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1.

O Conhecimento

O conhecimento é uma forma de compreensão e representação da realidade


que os seres humanos se utilizaram para sobreviver desde os tempos remotos
em seu meio.

As representações são geradas e fundamentadas através da sensação,


percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição intelectual.
A partir dessas diferentes formas de representações os indivíduos criaram
códigos para interpretar tudo que existe. Diferentes de outros animais os seres
humanos sempre procuraram compreender a realidade em busca de melhores
condições de sobrevivência.

Todo o conhecimento e códigos foram sendo transmitido por gerações e assim


formando grupos e culturas dentro de uma mesma sociedade.

2. Os Tipos De Conhecimentos

Existem diversas formas de compreender e entender o mundo, se distinguindo


por sua origem (crença ou razão), aquisição (narrativas míticas, escrituras,
tradição, reflexão ou investigação), validação (tradição, dogmas, método e
argumentação) e transmissor (poeta-rapsodo, líderes religiosos, pessoas
comuns, cientistas e filósofos).
Todos os tipos de conhecimento têm por um único objetivo, explicar e dar
sentido a tudo que existe e toda essa tentativa é geradora de conhecimentos
válidos mesmo que não beneficie ou tenha valor para todos.

2.1. Conhecimento Mítico

É uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros. Da Terra.
dos homens, das plantas. dos animais, do fogo, da água. dos ventos, do bem
e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das
raças, das guerras, do poder, etc.).

Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes


que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra:
é uma narrativa feita em público, baseada na autoridade e confiabilidade da
pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou
testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem
testemunhou os acontecimentos.

Quem narra o mito é o poeta-rapsodo onde se acredita que ele é um escolhido


dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que
ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa
transmiti-la aos ouvintes, sua palavra (mito) é sagrada porque vem de uma
revelação divina sendo incontestável e inquestionável.

O mito narra a origem do mundo nessas principais formas:

 Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que
existe decorre de sexuais entre forças divinas pessoais;

 Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz


surgir alguma coisa no mundo;

 Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem


os desobedece ou a quem os obedece.

2.2. Conhecimento Religioso

É uma narrativa, que busca através da origem dos deuses, e pela ação das
divindades, a origem das coisas, das plantas, dos animais e dos seres
humanos por isso, a narrativa religiosa sempre começa com alguma
expressão do tipo: "no principio" "no começo", "quando o Deus estava na
Terra".
A história sagrada narra como e por que a ordem do mundo existe e como e
por que foi doada aos humanos pelos deuses. Assim além de ser uma
teogonia, a história sagrada é uma cosmogonia (do grego: cosmos mundo;
gonia geração): narra o nascimento a finalidade e o perecimento de todos os
seres sob a ação dos deuses.
A religião não opera no intelecto humano, mas se dirige as paixões do crente,
a religião lhe pede uma só coisa: fé, ou seja, a confiança e adesão plena ao
que lhe é manifestado como ação da divindade. A religião em saber racional
chama-se teologia.

Principais finalidades da experiência religiosa e da instituição social religiosa:

 Proteger os seres humanos contra o medo da Natureza, nela encontrando


forças benéficas, contrapostas ás maléficas e destruidoras;

 Encontrar explicações para a origem a forma, a vida e a morte de todos os


seres e dos próprios humanos;

 Oferecer aos humanos a esperança de vida após a morte;

 Oferecer consolo aos aflitos, dando-lhes uma explicação para a dor, seja
ela física ou psíquica;

 Garantir o respeito das normas, das regras e o valor da moralidade,


estabelecidos pela própria religião, sob a forma de mandamentos divinos.

2.3. Conhecimento Senso Comum

Está presente em nosso cotidiano é formado por observações e deduções de


fatos e vivências e são passados de geração a geração. Podemos identificar
como um conhecimento popular e cultural não tem garantias ou validades
depende da confiança daquele que recebe o conhecimento, geralmente
movido pela opinião.

Características Do Senso Comum:

 São subjetivos, exprimem sentimentos e opiniões individuais e de grupos,


dependendo das condições em que vivemos;

 São qualitativos, as coisas são julgadas por nós pelas qualidades;

 São heterogêneos, referem-se a fatos que julgamos diferentes, porque os


percebemos como diversos entre si;

 São individualizadores por serem qualitativos e heterogêneos, isto é, cada


coisa ou cada fato nos aparece como um indivíduo ou como um ser
autônomo;

 Mas também são generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião


ou numa só idéia coisas e fatos julgados semelhantes;

 Tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas ou entre


os fatos;

 Não se surpreendem e nem se admiram com a regularidade, constância,


repetição e diferença das coisas, mas, ao contrário, a admiração e o
espanto se dirigem para o que é imaginado como único, extraordinário,
maravilhoso ou miraculoso.

