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ESPARTA

Esparta foi uma das maiores pólis da Grécia antiga, tendo provavelmente
surgido no período homérico, chegou a dominar a região do Peloponeso e ter
uma ascensão a partir do século VII a.C., se tornando hegemônica na região.
Tinham uma sociedade rígida e com poucas possibilidades de conduta moral,
tendo sido moldada sobre uma base de um corpo militar, que tomava conta da
cidade e participava da vida política. A origem exata de Esparta, assim como
qualquer civilização desse período, ainda é fruto de debate, e não existe uma
conclusão exata sobre o tema, mas acredita-se que surgiram por voltas do
século X a.C durante o período homérico. Pelo que se tem registros hoje, foram
um povo de origem dória e micênica, devido às invasões dórias que ocorreram
por volta do ano de 1200 a.C. na Grécia. Na narrativa mítica dos espartanos, a
cidade teria sido fundada por Lacedemon, filho de Zeus e Taigete. O mito
grego conta que Lacedemon casou-se com Esparta, filha de Eurotas, um mítico
rei que descendia de Lélex, rei do povo originário da Lacônia. Depois que
Lacedemon assumiu o trono da Lacônia, ele nomeou a região com o seu nome
(a Lacônia também é conhecida como Lacedemônia) e deu o nome de sua
esposa para a cidade de Esparta.
Mas essa é somente a explicação mítica dada pelos próprios espartanos, e
provavelmente não reflete a realidade, o que se sabe é que a cidade foi
estabelecida pelos dórios na lacônia, e com o tempo passou a ter caráter
expansionista pela península. Nesse mesmo período, Esparta se tornou
também a pólis com maior domínio territorial, após tomar a região vizinha da
Messênia, por volta do século VII a.C. Os espartanos eram divididos entre os
esparciatas, que eram famílias compostas apenas por pessoas de origem
espartana, sendo a única classe que tinha direitos políticos. Os Periecos que
eram quem descendia de povos conquistados, e apesar de ter liberdade, não
possuíam direitos políticos. E por fim os hilotas, que eram aqueles sendo
conquistados pelos espartanos, não tendo direito algum, além de não ter direito
de frequentar terras fora da que estavam, e ser obrigados a servir os
aristocratas espartanos.
Devido aos conflitos que os espartanos se envolveram logo no início de sua
história, juntamente as expansões de território, tal povo foi moldado por uma
ordem social baseada na disciplina e militarismo. O sistema de governo
espartano, ao contrário de outras pólis gregas ao redor como Tebas e Atenas,
contava com uma pólis aristocrática governada por uma diarquia, ou seja, o
poder era dividido entre dois reis, que herdavam o poder e exerciam funções
religiosas, políticas, militares e jurídicas. Esses dois reis eram de descendência
dos Ágidas e dos Euripôntidas.
Juntamente aos dois reis, tinham também outras três instituições:
Apela: uma espécie de assembléia, que era incumbida de ouvir e repassar
propostas para os reis, eram geralmente propostas formuladas pela Gerúsia.
Todos os membros deveriam ter mais de 30 anos.
Gerúsia: a gerúsia era uma espécie de senado, com membros de mais de 60
anos que ocupavam o cargo de modo vitalício, esses tinham o papel de
formular leis e julgar pessoas.
Conselho de Éforos: essa era a instituição mais respeitada dentro de Esparta,
onde cinco esparciatas eram eleitos para ocuparem o cargo por apenas um
ano. Nesse um ano, sua função era nada mais nada menos do que monitorar o
trabalho dos reis. Para os historiadores, este era o cargo mais importante e a
instituição mais temida em Esparta, até mesmo mais do que os reis.
Um fato curioso, era que algumas vezes quando Esparta conquistava outros
reinos, como aconteceu na Messênia, ao invés de simplesmente anexar a
região, as populações eram subjugadas e transformadas em servos, e não
somente aqueles que habitavam a região dominada, mas todos que
nascessem em seguida, esses eram os hilotas, e formavam a maior classe
social de Esparta. Além da servidão forçada, os hilotas viviam na sombra do
perigo, já que era algo comum entre jovens espartanos, uma prática chamada
de cripteia, onde quando o jovem virava um adulto, era enviado para vilas de
hilotas com uma adega e um pouco de comida, ali ele geralmente dormia
durante o dia, e realizada uma espécie de caça aos hilotas de noite. Os
costumes violentos, expansionistas e gananciosos de Esparta, fizeram com
que acontecesse algo inevitável, dezenas de conflitos ao longo de sua história,
fizeram com que sua linha do tempo fosse cheia de altos e baixos, como a
Batalha de Termópilas, que ficou conhecida como a batalha dos 300, onde
supostamente um grupo de trezentos espartanos enfrentaram cerca de 80 mil
homens (não se sabe a veracidade dessa historia), também participaram das
Guerras Médicas contra os persas, e a Guerra do Peloponeso, onde Esparta
fez uma investida contra Atenas e saiu vitoriosa. A Guerra do Peloponeso
causou uma grande revolta na Grécia, pois Atenas era a principal Pólis, e não
tinha características que ameaçassem outras cidades, e com o fim da guerra
em 404 a.C. e a vitória e elevação de Esparta, entre 395 à 387 a.C. os
espartanos lutaram contra Tebas, Corinto, Atenas novamente e Argos, no que
ficou conhecido como a Guerra de Corinto. Em 371 a.C., a derrota na Batalha
de Leuctra, a cidade de Esparta entrou em declínio, além de derrotas em
guerra e inúmeras baixas, outras pólis gregas deixaram de comerciar com os
espartanos, levando a um rebaixamento social, onde nunca mais foi
recuperado o brilho dos tempos de hegemonia.

ATENAS
Atenas (nome proveniente da deusa grega Atenas) é uma cidade localizada no
território grego, no sul das terras, tendo sido uma das maiores cidades
desenvolvidas na Grécia antiga. Seu solo não era tão fértil ao ponto de se ter
facilidade no cultivo de alimentos como o trigo, entretanto logo fora encontrado
um modo de sobrevivência e economia, por ser localizada entre colinas, houve
então a criação de uma longa cadeia de produção de oliveiras e uvas,
culminando no desenvolvimento e comércio de vinhos e azeites. Explanando
um pouco mais sua origem, Atenas era inicialmente parte da famosa
Civilização Micênica, que teve seu apogeu por volta de 1600 a.C. e perdurou
até os anos de 1050 a.C., durante esse período a cidade de Atenas fora a mais
importante para civilização micênica, pois se destacavam pelo domínio do porto
de Pireu, um dos maiores do mediterrâneo, possibilitando uma intensa vida
marítima e expansão da cidade ateniense por volta de VIII a.C.
Durante o período que conhecemos como Período homérico (1150 a.C. a 800
a.C.) Atenas dominou política e economicamente a Ática, e os atenienses
viviam sob domínio de regimes aristocráticos, onde a maioria das terras eram
concentradas nas mãos de uma pequena parcela da população, os chamados
eupátridas. Em contraponto, a população camponesa encontrava enormes
dificuldades de sobrevivência, e a desigualdade social era algo extremo na
região, fazendo com que muitas vezes pessoas endividadas, se escravizassem
para ter suas dívidas perdoadas, sendo esse um ato muito comum na
antiguidade, salientando, não podemos confundir esse sistema de escravidão
com o sistema operado na áfrica milênios depois, pois um era baseado no
perdão de dívidas e outro no completo controle, uso e descarte do ser humano,
caracterizado pela diáspora africana feita pelos europeus.
O crescimento de Atenas deve-se claro, a sua localização perante o mar, que
era extremamente vantajosa e mantinha um alto padrão comercial para época,
isso fez com que com o passar dos anos transformações ocorressem, e muitos
camponeses e comerciantes (que faziam parte do baixo escalão da sociedade)
passassem a exercer também funções vitais para o crescimento da cidade,
levando é claro, a terem uma parcela de relevância para a aristocracia. Este
fato trouxe o desenvolvimento da democracia ateniense, onde além dos
eupátridas, comerciantes, marinheiros e artesãos também exerciam poder na
vida pública. Este sistema trouxe uma revolução social maior para os
atenienses, pois políticas públicas passaram a existir, diminuindo a
desigualdade e trazendo mais estabilidade ao povo comum, e aqueles que
eram considerados indivíduos perigosos ou contra democracia eram exilados.
Durante o século V a.C., Atenas passou por momentos de perturbação, devido
às invasões persas, que originaram as guerras médicas, e por mais que tenha
sido um conflito violento, Atenas saiu vitoriosa e não deixou se abalar, gozando
de prestígio dentre os gregos por vencerem a ameaça externa, passando a ser
considerada a maior cidade grega. Esse pico de crescimento e
desenvolvimento acabou por incomodar outra grande cidade grega, Esparta,
que acabou por se sentir ameaçada devido à grandeza e influência que Atenas
estava tomando, e o fato da Grécia ser formada por cidades-estado, fazia com
que o sentimento de que se uma cidade tivesse em mãos muito poder, teria
também a possibilidade de tentar invadir e conquistar cidades mais fracas. Tal
sentimento fez com que em 431 a.C. a cidade de Esparta entrasse em guerra
com Atenas, originando um dos maiores conflitos antigos, a guerra do
Peloponeso, que acabou com a vitória de Esparta em 404 a.C., e elevação da
mesma como maior cidade grega. Essa guerra trouxe fortes consequências
para a Grécia, pois Esparta tinha um modo de governo mais violento, e chegou
a conquistar algumas cidades-estado pelo mediterrâneo, entretanto, Atenas
continuou sendo de grande influência, e embora tenha saído fragilizada da
guerra, seguiu com seu planejamento econômico e social, mantendo sua
importância para região, e sendo até mesmo em milênios mais tarde,
considerada o berço da democracia, e hoje é a capital da Grécia, mantendo o
posto de cidade mais influente da região até os dias atuais

LEÔNIDAS I
O crescimento do mundo grego em meio a sociedade do mundo antigo,
aconteceu relativamente rápido, com cidades como Atenas, Esparta, Delos e
dentre outras, ficando famosas por representarem grandes centros
econômicos, culturais e militares de seu período. Cada cidade grega, porém,
possuía características especificas, que nos possibilita hoje em dia, milênios
depois, de conseguirmos enxergá-las por prismas específicos.
Enquanto algumas cidades ficaram conhecidas por seu apogeu político e
administrativo, como Atenas, outras ficaram conhecidos pela sua capacidade
militar e brutalidade, caso de Esparta, que, no que lhe concerne, mostrou ao
mundo antigo grandes nomes de sua cultura. O grande rei de Esparta Leônidas
I, filho de Anaxândrides II, foi em sua época um dos mais famosos lideres do
mundo grego, tendo até mesmo protagonizado uma das mais históricas
batalhas da Grécia antiga, a Batalha de Termópila contra os persas liderados
pelo rei Xerxes. Talvez Leônidas I, rei de Esparta entre os anos de 491 a.C. e
480 a.C., tenha sido o mais celebre nome da história daquele povo, tendo seu
nome elevado a um alto patamar após a famosa Batalha de Termópilas,
quando o mesmo liderou um pequeno grupo de guerreiros (cerca de 7000
homens) contra o exército do rei persa Xérxes I, e mesmo com um número de
guerreiros extremamente inferior, freou por mais de dois dias o avanço persa,
causando grande número a campanha dos mesmos.
No momento do combate, seu exército estava centralizado no desfiladeiro de
Termópilas, que une a Tessália à Beócia, e enquanto seus homens se
agrupavam e continham os persas, somente 300 soldados faziam sua guarda
pessoal, daí surge o famoso mito dos ‘’300 de Esparta’’, traduzido pela
indústria cinematográfica e literária contemporânea como uma guerra entre 200
mil persas contra 300 espartanos, mas sabemos hoje que na realidade, esse
contingente de homens chegava à cerca de 7000 soldados, e os 300 eram
somente a guarda pessoal do líder e general espartano. Acredita-se que,
durante a batalha, mais de 20 mil persas sucumbiram às tropas gregas, e de
acordo com relatos do historiador antigo Pausânias, os gregos em momento
algum recuaram ou cogitaram desistência. Entretanto, mesmo com a sua
bravura e grande tática de guerra, no ano de 480 a.C., os persas acabaram
saindo vitoriosos, Leônidas teve sua cabeça removida do corpo e os homens
que restaram do conflito fora brutalmente derrotado. Apesar da derrota, o nome
de Leônidas foi lembrado pela bravura e conhecimento militar, conseguindo
antes de ser derrotado, levar consigo mais de 20 mil persas, quase o triplo da
quantidade de homens que ele liderava.
CIRO, O GRANDE
A ascensão dos povos antigos se deu através dos séculos, e juntamente a
isso, acompanhamos também o surgimento de grandes figuras históricas. Se
na pré-história não conseguimos encontrar relatos sobre grandes líderes, e sim
sobre a formação de tribos e trabalho conjunto, mesmo que em fontes
extremamente rudimentares como pinturas, na antiguidade vemos a criação de
estados e estruturas de poder, cujo objetivo era administrar, dominar e
expandir seu território, além de conseguir uma melhor organização na defesa
de outros povos. Ainda, sim, essa estrutura levou milênios para se consolidar,
mas quando feito, não demorou a aparecer nomes que ficariam marcados não
somente em sua geração, mas como na história da humanidade. Esse foi o
caso do Imperador Ciro, O Grande (558-528 a.C.) que comandou durante sua
vida o Império Persa, criando para o seu povo não somente um período de
estabilidade, mas uma herança cultural e política que mesmo após sua morte,
permaneceram com o tempo vivos na literatura, costumes, língua, etc.
Filho de Cambises, um nobre persa e de Mandane, filha do rei da região da
Média, Ciro unificou o território persa, que era formado por cidades-estados e
tribos não centralizadas, fundando o famoso Império Persa por volta de 540
a.C., sendo posteriormente, o Império mais poderoso da Ásia e do
Mediterrâneo Oriental. Ficou, durante seu governo, conhecido como um exímio
administrador e grande estrategista, conseguindo expandir seu território em
números inimagináveis para a época, e dentre suas conquistas, podemos
destacar os seguintes feitos:
- Conquistou diversos territórios do Antigo Oriente Próximo.
- Conquistou povos de grande parte do Sudoeste da Ásia.
- Dominou grades áreas da Ásia Central e da região do Cáucaso.
- Conquistou a Babilônia em 539 a.C. Esta conquista foi retratada nos textos na
Bíblia (Antigo Testamento). Após conquistar a Babilônia, Ciro libertou os judeus
do cativeiro, autorizando-os a voltarem para Jerusalém.
Ciro ganhou prestígio com os anos, não somente de aliados e seguidores, mas
também de adversários, que o viam como um grande líder, e acima de tudo,
um imperador tolerante. A religião dos povos conquistados eram respeitadas
caso aceitassem o jugo do imperador, juntamente a sua religião, Ciro mantinha
o líder local da cidade caso não traísse ou tentasse lutar contra o mesmo,
exigindo apenas a cobrança de imposto e a aceitação de se manter obedientes
ao Imperador. Esse modo de governar, é tido para os estudiosos dessa
personalidade como principal atributo para seu sucesso, e inclusive, era
chamado de Ciro, O Ancião ou Rei dos Reis pelos gregos, demonstrando o
respeito entorno de seu nome no mundo antigo. Não se tem muitas
informações a respeito de sua vida pessoal, mas sabe-se que faleceu por volta
de 528 a.C., às margens do rio Sir Dária, enterrado em Pasárgada , importante
cidade da pérsia antiga, fundada pelo próprio Imperador.
OS FILISTEUS
Na antiguidade, diversos povos se formaram ao redor do globo, e na região
que conhecemos home como Palestina, dezenas de tribos habitaram o local a
medida dos anos, dentre esses povos e tribos, os Filisteus são um dos mais
controversos. Amplamente citada no Antigo Testamento, eram considerados
nas escrituras judaico-cristãs como um povo inimigo dos Hebreus, que se
assentaram na região enquanto o povo hebreu estava no Egito, e após isso,
com o retorno dos mesmos, entraram em dezenas de combates até serem
totalmente derrotados e desaparecerem por completo até o século VII a.C.
Essa descrição ainda é vista com olhares céticos, não sendo histórica ou
arqueologicamente possível de provar que o povo Filisteu se tratava de um
reino ou confederação de povos. Acredita-se que de fato, tal povo tenha sim
habitado a região Palestina, potencialmente, sendo em sua origem um povo
nômade que migrou de algum lugar pelo Mar Egeu, rumando ao leste do
Mediterrâneo por volta de XIII a.C., sendo possível observar citações desses
povos em escritos dos faraós Mineptah e Ramsés III, referindo-os como povo
do mar, ou habitantes da ilha, e suas descrições davam conta que tal povo
havia devastado a Ilha de Chipre e Ugarit, levando até mesmo a destruição do
povo Hitita durante a Idade do Bronze.
Esses povos, foram denominados como Cananitas, e se estabeleceram em
diversas regiões, como Ekron, Gat, Ashdod e Gaza, todas essas na região
central da Palestina. Esse povo era considerado extremamente hostil contra
estrangeiros, mas após se estabelecerem, não tiveram comportamento
expansionista. Durante o século X a.C., supostamente, as tribos israelitas se
unificaram sob liderança do rei Davi, e a guerra declarada contra os Filisteus
fez com que o povo Hebreu não medisse esforços contra tal povo, juntamente,
sabe-se também que os babilônios, assírios e arameus também invadiram
cidades dos Filisteus (ou Cananitas) enfraquecendo ainda mais esse povo.
Durante o reinado do monarca persa Nabucodonosor, durante o século IV a.C.,
as cidades que outrora foram relatadas como pertencentes aos Filisteus,
deixaram de ser citadas, possuindo um longo período de vácuo na história
desse povo, acreditando-se que eles tenham de fato encontram seu fim
durante tal período, e a última citação desse povo data de aproximadamente
700 a.C., quando a sua principal cidade, Gath, foi conquistada pelos assírios
sob comando do rei Sargão II.

DIÁSPORA JUDAICA
A palavra diáspora deriva do hebraico e significa dispersão, expulsão e exílio.
É o termo que define as migrações do povo judeu - quase sempre por
expulsão. As consequências diretas da diáspora estão na formação das
comunidades judaicas. A diáspora judaica é prevista na Bíblia e define a busca
do povo pela terra prometida.O Egito e a Babilônia foram os destinos dos
judeus nos dois principais movimentos de diáspora a partir do século 6 a.C.
Embora tenham sido escravizados, o movimento permitiu a troca de
informações culturais, linguísticas e religiosas, reforçando a identidade dos
povos.
A dispersão do povo judeu decorre de confrontos com outros povos e disputas
por territórios. A primeira dessas migrações é registrada no ano 586 a.C.,
quando o imperador da Babilônia Nabucodonosor II destrói o templo de
Jerusalém e deporta os judeus para a Mesopotâmia. Os judeus estavam na
região desde 722 a.C. após a destruição do reino de Israel pelos Assírios, que
escravizaram as dez tribos de Israel. Sião é o nome do monte onde estava
localizado o templo de Jerusalém. Após a 2ª Guerra Mundial, 1945, lideranças
políticas e religiosas judias voltaram a discutir o movimento classificado como
sionismo, que significa o retorno do povo judeu para a Terra de Israel. O
retorno foi impulsionado pelo massacre do povo judeu, ao menos 6 milhões
foram assassinados durante da 2ª Guerra Mundial. Com a criação do Estado
de Israel, em 1948, termina a diáspora de quase 2 mil anos para o povo judeu.

TORRE DE BABEL
Não é somente uma língua em comum ou um território que criam a cultura de
uma civilização, e as histórias e mitos são fatores preponderantes para
podermos entender o modo em que determinado povo baseia seus costumes.
A Torre de Babel é um dos contos mais intrigantes da história humana, onde
um povo elabora e começa a construir uma torre que chegaria aos céus para
alcançar os deuses, porém, os deuses não gostaram da premissa e soberba
que envolvia o projeto, a derrubando antes mesmo dela ficar pronta.
Essa história permeou vários povos da mesopotâmia, e para alguns povos
como os hebreus, se tornou um acontecimento histórico, embora não haja
bases arqueológicas que comprovem a existência de tal construção, que,
supostamente, se localizaria entre os rios Tigres e Eufrates. Acredita-se que o
mito tenha sido inspirado na construção de outros dois tempos da antiga
babilônicos, localizados ao sul da Mesopotâmia, que eram templos em
homenagem e culto ao deus Marduk, onde a palavra Babel, em hebraico,
significa ‘’porta de Deus’’, e Babel no que lhe concerne, era também a capital
do Império Babilônico, e representou em seu apogeu uma rica e poderosa
civilização, chegando a ser um dos maiores centros culturais e econômicos do
mundo antigo. Hoje, os arqueólogos fazem conexão do mito da Torre de Babel
com a queda do templo-torre de Etemanaki, na babilônia, reconstruído
posteriormente por Nabopolosar e Nabucodonosor II, sendo esse templo uma
das maiores construções do mundo antigo. Essas construções foram
chamadas de Zigurates, representavam templos para os deuses conseguirem
entrar em contacto com os homens na terra, essa crença permeou diversas
civilizações, permeando quase todos os povos sumérios. Nesse ponto,
conhecemos uma segunda hipótese, que Amar-Sim, monarca da terceira
dinastia de Ur, teria tentado construir um Zigurate em sua cidade entre os anos
de 2046 e 2037 a.C., entretanto, nunca conseguiu finalizar o mesmo, e seus
descendentes abandonaram a obra pela metade. Existem evidências de tal
construção, e uma possibilidade é de que a história foi passando entre as
gerações, aumentando-a e alterando-a, até que se fez a crença de que tal
zigurate teria sido feito na Babilônia.
Sobre o tamanho da torre, o professor Antônio Gasparetto cita:
‘’As duas fontes extra-canônicas, o Livro dos Jubileus e o Terceiro Apocalipse
de Baruch, mencionam valores supostos para a altura da Torre de Babel. O
Livro dos Jubileus diz que a torre teria 5433 cúbitos e 2 palmos, o que seria
equivalente a 2484 metros de altura, quatro vezes mais alta do que as
construções mais altas do mundo hoje. O valor é realmente muito
impressionante e não ganha muito prestígio científico, pois os estudiosos dizem
que os antigos não teriam condições de desenvolver construções com
aproximadamente 2,5 quilômetros de altura. Por outro lado, o Terceiro
Apocalipse de Baruch é mais realista, dizendo que a construção teria 463
cúbitos, equivalente a 212 metros. Mesmo o valor estando bem abaixo do
sugerido no Livro dos Jubileus, já seria uma torre mais alta que qualquer
construção à época, só superada pela Torre Eiffel em 1889. Algo tão alto já
repercutiria o suficiente para ser relatado na bíblia e em outros textos’’

DÓRIOS
A formação da civilização grega dependeu diretamente da fusão cultural de
diferentes povos, dentre eles, estavam o povo Dório, que alguns pesquisadores
acreditam ser povos originários das regiões montanhosas do nordeste grego.
Esse povo migrou para o sul da Grécia em algum momento de sua história, e
embora não se saiba o motivo dessa mudança territorial, a hipótese mais aceita
é de que estavam passando por alguma circunstância de escassez. Existe
também uma linha de raciocínio que os Dórios sejam originários da Ásia
Menor, e tenham se deslocado ao longo de sua história, passando pelo
nordeste e se estabilizando ao sul da Grécia, sendo assim, um povo indo-
europeu.
Quando os dórios chegaram na região grega, fizeram guerras com os povos
que lá estavam, de modo violento e arrebatador, conquistando as chamadas
civilizações micênicas, que descendiam do povo aqueu, os primeiros a de fato
habitarem a região e constituírem laços culturais. Os aqueus, por sua vez, não
tinham o costume de usar da violência para dominar regiões, diferentemente
dos dórios, sendo assim, quando o povo dório chega a região, os aqueus que
ainda estavam na idade do bronze, não tiveram como reagir aos ataques, a
falta de um conceito militar mais avançados, gerando como consequência, o
saque e destruição das cidades micênicas.
Haviam também na região os chamados povos jônios, que eram precursores
da filosofia e ciências na região, enquanto os aqueus eram um povo com
grande visão comercial. Com a chegada dos dórios, por volta de 1400 a.C.,
esses povos foram à maioria escravizados, e embora quase não existam
registros históricos desse período, as evidências arqueológicas e cultura oral
do povo grego, dão conta que a chegada dos dórios causou um impacto
negativo no mundo grego que ainda engatinhava. Isto porque a brutalidade
empregada nos modos de conquistas dóricas causou um retrocesso cultural na
região, tendo vários filósofos mortos e estudiosos das ciências naturais sendo
impedidos de exercer seus estudos. Na realidade, esse seria um pilar grego
anos mais tarde, a cultura filosófica e cientifica grega não se perdeu totalmente
com a chegada dos Dórios, mas se fundiu a cultura militar que aquele povo
empregou com o passar dos anos, acreditando, inclusive, que o povo
espartano que compartilhou por séculos o protagonismo do mundo grego com
Atenas, foram descendentes diretos do povo Dório.

JÔNIOS
Ao longo dos anos, sabemos que a humanidade passou a se organizar em
cidades e impérios, entretanto, o processo de formação dessas potências
antigas foi muito mais complexo do que meramente uma série de
acontecimentos lógicos e naturais. Os Jônios, por exemplo, eram um povo
indo-europeu que habitava a Ática e parte do Peloponeso, sendo esse povo um
dos responsáveis pela constituição da cultura grega. Esse povo teria sido
responsável pelo acontecimento conhecido como invasão Hélade, na região da
Grécia antiga, onde algumas tribos habitavam, foram violentamente
conquistadas pelos Jônios por volta de 2000 a.C., onde passaram a se
assentar e criar laços com a região. Após alguns anos, com a chegada de outro
povo, os Dórios, os Jônios migraram para Ásia Menor, onde deram início a um
processo de fundação de diversas cidades.
A importância desse povo para o desenvolvimento grego é enorme, já que os
mesmos eram culturalmente conhecido pelo desenvolvimento de processos
medicinais, sendo um dos povos precursores das ciências em região grega, e
indo além desse fator, foram um dos quatro grandes povos que formavam a
cultura de toda a Grécia antiga, ao lado dos Aqueus, Eólios e Dórios. Em
ordem, o povo Aqueu e Eólio já habitavam a região antes dos Jônios, porem
com a chegada dos mesmos, as tribos foram escravizadas, já que outro fator
de suma importância na cultura desse povo era as questões militares. Com o
passar do tempo, as cidades que tinham como base a cultura Jônica passaram
a se desenvolver em harmonia, formando uma espécie de ‘’liga Jônica’’ no qual
as cidades de Éfeso, Samos, Priene, Colofón, Clazómenas, Quios, Mileto,Teos,
Mionto, Lebedos, Foceia e Eritas faziam parte. Damos hoje aos jônios o posto
de um dos quatro grandes povos da era que antecedeu o ascender da Grécia
antiga.

GUERRAS MÉDICAS: GREGOS VS PERSAS


Conflitos armados envolvendo grandes potencias não são, de modo algum,
para a humanidade algo recente, na verdade, desde os períodos onde o
homem começava a ascender intelectual e socialmente, milhares de anos
atrás, grandes conflitos já aconteciam na terra. As Guerras Médicas foram
conflitos ocorridos entre os anos de 490 a.C. e 479 a.C., envolvendo a Persa e
seu poderoso império e as cidades-estados gregas, que, naquele momento,
representavam uma espécie de ‘’centro do mundo’’ para os povos ao redor.
Para entendermos as razões por trás das guerras e suas especificidades,
devemos ressaltar que não existia no mundo grego um império unificado, e sim
um grupo de algumas cidades autônomas que compartilhavam uma cultura em
comum, mas possuíam administrações individuais, por vezes, que até mesmo
guerrilhavam entre si. Diferentemente dos persas, comandados por Dário I, que
havia formado um poderoso e numeroso exército, que no que lhe concerne,
compunham o chamado Império Arquemênida.
O período em que os povos gregos estavam passando, era um período de
grande aumento populacional, e consequentemente, aumento na cadeia de
produção alimentar, fator esse que obrigou os povos gregos a se expandirem,
dominando o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro devido seu acesso estratégico.
Esse fato gerou um avanço econômico para a Grécia, pois o acesso ao
mediterrâneo, principalmente, permitia a criação de colônias ao longo do
oriente e proximidades da Ásia Menor. Nesse contexto, ainda no século VI
a.C., algumas cidades gregas foram dominadas pelos persas, que viam a
influência da Grécia chegar próxima demais de seus territórios. O pontapé
inicial fora a disputa da região da Jônia, atual Turquia, que caso permanecesse
em mãos gregas dariam praticamente poder econômico ilimitado aos gregos,
devido ao acesso estratégico ao Mar Negro, fundamental para o controle do
estreito de Bósforo, esse, dava privilégios de rotas por fazer conexões com
territórios gregos e orientais, figurando como uma das mais concorridas regiões
do mundo antigo, pelo qual passavam milhares de produtos como trigo, couro
dentre outros suprimentos.
Se por um lado a Grécia desejava se expandir, os persas estavam organizados
em um imponente império, que em pouco tempo tinha expandido sobre a Ásia
Menor, dominando tudo que estava em seu caminho, incluindo Mileto, uma
colônia grega, que acabou por suplicar ajuda para Atenas, vendo o problema,
Dário I resolve então fazer uma investida contra gregos para poder continuar
seus avanços livremente. Iniciavam-se então as guerras médicas. Os persas,
embora fossem mais numerosos, não conseguiam manter avanços em
territórios gregos, e por mais que tenham vencido as primeiras batalhas, em
pouco tempo as cidades gregas davam contra-golpes que enfraqueciam os
persas, que passaram a ter também crises internas em seu Império. É nesse
cenário que surge a Liga de Delos, uma união entre polis gregas que tinham
como objetivo deter um inimigo em comum, nesse caso, os persas. Embora
tenham vencido algumas batalhas inicialmente, os persas foram derrotados
com o auxílio de um fator que os gregos dominavam, a geografia da região.
Após um cerco na batalha de Maratona, os persas foram expulsos do território
grego pela primeira vez.
Após isso, o Imperador dos persas Xerxes acabou por ascender ao trono e
comandar mais uma investida contra os gregos. Dessa vez, a campanha
acabou ocasionando na famosa batalha de Termópilas, onde os gregos usaram
de um desfiladeiro para conter o avanço persa, e apesar de terem sido
derrotados nessa batalha, acabaram impondo a Xerxes um atraso de vários
dias, que dariam aos gregos tempo para se recomporem, e o alto número de
baixas na batalha enfraqueceu o numeroso exército persa, que após a batalha,
conquistou a cidade de Tebas, devastada pelos persas. Em seguida rumaram
para região de Salamina, gerando a segunda grande batalha da invasão persa
liderada por Xerxes, a Batalha de Salamina, no qual os persas foram
derrotados, e os gregos, liderados por Temístocles, continuaram a perseguir o
exército persa e forçando conflitos, causando cada vez mais danos ao exército
persa. Nesse momento, os poucos persas que restavam em região grega,
acabaram sendo definitivamente expulsos em 479 a.C., e embora os persas
tenham sido derrotados, deixaram rastro de destruição no mundo grego, tendo
destruído cidades e devastando populações. Com o fim das guerras entre
gregos e persas, a cidade de Atenas, que tomou a frente na grande parte dos
conflitos e liderou os gregos rumo a retomada de seus territórios, acabou
ascendendo como principal cidade grega, fato que desagradou Esparta e
futuramente gerou as chamadas Guerras do Peloponeso, entre as duas
potências.

BATALHA DE TERMÓPILAS
Na Grécia Central, se localizava um grande desfiladeiro conhecido como
Termópilas, que no ano aproximado de 480 a.C., foi palco de uma das mais
importantes batalhas do mundo antigo, a chamada Batalha de Termópilas, que
aconteceu no contexto da Segunda Guerra Médica, entre o mundo grego e os
persas. Além de ser um marco histórico, é também um marco para estratégia
militar, e até os dias atuais gera diversos debates entre arqueólogos e
historiadores, por ser uma história que se desenvolveu com o passar dos anos
e acabou se transformando em uma espécie de mito. O contexto básico para a
batalha fora o avanço persa sob a Grécia Central, liderados pelo Imperador
Xerxes, que desejava o domínio do mundo grego, desejo esse, que não era
exclusivo deste imperador, e passava de geração em geração dentre os líderes
persas desde Ciro, O Grande. Entretanto, essa tarefa era árdua, tendo em vista
o alto desenvolvimento das polis gregas, que embora não constituíssem um
reino unificado, quando havia uma ameaça eminente, se uniam em prol de sua
expulsão do território grego.
Xerxes, sabendo dos riscos que envolviam tal ação e do passado de derrota
dos persas para os gregos, formou um poderoso exército, que em diversas
histórias antigas dão conta de que eram compostos de mais de 5 milhões de
homens, porém, estudos oficiais estimam que esses números não passassem
de 200 mil homens (ainda sim um grande número tendo em vista outros
exércitos da época). O risco, dessa vez, era real para os gregos, e nunca visto
naquelas proporções, a resistência teria de ser heroica. Em meio a tal situação,
uma aliança entre as cidades-estado gregas ascendeu, e sob a liderança de
Leônidas, comandante espartano, traçaram o objetivo de fechar os persas na
região de Termópilas, como estratégia para encurralar os persas e tentar fazer
frente com um exército bem menor, cerca de 7000 homens conforme as
evidências mais aceitas. Dentre os 7000 homens, estavam os 300 espartanos
do famoso mito de 300, sua vantagem seria tática, já que em determinado
trajeto do desfiladeiro, não mais de 20 homens poderiam marchar
simultaneamente.
O fator território junto ao fator tática fizeram da batalha um momento épico na
história humana, quando sob a famosa formação de falange, ou seja, um
grande grupo de soldados alinhados em colunas coesas, protegidos por seus
escudos e com lanças estocando o exterior. Ao ver o grupo grego, em menor
quantidade, esperando o seu exército no meio do desfiladeiro, Xerxes ordenou
que seus soldados barganhassem a rendição dos gregos, e assim o fez,
aguardando por 4 dias a rendição dos gregos, que no fim, não aconteceu, e no
quinto dia os dois exércitos entraram em embate direto. O fator mais importante
para a batalha foi a utilização geográfica da região para resistência, num
terreno estreito o avanço se torna mais difícil do que a contenção, e para cada
grego morto, dezenas de persas padeciam, obrigando Xerxes a recuar seu
exército. Em meio a batalha, segundo as histórias da tradição grega, um
soldado deserdou do lado grego e informou a Xerxes a possibilidade do avanço
persa por uma rota alternativa. Utilizando desse fator surpresa, os persas
conseguiram surpreender os gregos, que continuaram a resistir, sob a
liderança de Leônidas, a batalha perdurou por 3 dias, até que o último soldado
grego caísse.
Á primeira vista, a vitória dos persas pode parecer algo de imensa importância
para o sucesso persa e a conquista do mundo grego, porém, a realidade era
mais cruel, pois o alto número de baixas inesperadas gerou enorme
enfraquecimento persa, e o grande atraso ocasionado pelo conflito fez com que
as cidades gregas se reorganizassem para futuros enfrentamentos. A prova
disso é que após a batalha, os persas rumaram sobre Tebas e conseguiram
conquistar a cidade, que teve metade de seu povo escravizado, e outra metade
morta, mas essa conquista custou ainda mais homens de Xerxes,
simultaneamente, diversas rebeliões aconteciam no território persa, pois os
povos conquistados percebiam o momento de instabilidade a medida que as
notícias sobre grandes baixas em batalhas na Grécia se espalhavam. As
rebeliões, combinadas aos ataques que os gregos orquestraram partindo
principalmente de Atenas e Esparta, obrigaram ao Império Persa deixar o
território grego, libertar Tebas e reconhecer o fracasso na conquista do mundo
grego. Tudo isso tendo como ponto de partida a Batalha de Termópilas, que
atrasou o avanço e enfraqueceu o exército persa, comprometendo toda a
campanha que seguiria por parte do imperador Xerxes.

O IMPÉRIO PERSA
A civilização persa teve sua origem no mundo antigo, na região situada no
atual Irã, e se tratava de um conjunto de povos que compartilhavam a língua e
alguns costumes em comum, dentre esses povos, acredita-se que a maioria
veio de regiões da Ásia Central e Rússia, com objetivo de encontrar terra fértil
para agricultura e pastoreio. Dentre os povos que se estabeleceram, um dos
que mais obtiveram êxito em seu desenvolvimento fora o chamado povo Medo.
A partir do século VIII a.C., os medos começaram a se organizar em forma de
estado, tendo como vantagem sua numerosa população e a criação rudimentar
de um exército, sendo assim, nessa época passaram a cobrar impostos dos
outros povos persas. No ano de 558 a.C., um líder uniu-se com um contingente
de homens que discordavam dos métodos de governo e julgo dos medos, Ciro
II, mais conhecido como Ciro, O Grande, fundou um Império chamado de
Império Aquemênida, seu objetivo era resistir contra os medos e expandir os
territórios persas.
Apesar de seu objetivo expansionista, Ciro ficou conhecido como um líder
respeitoso, e logo após derrotar seu primeiro inimigo, os medos, deu início a
um processo de expansão sob a Mesopotâmia, tendo como característica algo
diferente de quase todos os outros impérios antigos, Ciro não impunha sobre
os povos dominados sua cultura ou obrigação de readequar suas línguas, o
processo compunha em dominar o território, criar impostos para os persas e
uma espécie de pacto de dominância, onde havia nos reinos conquistados a
obrigação de reconhecer o rei persa como seu senhor.
Com o tempo, Ciro conquistou toda região do Egito e Grécia, dominando povos
Semitas e Hititas, e logo transformou o Império Persa no maior império de sua
época, tendo um território que abrangia toda Ásia Menor e oriente Médio, feito
que só iria se repetir anos mais tarde com os macedônicos. Após o falecimento
de Ciro, os imperadores que ascenderam ao trono continuaram o processo de
expansão, e embora não tivessem a mesma genialidade e estratégias de Ciro,
durante o governo de Cambisés e depois Dário I (sucessores de Ciro), mais
vinte províncias foram dominadas. O modo em que os persas encontraram
para manter o controle sob o seu vasto território, era o chamado olhos e
ouvidos do rei, consistindo em uma espécie de cargo público de confiança do
rei, no qual pessoas eram encarregadas de ouvir aquilo que os povos falavam
em conversas privadas, com intuito de prever rebeliões ou traições. E mesmo
com esse vasto território, havia um objetivo que ainda não tinha sido concluído:
conquistar toda Grécia.
Dário I forjou um grande exército para tal, a conquista da Grécia significava
muito além de uma prova de poder, e sim a conquista de grandes e ricos
territórios e cidades que eram naquele momento o centro do mundo antigo,
tanto em mercado quanto em influência. O ataque teve seu início, mas não
perdurou e logo foi contido por Atenas, que derrotou os persas, e com ajuda
das outras pólis gregas de Esparta e Tebas, expulsaram os persas de seus
territórios, causando grande prejuízo, pois a Pérsia saiu fragilizada do conflito,
com inúmeras baixas além do rombo nos cofres do Império.
Paralelamente, diversos levantes em províncias começaram a acontecer, com
a percepção de um aparente declínio no Império, iniciava-se um processo de
enfraquecimento do Império Persa. Tudo piorou com o governo de Xerxes I,
filho de Dário I, que novamente tentou conquistar a Grécia, e foram novamente
derrotados. O ponto crucial na queda dos persas foi um fator ocorrido em 332
a.C., que foi a invasão macedônica nos territórios persas, lembrando que os
macedônicos já haviam, naquele momento, conquistado quase todo mundo
grego, algo nunca alcançado pelos persas. Após a derrota para os
macedônicos, os persas acabaram se dividindo novamente entre várias
regiões. Embora o desfecho do Império Persa não tenha sido glorioso, em seu
apogeu foi a primeira superpotência global, tendo em sua época de ouro o
maior território visto até então dominado por um povo.

