "caminho para" ou, então, "prosseguimento",
"pesquisa".
 
Misticismo - Crença numa ordem de realidades sobrenaturais e na possibilidade de uma união
íntima e direta com Deus.
 
Mito - Relato fabuloso contando uma história que serve ao mesmo tempo de origem e
justificação de um grupo social.
 
Monismo - Teoria segundo a qual a realidade é formada de uma única substância, pois só
existe um princípio fundamental, seja a matéria, seja o espírito.
 
Monoideísmo - Estado patológico, caracterizado pela tendência de uma pessoa retornar
sempre em seu pensamento e em sua palavra a um só tema, uma idéia fixa, que é
propriamente a monomania.
 
Moral - Conjunto de costumes e juízos morais de um indivíduo ou de uma sociedade; teoria
que visa orientar a ação humana submetida ao dever e com vistas ao bem; conjunto de normas
livre e conscientemente aceitas que visam organizar as relações dos indivíduos na sociedade.
 
Moralismo - Apego excessivo à letra das regras morais em detrimento de seu espírito.
Atitude prática que consente em cultivar apenas a perfeição moral sem se preocupar com o
bem a ser realizado.
 
Mundividência - É a compreensão global da essência, origem, valor, sentido e finalidade do
mundo e da vida humana. O mesmo que cosmovisão (concepção de universo).
 
Necessidade - Necessário é o que não se pode ser de outra maneira ou aquilo cuja
contraditória é impossível.
 
Niilismo - É a doutrina que admite que o nada, além de ser, ou de haver, é capaz de ser
pensado.
 
Númeno - De acordo com Kant, guarda relação com o verbo pensar, mas de fato, aparece
mais equivalente a pensado, como oposto a percebido pelos sentidos.
 
Objetivo - O que existe fora do espírito e independente do conhecimento do sujeito. O
contrário de subjetivo.
 
Objeto - Aquilo sobre que incide o conhecimento ou recai a ação. Oposto ao sujeito que é o
que exerce a ação ou o conhecimento.
 
Ontologia - Parte da Filosofia que se ocupa do ser enquanto ser, ou seja, do ser concebido na
sua totalidade e na sua universalidade.
 
Opinião - Juízo que adotamos sem termos a certeza de sua verdade.
 
Ortodoxia - Posição a favor das crenças vigentes.
 
Paidéia ou educação do homem para a filosofia e conseqüentemente para a política.(BUZZI,
A. R. Introdução ao Pensar, p. 46.)
 
Palingenesia - (Do grego palin, outra vez, e genesis, nascimento). Literalmente, é o novo
nascimento ou regeneração; na Teologia religiosa, é o renascimento das idéias de uma
doutrina esquecida, ou a nova vida dos indivíduos.
 
Panteísmo - (Do grego pan, tudo, e Theos, Deus = tudo é Deus). Doutrina que afirma que o
cosmo nada mais é que a manifestação do próprio Deus.
 
Paradoxo - (Do grego para e doxa, opinião). Estado de coisas (ou declaração que se faça
sobre elas), que aparentemente implica alguma contradição, pois uma análise mais profunda
faz desvanecê-la.
 
Pensar, na significação etimológica do termo, quer dizer sopesar, por na balança para avaliar
o peso de alguma coisa, ponderar. (BUZZI, A. R. Introdução ao Pensar, p.11.)
 
Percepção - É a apreensão sensorial global de um complexo de dados sensíveis.
 
Personalidade  - Caráter do ser que tem consciência de ser portador de si mesmo, que tem
consciência de sua individualidade e de seu papel.
 
Política - Do grego politikós (polis) que significa tudo o que diz respeito à cidade.
 
Potência pode ser conceituada de duas maneiras: 1) potência é o poder que uma coisa tem de
provocar uma mudança noutra coisa; 2) potência é a potencialidade existente numa coisa de
passar a outro estado. Esta 2.ª Aristóteles considera a mais importante pela sua metafísica.
(MORA, J. F. Dicionário de Filosofia)
 
Pragmatismo - Sistema filosófico de William James, que subordina a verdade à utilidade e
reconhece a primazia da ação sobre o pensamento.
 
Práxis - Os gregos chamavam práxis à ação de levar a cabo alguma coisa; também serve para
designar a ação moral; significa ainda o conjunto de ações que o homem pode realizar e, neste
sentido, a práxis se contrapõe à teoria. No marxismo significa união dialética da teoria e da
prática.
 
Preconceito  - Definido aqui como um julgamento prévio rígido e negativo sobre um
indivíduo ou grupo, o conceito deriva do latim prejudicium, que designa um julgamento ou
decisão anterior, um precedente ou um prejuízo. As anotações básicas incluem inclinação,
parcialidade, predisposição, prevenção.
 
Princípio - É aquilo, donde, de algum modo, uma coisa procede quanto ao ser, ao acontecer
ou ao conhecer.

Problema - Vem das palavras gregas pro (na frente) e ballein (jogar). Problema: jogar na frente.
(LAVILLE, Chistian. A Construção do Saber). Nem toda a questão se denomina problema, mas tão-só
aquele que, por causa da dificuldade que lhe é intrínseca, não logra ser resolvida sem especial
esforço.

Problema X problemática - Problemática é o quadro no qual se situa o problema e não o próprio


problema. (LAVILLE, Chistian. A Construção do Saber)

Raciocínio - É aquela atividade mental, mercê da qual, da afirmação de uma ou mais


proposições passamos a afirmar uma outra, em virtude da intelecção de sua conexão
necessária.
 
Racional - Pelo termo “racional” (do latim ratio: razão, designamos em geral o modo
especificamente humano do conhecimento conceptual-discursivo. 
 
Racionalismo - Doutrina filosófica moderna (séc. XVII) que admite a razão como única fonte
de conhecimento válido; a superestima do poder da razão. Principais representantes:
Descartes, Leibniz. Doutrina oposta ao empirismo.
 
Realidade - Na hodierna terminologia filosófica, o termo “real” designa, via de regra, o ente,
o que existe em oposição tanto ao que é apenas aparente quanto ao que é puramente possível.
 
Reflexão - Em sentido lato e pouco rigoroso, reflexão significa meditação comparativa  e
examinadora contraposta à percepção simples ou aos juízos primeiros e espontâneos sobre um
objeto. No sentido ontológico, mais preciso e profundo, significa, ao mesmo tempo, uma volta
do espírito à sua essência mais íntima. Esta volta (reflexio = re-flexão) é o sentido próprio do
vocábulo.

Salvação é um transcender, um não limitar-se a "este mundo", um ir além dele, fora dele, ou nele, por
sua superação. (SANTOS, M. F. dos. Filosofia e Cosmovisão, p.26.)

Sensação - Significa, na linguagem corrente, qualquer vivência imediata.


 
Ser - designa aquela perfeição, pela qual alguma coisa é um ente.
 
Síntese - Significa etimologicamente “composição”. Em linguagem filosófica, síntese designa
a união de vários conteúdos cognoscitivos num produto global de conhecimento, união que
constitui uma das mais importantes funções da consciência.
 
Sistema - É a multiplicidade de conhecimentos articulados segundo uma idéia de totalidade.
 
Socialismo - Nome genérico das doutrinas que pretendem substituir o capitalismo por um
sistema planificado que conduza a resultados mais eqüitativos e mais favoráveis ao pleno
desenvolvimento do ser humano. Designação das correntes e  movimentos políticos da classe
operária que visam a propriedade coletiva dos meios de produção. O socialismo utópico
(Saint Simon, Fourier, Proudhon etc.) foi criticado pelo socialismo científico (Marx e Engels).
Para Marx, o socialismo é a primeira fase revolucionária após a destruição do Estado burguês
e supõe ainda a existência de um aparelho estatal; após esta fase, deveria surgir o comunismo
propriamente dito.
 
Sociologia - É a ciência da sociedade. Vem de societas (sociedade) e logos (estudo, ciência).
É a ciência que estuda as estruturas sociais e as leis de seu desenvolvimento. Implica na
análise do “fato social”.
 
Sócrates significa força (krátos) que salva (sôs). (BUZZI, A. R. Introdução ao Pensar, p. 41.)
 
Sofisma - É um raciocínio falso que se apresenta com aparência de verdadeiro.
 
Substância - Etimologicamente, é “que está debaixo” ou o que permanece debaixo das
aparências ou dos fenômenos. Substância é o que tem seu ser, não em outro, mas em si ou por
si. O contrário de acidente.
 
Sujeito - (Do latim subiectum = que está por debaixo) significa etimologicamente “o que foi
posto debaixo”, “o que se encontra na base”. Ontologicamente, denota essencialmente uma
relação a outra realidade que “descanse sobre ele”, que é “sustida” por ele.
 
Teleologia - Teoria dos fins. Doutrina segundo a qual o mundo é um sistema de relações entre
meios e fins.

Tema [em francês, sujet, "sujeito"] indica que estamos em presença de um enunciado que determina
para o pensamento uma situação - momentânea e provisória, certamente - de sujeição ao que se nos
impõe quando fazemos um exercício. Paradoxalmente, o tema de dissertação deve aqui ser
considerado como um "Mestre" ao qual no submetemos. (FOLSCHEID, Dominique e
WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica, p.172.)
Tempo é meio da sucessão. "É o período que vai de um acontecimento anterior a um acontecimento
posterior". "Uma mudança contínua (geralmente considerada como contínua), pela qual o presente se
torna passado". (SANTOS, M. F. dos. Filosofia e Cosmovisão, p. 66.)

Teologia - É a ciência que tem Deus por objeto.

Teomania - designa a atitude que o ser humano adota de querer ser Deus, devido à inveja.
Etimologicamente significa mania de querer ser um deus, desejando ser criador e dono da verdade,
ao invés de simples ser criado e submisso a Ele. (CHAMADOIRA, L. C. Netto.[et al.] A Educação
Integral pela Trilogia Analítica)

Teoria - O vocábulo “teoria” é usado, as mais das vezes em oposição a prática, significando
neste caso, o conhecimento puro, a pura consideração contemplativa; ao passo que prática
designa qualquer espécie de atividade fora do conhecimento, especialmente a atividade
dirigida ao exterior.
 
Totalidade - Falamos de totalidade, quando muitas partes de tal modo estão ordenadas que,
reunidas, formam uma unidade (o todo).
 
Transcendente - Em Kant, os princípios do entendimento puro além dos limites da
experiência.
 
Universalismo - é a visão do todo, da grandeza e vastidão cósmica, da universalidade, oposta
à limitação míope e mesquinha a valores parciais ou a interesses particulares.
 
Útil - Significa tudo aquilo que tem um fim noutro e não em si mesmo.
 
Utopia - (U-topos, “nenhum lugar”): que não existe em nenhum lugar; descrição de uma
sociedade ideal; refere-se a um ideal de vida proposto. No sentido pejorativo, refere-se a um
ideal irrealizável.
 
Verdade - Na acepção mais geral designa uma igualdade ou conformidade entre a
inteligência (conhecimento intelectual) e o ser (adaequatio intellectus et rei), e, em sentido
mais elevado, uma completa interpenetração de inteligência e ser.
 
Vício - É o pendor para agir de forma inadequada. É o oposto da virtude.
 