 Tendem a identificar a investigação científica com a magia, considerando


que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o incompreensível;
 Costumam projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angústia e de
medo diante do desconhecido;

 Nossas certezas cotidianas e o senso comum de nossa sociedade ou de


nosso grupo social cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos
a interpretar toda a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.

2.4. Conhecimento Científico

Os conhecimentos científicos são baseados na razão para conhecer a


realidade, através de métodos, demonstração e prova do conhecimento das
propriedades e funções do objeto construída pela própria atividade racional.

A linguagem científica destaca o objeto das relações com o sujeito, separa-o


da experiência vivida cotidiana e constrói uma linguagem puramente
denotativa para exprimir sem ambiguidades as leis do objeto. O simbolismo
científico rompe com o simbolismo da linguagem cotidiana construindo uma
linguagem própria, com símbolos unívocos e denotativos, de significado único
e universal.

Características Do Conhecimento Cientifico:

 Estabelece idéia de objetividade fazendo distinção entre sujeito e objeto do


conhecimento uma independência dos fenômenos em relação ao sujeito
que conhece e age;
 Possui métodos como um conjunto de regras, normas e procedimentos
gerais, que servem para definir ou construir o objeto e para o autocontrole
do pensamento durante a investigação e, após esta, para a confirmação ou
falsificação dos resultados obtidos;
 Operações de análise e síntese, isto é, de passagem do todo complexo às
suas partes constituintes ou de passagem das partes ao todo que as
explica e determina.
 Lei do fenômeno, isto é, de regularidades e constâncias universais e
necessárias, que definem o modo de ser e de comportar-se do objeto, seja
este tomado como um campo separado dos demais, seja tomado em suas
relações com outros objetos ou campos de realidade.
 No uso de instrumentos tecnológicos e não simplesmente técnicos, visam a
intervir nos fenômenos estudados e mesmo a construir o próprio objeto
científico, confere à ciência precisão e controle dos resultados, aplicação
prática e interdisciplinaridade;
 Criação de uma linguagem específica, própria e universal, distante da
linguagem cotidiana e da linguagem literária.

2.5. Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico busca compreender o pensamento humano e os


conhecimentos desenvolvidos pelas sociedades através da atitude críticas,
que os indivíduos fazem com referência a sua existência e sobre o universo.

Com o inicio da filosofia na Antiguidade na Grécia Antiga, momento em que


tudo era explicado de forma mítica e religiosa começaram os
questionamentos, sistematização e investigação dessas explicações que até
então eram aceitas.

Características Do Conhecimento Filosófico:

 Tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus


princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa;
 Tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto é,
colocado um problema, sua solução é submetida à análise, à crítica, à
discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade,
se não for provado racionalmente que é verdadeira;
 Exigência de que o pensamento apresente suas regras de
funcionamento, isto é, o filósofo é aquele que justifica suas idéias
provando que segue regras universais do pensamento.
 Recusa de explicações pré-estabelecidas e, portanto, exigência de que,
para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria
exigida por ele;
 Tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem
validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação
percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre
semelhanças e identidades.

Conclusão

Todos os conhecimentos têm sua importância, durante muito tempo uns foram
aceitos e inquestionáveis, mas a partir de um dado momento esses
conhecimentos iniciais Míticos, Religiosos e Senso Comum não conseguiram
responder aos questionamentos que começaram a surgir, dando espaço aos
conhecimentos Filosóficos e Científicos.

Com o surgimento em especial do Conhecimento Cientifico houve uma grande


corrente de pensamentos, Racionalismo, onde se acreditava que a razão era a
única forma que o ser humano teria de alcançar o verdadeiro conhecimento
por completo e isso levou a acreditar que haveria um abandono de tudo que
não houvesse uma explicação racional. E podemos ver que até os dias de
hoje que os conhecimentos andam lado a lado disputando espaços, a exemplo
podemos citar na área da saúde onde muitos tratamentos médicos são
substituídos por tratamentos de senso comum ou religioso.

Sempre haverá lugar para todos os conhecimentos cabe ao individuo saber


identificar qual melhor a cada situação.

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