ALEXANDRE, O GRANDE
Durante o período de ascensão do Império Macedônico, foram dois os líderes
que mais se destacaram quando falamos de poder e administração, Filipe II e
Alexandre Magno, que ficaram anos mais tarde conhecido como Alexandre, O
Grande, filho do próprio Filipe II, que havia iniciado um grande movimento
bélico contra os gregos e colocado seu reino como soberano em seu território,
tendo inclusive, marcado a história grega, sendo esse o período de divisão
entre o Período Clássico da história grega e o início do Período Helenístico.
Filipe tinha objetivos de dominar o grande Império Persa, que era no momento
a grande força além dos Macedônicos, já que os gregos foram subjugados por
Filipe após se revoltarem sob a liderança de Tebas. O objetivo final foi traçado,
mas não cumprido, pois em 336 a.C., o rei foi assassinado pelo seu próprio
guarda-costas, Pausânias, por questões que podem ser tanto pessoais entre
os dois, tanto quanto por conspirações de seus inimigos, sendo esse fato
histórico um mistério até os dias de hoje. A morte de Filipe II desencadeou uma
forte crise na Macedônia, e em meio a tensões políticas e diplomáticas, seu
filho, Alexandre Magno, ascendeu ao trono e teve de assumir postura enérgica
e governar com mãos de aço para reafirmar sua autoridade na região. Vale
ressaltar, que Alexandre tinha 20 anos de idade quando assumiu o trono, e
logo no início de seu governo, executou seu primo Amintas e lideres da região
da Lincestida, que planejavam abertamente usurpar o trono. Outro fator que
teve de lidar, ainda nos primeiros anos de governo, foi a revolta do povo ilírio,
que estava sob domínio macedônico e aproveitou das instabilidades para dar
início a uma rebelião.
Alexandre foi em pessoa junto a seus homens conter o levante, e nesse
momento, surge um boato de sua morte em guerra, que claro, era falso, mas
com o boato a cidade grega de Tebas, que já havia antes entrado em guerra
com a macedônia e perdido, tratou de rapidamente organizar um ataque. O
resultado foi a derrota categórica de Tebas, e como consequência, Alexandre
saqueou a cidade e ofereceu os espólios a seus soldados, tudo isso era o início
de um imperador que faria sua cidade se elevar ao posto de principal potência
do mundo antigo durante sua vida. Após consolidar a vitória sob Tebas, obrigou
as demais cidades gregas a se submeterem a sua vontade, consolidando seu
poder na Grécia, e formando um exército nunca visto, composto de gregos,
macedônicos e outros povos conquistados como tribalos e peônios. Esse
exército tinha capacidade de entrar em conflito com praticamente todos os
outros de modo vantajoso, sendo assim, ao final do ano de 334 a.C., a
macedônia já dominava toda Ásia, e um governante de confiança de
Alexandre, Antípatro, foi deixado para administrar a região.
No início de 334 a.C., Alexandre havia chegado a Ásia menor com
aproximadamente 50 mil homens, e uma batalha de proporções épicas se
iniciaria contra os Persas, na famosa Batalha de Grânico. A batalha teve como
resultado a vitória dos macedônicos, mas sem passar em branco, os mesmos
tiveram inúmeras baixas, e um significativo enfraquecimento bélico devido às
mortes em batalha, mas o fato final estava consolidado: Alexandre, O Grande
havia conquistado toda a Ásia Menor e dominado a Pérsia, seu principal rival
no ano de 332 a.C., fundando sua capital no Egito, a cidade de Alexandria em
331 a.C., tendo o importante papel de controlar o Mar Mediterrâneo devido a
sua posição estratégica. Mas algo ainda faltava, Dario, o líder dos persas,
ainda estava vivo. Dário III, o rei dos persas, ainda detinha um exército
disposto a batalhar até o último homem, e em 330 a.C., os dois exércitos se
encontraram no vale do rio Tigre, e se enfrentaram na Batalha da Gaugamela,
onde os registros dão conta de que as estratégias de Alexandre deu a ele
vantagens, mesmo que Dário estivesse em uma região que conhecesse como
a palma de sua mão. Com a vitória macedônica, Alexandre conquistou as duas
ultimas importantes cidades persas: Susa e Persépolis, as quais foram
saqueadas como cita o historiador Claude Mossé:
"A tomada das capitais reais tinha posto nas mãos do macedônio grandes
quantidades de metal precioso. As fontes falam de 40.000 talentos de ouro e
prata não fundidos em Susa (Diodoro, XVII, 66, 1), aos quais se acrescentaram
9.000 talentos em moedas de ouro (dárico). A tomada de Persépolis permitiu a
Alexandre apossar-se de um tesouro avaliado em 120.000 talento.’’
Pouco depois, Dário III acabou sendo porto por um usurpador chamado Besso,
e oficialmente o último rei persa havia sucumbido em 330, com isso, Alexandre
executa Besso e consolida oficialmente seu governo sobre a Pérsia. Sua
jornada ainda buscaria tomar a índia, e mesmo tendo dado início a uma
campanha para isso, o mesmo acabou desistindo, não por medo da derrota, e
sim por uma vontade comum entre seus homens de finalmente parar de
expandir seus territórios através de guerras. Ouvindo o clamor de seu exército
e generais, Alexandre retorna para Babilônia em 324 a.C., onde tinha vontade
de descansar e planejar novos ataques. Seus planos iam de conquistar a índia
à Península Arábica, entretanto, acabou contraindo uma forte febre e faleceu
em 323 a.C., interrompendo a jornada gloriosa de seu reinado. Não se sabe ao
certo as razões de sua morte, mas as especulações vão de febre tifoide,
malária até mesmo a teorias que citam envenenamento. Com sua morte, o
Império Macedônico conheceu seu declínio e fragmentação poucos anos
depois. Sendo assim, Alexandre Magno, ou, Alexandre, O Grande como ficara
conhecido, foi o maior e último Imperador do Império Macedônico.

PERÍODO HELENÍSTICO
Dentre as diversas culturas inseridas no mundo antigo, em cada uma delas
podemos observar o nascimento de eras e períodos que permitem sua divisão
temporal para uma melhor compreensão a respeito de suas histórias. No
mundo macedônico não diferiu, pois por volta de 350 a.C., sua ascensão junto
ao rei Felipe II iniciou um processo de expansão territorial que teria efeito direto
na vida e dia a dia de diversas sociedades ao seu redor.
O rompimento da hegemonia grega foi a primeira mudança significativa,
embora os historiadores acreditem que foram os gregos liderados por Tebas
quem primeiro atacaram, após a confirmação de que seus ‘’vizinhos’’ não
estariam satisfeitos com seu grande crescimento, a Macedônia realizou
diversos ataques e invasões em praticamente todas as cidades gregas,
obrigando-a a aceitar o Império Macedônico como soberano sob aquelas
terras. Esses foram passos cruciais para o que viria adiante, com o falecimento
de Felipe II, ascende ao trono o rei Alexandre, O Grande.
Nesse segundo momento, o império estende seus domínios da Ásia Menor até
a índia, causando um grande choque cultural para as cidades que acabavam
sendo subjugadas pelos macedônicos, esse momento com Alexandre foi
delimitado como mundo Helenístico. Essa região dominada não eram apenas
um limite territorial, e sim, um conjunto de sociedades que acabaram, de modo
obrigatório, a se curvar a um conjunto de hábitos e práticas culturais
institucionalizadas pelo imperador e o governo alexandrino. Vale aqui ressaltar
que, Alexandre havia sido educado diretamente pelo filósofo grego Aristóteles,
o qual fez com que o imperador entrasse ainda cedo em contato com um
conjunto de valores que orientaram todo seu caráter e até mesmo seu modo de
governar. Além disso, a institucionalização macedônica da cultura entraria em
contato com os valores culturais de outras sociedades dominadas, e o modo
com qual Alexandre lidou com isso, foi aceitando diversas dessas culturas e
mesclando os valores ocidentais e orientais, sendo a prova dessa aceitação a
própria construção da cidade de Alexandria no Egito. Esse período significou,
principalmente ao mundo grego, um alto desenvolvimento cultural e
arquitetônico, marcado como nascimento do realismo, tendo sido o apogeu do
desenvolvimento das famosas esculturas gregas e suas obras de arte. Outro
ponto importante foi o aperfeiçoamento teatral, marcado por temas agressivos
como as guerras do período, e críticas à nobreza e governo. Em questões
literárias, foi no período Helenístico que ascendeu ao mundo a filosofia do
Estoicismo com Zênon de Cíton, o Epicurismo com Epicuro e mais a frente o
Cinismo com Antístenes. O período teve seu declínio com a morte de
Alexandre e divisão territorial da macedônia entre os reinos gregos, mas ainda
perdurou até por volta de 33 a.C.

ALEXANDRIA
Durante a ascensão e período de prosperidade do Império Macedônico,
diversas obras foram realizadas e cidades ganharam importância impar, sendo
uma dessas, a cidade de Alexandria, fundada em 332 a.C., pelo imperador
Alexandre, O Grande, e se tornando uma das maiores cidades do mundo
grego. Dentre as grandes características de tal cidade, podemos salientar a
existência do Farol de Alexandria, que possuía mais de 135 metros de altura,
dividido entre três partes e rodeado de uma rampa em forma de caracol, onde
no seu topo, existia uma estátua do deus Hélio, deus do sol. Esse farol é
considerado uma das maravilhas do mundo antigo.
Sua importância se deu quando passou a ser a principal base marítima do
mediterrâneo, e o fato de possuir grandes acomodações para grandes barcos,
fez com que a cidade fosse procurada por diversos comerciantes de diversos
locais. Isso permitiu que Alexandria se tornasse a cidade com maiores
números de produtos exportados para outras regiões, se tornando mais tarde
com a divisão do império macedônico, na capital do Egito, onde diversos
palácios foram construídos, além de instituições públicas, museus, a famosa
Biblioteca de Alexandria e templos religiosos. A cidade permaneceu prospera
por muito tempo, devido sua localização estratégica e sua capacidade
comercial, diversos inimigos evitavam ataques a cidade comercial de
Alexandria, e somente no século VII um acontecimento mais marcante veio a
acontecer.
Esse evento se trata do grande incêndio na Biblioteca de Alexandria, uma das
maiores do mundo, onde pela versão mais aceita pelos historiadores desde o
século XVIII, trata o evento como uma ordem de Amer Ibne, governador
provincial do Egito e subserviente ao Califa Ortodoxo Omar, que por uma
ordem do último citado, comandou o incêndio que destruiu mais de 700 mil
rolos de papiro com obras de diversos povos, civilizações e acontecimentos da
antiguidade, contudo, essa história não é absolutamente aceita
academicamente, possuindo diversos historiadores que questionam o
acontecimento. Em 1375, o farol de Alexandria, que permanecia como uma
representação dos tempos áureos daquela cidade, acabou sendo destruído por
um intenso terremoto, sendo assim, as duas principais construções da grande
e imponente cidade de Alexandria, que um dia chegou a ser o centro do mundo
grego, hoje não passam de relatos e historias sobre sua beleza e imensidão
em relação ao mundo. Ainda, sim, diversas construções históricas como
templos e obras públicas permanecem de pé até agora, sendo possível
revisitar esse longínquo período histórico através das mesmas.

O IMPÉRIO MACEDÔNICO
A maioria dos grandes impérios antigos da história humana, surgiram e
ascenderam não por de modo orgânico, e sim, por vontades individuais de
líderes que guiaram seu povo rumo ao triunfo e a guerra. O Império
Macedônico foi fundado por Filipe II, rei da Macedônia, sendo esse um dos
grandes impérios da Idade Antiga, e sendo considerado um dos mais temidos
entre os anos de 359 a.C. e 323 a.C., tendo seu rápido declínio com a morte do
Imperador Alexandre, O Grande. Os macedônicos eram, por essência,
estudiosos da guerra, demonstrando em vários momentos ser um povo capaz
de triunfar a frente de praticamente qualquer inimigo, ocasionando na conquista
de um vasto território que ia da Península Balcânica até a índia. No início de
sua história, viviam de pastoreio e agricultura, e embora vivessem em território
romano, estes não os consideravam.
Os gregos tinham a crença que os macedônicos eram semibárbaros, ou seja,
estrangeiros que não comungavam de uma descendência grega, mesmo que
sua língua e alguns costumes fossem parecidos. Alexandre, O Grande era filho
de Filipe II, o primeiro rei macedônico, e assumiu o recém-criado império de
seu pai em 336 a.C., e mesmo quem conhecia bem Alexandre, e sabia de seu
caráter estudioso e comprometido com questões militares, não podia imaginar
os anos que sucederiam em seu reinado. Sob comando de Alexandre, o
império macedônico criou táticas de guerras não antes vistas, e mais do que
dobraram o tamanho de seu território, o General e Rei era, aos olhos de quem
estava de fora, imbatível, transformando seu império macedônico em um
agrupamento temido por todos no mundo antigo.
O Império Macedônico teve em sua história duas capitais, entre 808 a 399 a.C.,
a capital era Egas, e de 399 a 167 a.C. foi a cidade de Pela. Sua cultura era
composta pelo politeísmo grego, enquanto seu governo se baseava em uma
monarquia oligárquica. Seu povo falava o idioma macedônico e grego, e tinham
relações comerciais baseadas na agricultura e a pecuária.
O fato dos macedônicos ter um crescimento abundante em regiões, dinheiro e
importância fez com que as cidades gregas começassem a procurar meios
para tentar frear tal avanço de uma cidade considerada bárbara. Com isso,
principalmente após o falecimento de Filipe II, as cidades gregas iniciaram uma
série de ataques contra macedônia, sendo a principal revoltosa a cidade de
Tebas. O grande problema se chamava Alexandre, O Grande, que era mais
impressionante em questões bélicas que seu pai, e acabou arrasando a cidade
de Tebas em um contra-ataque violento, que deu início a um processo de
rendição das demais cidades, dando plenos poderes para o exército
macedônico, sendo a única cidade que ficou de fora Esparta.
Com esse ‘’problema de vizinhança’’ momentaneamente resolvido, Alexandre
deu início a um sonho que existia desde seu pai, invadir o império persa, que
gozava de tanto prestígio quanto o império macedônico, e após reunir mais de
40 mil soldados, iniciaram a invasão. Mesmo com fortes defesas e um denso
exército, os persas foram pegos de surpresa, e sob o comando de Dário III,
acabaram sucumbindo em pouco tempo, tendo sido Dário III morto pelos
próprios generais de seu exército. Em 331 a.C., Alexandre havia conquistado
todo império persa e sua capital. Entretanto, poucos anos depois, em 323 a.C.,
Alexandre, O Grande, acabou falecendo com uma febre misteriosa, e os
macedônicos não conseguiram manter sua hegemonia. Nos séculos II e I a.C.,
os três foram dominados pelos romanos, destacando-se a conquista do Egito,
no qual Roma viveu uma das suas mais importantes épocas, quando Cleópatra
e Júlio César se tornaram amantes e Roma deixou de ser república para se
tornar império.

ASSÍRIOS
Dentre os povos antigos que habitavam a Mesopotâmia, outra notável cultura
que ascendia era a do povo Assírio, que se localizavam na Alta Mesopotâmia.
Hoje, a região que um dia os assírios se estabeleceram, é ocupada pelo
Iraque, mas em 2.400 a.C., estava sendo fundada a cidade de a Assur, em
homenagem a uma divindade do povo que lá residia, e anos mais tarde, tal
cidade iria se expandir e se tornar um dos mais importantes Impérios da
antiguidade.
A cidade de Assur tratou de, nos primeiros séculos de sua jornada, focar em
aparato bélico, tendo em mente que a região era habitada por diversos outros
povos, que estavam sempre entrando em conflito. Por volta de 1300 a.C., o
povo assírio representava uma grande civilização, desenvolvida e populosa,
estava então na hora de dar início ao processo de expansão do reino, que
perduraria até por volta de 612 a.C., dando origem ao legado assírio no que
ficou conhecido como a civilização que desenvolveu um exército que se
assemelhava com uma máquina de guerra, onde derrotas em conflitos eram
extremamente esporádicas.
Pelo que se tem registros, os assírios criaram o primeiro exército organizado da
história humana, contando com guerreiros treinados e táticas de guerra,
possuindo diversas castas de guerreiros como arqueiros, lanceiros, carros de
combate movidos a cavalaria e a própria cavalaria. Através desse modo
desenvolvido de combate, diversas civilizações mesopotâmicas foram
submetidas ao seu jugo. Diversos reis lideraram os assírios, o mais importante
Assurbanipal, que governou de 668 a.C. a 626 a.C., tendo sido ele o construtor
da famosa biblioteca de NÍNIVE , que em seu tempo áureo chegou a contar
com quase 22 mil plaquetas de argila com registros, histórias e documentações
históricas.
Além desse feito, Assurbanipal é considerado o maior administrador do Império
assírio, tendo criado uma estrutura militar invejável e conquistado dezenas de
territórios. Dentre os feitos militares dos assírios, podemos destacar a
conquista do Egito, consumada por volta do século VII a.C., conquista de parte
da Ásia Menor e controle de toda Mesopotâmia, tendo durante sua história
usado do terror e violência para manter as populações subjugadas sob total
domínio, sendo uma das técnicas utilizadas o famoso Esfolamento. Outro modo
de manter os territórios, era a deportação do povo conquistado, que consistia
em espalhar famílias e amigos de determinado povo por todo o território
mesopotâmico, desarticulando sua cultura e diminuindo a possibilidade de
rebelião. Com a morte de Assurbanipal, o declínio assírio não demorou a
acontecer, principalmente quando em 616 a.C., o povo Medo e os Caldeus se
uniram para iniciar um confronto contra os assírios, os medos eram liderados
pelo rei Ciaxares, os caldeus por Nabopalassar e os assírios por Sinsariscum.
Essa guerra ocasionou na derrota assíria e destruição total de Nívive em 612
a.C., além da morte de seu líder Sinsariscum, iniciando assim um processo de
divisão do império assírio pelo povo caldeu.

ERA DOS JUÍZES


Ainda no mundo antigo, outro importante momento histórico para o povo
Hebreu foi a chamada Era dos Juízes, sendo essa um momento onde as
diversas tribos hebraicas se uniram em prol da formação de um único povo.
Para os judeus, é um ponto de sua história de crucial importância, por
representar o início da ascensão de seu povo que havia sido escravizado por
anos em território egípcio, e agora, retornava para a Palestina, local onde
viveram outrora, para se estabelecer e formar a base de um estado. O nome
Era dos Juízes faz referência a organização política territorial que os hebreus
estavam inseridos, onde cada uma das tribos eram governadas por um juiz,
que tinha soberania de escolha e não devia subserviência a nenhum rei ou
coroa. Esse juiz, no que lhe concerne, tinha poderes quase que ilimitados,
onde suas decisões chegavam a ter teor divino para seu povo. Nesse tempo, a
ajuda entre tribos eram raras, pois cada local era uma espécie de cidade-
estado, e muitas vezes rivalizavam entre si, embora, em alguns momentos, se
unissem para derrotar um inimigo em comum, como foi o caso dos filisteus.
Diversos mitos e historias surgem, como o mito de Sansão, Davi e Golias, etc.,
e o período dura aproximadamente 200 anos, tendo se mantido nos moldes
descritos de aproximadamente 1200 a.C. a 1010 a.C., onde 12 tribos ao todo
coexistiam na região e viviam do modo descrito. Tal modo de vida veio a mudar
somente com a ascensão do Rei Davi, seu governo e morte, pois com ele uma
unificação de liderança ocorreu, mostrando aos Hebreus que seu poderio de
resistência poderia ser extremamente elevado em comunhão, e a partir do
momento em que Davi se torna uma espécie de Patriarca/Juiz de todas as 12
tribos, lançando bases para um futuro estado hebraico. Após a morte de Davi,
assume Salomão, um de seus filhos, considerado o primeiro rei do chamado
Período de Reis, onde o estado hebraico é de fato estabelecido e as tribos se
unem, e por mais que seus antecessores (Davi e antes Saul) sejam
considerados os primeiros ‘’reis de Israel’’, podemos considerar que foram
líderes que uniram seu povo e lançaram possibilidades para criação de um
reino de fato, que só viria se estabelecer com Salomão.

REI DAVI
Em termos gerais, diversas figuras e civilizações históricas da antiguidade
estão registradas nos chamados livros bíblicos, e algumas delas, possuem
poucos resquícios fora das escrituras judaico-cristãs que nos ajude a
compreendê-las. Esse não é o caso do famoso Rei Davi, que fora um guerreiro,
rei e profeta do povo de Israel durante quase quarenta anos (1006 a.C. – 966
a.C.) tendo seu nome registrado em centenas de registros históricos de seu
povo, tendo sido ele o responsável por dar início a formação de um estado
hebraico.
Acredita-se que Davi tenha nascido em Belém, na Judeia, em algum momento
de 1040 a.C., sendo o oitavo filho de Jessé, descendente do povo hebreu que
havia se estabelecido na antiga região da Palestina, próximo ao rio Jordão.
Durante o século XVII, pelo que sabemos hoje da história, diversas crises
econômicas fizeram com que o povo hebreu procurasse algum local com
abundância de recursos, tal lugar, foi o rico vale do Nilo. Ao chegar na região,
se dividiram em doze tribos, onde a maior parte acabou por ser escravizada em
terra egípcia, mas devido à falta de opção, permaneceram por algum tempo no
local. De acordo com os relatos bíblicos, os hebreus teriam se unido sob a
liderança de Moisés, para poderem ser guiados para a chamada Terra
Prometida, território da Palestina que outrora era ocupada pelos mesmos. Após
quarenta anos de jornada, chegam na região e ocupam a cidade de Jericó, e
existe muita discussão sobre o tempo e método empregado para a conquista
da cidade, muitos historiadores acreditam que se deu de modo político, e pode
ter levado anos para acontecer, mas quando em fim chegaram ao poder (o
povo Hebreu), se uniram em torno de chefes chamados de Juízes, que tinham
o objetivo de expulsar os Filisteus da região, povo que havia se instalado no
local após a saída dos próprios Hebreus.
Nesse embate, um general se destacou, conhecido como Saul, reconquistou
diversos territórios e teve seu nome elevado a categoria de rei, embora não
formalmente ou por questões de descendência, sim, pela influência sob
questões militares. Nesse contexto, um de seus irmãos, Davi, teria sido
escolhido para entrar para sua corte como harpista, e antes disso, cuidava dos
rebanhos de seu pai. Vale ressaltar, que as descrições de Davi eram
descrições de um homem de estatura média, não sendo conhecido por ser
extremamente forte, e sim, um guerreiro com muita força de vontade. É nesse
período que conhecemos a história (ou mito) de Golias, que conta que em certo
dia, em um combate com os Filisteus, um grande guerreiro chamado Golias,
que era conhecido em todos os cantos da Palestina pela sua força e tamanho,
se deparou com Davi, que armado somente de uma pedra, atirou-a na cabeça
de Golias, que caiu no chão sendo finalizado por Davi, tendo sua cabeça
arrancada. Tal história é considerada por muitos teólogos como uma
representação de uma possível batalha, na qual o povo hebreu liderado por
Davi estava em menor quantidade em frente aos Filisteus, e mesmo assim
conseguiu obter sua vitória, tendo esse momento representado através da
história de Davi e Golias.
Após a morte de Saul, Davi retorna para sua tribo natal, Judá, onde é coroado
rei, embora as outras tribos tenham escolhido outro nome, o de Isbaal, filho de
Saul, que não conseguiu governar por brevemente morrer em guerra, sendo
então Davi o nome aceito por todos. Com sua coroação, decidiu realizar uma
campanha militar para reconquistar Jerusalém, que estava sob domínio
Jebuseu, realizando a façanha em 1000 a.C., transformando na capital de seu
Reino. Além de conquistar territórios, passou a exercer influência sob regiões
que englobavam no Egito até o Eufrates, lançando bases ideológicas para
formar um estado hebraico.
Embora sua vida seja composta de inúmeras vitórias, varias contradições
emergiram também de sua vida privada, incluindo adultério, assassinatos,
dentre outros fatos, como o episódio onde acabou ficando com a mulher de um
de seus generais, Urias, que após descobrir foi morto pelo próprio Davi. Dessa
relação, nasceu seu futuro sucessor, Salomão, que assumiria a coroa em 970
a.C., e reinaria até 930 a.C., tendo Davi sido um homem de muitas mulheres.
Na bíblia, sua história é registrada em mais de sessenta capítulos, personagem
central na cultura judaica, cristã e até mesmo islâmica. Na cultura judaica, é
considerado o principal líder do povo hebraico e antecessor do povo judeu,
para os cristãos, Jesus descende de Davi, sendo um importante profeta, e para
os islâmicos é conhecido como Daud, um profeta Rei de uma grande Nação. A
data exata da morte de Davi não é certa, mas acredita-se que tenha sido por
volta de 970 a.C., e tenha sido sepultado em Jerusalém.

NABUCODONOSOR
Nascido na Babilônia em 605 a.C., e filho mais velho de Nabopolassar,
Imperador da região, Nabucodonosor II foi o herdeiro do trono e fundador da
dinastia caldeia, ascendendo em sua era o chamado Segundo Império
Babilônico. Tudo que sabemos a respeito do líder decorrem de inscrições
cuneiformes e referências bíblicas a respeito do mesmo. Seu pai,
Nabopolassar havia vencido os assírios em 612, e estava dando início a um
processo de expansão por toda mesopotâmia, como tornar seu povo e império
como os mais fortes e dominantes da região. Nesse ponto, ainda quando
Nabopolassar era vivo, Nabucodonosor já era respeitado dentre seu povo, e
além de ser o príncipe herdeiro, também comandava tropas de guerra em
excursões no norte da Assíria, expulsando os egípcios que ocupavam a
Mesopotâmia.
Era questão de tempo até que assumisse o trono, fato consumado em 605
a.C., com o falecimento de seu pai, sendo enfim coroado como Nabucodonosor
II, o Rei da Babilônia, dando início a uma nova era para seu povo. Sem sequer
comemorar sua coroação com festas, começou a formar um poderoso exército
com objetivo de conquistar todo o norte da Mesopotâmia, tendo como um de
seus principais inimigos o povo, os fenícios, que acabaram perdendo uma série
de confrontos até que o império babilônico dominasse o Tiro, abrindo espaço
suficiente em territórios para um possível ataque ao Egito.
A invasão ao Egito só não foi consumada graças a uma pequena aliança entre
egípcios e gregos, que acabaram se unindo para evitar o avanço babilônico.
Dentre os feitos registrados do rei, está como o mais valioso a chamada
conquista de Jerusalém, fato que teria ocorrido por volta de 596 a.C., onde em
diversas tábuas de argila cuneiformes e papiros antigos temos descrições do
ato, como, por exemplo, no livro bíblico dos Reis, onde temos a passagem:
“No nono ano do reinado de Sedequias, no décimo dia do décimo mês,
Nabucodonosor, rei da Babilônia, avançou com toda a sua armada contra
Jerusalém. A cidade ficou sitiada até o undécimo ano do Rei Sedequias. No
nono dia do quarto mês, como a fome fosse grande na cidade, não havendo
mais pão para o povo do país, abriram uma brecha na muralha da cidade e
todos os soldados fugiram à noite pela porta entre os dois muros, junto ao
jardim do rei, enquanto os caldeus ainda cercavam a cidade...”.
Ao todo, estima-se que o Rei Nabucodonosor II se envolveu em mais de trinta
conflitos durante seu governo, destruiu Jerusalém e suas construções,
conquistou a região e estabeleceu seu império como capital do Oriente,
chegando a ordenar que as pedras em calçamentos de seu Império tivessem a
seguinte inscrição ‘’Nabucodonosor, Rei da Babilônia’’. Conta-se que o mesmo
casou com uma mulher que vivia nas planícies mesopotâmicas, e para
amenizar suas saudades de casa, ordenou a construção dos jardins
suspensos, que simulavam essas colinas. Embora muitos acreditem que
Nabucodonosor não tenha sido um rei cruel, existem diversos relatos que dão
conta que o mesmo mandava atirar em fornos aqueles que não venerassem
sua imagem ou se recusassem a se prostrar diante sua imagem.
O mesmo seguia uma vertente religiosa de origem caldeia, onde o seu deus
supremo era chamado de Marduk, e os zigurates construídos e restaurados
pelo rei eram m homenagem a seu deus. Inclusive, relatos dizem que havia
uma grande torre de sete andares, que no topo havia um santuário banhado a
ouro, onde o brilho era visto até mesmo a quilômetros de distância. O mais
grandioso rei babilônico faleceu por volta de 561 a.C., existindo relatos que o
mesmo já estaria com a saúde bastante debilitada, e sofria de demência ao fim
da vida, Nabucodonosor II faleceu na Babilônia sendo sucedido por seu filho
Awil-Marduk.

HEBREUS
O povo Hebreu, assim como os egípcios, persas e fenícios, formam parte das
civilizações mais importantes da história antiga. Essa em especial, mais
conhecida pela cultura ocidental, pois formaram com o passar dos anos o povo
judeu, que posteriormente se dividiu dando origem ao cristianismo.
Inicialmente, assim como todos os outros povos, os Hebreus viviam de modo
nômade, mas com um ponto de avança não visto tanto em outras culturas, o da
criação de gado. Esse habito fazia com que procurassem sempre locais com
solo favorável para criação do seu gado, até que essa jornada os levou por
volta de 2000 a.C. para o território da Palestina, atual Israel. Vale ressaltar que
uma boa parte das informações que temos sobre esse povo, hoje possuem um
cunho religioso, destacando-se em passagens bíblicas do antigo testamento. A
bíblia cristã, é considerada pelos historiadores como um documento histórico,
porém, é claro que alguns fatores são considerados de interpretação, não
sendo tratado como fonte absolutamente fidedigna (assim como qualquer fonte
deve ser tratada) sendo muitas vezes ao trabalharmos com determinado
modalidade de fonte, a fonte com teor religioso, a parte mística separada da
parte histórica.
Através desses relatos, e possível de chegarmos a conclusão de que a
migração dos hebreus para região do Egito, tenha sido por volta do ano de
1700 a.C., por motivos de escassez de alimentos que afetaram diretamente
toda região de Canaã. O objetivo, pelo que é possível concluir, seria se
estabelecer nas férteis regiões nas margens do Rio Nilo. Muitos mitos
envolvem o modo que essa migração aconteceu, a historiadora Karen
Armstrong diz que a história do Êxodo pode ser uma história mítica sobre o
surgimento do povo e nação de Israel. Anos após se estabelecerem,
supostamente os hebreus teriam feito uma espécie de parceria com os hicsos,
outro povo que habitava a região antes mesmo da chegada dos hebreus,
entretanto, a presença hebraica não teria agradado os hicsos que acabaram
por criar um conflito e escravizar o povo hebreu. Isso teria acontecido até o ano
de 1300 a.C., quando Moisés teria surgido como libertador do povo. Com a
liberdade conquistada, o povo Hebreu teria retornado para Canaã, no evento
conhecido como Êxodo, onde de fato historicamente podemos comprovar que
o evento de fato existiu e contou com grande número de pessoas, entretanto,
muito dentro nos textos sagrados pode ser considerado míticos. O retorno para
Canaã não foi tão simples, pois em sua chegada, se depararam com uma
região tomada por cananeus e filisteus, tendo início então uma campanha de
reconquista daquelas terras.
A bíblia sugere que nesse momento, os hebreus viveram de modo nômade e
frequentaram a região da Península do Sinai, até que decidiram por fazer uma
campanha de reconquista de modo militar, tendo havido grandes guerras em
que os hebreus saíram vitoriosos, mas historicamente os fatos não foram
necessariamente dessa forma. O escritor André Chouraqui, aponta por
evidências escritas e arqueológicas, que não teriam havido grandes guerras, e
sim pequenos conflitos, e que a real retomada da terra se deu de modo político,
com uma lenta penetração israelita, se inserindo através lideres políticos e
movimentações populares.
Por fim, este movimento deu origem ao reino de Israel, no período conhecido
como Juízes, uma vez que a grande autoridade hebraica era conhecida como
Juiz. Este período teve seu fim com Samuel, o último grande juiz, que decidiu
inaugurar então a monarquia hebraica, criada a fim de transformar Israel em
uma grande potência, uma vez que assírios e egípcios estavam cada vez mais
enfraquecidos. Nesse novo momento foram três os grandes reis da monarquia
hebraica:
Saul (1030-1010 a.C.)
Davi (1010-970 a.C.)
Salomão (970-930 a.C.)
Os destaques desse período foram as conquistas militares, inicialmente com
Saul e mais tarde concretizadas por Davi por volta de 1000 a.C., onde a cidade
de Jebus foi conquistada e renomeada para Ir Davi, hoje conhecida como
Jerusalém, além de também ter sido idealizado o famoso Templo de
Jerusalém, e posteriormente no reinado de Salomão, foi construído de fato.
Este foi o mais próspero momento para os hebreus, com uma grande
segurança garantida pelos exércitos hebraicos.
Entretanto, o ‘’relaxamento’’ causado pelos momentos tranquilos no governo de
Salomão, gerou um grande problema após seu governo, e o enfraquecimento
de Israel tanto no campo da economia quanto no campo militar, gerou a
famosa ruptura de Israel, dividindo-se entre dois reinos, o de Judá e Israel, e
aqui começaria uma queda vertiginosa do povo hebreu, tendo sido conquistado
por diversos momentos de sua história pelos mais diversos povos possíveis,
como assírios, caldeus, persas, macedônios e romanos. Cada conquista que
os hebreus sofreram acabou por enfraquecer muito de sua força, e grandes
fatos se sucederam como a primeira destruição do templo pelos caldeus,
escravização dos hebreus na Babilônia, uma segunda destruição do templo
pelos romanos, dentre outros. Acredita-se que os hebreus nunca aceitaram a
presença romana, tendo tido diversas revoltas no período, e a procura pela
independência da então Palestina era um assunto constante nos tempos de
Jesus, que inclusive, hoje se tem a noção de que a traição sofrida por Jesus
tenha sido pelo fato dele não ter aceitado aderir a uma nova revolta contra os
romanos.
Esse período foi conhecido como Guerras Romano-Judaicas, e teriam
acontecido por várias décadas, e tamanho foi a repressão romana, que a maior
parte dos hebreus fugiram da região, tendo nesse momento acontecido a
famosa diáspora e segunda destruição do templo por volta de 70 a.C., e ao
longo dos séculos que se sucederam, os judeus se espalharam em
comunidades pelo mundo. Durante o século XIX, milhares de judeus ao redor
do mundo iniciaram uma mobilização para criação de um estado judeu na
região que se encontra a Palestina, apoiados pela ONU, com a justificativa de
que o território era pertencente aos Hebreus historicamente. A partir desse
momento, até os dias de hoje, os árabes e israelenses que já estavam fixados
na região começaram uma batalha com os judeus, afirmando que o Estado da
Palestina já estava consumado a muito mais tempo, e premissas históricas não
eram suficientes para a criação de um estado judaico em um território que hoje
era de maioria israelense.

CALDEUS
A Mesopotâmia foi a região onde as primeiras grandes sociedades se
desenvolveram, uma dessas grandes sociedades foram os Caldeus. Esses se
tratavam de um povo de origem Semita, que habitavam a margem oriental do
Rio Eufrates, e tiveram seu apogeu após a invasão da cidade de Nínive, que
até então era dominada pelos Assírios. Essa invasão começou com a
insurreição do monarca Nabopossalar, que comandava outra província, e
percebendo a fragilidade administrativa de sua vizinha decidiu dar início a um
processo expansionista. Após o fato, durante mais de um milênio (entre 2000
a.C., e 700 a.C.) o povo Assírio dominou grande parte do território
Mesopotâmico, estendendo seus domínios do mediterrâneo, passando por o
Chipre, Egito e Núbia, fazendo então emergir o chamado Primeiro Império
Babilônico, erguido por assírios e acádios. Embora esse império fosse
conhecido por estratégias bélicas e apreço pela guerra, os seus governantes
nunca foram grandes administradores, principalmente por se tratar de um povo
antigo sem muitos conhecimentos sobre governo.
Tal conhecimento administrativo, no que lhe concerne, era visto no povo
Caldeu como seu maior mérito, e com a vontade de unificar o território
babilônico, encontrou suas motivações para iniciar um processo de sucessivas
invasões e apropriações territoriais entre 625 a.C. e 604 a.C., até que se inicia
o Segundo Império Babilônico, tendo como protagonistas dessa vez o povo
caldeu, que foi inicialmente dominada por Nabossalar, que morreu em 604
a.C., deixando o Império para seu filho Nabucodonosor. O novo imperador, não
satisfeito com seus territórios, expandiu sua hegemonia para territórios da
Fenícia, Arábia, Palestina e Síria, tornando-se de fato o mais poderoso rei do
Oriente. O reinado de Nabucodonosor durou 42 anos (de 604 a.C. – 562 a.C.)
e se tornou o mais bem-sucedido da Babilônia, tendo sido o responsável por
planejar obras como a dos Jardins Suspensos da Babilônia , além de ter ficado
conhecido por ser um rei intolerante , criando o famoso cativeiro da babilônia,
onde prendia inimigos religiosos, e ordenando a exportação dos judeus de
Jerusalém para Mesopotâmia. O império formado pelos caldeus foi somente
derrotado em 539 a.C., pelos persas liderados por Ciro, o Grande.