Vida - É o conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e de
reprodução), que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do
nascimento  (ou produção do germe) até a morte.
 
Virtude - Equivale a capacidade, aptidão, e significa a habilidade, facilidade e disposição
para levar a efeito determinadas ações adequadas ao homem.
 
Virtudes Cardeais - São assim denominadas (do latim cardo = gonzo), porque toda a vida
moral gira em torno delas, como a porta em torno dos gonzos (dobradiças). São: prudência,
fortaleza, temperança e justiça.
 
Vivência - É todo fato de consciência, na medida em que seu sujeito se apreende a si mesmo
(de modo reflexo ou não reflexo) como encontrando-se numa determinada situação psíquica.
Dicionário de Latim
Observação: não somos conhecedores do Latim; as frases abaixo foram copiadas do livro de
Paulo Rónai (Não Perca o seu Latim).

Ab aeterno, "Desde a eternidade".

Ab hoc, "Para isso" ou "Para esse fim"; (designado) para executar determinada tarefa: "uma
comissão ad hoc".

Ab ovo, "Desde o ovo", "Desde o princípio".

Ad libitum, "À vontade" ou "A seu bel-prazer".

Ad Valorem, "Conforme o valor". Diz-se da tributação de uma mercadoria pelo valor (e não pelo peso
ou volume). 

A fortiori, "Com tanto mais razão".

Age quod agis, "Faze o que fazes", isto é, aplica-te completamente ao que estás fazendo.  

Agnus Dei, "Cordeiro de Deus". Palavras com que São João Batista acolhe Jesus Cristo, na tradução
latina da Vulgata (João, I, 29;36).

Alibi, "Alhures". Em Direito: ausência no lugar do crime, provada pela sua ausência noutro lugar. Já
considerado palavra vernácula (álibi) por muitos dicionaristas.

Aquila non captat (ou capit) muscas, "A águia não cata (ou pega) moscas", isto é, uma pessoa
importante não se incomoda com minudências.

Audaces (ou Audentes) fortuna juvat, "A sorte ajuda os audazes" (Virgílio, Eneida, Livro X, 284). 

Audi, vide, tace, si vis vivere in pace, "Ouve, vê e cala, se quiseres viver em paz". 

Aut Caesar, aut nihil, "Ou César, ou nada"

Benedicite, "Abençoai".

Brevis esse laboro, obscurus fio, "Esforço-me por ser breve (e) fico obscuro". Palavras com que
Horácio (Arte Poética, 25-26) desaconselha aos escritores lacônicos. 

Caeci sunt oculi, si animus alias res agit, "Os olhos são cegos, se o espírito se ocupa de outras
coisas".

Caput, "Parágrafo", "capítulo".

Ceteris Paribus, "(Ficando) iguais as demais coisas", isto é, "sem que haja modificações de outras
características".

Cogito, ergo sum, "Penso, logo existo". Tradução latina de Je pense, donc je sui, afirmação de René
Descartes...
Conscia mens famae mendacia risit, "A boa consciência ri-se das mentiras da fama", isto é, do que
dela dizem os mentirosos (Ovídio, Fastos, 311).

Consensus omnium, "Consenso de todos", "opinião geral".

Currente calamo, "Ao correr da pena", isto é, sem meditação, improvisadamente. 

Data veniã, "Concedida a vênia"; "Com a devida vênia". Fórmula de cortesia com que se começa
uma argumentação para discordar do interlocutor. 

Dominus vobiscum, "Deus esteja convosco"

Ecce homo, "Eis o homem".

Et cetera, "E as demais coisas".

Ex abrupto, "De improviso"; "Intempestivamente".

Fac simile, "Faze igual". Aportuguezado em "fac-símile", indica reprodução fotográfica de texto
manuscrito, mecanografado ou impresso. 

Finis coronat opus, "(É o) fim (que) coroa a obra".Grosso modo, "De modo grosseiro", isto é,
"aproximadamente". 

Grosso modo, "De modo grosseiro", isto é, "aproximadamente". 

Habeas corpus, "Que tenhas o teu corpo". A expressão completa é habeas corpus ad subjiciendum  

Honoris causa, "Para a honra". Diz-se de título conferido sem exame, à guisa de homenagem:
doutor honoris causa.

In dubio pro reo, "Na dúvida, pelo réu".

In extenso, "Na íntegra".

I.N.R.I., (Jesus Nazarenus Rex Judaeorum)

Jus prima noctis, "O direito da primeira noite". Pretenso direito do suserano de passar a primeira
noite com a esposa do vassalo. 

Latu sensu, "Em sentido amplo".

Libertas quae sera tamen, "Liberdade ainda que tardia".

Magister dixit, "O mestre (o) disse". Frase proverbial entre os antigos, popularizada pelos
comentadores medievais de Aristóteles, para quem a opinião de seu mestre não admitia réplica.

Magna Charta, "A Grande Carta". A mais antiga constituição inglesa, outorgada pelo rei João Sem
Terra aos barões ingleses em 1215. 

Mathesis megiste, "Ensinamento supremo".

Mutatis mutandis, "Mudado o que deve ser mudado".


Natura non facit saltum (ou saltus), "A natureza não dá saltos". Aforismo para enunciar que não
existem, na natureza, espécimes ou gêneros completamente separados, havendo sempre um elo que
os liga.

Natura sarat, medices curat, "O médico trata, a natureza cura".

Ne sutor supra crepidam, "Não (suba) o sapateiro acima da sandália".

Nihil sub sole novum, "(Não há) nada de novo sob o Sol" (Eclesiastes, Prólogo, na tradução latina
da Vulgata).

Non vivas ut edas, sed edas ut vivere possis, "Não vivas para comer, mas come para viver".

Nosce te ipsum, "Conhece-te a ti mesmo". Tradução latina da frase grega inscrita no frontão do
tempo de Apolo em Delfos, atribuída a um dos Sete Sábios da Grécia. 

Nullius in verba, "Não se contente com a palavra de ninguém". (Pensar Direito, Flew, A.)

Oculus domini saginat equum, "O olho do dono engorda o cavalo". Também se usa: "O olho do
dono engorda o porco".

Omnia munda mundis, "Para os castos tudo é casto". 

Opus Dei, "Obra de Deus". Associação internacional de católicos, leigos e padres, fundada em Madri,
em 1928, cujos membros se dedicam a procurar a perfeição cristã dentro de seu estado de vida e no
exercício de sua profissão.

Ora pro nobis, "Reza por nós".

Oratio vultus animi est, "O discurso é o rosto da alma".

Orbis pictus, "Mapa-mundi".

O solitudo, sola beatitudo, "Ó solidão, a única felicidade".

Pacem in terris, "Paz sobre a Terra".

Pari passu, "A passo igual"; "acompanhando lado a lado"; a par; a par e par; par e par.

Pars pro toto, "A parte pelo todo".

Pater Noster, "Padre Nosso", "Pai Nosso".

Pauca, sed bona, "Poucas coisas, mas boas", isto é, a qualidade deve ser superiro à quantidade.

Pro Brasilia fiant eximia, "Pelo Brasil seja feito o melhor".

Quid, "O ponto mais difícil", "o busílis". Em latim, pronome interrogativo cujo sentido é "quê"?

Quid pro quo, "Uma coisa pela outra", "confusão". Aportuguesado em quiproquó.

quod semper, quod ubique, quod ab omnia credita est, "Aquilo que todos, em toda parte, sempre
acreditaram".
Res, non verba, "Fatos, não palavras". Emprega-se para dizer que uma situação exige ação, atos e
não palavras.

Responsio mollis frangit iram, "Uma resposta branda desvia o furor".

Sapienti sat! "Ao sábio, basta!", isto é, "A bom entendedor meia palavra basta".

Sic, "Assim"

Tabula rasa, "Tabuinha lisa", "Tábua rasa". 

Tantum homo habet de scientia quantum operatur, "O conhecimento que o homem possui é só
aquele que aplica". São Francisco 

Timeo hominem unius libri, "Deve-se temer não quem lê muitos livros, mas quem lê muito um só
livro".

Ubi bene, ibi patria, "Onde (me sinto) bem, minha pátria é aí".

Ultima ratio rerum, "A derradeira solução".

Vade Mecum, "Vem comigo". Existe a forma aportuguesada vade-mécum.

Vanitas vanitatum, et omnia vanitas, "Vaidade das vaidades, e tudo (é) vaidade".

Vox populi, vox Dei, "Voz do povo, voz de Deus".

Fonte: RÓNAI, Paulo. Não Perca o seu Latim. Com a colaboração de Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira. 16. ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Dicionário de Oratória
Ambigüidade - Não deixar claro o sentido de uma palavra ou de uma frase que podem ser
interpretadas pelo menos de duas maneiras diferentes.

Antítese - Figura de linguagem que faz uso de expressões opostas: "De repente do riso fez-se o
pranto" (Vinícius de Morais)

Aparência - Uma boa aparência ajuda a aumentar a autoconfiança e a confiança que as pessoas têm
no orador. Isto mostra que o orador os respeita e se esforçou para se vestir adequadamente.

Apresentação - É uma ferramenta de comunicação muito poderosa que deve ser adequada à
personalidade do orador. As imagens devem ser usadas com parcimônia. Embora se diga que uma
figura vale por 1000 palavras, é preciso verificar se ela não está deixando a inteligência inativa.

Arcaísmo - Emprego de palavras ou construções antigas, que já caíram em desuso.


Antanho por no passado. Antelóquio por prefácio.

Argumento - Ao nível da Retórica, o argumento consiste no emprego de provas, justificativas,


arrazoados, a fim de apoiar uma opinião ou tese, e/ou rechaçar uma outra.

Auditório - Tecnicamente, é o conjunto de todos aquelas pessoas que o orador quer influenciar
mediante o seu discurso.
Barbarismo - Consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta. Eles
ocorrem:
1) na grafia: analizar por analisar
2) na pronuncia: rúbrica por rubrica
3) na morfologia: deteu por deteve
4) na semântica (sentido das palavras): o iminente jurista presidiu a seção (por eminente sessão).

Bene Dicere - Dado que a virtude mais geral do discurso se encontra contida no advérbio bene
dicere,e o fim mais geral do discurso consiste em persuadere, o objetivo específico do
desenvolvimento reside no ensinar (docere), agradar (delectare) e comover (movere).

Brain storming - Deixar espaço para a criatividade, onde cada aluno é livre para falar o que quiser,
sem medo de reproche.

Cacoetes Lingüísticos - São palavras ou partículas usadas com muita insistência para encerrar a
frase ou para continuá-la. Eis alguns: Tá, né? Entende? Sabe? Percebe? Uai... Da mesma forma, há
quem abuse de a gente isso, a gente aquilo, a gente chegou, a gente pediu, etc. Evitar o uso
constante de a nível de, enquanto que, de repente, etc.

Cacofonia - Qualquer seqüência silábica que provoque som desagradável como "A boca dela é
enorme" por "Sua boca é enorme".
A cacofonia compreende:
a) Cacófato – Encontro de sílabas que forma uma palavra obscena.
Envie-me já os catálogos.
Polícia federal confisca gado de fazendeiros.
b) Eco – Repetição desagradável de terminações iguais.
Freqüentemente o presidente sente dor de dente.
c) Colisão – Repetição de consoantes iguais ou semelhantes.
O monstro medonho mede, mais ou menos, um metro e meio.
d) Hiato – Seqüência ininterrupta de vogais.
Ou eu o ouço ou eu o ignoro.

