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Descartes vs Hume - Semelhanças e Diferenças

Filosofia (Ensino Médio - Portugal)

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FILOSOFIA
René Descartes: Racionalista, admite que o conhecimento é inato à razão. Desta
forma, a nossa razão é uma substância com conteúdo que vamos desenvolvendo ao
longo do tempo.

→ Critica o saber tradicional do seu tempo: saber livresco e escolástico, que mistura
«falsas» opiniões com verdades, sem que se consigam distinguir.

Diagnóstico da Ciência:

❖ Fragilidade dos Fundamentos Reforma da Ciência


❖ ‘Vicio’ na ordenação do saber
(incertos e duvidosos)

[Em Descartes, Ciência = Saber = Conhecimento]

Desta forma, Descartes parte à procura de um conhecimento indubitável, aquele que


constituirá o princípio do sistema do saber, de modo a que possa reconstruir um
sistema claro e distinto, sobre bases firmes.

Logo no 1º nível da aplicação da dúvida, Descartes nega o empirismo porque este


defende que as representações sensíveis captadas através da experiência são o
fundamento do conhecimento; ora, o primeiro nível da dúvida metódica rejeita como
falsos os dados sensíveis e a experiência, baseando-se nos «erros comuns dos
sentidos».

- O primeiro nível declara como falsas as representações sensíveis (tem dimensão


gnoseológica);

- O segundo nível põe em causa a própria existência do mundo físico e corpóreo (tem
dimensão ontológica).

Após a aplicação da dúvida, ficamos com uma irrefutável afirmação: a evidência do


‘Cogito’ (eu pensante). “Penso, logo existo”, um “nada” não poderia pensar. Daqui
parte o primeiro conhecimento indubitável, claro e distinto, que constituirá o
fundamento do Saber → o Cogito (Res Cogitans)

Portanto, não há qualquer verdade anterior ao ‘Cogito’; ele é necessariamente a


verdade primeira ou primordial, para quem pensa ‘por ordem’. A realidade do sujeito
pensante é, necessariamente, anterior à realidade das coisas que poderá vir a
conhecer.

A partir daqui, podemos obter uma separação essencial entre Alma do Corpo. Sou
uma substância (exclusivamente) pensante - «res cogitans». Não sou uma substância
corpórea (res extensa).

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• A dúvida purificou a razão, libertando-a de falsos princípios e conhecimentos


enganadores. É correto dizer que o racionalismo cartesiano conduziu a filosofia (ou
o sistema do Saber) a um recomeço e que esse recomeço (esse fundamento ou
alicerce sólido) é o sujeito puramente racional. Desta forma, a função de validar o
conhecimento fica exclusivamente entregue à razão (e não aos
sentidos/experiência) o que reforça a ideia de estarmos perante uma posição
racionalista.

Ainda sei que penso duvidando. Esta forma de pensar é imperfeita, e como sei disso?
Sei porque reconheço que pensar sabendo é mais perfeito do que duvidando. No
entanto, sendo eu um ser imperfeito, como posso ter a ideia de perfeição? A resposta
a esta pergunta em Descartes é simplesmente que existe um ser perfeito – Deus.

Deus, aquele que me criou, depositou em mim a ideia da sua existência, de modo a
que eu pudesse conhecê-lo e desenvolver esse conhecimento sem necessitar de
recorrer à experiência. O conhecimento de Deus é desta forma uma ideia inata, que
nasce com a razão.

Argumento da existência de Deus como SER PERFEITO:

• PONTO DE PARTIDA

A ideia de Perfeição (de um Ser Perfeito) existe no meu pensamento (por isso eu me
reconheço como ‘imperfeito’)

• APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE (tudo quanto existe tem uma


causa)

Ora, qual é a causa da Ideia de Perfeição que existe em mim?

• 1ª HIPÓTESE

Eu, ser imperfeito, não posso ser a causa da ideia de Perfeição que existe em mim,
porque a causa da Perfeição não pode ser ‘imperfeita’ ( O princípio de Causalidade
determina que, no efeito, não pode haver ‘mais realidade’ do que na causa; ou seja, a
causa não pode ser inferior ao efeito).

Logo: O sujeito pensante não é a causa da Ideia de Perfeição

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• Então:

A causa da Ideia de Perfeição só pode ser um Ser Perfeito, fora de mim.

Existe esse Ser Perfeito? Existe necessariamente, porque se não existisse faltava-lhe o
atributo da ‘existência’ e, então, não seria Perfeito; um Ser Perfeito ‘não existente’ é
uma contradição lógica, pelo que, da sua simples ideia se deduz, necessariamente, a
sua existência (adaptação do Argumento Ontológico de S. to Anselmo).

Logo: A causa da Ideia de Perfeição (que está no sujeito pensante) é um Ser Perfeito
(Deus).