SUMÉRIOS
Os povos que se estabeleceram na Mesopotâmia ficaram conhecidos como os
primeiros povos que trouxeram a civilidade ao mundo, em razão as terras
férteis proporcionadas pelas cheias dos rios Tigres e Eufrates, diversos povos
se agruparam em pequenas cidades, desenvolvendo culturas. Em cerca de
5000 a.C., os sumérios passaram a habitar a região, um povo, que era dividido
entre várias pequenas cidades como Ur, Uruk, Eridu e Nippur, e ficaram
conhecidos por desenvolver as primeiras formas de escritas.
Como já dito anteriormente, seu território era dividido em cidades, que tinham
autonomia de governo sobre seu povo, ou seja, não existia um império
organizado e centralizado, e sim, diversas cidades-estado, que compartilhavam
uma cultura em comum. Atribui-se a esses povos, para além da escrita,
construções como zigurates, que eram templos para venerar deuses e
entidades, a torre de babel, que embora não se tenha confirmações empíricas
de sua existência, era em sua essência um zigurate.
Com o crescimento da sociedade suméria, a desigualdade se tornou
característica latente em sua cultura, criando, assim como em outras
sociedades que se formariam ao seu redor, uma elite econômica que possuía
condição de vida extremamente superior a de um camponês médio, por
exemplo, transformando a humanidade como conhecemos hoje, uma
sociedade com problemas que existem desde sua origem. O grande feito desse
povo sem dúvidas foi o desenvolvimento das famosas escritas cuneiformes,
feitas por símbolos gravados na argila molhada, que, em seguida, era levada
ao forno para tornar o registro sólido e permanente. Temos a compreensão
hoje que essa escrita data de aproximadamente 3000 a.C., e se
desenvolveram com objetivo de criar controle sob questões de ordem
econômica, contabilidade de grandes proprietários de terra, e controle de
questões agrícolas. Logo que se desenvolveu, em poucos anos tal costume se
espalhou para outras diversas civilizações mesopotâmicas, como para os
povos acádios, que seriam, mais tarde, os algozes do povo sumério após uma
série de conflitos entre ambos.

ACÁDIOS
Quando falamos sobre povos antigos e a evolução da humanidade, se torna
impossível não citarmos os Acádios, povos que foram pioneiros em formas de
escrita e registros históricos, além de terem sido um dos primeiros povos a
habitar a mesopotâmia. A fixação desse povo ocorreu por volta do ano 5000
a.C., e foram provavelmente atraídos pela grande fertilidade da região, devido
as cheios do rio Tigre e Eufrates, e após cerca de 1000 anos, no ano de 4000
a.C. passaram a constituir cidades estado na região. Com o passar do tempo,
os Acádios acabaram por se aperfeiçoar em algumas técnicas que foram de
suma importância para seu desenvolvimento, como a drenagem de pântanos,
construção de barragens para evitar inundações, criação de reservatórios de
água e canais de irrigação, que eram utilizados como meio de espalhar a água
para fertilizar todo solo da região habitada, favorecendo a agricultura em
maiores faixas de terra.
Por volta do ano de 2334 a.C., os acádios, que eram um povo de origem
semita que habitava a região central da mesopotâmia, mas se dividia em
diversas tribos que compartilhavam de uma cultura em comum, se uniu sob a
liderança de Sargão I da Acádia, conquistou a maioria do território habitado
pelos sumérios, outro povo que também habitava a região e são se suma
importância para humanidade, centralizando o poder e dando origem ao
primeiro império da mesopotâmia: o Império Acádio. O termo acádio faz
referência à capital desse império, ‘’Acad’’. Esse império herdou diversas
técnicas dos sumérios, como a própria escrita, mas o fato de ser um grande
Império numa época onde o conhecimento administrativo e militar ainda era
precário, fez com que o fim do império viesse somente dois séculos após seu
início.
Por volta do ano de 2154 a.C., os Gútios invadiram a região, destituindo os
acádios e dando início a um novo império, entretanto, com uma pequena vida
útil, pois em 2004 a.C., o povo elamita invadiu a região e deu fim a chamada
terceira dinastia de Ur. Os elamitas eram um povo vindo do Vale do Nilo, e
datam de 8000 a.C., e acredita-se que tiveram ajuda de povos que ainda eram
‘’simpatizantes’’ do antigo império acádio, e não tinha afeições pelo povo gútio,
para que o domínio fosse concretizado, isso é descrito no famoso Lamento
pela cidade de Ur.

O CÓDIGO DE HAMURABI
A humanidade caminhou por milhares de anos por terras sem leis,
desenvolvendo sociedades que se baseavam no respeito por um líder ou
patriarca nos tempos pré-históricos, sem a noção de ética ou moral para que
pudessem trilhar um caminho mais ordeiro. O código de Hamurábi foi um dos
primeiros pontos de ruptura de uma sociedade sem regras específicas para
determinar sua conduta, para uma sociedade pautada em leis, era conhecido
por conter cerca de 282 leis, localizada na antiga Babilônia, tendo
provavelmente sua origem por volta de 1772 a.C., e com mais seiscentas
linhas de códigos de conduta e punições, é hoje considerada a origem da lei.
O Código de Hamurábi foi escrita em um monólito de pedra, tendo também
alguns trechos sendo escritos em tabuas de argila, esses trechos, foram
sistematicamente roubados e confiscado durante as centenas de guerras que
aconteceram na região (atual Iraque) desde sua origem, tendo uma boa parte
do código que se encontra danificado, tornando quase impossível a tarefa de
entende-lo em sua totalidade. O monólito original se encontra hoje no museu
do Louvre, em Paris. Vale ressaltar, que o Código de Hamurábi pode parecer
injusto nos dias atuais, pois o mesmo foi escrito em uma época onde a
sociedade babilônica era baseada na desigualdade, e plane divisão da
sociedade em camadas, onde os cidadãos comuns (Averu), que eram
compostos por artesãos, comerciantes, trabalhadores e pequenos proprietários
de terra, tinham punições mais elevadas para seus crimes, enquanto outra
camada da sociedade, composta de escravos ou ex-escravos que
conquistaram a liberdade, eram desclassificados como cidadãos, não
possuindo direitos e somente deveres. Tirando essas duas camadas, temos é
claro os escravos, que era tão somente objeto aos olhos de proprietários e
lideres que emergiam, e finalizando, a classe dominante, os Awilum, que eram
a famosa nobreza, ou as pessoas de classe alta que possuíam um nome forte
e terras, além de ligações com os lideres da sociedade babilônica.
Todo código é baseado no principio da chamada lei de Talião, onde creditamos
a ela a famosa frase ‘’olho por olho, dente por dente’’, e tendo como base esse
principio, podemos citar as seguintes leis como trechos de suma importância
para o funcionamento do código:
"1. Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não
puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte.
2. Se alguém fizer uma acusação a outrem, e o acusado for ao rio e pular neste
rio, se ele afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se
ele escapar sem ferimentos, o acusado não será culpado, e então aquele que
fez a acusação deverá ser condenado à morte, enquanto que aquele que pulou
no rio deve tomar posse da casa que pertencia a seu acusador.
3. Se alguém trouxer uma acusação de um crime frente aos anciões, e este
alguém não trouxer provas, se for pena capital, este alguém deverá ser
condenado à morte."

MESOPOTMÂMIA
O texto a seguir trata-se de um resumo sobre um denso tema, que tem por
objetivo ser de fácil compreensão e também disseminar o conhecimento básico
sobre o tema. Todas civilizações citadas terão um texto individual para um
maior aprofundamento sobre o tema e sua época.
Muito se discute sobre a origem da humanidade e sua dissipação ao redor do
globo, desde que surgiram na crescente fértil, ao momento que conseguiram
erguer reinos e impérios. Um fator que é tido como conclusivo hoje é sobre o
ponto crucial para evolução da humanidade, que foi o desenvolvimento da
majestosa região da mesopotâmia, que em grego quer dizer terra entre rios,
situava-se entre os rios Eufrates e Tigre, sendo conhecido como o berço da
humanidade, localizada no território onde hoje constitui-se o Iraque.
Há cerca de 4.000 a.C, vários grupos tribais que constituíam a Ásia Central e
as montanhas da Eurásia, acabaram por migrar para as extensas faixas de
áreas férteis ao redor dos rios, pois alem da vantagem relacionada à
proximidade do rio, a pesca também passou a ser atividade de grande valia e
mais tarde, a própria agricultura naquelas terras. Esse processo de evolução
da agricultura passou diretamente pelo processo de canalização de água,
fazendo com que os povos que ali se encontravam caminhassem a passos
longos para se transformarem em uma super potência da antiguidade.
Com o passar do tempo, foi desenvolvida o famoso sistema de escrita
cuneiforme, feito em tábuas de argila que eram colocadas em fornos,
transformando-as em um resistente tipo de registros do cotidiano, da vida
religiosa e de questões administrativas. Com essa evolução na escrita, o alto
desenvolvimento agrícola, e as boas relações comerciais entre os povos da
região, logo grandes cidades-estado começaram a emergir, como fora o caso
de Nipur, Lagash, Uruk e Ur, que datam da época do famoso povo Sumério.
Outros povos que se encontravam no local eram os babilônios, que formaram
uma sociedade totalmente baseada em um sistema de leis conhecida como
Código de Hamurabi, formulada pelo imperador Hamurabi, que tratava de
penalizar criminosos de acordo com a gravidade de seus delitos. Formaram um
complexo reino devido a obediência trazida pelo código de conduta apurado,
capacitando o desenvolvimento daquela sociedade, sendo posteriormente
conhecidos por grandes construções como os jardins suspensos, e a mítica
torre de babel.
Além dos sumérios e babilônios, os assírios foram outro povo que se organizou
e tratou de dar sua ‘’contribuição’’ para região, tendo uma ampla organização
militar e projeto de poder a longo prazo, transformando-os em um povo
conquistador e expansionista, dominando diversos povos mais fracos, e
demonstrando sua hegemonia bélica.
Além desses povos, a região abrigava outros vários como acádios, caldeus e
amoritas, que dentre suas contribuições em menor escala em relação aos
outros povos já citados, constituíam um povo politeísta, e acreditavam em
ligações místicas com a natureza, sendo comerciantes agrícolas e tendo
desenvolvido as famosas caravanas, com base numa política centralizada de
poder.
Esses diversos povos coexistiram por milênios, mesmo que em momentos
tenham entrado em conflito entre si, nunca houve um povo que obtivesse um
controle absoluto da região mesopotâmica, até que por volta do século VI a.C,
o império Persa que vinha se fortalecendo sob o comando do grande
Imperador Ciro II, não poupou esforços para realizar a conquista de toda
região, algo que sempre foi sonhado por diversos outros imperadores, mas
nunca consumado, tinha finalmente acontecido, a conquista dos persas acabou
com as primeiras formas dinâmicas culturais que tinha marcado a
mesopotâmia, e inaugurou uma nova fase para humanidade, e era dos grandes
impérios.

Cleópatra
Cleópatra (69 - 30 a. C.) foi rainha do Egito, a última soberana da dinastia dos
Ptolomeus, que reivindicavam descendência direta do macedônio Alexandre o
Grande e levaram o Egito ao auge de sua prosperidade até cair sob a
dominação romana. Imortalizada pela história, Cleópatra exerceu forte
influência sobre o destino de Roma, graças as relações amorosas com Júlio
César e Marco Antônio. Cleópatra nasceu em Alexandria, Egito, no ano 69 a.
C. Filha de Ptolomeu XII foi educada entre os papiros da Biblioteca de
Alexandria. Conhecia a poesia grega, a matemática e a filosofia.
Segundo o historiador grego Heródoto, Cleópatra era fluente em nove idiomas
e dispensava intérpretes para saudar, conversar, discutir e negociar com
representantes ou líderes de outros povos. Em 51 a. C., após a morte de seu
pai, Cleópatra subiu ao trono do Egito. O pai deixara o reino, em testamento,
para o filho Ptolomeu XIII, então com 10 anos, e para Cleópatra, prevendo o
casamento entre ambos, segundo a tradição. Três anos após assumir o poder,
Cleópatra entrou em uma guerra civil contra os ministros do irmão e enfrentou
sérias intrigas palacianas contrariando os planos dos conselheiros reais, que
conseguiram afastá-la do trono.
Cleópatra e Júlio César
Sedutora e inteligente, Cleópatra resolveu pedir auxílio a Júlio César, ditador
vitalício de Roma, a maior potência mediterrânea da época, que fora ao Egito
perseguindo seu rival Pompeu, que chegando lá, foi assassinado por
conselheiros do rei menino, para agradar ao ditador. Conta a história que Júlio
César se recolheu em seus aposentos para pensar a melhor forma de ajudar
Ptolomeu. Dias depois, recebeu um tapete enrolado e ao abrir encontrou
Cleópatra, que jovem, bela e esperta, ofereceu-se a ele, em troca de ajuda às
suas pretensões políticas. Júlio César conseguiu que Ptolomeu concordasse
em partilhar o trono com Cleópatra. Depois da morte de Ptolomeu XIII, em 47
a. C., sua irmã Arsinoé foi mandada prisioneira para a Itália, e César e
Cleópatra podiam desfrutar em paz a vitória. Cleópatra tornou-se rainha, mas o
Egito passou a ser vassalo de Roma.
Cleópatra casou-se com seu outro irmão, Ptolomeu XIV, mas vivia em
companhia de Júlio César. Durante cinco meses, César percorreu o rio Nilo em
navios de luxo na companhia de Cleópatra. De sua relação com Júlio César
nasceu Ptolomeu V César, conhecido por Cesário, seu primeiro filho.
Ambiciosa, cercada de luxo e grande estrategista, entre seus projetos
Cleópatra incluía fazer do Oriente um império dos Ptolomeus, com capital em
Alexandria. Mas foi nas suas tratativas com Roma, necessitada da riqueza do
Egito para financiar suas campanhas militares, que ela ampliou seu poder e
construiu a imagem de uma mulher forte, decidida, independente, que foi capaz
de transitar com igualdade entre os homens. Com o assassinato de Júlio César
em 44 a. C., a rainha Cleópatra voltou para o Egito, mas não acabou com seus
planos.
Ainda mais ambiciosa, uniu-se então a Marco Antônio, um dos integrantes do
novo triunvirato que governaria Roma, que precisava de recursos financeiros e
militares do Egito. Durante o período em que estiveram em Alexandria, tiveram
um casal de gêmeos, Cleópatra Selene e Alexandre Hélio. Em troca, Marco
Antônio lhe devolveu alguns territórios que haviam sido conquistados pelo
Império Romano. A disputa e as rivalidades entre Lépido, Marco Antônio e
Otávio, sobrinho de Júlio César, pela supremacia do poder, terminaram em
guerra entre Marco Antônio e Otávio. No ano 31 a. C., na Batalha de Actium,
Marco Antônio foi ferido e perdeu a vida. Cleópatra, vendo seu poderio
destroçado pela intervenção de Otávio, a quem ela não conseguiu atrair, se
suicida deixando-se morder por uma serpente. O Egito foi anexado ao Império
Romano e Otávio tornou-se o primeiro Imperador de Roma. Cleópatra faleceu
em Alexandria, no Egito, no ano 30 a. C.

DEUSES DO EGITO
Todas as sociedades antigas possuíam alguma ligação com crenças no divino,
e quando falamos da religião egípcia, nos referimos a conjuntos de crenças,
rituais e histórias em seres superiores. A religião cumpriu um papel de extrema
importância na sociedade egípcia, principalmente quando olhamos para seu
modo de governo, a teocracia, baseada na crença de que o faraó era figura
divina, e, portanto, não era somente importante para governar a política, mas
como também guiar o povo egípcio para próximo de seus deuses.
Antes de falarmos sobre seus principais deuses, devemos entender haverem
dois princípios para aquele povo: O ma’at e o heka, onde o primeiro se dizia
respeito á vida do indivíduo, que deveria cuidar de suas ações, para que seu
ambiente não ficasse em estado de desarmonia,e caso os deuses não
tivessem sua vontade seguida, poderiam levar o universo ao caos. E em
relação ao heka, era a força que regia o universo, algo místico e
incompreensível aos homens comuns, essa força se apresentavam por dádivas
e sinais apresentados principalmente a faraós e sacerdotes, além também de
muitas vezes heka ser representada como uma divindade feminina.
Para entendermos melhor suas crenças, vamos explanar resumidamente cada
divindade egípcia:
Rá: Deus sol, governante dos vivos e mortos, representado pelos egípcios
como um falcão, em dado momento, chegou a ser o Deus mais venerado do
Egito.
Ísis: mãe dos faraós, deusa dos tronos e mulher de Osíris, tinham o papel de
fazer com que aqueles que morreram na fé do Egito antigo conseguissem
alcançar a vida após a morte.
Osíris: aquele que julgava os homens, conhecido como o deus que ensinou a
humanidade as técnicas de agricultura, e após ser morto por seu irmão, set,
renasceu e passou a governar o submundo. Esse era o Deus mais temido e
adorado do Egito Antigo.
Amon: Considerado Deus do sol e ar, possuía seguidores espalhados pelo
Egito, e tinha papel como Rá, inclusive, após alguns anos, uma divindade
chamada Amon-Rá surgiu da união desses dois deuses.
Set: Deus da guerra e do caos, responsável por conflitos desde pequenos a
grandes, acreditava-se que uma mísera revolta em um formigueiro era
consequência de seus atos e vontades.
Nephthys: Mulher e Deusa relacionada ao luto, estando sempre presente
próxima a sarcófagos e tumbas.
Hórus: Protetor das famílias e dos faraós, era muito seguido por trazer a tona a
sensação de proteção, era filho de Osíris e Ísis.

INVASÃO DOS HICSOS: GUERRAS NO EGITO ANTIGO


Durante a antiguidade, diversas guerras nos chamam a atenção, muitas delas
entre povos poderosos que buscam dominância sobre outros povos, e durante
o período antigo do Egito não foi diferente. Entre 2000 a.C. e 1580 a.C.,
durante o chamado Médio Império Egípcio, diversas disputas de poder político
passaram a acontecer entre os faraós e a elite religiosa, que eram, em seu
período, às duas posições mais altas ocupadas por um membro do governo, os
conflitos de interesses culminaram em uma ação que viria cobrar caro mais
tarde, e em XVIII a.C., a fim de desafiar a autoridade faraônica, os sacerdotes
religiosos elaboraram uma lei que permitiria a entrada de estrangeiros em seu
território, algo antes determinantemente proibido.
Essa decisão fez com que uma civilização de origem asiática que passava por
graves problemas relacionados a seca em seu território, os Hicsos, se
estabelecessem de forma pacifica ao norte do Império Egípcio. De acordo com
estudiosos da área de arqueologia, tudo leva a crer que os Hicsos se
deslocaram até o nordeste da África a fim de usufruir de mananciais e terras
férteis que estavam disponíveis, e não entrar em confronto direto com egípcios.
Entretanto, esse primeiro momento de pacifismo não durou muito, e ao longo
de poucas décadas, o povo Hicso desenvolveu sua economia e até mesmo um
estado independente dentro do Império Egípcio, chegando ao ponto da criação
de um exército fortemente armado. Com as crises políticas envolvendo os
faraós, os Hicsos se aproveitaram da fragilidade do momento para iniciar sua
campanha de dominação dos povos que habitavam a região do Delta do Rio
Nilo, onde não encontraram grande resistência. Após isso, marcharam rumo ao
Baixo Egito, controlando diversas cidades e estabelecendo sua capital na
cidade de Avaris, obrigando o Faraó a recuar sua capital para região do alto
Egito, na cidade de Tebas, garantindo a sobrevivência e facilitando na
resistência contra os Hicsos, e durante quase meio século, a invasão
permaneceu estabilizada graças a uma série de acordos pacíficos com os
egípcios.
Esses acordos, com o tempo, se mostraram inviáveis para às duas partes,
enquanto os Hicsos viam potencial de desenvolvimento nas terras do Sul que
ainda permaneciam sob domínio faraônico, os egípcios nunca se conformaram
com a perda significativa de seus territórios. No ano de 1580 a.C., o governo do
faraó Amósis I entrou em conflito militar com os Hicsos, que se prepararam
sabiamente para o conflito, se dividindo entre duas frentes: uma ao norte e
outra ao Sul, essa ultima, comandada pelo povo núbio, que era aliada dos
Hicsos. O resultado foi a vitória do Império Egípcio, que venceu ambas as
batalhas, e a partir dali, inaugurou um novo momento, o chamado Novo
Império, com o foco na criação de um forte exército e fortalecimento da
soberania Egípcia sob os povos que habitavam seu território.

AS PIRÂMIDES NO EGITO
As sociedades antigas despertam enorme interesse quando entramos no
assunto das obras arquitetônicas, dentre essas obras, as pirâmides do Egito
acabam sendo um dos primeiros monumentos do mundo antigo que pensamos
quando falamos a respeito de tal assunto. As pirâmides tiveram seu início há
mais de 2500 a.C., com técnicas bastante desenvolvidas para sua época e uso
de matemática avançada em sua engenharia, e mesmo hoje após séculos de
estudos a respeito do tema, não existem muitas conclusões a respeito de sua
natureza. Devemos ter em mente, que cada bloco de pedra que encaixava em
torno da pirâmide formando seu corpo, pesava cerca de duas toneladas, e a
teoria mais aceita hoje entre historiadores e arqueólogos especialistas na área
é de que, com a ajuda de mecanismos que se baseavam na utilização de
troncos de árvores postos no chão para funcionar como uma esteira, ajudou no
transporte dessas pesadas pedras. Os camponeses eram recrutados durante a
época de seca do Nilo, e com o trabalho de milhares de egípcios em uma
época do ano propicia, se desenvolveu a maioria das pirâmides.
Essas construções levavam décadas para serem finalizadas, e entre o início e
termino da mesma, milhares de trabalhadores morriam, sofrendo acidentes
fatais durante as construções. Algo curioso, é de que embora hoje acreditamos
que as pirâmides sejam túmulos de faraós, dentro nas construções é possível
encontrar vários labirintos e armadilhas, além de salas escondidas no interior
da pirâmide, o que levava a vários trabalhadores a ficarem perdidos dentro nas
construções. Aqueles que eram encarregados de construir as salas onde os
tesouros do faraó ficariam, eram mortos após terminarem seus serviços, pois
os mesmos teriam, em tese, uma noção de como poderia chegar até tal
localização, algo proibido.
Centenas de códigos e hieróglifos estão espalhados nas paredes das
pirâmides, e em sua maioria, não foram decifrados até agora, muito por conta
do modo em que os líderes egípcios agiam com os trabalhadores que
participaram, executando aqueles em que teoricamente sabiam do conteúdo
contido em tais escritas.
Podemos destacar algumas outras curiosidades sobre as construções:
• As pessoas mais humildes também queriam partilhar da glória do faraó.
Assim, em 2010, pesquisadores descobriram uma vala com 400 corpos de
pessoas desnutridas perto de uma das pirâmides.
• A expressão "obra faraônica" advém das construções no Egito Antigo e está
relacionada com a grandeza das edificações.
• A pirâmide de Quéops foi o prédio mais alto do planeta até o século XIV,
quando foi construída a Catedral de Lincoln, na Inglaterra.

A ESCRITA NO EGITO ANTIGO: HIERÓGLIFOS


É praticamente impossível de adentrarmos no universo do antigo Egito sem
discutirmos suas peculiaridades mais famosas, sendo provavelmente sua
escrita um dos maiores mistérios em relação à sua cultura. Até hoje, os
chamados hieróglifos não foram 100% catalogados, e existem
aproximadamente 600 caracteres e símbolos que englobam essa forma de
escrita.
Vale ressaltar que essa não era a única forma de escrita do Egito antigo, e a
escrita hierática era muito mais utilizada pela população comum, essas eram
símbolos mais simples feitos de forma cursiva, popularizada para relações
comerciais entre o povo. Após alguns anos de uso, surgiu também a escrita
demótica, que nos últimos períodos do Egito antigo acabou se popularizando
ainda mais, por ser uma escrita de poucos caracteres.
O primeiro momento em que um estudioso conseguiu catalogar significados
dos hieróglifos, foi em 1822, quando o estudioso Frances Jean-François
Champollion, considerado o pai da egiptologia, decifrou as escritas contidas na
famosa pedra de Roseta, que havia sido encontrada por Napoleão em 1799 no
Egito. Na pedra de Roseta, além de ser possível encontrar diversas escritas
hieroglíficas, possuíam também caracteres em demóticos e escritas em grego
antigo. Nessa pedra, o conteúdo contido era um decreto do Rei Ptolomeu V, e
embora seu texto não seja de suma importância para entendermos a história
do Egito, sua existência foi, pois a partir de sua interpretação, um denso estudo
sobre egiptologia passou a existir a partir do século XVIII, juntamente a
profissionais que passariam sua vida estudando também o grego antigo, e
diversas revoluções nessa área se deram através da pedra de Roseta, que se
transformou no artefato pilar para compreensão do mundo antigo.

O EGITO ANTIGO
Não existe nenhum modo de falarmos em sociedades antigas sem que
lembremos do Egito antigo, um dos mais evoluídos povos de seu tempo,
organizado e bem-sucedido, além de ser um dos maiores exemplos de como
as sociedades antigas evoluíram, formando, reinos e impérios ao redor de rios
para conseguir abastecer com fartura suas civilizações. O Egito antigo era
formado de diversos povos, e ao contrário do que se pensa, que eram desde
seu início um povo com uma crença uniforme, a população era dividida em
vários clãs que se organizavam em comunidades chamadas nomos.
Os nomos eram pequenos estados independentes que por volta do ano de
3500 a.C. se organizaram e se uniram em dois reinos: o Baixo Egito, que ficava
ao norte e o Alto Egito, que ficava ao sul. Mais tarde, por volta de 3200 a.C., o
rei do Alto Egito, Menés, unificou os dois reinos, dando origem ao Estado
Egípcio e se tornando o primeiro Faraó. Começava ali um longo e milenar
período de esplendor de uma civilização que seria a mais avançada e bem
sucedida de sua época, a era do Egito Antigo e dos grandes Faraós.
A sociedade logo se organizou de modo bastante linear, de modo hierárquico,
no topo da sociedade estava o faraó e seus parentes, onde o próprio faraó era
venerado e tido como um deus, abaixo dele estavam os sacerdotes, nobres e
funcionários do faraó. Estes tinham influência sob as decisões de estado e
comungavam de uma vida boa e com privilégios, e por fim estavam os
artesãos, camponeses, soldados e escravos. Outro cargo que tinha grande
privilegio era o de escriba, que era encarregado de anotar todos feitos do faraó.
Diferentemente de outras sociedades que se organizavam, as mulheres
egípcias gozavam de igualdade perante a sociedade, podendo exercer
qualquer função, tal fator se refletiu posteriormente no caso da Cleópatra, um
faraó mulher.
Outro ponto interessante é entender quão sofisticada foram as marcas
deixadas pelos egípcios, além de serem ótimos astrônomos e conseguirem
desvendar a trajetória do sol, dividindo o calendário em 365 dias e 24 horas
(usado até hoje pela maioria dos povos) eram também excelentes em termos
médicos, criando curas de doenças, cirurgias e entendimento sobre a anatomia
humana, tendo mesmo em uma época tão distante criado a profissão de
médicos e ajudantes que equivalem hoje aos enfermeiros. Sua escrita era
composta pelos hieróglifos, que se tratavam de figuras de animais, partes do
corpo, objetos do cotidiano, dentre outros símbolos, usados para registrar
historia, cotidiano, textos religiosos, etc.
A principal arte desenvolvida no Egito Antigo foi a arquitetura. Profundamente
marcada pela religiosidade, as construções voltaram-se principalmente para a
edificação de grandes templos como os de Karnac, Luxor, Abu-Simbel e as
célebres pirâmides de Gizé, que serviam de túmulos aos faraós, entre as quais
se destacam Quéops, Quéfren e Miquerinos. Um dos mais importantes pontos
para entendermos o sucesso do reino é entender o Rio Nilo. O Nilo é um
grande reino que tinham em seu redor épocas de cheia, tal época deixava o
solo fértil, proporcionando a abundância na agricultura, onde os egípcios
cultivavam o trigo, cevada, legumes, algodão e frutas. Além disso, o rio foi
usado para criar-se canais de irrigação pelo reino, mantendo sempre o Egito
abastecido de água e terras férteis.

PRÉ-HISTÓRIA NO BRASIL
Um tema que vem ganhando novas informações a cada ano é a pré-história
brasileira, que em décadas de pesquisas, ganhou contornos significativos no
que se diz respeito a conhecimento do período. Podemos dizer que, os sítios
arqueológicos que mais revelaram presença humana pré-histórica em terras
brasileiras foram encontrados nas regiões do Piauí, Minas Gerais e no centro-
sul do país. Uma das mais interessantes descobertas fora um sítio em São
Raimundo Nonato (PI), onde um grupo liderado pelo arqueólogo Niède Guidon,
conseguiu encontrar a presença de facas e utensílios de caça que datam de
aproximadamente de 10 mil anos atrás, sendo possível através desse estudo a
conclusão de que os povos que ali viviam, se utilizavam de caça para
sobrevivência.
Na região de Lagoa Santa (MG), foram descobertos fósseis antigos que hoje
conhecemos como os mais antigos da América, sendo o crânio feminino
apelidado de Luzia a marca dessa descoberta, datando de aproximadamente
11.500 anos atrás. A partir dessa descoberta, algumas rotas de pesquisa em
relação à ocupação do território americano, pois os traços do crânio de Luzia
possuía diversas características que remetiam ao povo vindo da Oceania,
revelando então uma possível origem dos nativos americanos.
Outros vestígios sobre essa era americana, é a existência dos chamados
Sambaquis em diversas regiões litorâneas do Brasil, onde diversas formações
de verdadeiras montanhas de ossadas de peixes e humanas, além de conchas
e restos de frutos-do-mar. Essas populações são detectáveis em diversas
regiões, sendo mais presentes no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul e São Paulo. Essas populações foram responsáveis por dar início ao
processo que tornou os nativos brasileiros em sedentários, devido à
abundância alimentos que eram coletados pelo mar, de modo quase que
ilimitado.
No interior do Brasil, existem também sítios arqueológicos diferentes, os
chamados cemitérios indígenas, onde vestígios de antigas civilizações são
encontrados por covas com restos humanos enterrados do modo sofisticado,
com flores e estruturas de pedra ao redor dessas covas. Acredita-se que boa
parte destes, são frutos de rituais indígenas, e datam de cerca de 2000 anos
a.C., possuindo aparentemente caráter bem diferente dos povos sambaquis.
Na região amazônica, existem vestígios de diversas sociedades, sendo a sua
maior parte integravam a chamada civilização Marajoara, esse povo deixou
uma rica coleção de artefatos de cerâmica e peças de esculturas detalhadas.
Esse detalhamento artístico revela uma forte evolução em termos técnicos do
povo Marajoara, sendo esse considerado o povo mais complexo antigo que
vivia em terras brasileiras. Com o passar dos anos esses povos foram se
espalhando por todo território nacional e formando diferentes tribos indígenas.
A partir do século XV, com a chegada européia no Brasil, uma boa parte
dessas tribos foram extintas, por diversos fatos, é claro que a violência e
escravidão foram dois dos mais brutais pontos para a diminuição dos nativos,
mas talvez a maior questão para essa redução massiva fora as doenças
trazidas pelos europeus, como o povo indígena não era biologicamente
preparado para ter doenças vindas de locais distantes, uma boa parte das
tribos acabaram por se extinguir vítimas de doenças que para eles foram fatais.

POVOS SAMBAQUIS
A pré-história foi fundamental para o desenvolvimento do homem moderno, e
em torno de todo o globo, diversas regiões foram ocupadas por povos que
buscavam locais com boas condições de vida, principalmente antes da
descoberta de técnicas agrícolas, quando o humano era nômade e dependia
de locais que proporcionasse um ambiente que provesse seu sustento.
Por volta de 10 mil anos atrás, diversos seres humanos chegaram ao
continente americano, e dentro no continente, buscaram regiões de clima mais
tropical e litorâneo, o motivo era simples, por milhares de anos uma boa parte
dos homens que chegaram na América pelo estreito de Bering, viviam em
regiões extremamente frias, e o clima quente de locais centrais no continente
americano em geral era desagradável para aquela população. O deslocamento
para essas regiões de clima mais ameno fez com que seu estilo de vida se
baseasse naquilo que as regiões ofereciam em maior abundância, nesse caso,
frutos-do-mar. Esses povos viveram esse estilo de vida por milênios, pois a
caça não era vantajosa em terra, já que o mar provia aquilo que era necessário
para sua alimentação, esse consumo por milhares de anos acabou por gerar
uma acumulação de ossos de peixes e restos de conchas e ossadas humanas
nas regiões, essas formações ficaram conhecidas como Sambaqui.
São diversos os locais encontrados os sambaquis, no Brasil, por exemplo, ao
longo do litoral nordestino, no Rio de Janeiro, algumas regiões de São Paulo e
no litoral Gaúcho, o mais antigo descoberto em solo nacional, o Sambaqui
encontrado no Vale de Ribeiro, em São Paulo, estimado em Nove mil anos de
existência. Outras partes da América como na Cordilheira dos Andes, litoral
dos Estados Unidos, Peru e Chile também possuem presença dessas
civilizações, e mais do que meramente servir de curiosidade sobre o estilo de
vida pré-histórico nas Américas, os estudos a respeito dos Sambaquis ajudam
até hoje em traçar rotas humanas, e entender como se deu o deslocamento
humano nas Américas.

AQUEUS
Muito se pergunta a respeito da origem dos primeiros povos da região do
Peloponeso, onde muitos reinos ascenderam e moldaram a história humana,
entretanto, pouco se ensina sobre essa origem. Os aqueus representam uma
das civilizações mais antigas que vieram da idade do bronze, sendo o principal
povo responsável pela colonização da Grécia Antiga, estes chegaram a regiões
próximas ao Mar Mediterrâneo em aproximadamente 2000 a.C., sendo
inicialmente um povo nômade que não dominava a agricultura, e precisavam
de terras férteis para se estabelecerem e conseguirem prosperar.
Vale ressaltar, que os aqueus chegaram a uma região que já possuía alguns
habitantes nativos, um povo conhecido como pelasgos, que não contavam com
uma sociedade complexa ou um governo organizado, fato esse que possibilitou
os aqueus, que era uma sociedade guerreira, a dominar totalmente o povo que
lá viviam, e após o domínio, fixaram-se na região e fundaram diversas cidades,
que podemos destacar a poderosa cidade de Micenas e o povo micênico, que
prosperou após obter amplo domínio da agricultura, facilitada pela terra
altamente fértil e o grande número de pessoas (em comparação a outras
sociedades da época) que lá viviam, sendo essa cidade um dos primeiros polos
econômicos conhecidos em tempos antigos.
Com o tempo, outras duas cidades emergiram do povo aqueu, Tirinto e Argos,
que se transformaram em grandes centros urbanos, e assim como Micenas,
centros econômicos. Estava na hora da humanidade dar um passo além, e o
conhecimento de outras cidades que estavam surgindo ao longo do
mediterrâneo oriental, dava aos sucessores dos aqueus uma sensação de
possibilidade de desbravar e lucrar com novas regiões, e assim foi feito, criado
as primeiras embarcações comerciais que se tem registro na história, onde por
elas eram transportados grãos ou preciosidades a fim de trocas com outros
possíveis povos, e o resultado foi o sucesso absoluto, tendo construído no
mundo antigo as primeiras relações comerciais entre grandes povos. Com o
tempo, Micenas, Tirinto e Argos ficaram conhecidas, e também visadas,
sofrendo alguns ataques de tribos e cidades locais, obrigando os mesmos a
pensar a construção de grandes fortalezas, e logo surgiram diversos palácios,
templos e fortalezas. Após isso, seguiram sua jornada em busca de expansão
e novas terras, chegando até Creta, e se deparando com uma complexa
sociedade que habitava a região, os cretenses. Diferentemente de outras
conquistas, foi empregado menos brutalidade com o povo cretense, por
diversos aspectos culturais serem de interesse também do povo aqueu, e por
fim, absorveram boa parte de sua cultura, originando o povo conhecido como
Micênico-Cretense, que anos mais tarde enfrentariam os troianos na Guerra de
Troia. Os aqueus foram de fato a cultura que mais cresceu e prosperou na
região grega, e embora outros povos indo-europeus também tenham entrado
na região, como Jônios e Dórios, poucos foram tão dominantes e bem-
sucedidos como os aqueus.

REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
Entendemos que uma virada de chave pontual na história humana tenha sido a
chamada Revolução Agrícola, nome usado para definir a saída do nomadismo,
momento em que os seres humanos não tinham um ponto fixo de moradia, e
se movimentavam de um ponto ao outro procurando por terras com animais
para caçar e frutas para comer, sem se assentar, passando com a Revolução
Agrícola, a se estabelecerem em regiões, fixando moradia e também cultivando
grãos, processo chamado de sedentarismo. Estudos recentes de arqueólogos
apontam que as primeiras atividades agrícolas datam de aproximadamente 10
mil anos antes de cristo, em regiões próximas ao mar morto, se espalhando
pelo globo de modo lento, alcançando regiões como a índia somente em 8.000
a.C., China em aproximadamente 7.000 a.C. e aproximadamente 6.500 a.C. na
região da Europa. Os primeiros grãos a serem cultivados foram o trigo, cevada
e milho. A descoberta de que os grãos quando plantados davam frutos foi o
que mais demorou a ocorrer, quando notado, o processo de criação de
técnicas agrícolas se desenvolveram mais rapidamente, resultando na criação
de pequenos agrupamentos humanos e dando início ao aumento populacional
em grande escala.
A prática anterior de coleta e caça, impedia o crescimento demográfico e o
desenvolvimento de novas tecnologias, após se tornar sedentário, podiam ter
mais filhos e os mesmos podiam ficar mais tempo aprendendo com seus
guardiões. As crianças, quando a humanidade era nômade, atrapalhavam no
processo de caminhada entre terras, por serem humanos em formação e terem
um organismo mais delicado, além de pouca resistência física. Já no mundo
pós-Revolução Agrícola, os homens passaram a se dedicar a caça e a
trabalhos pesados, enquanto as mulheres cuidavam do plantio e trabalhos
domésticos. Com o decorrer do tempo, a possibilidade de se criar uma
sociedade se tornou clara, e outras evoluções se deram a partir da Revolução
agrícola. A domesticação de animais se deu algum tempo após a origem da
agricultura, mas fruto de um pensamento que o humano passou a ter, de que
não somente de caçar ou coletar da natureza ele viveria, e sim, também
trabalhar com ela. Sendo assim, os animais como carneiros e pequenos gados
começaram a ser tratados, cruzados e aí, sim, após alguns anos, abatido para
alimentação e extração de seu couro ou pelagem, para uso na confecção de
roupas, entre outros artigos. Foi também nesse contexto, que os povos
passaram a se organizar em sociedades mais volumosas, emergindo a
necessidade de lideranças e um sistema hierárquico para que o convívio fosse
possível, surgindo também a partir da Revolução Agrícola os primeiros
sistemas de estado da humanidade.