Carismáticos - As pessoas descrevem como "carismáticos" aquelas de quem gostam sem nenhuma
razão aparente.

Comparação - Figura de linguagem que consiste em atribuir a um ser características presentes em


outro ser, pelo fato de haver entre os dois uma determinada semelhança. "Minha dor é inútil como
uma gaiola numa terra onde não há pássaros". (Fernando Pessoa)

Comparações, analogias e metáforas - Enquanto uma analogia geralmente faz uma comparação
relativamente completa, mostrando explícita ou implicitamente muitos pontos em comum, uma
comparação acentua um só ponto e nela costuma-se usar as palavras como ou igual a. Já a metáfora
é uma comparação que, ao invés de mostrar explicitamente as semelhanças entre duas coisas,
aceita-as implicitamente, dizendo que uma coisa é outra, sob certos aspectos. Além disso, na
metáfora não se usam as palavras como ou iguais.

Comunicação - É freqüentemente definida como a troca de informações entre um transmissor e um


receptor, e a inferência (percepção) do significado entre os indivíduos envolvidos.

Crase - É a fusão de duas vogais da mesma natureza, ou seja, iguais.


Regra geral: haverá crase se existirem duas situações.
O termo regente exigir a preposição A
O termo regido aceitar o artigo A/As.
Debate Orientado - O debate é o método no qual os oradores apresentam seus pontos de vista e
falam pró ou contra uma determinada proposição.
Use-o quando os assuntos requeiram sutileza; para estimular a análise; para apresentar diferentes
pontos de vista.
Vantagens - Apresenta os dois aspectos de um problema; aprofunda os assuntos em discussão;
desperta o interesse.
Limitações - O desejo de "ganhar" pode ser demasiadamente enfatizado; requer muita preparação;
pode produzir demasiada emoção.
Desenvolvimento - Quanto ao desenvolvimento, o discurso bifurca-se em:
a) Narração - Consiste na exposição minuciosa, parcial, encarecedora, do que de modo sintético e
direto se expressa na proposição: o orador seleciona os fatos que convém à sua causa e focaliza-os
da perspectiva que mais lhe favorece o intento, emprestando relevo a alguns e minimizando outros,
de acordo com o interesse do momento.
b) Argumentação- É a parte nuclear e decisiva do discurso, e vem já preparada pelo exórdio e pela
narração. Para exercer seu efeito no conjunto do discurso, a argumentação deve conter uma ou mais
provas, ou seja, um ou mais argumentos, calcados no raciocínio e no princípio da dedução: o
silogismo, a dialética e o paradoxo. A argumentação pode conter exemplo, ou melhor, prova trazida
de fora.

Dialética - Na boa visão de Hegel, é o diálogo dos opostos. Quer dizer, o bem existe porque é
comparado ao mal, a liberdade à escravidão e a verdade ao erro.

Dicção - Modo de dizer; arte de dizer, de recitar.

Dinâmica de Grupo - É a divisão de um grupo grande em diversas equipes. Estas equipes discutem
problemas já assinalados anteriormente, geralmente com o propósito de informar depois ao grupo
maior.
Use-o quando o grupo é demasiadamente grande para que todos os membros participem; quando se
exploram vários aspectos de um assunto; quando o tempo é limitado.
Vantagens - Estimula os alunos tímidos; desperta um sentimento cordial de amizade; desenvolve a
habilidade para dirigir.
Limitações - Pode ser o resultado de um conjunto de deficiência; os grupos podem desviar-se do
assunto em questão; a direção pode ser mal organizada.
Discurso - Do latim discursu(m). Ação de correr por ou para várias partes. Discorrer sobre vários
assuntos. No plano da oratória, designa a elocução pública, que visa a comover e persuadir.
Trata-se de um termo de largo uso e de sentidos diversos:
a) O discurso pode ser verbal – centrado nas palavras – e não-verbal – centrado na imagem nos
gestos etc.
b) O discurso verbal pode ser oral ou escrito – também chamado texto.
c) Considerando que a unidade máxima do sistema da língua é a frase, podemos dizer que o discurso
está centrado nas seqüências frasais – eventualmente numa frase.
d) O discurso implica um esforço expressivo do eu – o que irá configurar o estilo – no sentido transitar
uma mensagem para alguém.
Discurso direto - O narrador reproduz o discurso com as próprias palavras do interlocutor.
As duas características do discurso direto são:
a) Vem introduzido por um verbo dicendi (verbo que anuncia a fala da personagem);
b) Antes da fala da personagem há, geralmente, dois pontos e travessão.
Exemplo: O ministro disse: — O Brasil precisa de técnicos.
Discurso indireto - O narrador usa suas próprias palavras para comunicar o que as personagens
disseram.
As características principais do discurso indireto são:
a) Vem introduzido por um dicendi.
Exemplo: Diógenes disse a Alexandre que não tirasse o sal.
b) Vem introduzido por uma conjunção subordinativa integrante (que, se)
Exemplo: O general bradou que não fizessem aquilo.
Elipse – Omissão de um termo facilmente identificável. O principal efeito é a conclusão.
Exemplo: No céu, dois fiapos de nuvens. [No céu, aparecem (existem/há) dois fiapos de nuvens.]

Equívoco - Mudar o significado ou a conotação de uma palavra.

Estereótipo - Frase ou expressão modelar que de tanto ser usada perdeu sua força inicial. Trata-se
de um clichê, de uma fórmula muitas vezes vazia. Exemplo: "Não tenho palavras para agradecer", "A
memorável vitória" etc.
Estilo - É a maneira peculiar de que se seve cada ser humano para expressar suas próprias idéias.
Não se deve confundir o estilo com as palavras e as idéias empregadas por um homem, que as pode
usar justas e corretas, apesar de ser vicioso, duro ou frio, frouxo ou afetado o seu estilo.

Estrangeirismo - Quando usados desnecessariamente também constituem barbarismo


1) Galicismo: garçon por garçom
2) Anglicismo: cocktail por coquetel; week-end por fim de semana.

Etimologia - É a ciência que investiga as origens próximas e remotas das palavras e sua evolução
histórica. Do grego etymon (étimo) vocábulo que é origem de outro.

Eufemismo - Figura de linguagem que consiste no abrandamento de expressões cruas ou


desagradáveis.
Foi acometido pelo mal de Hansen (= contraiu lepra).
Os funcionários da limpeza pública estão em greve (= lixeiros).
Exórdio - Contendo a introdução do discurso, objetiva "ganhar a simpatia do juiz (ou, em sentido
mais amplo, do público) para o assunto do discurso". Não obstante o exórdio apresentar-se ora
simples e direto, ora impetuoso e veemente, ora insinuante e humilde, há de ater-se imediatamente
ao tema em questão e observar a doutrina do decorum, isto é "a harmônica concordância de todos os
elementos que compõem o discurso ou guardam alguma relação com ele".
No geral, o exórdio encerra duas partes:
a) A proposição: que consiste no enunciado do tema ou assunto, e
b) A divisão, vale dizer, a enumeração das partes que totalizam o discurso e, portanto, assinalam o
caminho a seguir pelo orador.
Falar bem e dizer bem - Há uma diferença essencial entre o falar bem (utilizar com eficiência os
recursos gramaticais, as metáforas e os argumentos criativos) e o dizer bem (sintonizar-se com os
ouvintes de forma natural, persuasiva e empática).
O líder empresarial deve ser um facilitador da aprendizagem e canalizador da energia do grupo. Por
isso, espera-se que em suas comunicações o falar e o dizer se harmonizem perfeitamente.

Gestos - Ato ou ação por meio do qual se dá força às palavras. Deve ser feito sem exagero e sem
excessos, isto é, com naturalidade e elegância. Lembrar sempre que ele é apenas a essência, tão
somente, do que se quer exprimir. Deve preceder à palavra ou acompanhá-la, nunca sucedê-la. Se
anteceder, prepara o efeito da palavra; se acompanhá-la, reforça-a; se suceder, perde sua força.

Gestualidade - É o comportamento do corpo que abrange gestos (em movimento) e atitudes ou


posturas (parados). É a linguagem do corpo: "sermo corporis" O Corpo fala através de gestos e
atitudes que acompanham significativamente a pronunciação. Dentro da gestualidade se destaca uma
nova área de investigação: a proxêmica.

Hipérbole - É uma afirmação exagerada para conseguir-se maior efeito estilístico.


- Chorou um rio de lágrimas.
- Toda a vida se tece de mil mortes.
- Um oceano de cabeças ondulava à sua frente.

Idéia central - É um pensamento único, expresso numa frase simples, clara e, se possível, direta, e
que resuma a essência do que se quer provar ou demonstrar através da palestra inteira. Em torno
dela e/ou em direção a ela se encaminharão todos os assuntos e ilustrações. Obs.: A idéia central
não deve ser confundida com o tema, que é o assunto da palestra. A idéia central é a definição,
objetivo específico dentro do tema. Sinônimo: idéia-mãe.

Ironia - Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases
exprimem, por intenção sarcástica.
Que belo negócio! (=que péssimo negócio)
O rapaz tem a sutileza de um elefante.
Língua - O conhecimento da língua portuguesa é muito importante para o orador, pois as incorreções
gramaticais não são perdoáveis a quem se atreve a falar em público.
Alguns erros que causam má impressão:
Me vejo na obrigação... Tenho a súbida honra... Se ele intervir... acabo de assistir um espetáculo.
Linguagem - É a expressão de nossas idéias por meio de certos sons articulados que lhes servem
de sinais. É a expressão da evolução espiritual e mental do homem, e a verbalização do
comportamento faz parte dela.

Maiêutica – Método socrático, onde o instrutor desenvolve sua exposição fazendo perguntas aos
alunos. Deve-se evitar o pseudo-diálogo;

Medo - Reflete a sensação de se expor a uma situação nova com a condição de enfrentar ou
escapar. Os oradores se beneficiam disso: a adrenalina se transforma em energia; suas mentes
parecem mais alerta; surgem novos pensamentos, fatos e idéias.
Cícero disse que todo discurso de mérito autentico se caracteriza pelo nervosismo.
É uma forma de autopreservação comum a todas as pessoas, contra aquilo que consideramos ser a
concretização de uma ameaça dolorosa. Ele aumenta desproporcionalmente a sensação de perigo: é
a forma que o corpo e a mente encontram para se protegerem das ameaças.
Memória - É a capacidade de fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou acontecimentos
passados. A memória pode ser comparada a uma câmara fotográfica: "a atenção é, para a mente, o
que o poder de focalizar a lente é para a câmara".
Exercício para a memória:
a) Olhar um objeto, fechar depois os olhos e passar a descrevê-lo mentalmente. Abrir logo após os
olhos, e verificar o que esquecemos e o que lembramos.
b) Abrir as páginas de um jornal, ler os cabeçalhos; fechar em seguida os olhos, e rememorar
mentalmente.
c) Ler um pensamento, duas, três, quatro vezes. Depois, repita-o de cor. Obtida a memorização,
medite sobre ele.
d) Há à sua frente um grupo de pessoas. Observe-as. Imediatamente procure recordá-las na ordem
em que estão da direita para a esquerda e vice-versa. Verifique logo depois se acertou ou errou.
e) Ao assistir a uma palestra ou conferência, ou ao ler um artigo, etc., faça logo, de memória, uma
síntese, e preferentemente a escreva.
Metáfora - É a mudança do sentido comum de uma palavra por outro sentido possível que, a partir de
uma comparação subentendida, tal palavra possa sugerir.
Costuma-se distinguir a metáfora pura da metáfora impura:
Metáfora impura: aquela em que os dois termos de comparação vêm expressos.
Metáfora pura: aquela em que não está presente nenhum termo de comparação.
Esquematizando:
Essa mulher é perigosa qual uma cascavel (= comparação).
Essa mulher é uma cascavel (= metáfora impura).
Convivo com uma cascavel (= metáfora pura).

