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10 ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação – Crede10

EEEP Prof. Walquer Cavalcante Maia


Educando com Credibilidade

ALUNO:

ÁREA: FILOSOFIA (C. Humanas) DATA:___/___/___ PROFESSOR: Diego

FRANCIS BACON (1561-1626) – alguns assuntos outro agente (ou causa eficiente) de forma mecânica,
epistemológicos/gnosiológicos (empirismo indutivo) passivo, material, imperfeita, finita e dependente; res
cogitans (ser pensante) – ser que possui
O critério da verdade é a experiência. O pensamento/alma, é o Eu/sujeito, humano, tem
experienciado é o que pode ser conhecido. A reflexão e capacidade de iniciativa própria e de liberdade, imaterial,
a pesquisa consideram a percepção dos fenômenos na finito e dependente; res infinita (divina ou Deus) – é
experiência. O conhecimento deve ser obtido para gerar transcendente, eterno, perfeito, infinito e independente.
controle sobre a natureza. Saber é poder. Para chegar à primeira certeza de que, se duvida,
Os obstáculos epistemológicos são fontes de erros e então pensa e, portanto, existe, desenvolvem-se os
noções falsas. Eles são os ídolos: da tribo – causados argumentos: de a percepção pelos sentidos não ser
pelos sentidos, paixões e várias limitações da natureza fonte segura de conhecimento; de a realidade externa
humana; da caverna – frutos dos preconceitos da ser ilusória, semelhante ao sonho ou às ilusões oníricas;
formação e da específica natureza de cada indivíduo; do de haver a possibilidade de um Deus enganador que
foro – produzidos socialmente pela comunicação e pelo teria criado sentidos e razão para enganar, apesar da
mau uso da linguagem; do teatro – vêm de várias racionalidade das ideias matemáticas e da sua
doutrinas filosóficas e de regras defeituosas de independência da experiência; de haver um gênio
demonstração com base em deduções abstratas. maligno (imperfeito), e não um Deus enganador, para
As fases (etapas) do método empírico experimental e fazer aquele que pensa a aceitar qualquer ideia como
indutivo: I. Submeter o intelecto à crítica, eliminar os verdadeira e não mais buscar um conhecimento evidente
ídolos e neutralizar as deduções rápidas; II. Conhecer as e indubitável.
causas formais; III. Registrar e comparar o fenômeno; IV.
Elaborar uma hipótese explicativa e provisória; V. Testar DAVID HUME (1711-1776) – alguns assuntos
hipóteses por meio de diversas técnicas; VI. Confirmada epistemológicos/gnosiológicos (empirismo cético)
a hipótese, a forma de uma natureza pode ter sido
descoberta, mas, em caso contrário, volta-se ao IV. O conhecimento vem da experiência sensível ou
vivência dos sentidos e, além dos limites e domínios
RENÉ DESCARTES (1596-1650) – alguns assuntos destes, das noções de causa e efeito. Daí o sujeito
epistemológicos/gnosiológicos (racionalismo) cognoscente é parcial e também importante e não só o
objeto cognoscível.
O conhecimento e o critério de verdade são a razão. A razão é o hábito que o sujeito adquire de associar
Esta é subjetiva e está na faculdade de o sujeito pensar. sensações, percepções e lembranças. As ideias são
O pensamento se apoia em si mesmo. Para chegar ao essas associações e não a explicação de como as
conhecimento mais seguro e evidente que o coisas são em si mesmas.
conhecimento matemático, urge um método conseguido Na vida psíquica, há percepções que se sucedem
por meio da dúvida. continuamente e combinam por semelhança (o que tem
A dúvida é: voluntária (não é uma dúvida natural, mas algo em comum com outro) ou por contiguidade (o que
escolhida); radical (toma tudo como falso, de que parte se aproxima do outro). A sucessão e a contiguidade
até a mínima razão para duvidar); hiperbólica (ampliada provocam a associação de ideias, explicando todas as
e aplicada a todo o conhecimento); e metódica (regrada operações mentais.
e sistemática). As percepções podem ser:
A dúvida metódica consiste em: I. evidenciar ou - Impressões: dados fornecidos pelos sentidos, a
rejeitar o não evidente; II. analisar ou separar por partes; partir do que é exterior (objetos e outros sujeitos) e
III. Simplificar ou partir do simples para o complexo; IV. interior (desejo, prazer etc); são imediatas e diretas;
enumerar e revisar as partes. antecedem as ideias e são mais fortes que elas; lidam
Existem 3 tipos de ideias: as inatas – são as que com os fatos ocorridos sem uma lógica absoluta. Podem
nascem junto com a consciência, fazem parte do ser ser impressões das sensações (cores, sons, cheiros etc)
pensante (ex.: Deus, matemática, perfeição etc); as e das reflexões (alegria, amor etc).
adventícias – são as que vêm de fora e representam - Ideias: representações mentais da imaginação
algo totalmente diferente da consciência (ex.: árvore, (imagem de objeto e sujeito) e da memória (lembrar uma
animal etc); as factícias – são as criadas pela impressão passada) derivadas ou cópias das impressões
imaginação (ex.: seres mitológicos etc). sensoriais; possuem base lógica e diferentes graus de
A realidade se divide em substância: res extensa fidelidade porque podem separar ou juntar-se.
(coisa extensa) – ser que tem dimensões espaciais 3 condições para pensar haver uma relação de causa
(altura, comprimento, profundidade), é extensão/corpo, e efeito entre coisas e eventos: no mín. 2 eventos e
com formas e incapaz de ação própria, acionado por coisas devem aproximar-se no espaço e ocorrer num
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curto período; a suposta causa deve surgir antes do E) formação da cosmovisão holística.
suposto efeito; 2 eventos e coisas devem ligar-se por
uma união constante ou repetir-se sucessivamente. 3.(Unesp/2016) Os ídolos e noções falsas que ora ocupam