CRESCENTE FÉRTIL – O BERÇO DA CIVILIZAÇÃO


A humanidade se proliferou em um mundo abarrotado de organismos vivos,
mas somente humanidade pode evoluir ao ponto da civilidade (ou quase isso).
O ponto X para entendermos como os homens conseguiram viver, sobreviver e
evoluir em um mundo inicialmente selvagem, é sem sombra de dúvidas o
Crescente Fértil, localizado entre os rios Tigre, Eufrates, Jordão e Nilo, abrigou
as primeiras populações humanas, e foi berço do florescer da revolução
agrícola e posteriormente da revolução urbana.
A região que se localiza o Crescente Fértil está onde hoje ficam as nações da
Palestina, Jordânia, Israel, Líbano, Kuwait e Chipre, além de estender-se para
algumas regiões do Egito, Síria, Irã e Turquia. O ambiente e território onde fica,
era perfeito para a criação de civilizações humanas, onde as proximidades dos
rios dava para o biológico do homem um cenário favorável para se viver, pois o
solo era fértil, irrigado pelos rios, além da abundância em água, necessária
para a vida desde seu consumo mais puro, ao seu uso em agricultura e
atividades comerciais por navegações.
Podemos considerar a região como o berço da humanidade, pois
principalmente ao decorrer do rio Tigre e Eufrates, desenvolveram-se as
civilizações que mais tarde formariam a Mesopotâmia, de onde encontramos os
primeiros registros de povoamentos sedentários de homens, além de ter sido
palco da evolução de técnicas relacionadas ao plantio e domesticação de
animais, e embora tenha sido um processo lento, durante milênios a fio, a
civilidade se desenvolveu na região, dando origem a povos que se
organizavam de modos diferentes de outros animais, com trabalhos, trocas
voluntárias e a própria escrita cuneiforme, a primeira forma de escrita
registrada, em território mesopotâmico, datando de mais de 4000 a.C. Com o
clima perfeito para se assentar os primeiros grupos humanos, a região foi
essencial para o desenvolvimento de civilizações, praticas comerciais, escrita e
até mesmo palco do surgimento dos primeiros governos da história humana,
sedentarizando o homem e o transformando em um ser mais racional que
outras espécies animais, colocando o mesmo em um posto impossível de ser
alcançado por outras raças.

ABOLICIONISMO NO BRASIL
A crise no Império do Brasil se deu por diversos fatores, um deles, a
insatisfação da burguesia com a proibição da mão de obra escrava em todo
país. Mas para que chegasse nesse ponto, de termos de fato leis que
garantisse a independência dos escravos, houve uma escalada lenta e gradual,
marcado não pela bem feitoria de imperadores que era moralmente contra a
escravidão, de fato não era isso, e sim a pressão exercida por países como a
Inglaterra para que se desse fim com o tráfico negreiro, e se hoje parece uma
péssima ideia se colocar como adversário dos ingleses, durante dos anos 1800
não era diferente.
O primeiro passo para que se proibisse a escravidão em solo brasileiro foi a
promulgação da lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro na
década de 1850, essa lei foi consequência direta da lei aprovada em 1845 na
Inglaterra chamada de Bill Aberdeen, que dava autoridade aos ingleses de
atacar navios negreiros que navegassem no oceano atlântico, esses navios
quando presos passariam a ser propriedade inglesa, e os escravos lá
encontrados seriam deportados de volta a seus países como homens livres.
Com a aprovação da Eusébio de Queirós, entre 1851 e 1856 cerca de 6900
escravos desembarcaram no país de modo ilegal, obrigando ao império de
tomar medidas mais drásticas contra o ato que persistia.
Com uma transição gradual, na década de 1860, após uma série de revoltas
populares e também de escravos contra a escravidão, uma série de debates
foram colocados em pauta, resultando na lei do ventre livre, aprovada em 28 de
setembro de 1871, decretando que todos os filhos de escravos nascidos no
império seriam considerados Livres a partir de alguns critérios, dono do
escravo teria duas opções: libertar o escravo aos oito anos e receber uma
indenização de 600 mil-réis, ou libertar aos 21 sem nenhuma indenização.
Após a lei, em 1880, iniciou-se um enorme movimento abolicionista, composto
de advogados, juízes e população geral, e com o falecimento de diversos
escravocratas antigos na região, o movimento ganhou força, pois seus
descendentes mais novos já estavam inclinados à abolição, resultando na Lei
dos Sexagenários, aprovada em 28 de setembro de 1885, que tornou todos os
escravos com 60 anos ou mais livres, obrigados porem, a residir por pelo
menos cinco anos na região onde residia antes de ser uma pessoa liberta.
A lei dos Sexagenários foi considerada conservadora e retrógrada, até porque
a maioria dos escravos não chegava sequer na idade dos 50 anos, ou seja, a
maioria dos escravos ainda morreria escravo, mas ainda, sim, essa lei aprumou
as rotas para aprovação de outra lei anos mais tarde. Essa lei foi a lei Áurea,
promulgada em 13 de maio de 1888, que extinguiu de fato a escravidão no
Brasil, transformando o Brasil, final e extremamente atrasado em relação a
outras nações, um país onde a escravidão era proibida definitivamente, é claro
que a reação conservadora acabou por criar diversas leis para frear o
crescimento dos ex-escravos no debate publico como a proibição do voto, por
exemplo, entretanto, a partir dali, a escravidão foi considerada algo ruim para
aqueles que nasceriam a partir daquele ponto, e o debate sobre igualdade
tomaria corpo.

QUEDA DO IMPÉRIO DO BRASIL


Dentre os diversos acontecimentos que marcam a história do Brasil, sempre
temos aqueles que se sobressaem em importância para os fatos que se
sucedem. A queda da monarquia brasileira e a proclamação da república com
certeza foi um desses fatos, após uma série de crises imperiais e
transformações geopolíticas que ocorreram desde o século XVII, que
terminaram no desfeche já conhecido, o fim do Império do Brasil e início da
república em 1889.
A proclamação da república se deu após a influência de uma série de eventos
externos, sendo três deles de suma importância para questões ideológicas e
enfraquecimento de monarquias absolutistas na Europa: A Revolução Gloriosa
(1688), Revolução Americana (1776) e a tão lembrada Revolução Francesa
(1789), que deram origem a um tom critico sobre monarquias e governos
absolutistas, trazendo a tona diversos debates sobre liberdades individuais,
liberalismo e modelos ideais de cunho democrático, progressista e republicano,
que se estabelece junto ao pensamento positivista durante a mesma época.
Como se sabe, o fator ideológico e influências externas de revoluções e
reformas liberais não fora o único motivo para se derrubar o Império do Brasil,
em 1864, o papa Pio IX determinou a excomunhão de todos os católicos
maçons, com intuito de conter o crescimento da instituição que ganhava cada
vez mais influência e crescia financeiramente. O problema era que Dom Pedro
II tinha envolvimento próximo com a instituição da maçonaria, e embora o
mesmo não fosse um maçom, escolhia diversos membros da mesma para
ocupar cargos de confiança em seu governo. Por esses motivos, o Imperador
não reconheceu a ordem papal, contudo, os bispos que residiam em território
brasileiro ainda, sim, suspenderam os fiéis que tinham laços com a irmandade
maçônica. Como resultado, os bispos foram acusados de desobediência e
presos, além de obrigados a trabalhar de modo forçado entre 1872 e 1873,
recebendo anistia somente em 1875, mas quando o fez já contava com uma
grande parte da população protestando contra a atitude considerada autoritária
por parte do imperador, inclusive, tendo como rival a própria igreja católica, que
considerou o ato como um crime. Nesse momento, o Império já contava com
ideologias anti-monarquia crescentes em seu território com influências
iluministas, a igreja que se afastou e passou a criticar a autoridade monárquica
e por fim, uma nova classe se voltara contra Dom Pedro II, a elite burguesa
brasileira, e o motivo era complexo o suficiente para provocar uma revolta
independente da decisão do imperador, o fim da escravidão em solo
tupiniquim.
A questão escravocrata era um problema, pois o Brasil foi formado e moldado
com a sombra da mão de obra forçada, sendo um dos maiores mecanismo de
expansão econômica, mas com países europeus abolindo o ato cada vez mais,
o Brasil passa a sofrer pressão principalmente de ingleses, que defendiam o
fim da escravidão no mundo na totalidade, para implementação da mão de
obra remunerada. Isso se deve ao fato da industrialização desses países, que
passa diretamente pela transformação de operários em mão de obra
assalariada, e tendo o Brasil como parceiro econômico, não era viável sua
dependência de escravos para girar a economia.
De modo gradual, o imperado foi aos poucos implantando leis com intuito de
acabar com o modo de trabalho escravo, o que gerou revolta na alta burguesia
e proletário, que usavam de tal artifício para não ter custos com o trabalho e
assim conseguir acumular mais riquezas e terras. Estava aberto então a
terceira via do processo de derrubada do império, a burguesia que não queria
adequar suas empresas, comércios e indústrias para mão de obra remunerada,
e é claro, que assim como hoje, os indivíduos mais ricos eram sempre bem
ouvidos e influenciavam bastante na vida pública.
Para finalizar, o marco que decretou o fim do império e a decaída de Dom
Pedro II, foi o embate entre ele e o exército. A fim de equalizar as contas do
Império do Brasil, foi instaurado em 1883 um projeto de lei que obrigava os
militares a contribuir com um sistema de previdência, até então os mesmos não
tinham esse desconto em suas folhas, o motivo era simples: a economia estava
fragilizada após a Guerra do Paraguai (1864-1870) que tinha gerado gastos
exorbitantes para o Brasil, e, em simultâneo, os empreendedores estavam
gerando menos lucro devido ao uso de mão de obra assalariada, que
significava um gasto a mais com empregadores.
A reforma econômica era necessária, mas o exército não aceitou a decisão
gerando uma série de embates entre às duas instituições com boicotes,
revoltas e desobediência do lado do exército, enquanto a crise se agravava, o
movimento republicano se fortalecia destacando-se com personalidades como
Rui Barbosa, Quintino Bocaiuva entre outros. Em 1889, o visconde de Ouro
Preto foi nomeado chefe de gabinete ministerial, sendo critico aos
monarquistas e também aos militares, gerando uma oportunidade de ouro para
os republicanos, que tentaram unir-se momentaneamente ao Marechal
Deodoro da Fonseca para tentativa de um golpe republicano, que negou por
ser amigo pessoal de Dom Pedro II, embora, se desse muito bem com os
republicanos. No dia 14 de novembro de 1889, os republicanos circularam
noticias que o Visconde de Ouro Preto tinha decretado a prisão de Deodoro e
outras lideranças republicanas, gerando grande revolta política que ocasionou
em uma grande movimentação de republicanos, liberais e militares no dia 15
de novembro a fim de depor o Imperador, que encurralado não teve escolha,
assim, no mesmo dia, foi decretado o fim do império e proclamado o início de
uma nova era, a república do Brasil, seguido de uma nova Constituição
promulgada em 1891.

DUQUE DE CAXIAS
Assim como todas as nações ao redor do mundo, o Brasil teve também seus
personagens icônicos e controversos, um deles foi o famoso Luís Alves de
Lima e Silva, conhecido como Duque de Caxias anos mais tarde. Nascido em
25 de agosto de 1803, em Porto Estrela, no Rio de Janeiro, era filho de um
militar português, Francisco de Lima e Silva e sua mãe, Mariana Cândido de
Oliveira Belo, era membro de uma influente família da região. Sendo filho de
militar, decidiu seguir os passos de seu pai, que no que lhe concerne já tinha
conquistado prestigio dentro na instituição.
A vida de sua família começa a mudar para uma gradual ascensão quando
Luís Alves participa de diversas empreitadas expansionistas organizadas por
D. João, ascendendo à burguesia após participar da famosa anexação da
Cisplatina e da guerra da Guiana Francesa, em pouco tempo, um simples
militar se transformou em um nome forte dentro império. Durante as revoluções
regenciais que aconteceram em todo território brasileiro durante a década de
1840, Luís passa a exercer um papel diferente em campo militar, com sempre
soluções diplomáticas para tentar conter os conflitos, recebendo o apelido de
‘’pacificador’’, tendo sucesso em diversas vezes na luta em prol da ordem
política. Em 1840, liderou as tropas imperiais que reprimiram a Balaiada, no
maranhão, e naquele mesmo ano, com o sucesso nesse primeiro conflito, foi
designado para conter também a Revolução Farroupilha que acontecia no sul
do país. Apesar de contar com negros e escravos em suas tropas, não era
abolicionista, e após negociar a paz com diversos escravos revolucionários,
armou uma emboscada e executou diversos deles. Por fim, seu último ato
militar foi o comando das tropas na Guerra do Paraguai, onde venceu diversos
conflitos e obteve êxito em suas empreitadas. Vale ressaltar que Luís deixou o
campo de batalha antes do término da mesma, e antes da execução de
Francisco Solano López, entretanto, por suas contribuições militares foi
perdoado por Dom Pedro II, e o nomeou Duque, titulo mais alto da nobreza
brasileira.
Embora seus maiores feitos tenham sido em questões militares, Duque de
Caxias também ocupou diversos cargos políticos após deixar o exército, e
mesmo no final de sua carreira militar, já tinha ocupado outros cargos como,
por exemplo:
Deputado pelo Maranhão (eleito em 1841)
Presidente das províncias do Maranhão (1839-1841)
Presidente das províncias do Rio Grande do Sul (1842-1846 e 1851-1852);
Vice-presidente de São Paulo (1842)
Duque de Caxias morreu no dia 7 de maio de 1880, aos seus 77 anos de
idade, em Valença, no Rio de Janeiro, se transformando posteriormente no
patrono das forças armadas, considerado um dos maiores heróis de guerra do
Brasil, tendo participado de quase todos os conflitos importantes para o Império
Brasileiro.

GUERRA HISPANO-AMERICANA
Vários conflitos circundaram o início das nações americanas, sendo elas ao
norte, centro ou sul do continente. Os Estados Unidos, por exemplo, é uma
demonstração da dificuldade encontrada na época para que a independência
fosse de fato conquistada, e com exceção da guerra da independência e a
guerra de 1812 travadas contra sua antiga metrópole Grã-Bretanha, a guerra
Hispano-Americana foi a primeira batalha entre os norte-americanos e uma
nação europeia. Os motivos para o confronto eram puramente econômicos, e
vale ressaltar que na primeira metade do século XIX, a Espanha havia perdido
quase todas colônias ao redor do mundo, mantendo algumas poucas
localidades sob seu domínio. Uma dessas localidades era Cuba, que no que
lhe concerne ficava próxima de outra nação, os Estados Unidos, que após uma
devastadora Guerra Civil, caminhava a largos passos uma reconstrução
baseada em avanços territoriais, mantendo um certo nível de isolamento
econômico devido a seus conflitos com ingleses. O cenário era perfeito, e os
pretextos estavam sob a mesa.
Agindo como uma espécie de justiceiro da América, os Estados Unidos
passaram a intimidar a Espanha sob o pretexto de defender o povo cubano da
repressão imperialista europeia, mas é claro, seu objetivo era exercer controle
cultural e econômico na região que tinha grande relevância para espanhóis.
Com os ânimos a flor da pele entre às duas potências, no dia 15 de fevereiro
de 1898, o couraçado americano Maine foi explodido, e mesmo sem nenhuma
evidência empírica, a imprensa norte-americana noticiou o acontecimento
como sabotagem por parte da Espanha, tornando uma guerra praticamente
inevitável, e aconteceu em 24 de abril de 1898, quando os Estados Unidos
exigiram por meio de um ultimato a retirada de tropas espanholas da ilha de
Cuba, que ao negar, declarou guerra contra os Estados Unidos.
Os EUA tinham uma marinha naquele momento mais poderosa que a
espanhola, e após uma série de investidas dos mesmos na Baía de Manila,
Filipinas, Baía de Santiago e Cuba, a Espanha foi sumariamente derrotada, e
com o domínio marítimo, as tropas em terra não tiveram dificuldades de vencer
as poucas tropas espanholas em territórios americanos, tendo em pouco tempo
assumindo o controle de Cuba, Porto Rico e Filipinas, onde exerceu não
somente influencia econômica mas também cultural, muito próximo da
estratégia europeia imperialista feita por nações como Inglaterra, Império
Austro-Húngaro, Portugal e outros. O saldo para Espanha foi catastrófico,
perdendo uma das últimas colônias que eram economicamente importantes
para metrópole, após isso, ficando com somente poucos territórios na áfrica.
Enquanto a Cuba, ficaram sob domínio total norte-americano até 1902, quando
alcançaram sua independência, assim como em anos mais tarde conquistou a
independência as Filipinas, muito embora as influências economias norte-
americanas perdurassem nesses territórios até mesmo décadas mais tarde,
tendo seus laços de fato cortados apenas com a ascensão da guerra fria,
quando a URSS passou a exercer forte influência em território cubano, gerando
grande tensão entre Cuba e EUA.

REVOLTA DOS MERCENÁRIOS


As nações unificadas surgem a partir de elementos em comum em prol de uma
mesma cultura, observando sempre costumes, língua ou até mesmo religião,
que quando compartilhadas entre um grande grupo de indivíduos habitantes de
regiões próximas, podem culminar no surgimento de uma nação, como foi em
casos de Itália e Alemanha em seu processo de unificação. Isso foi um
problema nos primeiros anos de independência do Brasil, por ser um território
infinitamente maior que diversos países europeus, varias culturas também
floresceram nesse contexto, havendo muitas revoltas e disputas regionais
dentro no mesmo país, podendo citar a Revolta dos Mercenários, de 1828,
como um exemplo de disputa territorial nesse contexto.
Essa revolta teve como plano de fundo a Guerra da Cisplatina, ocorrida com
embates contra as províncias do Rio da Prata que buscavam sua
independência, e as notícias que circulavam dentro no Brasil Imperial.
Acontece que essas notícias muitas vezes chegavam distorcidas,
acrescentando sempre fatos a mais nos acontecimentos, nesse contexto,
passou a circular que alemães estavam apoiando as províncias do Rio da
Prata, e que tropas imperiais haviam assassinado todo um batalhão alemão,
fato que não procedia, entretanto, quando alemães que residiam na cidade do
Rio de Janeiro ficaram sabendo da notícia, passaram a se movimentar para
tentar criar um grupo armado para lutar contra o Império brasileiro.
Inicialmente, o grupo apenas reivindicou de modo pacifico melhores condições
de trabalho, visto que as punições militares muitas vezes eram excedidas de
modo brutal em soldados estrangeiros.
Prevendo que as coisas poderiam sair de controle, o Conde do Rio Pardo,
comandante das armas, procurou intermediar a situação, ficando do lado dos
alemães e desenvolvendo um ofício para o ministro da guerra, informando a
insatisfação dos alemães e solicitando providências, pois havia até mesmo um
contrato firmado entre a Alemanha e Brasil que previa normas de trabalho para
imigrantes europeus em solo brasileiro, que não eram respeitadas no exército,
e tudo isso foi apresentado no ofício. Após vários meses aguardando
resoluções que não vinham, no início de junho os alemães se uniram e
iniciaram uma revolta após um fato que não foi aceito pelos mesmos, pois no
dia 4 daquele mês, um soldado alemão que estava na rua de noite foi
questionado por um major brasileiro, o alemão esqueceu-se de saudar o
mesmo sendo punido com 25 chibatadas, que deveriam ocorrer no dia 9
daquele mês.
No dia em que o castigo deveria ser executado, os soldados estrangeiros
(composto majoritariamente de alemães, mas também de outras etnias)
organizaram um processo de contestação, entrando em confronto com as
tropas nacionais. Após um breve conflito, o batalhão revoltoso foi derrotado e
enviado a Ilha das cobras, além de serem condenados a cem chibatadas, após
isso, diversos outros soldados europeus foram deportados de volta a seus
países a fim de evitar mais movimentações de revolta. Embora tenha sido
brevemente contido, a Revolta dos Mercenários serviu de exemplo para
revoltas futuras como a Revolta da Chibata e Revolta dos 18 do forte
Copacabana, que mudaram definitivamente o modo em que o exército agia.

GUERRA DO PARAGUAI
Durante o século XIX, a sociedade que conhecemos hoje estava passando por
metamorfoses com a ascensão de diversos modelos políticos nunca testados,
queda de nações, surgimento de outras e conflitos entre essas novas e velhas
nações. Não diferiu na América do Sul, quando diversos países se encontraram
em um conflito de grande proporção, a Guerra do Paraguai, envolvendo
interesses econômicos e políticos advindos das nações do Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai, sendo esse conflito agravado por guerras internas como,
por exemplo, a Guerra Civil Uruguaia.
As causas do conflito são amplamente discutidas até agora, e acredita-se que
sua maior parte tenha se desenrolado na década de 1860, quando interesses
de mercado entre o Brasil e Paraguai acabaram acarretando conflitos físicos
entre às duas nações, que receberam uma maior intensificação com a posse
de Francisco Solano López como líder do Paraguai em 1862. Solano López
não era desconhecido dos líderes brasileiros, o mesmo era um nacionalista
próximo de grupos rebeldes americanos, como o famoso grupo argentinos
Federalistas, além da sua proximidade com o jovem governo do Uruguai,
possibilitando diversos acordos entre os três países.
A tensão entre o Brasil e Paraguai se dava em diversos aspectos, sendo o
principal deles o fato de que o Paraguai cobrava taxas alfandegárias em uso de
navegação do Rio Paraguai, onde o Brasil alegava que deveria ter o direito de
navegar livremente sem impostos, além disso, havia também um conflito
territorial que se arrastava há alguns anos por uma parte do território que hoje
corresponde a uma parte do Mato Grosso do Sul, e o fato do Brasil não desistir
do território, ocasionava no ato do Paraguai não retirar os impostos pelo uso do
Rio Paraguai em seu território. A relação entre o Brasil e Paraguai foi de fato
destruída quando em 1864, quando uma guerra civil foi travada no Uruguai
entre os blancos – partido político aliado ao governo paraguaio – e
republicanos, o Brasil ficou do lado dos revoltosos, enquanto o Paraguai do
lado dos blancos.
Com isso, o Brasil apoiou Venancio Flores, líder do chamado partido colorado e
adversário dos blancos, chegando até mesmo, a apoiar financeiramente
Venancio, chegando ao ponto de tropas brasileiras invadirem o Uruguai e
interferirem diretamente no conflito civil uruguaio, e para revidar a interferência
externa, o Paraguai ameaçou atacar o Brasil caso suas tropas não se
retirassem de solo uruguaio, essa postura de Solano López foi principalmente
parte de uma estratégia de imagem, onde o mesmo queria elevar seu país
como uma das principais potências da América do sul, e também rivalizar com
a Argentina e Brasil, e é claro, imaginou que as tropas brasileiras recuariam e
deixariam o conflito se resolver sem sua interferência, elevando o Paraguai
como uma nação intimidadora.
O governo brasileiro ignorou sumariamente o ultimato paraguaio, e invadiu o
Uruguai em 1864, contribuindo diretamente na queda dos blancos e na
ascensão de Venancio Flores como presidente uruguaio. A ação brasileira
sofreu represaria logo em seguida, quando em 11 de novembro de 1864, uma
embarcação do Brasil foi presa em assunção, capital do Paraguai, onde na
mesma estava o Coronel Carneiro de Campos, estadista representante do
Mato Grosso, e essa prisão gerou revolta não somente do estado brasileiro
como de sua população, ocasionando em um rompimento de relações
diplomáticas entre os dois países.
A situação levou um certo desespero em Solano López, que acreditava que o
Brasil iria invadir o Paraguai e revidar sua represaria, o que é falso, e antes
mesmo que o Brasil tentasse contatos mais intensos para liberar os
prisioneiros, López decide atacar solo brasileiro em dezembro de 1864. Cerca
de 7700 soldados paraguaios invadiram o Mato Grosso entre 22 e 24 de
dezembro de 1864, dominando a região e obrigando as tropas ali presentes a
recuar no dia 28. Iniciava a Guerra do Paraguai, e a cede de López não seria
saciada somente com o Mato Grosso, e logo em seguida marchou rumo ao Rio
Grande do Sul, planejando chegar ao Uruguai e apoiar os blancos na guerra
civil.
No percurso, se viu obrigado a invadir a argentina que negou passagem aos
paraguaios, aproximando a Argentina e Brasil, se juntando ao Uruguai na
coalizão chamada de Tratado da Tríplice Aliança, assinado em 1 de maio de
1865, traçando a deposição de Solano López para o fim da guerra e
indenização de todos os custos trazido pela guerra em ambos os três países. A
invasão da argentina foi repelida, e iniciou um novo momento do conflito, onde
ao invés de investir contra as nações que queria rivalizar, teria de defender seu
território das mesmas, e assim foi feito. E logo no início da guerra, teve uma
grande baixa, quando na Batalha Naval de Riachuelo a marinha brasileira
destruiu totalmente as forças marítimas paraguaias e impôs o bloqueio de
navegações paraguaios, isolando a nação.
Entretanto, o Paraguai acabou vencendo uma batalha importante, a chamada
Batalha de Carupaiti, onde as tropas da Tríplice Aliança tiveram cerca de 4 mil
baixas, isso foi fundamental para continuidade da resistência paraguaia, mas
pouco tempo depois, em 1868, a principal fortaleza do Paraguai foi tomada por
brasileiros, a fortaleza Humaitá, e em 1869, a capital Assunção foi invadida por
tropas brasileiras, argentinas e uruguaias e saqueada, gerando enorme
prejuízo para o país. Foi nesse período também que um dos fatos mais
marcantes do conflito aconteceu, a Batalha de Campo Grande, onde um grupo
de mais de dois mil paraguaios compostos de mulheres, crianças e
adolescentes, na maioria foram enviados para a fronte por Solano López, tendo
como resultado um real m@ss@cr3 naquele dia, onde de um lado foram
registradas quase 2 mil baixas, enquanto do lado dos aliados somente 26.
A guerra acabou quando Francisco Solano López foi morto em batalha na
Batalha de Cerro Corá, em março de 1870. O desfeche não foi bom para
nenhum dos países envolvidos, pois deixou enorme rastro de destruição e
morte no Paraguai, marcou o início de uma crise financeira no Brasil que
contribuiria diretamente para queda da monarquia mais tarde, e estremeceu
por anos relações comerciais entre o Brasil e Paraguai. O país derrotado
perdeu terras para o Brasil e Argentina, e para além de desfeches políticos,
estima-se que entre 300 e 450 mil pessoas morreram no conflito, sendo a
maior parte civis obrigados a lutar na guerra pelo seu ditador. Vale ressaltar
que boa parte das mortes se deram pelas doenças que assolaram os campos
de guerra e a pouca tecnologia medicinal de guerra.

BATALHA DE WATERLOO
Uma das mais marcantes batalhas da era contemporânea, fora sem sombras
de dúvida a Batalha de Waterloo, pois significou o declínio total da era
Napoleônica. Vale ressaltar que, antes da fatídica batalha, a França de
Napoleão vinha de uma humilhante batalha contra a Rússia, realizada em
1812, quando os russos negaram o bloqueio continental, e Bonaparte com seu
exército tentaram tomar o país, expulsos e trucidados não pelo exército de seu
rival, mas pelo seu território continental e seu inverno rigoroso, que
simplesmente deixou em frangalhos o exército Frances.
Sendo mais específico, quando o exército da França Napoleônica saiu de seu
território rumo a Rússia, cerca de 500 mil soldados foram deslocados para a
campanha militar, e após meses de marcha, encontrando apenas terras
arrasadas e um frio não conhecido pelos mesmos, vários morreram de
hipotermia, fome ou desidratação, e dos 500 mil iniciais, somente 50 mil
retornaram à França, algo que nem nos piores cenários imaginados pelo líder
francês seria possível. Com a derrota, seus adversários conseguiram ver uma
brecha de realizar ataques consistentes contra o fragilizado império francês,
essa união resultou na coalizão entre a Áustria, Prússia, Inglaterra, Portugal e
Espanha, e o resultado não poderia diferir, Napoleão foi derrotado.
Como resultado, Napoleão Bonaparte foi enviado para ilha de Elba, no
mediterrâneo, para que permanecesse em exílio e não mais arriscasse a saúde
política europeia, entretanto, em fevereiro de 1815, o mesmo conseguiu fugir,
declarado fugitivo pelas nações inimigas de Napoleão. No dia 20 de março de
1815 ele reapareceu, na cidade de Paris, ovacionado pela população e
recebendo inúmeras honrarias, era o momento de uma segunda parte de sua
história, o chamado governo dos cem dias. Em pouco tempo montou um
exército de 125 mil homens, com objetivo de contra-atacar seus adversários
ingleses, austríacos e prussianos, antes que eles ficassem ainda mais
poderosos e retornassem para novamente derrotar Bonaparte.
No dia 15 de junho foi iniciado sua nova campanha militar, ao invadir a Bélgica
com mais de 100 mil homens, divididos em dois exércitos, onde um lidaria com
as tropas belgas e tentariam conquistar o país, e outra ficaria na retaguarda
esperando a chegada do exército prussiano, que ora ou outra viria intervir no
conflito, e assim aconteceu, na chamada Batalha de Ligny, onde os franceses
derrotaram prussianos, obrigando-os a recuar suas tropas, no entanto,
Napoleão não perderia os prussianos de vista, ordenando que seus generais
seguissem seu exército, a fim que não encontrassem e se unissem com tropas
belgas e nem mantivessem contato com os ingleses, que estavam também se
preparando para enviar tropas.
Em seguida, ingleses se uniram à batalha, e Bonaparte ordenou um forte
ataque contra seus rivais, e na região conhecida como Monte Saint Jean, se
iniciou uma batalha entre França e Inglaterra, juntamente a uma enorme chuva
que caia no período, transformando o campo de guerra em um lamaçal.
Franceses e ingleses contavam com potencial parecido, cerca de 70 mil
homens para cada lado, com a França levando uma breve vantagem de
artilharia, fazendo com que os ingleses liderados pelo general Wellington
assumisse posição defensiva, a fim de ganhar tempo para chegada de tropas
da Prússia para os dar suporte.
Bonaparte tentou de diversas maneiras causar a derrota em campo de batalha
contra seu rival, entretanto, as estratégias militares de Wellington eram tão
boas quanto as de Napoleão, e o conflito seguiu acontecendo com centenas de
baixas para os dois lados, sendo considerado um conflito heroico por parte dos
ingleses, que resistiram horas e horas de ataques brutais dos franceses. Os
esforços para retardar os franceses surtiu efeito, e enquanto o segundo eixo
dos exércitos Frances liderados pelo general Grouchy atacava os belgas, o
general belga Blucher realizou uma formidável movimentação, deslocando
cerca de 40 mil soldados do campo de batalha sem que Grouchy percebesse,
esses 40 mil homens rumaram até o Monte Saint Jean, se unindo aos ingleses.
Com os belgas sendo avistados chegando para a batalha, Napoleão ordenou
de modo desastroso um avanço total da cavalaria francesa rumo ao centro das
tropas de Wellington, que derrotou sumariamente as tropas de Napoleão,
causando a baixa de milhares de soldados franceses. Grouchy que batalhava
em outra região, teria sido crucial, e poderia ter sido peça chave para a vitória
da França no conflito, mas o mesmo optou por não retornar, considerado até o
resto de sua vida como um general covarde. Essa havia sido a famosa Batalha
de Waterloo (região belga onde ocorreu o conflito), e foi a batalha de onde
Napoleão não conseguiu renascer depois.
No final daquela noite de 18 de junho de 1815, Wellington e Blucher se uniram
e declararam vitoria em cima dos franceses, cercados por um número muito
maior de inimigos, realizando ataques francos contra os mesmos obrigado-os a
desistirem da batalha, Napoleão retornou a Paris, onde se deparou com uma
população extremamente enfurecida, e no dia 24 de junho abdicou do trono.
Impossibilitado de fugir devido ao bloqueio dos portos pelos ingleses, foi
exilado pela segunda vez na ilha de santa helena, onde ficou até falecer em
1821.

GUERRA MEXICANO-AMERICANA
A América foi, assim como os outros continentes do globo, palco de diversos
conflitos com diferentes objetivos, entre eles, um conflito originado das tensões
entre os Estados Unidos e México a partir da década de 1820. O México havia
herdado da Espanha diversos territórios da chamada Nova Espanha e do Vice-
Reino, que com a independência mexicana haviam todos se unido como uma
somente nação, dentre esses territórios, havia o Texas, e o problema se inicia
mais fortemente em 1821, quando colonos norte-americanos começam a entrar
em grande número em territórios na nação do México.
Inicialmente, os governantes do México não viram com maus olhos a
ocupação, chegando até mesmo a assinar acordos com lideranças
republicanas norte-americana que tinham como objetivo permitir a ocupação do
vasto território por estrangeiros, esperando que o aumento populacional da
região diminuísse os ataques indígenas nas terras que correspondiam ao
estado de Coahuila y Tejas. A grande questão era a enorme diferença cultural
entre os dois povos, a passo que os mexicanos eram contra o uso de mão de
obra escrava, os americanos faziam-se valer de tal método de trabalho, os
mexicanos eram católicos fervorosos na maioria, já os americanos eram frutos
do protestantismo, e quando o México estipulou impostos para os colonos que
habitavam o Texas, os mesmos se recusaram a obedecer qualquer ordem que
não partisse dos Estados Unidos.
Esse processo de desobediência civil desencadeou em 1836 a chamada
Revolução do Texas, onde a fim de tomar independência da região, entraram
em embate direto com tropas mexicanas, as vencendo em diversas batalhas
icônicas como as batalhas de Béxar, Forte Álamo e San Jacinto. Após a vitória
dos colonos, o Texas separou-se do México e declarou independência como a
República do Texas, e mesmo que nos anos seguintes a região tenha sido
palco de novos conflitos, o controle do Texas nunca foi retomado pelo México,
causando um rompimento de relações entre eles e os Estados Unidos, que
ficou do lado revoltoso.
Em 1845, um passo ainda mais ousado ocorreu, quando o presidente
americano James K. Polk (1845-1849), visando expandir os domínios
americanos, tentou anexar o Texas e ofereceu a quantia de 25 milhões de
dólares para que o México vendesse os estados da Califórnia e Novo México,
causando um problema duplo, pois o governo mexicano se ofendeu com a
proposta de venda territorial e se viu desrespeitado quando tentaram anexar
um território que ainda era para o México, seu por direito. Em abril d 1846, o
presidente mexicano declarou estar em uma guerra defensiva contra os
Estados Unidos, dando origem de fato a um conflito bélico entre às duas
nações.
O exército dos Estados Unidos era extremamente bem equipado, e tinha um
financiamento alto em relação ao mexicano, culminando na derrota de quase
todas as batalhas que se seguiram de 1846 a 1848, com destaque na vitória
americana pela conquista da Cidade do México, capital do país, em setembro
de 1847, após a sangrenta batalha de Chapultepec. Esse foi o golpe mais
profundo para os mexicanos, que se viram obrigados a negociar com seus
inimigos, com a rendição oficializada no Tratado Guadalupe-Hidalgo, assinado
em 1848, onde o México foi obrigado a ceder os territórios do Novo México,
Califórnia e desistir do Texas, e em suma, 40% do território mexicano foi
usurpado pelos Estados Unidos. Em troca, um acordo de paz foi estabelecido e
um pagamento de cerca de 5,8 milhões de dólares entre indenizações e perdão
de dívidas foi cedido ao México.

GUERRA DA CRIMEIA
Com o estopim da guerra entre a Rússia e Ucrânia recentemente, um assunto
bastante dito foi a questão da Crimeia. Uma região que já passou por diversos
acontecimentos históricos que a fizeram uma região foco de guerras e
batalhas, mas pouco se sabe que esse conflito teve seu início a mais de um
século atrás, e para entendermos isso, retornaremos há um período que
remonta a década de 1850, quando após a morte de Alexandre I, rei da Rússia,
seu sucessor Nicolau I passou a se movimentar de modo autoritário e
expansionista, com projetos de domínio de poder em diversas regiões
independentes.
Tal ato foi facilitado quando monges russos e católicos franceses passaram a
discutir a necessidade da proteção da cidade sagrada de Jerusalém e Nazaré.
O que no início era uma discussão entre duas parceiras (França e Rússia),
tomou contornos de disputa, pois cada lado afirmava que o mesmo deveria
fazer a proteção das cidades sagradas, até que em 1853, se inicia uma
sangrenta batalha entre russos e franceses, gerando uma cisão dos países e
grandes baixas para ambas as partes. Nicolau I, sob o pretexto já explicado de
defender os países sagrados dos cristãos, invadiu os territórios do Danúbio,
que, até então, eram províncias pertencentes aos turcos.
A Turquia, é claro, defenderia seus territórios com unhas e dentes, foi então
que a França, que também tinha interesses nos territórios turcos, porém de
nervos estremecidos com os russos, apoiou a Turquia juntamente ao Reino
Unido, estava então declarada mais uma guerra, dessa vez, entre a Turquia,
França, Reino Unido e Rússia, com a última dessas lutando sozinha a fim de
conquistar territórios já pertencentes a outras nações. As movimentações
iniciais tiveram como protagonista a Rússia, que controlou o porto de Sinope,
no mar negro, além de pequenas províncias ao seu redor. Enquanto isso, os
turcos cercaram e dominaram a região de Sevastopol, em Crimeia.
Em 1854, um conflito ocorre na região da Crimeia, com os russos saindo com
inúmeras baixas e uma derrota dolorosa para os turcos. Em 1856, percebendo
o avanço inimigo e a força de batalha demonstrada pela Turquia, a Rússia se
rende e decide assinar um tratado de paz em 30 de março daquele ano, com a
queda de Sevastopol, o tratado determinou que as tropas russas fossem
retiradas de território turco, tendo assim a Turquia mantido o controle dos
principais portos do mar negro.
A Guerra da Crimeia foi, durante seu período, vital para evolução nos moldes
de batalhas bélicas, e com a Guerra Civil Americana e a Batalha de Waterloo,
foi responsável pela criação e popularização de navios blindados, minas,
fotografias em uso militar e o telégrafo. Após o conflito, um grande sentimento
de independência surgiu na região, originando até mesmo um breve período de
independência com a queda do Império Russo em 1917, porém, novamente
anexada ao território da Rússia pela URSS anos mais tarde.