Método - Do grego méthodos - "caminho para chegar a um fim". Processo ou técnica de ensino. O
método depende dos propósitos que se tenha, da habilidade do professor ou líder, da disposição do
aluno, do tamanho do grupo, do tempo disponível e dos materiais de trabalho.

Metonímia - É a substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma relação de
proximidade de sentidos que permite essa troca.
Exemplo: O estádio aplaudiu o jogador.
Estádio está substituindo torcedores (a troca foi possível porque o estádio contém os torcedores).

Monossemia - Palavras ou expressões que remetem é um mesmo sentido. O signo monossêmico é


fechado, impede uma leitura plural. Ou ainda, a cada significado corresponde um único significante.

Opinião - É preciso ultrapassar a preguiça do: "Vou dar minha opinião sobre..." A palavra "opinião" é
eminentemente reveladora: pois a opinião é muito subjetiva. Ela pode ser um sinal de humildade, as
na maioria das vezes revela um grande empobrecimento do pensamento.

Palavras que revelam insegurança – Evite usar: "quem sabe", "talvez seja", "aliás", "pode ser",
"assim parece", "quero crer", "julgo que", "tudo parece indicar que". Substituí-las por palavras
afirmativas.
Parábola - É um relato que possui sentido próprio, destinado, porém, a sugerir, além desse sentido
imediato, uma lição moral. É um tipo de comparação construído em forma de narrativa. Conta-se uma
história para se extraírem ensinamentos que possam ilustrar outra situação.
No fundo do parabole grego há a idéia de comparação, enigma, curiosidade.
As parábolas evangélicas contadas por Jesus são imagens tomadas das realidades terrestres para
serem sinais das realidades reveladas por Deus. Elas precisam de uma explicação mais profunda.
Peroração – É a conclusão de um discurso e encerra duas partes:
a) A recapitulação, mediante a qual o orador "refresca a memória" da audiência, e
b) A afetividade, já que "a peroratio" é a última oportunidade de dispor o juiz (público) em sentido
favorável à nossa causa e de influir nele em sentido desfavorável à parte contrária.
Entretanto, qualquer que seja o número de partes considerado, a peroração identifica-se pela
brevidade: "a virtus básica da peroratio é a brevitas".

Persuasão - É o emprego de argumentos, legítimos e não legítimos, com o propósito de se conseguir


que outros indivíduos adotem certas linhas de conduta, teorias ou crenças. Diz-se também que é a
arte de "captar as mentes dos homens através das palavras".

Persuasão versus demonstração - A persuasão e a demonstração são raciocínios (em sentido


amplo) que levam a inteligência a aderir a uma verdade (mais ou menos certa). Seu objetivo é,
portanto, idêntico; a diferença reside no caminho tomado.
A demonstração dirige-se apenas à razão: é unicamente a força do verdadeiro que leva a concluir.
Quanto à persuasão, ela propõe uma verdade à inteligência, porém apresenta-a não como verdadeira
(apenas), mas como boa, isto é, atraente para a efetividade ou a vontade.
Por exemplo, pode-se mostrar que Deus existe, seja demonstrando que uma causa primeira de
harmonia do universo é necessária (e nos dirigimos apenas à inteligência), seja persuadindo que
Deus recompensa as boas ações secretas e pune os injustos (dirigimo-nos então à vontade ou ao
sentimento).
Preciosismo - Exagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase.
Exemplo: Isso é colóquio flácido para acalentar bovino (por Isso é conversa mole pra boi dormir).
 
Pregação - Deveria ser considerada a mais nobre tarefa que existe na terra.
Significa a verdade divina através da personalidade ou a verdade de Deus apresentada por uma
personalidade, para ir ao encontro das necessidades humanas.
Preleção - É o método clássico, onde o orador faz seu discurso diante do auditório.
Use-o quando vai dar informação, quando os discípulos já estão interessados e quando o grupo é
demasiado grande para empregar outros métodos.
Vantagens: Transmissão de grande quantidade de informações em pouco tempo; pode ser
empregado com grupos grandes; requer uso de pouco material.
Limitações: Impede que o aluno participe contestando; dificulta o poder de retenção; poucos
conferencistas são bons oradores.
 
Princípio do diga - Diga a eles o que você vais lhes dizer. Diga a eles. Diga a eles o que você lhes
disse.
As pessoas lembram melhor o que ouvem no início e no fim do discurso. Faça um sumário do
discurso nos dois extremos e os ouvintes, quando forem embora, vão se lembrar de uma boa parte do
enchimento.

Prova do telefone - Qualquer pessoa que souber utilizar bem um telefone tem geralmente jeito para
ser um bom orador. De fato, uma artimanha usada por organizadores ou agentes a quem foi
recomendado um orador desconhecido, é telefonar-lhe. Se conseguir despertar o interesse de um
estranho – e, sobretudo, de fazer rir é um orador prometedor.

Proxêmica - O orador se movimenta no espaço entre ele e o público de modo pertinente. Ora se
situa num plano mais elevado ou mais baixo ou no mesmo nível; ou se distancia ou se aproxima com
intenções definidas.

Raciocínio apodítico - Do grego apodeiktkós. Possuía o tom da verdade inquestionável. O que se


pode verificar aqui é o mais completo dirigismo das idéias; a argumentação é redigida com tal grau de
fechamento que não resta ao receptor qualquer dúvida quanto à verdade do emissor.
Retórica - No sentido original, a retórica inclui qualquer discurso ou texto escrito eficaz.
Modernamente, a retórica implica uma tentativa de persuadir por meio de palavras, faladas ou
escritas.

Semântica - É o estudo das mudanças que no espaço e no tempo, experimenta a significação das
palavras consideradas como sinais das idéias: semasiologia; semiologia. Do grego sêma-tos, sinal,
marca, significação.

Sinônimos - São palavras de significado aproximado, já que não existe sinônimo perfeito.

Solecismo - Qualquer erro de sintaxe:


a) De concordância: Fazem anos que não o vejo (por Faz)
b) De regência: Esqueceram de mim (por Esqueceram-se de mim).
c) De colocação: Não coloque-a na água (por Não a coloque na água).
Tautologia - Repetição desnecessária de informações. O mesmo que redundância.
Exemplo: Ele detém o monopólio exclusivo dos refrigerantes na Índia. (Na palavra monopólio já existe
a idéia de exclusividade).

Vícios de linguagem - Uso de palavras ou frases que ferem a língua portuguesa, em regra,
colocando erradamente os pronomes ou formando cacófatos.

Zeugma - Omissão de um termo já mencionado anteriormente. Tem o mesmo efeito da elipse.


Exemplo: Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (Nem ... , nem nós entendemos a ele.)

Pensamentos

Justiça
Sê justo com alguém e acabarás por o amar; mas, se fores injusto com ele, acabarás por o odiar.
(John Ruskin)

Quem decide um caso sem ouvir a outra parte não pode ser considerado justo, ainda que decida com
justiça. 
(Séneca)

Faz o que for justo. O resto virá por si só.


(Goethe)
 
Pode-se ser cruel ao perdoar e misericordioso ao castigar.
(Santo Agostinho)
 
Não achas que a igualdade, tal como a entendem, é sinônimo de injustiça?
(Josemaría Escrivá)
 
Muitas são as leis num estado corruptíssimo.
(Tácito)
 
Deves temer a imprecação do oprimido, porque entre ele e Deus não se interpõe nenhum véu.
(Corão)
 
A criança que vive com a verdade aprende a ser justa.
(Ronal Russel)
 
Quem não castiga o mal ordena que ele se faça.
(Leonardo da Vinci)
 
A confissão das más ações é o primeiro passo para a prática de boas acções. 
(Sto. Agostinho)
 
Há quatro características que um juiz deve possuir: escutar com cortesia, responder sabiamente,
ponderar com prudência e decidir imparcialmente. 
(Sócrates)
 
A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida. 
(Eduardo Girão)

Depressa se arrepende aquele que julga apressadamente.


(Pablio Siro)

É pior cometer uma injustiça do que sofrê-la, porque quem a comete transforma-se num injusto e
quem a sofre não.
(Sócrates)
 
A justiça deveria tratar de descobrir a inocência e não a culpa.
(Friedrich Hebbel)

A justiça é o firme e constante desejo de dar a cada um o que é seu.


(Justiniano)

Se sofreres uma injustiça, consola-te, que a verdadeira desgraça é cometê-la.


(Pitágoras)

O homem é injusto, mas Deus é justo, e a justiça finalmente, triunfa.


(H.  L. Longfellow)

Muito embora caminhe lentamente, rara vezes deixa a justiça de alcançar o culpado.
Horácio)

Paciência
É fácil desprezar a vida quando as dificuldades nos cercam; só prossegue corajosamente,
aquele que sabe ser desgraçado.
(Marcial - Epigramas, II, 9)
 
Tudo chega com o tempo, para quem sabe esperar.
(François Rabelais)
 
Paciência e sofrimento querem as coisas, para que pacificamente se lhe alcance o fim.
(Mateo Alemán)
 
A paciência é a virtude do burro que trota sob o peso da carga e não se rebela.
(Walter Landsdowne)
 
A razão adverte que confia em remédio enganador, quem procura, com os alheios, consolar os
seus males.
 
Todo poder humano é um composto de paciência e tempo.
(Honoré de Balzac)
 
Não há caminho demasiadamente longo para quem anda devagar, sem pressa; e não há
recompensas demasiadamente afastadas para quem a elas se prepara com paciência.
(Jean M. de la Bruyère)
 
Quem tem paciência, tudo pode ousar.
(Lucas de Clapiers)
 
A paciência é a arte de esperar.
(Lucas de Clapiers)
 
Com paciência e tranqüilidade logramos tudo... e um pouco mais.
(Benjamim Franklin)
 
Paciência, tempo e dinheiro tudo remedeiam.
(G. Herbert)
 
Na vossa paciência possuireis vossa alma.
(Bíblia, São Lucas, 21-19)
 
A paciência é uma planta de raízes assaz amargas, mas de frutos dulcíssimos.
(Sadi)
 
Que quer dizer resignar-se? Colocar Deus entre nós e a dor.
(Ana Sofia Swetchine)

Palavra

Palavra
Apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. Por isso, aquele que quebra
sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana. 
(Michel de Montaigne)
 
Quem não compreende um olhar também não compreenderá uma longa explicação.
(Provérbio árabe)

As palavras elegantes não são sinceras; as palavras sinceras não são elegantes.
(Lao-Tsé, filósofo chinês)

Mais vale uma palavra a tempo do que cem fora de tempo.