Os seres podem ser: necessários, pois existem para o intelecto humano e nele se acham implantados não só o
obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como,
sempre (ex.: Deus); e contingentes, pois demandam uma mesmo depois de superados, poderão ressurgir como
causa exterior semelhante a eles, sendo o efeito deles, e obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser
podem ou não existir (ex.: seres vivos). Nada garante que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o
que haja relação entre causa e efeito a não ser a mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o
experiência (ex.: bola jogada para cima não implica que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado
necessariamente sua queda, a não ser que a experiência pela impaciência da investigação; rejeita os princípios da
se realize na Terra, não haja algo puxando a bola para natureza, em favor da superstição; rejeita a luz da
cima etc). A crença, o costume e, sobremaneira, o hábito experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando
são o que faz pensar uma relação necessária entre parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; rejeita
paradoxos, por respeito a opiniões vulgares. Enfim,
causa e efeito a despeito da experiência. inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase
sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto.
(BACON. Novum Organum [publicado originalmente em 1620], 1999.
1.(Uece/2020) “Toda a obra de Bacon se destina a Adap.) Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon
substituir uma cultura do tipo retórico-literário por uma do preconiza
tipo técnico-científico. Bacon está perfeitamente cônscio A) um pensamento científico racional afastado de paixões e
de que a realização deste programa de reforma comporta preconceitos.
numa ruptura com a tradição. De que tal ruptura diz B) uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no âmbito
respeito não só ao modo de pensar, mas também ao modo científico.
de viver dos homens. O tipo de discurso filosófico C) a defesa do inatismo das ideias contra os pressupostos da
elaborado no mundo clássico pressupõe, a superioridade filosofia empirista.
da contemplação sobre as obras, da resignação diante da D) a valorização romântica de aspectos sentimentais e
natureza sobre a conquista da natureza, da reflexão acerca intuitivos do pensamento.
da interioridade sobre a pesquisa voltada para os fatos e E) uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do
as coisas.” (ROSSI, P. Os filósofos e as máquinas:1400-700. São trabalho científico.
Paulo: Cia. das Letras, 1989, p.75/adap.)
Esta passagem expõe a relação entre o pensamento
4.(Pucpr/2009) São de 4 gêneros os ídolos que bloqueiam a
filosófico moderno, representado por Bacon, e o
mente. Para melhor apresentá-los, assinalamos os nomes
pensamento filosófico clássico. Sobre essa relação, é
dos Ídolos: da Tribo; da Caverna; do Foro; e do Teatro.”
correto afirmar que (BACON. Novum Organum, São Paulo: Nova Cultural, 1999, p.33.)
A) não houve nenhuma mudança substantiva entre a forma É correto afirmar que para Bacon: 
como os modernos pensavam o mundo e a forma como os A) Os Ídolos da Tribo e da Caverna são os conhecimentos
antigos interpretavam a realidade, a não ser no aspecto da primitivos que herdamos dos nossos antepassados mais
adoção de um processo metodológico diferenciado do notáveis. 
pensamento. B) Os Ídolos do Teatro são todos os grandes atores que nos
B) a filosofia dos modernos buscava compreender a forma do influenciam na vida cotidiana. 
pensamento e a partir de um raciocínio dedutivo, ao contrário C) Os Ídolos do Foro são as ideias formadas em nós por meio
dos antigos que baseavam o pensamento na forma indutiva e dos nossos sentidos. 
experimental de abordagem da realidade. D) Através dos Ídolos, mesmo considerando que temos a
C) a mudança da maneira com que os filósofos da mente bloqueada, podemos chegar à verdade. 
modernidade passaram a pensar a realidade foi radical em E) Os Ídolos são falsas noções e retratam os principais motivos
relação aos antigos, representando uma ruptura com um tipo pelos quais erramos quando buscamos conhecer.
de saber retórico e a adoção de um pensamento focado na
pesquisa sobre os fatos e as coisas. 5.(Enem/2012) TEXTO I - Experimentei algumas vezes que
D) embora ancorada em raciocínio lógico e em um método os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se
mais preciso de análise, a filosofia dos modernos mostrava-se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
inferior ao pensamento antigo, em decorrência tanto de sua DESCARTES. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril
dependência excessiva da experiência, como do abandono do Cultural, 1979.
raciocínio. TEXTO II - Sempre que alimentarmos alguma suspeita de
que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum
2.(Enem/2019) TEXTO I – Os segredos da natureza se significado, precisaremos apenas indagar: de que
revelam mais sob a tortura dos experimentos que no seu impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível
curso natural. (BACON. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para
véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de natureza. São Paulo:
confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o
Loyola, 2006.)
entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adap).
TEXTO II – O ser humano, totalmente desintegrado do
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a
todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da
natureza do conhecimento humano. A comparação dos
natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o
excertos permite assumir que Descartes e Hume