REBELIÃO TAIPING
Existem dezenas de guerras na história humana lembradas pela sua
importância cultural e violência empregada, mas um conflito muito pouco
estudado pelo ocidente foi a Rebelião Taiping, que aconteceu entre 1851 e
1864, sendo considerada por diversos historiadores e especialistas no assunto
como uma das piores guerras da história humana, sendo um conflito entre a
China Imperial e um grupo religioso inspirado por um místico chamado Hong
Xiuquan, auto intitulado como irmão de Jesus Cristo, que iniciou um grupo de
seguidores que logo se tornaram um grupo paramilitar, iniciando uma violenta
guerra civil.
Para entendermos melhor esse conflito, devemos entender pelo menos a figura
controversa de Hung Hsiu-ch’uan (1813-1864), o líder da revolta, que era de
família humilde, e ainda jovem se converteu ao cristianismo após escutar
pregações sobre a ideologia cristã. Segundo o mesmo, ainda muito novo,
começou a ter visões de um homem velho que acreditava ser Deus, que dizia
que o mesmo era uma figura santa e deveria ser venerado, e aqueles que não
o fizesse, concordaria com o demônio, pois Hung era (de acordo com ele
mesmo) o irmão de Cristo. A fim de erradicar qualquer tipo de ‘’veneração ao
demônio’’, Hung formou uma seita religiosa denominada de ‘’Adoradores de
Deus’’, e passou a se dedicar à criação de ídolos e a construção de um
personagem para si mesmo, onde seus seguidores de fato o cultuassem.
Após alguns anos construindo uma base sólida de seguidores que o defendiam
a todo custo, durante a década de 1840, com a chegada de uma crise que
originou fome em diversas regiões chinesas, Hung passou a desenvolver
trabalhos filantrópicos, a fim, é claro, de converter mais seguidores, vendo uma
brecha no período critico do governo chinês para pregar contra o império,
dizendo que o fim do mesmo significaria a chegada do Reino do Céu para a
Terra. Juntando elemento filosófico chinês como a filosofia Taoista e crenças
cristãs, idealizou uma sociedade utópica baseada no trabalho e renda comum,
além de pregar o fim de costumes como tortura policial, casamento arranjado,
fim do consumo de ópio, fim da idolatria ao império e também o fim de hábitos
que reduzissem mulheres a escravas.
A junção de filantropia com discursos revolucionários era de fato extremamente
novo na China, e os chineses passaram a ver com bons olhos aquele grupo,
que durante os anos de 1840 se organizaram e ganharam força suficiente para
dar início à militarização do grupo, e com base em dinheiro obtido através do
dízimo, no fim da década de 1840, já poderia dizer existir de fato um exército
revolucionário, com multidões de seguidores fiéis Hung cada vez mais lotando
as ruas e protestando contra a China Imperial. Nesse contexto, confortável
para dar um passo além, Hung estabelece em 1851 o chamado ‘’O Reino da
Paz Celestial’’, dando início a Era Taiping, em busca do período da ‘’Grande
Paz’’.
O reino seria um estado teocrático, com base na distribuição de renda
igualitária e fim do paganismo, onde todas pessoas adorariam um único Deus.
Seu programa radical propunha a redistribuição de renda acumulada, terras e
uma sociedade sem classes, propondo, até mesmo, a igualdade entre homens
e mulheres, sendo que muitos postos do governo paralelo de Hung eram
ocupados por mulheres, isso em um período extremamente patriarcal. Seu
exército era disciplinado, e em poucos aspectos perdiam para o exército
imperial, agindo de modo estratégico, ocupavam locais menores como o vale
central de Yang-tsé, e evitavam grandes centros urbanos, o grande problema é
que não foram organizados políticas administrativas nas áreas conquistadas.
Em 1853, foi ocupada a cidade de Nanquim, transformada em capital celestial,
porém, logo em seguida, tentaram conquistar Pequim, sendo sumariamente
derrotados, essa derrota custou caro, por milhares de soldados de Hung
acabaram padecendo, e nos 10 anos subsequentes, os Taipings resistiram a
diversas investidas imperiais, tendo perdido dezenas de territórios ao longo de
sua jornada, e o Reino da Paz Celestial logo começou a desmoronar. Em junho
de 1864, o corpo de Hung foi encontrado morto e despejado em um esgoto da
cidade, o Reino de Hung tinha chegado ao fim juntamente à sua vida.
Vale ressaltar que o período de ascensão Taiping coincide com as guerras do
ópio, sendo assim, a China Imperial lidava com uma guerra externa contra
ingleses além da guerra civil, e assim que a guerra do ópio chegou ao fim, a
China conseguiu sufocar os rebeldes. Estima-se que durante todo período da
guerra, mais de 30 milhões de chineses morreram, sendo assim um dos mais
violentos conflitos da história humana.

GUERRA DA CISPLATINA
O século XIX foi determinante para ‘’criar’’ o mundo que conhecemos hoje,
principalmente em termos territoriais. Não somente África, Ásia e Europa se
envolveram em conflitos de entre seus países, mas também a América foi
palco de diversas batalhas e disputas territoriais, sendo a famosa Guerra da
Cisplatina um dos principais conflitos da região, envolvendo Brasil e Argentina,
e levando mais de três anos para ter um fim. Esse conflito teve como resultado
um cessar-fogo mútuo, e a criação de um novo país, além do início de uma
grande crise econômica para o primeiro reinado.
A disputa pela região não era nada recente, e desde o período colonial a região
era alvo de conflitos entre Portugal e Espanha, onde os reinos ibéricos
questionavam os limites territoriais da região, com domínios de ambos os
reinos fazendo fronteira de modo muito pouco claro. Nessa época, mais
especificamente na década de 1680, Portugal construiu uma margem oriental
no Rio da Prata, dando origem a mais uma colônia, chamada de Sacramento.
Apesar de ter sido edificada por portugueses, os espanhóis reivindicaram a
colônia portuguesa, e apesar de todos os tratados territoriais da época,
Espanha e Portugal não aceitavam nenhum tipo de acordo entre si, sendo
assim, a colônia de Sacramento passou a ser alvo central da disputa.
Vale ressaltar os acontecimentos europeus da mesma época, pois em 1808
Napoleão Bonaparte ordenou a invasão de Portugal devido à negativa do reino
de cumprir com o bloqueio continental, sendo assim, Dom João VI e a corte
portuguesa fugira para o Brasil para estabelecer seus domínios fora da Europa
e longe do alcance dos franceses, enquanto a Inglaterra tomaria conta da
proteção do reino. Fato é que durante as invasões napoleônicas, os espanhóis
contribuíram com o imperador Frances para abrir caminho até o reino
português, fato que seria brutalmente condenado por Portugal e também pela
própria Inglaterra, e a atitude dos espanhóis seria vingada assim que Dom
João VI desembarcasse no Brasil.
Em 1816, com a região sob posse espanhola, o príncipe regente português
ordenou uma invasão militar à região, e assim foi feito, com a província de
cisplatina sendo anexada naquele ano aos territórios da coroa portuguesa.
Percebe-se que tal invasão ocorreu não somente por interesses territoriais e
econômicos, mas também por vingança de fatos ocorridos na Europa, e não
sabemos se a guerra teria acontecido se a Espanha tivesse atitude diferente
em relação à invasão francesa, mas, possivelmente o conflito não teria se
iniciado, ou teria sido retardado. Em 1822, o Brasil se torna independente, a
província de cisplatina era parte do agora território brasileiro, mas ainda havia
grande ressentimento da cultura regional da Província do Rio da Pata (atual
argentina), e em 1825, Juan Antonio Lavalleja liderou uma rebelião de
secessão.
Não era interessante para o jovem imperador ter em seu território uma rebelião,
que poderia incentivar outras províncias a fazer o mesmo, e imediatamente
enviou tropas para apaziguar o conflito. Na rebelião rebelde, não havia uma
unidade no discurso, e enquanto alguns almejavam a anexação do território à
Província Unida do Rio da Prata, outros buscavam uma independência total e
criação de uma república na cisplatina. O combate era difícil, mas o modo
violento no qual as tropas de Dom Pedro I chegaram na região em 1825,
causou uma reação muito negativa na população local, causou desconforto nos
soldados brasileiros, que deixaram de ser bem vindos no local.
Junta-se a isso o fato do Brasil atravessar um momento economicamente
delicado, onde estavam apenas iniciando a criação de uma economia
independente, tudo contribuiu para a derrota das tropas brasileiras pelos
rebeldes, fazendo o Brasil amargar uma derrota em campo de batalha e a
perda definitiva da província da Cisplatina. Entretanto, a derrota do Brasil não
significou a vitória da Província Unida do Rio da Prata, pois a conferência
Preliminar da Paz, ocorrida em 1828, determinou que só haveria um cessar-
fogo se a Cisplatina fosse independente, e não anexa à Província Unida do Rio
da Prata, foi então que se criou a República Oriental do Uruguai, sendo assim,
a vitória foi de fato para os rebeldes que buscavam independência para o local.
Podemos resumir os acontecimentos nos seguintes pontos:
· A Guerra da Cisplatina foi o primeiro conflito enfrentado pelo Brasil logo após
a sua independência.
· Brasil e a Província Unida do Rio da Prata disputavam a Cisplatina.
· Dom Pedro I enviou tropas para a região para derrotar os rebeldes cisplatinos
e manter a unidade territorial do império brasileiro.
· A derrota do Brasil na guerra agravou ainda mais a crise econômica e
reforçou a imagem negativa de Dom Pedro I.
· Logo após a guerra, a Cisplatina tornou-se a República Oriental do Uruguai.

GUERRAS DO ÓPIO
Com o fim das guerras napoleônicas, o comércio se reorganizou voltado para o
oriente, porem, havia um grande problema: a China havia criado uma série de
restrições em relação ao comércio de países estrangeiros, principalmente
europeus. Do outro lado, tinha a Grã-Bretanha, que passava por sua segunda
revolução industrial logo no início da década de 1830, e precisava de matéria-
prima com baixo preço para fabricar seus produtos, e nesse aspecto, a China e
a índia eram referencias. O grande problema surgiu quando os países e
potencias europeias buscou por relações econômicas com a China por
necessidade, a China, não se interessou em realizar negócios.
Para compreendermos mais esse interesse, devemos saber que a China era a
maior produtora de seda, porcelana e chá, justamente produtos que mais
chamavam a atenção britânica, a título de curiosidade, em 1720 os ingleses
compraram aproximadamente 12.700 toneladas de chá dos chineses, e em
1830 cerca de 360 mil toneladas, enquanto os chineses, não compraram quase
nenhum produto vindo dos ingleses, gerando quase nenhum lucro para os
ingleses enquanto os chineses ganhavam doses cavalares de dinheiro, havia
uma exceção nesse modo de comercializar, o ópio.
O ópio é uma substância de dependência química extraído da papoula, e esse,
sim, era vendido da Inglaterra para a China. Entretanto, um fato começou a ser
reparado, pois diversas vezes, comerciantes ingleses transportavam de modo
ilegal a droga para a China, e a espalhava em grandes centros urbanos,
causando uma dependência em massa de grandes setores da população na
droga, aumentando a demanda dos comerciantes chineses pela droga, que
buscavam o lucro em cima de tal produto. O governo, notando a proliferação da
substância em meio a sua população, decidiu proibir a transação com os
ingleses, causando grande irritação entre os países, e no ano de 1839, a
Inglaterra declara guerra contra a China. Naquele mesmo ano, um súdito
chinês foi assassinado por marinheiros britânicos, causando a expulsão de
todos ingleses que estavam em territórios da China, juntamente a mais de 20
mil caixas de ópio encontradas advindas de contrabando britânico. Com os
atritos e a guerra declarada, em 1840 o chanceler britânico, Lord Palmerston,
enviou 16 navios de guerra para a China, que afundaram grande parte da frota
naval chinesa, além de obter êxito em sitiar a cidade de Guangzhou e
bombardear a cidade de Nanquim. A resistência chinesa demonstrou bravura e
resistiu arduamente ao conflito, até que em 1842 foi assinado o tratado de
nanquim, na qual a China aceita cumprir com os interesses econômicos da
Inglaterra, reabrindo cinco de seus portos para comércio, pagar uma grande
indenização e deixar a ilha de Hong Kong sob domínio inglês por cem anos.
Esses acontecimentos fizeram com que a China criasse em sua cultura um
sentimento que foi comum naquele período da história, o revanchismo,
observado também na Alemanha e na Itália, o grande problema é que esse
sentimento acabou criando espaço para aceitação de governos ditatoriais que
buscavam o poder por meio de discursos populistas e nacionalistas. Em 1856,
oficiais chineses abordaram um navio britânico chamado Arrow, desagradando
novamente a Inglaterra, que se junta à França para aplicar um ataque militar,
que ocorreu em 1847, porem no período, o governo chinês estava intransigente
e não aceitou propostas de acordos diplomáticos da Inglaterra, mas foram
novamente derrotados, e as imposições inglesas aumentaram no tratado de
Tianjin, realizando a abertura total para ingleses e missionários cristãos, além
da legalização do ópio.
As consequências diretas foram o empobrecimento da China, presença
massiva de europeus em busca de vantagens econômicas, países como
frança, Áustria entre outros se aproveitavam de parcerias com a Inglaterra para
usurpar ainda mais matérias-primas produzidas na China, fato que continuou
até a década de 1940, com a ascensão de Mao Tsé-túng e o chamado exército
pela libertação da China, como dito antes, com discursos pela liberdade da
nação e expulsão da influência europeia em seus territórios, porém, assim
como outros governos ditatoriais, realizou suas promessas de modo violento,
implementando uma ditadura militar no país, que cerceia de certo modo o estilo
de governo chinês até os dias atuais.

GUERRA FANCO-PRUSSIANA
Sabemos que após a derrota de Napoleão Bonaparte, a Europa passou a
iniciar uma intensa onda nacionalista, que englobava grandes regiões como
Itália e Alemanha, onde os países buscavam exaltar seu passado e cultura de
modo romântico, em busca de formar uma identidade em comum entre seu
povo. Igualmente intenso, tivemos as mudanças provocadas pela segunda
revolução industrial, que modificou os cenários urbanos e rurais, e no reino da
Prússia, por exemplo, havia uma movimentação intensa do chanceler Otto Von
Bismarck, de unificar os reinos germânicos em um estado poderoso, contando
com o apoio dos estados do sul para derrotar um inimigo de longa data, a
França.
Além do clima tenso entre os dois países, um fato diplomático foi essencial
para o desencadeamento do conflito, quando a Espanha ficou sem um
soberano em 1868, as nações europeias se moveram para escolher um rei
para o país, porém, o candidato alemão indicado por Bismarck foi excluído da
disputa política, gerando uma animosidade e discursos inflamados de militares
prussianos. Isso gerou desconforto no imperador Napoleão III da França, que
como tomar uma justificativa de Bismarck pelos discursos que ofendiam a
soberania francesa, exigiu uma resposta escrita para Prússia, que no que lhe
concerne, tomou o documento Frances como uma intimidação, encontrando
um pretexto para deflagrar um conflito entre as duas nações.
Para a França, desde o começo a guerra se revelou um grande desastre, pois
a nação havia perdido muito em questões bélicas após a queda de Napoleão, e
na contramão disso, a Prússia tomou a favor de si ferrovias e industrias
voltadas para produção de armamento desde que Bismarck ascendeu ao
poder, tendo a seu favor tropas disciplinadas e treinadas, além de uma gama
de opções em armamento maior do que boa parte das outras nações
europeias. A partir de seu início, diversas batalhas se iniciaram, onde uma das
mais importantes foi a Batalha de Sedan, quando o próprio Napoleão III
comandou as tropas francesas, mas foi capturado pelos prussianos, causando
revolta na população parisiense, que tomaram o poder, deporão Napoleão e
instituíram uma república.
Não satisfeito, Bismarck sitiou a capital francesa, obrigando aos seus
protetores uma rendição, que aconteceu com a assinatura no Tratado de
Frankfurt em 1871, a vitória alemã foi indiscutível e tornou o Império Alemão o
mais poderoso da Europa continental, e o tratado estipulou alguns acordos com
os franceses como:
· Pagamento de indenização de 500 milhões de francos aos prussianos.
· Cessão ao Império Alemão dos territórios da Alsácia e norte da Lorena
· Ocupação por tropas alemãs em certas partes do território francês enquanto a
indenização não fosse paga.
· Reconhecimento de William I como imperador alemão.
As consequências diretas da guerra foram de fato o fortalecimento da
Alemanha, a criação do revanchismo dos franceses contra os alemães e a
consolidação de colônias germânicas pela áfrica, servindo de combustível
econômico para o Novo império, além do fato de que serviu como sinal para
que as demais nações criassem industrias bélicas e fizessem alianças
políticas.

FASCISMO
O período da humanidade, conhecido como idade moderna, não foi somente
formado de evoluções tecnológicas e mudanças econômicas globais, mas
também ficou marcado pela ascensão de movimentos extremos como o
nazismo e o fascismo, que aproximadamente no mesmo período conseguiram
seu apogeu pregando uma ideologia segregacionista e nacionalista, que mais
tarde, encontraram união na Segunda Guerra Mundial, tendo sido a Itália e a
Alemanha grandes polos autoritários da idade moderna.
O fascismo é um conceito complexo, que ainda hoje, mesmo após cem anos
após sua criação, gera debate a respeito de sua real natureza. Esse fato se
deve porque o fascismo é um modo de governo que pode apropriar-se de
diversas ideologias e conceitos diferentes, podendo englobar discursos
populistas e trabalhistas, ou assuntos a respeito da corrupção do sistema
político, mas sempre com o mesmo modo operante, de trazer um representante
messiânico para conseguir reanimar uma nação perdida na corrupção, o
transformar em soberana e grande e evitar o declínio dos valores tradicionais e
morais da sociedade. Além disso, outra característica comum, é a defesa da
mudança radical do status quo, criticando o gradualismo e impondo que existe
somente um modo de mudar as coisas, pelo radicalismo.
Como dito anteriormente, o termo é muito mais complexo do que se imagina, e
o fascismo de Mussolini, por exemplo, se diz respeito apenas a um dos
movimentos que aconteceram no mundo, mas podemos citar outros exemplos
onde o mesmo modo de organização político foi usado, de modo mais extremo
ou mais ameno, como, por exemplo:
. À expressão extrema do fascismo sob a ideologia n@z1sta, desenvolvida por
Ad0lf H1tl3r.
. Aos regimes que surgiram durante o período entre a Primeira Guerra Mundial
e a Segunda, inspirados ideologicamente no fascismo italiano, como foram os
casos do salazarismo, em Portugal, do franquismo, na Espanha, do movimento
Ustasha, na Croácia, etc."
Dentre as características apresentadas pelas múltiplas formas de fascismo ao
redor do mundo, podemos destacar pontos em comum observados em
praticamente todos os governos, como pontua o professor Cláudio Fernandes:
"1. Sistema uni partidário ou monopartidário, onde apenas o próprio partido
fascista tinha direito à atuação no sistema político nacional;
2. Culto ao chefe/líder para colocá-lo como a única pessoa capaz de guiar a
nação ao seu destino;
3. Desprezo pelos valores liberais, nos quais estão inclusas as liberdades
individuais e a democracia representativa;
4. Desprezo por valores coletivistas, como o socialismo, comunismo e
anarquismo;
5. Desejo de expansão imperialista baseada na ideia de domínio de povos mais
fracos;
6. Vitimização de determinados grupos da sociedade ou de um povo com o
objetivo de iniciar uma perseguição contra aqueles que eram vistos como
“inimigos do povo”;
7. Uso da retórica contra os métodos políticos tradicionais afirmando que estes
eram incapazes de combater as crises e de levar a nação à prosperidade;
8. Exaltação dos “valores tradicionais” em detrimento de valores considerados
“modernos”;
9. Mobilização das massas;
10. Controle total do Estado fascista sobre assuntos relacionados à economia,
política e cultura."
Mas se o conceito da palavra é tão ampla, porque remete sempre ao
movimento italiano liderado por Mussolini? Pois a expressão foi cunhada pelo
mesmo, que a desenvolveu em 1919, para nomear a organização chamada de
Fasci Italiani di Combattimento, o termo se inspira no símbolo do feixe de
hastes de madeira com um machado no centro, usado milênio atrás como
símbolo de poder na Roma antiga, sendo assim, já caracterizando uma
apropriação cultural por parte de Mussolini.
A carreira do líder italiano iniciou-se em movimentos socialistas, que logo em
1914, tiveram um grande rompimento, pois Benito Mussolini tinha Ideais
nacionalistas que não se encaixavam com os princípios sociais pregados pelos
líderes dos movimentos e sindicatos que Mussolini frequentava, além de
defender com unhas e dentes a entrada da Itália na guerra, algo que era
impensável para os socialistas naquela época. Assim, Mussolini alinhou o
pensamento nacionalista com o discurso populista em prol do trabalhador,
criando o movimento Fascista.
Entre 1920 e 1922 o chamado Partido Nacional Fascista, realizou a Marcha
sobre Roma, tomando o poder em 28 de outubro de 1922, destituindo o rei
Vitor Emanuel III, e empossando Mussolini como primeiro-ministro e chefe de
estado, sendo a figura central do governo que se iniciava. O estado se
fortificou, onde o poder executivo foi centralizado na figura do chefe de estado,
e logo nos primeiros anos a mídia foi controlada, o exército passou a Servir à
(Mussolini), oponentes políticos foram perseguidos, presos, exilados ou mortos.
Inspirado nesse modelo governamental, outras figuras apareceram
reivindicando os mesmos pontos do fascismo italiano, como os já citados
fascismo espanhol com Francisco Franco e o fascismo português, com António
de Oliveira Salazar. Citando novamente o professor Cláudio Fernandes, hoje o
modo de poder autoritário continua enraizado na sociedade, mesmo após
décadas a fio, a cultura radical continua na nossa sociedade, existindo hoje o
chamado Neofascismo, podendo se servir dos seguintes pontos como muleta
para discursos:
"1. Chauvinismo: patriotismo exagerado que, muitas vezes, assume posturas
violentas e xenófobas.
2. Desprezo pela democracia liberal: apesar disso, o neofascismo não constrói
regimes extremamente fechados e totalitários como no caso do fascismo
italiano. No neofascismo, podem ser construídos regimes com ar democrático,
com eleições, inclusive. No entanto, a ação autoritária e doutrinadora do regime
visa a manipular as massas para atender aos interesses fascistas.
3. Medidas antipovo: a ideia de “inimigo externo” do fascismo transformou-se
em “inimigo interno” no neofascismo. Assim, grupos internos podem ser
encarados como inimigos, e medidas contra eles são tomadas como forma de
combater-se a oposição política e o debate de ideias."

A ORIGEM DO PARTIDO NACIONAL SOCIALISTA DOS


TRABALHADORES ALEMÃES
O texto a seguir fala sobre um dos mais delicados temas do período moderno,
tão delicado que o próprio Facebook e outras redes sociais, não aceitam nem
sequer que a palavra resumida da organização descrita seja usada (o
N@Z1SM0) e em muitos casos, mesmo sendo uma publicação educacional, o
Facebook acaba bloqueando o conteúdo, por isso, alguns nomes desse texto
serão substituídos por termos equivalentes, evitando assim, algum problema
com a plataforma. Obrigado pela compreensão e vamos ao texto.
Como sabemos bem, a Alemanha após a Primeira Guerra Mundial foi tomada
por uma crise sem precedentes, onde por conta do famigerado tratado de
Versalhes, a Alemanha foi culpada, usurpada e humilhada em cenário global,
tendo de pagar quantias milionárias aos países que saíram vitoriosos, além de
entregar colônias e perder territórios que até então pertenciam aos domínios do
Império alemão, tudo isso trouxe para região germânica grande insatisfação
com os rumos escolhidos pelos antigos líderes, e para tentar conter a crise e a
insatisfação popular, o Império alemão foi então substituído por uma república,
que tentaria dar um novo caminho para o país.
Em 1919, um ex soldado alemão e renegado artista da academia de belas-
artes de Viena aderiu a um novo movimento que se formava nos bares de
Munique, o Partido Trabalhista Alemão, fundado por um ex mecânico
ferroviário e adepto dos movimentos sociais trabalhistas. Entretanto, a cartilha
do partido era bem radical em suas preposições, sendo um movimento onde
logo no início mostrava ideias questionáveis como a exclusão judia da
comunidade alemã, pois era alegado que os judeus eram a classe burguesa
que prejudicava a Alemanha, onde a crença geral era de que ‘’os judeus
estavam vendendo a Alemanha para as nações europeias’’.
Em 1920, H1tl3r já estava bem posicionado no movimento, concordava com as
perspectivas daqueles que se uniam nos bares e ainda adicionava um discurso
inflamado por sua boa oratória, que começou a angariar centenas de
seguidores e uma relativa exposição, logo, assumindo a liderança do partido, e
alterando seu nome para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães, a fim de conseguir ainda mais seguidores da classe operária alemã,
classe essa, que em questões numérica, era dominante na sociedade.
Logo o líder do partido encontrou um parceiro que poderia ser naquele
momento seu braço direito, o Capitão Ernest Roehm, que incorporou uma
organização paramilitar ao partido, a AS (secções de Assalto), que tinha um
objetivo central de perturbar adversários políticos e servir como meio de
intimidação através da força. Ao passar do tempo, por volta de 1921, o
programa do partido começou a denunciar além de judeus, marxistas e
estrangeiros, pois os mesmos estariam roubando os trabalhos alemães,
vendendo suas terras e ameaçando a soberania nacional, vale ressaltar, que
H1tl3r tinha grande medo de movimentos revolucionários comunistas como os
que aconteceram na Rússia, mas usava das palavras Socialista e Operário no
título de seu partido para confundir politicamente seus seguidores, e funcionou,
pois em 1921 quando tinha 33 anos, tornou-se líder supremo do partido, que
contava com 3 mil filiados.
Em 1923, empolgados com seu crescimento dentre a região central de
Munique, tentaram dar um golpe de estado, que fracassou redondamente, e
H1tl3r foi condenado a cinco anos de prisão, mas acabou cumprindo apenas
oito meses, que não foram de modo algum desperdiçados pelo líder partidário,
pois aproveitou de seu tempo livre para escrever a primeira parte de sua obra
‘’Mein Kampf’’ (Minha Luta). Inspirado nos ideais radicais do Fascismo que
ganhava cada vez mais força na Itália, e na organização revolucionária
Bolchevique, reorganizou seu partido quando saiu da prisão, dotando
estruturas administrativas como se via nas estruturas de Lênin na Rússia, criou
mídias próprias para o partido e mais grupos paramilitares.
Além da SA, a SS foi criada para ser uma força de elite, depois disso, foi
organizada a Juventude H1tl3erista, com apoio de sindicatos e associações de
juristas, médicos, professores e funcionários públicos. O programa atraia
diversos seguidores, mas, ao mesmo tempo muitos se associavam por impulso
em um movimento de manada que era intenso nos anos de apogeu do partido.
Sua cartilha ideológica era a seguinte:
• Totalitarismo – O indivíduo pertenceria ao Estado não poderia ser liberal nem
parlamentar, pois não deveria fragmentar-se em função de interesses
particulares. Como o fascismo, o nazismo era antiparlamentar, antiliberal e
antidemocrático. Deveria ter um único chefe, o Führer. Esses princípios podiam
ser resumidos em: um povo (Volk), um império (Reich), um chefe (Führer).
• Racismo – Segundo essa ideologia, os alemães pertenciam a uma raça
superior, a raça ariana, que sem se misturar a outras raças, deveria comandar
o mundo. Os judeus eram considerados seus principais inimigos. O combate a
outras ideologias, como o marxismo, o liberalismo, a franco- maçonaria e a
Igreja católica, era fundamental.
• Antimarxismo e Anticapitalismo – Para H1tl3r, o marxismo era produto do
pensamento judaico, uma vez que Marx era judeu e propunha a luta de
classes; o capitalismo só iria agravar as desigualdades, ambos atentavam
contra a unidade do Estado.
Nacionalismo – Para o partido, as humilhações surgidas com o Tratado de
Versalhes deveriam ser destruídas. Deveria ser construída a Grande
Alemanha, que constituía o agrupamento das comunidades germânicas da
Europa, como a Áustria, os Sudetos e Dantzig.

A CRISE DE 1929
O processo de entrada dos Estados Unidos na primeira e segunda guerras
mundiais se dá muito pelo momento econômico na jovem nação, e para
explicar a fase difícil enfrentada pelos Estados Unidos durante a década de 30,
é fundamental entendermos o que foi a crise de 1929, os principais motivos
para seu desmoronamento e o efeito causado após sua deflagração.
A crise de 1929 ocorreu graças a uma série de erros que culminaram em uma
crise mundial, desses erros podemos destacar um como talvez o grande vilão,
a expansão de crédito, ou seja, era ofertado títulos ou empréstimos para
população geral por meio do Federal Reserve System, uma espécie de banco
central dos EUA, e desde o início da década de 20, esse ato se tornou comum,
e era um meio para que a população adquirisse riquezas através de
empréstimos a longo prazo recheados de juros. O problema de fato ocorreu
mais ao fim da década, quando o governo precisou frear o avanço dessa
expansão monetária, para ajustar as contas e gastos por conta da Primeira
Guerra Mundial, que não estava nos planos dos nortes americanos.
Foi então que entre meados de 1928 e início de 1929, o governo parou de
expandir a oferta monetária e passou a operar uma política econômica de
austeridade e restrição de empréstimos, o grande problema, era que após
dezenas de anos sendo acostumados a um mesmo modo de oferta econômica,
a população não viu com bons olhos a nova política americana, e temendo a
desvalorização de sua moeda, milhares de pessoas e empresas começaram a
retirar suas reservas dos bancos, desencadeando um processo de recessão
nunca visto.
Como todo problema novo, as políticas para tentar controlar o conturbado
momento dos Estados Unidos foram extremamente fracas, e o controle da
recessão passou a ser tentado limitado os salários e preços de produtos, além
de impedir saques de valores altos dos bancos, e sobretudo, aumentaram
taxas comerciais e impostos, agravando a crise. Em 24 de outubro de 1929,
houve a chamada ‘’quinta-feira negra’’, onde uma queda vertical na bolsa
aconteceu devido à falta de compradores, e alguns dias depois, no dia 29 de
outubro, aconteceu a ‘’terça-feira negra’’, quando diversos lotes de títulos foram
colocados à venda na Bolsa de Nova York, mas o ato impensado gerou um
problema ainda pior, já que mesmo colocando a preços baixíssimos, ainda sim
não atraíram compradores, e por consequência, desvalorizaram ainda mais
suas empresas, gerando a falência de milhares de empreendimentos, onde
cerca de 12 milhões de americanos acabaram ficando desempregados.
Os bancos não tinham reservas, as pessoas não tinham dinheiro para
consumir, e mediante a isso os comerciantes passaram a vender menos que o
normal, e a crise se estendeu com força total até 1933, com taxas de
desemprego batendo na casa dos 25%, e espalhando-se para todo restante do
mundo, incluindo o Brasil. Em 1933, Franklin Delano Roosevelt é eleito
presidente dos Estados Unidos, e juntamente ao economista John Maynard
Keynes, criaram o plano econômico chamado de New Deal, em que diversas
medidas passariam a ser tomadas, como, por exemplo:
• Investimento em obras públicas, como forma de gerar empregos;
• Destruição dos estoques de gêneros agrícolas, para conter a queda dos
preços;
• Controle dos preços e da produção industrial;
• Diminuição da jornada de trabalho;
• Fixação de um salário mínimo;
• Criação do seguro-desemprego e seguro-aposentadoria.
O New Deal não necessariamente elevou a economia americana ao patamar
que conhecemos hoje, mas foi responsável por retirar os Estados Unidos da
chamada grande depressão, estabilizando os empregos e questões
econômicas relacionadas ao estado. O grande crescimento da economia norte-
americana se deu com sua entrada na segunda guerra e com os espólios
ganhos, juntamente a reativação da indústria bélica na produção em massa de
alguns setores.
REPÚBLICA DE WEIMAR
Como temos já sabemos, a Primeira Guerra Mundial aconteceu entre 1914 e
1918, tendo sido marcada pelo caos espalhado no mundo, principalmente em
território asiático e europeu. Após seu término, a Alemanha foi considerada
culpada da guerra, tendo sofrido centenas de punições dos países vencedores,
como sansões econômicas, perda de territórios e colônias e imposições
restringindo a criação de uma força armada. Após isso, o Império Alemão
entrou em colapso, dando lugar a uma nova forma de estado, cujo objetivo era
reerguer a economia alemã, recuperar o prestígio do país e pacificar relações
com outras potências, esse governo ficou conhecido como República de
Weimar, durando de 1919 a 1934.
No dia 6 de fevereiro de 1919, uma assembleia constituinte foi convocada na
Alemanha a fim de traçar as rotas para o ressurgimento germânico. Entre as
decisões acordadas na chamada Constituição de Weimar, estava a definição
de que o país seria governado por uma república bicameral, ou seja, dividia
entre Parlamento e Assembleia, onde cada casa teria um chefe de governo, o
chanceler, responsável pela administração geral da nação, enquanto o
presidente, responsável por questões de estado como diplomacia, segurança e
etc. o primeiro presidente escolhido foi Friedrich Ebert, político social-
democrata ligado à tradição socialista alemã, e em seu início de caminhada
teve de enfrentar uma turbulência logo em 1919, a Revolução Alemã, ou
Revolta Espartaquista, que desejava efetuar na Alemanha o que foi feito pelos
Bolcheviques na Rússia, entretanto, a revolta foi debelada e à república
continuou a se formar.
Todavia, os movimentos políticos estavam em enorme animosidade entre si, e
grupos rivais passaram a se colidir dia após dia, tendo nesse período, surgido
um movimento nacionalista de grande notoriedade, o chamado Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que mais tarde seria usado de
palanque político para um líder radical que ficou marcado na história humana,
@d0lf H1tler, que iniciou sua caminhada no Partido logo em 1921. Ainda
falando sobre a República de Weimar, a partir de 1923, sua economia vivia um
período de relativa estabilidade com o chanceler Gustav Stresemann, que
possuía habilidade administrativas notáveis, entretanto, em 1925, o presidente
Ebert faleceu, eleito o Marechal Von Hindenburg, considerado um herói de
guerra alemão, que fez como seu chanceler Franz Von Papen, mas, não
tinham pratica administrativa, e com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929,
acabaram colapsando a república.
Esse foi um dos pontos mais cruciais para o futuro do mundo dos próximos
anos, pois a queda da República de Weimar deu seu lugar para ascensão do
Parido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, sob a liderança de
H1tler, que em 1934 tomou posse e reivindicou os poderes de chefe de estado
e chanceler, tornando-se o senhor das forças armadas da Alemanha,
descumprindo com o Tratado de Versalhes e investindo pesadamente na
indústria bélica, por consequência, reascendendo a economia do país e
elevando o nome do novo estadista ao patamar de um líder importante para o
povo, porem com menos de 2 anos de governo, o estadista transformou seu
inicial governo republicano em um governo totalitário, e passou a expor mais de
suas ideias (que sim, já eram expressas antes, mas sem tanta veemência) de
criar um terceiro Reich, além de realizar um ‘’expurgo’’ da população,
mantendo na Alemanha somente aqueles que ele julgava como povos
realmente germânicos, dando início a infame perseguição contra Judeus,
Negros, Homossexuais, ciganos e estrangeiros em seus domínios, fato que,
em pouco tempo, deu origem a Segunda Guerra Mundial.