(Miguel de Cervantes, novelista espanhol)

À medida que a discussão avança, a verdade recua.


(Autor desconhecido)

É calando que se aprende a ouvir; é ouvindo que se aprende a falar; depois, é falando que se
aprende a calar.
(Autor desconhecido)
 
Deus não escuta a voz, mas o coração. 
(S. Cipriano)
 
Quem sabe adular também é capaz de caluniar. 
(Napoleão)

Lembrai-vos de que a natureza nos deu dois ouvidos e uma boca para nos ensinar que mais vale
ouvir do que falar.
(Zenão)

Nenhuma boa história se gasta, por muitas vezes que se conte.


(Provérbio escocês)

Quando falares, procura que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.
(Provérbio indiano)

Podemos converter alguém pelo que somos, nunca pelo que dizemos.
(H. Rohden)

Usa a linguagem que quiseres; nunca poderás dizer senão o que és.
(Emerson)

O homem que sabe não fala; o homem que fala não sabe.
(Lao-Tsé)

Tenho o hábito de não falar daquilo que ignoro.


(Sófocles)

Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te.
(Pitágoras)

A ideia que não procura converter-se em palavra é uma má ideia, e a palavra que não procura
converter-se em acção é uma má palavra.
(Chesterton)

Há pessoas que falam um momento antes de terem pensado...


(J. De la Bruyére)

As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras. 


(Lao-Tsé) 
 
As palavras são anões; os exemplos são gigantes.
(Provérbio suíço)
 
Pensa como pensam os sábios, mas fala como falam as pessoas simples.
(Aristóteles)

Tudo já foi dito uma vez, mas como ninguém escuta é preciso dizer de novo. 
(André Gide)

O mais valioso de todos os talentos é aquele de nunca usar duas palavras quando uma basta. 
(Thomas Jefferson) 

Actue antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus actos. 


(Confúcio) 
 
O caminho para todas as coisas grandiosas passa pelo silêncio.
(Nietzsche)
 
Não direi mal de ninguém, mas só o que souber de bom acerca de cada pessoa.
(Benjamin Franklin)

Falemos sempre de qualquer pessoa como se ela estivesse presente. 


(Chiara Lubich)
 
Há muita gente que, assim como o eco, repete as palavras sem lhes compreender o sentido.
(Marques de Maricá)

Os que tem poucos assuntos com que se preocupar, costumam ser muito faladores,  porque, quanto
mais se pensa, menos se fala.
(Montesquieu)

Quem quer ser ouvido, deve falar imaginando-se na situação daqueles a que se dirige.
(J.  J. Rousseau)

Perseverança

Perseverança
Deus está com os que perseveram.
(Maomé)
 
Não interessa o que se trata de levar a termo: o que interessa é perseverar até o fim.
(Confúcio)
 
Não é a força, é a perseverança que executa as grandes obras.
(Samuel Johnson)
 
Suporta e persevera, que esta dor acabará por te ser de proveito.
(Ovídio)
 
Perseverança: virtude inferior, com qual os medíocres logram um êxito inglório.
(Bierce)
 
Uma fortaleza rodeada de baluartes se rende à perseverança de uma simples picareta.
(Fajardo)
 
Só alcança quem não cansa.
 
A vitalidade se revela não apenas na capacidade de persistir, mas também na de começar tudo
de novo.
(Francis S. Fitzgerald)
 
Os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo faz enrugar a alma.
(Albert Schweitzer)
 
Dicionário de Símbolo
ÁGUA

As significações simbólicas da água podem reduzir-se a três tema dominantes: fonte de vida,
meio de purificação, centro de regenerescência. Esses três temas se encontram na mais antigas
tradições e formam as mais variadas combinações imaginárias — e as mais coerentes
também.

As águas, massa indiferenciada, representando a infinidade dos possíveis, contêm todo o


virtual, todo o informal, o germe dos germes, todas as promessas de desenvolvimento, mas
também todas as ameaças de reabsorção. Mergulhar nas águas, para delas sair sem se
dissolver totalmente, salvo por uma morte simbólica, é retornar às origens, carregar-se de
novo num imenso reservatório de energia e nele beber uma força nova: fase passageira de
regressão e desintegração, condicionando uma fase progressiva de reintegração e
regenerescência.

A água se torna o símbolo da vida espiritual e do Espírito, oferecidos por Deus e muitas
vezes recusados pelos homens.

Jesus retoma esse simbolismo no seu diálogo com a samaritana: Aquele que beber da água
que eu lhe darei não terá mais sede... A água que eu lhe darei se tornará nele fonte de água a
jorrar em vida eterna (João, 4). (1)

ALIANÇA

O termo aliança (bérith em hebraico) possui o sentido de compromisso ou de pacto, relativo a


uma pessoa ou coletividade. Esses dois sentidos encontram-se igualmente na duas palavras
gregas: diathéke e synthéke; e nas latinas: foedus e testamentum. Daí as expressões Antigo
e Novo Testamento , em vez de Antiga e Nova Aliança. A Antiga Aliança designa um
compromisso assumido por Jeová em relação a Abraão; é precedida pela aliança celebrada
entre Deus e Noé após o Dilúvio, cujo signo exterior é o arco-íris, como o cordeiro pascal
será o signo da aliança mosaica. A propósito dessa aliança significada pelo arco-íris, pode-se
falar, no mesmo contexto, de uma revelação de Deus pela natureza, correspondente à aliança
com Noé. A continuidade da aliança não está ligada à fidelidade de um homem ou de um
povo, e Jeová mantém seu pacto independentemente da atitude de seu parceiro; Israel sabe
disso e, por essa razão, suplicará a Deus que se lembre de sua aliança,

Jean Daniélou, ao analisar o sentido da Aliança (DANA, 46), comenta de que modo a aliança
é simbolizada por uma vítima dividida. Por ordem de Jeová, Abraão toma uma novilha, uma
cabra, um carneiro, uma rola e uma pomba, cortando-os ao meio; entre os animais divididos
passará uma archote aceso significando a aliança, que une o que é dividido e participa de um
mesmo sangue. Na Nova Aliança a vítima será o Cristo, e o signo, a Eucaristia. Assim
sucedem-se as alianças umas às outras, não se destruindo, mas assumindo as antecedentes. (1)

ALQUEIRE
O alqueire europeu, medida destinada à pesagem dos grãos, correspondia, pouco mais ou
menos, a treze litros (no Brasil, essa antiga medida de capacidade para secos e líquidos era
variável de região para região).  Na China, encontra-se medida de utilização análoga, embora
atualmente contenha apenas 10 a 31 litros: é o teú (em vietnamita, dau). De uso muito antigo,
o teú teve normalizada sua capacidade desde a época dos Han (dinastia fundada por Liu Pang,
por volta do ano 202 ou 206 a. C.). E como as organizações taoístas dessa época cobravam, a
título de imposto celeste, cinco alqueires de arroz, os alqueires representaram, durante longo
tempo, para o profano, um emblema do próprio taoísmo.

O uso simbólico do alqueire deve-se essencialmente a seu emprego pelas sociedades secretas
relacionadas com a T'ien-ti-huei, ou Sociedade do Céu e da Terra. No centro da loja, num
espaço denominado Cidade dos Salgueiros, encontra-se um alqueire cheio de arroz vermelho.
E como essa Cidade dos Salgueiros resume a loja inteira, o teú representa e substitui a cidade:
os caracteres um-yang tcheng (cidade dos salgueiros) estão, além do mais, desenhados na
medida do alqueire. Aliás, quando soerguem o teú, os novos iniciados dizem explicitamente:
nós soerguemos a Cidade dos Salgueiros a fim de destruir Ts'ing, e restaurar Ming. Ora,
Ming não é apenas uma dinastia, é sobretudo a luz. Restaurar a luz ao soreguer o teú
corresponde, estranhamente, a um simbolismo que nos é familiar: essa luz, embora não esteja
oculta debaixo, está contida, pelo menos, no interior.

Signo de reunião, arca da aliança, sede dos símbolos essenciais, o teú contém arroz, que é o
alimento da imortalidade. E se contém esse alimento, é por causa da potência de Ming, i.é,
ainda em virtude da luz, ou do conhecimento.

Além disso, o teú é o nome dado à Ursa Maior que, situada no meio do céu tal como o
soberano no coração do Império, regulamenta as divisões do tempo e a marcha do mundo. Se
o teú é a Ursa Maior, em torno dele as quatro portas cardeais da loja correspondem às quatro
estações. Na vertical do polo celeste, o alqueire é o ponto de aplicação da atividade do Céu.
Na Cidade dos Salgueiros, representa o mesmo que linga na cella do tempolo hindu, sede da
luz na caverna do coração (FAVS, GUET, GRIL, MAST, SCHL, WARH).

Um dos filhos do deus irlandês, Diancecht (Apolo, em seu aspecto de deus-médico) é


chamado de Miach (alqueire). Miach é morto pelo pai, por ter enxertado em Nuada, o rei
maneta, um braço vivo, em vez do braço de prata cuja prótese fora feito pelo próprio
Diancechet. A filha de Diancecht, Airmed, classificou as plantas, em número de trezentas e
sessenta e cinco, que cresceram sobre o túmulo de seu irmão, Miach. Diancecht, entretanto,
colocou-as novamente em desordem, a fim de que ninguém pudesse utilizá-las. Miach
(alqueire) simboliza a medida de equilíbrio cósmico, e Diancecht  mata o próprio filho
porque o conhecimento das plantas não deve ser divulgado. Ele põe esse conhecimento
“debaixo do alqueire” (fr. mettre sous le boisseau: manter oculto, escondido). (OGAC, 16,
223, nota 4; ETUC n.º 398, 1996, p. 272-279). (1)

APOCALIPSE

Em primeiro lugar, o apocalipse é uma revelação que se apóia em realidades misteriosas; em


segundo, uma profecia, pois essas realidades ainda estão por vir; finalmente, uma visão, cujas
cenas e cifras valem como símbolos. Essas visões não têm valor por si mesmas, mas, sim,
pelo simbolismo de que estão carregadas; pois tudo ou quase tudo em um apocallpse tem
valor simbólico: as cifras, as coisas, as partes do corpo, os próprios personagens que entram
em cena. Ao descrever uma visão, o vidente traduz em símbolos as idéias que Deus lhe
sugere, procedendo, assim, por acumulação de coisas, de cores, de cifras simbólicas, se
qualquer preocupação com a incoerência dos efeitos obtidos. A fim de compreendê-lo é
preciso, pois, participar de seu jogo e retraduzir as idéias, os símbolos que ele propõe, sob
pena de adulterar o sentido de sua mensagem (BIBJ, 3, 414) (1)

ÁRVORE

Tema simbólico mais rico e mais difundido. Símbolo da vida, em perpétua evolução e em
ascensão para o céu, ela evoca todo o simbolismo da verticalidade. 