ambiente, causando grandes desequilíbrios ambientais.
A) defendem os sentidos como critério originário para
(GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas:
Papirus, 1995.) considerar um conhecimento legítimo.
Os textos indicam uma relação da sociedade diante da B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de
natureza caracterizada pela uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
A) objetificação do espaço físico. C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese
B) retomada do modelo criacionista. do conhecimento.
C) recuperação do legado ancestral. D) concordam que conhecimento humano é impossível em
D) infalibilidade do método científico. relação às ideias e aos sentidos.
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E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no B) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se
processo de obtenção do conhecimento. como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas
que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que
6.(Enem/2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, p. ex., ocorrem os fenômenos observados.
embora nossa memória possua todas as demonstrações C) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do
feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por
resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos meio da experiência sensível possuem existência real.
filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e D) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se
Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o pode observar no debate perpétuo e universal sobre o
que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única
aprendido, não ciências, mas histórias. (DESCARTES. Regras certeza que se pode alcançar.
para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.) E) A condição necessária para alcançar o conhecimento
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as
conhecimento, de modo crítico, como resultado da possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais
A) investigação de natureza empírica. obstinada.
B) retomada da tradição intelectual.
C) imposição de valores ortodoxos. 10.(Unicamp/2014) A dúvida é atitude que contribui para o
D) autonomia do sujeito pensante. surgimento do pensamento filosófico moderno. Neste
E) liberdade do agente moral. comportamento, a verdade é atingida através da supressão
provisória de todo conhecimento, que passa a ser
7. (Ufu/2011) Na obra Discurso sobre o método, Descartes considerado como mera opinião. A dúvida metódica aguça
propôs um novo método de investigação baseado em 4 o espírito crítico próprio da Filosofia. (Adaptado de Gerd A.
regras fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p.
análise, síntese, controle. Assinale a alternativa que 11.)
contenha corretamente a descrição das regras de análise e A partir do texto, é correto afirmar que:
síntese. A) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade
A) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos são conceitos equivalentes.
analisados; a regra da síntese orienta decompor o problema B) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser
em seus elementos últimos, ou mais simples. espontânea e dispensar o rigor metodológico.
B) A regra da análise orienta a decompor cada problema em C) O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge
seus elementos últimos ou mais simples; a regra da síntese quando opiniões e verdades são coincidentes.
orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos. D) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são
C) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais fundamentos do pensamento filosófico moderno.
simples até os mais complexos; a regra da síntese orienta
prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples.
D) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro
apenas aquilo que é evidente; a regra da análise orienta
descartar o que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela
opinião.

8.(Ufpa/2010) Segundo a tradição racionalista, a verdade


não reside nas coisas, mas no juízo sobre elas. Conforme
essa concepção de verdade, é lícito afirmar:
A) As ideias são verdadeiras por coincidirem naturalmente com
as coisas.
B) A verdade reside na atribuição do predicado inerente ao
sujeito do juízo.
C) A verdade reside no ato de julgar, porque é isento de
qualquer valor cognitivo.
D) A apreensão do objeto é produto de um julgamento
exclusivamente ético.
E) O sujeito do juízo não deve pertencer ao predicado, para se
evitar um julgamento preconceituoso.

9.(Uel/2011) O principal problema de Descartes pode ser


formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir
que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?”
Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do
cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira,
Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda
assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu
pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu
não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu
existo [...]” (DESCARTES. Meditações Metafísicas. São Paulo: Nova
Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)
Com base no enunciado e considerando o itinerário
seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento,
é correto afirmar:
A) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser
discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são
falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se
nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.

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