TRATADO DE VERSALHES
Grandes conflitos não costumam a ter resoluções pacíficas ou satisfatórias
para a sociedade na totalidade, e geralmente, os perdedores passam a ser
usurpados pelos vencedores, mesmo que no cerne do conflito estivessem
errados. O Tratado de Versalhes foi um desses vários acordos de paz,
assinado logo após a Primeira Guerra Mundial, que envolveu uma gigantesca
destruição e estendeu-se de 1914 a 1918 tendo como resultado a morte de 10
milhões de pessoas.
A Primeira Guerra foi o resultado de uma série de fatores complexos que
envolviam disputas econômicas, culturais e territoriais entre as potências da
europeias e asiáticas, que enfrentavam conflitos internos, com o surgimento de
movimentos nacionalistas e revanchistas, com o apogeu do capitalismo e o
sentimento de independência cultural que começavam a florescer em regiões
da Itália e Alemanha. E como já sabemos, no dia 28 de junho de 1914
Francisco Ferdinando, arquiduque herdeiro austríaco, foi assassinado por
Gabrilo Princip, membro de um movimento nacionalista sérvio que lutava pela
emancipação em relação à Áustria-Hungria.
Outrora o crime seria punido com a extradição do mesmo para ser julgado
juntamente a seu movimento no país da vítima, mas a panela de pressão
política que estava prestes a explodir na Europa, viu o acontecimento como a
última gota, suficiente para a Áustria declarar Guerra a Sérvia, que no que lhe
concerne possuía aliados econômicos poderosos que tinham interesses em
também derrubar o poderoso império da Áustria-Hungria, e com a declaração
de guerra a Alemanha logo se aprontou a prestar ajudas para a Áustria, fato
que gerou revolta em outras potências que decidiram se envolver no conflito,
gerando dois lados que envolviam grandes potencias declarando guerra uns
contra os outros, a conhecida Tríplice Entente (Reino Unido, França, Rússia e
Itália) e a Tríplice Aliança (Império Alemão, Império Otomano e Império Austro-
Húngaro).
O conflito foi terrível, espalhando o caos e destruição por onde passou, e o que
era um conflito entre dois países, culminou em um conflito envolvendo quase
todo território da Europa e Ásia, com a participação dos Estados Unidos, e só
foi terminar em 11 de novembro de 1918, com a queda da última potência da
Tríplice Aliança, a Alemanha, que por sua vez, foi a primeira grande potencia a
se envolver no conflito entre a Sérvia e Império Austro-Húngaro,
desencadeando um conflito a níveis mundiais, e também ficou marcada por
invadir diversos países que a primeiro momento estavam neutros, como França
e Bélgica, considerada a nação que mais espalhou o caos durante a guerra.
Após a guerra, foi assinado um armistício em novembro de 1918, e em junho
de 1919 ratificado oficialmente o Tratado de Versalhes, elaborado por diversos
países quadro grandes potencias na chamada Conferência de Paz de Paris,
iniciada em 18 de janeiro daquele mesmo ano, e seus participantes foram:
Estados Unidos, Reino Unido, França e Itália. O Japão foi outro país que
participou do acordo, mas teve pouquíssimo envolvimento em sua elaboração,
assim como a Itália, que não teve suas exigências aceitas. Apesar de ficar
conhecida mais pela participação das quatro grandes potencias, a conferência
ao seu longo prazo de desenvolvimento do tratado teve a passagem de 25
países:
• Estados Unidos
• Reino de Hejaz (atualmente parte da Arábia Saudita)
• Reino Unido
• Honduras
• França
• Libéria
• Itália
• Nicarágua
• Japão
• Panamá
• Bélgica
• Peru
• Bolívia
• Polônia
• Brasil
• Portugal
• China
• Romênia
• Cuba
• Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos
• Equador
• Sião (atual Tailândia)
• Grécia
• Checoslováquia (atuais Tchéquia e Eslováquia)
• Guatemala
• Uruguai
• Haiti
O tratado se compões de um grande número de artigos, mas o maior fato foi
que a Alemanha foi considerada culpada da guerra, sofrendo assim com as
maiores sansões econômicas, territoriais e políticas com o tratado, destacando-
se os seguintes pontos:
• Devolver a Alsácia-Lorena para a França. Os alemães haviam conquistado
essa região dos franceses na Guerra Franco-Prussiana;
• Entregar Eupen, Malmédy e Moresnet para os belgas;
• Entregar Sarre ao domínio internacional e permitir que os franceses
explorassem as minhas de carvão daquela região;
• Aceitar que parte de seus territórios orientais fosse tomada, dando origem à
Polônia;
• Aceitar que Danzig passasse para o domínio internacional;
• Entregar Memel à Lituânia;
• Entregar Schleswig à Dinamarca.
Além disso, perderam suas colônias, foram proibidos de criar uma força
armada, tiveram de pagar indenizações milionárias aos países vencedores e
também reformar toda sua estrutura hierárquica nacional, onde diversos nomes
recomendados pelos próprios países vencedores acabaram por ocupar vagas
estadistas na Alemanha, e mais focado na Alemanha, podemos observar
consequências diretas como:
• Instalação de uma forte crise econômica que se arrastou na Alemanha até
meados da década de 1930 e foi responsável por uma crise de hiperinflação;
• Crise na política que marcou a República de Weimar;
• Surgimento de grupos paramilitares com ideais radicais;
• Fortalecimento de teorias conspiratórias;
• Fortalecimento do autoritarismo que resultou no surgimento do Partido
Nazista

TRÉGUA DE NATAL DE 1914


A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento doloroso e marcante para
humanidade, e demonstrou os danos que podem ser causados com conflitos
entre potências mundiais. Dentre os milhares que vieram a óbito no
acontecimento, temos alguns fatos curiosos que se destacam, e sem dúvidas a
trégua de natal, ocorrida entre soldados inimigos em 1914 é um deles, impondo
bastante singularidade no modo em que os atos se desdobraram.
Essa trégua de Natal de 1914 aconteceu, mas imediações da cidade de Ypres,
na Bélgica, e para uma melhor compreensão do que se passou, devemos ter
em mente que no período, o Império Alemão tinha entrado em um brutal
confronto contra os franceses e ingleses em território belga, e ao fim do ano, o
inverno chegou de modo rigoroso sobre as trincheiras, obrigando os exércitos a
permanecerem recuados por um tempo, trincheiras essas que eram
extremamente perto uma das outras, e mesmo com o conflito em curso, alguns
soldados demonstravam clima de festividade e alegria em seus postos.
Em meio as trincheiras, havia o chamado espaço conhecido como ‘’terra de
ninguém’’, ou seja, o campo livre entre duas trincheiras inimigas, de modo a
causar estranhamento em quem viu, soldados desarmados começavam a
caminhar nesse espaço, gritando frases de ‘feliz natal’’, e curiosamente não
foram mortos ou abordados pelos inimigos, que retribuíam o desejo para os
mesmos, e em seguida, ofereciam-lhe bebidas, cigarros e charutos. Poderia
ser somente uma lenda de guerra, mas foram centenas de relatos tanto de
soldados rasos quanto oficiais de patente alta sobre o ocorrido, como podemos
ver no relado abaixo:
“Às 8:30, eu vi quatro alemães desarmados deixarem a sua trincheira e se
dirigirem para a nossa. Eu mandei dois dos meus homens se encontrarem com
eles, também desarmados, com ordens para que eles não ultrapassassem a
metade do caminho entre as trincheiras, que distavam então de 350 a 400
jardas nesse ponto. Eram três soldados rasos e um padioleiro e o porta-voz
deles disse que queria desejar a nós um Feliz Natal e esperava que nós,
tacitamente, mantivéssemos uma trégua. Ele disse que havia morado em
Suffolk, onde tinha uma namorada e uma bicicleta a motor.”
Esse relato foi escrito pelo Capitão Sir Edward Husle, do exército real britânico,
e descreve o caráter inusitado daquilo que presenciou. Mas, apesar da boa
intenção e da demonstração de que todos estavam ali para cumprir com uma
obrigação de seu país, mas não eram exatamente pessoas más, ainda, sim, a
guerra foi retomada, vários daqueles que confraternizavam em um dia,
acabaram morrendo em conflito, e os que sobreviveram, receberam punições
de seus superiores quando souberam da trégua.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


O texto a seguir trata-se de um RESUMO a respeito de um dos principais
acontecimentos da história recente da humanidade, logo, para uma maior
profundidade no assunto recomenda-se a leitura de obras historiográficas.
Tendo em mente isso, vamos ao texto!
A Primeira Guerra Mundial foi um dos principais acontecimentos da história
contemporânea, tendo demarcado o fim da maior parte dos impérios da
Europa, Ásia e África, tendo envolvido diversos países entre 1914 e 1918, e
suas origens remontam ao século XIX, quando uma corrida armamentista se
iniciou em quase todo o globo, com parcerias econômicas e bélicas entre
potências.
Para entendermos melhor essa corrida, devemos nos situar em meados do
século XIX, onde a Europa atravessava a segunda fase da revolução industrial,
quando vários países além da Inglaterra, começaram a se industrializar, e o
surgimento de algumas superpotências também, como a unificação da Itália e
Alemanha, ocorridas no mesmo período, passaram a estender seus domínios
econômicos e territoriais para regiões da Ásia e África, vale ressaltar, que
essas unificações ocorreram através de diversas guerras entre nações
europeias, e só não culminaram numa guerra mundial, pois as potências
europeias não se envolveram tanto com os conflitos internos que ocorriam
entre Itália, Alemanha e Áustria, por exemplo.
Esses conflitos na maioria foram causados pelo chamado neoimperialismo, um
método de centralização de poder que potencias europeias faziam sob nações
de menor poder, onde a economia e cultura dessas potencias menores eram
subjugadas em nome do progresso, pois a Europa era considerada (pelos
próprios europeus) como o antro da evolução humana no mundo, e nações da
África e Ásia deveriam ser subordinadas a elas, mas é claro, o objetivo real não
era o progresso ou avanço da civilização humana como todo, e sim, acumulo
de capital por riquezas usurpadas, inclusive, esse momento recebeu o apelido
de Belle Époque, ou Bela época, pois a Europa era a maior referência em
produção cultural mundial, devido aos seus amplos domínios até mesmo em
países que em nada faziam fronteira com a mesma.
Com o êxito econômico, e a unificação da Alemanha e Itália, os nacionalismos
ganharam força na Europa, pois poucas nações continuariam a aceitar serem
subjugadas dentro de seus próprios domínios, e o sentimento de soberania
nacional começou a florescer graças ao sucesso de outras nações em se
emanciparem totalmente de potências europeias, como, por exemplo, a Áustria
que dominava cultural e economicamente tanto a região da Itália quanto a
região da Alemanha, derrotada por ambas no processo de unificação das duas
nações.
Ao falarmos de império austro-húngaro, temos aqui a chave para o estopim dos
conflitos à (níveis) mundiais, e o cenário que mais parecia uma panela de
pressão com revoltas e movimentos revolucionários em todos os cantos da
Europa, Ásia e África estavam prestes a deflagrarem algo maior, o que
aconteceu em 28 de junho 1914, quando o arquiduque do império austro-
húngaro, Francisco Ferdinando, e sua esposa, Sophie, foram emboscados e
mortos na Bósnia. O ato foi reivindicado pelo grupo ‘’mão negra’’, que era um
grupo clandestino de luta pela independência da Sérvia, e logo após o
atentado, o Império Austro-Húngaro declarou guerra contra a Sérvia, país cujo
já era subordinado aos austro-húngaros, e o intuito da guerra era punir a Sérvia
pelo atentado a um estadista.
O que era para ser uma guerra punitiva (aos olhos do Império Austro-Húngaro),
se revelou uma péssima atitude, quando a Alemanha, aliada dos austríacos,
ofereceu apoio militar para o conflito, contudo, a Sérvia não era exatamente um
pequeno país sem condições de defesa, e era aliada da Rússia e da França,
que declararam que a Alemanha deveria ficar fora do conflito, senão os
mesmos entrariam em apoio à Sérvia. Estava então finalmente deflagrada a
Primeira Guerra Mundial, onde os países envolvidos no conflito fizeram
alianças políticas e econômicas com países neutros, que por consequência,
entraram também no conflito. Essas políticas terminaram na formação de duas
alianças conhecidas como Tríplice Aliança (Alemanha, Itália, Império Austro-
Húngaro e Império Otomano) e Tríplice Entente (Estados Unidos, Rússia,
França, Inglaterra).
Vale a pena ressaltar dois fatores de suma importância para a guerra, externos
aos acontecimentos diretamente ligados à própria guerra, pois por conta da
Revolução Bolchevique, os russos se retiraram das trincheiras durante o curso
da guerra, e em seguida, os Estados Unidos (que estava fora do conflito devido
à distância territorial e de interesses) entraram no conflito após um submarino
alemão afundar um navio norte-americano. A grande questão é que, a Rússia
passava por instabilidade financeira e bélica, e vinha perdendo diversos
embates da guerra, e a mesma ao sair e abrir espaço para os Estados Unidos,
trouxe para à guerra a nação norte-americana que ascendia economicamente
no período, podendo ter muito mais com o que contribuir com a guerra.
A primeira guerra pode ser dividida em alguns pontos cruciais, como o primeiro
momento conhecido como guerra de movimento, quando a Alemanha
conquistou territórios da frança logo em 1914 após a invasão na Bélgica,
enquanto o inimigo avançava sob Paris, os franceses transferiram sua capital
para Bordeaux, conseguindo conter o avanço alemão naquele ano. Em seguida
entra a segunda fase, conhecida como guerra de posições, quando entre 1914
e 1918, todos os países envolvidos na guerra passaram a avançar sob território
rival ampliando suas trincheiras, que serviam como estratégia em batalhas de
campo aberto, cavando trincheiras no solo onde ficavam soldados, e é nesse
ponto onde a Rússia abandona a guerra e os Estados Unidos entram.
A entrada dos Estados Unidos no conflito significou o início do fim, já que a
nação norte-americana tinha se concentrado por anos na produção
tecnológica, e ao entrarem no conflito, contribuem diretamente para o uso de
novos armamentos, como tanques de guerra, aviões de caça, bombardeiros
além da entrada física efetivamente dos americanos nos fronts de batalha, e
após consecutivas derrotas, a principal potência da Tríplice Aliança, a
Alemanha, já não suportava mais reagir aos ataques da Tríplice Entente, se
rendendo em 1918. A rendição alemã significou muito para uma nação que
estava ainda em seu início de caminhada, já que sua unificação tinha sido em
1871, ou seja, menos de cinquenta anos antes da guerra.
Ainda em 1918, começavam as discussões sobre os desdobramentos do
acordo de paz, onde o presidente norte-americano Woodrow Wilson propôs
uma liga diplomática entre nações de todo o mundo, dando origem a Liga das
Nações, uma entidade mediadora com fins diplomáticos, e em seguida, o
tribunal de guerra condenou a Alemanha como principal culpada da guerra, e
em 1919 foi assinado o tratado de Versalhes, dando à Alemanha sanções
econômicas, indenizações para os países vencedores, em suma, a Alemanha
foi realmente humilhada ao sair do conflito, afundando a nação germânica em
uma profunda crise que seria responsável por espalhar uma profunda miséria
na Alemanha, dando ambiente para nascer o mesmo sentimento de revolta dos
tempos de unificação, abrindo espaço para discursos inflamados e radicais de
líderes como @d0lf H1tler anos mais tarde, sendo a maior consequência da
primeira guerra a própria segunda guerra, em moldes mais cruéis e sádicos do
que sua antecessora.

ABRAHAM LINCOLN
A controversa história dos Estados Unidos passa diretamente pelas mãos de
seus líderes, e sem dúvidas o, 16° presidente norte Americano Abraham
Lincoln foi uma dessas figuras. Lincoln nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809,
o segundo filho do casal Thomas e Nancy Lincoln, que também tinha mais dois
filhos, Sarah e Thomas.
Sua família não era necessariamente rica, e tirava seu sustento dos 81
hectares de terra que seu pai possuía, sendo boa parte de sua renda a partir
de plantações ou criação de animais, fato que mudou quando seu pai se
envolveu em um imbróglio judicial que determinou a tomada de suas terras
para fins jurídicos. Por esse motivo, Lincoln e sua família se mudaram para
Indiana, em 1816, onde seu pai passa a viver de pequenos trabalhos sem
possuir uma renda fixa, tendo por vezes trabalhado em múltiplos ofícios de
uma só vez para manter sua família.
Com uma vida bastante humilde, onde por mais que nunca faltasse comida em
sua casa, não existiam também regalias, e após alguns anos, em 1818 sua
mãe acabou falecendo em Little Pegeon Creek, comunidade onde residiam na
época, e acredita-se que tenha sido vitimada pela doença do leite, causada por
uma toxina liberada no leite de vaca ou em sua carne (também na carne de
boi) e quando consumida pode levar a óbito. Com a morte de suas mãe,
Lincoln se casou com Sarah Bush, uma jovem viúva e mãe de três filhos, aqui
acontece outro marco na história do futuro presidente, pois Abraham Lincoln
nunca tinha sido um estudioso, e seus estudos foram limitados a uma
educação formal básica, mas quando se casa com Sarah, a mesma o incentiva
a ler e procurar por estudos mais aprofundados.
Assim, durante sua juventude e começo da vida adulta, ajudou seu pai no
campo com trabalho braçal, e em seu tempo livre, gostava de ler e estudar. Em
1831 se mudou para Nova Salém, onde conseguiu um emprego como lojista,
em seguida agente de correios e agrimensor. A falta de estabilidade em um
emprego o fez se alistar voluntariamente no exército, onde em 1832 participou
da guerra de Black hawk contra os nativos norte americanos pelo controle de
terras. Embora não tenha ido ao campo de batalha, liderou uma companhia de
soldados e se demonstrou um excelente estrategista, recebendo garantia de
terras ao fim de seus trabalhos militares.
Em 1834, ao voltar para sociedade civil depois de dois anos no exército,
buscou concorrer a um cargo na Illinois House of Representatives, uma
espécie de parlamento da região onde vivia, eleito e se mantendo na instituição
de 1834 a 1842, dedicando-se também no período a cursar direito. Nesse
momento, o nome Abraham Lincoln já não era mais estranho aos ouvidos
nortes americanos, uma boa passagem no exército, um bom mandato na casa
dos representantes do Illinois e status de honestidade e inteligência o elevou a
figura pública, era o momento exato para alçar voos maiores.
Na década de 1840, quando terminava seu mandato em Illinois, procurou
meios para se eleger na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, na
capital, onde conseguiu se eleger em 1847, ocupando uma das cadeiras até
1849, ficando marcado, por sempre manifestar contrario a conflitos como o da
guerra do México, e sendo um fiel defensor de liberdades individuais. Após um
bom mandato, já se aproximando da velhice, Lincoln se dedicou a advocacia,
porém, os anos seguintes foram os conturbados anos da famosa guerra civil
Americana, ou guerra da secessão.
Como muitos, Lincoln era contrario à expansão da escravidão, e abolicionista
de carteirinha, se revoltou com a lei Kansas-Nebraska, que liberava a utilização
de mão de obra escrava em novos territórios. Os partidos políticos entraram em
rota de colisão, e racharam entre si, e um deles era o partido que Lincoln era
filhado, chamado de Whing. Do racha nesse partido, se originou o Partido
Republicano, e um dos nomes mais conhecidos e de influência o suficiente
para conseguir alternar rotas do país era o de Abraham Lincoln, apontado para
disputa de uma cadeira no senado para representar Illinois, seu oponente,
Stephen Douglas, acabou vencendo em 1859.
Mas a rivalidade entre os dois personagens não acabou ali, e no ano seguinte,
em 1860, Abraham Lincoln declarou que iria concorrer a presidência dos
Estados Unidos, sendo o principal representante da questão da escravidão, e
nesse período, o Norte estava declarado como abolicionista já o sul como
escravocrata, o que não queria dizer que os nortistas eram tolerantes, não
eram! Mas eram contra o trabalho forçado dos afro-descendentes. Na eleição,
os votos dos democratas se dividiram entre John Breckinridge e Stephen
Douglas, permitindo que Lincoln vencesse com 40% dos votos, conquistando
180 dos 303 votos possíveis do colégio eleitoral.
A eleição de Lincoln significou o estopim para o conflito entre nortistas e
sulistas, deflagrando a Guerra Civil dos Estados Unidos (ou Guerra de
Secessão) que tinha como base a revolta do sul na tentativa de criar uma
nação, que não fosse abolicionista e não dependesse das decisões da União.
A guerra foi extremamente violenta, e embora o Norte tenha saído vitorioso,
milhares sucumbiram em campo de batalha, e já em seu segundo mandato
como presidente, promoveu a reunificação conciliatória com os estados do sul,
no processo conhecido como ‘’Reconstrução’’.
Embora a guerra tenha acabado e tratados de paz e reintegração com a união
já estivessem assinados, a divisão ideológica das duas regiões ainda
permanecia alta, e no dia 14 de abril de 1865, Abraham Lincoln assistia a uma
peça de teatro em Washington, quando sua cabine foi invadida por um homem,
que disparou contra a cabeça do presidente, que acabou falecendo no dia 15
de abril. O assassino era John Wilkes, um ator rac1sta defensor dos
confederados, e mesmo que tenha fugido da cena, foi encontrado dias depois
na Virgínia, onde morreu após trocar balas com policiais. Outras oito pessoas
foram acusadas de envolvimento com a morte do presidente, onde quatro
foram enforc@das, três condenadas a prisão perpétua e outra a seis anos de
prisão.
Ainda nos dias de hoje, Lincoln é lembrado como um dos maiores presidentes
da história norte-americana, sendo um símbolo da ascensão constitucional
americana e da luta pelas liberdades individuais.

GUERRA CIVIL AMERICANA


Os Estados Unidos como conhecemos não vêm de longa data, na história
humana, a potência só passa a ter destaque no cenário econômico mundial a
partir do último século, sendo uma das últimas grandes potencias a imergir na
geopolítica. Os motivos para que a nação norte-americana alcançasse o status
que tem hoje variam, mas sem sombra de dúvidas, a Guerra Civil Americana
ou Guerra de Secessão, acontecida entre o Sul e o Norte dos Estados Unidos,
e tendo perdurado de 12de abril de 1861 a 22 de junho de 1865, tendo
acontecido após a eleição do presidente Abraham Lincoln, representante do
norte do país.
Para entendermos melhor o contexto da guerra, devemos entender que em
1776 houve na região a Independência das Treze Colônias, culminando na
criação de uma federação nos moldes de uma república presidencialista. O
ponto-chave era a extrema independência de cada estado dos Estados Unidos,
onde, por exemplo, na região norte do território havia uma grande
concentração na criação e desenvolvimento de indústrias, e logo a mão de
obra assalariada formou uma classe operária juntamente à burguesia. Já os
estados do sul, se desenvolveram nos moldes da chamada Plantation, um
modo econômico agrário baseado em plantações e na criação de gado, e
nessa economia, se valia muito da mão de obra escrava negra, visando gerar
mais lucro sem a necessidade de assalariar seus funcionários.
Os modelos eram complementares, uma vez que as indústrias do Norte
forneciam produtos ao sul, e o Sul fornecia matéria-prima para o Norte. Os
entraves começaram quando lideranças do norte passaram a questionar a
forma comercial que o sul estava focando seus olhares, uma vez que o
liberalismo econômico e liberdades individuais eram quase que uma ordem de
conduta para os estados do norte, e ter uma vizinhança onde o escravismo
ainda se proliferava mesmo com cada vez menos nações se utilizando desse
modo comercial, era extremamente incomodo aos nortistas. Em suma, não era
compreensível que uma república federativa democrática, fosse unida com
duas perspectivas tão antagônicas.
Em contraponto, os sulistas estavam cada vez mais incomodados com as
críticas e imposições que o norte queria fazer, pois não se consideravam uma
região tão bem desenvolvida ao ponto de se industrializarem e abolirem a
escravidão de suas terras, e no ano das eleições em 1860, a secessão já era
um assunto discutido, e possuía até nome, os Estados Confederados da
América, que seriam outro país em oposição ao norte. Em dezembro de 1860,
os sulistas criaram uma Constituição para sua região, e oficializaram os
Estados Confederados, mesmo que sem o aval dos estados do Norte, e
elegeram o presidente Jefferson Davis como representante de sua nova nação.
Com um problema nas mãos em seu início de mandato, o presidente
oficialmente eleito pela federação Americana, Lincoln realizou um ultimado
para reincorporar o Sul, estava então oficialmente declarado o conflito.
Embora a União possuísse um exército mais numeroso, além de melhor
condição financeira, o sul tinha diversos generais experientes como o caso do
general Robert E. Lee, que era veterano da guerra contra o México, e não
facilitaria em conflitos armados diretos, ainda assim, do outro lado Lincoln
contava com duas tecnologias que não estavam tão presentes entre os
confederados: o telégrafo e a locomotiva a vapor. Enquanto os generais da
federação interagiam entre si em questão de minutos em local distante, os
confederados utilizavam mensageiros a cavalo para isso, levando um tempo
extremamente maior para realizarem qualquer tipo de interação, e as
locomotivas poderiam fornecer suprimentos rapidamente para os soldados,
como comida e armamento, e do outro lado, as carroças ainda eram o meio
utilizado.
Por mais que estes fatores tenham influenciado na guerra, o conflito em campo
aberto era de igual para igual, ambos os lados utilizando rifles e canhões, e
estima-se que em cada batalha que acontecia morriam de 10 a 30 mil homens,
como diz o historiador Leandro Karnal:
As batalhas tornaram-se verdadeiros palcos de horror. Numa delas, os
nortistas, com cerca de 30 mil homens a mais que os sulistas, obrigaram o
general Lee a se refugir na Virgínia e cerca de 12 mil homens morreram em
cada um dos lados dos conflitos. Em outra, os confederados lançaram-se com
mais de 150 mil homens contra as trincheiras da União próximas a Gettysbury,
na Pensilvânia. Os confederados acabaram dizimados pelas tropas federais e
cerca de mil soldados sulistas morreram nesse conflito.
Nesse contexto também origina-se a expansão para o Oeste, que na época,
era majoritariamente ocupado por indígenas, que eram parcialmente protegidos
por lei e os colonos não eram autorizados a tomar terras indígenas por si, mas
com o conflito cada vez mais demandando expansões estratégicas, foi
assinado por Lincoln o Homestead Act, autorizando os colonos a ocuparem
novas regiões ao oeste a fim de garantir territórios não ocupados, o resultado
foi o extermínio de diversas tribos nativas, que eram expulsas a força de seus
territórios.
A guerra teve seu fim em 1864, quando Jefferson Davis havia sido preso
quando tentava fugir de soldados da União, e o general Lee rendido em 1865,
colocando fim a secessão americana, e para os Estados Unidos, essa guerra
teve os resultados mais devastadores de sua história, como diz novamente
Karnal:
Para uma comparação breve: morreram mais de 600 mil norte-americanos na
Guerra Civil; já na famosa Guerra do Vietnã, o número de baixas oficiais foi de
58 mil mortos. O conflito também serviu criar o mito de Lincoln como grande
estadista defensor da liberdade, forjar certo sentimento de identidade nacional
baseada na superioridade do ''mundo'' do Norte, abrir caminho para o
surgimento de determinadas leis comuns e definir a trilha histórica de um país
unificado a partir das armas.

GUERRA CIVIL AMERICANA


Os Estados Unidos como conhecemos não vêm de longa data, na história
humana, a potência só passa a ter destaque no cenário econômico mundial a
partir do último século, sendo uma das últimas grandes potencias a imergir na
geopolítica. Os motivos para que a nação norte-americana alcançasse o status
que tem hoje variam, mas sem sombra de dúvidas, a Guerra Civil Americana
ou Guerra de Secessão, acontecida entre o Sul e o Norte dos Estados Unidos,
e tendo perdurado de 12de abril de 1861 a 22 de junho de 1865, tendo
acontecido após a eleição do presidente Abraham Lincoln, representante do
norte do país.
Para entendermos melhor o contexto da guerra, devemos entender que em
1776 houve na região a Independência das Treze Colônias, culminando na
criação de uma federação nos moldes de uma república presidencialista. O
ponto-chave era a extrema independência de cada estado dos Estados Unidos,
onde, por exemplo, na região norte do território havia uma grande
concentração na criação e desenvolvimento de indústrias, e logo a mão de
obra assalariada formou uma classe operária juntamente à burguesia. Já os
estados do sul, se desenvolveram nos moldes da chamada Plantation, um
modo econômico agrário baseado em plantações e na criação de gado, e
nessa economia, se valia muito da mão de obra escrava negra, visando gerar
mais lucro sem a necessidade de assalariar seus funcionários.
Os modelos eram complementares, uma vez que as indústrias do Norte
forneciam produtos ao sul, e o Sul fornecia matéria-prima para o Norte. Os
entraves começaram quando lideranças do norte passaram a questionar a
forma comercial que o sul estava focando seus olhares, uma vez que o
liberalismo econômico e liberdades individuais eram quase que uma ordem de
conduta para os estados do norte, e ter uma vizinhança onde o escravismo
ainda se proliferava mesmo com cada vez menos nações se utilizando desse
modo comercial, era extremamente incomodo aos nortistas. Em suma, não era
compreensível que uma república federativa democrática, fosse unida com
duas perspectivas tão antagônicas.
Em contraponto, os sulistas estavam cada vez mais incomodados com as
críticas e imposições que o norte queria fazer, pois não se consideravam uma
região tão bem desenvolvida ao ponto de se industrializarem e abolirem a
escravidão de suas terras, e no ano das eleições em 1860, a secessão já era
um assunto discutido, e possuía até nome, os Estados Confederados da
América, que seriam outro país em oposição ao norte. Em dezembro de 1860,
os sulistas criaram uma Constituição para sua região, e oficializaram os
Estados Confederados, mesmo que sem o aval dos estados do Norte, e
elegeram o presidente Jefferson Davis como representante de sua nova nação.
Com um problema nas mãos em seu início de mandato, o presidente
oficialmente eleito pela federação Americana, Lincoln realizou um ultimado
para reincorporar o Sul, estava então oficialmente declarado o conflito.
Embora a União possuísse um exército mais numeroso, além de melhor
condição financeira, o sul tinha diversos generais experientes como o caso do
general Robert E. Lee, que era veterano da guerra contra o México, e não
facilitaria em conflitos armados diretos, ainda assim, do outro lado Lincoln
contava com duas tecnologias que não estavam tão presentes entre os
confederados: o telégrafo e a locomotiva a vapor. Enquanto os generais da
federação interagiam entre si em questão de minutos em local distante, os
confederados utilizavam mensageiros a cavalo para isso, levando um tempo
extremamente maior para realizarem qualquer tipo de interação, e as
locomotivas poderiam fornecer suprimentos rapidamente para os soldados,
como comida e armamento, e do outro lado, as carroças ainda eram o meio
utilizado.
Por mais que estes fatores tenham influenciado na guerra, o conflito em campo
aberto era de igual para igual, ambos os lados utilizando rifles e canhões, e
estima-se que em cada batalha que acontecia morriam de 10 a 30 mil homens,
como diz o historiador Leandro Karnal:
As batalhas tornaram-se verdadeiros palcos de horror. Numa delas, os
nortistas, com cerca de 30 mil homens a mais que os sulistas, obrigaram o
general Lee a se refugir na Virgínia e cerca de 12 mil homens morreram em
cada um dos lados dos conflitos. Em outra, os confederados lançaram-se com
mais de 150 mil homens contra as trincheiras da União próximas a Gettysbury,
na Pensilvânia. Os confederados acabaram dizimados pelas tropas federais e
cerca de mil soldados sulistas morreram nesse conflito.
Nesse contexto também origina-se a expansão para o Oeste, que na época,
era majoritariamente ocupado por indígenas, que eram parcialmente protegidos
por lei e os colonos não eram autorizados a tomar terras indígenas por si, mas
com o conflito cada vez mais demandando expansões estratégicas, foi
assinado por Lincoln o Homestead Act, autorizando os colonos a ocuparem
novas regiões ao oeste a fim de garantir territórios não ocupados, o resultado
foi o extermínio de diversas tribos nativas, que eram expulsas a força de seus
territórios.
A guerra teve seu fim em 1864, quando Jefferson Davis havia sido preso
quando tentava fugir de soldados da União, e o general Lee rendido em 1865,
colocando fim a secessão americana, e para os Estados Unidos, essa guerra
teve os resultados mais devastadores de sua história, como diz novamente
Karnal:
Para uma comparação breve: morreram mais de 600 mil norte-americanos na
Guerra Civil; já na famosa Guerra do Vietnã, o número de baixas oficiais foi de
58 mil mortos. O conflito também serviu criar o mito de Lincoln como grande
estadista defensor da liberdade, forjar certo sentimento de identidade nacional
baseada na superioridade do ''mundo'' do Norte, abrir caminho para o
surgimento de determinadas leis comuns e definir a trilha histórica de um país
unificado a partir das armas.

REVOLUÇÃO RUSSA
Independente de opinião política ou ideologia pessoal, alguns acontecimentos
extrapolaram os limites territoriais de onde aconteceram, dando ao mundo
novas perspectivas e muitas vezes mudando rotas. A revolução russa, assim
como a revolução francesa, é considerada um dos mais importantes
acontecimentos da história contemporânea, e significou a queda da monarquia
russa que vinha como a principal organização da região a séculos, dando seu
lugar a um novo modelo de governo, que até então, era novidade e ainda não
fora tentado: o Comunismo.
Mas para entendermos como tal fato se consumou, devemos antes conhecer
algumas figuras como Vladmir Lenin e Leon Trótski, que adaptaram a obra de
Karl Marx e Friedrich Engels para realidade feudal da Rússia daquele período.
A crise que afetava a sociedade russa no ano de 1917 (ano da revolução) era
grave e não tinha perspectiva de melhora, pois haviam sido centenas de anos
de um governo autoritário centrado em uma monarquia absolutista, o acumulo
de erros administrativos drenavam cada dia mais a popularidade do Czar, e
embora a revolução de fato ocorreu somente em 1917, os indícios de que a
sociedade encaminhava para esse fato eram diversos. É nesse contexto que
conhecemos mais o revolucionário russo Vladmir Lenin, líder do movimento
Bolchevique, que era a junção da classe operaria e camponesa russa, e
defendiam a revolução armada para chegar ao poder e implantar um governo
focado no trabalhador.
Os Bolcheviques no que lhe concerne, eram uma das duas divisões que
existiam no Partido Operário Social Democrata russo, e sua outra ala, era
conhecida como Mencheviques, que eram a menor parte do partido, liderados
por Plekhanov, defendiam o evolucionismo e conquista do poder por meios
pacíficos como eleições, além de ser compostos de uma parte burguesa, que
detinham ideias liberais. Desde sua criação, o partido era dividido e diversos
debates aconteciam, mas sem um consenso sobre qual linha política seguir,
esse fator foi predominante para retardar a revolução, mas acabou caindo em
janeiro de 1905, quando um grande grupo de pessoas participavam de
manifestações pacificas em frente ao Palácio de São Petersburgo, uma das
sedes do governo, reivindicando melhorias nas condições de trabalho,
democratização política e respostas sobre a crise enfrentada. Em meio a esse
cenário, as tropas do czar acabaram abrindo fogo contra a multidão, matando
mais de mil pessoas a queima-roupa, no episódio que ficou marcado como
Domingo Sangrento.
Estava dada a largada para uma série de protestos (alguns com alto nível de
violência) em todo país, e a situação que já era grave, piorou ainda mais
quando a Rússia perdeu a guerra contra o Japão ainda em 1905, deixando a
economia em frangalhos. Após os fatos, o czar criou um espaço para debate
político chamado de duna, e transformou sua monarquia em uma monarquia
‘’parlamentarista’’, fato esse que trouxe os operários e cidadãos comuns para o
debate publico, tal ato não era necessariamente uma ação para ouvir a
sociedade, e sim conter sua agitação. A estratégia foi bem sucedida, e
funcionou até a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, quando se
tornou membro da Tríplice Entente contra o Império Austro-Húngaro, sofrendo
derrotas seguidas e desorganizando aquilo que já estava ruim, trazendo mais
uma grande crise econômica como já havia sido vista durante o ano de 1905, e
a percepção popular se deu conta de que o czarismo estava arruinado, e
nenhuma solução pacifica poderia funcionar para conter os desastres
administrativos feitos pela monarquia, e em março de 1916, foi deflagrado um
movimento revolucionário iniciado em São Petersburgo, com greves que se
espalharam por quase todos os centros industriais russos, em união com os
camponeses.
Os militares passaram a apoiar o movimento, pois a própria inserção militar
russa na grande guerra era considerada loucura pela maior parte do exército,
que também começaram a reivindicar o fim do governo de Nicolau II, e em
fevereiro de 1917 o czar abdica do trono. Após isso, foi formado um Governo
Provisório, sob chefia de Kerensky, que passou a ter problemas com a ala
socialista revolucionária, já que o mesmo, era considerado um liberal, e acabou
exilando diversos radicais socialistas. Nesse contexto, até mesmo Lenin e
Trotsky (líderes revolucionários bolcheviques) acabaram por serem exilados, e
começaram uma espécie de segunda onda revolucionaria, defendendo lemas
como ‘’paz, terra e pão’’ e ‘’todo poder aos sovietes’’, com intuito de remover os
Liberais do poder e concentrar o governo nas mãos dos revolucionários
socialistas.
No dia 7 de novembro, os operários e camponeses se uniram a Lenin e
tomaram o poder, a partir disso, as decisões do governo provisório estariam
centradas nas mãos dos Bolcheviques, e como primeira atitude, redistribuíram
terras e lotes latifundiários a camponeses, estatizaram os bancos, estradas de
ferro e industrias, tirando das mãos da indústria privada e colocando sob
domínio operário. Em seguida, em 1918, foi assinado o tratado de Brest-Litovsk
com as potências centrais da grande guerra, que garantiam a retirada pacífica
da Rússia da grande guerra. Os primeiros anos do governo bolchevique foram
marcados por uma intensa guerra civil, que continuava a drenar a economia
russa, e como medida para evitar qualquer possibilidade de reabilitação
monarquista na Rússia, o czar e sua família foram mortos em julho de 1918.
Em seguida, Trotsky criou o Exército Vermelho, composto por camponeses e
operários para enfrentar os nobres e burgueses liberais, tendo êxito no objetivo
e garantindo a soberania Bolchevique no poder. A União Soviética chamou
esse primeiro momento como Comunismo de Guerra, feito de uma total
estatização econômica e social, criando um estado forte e total, que garantiu
por 4 anos a soberania soviética sobre oponentes políticos e militares,
entretanto, continuava a afundar a economia do país que não conseguia
sobreviver apenas de produção interna sem nenhum tipo de lucro sobre
produtos, para restaurar a confiança no governo, em 1921 foi criada a NEP
(nova política econômica) que permitia a entrada de investimentos estrangeiros
e a retomada de empresas privadas em território russo, garantindo o
crescimento industrial e agrícola na Rússia, em outras palavras, a NEP foi um
sucesso.
Em 1922 com o caminho quase totalmente livre de adversários políticos e com
a economia novamente rodando em novos moldes, mesclando o comunismo
com o comércio privado, foi estabelecida então a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) sob a liderança do revolucionário Lenin. Durante
quase dois anos, parecia que o novo modelo de governo estava finalmente
chegando em seu momento mais confortável, e o país estava cada vez mais
organizado político/economicamente, mas o momento de paz durou pouco
tempo, e Lenin morre em 1924, iniciando uma nova luta interna pelo poder,
dessa vez entre Trotsky, parceiro e grande estudioso comunista, e Stalin,
general militar comunista.

RASPUTIN
Não somente de figuras corajosas e moralmente exemplares vive a história, no
percurso de nossa jornada humana pela terra, por diversas vezes nos
deparamos também com líderes cruéis, loucos, preconceituosos e imorais.
Rasputin não se encaixa necessariamente como um líder cruel ou
preconceituoso, mas sem sombra de dúvida, um homem de moral questionável
e conceitos que beiravam o fanatismo pelo misticismo.
Grigori Rasputin nasceu em Pokrovkoie, na Sibéria, no dia 22 de janeiro de
1869, vindo de uma humilde família de camponeses. Ainda pequeno, chamava
a atenção dos moradores do pequeno vilarejo em que vivia, acreditando desde
cedo que tinha capacidades psíquicas e poderes de cura. Quando chegou à
sua adolescência entrou para o mosteiro de Verkhoture, para se tornar um
monge, mas acabou não completando os seus estudos. Com seus 19 anos,
casou-se e ganhou a reputação de um homem santo entre camponeses, pois
era devoto à sua religião e o povo ao seu redor realmente acreditava em suas
capacidades místicas, que no ponto de vista do cidadão religioso médio de sua
época, não era dado às pessoas normais, e somente a homens santos.
Ainda em sua juventude, adotou um estilo de vida questionável ao se devotar a
seita dos flagelantes, que tinha como principal dogma a salvação da alma pelo
pecado, dor e arrependimento da alma. Eram conhecidos por 0rg1as e atos de
alto-flagelo, considerados heréticos ao ponto de vista religioso, sendo assim, o
antes homem santo aos olhos camponeses de sua vila, ficou conhecido como
herege e se tornou um andarilho.
Sua vida era controversa, mas ainda, sim, nunca chamara muita atenção para
si, a ausência de uma mídia especializada no território russo também fazia com
que este tipo de figura não ganhasse uma fama imediata como é recorrente
hoje, e somente em 1903 quando Rasputin se mudou para São Petersburgo,
cidade mais movimentada e volumosa, por isso, começou a ganhar fama entre
os moradores que o procuravam em busca de cura para doenças ou curas
espirituais. Em 1905, um visitante inesperado procurou Rasputin, era o czar
Nicolau II, que enfrentava dificuldades de encontrar uma cura para doença de
seu filho, Alekxei, que sofria de hemofilia.
Com uma ótima oratória, conseguiu acalmar o czar, e reduzir os danos da
doença de seu filho, algo que foi considerado um milagre para o líder russo,
que manteve contato com o místico como um homem de confiança que havia
salvado seu filho. A proximidade com os Ramanov, principalmente com a
czarina Alexandra, fez com que Rasputin conseguisse não somente voz em
decisões espirituais da vida privada da família real, mas também em decisões
políticas de estado. Interferindo em assuntos também relacionado com a igreja,
passou a ganhar uma gama de inimigos, que não aceitavam a presença de um
místico controlando a família real e suas decisões. Conforme o povo e as
instituições sofriam com atitudes de Rasputin, o mesmo passou a sofrer com
seu nome sendo relacionado a org1as e atos s@t@nistas, e de um curandeiro,
logo se transformou em um indecente incontrolável para o povo.
Recebeu a titulação de depravado, e em 1912, circularam supostas cartas
entre Rasputin e a Czarina, que sugeriam que eles mantinham um caso em
segredo, o homem odiado por centenas estava em todos os jornais e na boca
do povo, mas não por motivos cativantes. Sendo assim, começou um plano
com objetivo de derrubar o ‘’monge depravado’’, que envolvia estadistas,
religiosos e membros da população civil. Rasputin havia assinado sua
sentença, quando supostamente previu que a Rússia cairia em desgraça
durante a primeira guerra, o que fez com que Nicolau II abandonasse a corte
para comandar o exército em 1915.
Em 30 de dezembro de 1916, ano onde os ânimos já se agitavam e esboçavam
o futuro que viria, da revolução russa, Rasputin foi envenenado por um grupo
que até hoje permanece sem ser descoberto, mas ainda sim acabou
sobrevivendo, mas o mesmo teria morrido fuz1l@do e jogado no rio Neva por
operários, um ano antes dos acontecimentos que culminariam na queda da
monarquia russa e ascensão dos revolucionários ao poder.