Árvore põe igualmente em comunicação os três níveis do cosmo: o subterrâneo, através de


suas raízes sempre a explorar as profundezas onde se enterram; a superfície da terra, através
de seu tronco e de seus galhos inferiores; as alturas, por meio de seus galhos superiores e de
seu cimo, atraídos pela luz do céu.

Simbólica: raízes (terra); galhos (céu) — universalmente considerada como símbolo das
relações que se estabelecem entre a Terra e o Céu. (1)

1) FIGUEIRA

Assim como a oliveira e a videira, é uma das árvores que simbolizam a abundância. Também
ela, porém, tem seu aspecto negativo: quando seca, torna-se a árvore do mal e, na simbólica
cristã, representa a Sinagoga que, por não ter reconhecido o Messias da Nova Aliança, já não
tem frutos; do mesmo modo representará particularmente as Igrejas cujos ramos tiverem sido
dessecados pela heresia.

A figueira simboliza a ciência religiosa.

Jesus amaldiçoa a figueira. Deve-se notar que Jesus se dirige à figueira, ou seja, à ciência que
essa árvore representa. (1)

2) CARVALHO

O Carvalho, em todos os tempos e por toda a parte, é sinônimo de força: e essa é claramente a
impressão que dá a árvore na idade adulta. Aliás, carvalho e força exprimem-se pela mesma
palavra latina: robur, que simboliza tanto a força moral como a força física.

De acordo com certa passagem da obra de Plínio, o Velho, que se apóia sobre a analogia do
grego (drus), o nome dos druídas está em relação etimológica com o nome de carvalho; daí
resulta a tradução homens de carvalho, que conseguiu se introduzir até mesmo nas obras
eruditas modernas.

O nome druida é, etimologicamente, o da ciência (dru [u] id — os muitos sábios) e há uma


primeira equivalência semântica com o nome do bosque e da árvore (-vid). Mas a árvore é,
também, um símbolo de força, e os druidas celtas têm direito à sabedoria e à força. (1)

3) VIDEIRA
Nas religiões que cercavam a antiga Israel, a videira passava por ser uma árvore sagrada, até
mesmo divina, e seu produto, o vinho, como bebida dos deuses. Encontramos um vago eco
dessas crenças no Antigo Testamento (Juízes, 9, 13; Deuteronômio, 32, 37 s.).

Desde a sua origem o simbolismo da videira adquire um aspecto eminentemente positivo.

A videira é, antes de tudo, a propriedade e, assim, a garantia da vida e o que lhe dá o seu
valor: um dos bens mais preciosos do homem (1 Reis, 21, 1 s.). Uma boa esposa é para o
marido como uma videira fecunda (Salmos, 128, 3).

Jesus proclama que ele é a verdadeira cepa e que os homens não podem pretender ser a
videira de Deus se não permanecerem nele. De outra forma, não passam de galhos secos que
só servem para ser lançados ao fogo (João, 15, 1).

Em Mateus, 21, 28-46 a videira, na parábola dos vinhateiros homicidas, designa o reino de
Deus que, inicialmente confiado aos judeus, será passado a outros.

O simbolismo da videira estende-se a cada alma humana. Deus é o vinhateiro que pede a seu
filho que visita a vinha (Marcos, 12, 6). E, substituindo Israel, o Cristo tornar-se-á, por sua
vez, comparável a uma videira, sendo o seu sangue o vinho da Nova Aliança. (1)

BATISMO

Diz-se da atividade de João Batista no deserto: ... Então vieram até ele Jerusalém, toda a
Judéia, e toda a região circunvizinha ao Jordão. E eram por ele batizados no rio Jordão,
confessando os seus pecados (Mateus, 3, 5-6). É o que denominou batismo por imersão, tal
como foi por longo tempo praticado. Esse rito de imersão é um símbolo de purificação e de
renovação. Era conhecido nos meios essênios, mas também em outras religiões (que o
associam aos ritos de passagem , especialmente aos de nascimento e morte) além do judaísmo
e suas seitas. Entretanto, os editores da Bíblia de Jerusalém observam, a esse propósito,
aquilo que diferencia o batismo de João dos outros ritos de imersão: tinha um objetivo não já
ritual, mas moral; não se repetia, o que lhe dava o caráter de uma iniciação; finalmente,
tinha caráter escatológico, introduzindo o batizado no grupo dos que professavam uma
espera diligente do Messias que estava por vir, e que constituíam, por antecipação, a sua
comunidade.

Quaisquer que sejam as modificações trazidas pela liturgia das diversas confissões cristãs, ao
ritos do batismo continuam a incluir dois gestos ou duas fases de notável alcance simbólico: a
imersão e a emersão. A imersão, hoje reduzida à aspersão, é por si só rica de muitas
significações: indica o desaparecimento do ser pecador nas águas da morte, a purificação
através da água lustral, o retorno do ser às fontes de origem da vida. A emersão revela a
aparição  do ser em estado de graça, purificado, reconciliado com uma fonte divina de vida
nova.

Aliás, João Batista falará do fogo a propósito do batismo: Eu na verdade vos batizo em água
para vos trazer à penitência: porém o que há de vir depois de mim é mais poderoso do que
eu, e eu não sou digno de lhe levar a sandália. Ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo
(Mateus, 3, 11). E os exegetas observarão que o fogo, meio de santificação menos material e
mais eficaz do que a água, já no Antigo Testamento simboliza a intervenção soberana de Deus
e de seu Espírito a purificar as consciências (Isaías, 1, 25)  (1)
CRIANÇA

Infância é símbolo de inocência: é o estado anterior ao pecado e, portanto, o estado edênico,


simbolizado em diversas tradições pelo retorno ao estado embrionário, em cuja proximidade
está a infância. Infância é símbolo de simplicidade natural, de espontaneidade, e este é o
sentido que lhe é dado pelo taoísmo: Apesar de vossa idade avançada, tendes a frescura de
uma criança (Tchuang-tse, cap. 6). A criança é espontânea, tranqüila, concentrada, sem
intenção ou pensamentos dissimulados (Lao-tse, 55, comentado em Tchuang-tse, cap. 23).
Esse mesmo simbolismo é empregado na tradição hindu, na qual o estado de infância é
denominado balya: é, exatamente como na parábola do Reino dos Céus, o estado prévio à
obtenção do conhecimento (GUEV, GUEC).

A idéia da infância é uma constante nos ensinamentos evangélicos e de toda uma parte da
mística cristã, como, por exemplo, o caminho da infância de Santa Teresa do Menino Jesus,
ao lembrar (Mateus, 13, 3): Em verdade vos digo, se não mudardes e não vos tornardes como
as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Ou Lucas, 18, 17: Em verdade vos
digo, aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele.

Aliás, na tradição cristã, os anjos são muitas vezes representados como crianças, em sinal de
inocência e de pureza. Na evolução psicológica do homem, atitudes pueris ou infantis — que
em nada se confundem com as do símbolo criança — assinalam períodos de regressão; ao
inverso, a imagem da criança pode indicar uma vitória sobre a complexidade e a ansiedade, a
conquista de paz interior e da autoconfiança.

Os franco-maçons são chamados de os Filhos da Viúva. Segundo diversas interpretações, essa


Viúva seria a deusa Ísis à procura de seu marido despedaçado, ou a mãe do arquiteto Hirão,
ou uma personificação da Natureza sempre fecunda. O tema da Viúva é freqüente nas
mitologias. A expressão maçônica indicaria a solidariedade no princípio, seja ele qual for, que
une os maçons; se o princípio for luz, energia, potência, natureza, eles seriam filhos da luz etc.
(BOUM, 280-283). (1)

CRUZ

A cruz é um dos símbolos cuja presença é atestada desde a mais alta Antigüidade: no Egito,
na China, em Cnossos, Creta, onde se encontrou uma cruz de mármore do séc. XV a. C.  A
cruz é o terceiro dos quatro símbolos fundamentais (segundo CHAS), juntamente com o
centro e o círculo e o quadrado. Ela estabelece uma relação entre os três outros: pela
interseção de suas duas linhas retas que coincide com o centro, ela abre o centro para o
exterior; inscreve-se no círculo, que divide em quatro segmentos; engendra o quadrado e o
triângulo, quando suas extremidades são ligadas por quatro linhas retas. A simbologia mais
complexa deriva dessas singelas observações: foram elas que deram origem à linguagem mais
rica e mais universal. Como o quadrado, a cruz simboliza a terra; mas exprime dela aspectos
intermediários, dinâmicos e sutis. A simbólica do quatro está ligada, em grande parte, à da
cruz, principalmente ao fato de que ela designa um certo jogo de relações no interior do
quatro e do quadrado. A cruz é o mais totalizante dos símbolos (CHAS, 365)

Apontando para os quatro pontos cardeais, a cruz é, em primeiro lugar, a base de todos os
símbolos de orientação, nos diversos níveis de existência do homem. A orientação total do
homem  exige  ... um triplo acordo: a orientação do sujeito animal com relação a ele
mesmo; a orientação espacial, com relação aos pontos cardeais terrestres; e, finalmente, a
orientação temporal com relação aos pontos cardeais celestes. A orientação espacial se
articula sobre o eixo Este-Oeste, definido pelo nascer e por-do-sol. A orientação temporal se
articula sobre o eixo de rotação da Terra, ao mesmo tempo Sul-Norte e Embaixco-Em
cima. O cruzamento desses dois eixos maiores realiza a cruz de orientação total. A
concordância, no homem, das duas orientações, animal e espacial, põe o homem em
ressonância com o mundo terrestre imanente; a das três orientações, animal, espacial e
temporal, com o mundo supratemporal transcendente pelo meio terrestre e através dele
(CHAS, 27)

A cruz tem, em conseqüência, uma função de síntese e de medida. Nela se juntam o céu e a
terra ... Nela se confundem o tempo e o espaço... Ela é o cordão umbilical, jamais cortado,
do cosmo ligado ao centro original. de todos os símbolos, ela é o mais universal, o mais
totalizante.  

A tradição cristã enriqueceu prodigiosamente o simbolismo da cruz, condensando nessa


imagem a história da salvação e a paixão do Salvador. A cruz simboliza o Crucificado, o
Cristo, o Salvador, o Verbo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Ela é mais do que uma
figura de Jesus, ela se identifica com sua história humana, com a sua pessoa. (1)

Cruz - a crucifixão era uma forma de pena oriental que foi introduzida no Ocidente pelos
persas. Ela foi pouco usada pelos gregos, mas muito utilizada pelos cartagineses e romanos.
Na literatura romana, a crucifixão é descrita como punição cruel e temida, não sendo aplicada
aos cidadãos romanos, mas apenas aos escravos e aos não-romanos que houvessem cometido
crimes atrozes, como assassínio, furto grave, traição e rebelião. A cruz não é mencionada no
Antigo Testamento.

Os romanos crucificavam os criminosos inteiramente nus e não motivo para se pensar que
tenha sido feita alguma exceção para Jesus. As vestes do crucificado eram entregues aos
soldados (Mt 27, 35). Uma inscrição com o nome do criminoso e a natureza do seu crime era
feita sobre uma tabuinha, que o condenado levava pendurada no pescoço até o local da
execução; essa tabuinha com a inscrição foi depois afixada acima da cabeça de Jesus na cruz.
Por ironia de Pilatos, a inscrição de Jesus não indicava um crime, mas registrava
simplesmente a expressão "rei dos judeus" (Mt 27, 37; Mc 15, 26; Lc 23, 38; Jo 19, 19-22).