Se Deus pôs, no sujeito pensante, a sua ‘marca’ como «semente de verdade», então o
sujeito pensante está ligado a Deus, como a criatura (efeito) ao Criador (Causa),
criando-nos de modo a atingir a verdade científica.

✓ Deus é garantia da Verdade: ele é o fundamento do Saber, a verdadeira ‘raíz da


árvore’ ou o ‘alicerce’ do edifício científico. É a estabilidade fundamental do
Saber, garantida por Deus, que constitui a condição para que a ciência dedutiva
se possa construir:

1) A raíz do Saber é a Metafísica (Ciência das primeiras intuições cujo fundamento


é Deus);
2) As restantes ciências dedutivas são: a Física e as Ciências ‘particulares’ como a
Medicina, a Mecânica e a Moral.

David Hume: Empirista, admite que o nosso conhecimento resulta da experiência


sensível. Não pode haver nada na razão que não tenha passado primeiro pelos
sentidos.

Conteúdos da Mente (Percepções)

Impressões Ideias
Ato originário do conhecimento, Cópias débeis das impressões;
deriva directamente da registos que obtemos das
experiência sensível impressões

Constituem o mundo físico Constituem o pensamento

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Na raiz das ideias encontram-se as impressões (1ªs percepções sensíveis), e com estas,
a razão trabalha de três formas:

❖ Memória
❖ Imaginação
❖ Conceptualização Abstrata

Isto leva-nos aos 2 tipos de conhecimentos que podemos admitir em David Hume:

❖ Conhecimento de Ideias (ou Relação de Ideias):


Este é um conhecimento à priori e analítico, uma vez que a verdade das
proposições não depende da experiência. O predicado está implícito no sujeito,
ou seja, a razão relaciona as ideias de modo a tornar explícito o que já estava
implícito no conceito (não nos traz novos conhecimentos à cerca do que nos
rodeia). Este tipo de conhecimento é necessariamente verdadeiro e válido,
uma vez que é puramente racional. Constituí o conhecimento lógico-
matemático.
❖ Conhecimento de Facto:
Conhecimento a posteriori, só a partir da experiência é que podemos
determinar a verdade de um facto. É possível acrescentar novos
conhecimentos em relação àquilo que nos rodeia, são no entanto apenas
prováveis. Constituí o conhecimento científico.

Importante: As ciências empíricas regem-se pelo princípio da causalidade e pela


indução (generalizações), que se baseia no princípio da uniformidade da natureza. No
fundo todos estes conceitos estão interligados entre si.

O princípio da causalidade diz-nos que entre dois fenómenos (A e B) há uma conexão


necessária de tal modo que acontecendo A, não pode deixar de suceder B. Isto é algo
que aconteceria sempre, o que nos leva à uniformidade da natureza, em que tudo
acontece com uma determinada ordem, sem exeção.

Não podemos comprovar empiricamente a ideia de conexão necessária, porque esta


não deriva da experiência; Esta é assim uma crença ilusória, baseada num “hábito
psicológico”, deriva de um hábito mental e resulta numa crença subjetiva que não
corresponde a um conhecimento objetivo: diz-nos mais acerca do modo como
funciona a nossa mente, do que sobre o mundo. Porquê?

Porque os sentidos não nos permitem a impressão de conexão necessária, apenas


tomamos a perceção de sucessões de fenómenos e não a ideia de que um fenómeno
(B) depende de outro (A) para acontecer. Não temos impressão sensível que
corresponda à Ideia de causa. Da mesma forma não podemos garantir que o que
temos experimentado até ao momento se venha a repetir no futuro (ou seja não
podemos prever).

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Descartes VS David Hume

DESCARTES HUME

“Tabula Rasa”, estrutura vazia


Substância que contem em si o
com capacidade, cujo conteúdo
RAZÃO conhecimento de forma inata
provem da experiência sensível
(Racionalismo)
(Empirismo)
Em Hume temos conclusões
cépticas, onde é colocada em
causa a objectividade do
Descartes não é céptico e
conhecimento científico. No
afirma a possibilidade de
entanto ele admite a existência
conhecimento, tendo em
CONHECIMENTO conta que a razão, apoiada na
do conhecimento que resulta da
apreensão sensível, só que não
veracidade divina, pode
está ao alcance do homem um
conhecer a essência as coisas1
conhecimento total, uma vez que
o conhecimento está limitado
pelos nossos sentidos
A objectividade do
O conhecimento de facto é
conhecimento é justificada
justificado pela experiência
JUSTIFICAÇÃO DO pela existência de Deus, o
(empirismo), no entanto
CONHECIMENTO criador, cuja veracidade
permanece apenas provável
garante a verdade das minhas
evidências.

1
– Ao utilizar a dúvida, Descartes pretendia distinguir o que é verdadeiro do que é
falso, portanto existem verdades e existe o conhecimento inerente à razão, mas cada
um deverá saber procurá-lo em si e desenvolvê-lo de modo a ser justificável.

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