CRISE NO CZARISMO E O PRELÚDIO DA REVOLUÇÃO RUSSA


Até os primeiros anos do século XX, a Rússia ainda se mantinha abraçada em
um modelo de governo que vinha sendo cada vez mais abandonado conforme
o tempo passava, o absolutismo, que na região, era denominado como
absolutismo czarista. Basicamente, a sociedade se organizava em moldes
quase que feudais, promovendo muito pouco ou quase nada de
industrialização na região, que era comandada pelo Czar, titulo dado ao
homem que realizada as funções de imperador na Rússia. Esse atraso
ideológico e econômico, fez com que várias questões delicadas se abrissem
para sociedade, como por exemplo, o modo em que a Rússia não conseguia
seguir outros países ao seu redor, e ficava cada vez mais atrás em questões
industriais e de desenvolvimento. Foi no governo do czar Alexandre II (1855-
1881) que esses problemas começaram a ficar insustentáveis, então algumas
medidas de rompimento com o modelo feudal passou a acontecer, gerando
uma nova classe do povo russo, formado por camponeses proprietários de uma
pequena faixa de terras, além de abrir a economia para investimento
estrangeiro em sua nação. Desse modo, a Rússia começava um novo
processo, que outras sociedades já haviam passado, de transformação social,
com a criação de uma burguesia industrial e o proletariado russo emergindo
através das reformas econômicas. O grande problema desse novo período, era
que os czares não tinham habilidade suficiente para conduzir reformas ao nível
nacional, principalmente tendo em mente o tamanho do território russo e seu
clima bastante severo.
Deste modo, a agricultura nacional começou a sofrer fortes variações devido ao
nível repentino de industrialização ocorrida simultaneamente, a produção não
era suficiente, e aquilo que era considerado bom era vendido para fora,
enquanto aos russos, sobravam alimentos podres e muitas vezes a fome era
algo comum. Ao mesmo tempo, os operários se viam em condições de trabalho
extremamente precárias, onde muitas vezes tinham jornadas de 12 a 15 horas
diárias, sem nenhum tipo de equipamento de segurança e recebendo salários
fracionados, que já eram por si só pequenos e somente permitia a compra do
básico para sobrevivência. Como se já não fosse ruim o suficiente o cenário de
insatisfação entre camponeses/operários, a burguesia russa também passou a
se revoltar com as ações czaristas, isso porque, com a industrialização vinda
de países estrangeiros, o mercado nacional perdeu força e a burguesia lucrava
cada vez menos.
Como resposta para a crise e a falta de resposta por parte da nobreza, os
trabalhadores russos criaram na entrada do século XX o Partido Operário
Social-Democrata, inspirados pelo ideário socialista proposto pelos filósofos
alemães Marx e Engels, mas é claro, as greves e protestos organizados pelo
movimento não seria aceito pelo Czar Nicolau II, que criou também uma
instituição estatal com intuito de reprimir os protestos e greves organizados,
essa organização ficou conhecido como Okrana, um destacamento policial
criado para conter e reprimir estas agitações sociais.
Caos era a palavra para definir o momento na grande nação russa, e durante
1904-1905, um conflito com o Japão acabou ainda enfraquecendo a economia
interna mais do que já estava enfraquecida, e em meio aos problemas todos
causados pela má administração czarista, em 1905, populares realizaram um
protesto em frente ao palácio de São Petersburgo, mas o que era para ser
somente mais um protesto do povo, se transformou em um banho de sangue,
quando tropas imperiais abriram fogo contra os manifestantes, esse evento
deixou mais de 1000 mortos e ficou conhecido como domingo sangrento, e
marcou definitivamente a contagem regressiva para o fim da monarquia russa.
Durante um ano inteiro, populares realizaram mais protestos, quebra de
maquinário industrial e greves, dando origem a uma real parada forçada na
economia da Rússia, desse modo em 1906, Nicolau II foi obrigado a
transformar a monarquia absolutista em monarquia constitucional, onde um
parlamento chamado de Duma seria criado para discussão de problemas
russos e possíveis soluções, desse modo, foram criadas também agremiações
de discussão política formadas por trabalhadores, essa agremiação ficou
conhecida como Sovietes, e tomam um grande espaço de discussão sobre o
futuro da Rússia.
Embora tenha sido criado com intuído de ser uma organização democrática, a
Duna mais parecia um campo de batalha, onde burgueses e nobres estavam
constantemente em conflito com os operários, e é claro, a decisão final ficava
em grande parte com nobres e burgueses. Em 1914, a primeira grande guerra
implode, e mesmo sem nem sequer ter condições internas de governo, o czar
entra na Tríplice Entente, junto a Inglaterra e França, mas perde seguidas
batalhas e afunda ainda mais seu país em crises. Nesse mesmo momento, a
população operaria que frequentava a Duna se dividiu entre Mencheviques e
Bolcheviques, onde um queria reformas econômicas que beneficiassem a
burguesia e o mercado nacional, enquanto a outra ala gostaria de uma
verdadeira revolução proletária permanente, onde os trabalhadores assumiriam
o poder.
Ao final de tudo, em 1917 se deflagrava a famosa Revolução Russa, onde a
união entre população geral, operários, camponeses e até mesmo uma parte
da burguesia realizaram um ataque final contra a monarquia, tomando as ruas,
centros públicos e o palácio real, depondo o Czar Nicolau II, e posteriormente o
executando juntamente a sua família. No final das contas, a queda do
Czarismo se deu a atrasos econômicos, falta de controle político, más decisões
e irresponsabilidades da nobreza, muito semelhante à revolução francesa, mas
ao invés de se compor de ideais iluministas, se utilizaram de ideais Marxistas
de cunho social para derrubar de uma vez por todas a monarquia russa.

KARL MARX
É tênue alinha que separa um filósofo de um revolucionário, na história, os
principais filósofos foram aqueles que idealizaram coisas que para sua época,
faziam pouco ou nenhum sentido, obrigando ao leitor ou seguidor, que
passasse a ampliar os limites de realidade nos quais ele acreditava.
Karl Marx (1818-1883) não diferiu disso, o alemão criou uma doutrina chamada
de comunista, pela qual encontrava bases criticas para o modelo econômico
vigente na época (e até hoje): o Capitalismo, tendo suas raízes ligadas à
sociologia, política, direito e economia, conhecimentos que o mesmo veio a
influenciar de modo implacável até mesmo após sua morte.
Karl Heinrich Marx nasceu em Tréveris, Renânia, província do sul da Prússia –
um dos reinos fragmentados da confederação germânica – em 5 de maio de
1818, sendo seu pai, Herschel Marx, advogado e conselheiro de justiça, de
família que descendia de judeus, acabou perseguido pelo governo absolutista
de Guilherme III, mas conseguiram se estabilizar devido ao bom posto de
trabalho de seu pai.
Em 1835, Marx havia concluído seus estudos e estava ingressando na
Universidade de Bonn, para cursar direito, mas se transferiu um ano depois
para Universidade de Berlim, trocando seu curso para Filosofia. Foi nesse
período em que Hegel, idealista e filosofo alemão, ganhava destaque nas
universidades alemãs, e Marx teve então contato com um grupo de ‘’hegelianos
de esquerda’’, conhecidos por se envolverem com lutas político/sociais e apoiar
questões de fundamentos filosóficos anti-burguesas.
Foi entre 1838 e 1840 que o ainda jovem Karl Marx, dedicou seu tempo e oficio
para elaborar uma de suas teses, pois pretendia se formar e lecionar filosofia
na universidade de Jena, para arrecadar dinheiro e conseguir se casar com
‘’seu grande amor’’, Jenny, irmã de seu amigo Edgard. Em 1841, segue então
para Universidade de Jena, levando consigo sua tese sobre ‘’A diferença entre
a filosofia da natureza de Demócrito e a de Epicuro’’, e mesmo que tivesse
ganhado diversos fãs do corpo docente da universidade, acabou não sendo
escolhido para lecionar, pois a mesma não aceitava mestres com ideais
Hegelianos, considerados como rebeldes e perigosos.
De 1840 a 1842, também escreveu para jornais locais na Alemanha,
principalmente para o chamado Anais Alemães, de seu amigo Arnold Ruge,
mas acabou censurado pelo governo inúmeras vezes, fato que o faz mudar
para Colônia e assumir a direção do famoso jornal ‘’Gazeta Renana’’, onde
conheceu outro filósofo e teórico político, Frierich Engels, com quem manteria
uma relação de irmandade até o fim de sua vida, e mesmo quando o governo
prussiano optou por fechar o jornal devido às suas críticas acidas, os dois
filósofos se mantiveram próximos.
Em julho de 1843, Marx se casa com Jenny, e meses depois, muda para Paris,
onde juntamente a seu amigo Ruge funda a revista ‘’Anais Franco-Alemãs’’,
onde publica dois artigos de seu amigo próximo Friedrich Engels, que em
parceria também escrevem outros dois trabalhos: ‘’Introdução à crítica da
Filosofia do Direito de Hegel’’ e ‘’ Sobre a Questão Judaica’’, e mesmo com o
nicho filosófico parisiense se demonstrando bastante interessados pelos
artigos, Marx não tinha muitas economias guardadas, e a falta de investimento
fizeram com que o jornal falisse no final de 1844. Marx então parte para
escrever no ‘’Vorwaerts’’, jornal famoso de Paris, e dessa vez, com bastante
investimento, e mesmo que não fosse seu, sua coluna logo ganhou destaque.
As opiniões de Marx e Engels não agradavam em nada o imperador Guilherme
IV, imperador prussiano, que passou a pressionar o governo de Paris para
expulsarem os filósofos da cidade de Paris, fato consumado em fevereiro de
1845, quando acabaram sendo obrigados a sair da França, rumando dessa vez
para a Bélgica, local onde estariam em segurança e distância suficiente do
governo da Prússia. Se instalam então em Bruxelas, onde conseguem
rapidamente uma popularidade grande, escrevendo diariamente sobre
socialismo e dando cada vez mais foco em sua tese sociopolítica, Marx teve
contato com os operários europeus, e no meio desses era considerado como
uma espécie de idealizador fundamentalista.
E fundado então a ‘’Sociedade Dos Trabalhadores Alemães’’, sociedade que se
reunia escondida para aprender e disseminar o socialismo em todos os cantos
possíveis da Europa, e em novembro de 1847, a sociedade dos trabalhadores
se encontram em Londres, onde a tarefa era redigir um manifesto com bases
eu seus trabalhos anteriores, e nesse cenário é escrito ‘’O Manifesto
Comunista’’, e remetido para Londres em janeiro de 1848. Nesse manifesto,
Marx faz uma violenta crítica ao sistema de capitalismo, acumulo de capital, o
autoritarismo e os governos monarquistas, onde o mesmo propõe a união entre
operários de todo o mundo, para que possam dar início a uma revolução cujo
objetivo final seria o nivelamento social e o tão esperado Comunismo.
Após isso, Marx e sua esposa são expulsos da Bélgica, Paris e Colônia,
restando somente Londres como alternativa viável, onde uma crise financeira
alcança Engels, que mantinha Marx e sua esposa também em sua casa, vale
ressaltar que no período apenas Engels estava de fato trabalhando. Após
muitos anos vivendo em situação muito próxima da miséria, Marx lança sua
principal obra, O Capital, sintetizando o modo de funcionamento da economia
capitalista, expondo o funcionamento baseado na exploração da mão de obra
assalariada, que não tinha proporcionalidade entre o valor recebido e o lucro
final da empresa, o chamado excedente, que acaba ficando para o capitalista.
Segundo essa teoria marxista, o excedente deveria retornar ao funcionário em
forma de salário, em uma porcentagem do valor que fosse pelo menos
equivalente à mão de obra prestada, enquanto o restante poderia ficar com os
donos de meio de produção. Essa seria então, a mais-valia de Karl Marx. A
vida difícil enfrentada pelo filósofo, que recebia censuras onde quer que fosse e
vivia de pequenos valores ganhos em serviços menores e venda de obras
escritas, tornou seu entorno quase caótico, vendo seus três filhos: Guido,
Francisco e Edgard falecerem de doenças que não foram tratadas devido à
falta de dinheiro, ressaltando que duas de suas filhas se su1c1daram devido a
sua condição de vida extremamente pobre, e pouco tempo depois sua esposa
Jenny também acabou morrendo.
Marx nessa época, não tinha dinheiro sequer para comprar caixões para sua
família, tendo de vender grande parte de seus bens materiais para conseguir
dar enterro digno a seus entes, entrando de cabeça em uma depressão que
custaria muito de sua sanidade, e em 1883 seu estado de saúde começou a
ficar precário, devido a uma doença na garganta que o impedia de falar, até
que no dia 14 de março de 1883, Marx faleceu em Londres, na Inglaterra.
Extremamente debatido até os dias atuais, Marx mudou os rumos da
humanidade, e deu origem a um pensamento que gerou centenas de
revoluções na história, e algumas frases de Marx para compreendermos
melhor são:
1. "A história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como
farsa."
2. "Os homens fazem sua própria história; contudo não a fazem de livre e
espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias
sobre as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se
encontram."
Devemos lembrar que há um primeiro pressuposto de toda a existência
humana, a saber, que os homens devem estar em condições de poder viver a
fim de fazer história. Mas, para viver, é necessário antes de mais nada beber,
comer, ter um teto onde abrigar-se, vestir-se, etc.
3. "A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores."
4. "Aos oprimidos é permitido uma vez a cada poucos anos decidir quais
representantes específicos da classe opressora devem representá-los e
reprimi-los."
5. "Uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas
organizadas."

OTTO VON BISMARCK E A ASCENSÃO DO SEGUNDO REICH


Algumas figuras possuem um olhar dualista a respeito de sua importância para
o bem ou para o mal, sendo Otto Von Bismarck (1815-1898) com toda certeza
uma dessas figuras. Um estadista destemido e inteligente, que guiou a
confederação germânica (região onde hoje conhecemos como Alemanha) a
uma unificação que permitiu o surgimento e ascensão da Alemanha, sendo o
personagem central desse trecho histórico importante da região.
Otto Edward Leopold Von Bismarck, nasceu em Schonhausen, província de
Brandenburgo, no dia 1 de abril de 1815. Era filho de Karl Von Bismarck,
capitão reformado do exército prussiano, e membro da burguesia e senhor de
grandes posses de terras pertencentes a uma pequena Nobreza prussiana,
conhecida como Junkers, que durante séculos forneceu ao exército prussiano
diversos soldados e generais, possuindo grande prestígio na região e por
vezes sendo até mesmo considerados como uma espécie de ‘’guardiões’’
daquelas terras.
Com um berço garantido, Otto completou os estudos com tranquilidade, se
formando no Colégio Grauen Kloster, e em 1832, ingressou no curso
acadêmico de direito, em Gottingen. Foi nesse período onde Otto entra em
contato com ideias que iriam mudar definitivamente sua vida, quando no
mesmo ano que entrou para faculdade, se deparou com um protesto em
Hamback, que reunia 20 mil pessoas (numero bastante considerável para
época) que estavam reivindicando liberdade, unificação de territórios
germânicos e a proclamação de uma república.
Nesse período, a Confederação germânica era comandada pela Áustria, que
evitava ao Máximo dar autonomia para os alemães, respondendo à protestos
civis sempre com muita violência, prendendo revoltosos e entrando em conflito
direto com os participantes desses protestos. Esses eventos passaram a se
alastrar rapidamente nos próximos dez anos, e enquanto isso, Otto havia se
formado em direito e administração, e a partir de 1839 estava trabalhando
como administrador das terras de seu pai. Sua vida mudou bastante quando
conheceu e casou-se com outra Junker, Johanna bom Puttkamer em 1847.
Com a vida financeira bem organizada, sentiu-se a vontade para tentar algo
maior, sendo em 1847 eleito para representar a nobreza saxônica e prussiana
em reuniões políticas, conseguindo apoio de diversos grupos devido à sua
influência na nobreza prussiana. Um ano após se estabilizar como um político,
em 1848 explode a revolução liberal, que derrubou a aliança entre países
monarquistas, e o pedido para a criação de um governo democrático estava
cada vez mais alto. A fase preparatório para a unificação alemã surge quando
Bismarck realiza uma parceria com os estados que compunham a
Confederação germânica, em 1851, estados esses que formaram o grupo
conhecido como Zollverein (união alfandegária dos estados alemães).
Em 1859, Otto Von Bismarck é nomeado embaixador de São Petersburgo, e
passa a ser figura central na região germânica, com acesso direto ao rei e
prestígio estadista que poucos tiveram, sempre defendendo a unidade alemã,
autonomia e soberania sob decisões que envolvesse a região, respeitado pela
população, nobreza, burguesia e políticos, e embora a economia começasse a
florir e a região cada vez mais se industrializasse, Bismarck preparava um
plano para dar seu cheque mate na instauração de um governo totalmente
nacional: A criação de um exército.
Em 1863, junta-se a Otto, o ministro da guerra Von Room, para projetar o que
seria a criação de um exército nacional independente, com pretensão de ser o
maior da Europa.
Nesse momento, se instala uma ditadura, onde a liberdade de imprensa é
restringida e diversas manobras para a criação de uma identidade nacional
passam a ser empregadas na prática. Jornais de todos os lugares anunciavam
o fortalecimento da Alemanha, motivo de orgulho para seu povo, que logo
aclamava Bismarck quase como um verdadeiro Deus, tendo carta-branca de
seu povo para realizar qualquer tipo de projeto.
Entre 1864 e 1871, a Alemanha afasta cada vez mais a Áustria de seus
territórios, não com uma guerra declarada, mas sim, estratégias complexas e
hábeis de cunho econômico/políticos, que fizeram com que em pouco tempo os
empreendimentos austríacos em solo germânico não fosse mais viável, e sua
influência política que antes era total, restringido apenas à teoria. Para manter
boa relação com a nação austríaca, se alia a ela na guerra contra a Dinamarca,
anexando os ducados de Schleswig e Holstein como resultado do conflito,
realizando a convenção de Gastein para legitimar legalmente a administração
sob os territórios recém-conquistados.
Em 1866, se alia com a Itália na movimentação mais ousada até aquele
momento, declarar guerra contra a Áustria (algo que era inevitável devido ao
crescimento da Alemanha) e em pouquíssimos dias, Bismarck e sua nação
saem vitoriosos sobre seu poderoso oponente, declarando oficialmente o fim
da supremacia austríaca sobre os alemães. Em 1870, continua seu roteiro de
conquistas cercando Paris e provocando o colapso do império de Napoleão III,
com a vitória, incorporou também estados do sul que estavam sob domínio
Frances. No mesmo ano, incorpora a região da Aláscia e Lorena, ricas em
jazidas de metal, transformando a Alemanha em um verdadeiro império, tudo
isso em menos de 20 anos.
Estava definitivamente inaugurado o Segundo Reich, segundo pois o primeiro é
considerado o período do Sacro Império Germânico, e para fechar com chave
de ouro o novo império, Guilherme I é coroado Imperador da Alemanha em
1871, Otto Von Bismarck seu chanceler de ferro, além de receber a
homenagem de herói da nação no palácio de Versalhes. Como chanceler,
governou com mãos de ferro, fazendo aliança e isolando rivais de modo onde a
economia alemã disparou em relação a seus vizinhos europeus, e embora
fosse declaradamente anti-socialista, tinha ótima relação com operários, os
quais também acabaram beneficiados das movimentações estadistas de
Bismarck.
Seu declínio só foi ter início em 1890, quando o neto de Guilherme I assume o
poder, e passa a ter diferenças ideológicas com o velho Bismarck, e
desgostoso dos rumos que o Reich poderia tomar, se demitiu em 18 de março
daquele ano. Nos últimos anos de sua vida, dedicou-se a criação de memórias,
falecendo em Friedrichsruh, próximo a Hamburgo, na Alemanha em 30 de julho
de 1898, sendo até hoje considerado como o maior estadista da história da
Alemanha.
.
Algumas das frases que podem pertencer a Otto são:
• A política não é uma ciência exata, mas uma arte
• Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois
de uma caçada.
• Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro aprender
com os erros dos outros.
• Um grande estado não pode ser governado com base nas opiniões de um
partido.
• Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com
funcionários ruins as melhores leis não servem para nada.

UNIFICAÇÃO ALEMÃ
Uma série de movimentações entre as regiões europeias que marcaram o
início da idade contemporânea, os mais importantes inquestionavelmente os
movimentos de unificação, sendo a Itália e a Alemanha os maiores exemplos
disso. Vale ressaltar que, há alguns séculos, diversos países e potencias que
conhecemos hoje eram apenas agrupamentos descentralizados de reinos
menores, que compartilhavam em grande parte uma cultura em comum, e após
o surgimento de conflitos que tiveram nível mundial como as guerras
napoleônicas, grande parte dessas regiões foram redesenhadas, e suas
populações passaram a ter um senso de união maior, seja por questões de
proteção, ou até mesmo questões econômicas.
Em 1828, a região que hoje conhecemos como Alemanha, era uma região
composta de 38 estados que formavam a Confederação germânica, que assim
como a Itália, estavam sob domínio austríaco, que observava a criação de um
estado nacional alemão com muito mal olhar, já que, devido à grande porção
de terra e potencial da região, a criação de um novo país que englobasse toda
confederação germânica significaria a existência de um país com provável
condições de entrar em conflito qualquer outro estado europeu, sendo assim,
sua fragmentação política manteria retardada seu desenvolvimento econômico
e ainda ajudaria a enriquecer a Áustria.
Mas por volta de 1830, é criada a união aduaneira, sob liderança da Prússia e
movimentos nacionalistas germânicos, que buscavam uma expansão industrial
que excluía a Áustria dos negócios, mantendo autonomia germânica como uma
espécie de soberania, tal movimento foi chamado de Zollverein. Os primeiros
anos de movimentação tiveram o foco em fortalecer um exército alemão, para
possibilitar a resistência contra um possível inimigo, e o símbolo desse
nascimento de um poder bélico foi o general Von Moltke, que devido a um bom
contato na sociedade aristocrática da Prússia conseguiu financiamento
suficiente para modernizar as forças militares germânicas. Essa mesma
aristocracia prussiana é denominada de Junker, e a partir de 1862, Otto Von
Bismarck, é nomeado pelos mesmos como chanceler da Prússia, e o mesmo
tinha a marca de ser um defensor da guerra para formação de um estado
nacional.
O início do conflito se deu em 1864, quando as tropas germânicas se uniram
contra a Dinamarca, que desde 1815, administrava os ducados de
Schekeswing-Holstein, por decisão do Congresso de Viena, tendo em 1863
anexado os territórios mesmo sendo habitados por germânicos, e
principalmente por esse motivo, Bismarck se virou contra os dinamarqueses de
início, reavendo o território para a Alemanha, e prevendo um provável conflito
com a Áustria, o general ainda realizou alianças políticas com a França e Itália.
Com a queda dos ducados, em 1866, a Alemanha se envolve na chamada
guerra de sete semanas, quando foi determinada a dissolução da
Confederação germânica no tratado de Praga, e obviamente, o Bismarck não
somente não aceitou a decisão, como fez uma pública ameaça para os estados
que tentassem anexar regiões alemãs, e nesse período, a França retira seu
apoio, demonstrando um claro temor de ver a Alemanha se transformar em
uma potência.
Em 1870, a Alemanha (que no período caminhava lado a lado com a Prússia)
declarou apoio à candidatura de Leopoldo de Hohenzollern ao trono da
Espanha, que no que lhe concerne, tem sua candidatura vetada por Napoleão
III, da França. Foi então que no mesmo ano a Prússia declarou guerra à
França, que mesmo resistindo à priori, acabou derrotada e teve de assinar o
Tratado de Frankfurt, que permitia que a Alemanha anexasse províncias da
Alsácia-Lorena, conhecida por ter ricas jazidas de ferro. Mas ainda assim, a
França exigiu uma elevada indenização pela guerra, cedida pelos alemães, que
também anexa os estados do Sul, declara-se uma vez por toda como nação
independente e dá origem ao conhecido II Reich (o primeiro era definido como
o período do Sacro Império Romano-germânico, na idade média).
Vale a pena ressaltar, que a ascensão de Bismarck não somente foi crucial nas
guerras bélicas, mas também em rumos políticos e decisões diplomáticas,
tendo em mente que a Áustria era um oponente direto dos alemães no início
dos conflitos, e ao fim, acaba a tendo como uma aliada, muito pela sensação
austríaca de que seria de extrema periculosidade manter relações hostis com
os alemães, e após o período, algumas consequências podem ser colocadas,
como:
• Surgimento do império alemão;
• Rompimento do equilíbrio europeu vigente desde o Tratado de Versalhes;
• Aumento do revanchismo com a França;
• Revolução industrial alemã;
• Rivalidade com a Inglaterra em busca de mercados para escoar a produção;
• Promoção do isolamento da França;
• Surgimento da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria e Itália), um dos polos da
Primeira Guerra Mundial.

A UNIFICAÇÃO ITALIANA
Toda Europa passou por um conturbado período após o congresso de Viena e
o fim da era napoleônica, onde a síntese do problema era: como reconstruir um
continente inteiro após uma série de guerras, conquistas e unificações
promovidas principalmente pela França Napoleônica? E a resposta não foi
simples. Uma série de congressos, reuniões e assembleias de nível continental
foram criadas para discutir o futuro europeu, e tomar atitudes para evitar
qualquer tipo de ato que se aproximasse daquilo que havia passado, e um dos
países a ser diretamente afetado pelos acontecimentos foi a Itália, que com os
acordos consolidados após o congresso de 1814, foi dividida em oito estados
independentes, sendo que alguns ficaram sobre controle austríaco.
Na região italiana, houve um movimento de renascimento de movimentos
monárquicos e soberanos, cujo seus objetivos nacionalistas tinham como foco
uma ascensão de seu país. Esses movimentos ganharam notoriedade por não
se tratarem somente de movimentos relacionados à burguesia, mas também à
operária e trabalhadores urbanos e rurais, iniciava-se então um importante e
forte movimento italiano, o Risorgimento, que manifestava tanto tendências
monárquicas quanto republicanas, mas sempre com intuito de reaver a
soberania nacional além de interesses em uma possível reunificação territorial.
Outro ponto que eleva a discussão no período, é o surgimento de ideologias
como o socialismo e o marxismo, dando origem a uma série de estadistas e
filósofos que seguiriam fazendo escola por anos a fio, e nessa escola, sai o
grupo chamado de Carbonários. Onde a explicação do grupo estabelecido no
sul da Itália dava conta de uma liderança comunista de Filippo Buonarotti, que
tinha como principal objetivo lutar contra o absolutismo e estabelecer bases
sociais nacionais para população italiana. Ao mesmo tempo, o movimento
republicano chamado de Jovem Itália, liderada por Giuseppe Mazzini em
meados de 1831, inflamou mais ainda o debate de tendências políticas
nacionais, e logo os movimentos nacionalistas monarquistas deram o lugar
para movimentos republicanos e movimentos anti-absolutistas, que procuravam
por vias democráticas estabelecer um estado nacional.
Estava armado o cenário para se iniciar em definitivo a luta pela unificação
italiana, e em 1847, uma série de manifestações anti-monarquistas tomou a
região norte, com ideais voltados a um estado movido às bases socialistas,
tendo seu foco em reinos como Piemonte e Sardenha. Já na Lombardia,
consolidaram-se manifestações republicanas, que ganharam força e tiveram
um rápido avanço na instituição de um Poder Legislativo eleito de modo
democrático. O cenário era insustentável, e a agitação popular estava a beira
de um desastre para monarquia austríaca, que dominava boa parte do
território, e foi então que em 1859,com apoio do primeiro presidente da
segunda república francesa e sobrinho herdeiro de Napoleão Bonaparte, os
movimentos nacionalistas italianos declararam definitivamente guerra contra a
Áustria.
O problema foi que a popularidade dos movimentos passaram a exceder as
fronteiras da Itália, e após um enfraquecimento da Áustria, para evitar maiores
conflitos com austríacos e a deflagração do pensamento socialista para o
restante da Europa, a França retirou o apoio dado aos ‘’rebeldes’’. Nesse
ponto, Giuseppe Garibaldi liderou o movimento dos camisas vermelhas contra
os monarquistas sulistas, entretanto, ao norte, Camilo di Cavour conseguia
uma estável e considerável porção de reinos do norte que também decidiam se
unificar, e temendo um enfraquecimento das ideias nacionais italianas,
Garibaldi abandonou seu movimento, e desse modo, os monarquistas do norte
controlaram a unificação estabelecendo o rei Vítor Emanuel II no ano de 1861
como legitimo representante estadista da Itália.
Sendo assim, o reino italiano passou a ser composto pelo mesmo território que
conhecemos hoje, com exceção de Roma e Veneza, anexadas ao novo
governo somente em 1866 e 1870, e o movimento de unificação só foi ter seu
termino em 1929, quando após anos e anos de resistência papal foi assinado o
tratado de Latrão, que completou a formação da Nação italiana. Vale ressaltar,
que embora a luta historia pela unificação italiana durante o século XIX tenha
sido de suma importância para formação da Itália que conhecemos hoje, ainda
sim não foi criado propriamente dito a identidade cultural de um povo italiano,
históricas as diferenças linguísticas, culturais e até mesmo econômicas em
determinadas regiões da Itália, principalmente mais quando comparamos
regiões do norte e do sul da Itália, até mesmo por suas disputas ideológicas.

TRATADO DE TORDESILHAS
O Tratado de Tordesilhas foi um acordo feito na entre Portugal e Espanha, e
basicamente delimitavam limites de exploração na América do Sul. O tratado
foi assinado em 7 de junho de 1494 e estabeleceu-se a 370 léguas de Cabo
Verde, e partindo dessa partição, as terras descobertas a oeste da divisão era
de posso espanhola, e a leste pertenceria aos portugueses.
O fim do tratado se deu quando a união ibérica se formou, unificando os reinos
de Portugal e Espanha. De modo resumido as consequências e principais
pontos do tratado foram:
• O Tratado de Tordesilhas foi um acordo firmado entre Portugal e Espanha,
em 1494, que dividiu o mundo entre os dois reinos ibéricos.
• Esse tratado definiu os limites de exploração entre portugueses e espanhóis
na América do Sul.
• As terras descobertas a oeste pertenceriam a Espanha e as descobertas a
leste pertenceriam a Portugal.
• A consequência desse tratado foi que Portugal obteria terras no Atlântico Sul.
De modo resumido, antes do tratado ser assinado, Portugal e Espanha
disputava no século XV a exploração de rotas que chegassem até as índias,
para uma facilitação da comercialização de especiarias. O reino de Portugal
acabou por descobrir uma boa rota pelo litoral africano, diferentemente dos
espanhóis, que acabaram por atracar em um novo continente.
Não demorou para que os portugueses também se deparassem com o novo
continente, chamado de América em homenagem a seu descobridor Américo
Vespúcio. Com ambos reinos disputando a soberania sobre o continente, tendo
em vista uma possível guerra entre às duas coroas, o Papa Alexandre VI
interveio e dividiu o continente com Bula Inter Coetera, criando uma linha a 100
léguas de Cabo Verde e dividindo as conquistas entre os reinos ibéricos.
O rei Dom João II não concordou com as regras e pediu pela reformulação da
bula papal. É interessante notar que nesse momento, não havia a noção de
que existiam mais terras ao sul, mas muitos historiadores questionam essa
ideia devido à atitude de Dom João, levantando a hipótese que os portugueses
já haviam se deparado com a América do Sul anteriormente. Com a
reformulação, foi então traçado o Tratado de Tordesilhas.

A CONQUISTA DA AMÉRICA ESPANHOLA


As mudanças pós idade média foram fruto de diversos movimentos de grandes
potências que já vinham acontecendo. A chegada dos espanhóis na América
por exemplo, em 1492, iniciou um processo de ocupação territorial por todo o
novo continente, e diversas superpotências da época começaram a ter
interesse na região, como Inglaterra, Portugal, França etc. A grande questão,
foi que o território não era desabitado, mas sim, contava com uma gama de
diversas sociedades com estruturas políticas e sociais, ou seja, ninguém que
chegasse nas novas terras iria ter facilidade em se assentar na região.
Antes, como já sabemos, as expedições que chegaram na América estavam na
verdade buscando rotas comercias para as índias, no que ficou conhecido
como o período das grandes navegações. A coroa espanhola, movida pelo
desejo de empreender comercio marítimo com outras regiões comercialmente
ricas, passou a oferecer recompensas e prestígio para quem se voluntariasse
para exploração de rotas marítimas, e estima-se que a partir do século XV até
aproximadamente o século XVIII, mais de 100 mil espanhóis teriam cruzado o
Atlântico rumo ao recém descoberto novo mundo. Foi nesse ponto que
consideramos como o período da conquista da América espanhola.
Tendo em mente que o número de nativos era alto, e os reinos espalhados
pela América possuíam muros, defesas e soldados, milhares de espanhóis
deslumbrando reconhecimento e dinheiro, passaram a rumar para América
para lutar contra os Nativos e conseguir implementar colônias para coroa
espanhola. Durante um pequeno tempo, houve certa dificuldade em conquistar
territórios, mas conforme mais espanhóis chegavam, cada vez mais
m@ss@cres aconteciam, porque os europeus em sua maioria já usavam
armas à pólvora, canhões e armaduras bem desenvolvidas, enquanto os povos
pré-colombianos ainda portavam espadas e flechas. Além disso, a então
recente guerra contra os muçulmanos na Península Ibérica deu aos espanhóis
um grande conhecimento tático de guerra.
Outro aliado dos espanhóis nas batalhas contra os nativos foi a questão
biológica, após a Europa sofrer com diversas p@ndemias ao longo de sua
história, como a própria peste-negra, os anticorpos do povo europeu estavam
mais desenvolvidos que os dos nativos, e quando os dois povos passaram a ter
frequente contato um com o outro, uma série de gripes e doenças se
espalharam dentre os reinos pré-colombianos, onde milhares sucumbiram de
doenças, e outros muitos ficaram inválidos, não conseguindo mais ir ao campo
de batalha.
Um terceiro fator que foi de suma importância para a conquista da América foi
o medo, esse sentimento sempre foi um dos mais importantes para
humanidade, por avisar que um perigo pode estar próximo, mas no caso dos
nativos, o fato de verem homens andando a cavalo (animais que não existiam
na região) e lutando em cima dos animais, dava um real pavor nos guerreiros
que se aventuravam a lutar contra os espanhóis. Essa série de fatores
transformou a luta pela América uma luta injusta, onde a violência empregada
por parte espanhola era totalmente desproporcional, onde por diversas vezes
indígenas já rendidos eram executados a sangue-frio, e existem relados do frei
espanhol Bartolomeu de Las Casas (defensor indígena) que tratam desse
tema, como o trecho a seguir:
‘’Seu lugar-tenente assassinou a muitos índios enforcando-os e queimando-os
vivos. Lançando outros aos cães, cortando-lhes as mãos, a cabeça, a língua,
estando eles em paz, isto somente para lhes incutir terror, a fim de que os
servissem e lhes dessem ouro.’’
Embora algumas figuras como a de Bartolomeu tentassem defender pelo
menos a vida dos indígenas, a grande maioria dos colonizadores não estavam
dispostos a conversar ou tentar uma aproximação amigável, e após a criação
de colônias espanholas, foram pouquíssimos os nativos que tiveram suas vidas
poupadas.

A MARCHA PARA O OESTE


Durante o século XIX, a região dos Estados Unidos passava por um período
que ficou conhecido como ‘’marcha para o oeste’’. Esse foi um processo que
consistia na expansão territorial, que na época ainda consistia na divisão das
treze colônias, rumo ao oeste da região norte americana, e durante o processo,
foram ocupadas diversas regiões de planícies até regiões banhadas pelo
Oceano Pacífico. O aumento territorial se deu principalmente após a conquista
da independência contra a Inglaterra, onde após a assinatura do tratado de
Paris, em 1783, quando os ingleses reconhecem a independência dos Estados
Unidos, cedendo grande quantidade de terras ao oeste das treze colônias.
Essas terras ficavam ao oeste dos Montes Apalaches, que durante a
colonização inglesa na região foi alvo de tensões entre colonos e ingleses, pois
as autoridades não permitiam a entrada dos colonos em território de autoridade
indígena, mas com a independência, essa invasão logo teve inicio. Além das
terras obtidas através da Inglaterra, outra grande porção de terras também
foram ocupadas a partir de diplomacia e compras, como foi o exemplo de:
Luisiana, Comprada dos franceses em 1803;
Flórida, Comprada dos espanhóis em 1819;
Alasca, comprada dos Russos em 1867.
Essa ocupação desenfreada do oeste americano foi incentivada principalmente
pela ideologia existente nos Estados Unidos, onde a formação de uma nova
nação independente precisava de terras e poderio econômico, e durante o
século XIX, a ideologia conhecida como Destino Manifesto, afirmava que os
Estados Unidos era uma espécie de nação escolhida por Deus para ser uma
nação soberana e potencia mundial, pretexto esse, que fora usada como
justificativa para o extermínio do povo indígena da região. Juntamente a isso,
criou-se a lei Homestead Act, ou a Lei do Povoamento, decretada em 1862,
onde o governo ofertou centenas de lotes por um preço baixíssimo com o
intuito de transformar milhares de km de terras vazias em terra habitada e
cultivada, onde o período mínimo pra habitar as regiões era de cinco anos.
Mas é claro que a expansão territorial não se baseava somente em compra de
territórios, mas também em guerras e conflitos armados, e em 1823 os
americanos entraram em rota de colisão com o México, no episódio conhecido
como a guerra Mexicano-Americana, quando o governo mexicano passou a
aceitar a entrada de colonos americanos para colonizar a região, fato que
gerou conflito pois as normas da região do México eram diferentes das normas
das colônias americanas, e assim, uma serie de atritos passou a acontecer, e
em 1836 uma serie de colonos americanos se rebelaram, e entraram num
embate direto no forte Álamo, onde as tropas mexicanas derrotaram os
americanos. Gerando um grande desconforto para os americanos, logo após o
conflito, os estados unidos enviou um grande exercito para as terras do Texas,
e com diversos anos de conflitos, em 1848, o México foi derrotado e obrigado a
ceder a região do Novo México e Califórnia aos americanos.
Mas é importante ressaltar que a maior vitima desse processo, foi sem
sombras de duvidas os nativos norte americanos, que perderam praticamente
todo seu território durante a marcha para o oeste, e por diversas ocasiões
foram obrigados a fugir de suas regiões e se mudarem para não serem mortos.
Muitos estados inclusive, criaram leis que forçavam a remoção física de
indígenas de seus territórios, levando ao acontecimento conhecido como T rilha
das Lágrimas (Trail of Tears), onde milhares de indígenas marcharam por
quase 1500 Km para conseguirem se estabelecer em terras consideradas
seguras, e estima-se que de 10 a 15 mil indígenas morreram durante essas
marchas na década de 1830.