No Novo Testamento, o simbolismo teológico da cruz só aparece em uma afirmação do


próprio Jesus e nos escritos de Paulo. Jesus disse que aqueles que o seguem deve tomar a sua
própria cruz, perdendo assim a vida para conquistá-la (Mt ao, 38; 16,24; Mc 8, 34; Lc 9,23;
14,27). Não se trata apenas uma alusão à sua própria morte, mas também da afirmação de que
seu seguimento exige a "negação de si mesmo" (Mc 8,34), o total desprezo pela própria vida,
pelo bem estar, pelas posses pessoais, a tudo aquilo a que se deve renunciar para seguir a
Jesus. Paulo pregava Cristo e — Cristo crucificado —, embora isso fosse escândalo para os
hebreus e loucura para os gentios (1Cor1, 23; 2,2) ... Se Paulo pregasse a circuncisão, não
haveria o escândalo da cruz (Gl 5, 11): com isso, ele quer dizer que a cruz, um escândalo para
os hebreus, perderia o seu valor redentor se a circuncisão  ainda fosse necessária ... Aqueles
que pertencem a Cristo "crucificaram a carne", ou seja, dominaram eficazmente as paixões
sensuais da natureza e aceitaram a renúncia cristã. (2)

ESCADA
Os diferentes aspectos do simbolismo da escada estão todos ligados ao problema das relações
entre o céu e a terra.

A escada é o símbolo por excelência da ascensão e da valorização, ligando-se à simbólica da


verticalidade. Mas ela indica uma ascensão gradual e uma via de comunicação em sentido
duplo entre diferentes níveis. Quando se trata de valor, observou Bachelard, todo progresso é
concebido como uma subida; toda elevação se descreve por uma curva que vai de baixo para
cima. A verticalidade seria a linha do qualitativo e da elevação; a horizontalidade, a linha do
quantitativo e da superfície. A altura seria a dimensão de um ser visto do exterior. Na arte, a
escada aparece como o suporte imaginário da ascensão espiritual.

Ela é também o símbolo das permutas e das idas e vindas entre o céu e a terra. (1)

ESPADA

Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado militar e de sua virtude, a bravura, bem
como de sua função, o poderio. O poderio tem um duplo aspecto: o destruidor (embora essa
destruição possa aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância e, por causa disso,
tornar-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a justiça. Todos esses
símbolos convêm literalmente à espada, quando ela é o emblema do rei (espada sagrada dos
japoneses, dos antigos povos kampucheanos (cambojanos), dos khmers e dos chans, estes
últimos conservando ainda o Sadet do Fogo da tribo jaraí). Quando associada à balança, ela se
relaciona mais especialmente à justiça: separa o bem do mal, golpeia  o culpado.

Símbolo guerreiro, a espada é também o símbolo da guerra santa (e não o das conquistas
arianas, tal como pretendem alguns, a propósito da iconografia hindu, a menos que se trate de
conquistas espirituais). Antes de mais nada, a guerra santa é uma guerra interior, e esta pode
ser igualmente a significação da espada trazida pelo Cristo (Mt 10, 34). Além do mais — sob
seu duplo aspecto destruidor e criador —, ela é um símbolo do verbo, da palavra.

A espada é também a luz e o relâmpago: a lâmina brilha; ela é, diziam os Cruzados, um


fragmento da Cruz de Luz. A espada sagrada japonesa deriva do relâmpago. A espada do
sacrificador védico é o raio de Indra (o que identifica ao vajra). Ela é, portanto, o fogo: os
anjos que expulsaram Adão do Paraíso tinham espadas de fogo. Em termo de alquimia, a
espada dos filósofos é o fogo do cadinho ... Do mesmo modo, a espada do Vixenu, que é uma
espada chamejante, é o símbolo do conhecimento puro e da destruição da ignorância. (1)

No AT "alguém que desembainha a espada" é um homem na idade militar. Matar "ao fio da
espada" significa matar à maneira da espada, isto é, sem quartel. A espada fazia do
equipamento normal do guerreiro. Um grito de guerra de Israel numa certa ocasião foi "a
espada de Iahweh e de Gedeão". Metaforicamente a língua caluniosa é uma espada (Sl 55,21;
57,5; 59,8; Pr 12,18; 30,14). A espada é frequentemente representada como um monstro que
devora (Dt 32, 42; 2Sm 2, 26; Is 1, 20; Jr 2,30; 12,2; 46,10 +). "A espada" metaforicamente
significa guerra, e é muitas vezes mandada ou tirada por Iahweh (Lv 26,6,25; 2Sm 11, 25; Jr
5, 12; 46, 16).

O emprego da espada em defesa de Jesus na sua detenção (Mt 26,51; Mc 14,47; Lc 22, 49s; Jo
18, 10s) é a ocasião de um dito, citado somente em Mt 26,52: "todos os que pegam a espada
pela espada perecerão". Jesus disse que não veio trazer a paz, mas a espada (Mt 10,34), onde
o contexto indica claramente que a espada significa a hostilidade provocada pela fé nele. Mt
26, 52 explicita o que implícito nos outros evangelhos a respeito da atitude de Jesus para com
o uso da violência em sua defesa; ele a rejeita decisivamente. A generalização vai, porém,
além de um fato particular e pode ser interpretada como nada menos do que a total recusa do
uso de armas e da violência. Um apelo à violência, em último caso, não produz nada senão a
destruição daquele que a ela apela. Cumpre não entender isso como um repúdio moral, mas
simplesmente como uma declaração da inutilidade da violência; e os cristãos que acreditam
numa violência legítima devem examinar a si mesmos para ver como poderiam conciliar sua
fé com o juízo de Jesus sobre a violência. Parece que um mínimo de respeito pelas palavras
do evangelho deva impedir a quem quer que seja de julgar legítimo o uso da violência para
levar adiante a obra de Jesus Cristo.

É possível que Lc 22, 35-38 conserve a mesma afirmação numa forma diferente. O convite de
Jesus de procurar espadas é evidentemente metafórico, uma advertência a preparar-se para a
luta; e a interpretação superficial literal das palavras pelos discípulos é deixada em Lucas sem
comentários. No contexto imediatamente anterior que esta não era o momento para um
exercício de esgrima. (2)

FOG0

A maior parte dos aspectos do simbolismo do fogo está resumida na doutrina hindu, que lhe
confere fundamental importância.

O fogo é o símbolo divino essencial do Masdeísmo.

O Buda substitui o fogo sacrificial do hinduísmo pelo fogo interior, que é, ao mesmo tempo,
conhecimento penetrante, iluminação e destruição do invólucro.

O aspecto destruidor do fogo implica também, evidentemente, um lado negativo; e o domínio


do fogo é igualmente uma função diabólica. A propósito da forja, deve-se observar que seu
fogo é a um só tempo celeste e subterrâneo, instrumento de demiurgo e de demônio. A queda
de nível é representada por Lúcifer, portador da luz celeste, no momento em que é
precipitado nas chamas do inferno: fogo que queima sem consumir, embora exclua para
sempre a possibilidade de regeneração (AVAS, BHAB, COOH, GOVM, HERS, SAIR)

O fogo, na qualidade de elemento que queima e consome, é também símbolo de purificação e


de regenerescência. Reencontra-se, pois, o aspecto positivo da destruição: nova inversão do
símbolo. Todavia, a água é também purificadora e regeneradora. Mas o fogo distingue-se da
água porquanto ele simboliza a purificação pela compreensão, até a mais espiritual de suas
formas, pela luz e pela verdade; ao passo que a água simboliza a purificação do desejo, até a
mais sublime de suas formas — a bondade (DIES, 37-38) (1)

GNOMOS

Gênios de pequeno tamanho, que, segundo a Cabala, habitariam debaixo da terra e seriam
donos dos tesouros de pedras e metais preciosos. A lenda dos gnomos passou do Oriente para
a Escandinávia e para a América Central. Simbolizariam o ser invisível, que, por inspiração,
intuição, imaginação e sonho, faz visíveis os objetos invisíveis. Na alma do homem eles são
como que lampejos de consciência, de iluminação e de revelação. São como que a alma oculta
das coisas, orgânicas ou não; e quando eles se retiram, as coisas morrem ou ficam inertes e
tenebrosas. O gnomo pode amar e odiar sucessivamente o mesmo ser. Pouco a pouco, na
imaginação popular, assumiu a figura de um anão feio e disforme, malicioso e perverso. Em
troca, sua mulher, ainda menor que ele, era de extraordinária beleza e trazia babuchas nos pés:
uma de rubis, outra de esmeralda. O casal, ou gnomo desdobrado em complexo masculino e
feminino, simboliza a aliança em todo ser de um lado feio e um lado belo, de um lado mau e
um lado bom, de um lado terroso e outro cheio de luz. Trata-se, sem dúvida, de uma imagem
dos estados de consciência, complexos e fugidios, em que coexistem ignorância e
conhecimentos, riqueza e pobreza morais: exemplos da coincidência dos contrários, de
conhecimento mantido em segredo ou ocultado. (1)

INFERNO (Hades)

Sobre esse tema, as crenças antigas — egípcias, gregas, romanas — variavam muito; e mesmo
na Antigüidade já eram numerosas; por isso, aqui mencionaremos apenas o que julgamos
essencial.

Entre os gregos, Hades, o Invisível — segundo etimologia duvidosa — é o deus dos mortos.
Como ninguém ousasse pronunciar-lhe o nome, por temor de lhe excitar a cólera, ele recebeu
o apodo de Plutão (o Rico), nome que implica um terrível sarcasmo, mais do que um
eufemismo, para designar as riquezas subterrâneas da terra, entre as quais se encontra o
império dos mortos. E esse sarcasmo torna-se macabro quando se coloca uma cornucópia
entre os braços de Plutão. Na simbologia, entretanto, o subterrâneo é o  local das ricas jazidas,
o lugar das metamorfoses, das passagens da morte à vida, da germinação.

Após a vitória do Olimpo sobre os Titãs, foi feita a partilha do universo entre os três irmãos,
filhos de Cronos e de Réia: a Zeus coube o Céu; a Poseidon (Netuno), o Mar; a Hades, o
mundo subterrâneo, os Infernos ou o Tártaro. Senhor impiedoso, tão cruel quanto Perséfona,
sua sobrinha e esposa, ele não dá trégua a nenhum de seus súditos (ou vítimas). Seu nome foi
dado ao lugar por ele dominado; Hades tornou-se símbolo dos Infernos. E, ainda nesse caso,
as características são as mesmas por toda parte: lugar invisível, eternamente sem saída (salvo
para os que acreditavam nas reencarnações), perdido nas trevas e no frio, assombrado por
monstros e demônios, que atormentam os defuntos (GRID).

Na tradição cristã, a conjunção luz-trevas simbolizaria os dois opostos: o céu e o inferno.


Plutarco já descrevia o Tártaro como privado de sol. se a luz se identifica com a vida e com
Deus, o inferno significa a privação de Deus e da vida.

A essência íntima do inferno é o próprio pecado mortal, em que os danados morreram


(ENCF, 470). É a perda da presença de Deus; e, como já nenhum outro bem poderá jamais
iludir a alma do defunto, separada do corpo  e das realidades sensíveis, o inferno é a
desventura absoluta, a privação radical, tormento misterioso e insondável de uma existência
humana. A conversão do danado já não é mais possível; empedernido em seu pecado, ele está
para sempre cravado na sua dor. (1)

O JUGO

Jugo - do hebreu môt , ôl - significa peça de madeira que serve para emparelhar dois animais
para o mesmo trabalho. Era proibido prender sob um mesmo jugo dois animais de espécies
diferentes.
Dava-se esse nome a uma medida agrária equivalente à superfície que um par de bois podia
lavrar num dia.

O jugo usado na Antiga Palestina era igual ao que ainda hoje se usa. Consistia em uma pesada
barra de madeira posta nos ombros dos animais de tiro (bois ou burros), presa ao animal por
uma cravelha, corda e correias, que passavam em redor dos chifres e debaixo do pescoço.
Uma correia maior juntava o jugo com o cabo. (MACKENZIE, 1984)

O jugo, por um motivo perfeitamente evidente, é símbolo de servidão, de opressão, de


constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é suficientemente explícita.

Mas o jugo assume sentido completamente diverso no pensamento hindu. A raiz indo-
européia yug,  de que deriva, é objeto de uma aplicação muito conhecida do sânscrito yoga,
que tem efetivamente, o sentido de unir, juntar, por debaixo do jugo. É, por definição, uma
disciplina de meditação, cujo objetivo é a harmonização, a unificação do ser, a tomada de
consciência e, finalmente, a realização da única União verdadeira, a da alma com Deus, da
manifestação com o Princípio.

O inventor do jugo, que permite dominar e atrelar os bois, Buziges, foi também um dos
primeiros legisladores. O jugo simboliza a disciplina de duas maneiras: ou ela é sofrida de
modo humilhante, e é o aspecto sombrio do símbolo (cf. o famoso exemplo das forcas
caudinas, jugum ignominiosum, lança posta sobre duas outras fincadas na terra e sob a qual
passou o exército romano vencido pelos samnitas); ou a disciplina é escolhida
voluntariamente e conduz ao domínio de si, à unidade interior à união com Deus. 

Existia em Roma um lugar, dito sororium tigillum, onde estava instalada uma trave em asna
debaixo da qual passavam os assassinos para expiar seu crime. Depois de matar sua irmã
Camila, que saíra, impudica dos apartamentos das mulheres para declarar em altos brados seu
amor pelo inimigo do irmão, Horácio foi forçado a passar sob o jugo. Essa prática expiatória e
purificadora era indispensável para recuperar o seu lugar na coletividade. Cumpria passar sob
o jugo. Mas essa disposição ancestral do jugo significava mais que um ato de submissão às
leis da cidade. Era, sem dúvida, escreve Jean Beaujeu, um vestígio das portas secretas ou
arficiais pelas quais o moço, uma vez iniciado, passava de volta, do mundo sobrenatural
onde vivera seu período de prova, ao mundo ordinário dos homens. Era, então, o símbolo da
reintegração na sociedade. (1)

LUZ

Em numerosos casos, as fronteiras ficam indecisas entre a luz-símbolo e a luz-metáfora. Por


exemplo, pode-se perguntar se a luz, aspecto final da matéria que se desloca com uma
velocidade limitada, e a luz de que falam os místicos têm alguma coisa em comum, a não ser
o fato de serem um limite ideal de um resultado (VIRI, 259). Vai-se na direção do símbolo,
por outro lado, quando se considera a luz como um primeiro aspecto do mundo informe.
Embrenhando-se na sua direção, entra-se num caminho que parece poder levar além da luz,
isto é, além de toda forma, mas, igualmente, além de toda a sensação e de todo conceito
(VIRI, 265 s.: a saída do Imaginário e a experiência da luz).  

A luz é relacionada com a obscuridade para simbolizar os valores complementares ou


alternantes de uma evolução. Essa lei se verifica nas imagens da China arcaica, bem como nas
de numerosas civilizações. Sua significação é que, assim como acontece na vida humana em
todos os seus níveis, uma época sombria é seguida, em todos os planos cósmicos, de uma
época luminosa, pura, regenerada.

Expressões como luz divina ou luz espiritual deixam transparecer o conteúdo de um


simbolismo muito rico no Extremo Oriente. A luz é o conhecimento: a dupla acepção existe
igualmente na China para o caráter ming, que sintetiza as luzes do Sol e da Lua; ele tem, para
os budistas  chineses, o sentido de iluminação; no Islão,  En-Nur, a Luz, é essencialmente o
mesmo que Er-Ruh, o Espírito.  

A luz simboliza constantemente a vida, a salvação, a felicidade dadas por Deus (Salmos 4, 7:
36, 10; 97, 11; Isaías 9, 1) que é ele próprio a luz (Salmos 27, 1; Isaías 60, 19-20). A lei de
Deus é uma luz sobre o caminho dos homens (Salmos, 119, 105); assim também sua palavra 
(Isaías 2, 3-5). O Messias também traz a luz (Isaías 42, 6, Lucas 2, 32).

As trevas são por corolário, símbolo do mal, da infelicidade, do castigo, da perdição e da


morte (Jó 18, 6, 18; Amos 5, 18).

Os símbolos cristãos não fazem mais do que prolongar essas linhas. Jesus é a luz do mundo
(João 8, 12; 9, 5); os crentes devem ser assim também (Mateus 5, 14), tornando-se os reflexos
da luz de Cristo (II Coríntios 4, 6) e agindo de acordo com ela (Mateus 5, 16).

MONTANHA

O simbolismo da montanha é múltiplo: prende-se à altura e ao centro. Na medida em que ela é


alta, vertical, elevada, próxima do céu, ela participa do simbolismo da transcendência; na
medida em que é o centro das hierofanias atmosféricas e de numerosas teofanias, participa do
simbolismo da manifestação. Ela é assim o encontro do céu e da terra, morada dos deuses e
objetivo da ascensão humana. Vista do alto, ela surge como a ponta de uma vertical, é o
centro do mundo; vista de baixo, do horizonte, surge como a linha de uma vertical, o eixo do
mundo, mas também a escada, a inclinação a escalar.

A montanha exprime ainda as noções de estabilidade, de imutabilidade, às vezes, até mesmo


de pureza.

Na mitologia taoísta, os Imortais iam viver sobre uma montanha, que era chamada A
Montanha do Meio Mundo, em torno do qual giravam o Sol e a Lua.

O simbolismo mitológico da montanha primordial ou cósmica encontra certo eco no Antigo


Testamento. As altas montanhas, lembrando fortalezas, são símbolos de segurança (Salmos
30, 8).

Deve-se lembrar o sermão sobre a montanha (Mateus 5, 1 s.) que, sem dúvida, na nova
aliança, responde à lei do Sinai na antiga. Observemos ainda a descrição da transfiguração de
Jesus sobre uma alta montanha (Marcos 9, 2) e a da ascensão sobre o monte das Oliveiras
(Lucas 24, 50; Atos 1, 12).

Resumindo as tradições bíblicas e as da arte cristã, que ilustram com diversos exemplos, de
Champeaux e dom Sterckx extraem três significações simbólicas principais da montanha: 1. A
montanha faz a junção da terra ao céu; 2. A montanha santa se situa no centro do mundo; 3.
O templo é associado a essa montanha (CHAS, 164-199). (1)
MUNDO

O simbolismo do mundo, com os seus três níveis, celeste, terrestre e infernal, corresponde a
três níveis de existência ou a três modos da atividade espiritual. A vida interior é assim
projetada no espaço, seguindo o processo geral de formação de mitos.

Esses mundos situados em espaços imaginários definem-se uns em relação aos outros: o
mundo de baixo sob o mundo de cima, passando pelo mundo intermediário. Apenas essa
linguagem e essa localização segundo um eixo vertical bastam para inscrever tais mundos em
um movimento e uma dialética de ascensão, que acentuam sua significação psíquica e
espiritual. Do mundo de cima, o mundo intermediário recebe a luz, que pára nele e não desce
ao mundo de baixo; mas ele não a recebe a não ser na medida de seu desejo, de sua abertura
ou de sua orientação. Ele conhece caminhos de sombras, essa fissuras morais, simbolizadas
pelas fendas nas rochas, através das quais ele escorrega para o inferno.

Segundo as concepções gregas e romanas, numerosos caminhos ligavam os mundos terrestres


e infernais, os dos vivos e os dos mortos: crateras vulcânicas, fendas nas rochas, onde se
perdem as águas, extremidades de terra. Em contrapartida, as montanhas elevadas faziam a
comunicação com o céu. Mas eles imaginavam diversos estágios celestes e diversos abismos
infernais, até o Tártaro, que servia de prisão para os deuses destronados. Trevas, frio, terrores,
tormentos, vida empobrecida e fantasmagórica, caracterizavam os infernos; luz, calor,
alegria, liberdade, reinavam nos céus. As Ilhas afortunadas, as moradas dos bem-aventurados,
as Terras hiperbóreas eram reservadas para os heróis e para os sábios, imagens de um céu
inferior àquele das beatitudes olímpicas, consagrado aos deuses e aos heróis divinizados. De
Homero a Aristófanes e a Virgílio e Plutarco, diversas são as descrições de descidas aos
Infernos, que testemunham com estranha fecundidade de imaginação dos horrores e, como
que com complacência, essa loucura de criações aterradoras. (1)

PORTA

A porta simboliza o local de passagem entre dois estados, entre dois mundos, entre o
conhecido e o desconhecido, a luz e as trevas, o tesouro e a pobreza extrema. A porta se abre
sobre um mistério. Mas ela tem um valor dinâmico, psicológico; pois não somente indica uma
passagem, mas convida a atravessá-la. É o convite à viagem rumo a um além...

A passagem à qual ela convida é, na maioria das vezes, na acepção simbólica, do domínio
profano ao domínio sagrado. Assim são os portais das catedrais, os torana hindus, as portas
dos templos ou das cidades khmers, os torii japoneses etc.

Nas tradições judaicas e cristãs, a importância da porta é imensa, porquanto é ela que dá
acesso à revelação; sobre ela vêm se refletir as harmonias do universo. As portas do Antigo
Testamento e do Apocalipse, ou seja, o Cristo em sua majestade e o último Julgamento,
acolhem o peregrino e os fiéis. Suger dizia aos visitantes de Saint-Denis que convinha admirar
a beleza da obra realizada, e não a matéria de que havia sido feita a porta.

Ele acrescentava que a beleza que ilumina as almas deve dirigi-las no sentido da luz, cuja
porta verdadeira é Cristo.
Se Cristo em glória é representado no alto dos frontispícios das catedrais, é porque ele próprio
é, de acordo com o mistério da redenção, a porta pela qual se chega ao Reino dos Céus: Eu
sou a porta, quem entrar por Mim, será salvo (João 10,9). (1)
(1) CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.

(2) MACKENZIE,  J. L. (S. J.) Dicionário  Bíblico.  São  Paulo, Edições Paulinas, 1984. 

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