ADAM SMITH
O mercado e a sociedade moderna se baseiam em conceitos intelectuais que
surgiram durante um período da humanidade onde mudanças intelectuais,
sociológicas e filosóficas passavam a ser frequentes. O surgimento do
iluminismo, por exemplo, foi o marco histórico de onde a partir dali, diversos
pensadores iriam refazer as perspectivas sobre o lucro, trabalho e mão de
obra, dando origem ao capitalismo primitivo e ao famoso liberalismo, onde um
se embasava em uma nova perspectiva de mercado e outra se preocupava em
embasar e validar teoricamente seu funcionamento.
Nesse cenário, podemos destacar um dos mais importantes pensadores do
mundo moderno, Adam Smith, que nasceu na pequena cidade portuária de
Kirkcaldy, na Escócia em 16 de julho de 1723. O fato de ter nascido em uma
cidade pequena e sem grandes indústrias, fez com que Adam Smith passasse
muito tempo observando o funcionamento do comércio local e de uma pequena
fábrica de alfinetes de sua cidade, e sempre muito estudioso, desde pequeno
se interessou pelo funcionamento da economia e seu modo operacional.
Estudou no colégio ‘’Burgh School of Kirkcaldy’’, onde aprendeu latim,
matemática, história e escrita, e sua notoriedade como aluno ingressar na
Universidade de Glasgow com apenas 14 anos, graduando-se em filosofia em
1740, quando ganha uma bolsa de estudos na aclamada Universidade de
Oxford.
Além de continuar seus estudos, passou a ministrar aulas em Glasgow, e mais
tarde em 1758, foi eleito reitor da universidade. Foi nesse período onde
também conhece o filósofo David Hume, que influenciaria e muito seu
pensamento crítico, e para isso devemos compreender o básico do
pensamento de Hume. Para ele, havia uma relação entre a moral natural,
baseado no impulso egoísta do homem, que em simultâneo, tinha seu impulso
altruísta, equilibrando as ações, onde tudo que excedesse demais esses
pontos poderiam ter sua moral natural violada.
Mais do que somente a bondade ou somente o egoísmo, o fator predominante
que levava o homem a agir corretamente era a necessidade de sobrevivência,
que o fazia ora bom e ora maligno. Curiosamente, em sua perspectiva, para
Hume isso era positivo, pois por várias vezes o individuo teria como principal
objetivo beneficiar a si e ao seu redor. Baseado nesses princípios, em 1759,
Adam Smith publica sua obra intitulada de ‘’Teoria dos sentimentos morais’’,
onde o mesmo busca compreender as motivações morais do homem na
sociedade, e para qual fim seus meios passam a agir.
Durante muitos anos, a busca por compreender a sociedade e o individualismo,
fez com que Smith passasse a se chocar com outro tema de seu interesse, a
economia, e com o passar dos anos tomou nota durante a produção de suas
obras sob diversos temas, e seu principal trabalho ficou conhecido como
‘’Riqueza das Nações’’, onde o filosofo tenta explicar a natureza do sistema
econômico e suas transformações durante o século XVI e XVIII, apontando
caminhos para guiar a economia inglesa e europeia. Nessa obra, Adam Smith
cita que a economia se movia por interesses privados, dos indivíduos, e não
pelo interesse estatal.
Desse modo, o trabalhador em sua tese, não se levantava cedo porque amava
seu trabalho, mas sim: ele precisava de sobreviver e encontrar uma ocupação
para seu tempo, no entanto, devido seu instinto acaba beneficiando a si mesmo
e o seu redor, pois graças a esse ato o trabalhador teria uma fonte de renda
para sobreviver e moveria o mercado ao seu redor, gerando assim a riqueza
em forma de mão de obra, que se transformava em matéria-prima ou produtos,
que no fim das contas gerava dinheiro. Essa questão sobre o egoísmo ser algo
positivo no homem é explicado no trecho:
“Todo indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o
rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele
geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o
quanto o promove. Ao preferir dar sustento mais à atividade doméstica que à
exterior, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e, ao dirigir essa
atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, ele tem
em vista apenas seu próprio lucro, e neste caso, como em muitos outros, ele é
guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua
intenção. E o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o
pior para a sociedade. Ao buscar seu próprio interesse, frequentemente ele
promove o da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente
tem a intenção de promovê-lo.”
Diante a essas afirmativas, Smith encontra uma nova teoria econômica, que
ficou conhecida como ‘’mão invisível’’, uma metáfora para o enfim Liberalismo
Econômico, como citado na frase a seguir:
"O indivíduo, ao preferir dar apoio à indústria de seu país, mais do que à
estrangeira, se propõe unicamente buscar sua própria segurança (...) em este
como em muitos outros casos, uma mão invisível o leva a fomentar uma
atividade que não entrava nos seus propósitos"
A mão invisível do mercado começou a ser um conceito bastante empregado,
juntamente a ele, foi elaborado o conceito de mercantilismo, que nada mais era
do que a junção dos interesses estatais através do mercado, que por sua vez
era composto de indivíduos onde a maioria dos que geravam as riquezas não
faziam parte do estado, para isso, a união entre indivíduos e estado era
fundamental para mover o mercado rumo à evolução, isso foi chamado de
mercantilismo, onde o Estado capacita os trabalhadores e industrias através da
criação de medidas de mercado focadas na facilitação do comércio, porém,
com cuidados suficientes para que o estado não se torne muito interventor, se
resguardando em serviços públicos básicos e na facilitação comercial.
Adam Smith mudou completamente o rumo das revoluções industriais, dando
origem a conceitos de mão de obra em massa, mercantilismo e redução do
estado em assuntos econômicos, e embora não tenha vivido o auge da
revolução industrial, soube prever com perfeição seus passos. Smith faleceu
em 17 de julho de 1790. Algumas de suas mais célebres frases são:

• O que vai gerar a riqueza das nações é o fato de cada indivíduo procurar o
seu desenvolvimento e crescimento econômico pessoal.
• Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há
no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de
muitos.
• A ciência é o grande antídoto contra o veneno do entusiasmo e da
superstição.
• É injusto que toda a sociedade contribua para custear uma despesa cujo
benefício vai a apenas uma parte dessa sociedade.
• É o medo de perder seu emprego que restringe suas fraudes e corrige sua
negligência.
• A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram.
• A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza
dos príncipes.
• O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o problema de as adquirir.
• Nenhuma nação pode florescer e ser feliz enquanto grande parte de seus
membros for formada de pobres e miseráveis.

GEORGE WASHINGTON
‘’A liberdade é uma planta que cresce rápido quando ganha raízes’’
Atribui-se grande parte do sucesso dos Estados Unidos em seu processo de
independência à George Washington, nascido no dia 22 de fevereiro de 1732,
na região de Popes Creek, Virgínia, veio de uma família influente e rica, que
era benfeitora direta na colônia em que residia, tendo o sobrenome conhecido
na área de especulação imobiliária. O pai de Washington, por exemplo,
chamado Augustine Washington, era dono de mais de 10 mil acres de terra, um
dos administradores coloniais da região.
Filho mais velho de sua família, tinha cinco irmãos além de três outros meio-
irmãos, frutos do primeiro casamento de seu pai, e ao longo de sua infância
viveu na Virgínia nas propriedades de sua família. Washington recebeu ensino
domiciliar, não tendo frequentado a escola com outras crianças, pois seu pai
optou por pagar tutores particulares durante infância e adolescência, tendo sido
uma criança estudiosa com grande vocação para geografia e matemática.
Quando tinha 11 anos, seu pai faleceu, e George Washington passou a residir
em Mount Vernon, tendo herdado algumas terras e escravos deixados pelo seu
pai, continuou a ter uma vida estável mesmo sem seu pai, e com o passar do
tempo, continuou a empreender o negócio de sua família, e brevemente se
tornou, a exemplo de seu pai, um dos homens mais ricos das colônias norte
americanas.
Em 1752, seu meio-irmão (e dono das terras onde residia o jovem George),
acabou falecendo de tuberculose, deixando suas terras para Washington em
Mount Vernon, fato que o fez definitivamente o maior proprietário de terras da
Virgínia, e nesse mesmo ano, ingressou no exército, onde seu comportamento
exemplar e sua influência financeira o elevou brevemente a Major e
Comandante de uma tropa distrital. Em outubro de 1753, foi enviado para uma
missão na Pensilvânia, onde seu dever era convencer os franceses a
abandonar suas terras, mal sucedida pois os franceses decidiram permanecer,
obrigando Washington a iniciar um pequeno conflito, onde os francos se uniram
a alguns indígenas no que ficou conhecido como a Guerra Franco-Índia, e
George Washington saiu vitorioso.
Após isso, foi nomeado general, mas brevemente se aposentou dos serviços
militares em 1758, dedicando-se a produção de tabaco, e a junção de sua
influência financeira e militar, se lançou para política, eleito para a famosa
House of Burgesses, instituição formada por vários proprietários de terras, que
juntos eram membros da Assembleia da Virginia. Sua carreira política coincidiu
com o momento de impasse dos britânicos com as Treze Colônias, onde a
Inglaterra aumentava de modo desproporcional os impostos para os colonos,
além de impor regras de proibição de indústrias para evitar competitividade
com o mercado interno inglês, e em 1774, Washington foi enviado ao Primeiro
Congresso Continental da Filadélfia, representando a Virgínia para tratar
desses assuntos.
Washington inicialmente se posicionou contrario a um levante, argumentando
que a lealdade deveria ser mantida pelo poder bélico maior dos ingleses, e o
levante deveria ser a última opção dos colonos. Embora contrario a um levante,
os britânicos continuaram a aumentar seus impostos, prejudicando diretamente
os interesses colônias, e em 1775 alguns conflitos por independência
passaram a acontecer, e as colônias se recusavam cada vez mais a obedecer
à Inglaterra. É claro que alguns grupos mercenários não seriam capazes de
conter um exército britânico, por isso, George Washington foi novamente
escolhido como representante, mas dessa vez, como general militar dos
exércitos coloniais.
Em 4 de julho de 1776 foi declarada a independência dos Estados Unidos, e
teve início a revolução americana, onde a guerra contra os ingleses perdurou
por quase cinco anos a fio, e com ajuda da França, adversária direta da
Inglaterra, e outrora inimiga dos colonos, em 1783 os Estados Unidos
derrotaram as tropas inglesas, e foi internacionalmente reconhecido como uma
nova nação, o que significou pra os norte americanos a abertura de um período
de reestruturação, passando pela elaboração de uma nova constituição, que
teve participação direta de Washington.
Na convenção constitucional, foi elaborado um documento que tratava da
unificação dos Estados Unidos para estabelecer um governo federal, esse
documento foi somente aprovado em 1790, quando Rhode Islando ratificou o
documento. Em 1789, houve a primeira eleição dos Estados Unidos, resultando
na vitória de George Washington de modo unânime. Seu governo não seria
fácil, pois estruturar uma nação é uma tarefa que por vezes durou décadas a
fio em outros locais, tendo de lidar com disputas por poder, problemas
econômicos, sansões comerciais dentre outros fatores. Atuou por dois
mandatos e elaborou a capital norte americana, Washington, em sua
homenagem, tendo controversas em sua história, como ser favorável a
medidas escravocratas na década de 1790.
Ao final de seu governo em 1797, se recusou a concorrer uma terceira vez para
presidência, se aposentando da política, e acabou falecendo em 1799 devido a
uma infecção na garganta, embora exista uma série de discussões a respeito
de sua morte, por negligência médica e tratamentos arcaicos que não o deram
chances de sobreviver a um simples problema de saúde.
No fim das contas, George Washington foi uma das mais importantes figuras
da história dos Estados Unidos, tendo sido fundamental economicamente para
as colônias, general durante a revolução americana e presidente durante os
primeiros anos de independência dos Estados Unidos, sendo o povo norte
americano em geral, grande admiradora de sua história.

NAPOLEÃO BONAPARTE
Poucos foram os que tiveram seu nome elevado à posição de um grande
estadista, imperador e conquistador, tudo em simultâneo, sendo exímio em
todos os adjetivos que o caracterizasse. Talvez, podemos citar Alexandre O
Grande, Carlos Magno ou Saladino, mas o primeiro nome que geralmente nos
vem a cabeça é o de Napoleão Bonaparte, mas o que fez Napoleão ser tão
reconhecido e temido em sua época, que mesmo século após sua jornada,
muitas regiões do mundo continuam a sentir calafrios ao falar do estadista.
A sua ascensão foi uma consequência direta da crise que assolou a França no
século XVIII, onde a população e os grupos revolucionários buscavam uma
solução para o fim da chamada era do terror francesa, onde a falta de ordem e
a busca incansável por eliminar oponentes revolucionários tornou as ruas de
toda a França em um verdadeiro campo de guerra. Nesse contexto, surge a
tarefa de encontrar um líder que tivesse em mente os ideais revolucionários e
também a busca por um regime que tivesse a liberdade como premissa.
Hoje olhando para trás, vemos que a escolha de Napoleão não significou
necessariamente a possibilidade de um governo ‘’liberal’’, e sim, outro governo
com bases tirânicas que assolaria a Europa, mas na época onde foi escolhido,
podemos dizer que Napoleão era um general respeitado tanto por
revolucionários, quanto pela população geral, e sua escolha tarefa de governar
a França e levar o país de volta à glória veio junto a tarefa de enfraquecer seus
adversários políticos e também tentar dissolver as monarquias que o
rodeavam.
Bonaparte nasceu em Ajaccio em 15 de agosto de 1769, localização recém-
adquirida pela França, e logo aos 10 anos deu início aos seus estudos, tendo
entrada para o colégio militar de Brienne. Já mais velho, dando continuidade na
carreira militar, ingressou como bolsista na Escola Real Militar, no campo de
marte, em Paris, e ainda com 16 anos foi graduado subtenente de artilharia.
Era em sua jornada inicial fiel à monarquia, e quando a revolução alcançava
força, foi contra sua realização, no entanto, mudou de lado quando entrou para
o Clube Jacobino, tendo contato com os ideais iluministas e sabendo detalhes
dos gastos exorbitantes da monarquia.
Em 1794, o grupo acabou sendo fortemente combatido pelos moderados, e
apesar da patente de general de brigada obtida na defesa de Toulon, não
escapou de ser preso por 15 dias, entretanto como já citado, Napoleão tinha
bom relacionamento com os mais diversos grupos franceses, desde apoiadores
da monarquia, passando por radicais da revolução até a ala mais moderada, e
assim que foi solto, não levou muito tempo para ser nomeado comandante do
exército Francês em 1795, quando recebe a missão de derrotar os revoltosos
partidários da monarquia, bem-sucedido em sua missão, passando a ter um
status mais alto na França. Esse fora o mesmo período que conheceu Josefina
Beauharnais, viúva de um nobre guilhotinado e mãe de dois filhos. Ela e
Bonaparte se casam no dia 9 de março de 1796.
Dois dias depois, parte para duas campanhas militares de extrema importância,
na Itália e na Áustria, onde vence às duas sem dar sequer chances ao
adversário, retornando à Paris em seguida, ovacionado pela população como
um verdadeiro herói de guerra, em seguida vai até o Egito para uma breve
campanha que duraria de 1798 – 1799, mas tem que retornar sem o fim
definitivo de sua expedição, pois em 1799 a França se viu ameaçada por uma
possível guerra civil.
Quando retorna para seu país, encontra um cenário caótico, onde o diretório e
a assembleia guerrilhavam entre si, com insultos e até mesmo assassinatos
por encomenda, enquanto o povo francês sofria com instabilidade financeira, e
a fome era novamente algo que assolava a região, fome que no que lhe
concerne foi um dos motivos para o início da revolução, ou seja, os
revolucionários derrubaram a monarquia para obter justiça e estabilidade para
o povo, e deu origem a um cenário com mais injustiça, violência e instabilidade.
Ao se deparar com tamanha desorganização, Napoleão realiza finalmente sua
maior cartada até então, dando um golpe em 9 de novembro de 1799,
conhecido como o ‘’Golpe do 18 de Brumário’’.
Nesta data, derrubou o diretório, dissolveu a assembleia e assumiu o controle
do estado, implantando o regime de Consulado e sendo nomeado Primeiro
Cônsul, e logo um ano depois em 1800 aprovou, em plebiscito, uma nova
constituição, e logo em seguida assinou tratados de paz com Amiens e
Inglaterra, fato esse que deu para as monarquias vizinhas finalmente uma
calmaria após os longos anos de revolução francesa, que ameaçavam todas as
monarquias ao redor, essa seria a famosa calmaria ANTES da tempestade.
Mas ainda nesse período, fundou o banco da França, realizou sua obra ‘’O
Código Civil, inspirado no direito romano, que até hoje continua sendo fonte de
inspirações para diversas constituições ao redor do mundo.
Após reorganizar as finanças e a ordem na França, Napoleão poderia,
finalmente, continuar sua caminhada para deixar seu nome da história, e com
amplo apoio popular, no dia 2 de dezembro de 1804 foi coroado Imperador da
França, sua coroação foi realizada pelo próprio Papa Pio VII, tornando-se
Napoleão I. Em comunhão com o senado, igreja e povo, foi acordado que o
Império seria guiado com firmeza, e que com o apoio geral guiaria a França
não somente para glória, mas para a ascensão como a principal potência
mundial. A partir daí, dezenas de campanhas militares foram organizadas, e a
Europa Central foi seu foco, onde quase todos os territórios foram conquistados
pelo General/Imperador, chegando a ponto da Inglaterra ter de realizar um
comunicado de ameaça contra a França, e se a mesma não parasse de se
expandir e criar conflitos, entrariam em rota de colisão. Com esse impasse,
Napoleão foi obrigado a pensar melhor nos rumos que tomaria, mas escolheu
colidir com Inglaterra.
Para enfraquecer seu novo e poderoso oponente, realizou a manobra chamada
de Bloqueio Continental, onde forçou diversos países europeus de menor porte
a fechar seus portos comercias para o comércio inglês. Em 1807 e 1808,
Bonaparte invadiu os países que se recusaram a realizar o bloqueio, eles eram
Espanha e Portugal respectivamente. Com um exército quase imbatível, e
estratégias de batalha muito a frente de seu tempo, em 1810 quase toda a
Europa estava sob seu domínio, a exceção certamente era a Inglaterra. Nesse
período já havia se separado e casado com a arquiduquesa Maria Luísa da
Áustria, filha de Francisco II e irmã de D. Leopoldina, primeira imperatriz do
Brasil.
Em 1812, outra nação resolveu se levantar contra a França e se juntar a
Inglaterra, a Rússia, que rompeu o bloqueio continental, declarando
desobediência à Napoleão. Esse fato foi determinante para que a França
juntasse um exército tão grande que poucas vezes a humanidade teria visto,
eram 600 mil homens com um único objetivo: Invadir a Rússia, tomar Moscou e
implementar um governo francês na região. O objetivo foi concluído, porém,
diferentemente das outras guerras feitas por Napoleão, a Rússia contava com
um aliado muito forte: O inverno russo, que aliado ao território gigantesco
abrangido pela nação, e também a estratégia de terra arrasada, onde os
moradores recuavam no território antes da chegada dos franceses, levando
todos os suprimentos e destruindo o que ficava para trás.
Os novos fatores não foram suficiente para impedir o imperador francês de
concluir seu objetivo e chegar a Moscou, uma cidade fantasma, sem nada de
útil, nem sequer pessoas, a conclusão foi breve, com milhares que morreram
de frio, outros milhares de fome, o exército de Napoleão havia sido finalmente
derrotado, e dos mais de 600 mil homens que foram rumo à Rússia, somente
30 mil voltaram. Claro que seus adversários iriam se movimentar ao saber da
derrota, e no mesmo ano da derrota contra a Rússia, a França foi invadida e
Napoleão foi exilado em 1814, na ilha de Elba.
Fato é que, mesmo exilado e tendo em mente a destruição provocada por
Bonaparte, a França ainda tinha o mesmo como herói, e em março de 1815,
Napoleão foge e retorna à Paris, onde é aplaudido pelo povo e pelo exército
que sofria com as consequências de seu antigo governo, tendo em pouco
tempo perdido diversos territórios e sofrido com sansões econômicas de seus
vizinhos, e por cem dias Bonaparte reassume o poder, mas dessa vez sem a
mesma força de antes, e tendo em mente sua última passagem pelo poder, a
Inglaterra tratou de investir contra o imperador sem tardar, e após a famosa
Batalha de Waterloo em 1815, Napoleão Bonaparte foi definitivamente
derrotado e dessa vez, preso na ilha de Santa Helena, na áfrica, onde ficou até
morrer em 1821.
Os estragos foram sentidos pela Europa como nunca, obrigando a realização
de um congresso com diversos líderes estadistas da época para literalmente
redesenhar o mapa europeu, no histórico congresso de Viena em 1815. Os
restos mortais de Napoleão encontram-se no Panteão dos Inválidos, em Paris.
São atribuídas a Napoleão algumas históricas frases como:
• A vitória tem mais de uma centena de pais; a derrota, por outro lado, essa é
órfã.
• Quem teme ser vencido tem a certeza da derrota.
• Todo o homem luta com mais bravura pelos seus interesses do que pelos
seus direitos.
• Cada hora de tempo perdida na mocidade é uma possibilidade a menos nos
sucessos do futuro.
• Um líder é um vendedor de esperança.

NIILISMO
A ascensão do período moderno não foi somente marcado pelo surgimento de
novas teorias de governo ou teses econômicas, mas também pelo florescer do
pensamento filosófico como um fruto de seu tempo, e quanto mais os estados
autoritários deixavam de existir dando origem a republicas ou monarquias
democráticas, mais as pessoas se sentiam livres para explorar com obras
sentimentos que outrora seriam reprimidos pelo poder estatal. O Niilismo é uma
concepção baseada na idéia de não haver certezas a cerca da vida, além de
dar voz a conceitos que se ligariam com gerações cada vez mais dotadas de
problemas mentais como ansiedade e depressão.
Assim, em sua extensão, os filósofos niilistas procuravam debater e escrever
sobre o não sentido da vida, a falta de provas materiais para existência de
divindades e a afirmativa de que não existem verdades absolutas, e sim,
hábitos ou tradições que servem como alicerces morais para pautar a conduta
humana na sociedade. Foram vários os filósofos que surgiram debatendo essa
idéia, sendo os pioneiros Friedrich Schlegel (1772-1829), Friedrich Hegel
(1770-1831) e Nietzsche (1844-1900), e em sua concepção sombria sobre a
humanidade, em seu período foram considerados filósofos potencialmente
perigosos para sociedade, tendo diversas obras proibidas ao longo de suas
vidas devido ao seu ceticismo radical.
Vale ressaltar que o Niilismo é um fruto de seu tempo, que surgido logo após a
queda de diversas sociedades absolutistas, surge como uma forma de afronto
e desabafo daquilo que a sociedade por séculos sentiu mas não pode se
expressar, sendo algo relacionado ao negativo, pessimista, associado a
negação de princípios sociais, políticos e religiosos. O termo ‘’NIHIL’’ significa
‘’nada’’, dando uma conotação onde anti-materialista e anti-positivista, escolas
filosóficas que também alcançavam seu apogeu.
Embora fossem vários os autores seguidores dessa escola, o segmento
filosófico só foi elevado a algo mais internacional com a chegada do filósofo
alemão Nietzsche, onde o mesmo propõe diversos novos conceitos que não
somente serviriam para mostrar ao mundo o lado negativo das coisas, mas
também, demonstrar perigos de um povo que detém como esperança total
lideres políticos/religiosos, o mesmo demonstra através da descrença em um
Deus, que o homem poderia se libertar de um rebanho que se acorrenta
através da moral, e a partir da libertação desse de dogmas e tradições que
regem a sua vida e da sociedade ao seu redor, seria possível se obter os
‘’homens novos’’, que seria livre e não corrompido por qualquer crença, sendo
somente assim, capaz de realizar suas vontades e obter assim uma vida
movida às suas escolhas.
Podemos citar a passagem de uma obra de Nietzsche para determinar parte de
seu pensamento:
‘’O Niilismo não é somente um conjunto de considerações sobre o tema 'Tudo
é vão', não é somente a crença de que tudo merece morrer, mas consiste em
colocar a mão na massa, em destruir. (...) É o estado dos espíritos fortes e das
vontades fortes do qual não é possível atribuir um juízo negativo: a negação
ativa corresponde mais à sua natureza profunda.’’ (Nietzsche, Vontade de
Potência)
Por muitos anos, foi creditado ao Niilismo somente um modo de trazer a tona
as crises existências de um humano sem respostas naturais, onde a vida não
possui nenhum sentido, significado ou propósito, mas na realidade, a corrente
filosófica ajudou a dar profundidade à diversos debates de ceticismo religioso e
político, que mais a frente, daria origem a novas correntes filosóficas, sendo
possível encontrar idéias niilistas até mesmo em princípios Marxistas ou na
famosa escola de Frankfurt.

IMMANUEL KANT
Os diversos segmentos políticos que conhecemos hoje ao redor do mundo, são
fruto em sua grande maioria de obras filosóficas, e quando falamos dessas
obras, é quase impossível não citar o Filósofo Immanuel Kant, membro da Real
Academia de Ciências de Berlim, Kant fundou a teoria conhecida como
Idealismo Transcendental, corrente que unia o ceticismo e o criticismo, onde o
filósofo reconhecia os limites de conhecimento humano e dava como solução
para esse limite, o conhecimento lapidado e rigoroso.
As obras de Kant possuem um nível de erudição elevado em relação aos
filósofos de sua época, com um estilo de escrita único e rigor metodológico
quase inigualável. Talvez essa série de características tenham sido criadas
devido ao seu convívio acadêmico, que o acompanhou por toda vida, professor
na Universidade de Koingsberg por quase cinco décadas, aprofundou seus
conhecimentos em Lógica, Metafísica, Teoria do Conhecimento e
Conhecimento ético e moral.
Nascido em uma família composta por artesãos descendentes de escoceses,
Kant nasceu e viveu na cidade de Koingsberg, na Prússia Oriental em 22 de
abril de 1724. Sua família era de base protestante, algo que mais tarde viria ser
alvo de ruptura com o pensamento do filósofo, que embora não se intitulasse
um ateu, era um crítico de teorias religiosas, e tendo como base seu
pensamento criticista e ceticista, dizia que somente podemos conhecer aquilo
que podemos intuir, ou seja, ouvir, tocar, falar ou de fato experimentar de modo
real. Aos 16 anos estudou teologia, de onde adquiriu interesse pela filosofia e
ciências naturais, e com seus 22 anos, seu pai acabou falecendo, obrigando
Kant a trabalhar para conseguir se sustentar e também à sua casa.
Nesse período por volta de 1740, se tornou preceptor, ensinando filhos de
famílias ricas ou nobres de Koingsberg, e por mais que tal profissão nunca
havia passado pela sua cabeça, acabou se tornando um homem notável na
sociedade, ganhando prestigio dentre as camadas mais altas da sociedade
devido à sua inteligência acima da média, além da ótima metodologia de
ensino que adquiriu com o tempo. Com seu trabalho, continuou os estudos e se
doutorou em filosofia, tornando-se professor da Universidade de Koingsberg
em 1770. Kant, que já tinha um perfil critico em relação a instituições em geral,
passou a escrever sobre religião e estado, quando acabou sendo proibido pelo
Rei Frederico Guilherme II, da Prússia, de publicar seus textos com teses
polemicas, tal ato deixou Kant extremamente insatisfeito com a posição do rei,
e logo após sua morte em 1797, voltou a publicar suas teses.
Alguns de seus principais livros foram: crítica da Razão Pura, Crítica da Razão
Prática e Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Metódico e rigoroso, o
filosofo se dedicou totalmente aos estudos, nunca tendo se casado ou tendo
filhos, curiosamente, nunca saiu de sua cidade natal, embora suas obras se
internacionalizaram de modo rápido. Sua personalidade era descrita como a de
um homem gentil, bondoso, inteligente e com horários extremamente
controlados, e contam os amigos e vizinhos de Kant que quando o homem
passava nas ruas, as pessoas acertavam seus relógios, pois o homem sempre
fazia os mesmos trajetos nas mesmas horas por toda semana. Após sofrer de
uma doença degenerativa, o filósofo faleceu no dia 12 de fevereiro de 1804,
aos 79 anos.
Podemos destacar as seguintes ideias de Kant para entendermos melhor seu
modo de observar as coisas:
"Criticismo: filosofia voltada para estabelecer os limites do conhecimento
humano com base em um intenso exercício filosófico, estabelecendo uma
crítica revisionista da Filosofia.
Idealismo transcendental: doutrina filosófica voltada para entender como ocorre
o conhecimento humano, com base em noções como juízo analítico, juízo
sintético e juízo estético.
Iluminismo: a indicação de uma iluminação por meio do conhecimento é o
requisito para a formação de uma mente autônoma.
Imperativo categórico: é a formulação de uma lei moral, máxima da ação ética
em qualquer situação. O imperativo kantiano pode ser formulado da seguinte
maneira: age de tal maneira a tornar a sua ação uma lei universal. Isso significa
que a ação deve ser universalmente correta ou estar, em qualquer situação,
em correspondência com o dever. Há também a máxima: age de tal modo a
utilizar a natureza e as pessoas como fim e nunca como meio. Isso significa
haver uma obrigação moral de não usar as pessoas como meio para se
conseguir algo."
Embora tenha falecido, sua ideia é até hoje seguida por diversos filósofos
contemporâneos, e diversos acontecimentos tiveram como base seus ideias e
citações.
“Não se pode aprender Filosofia alguma. [...] Só se pode aprender a filosofar,
isto é, exercitar o talento da razão na observância de seus princípios
universais.”
"A guerra é má, por originar mais homens maus do que aqueles que mata."
"A felicidade não é um ideal da razão, mas sim da imaginação."
"Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito,
quanto mais intensa e frequentemente o pensamento delas se ocupa: o céu
estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim."
"A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos
felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade."
"É no problema da educação que assenta o grande segredo do
aperfeiçoamento da humanidade."
"Pensamentos sem conteúdos são vazios; intuições sem conceitos são cegas."

REVOLUÇÃO AMERICANA
Entender a revolução americana é de suma importância para compreendermos
o atual cenário geopolítico, o fato aconteceu na década de 1770, mas os
fatores que levaram ao evento final já vinham de alguns bons anos. Iniciando
em 1607, na região da Virgínia, a Inglaterra dava início ao seu novo processo
de colonização de terras, feitas de três modos diferentes: a concessão de
terras às companhias de comércio, doação real de nobres que adquiriam lotes
e a colonização religiosa por parte de puritanos (calvinistas) que procuravam
criar uma sociedade completamente do zero, com ideais protestantes.
Esse movimento em três diferentes vias, fez com que milhares de colonos
viajassem até o continente americano em busca de novas oportunidades ou
recomeçar uma vida, e durante o século XVII, a maioria dos indígenas de
região foram expulsos de suas terras para que o processo de instalação
inglesas na região fosse concretizado. Na região Sul, de início, habitaram
majoritariamente aventureiros em busca de riquezas, esses traziam suas
famílias e parentes com a promessa de se transformarem numa espécie de
burguesia das novas regiões. Em 1649, o rei Carlos I da Inglaterra, em
consequência da guerra civil inglesa, foi executado e então proclamou-se a
república sob Oliver Cromwell, e nesse momento o processo migratório para a
América viria a se intensificar ainda mais.
Nesse período onde a república inglesa engatinhava, diversos nobres e
apoiadores da antiga monarquia decidiram migrar para America do norte, pois
várias colônias já estavam consolidadas no local, e também, lá poderiam levar
seus escravos e se tornarem grandes latifundiários de uma terra ainda pouco
explorada. Essa chegada de novos colonos ricos e detentores de escravos
tornaria a região mais ao sul ainda mais independente da metrópole inglesa,
essa tendência iria se espalhar por todo território onde os ingleses ainda
exerciam domínio.
Diferente das colônias portuguesas e espanholas, as 13 colônias inglesas
contavam com um bem organizado sistema de leis e economia, tendo assim
uma relativa estabilidade e autonomia política, embora, devessem ainda assim
obediência para coroa inglesa. No século XVIII, contudo, esta autonomia foi
progressivamente diminuída com diversas imposições por parte da metrópole
inglesa, que proibiu os colonos de criarem fábricas ou competissem com
indústrias inglesas, gerando enorme desafeto com as pessoas que
trabalhavam e empreendiam nas colônias.
Já na década de 1750, a Inglaterra passava pelo período de recomposição
econômica, já que a Guerra dos Sete Anos contra a França gerou gastos
exorbitantes, e para reequilibrar a economia inglesa, diversos impostos para
colonos da América foram criados, como, por exemplo, em produtos como
açúcar, selo e chá, que possuíam uso praticamente diário na vida de todos
naquela época. A impopularidade do governo dentre os colonos já era enorme,
e com os novos impostos somente pioraram a situação, gerando um debate
entre os colonos e os parlamentares ingleses, onde o alvo da discussão foi a
falta de representatividade dos moradores da América no estado e os altos
impostos que os mesmos tinham de tributar.
Como resultado dos protestos, os impostos do açúcar e selos foram retirados,
mantendo apenas os impostos sob o chá, não sendo suficiente para amenizar
a situação, e com os ânimos ainda exaltados, em 1773, um carregamento de
chá da Companhia Britânica foi atacado por colonos disfarçados de indígenas,
e descartaram todo seu conteúdo em alto mar, como resultado, o parlamento
inglês ocupou militarmente Boston restringindo os poderes locais, em várias
medidas conhecidas como Leis Intoleráveis. Em setembro do ano seguinte as
colônias convocaram um Congresso onde foi realizado a petição para o fim
destas leis, contudo, quando chegou ao rei George III, foi prontamente
recusado, e, além disso, o Coronel George Washington entrou em um embate
direto contra as tropas inglesas, dando início aos conflitos armados entre
americanos e ingleses.
Em julho de 1776, as colônias entregam a Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América, onde a maioria dos habitantes concordara com
sua elaboração, e para aqueles que estavam indecisos, a famosa obra de
Thomas Paine ''Senso Comum'' foi usado para os inspirarem com os
fundamentos iluministas, onde o autor defendia a separação de um governo
déspota, que apenas seria prejudicial para as 13 colônias e impediriam seu
crescimento. A guerra contra a metrópole duraria até 1781, quando apoiados e
financiados pela França, Países Baixos e Espanha, os americanos derrotaram
definitivamente os ingleses na batalha de Yorktown. A independência dos
Estados Unidos foi reconhecida internacionalmente, e a constituição do país -
fortemente inspirada em ideais iluministas - foi promulgada em 1788.

VOLTAIRE
Voltaire, (1694-1778) foi um dos filósofos precursores do movimento iluminista,
tendo sido ao longo de sua vida poeta, ensaísta, dramaturgo e historiador. Ao
lado de Montesquieu e Rousseau foram os três nomes de maior relevância
para a ascensão iluminista na Europa, com ênfase, na França. Voltaire é, na
verdade, um pseudônimo literário de François Marie Arouet, nascido em Paris
em 21 de novembro de 1694, sendo de uma família burguesa com forte nome
na região, sempre estudou em importantes instituições durante sua vida, tendo
uma educação bastante acima da média, aluno do Collège Louis-le Grand, em
Paris.
Era um homem considerado intelectual e de temperamento revolucionário,
frequentava a Société Du Temple, grupo que unia diversos filósofos,
historiadores e pensadores livres para debates sociais. Vale ressaltar que
Voltaire cresceu junto a ascensão do renascimento, e como uma espécie de
fruto do seu tempo, adquiriu pensamentos racionalistas, que logos se
transformaram em uma visão política progressista e contra absolutista,
deixando claro desde sempre sua ideia de separação de igreja do estado, além
da divisão de poder da estrutura de poder em setores. Fora um dos
pensadores a melhor escrever e enfrentar esses problemas, afrontando
diversas vezes o monarca Luís XIV, que inclusive lhe rendeu uma passagem
pela Bastilha em 1717, e depois foi exilado em Chátenay.
Esses fatos só serviram de combustível para Voltaire, que em 1718 escreveu a
tragédia ‘’Èdipo’’, e nesse momento acabou por se transformar em um nome
bastante conhecido e admirado no mundo literário, e aquele que era somente
um pensador que afrontava o absolutismo, se transformou em um renomado
filosofo e escritor admirado em diversos cantos da Europa, e continuava a
criticar o clero, os monarcas e o estado absoluto, e em 1729 acabou sendo
novamente preso e exilado na Inglaterra. As ideias de Voltaire iam totalmente
de encontro com os ideais de Locke, influenciadas principalmente pela
Revolução Gloriosa de 1688, que instituiu a monarquia constitucional inglesa,
sendo esse o regime que a maioria dos filósofos iluministas defendiam.
Voltaire acreditava que a monarquia deveria sim, existir, mas deveria ser
assessorada por filósofos que tivessem a capacidade intelectual para
determinar diretrizes para o progresso da nação, e embora fosse sim um
defensor dos direitos individuais e coletivos, era descrito como um caso de
homem com complexo de superioridade, sendo extremamente arrogante e
guardando consigo um certo desprezo pelo povo. A passo de há quem perca
um pouco a admiração por Voltaire devido à sua personalidade, tem também
quem admire ainda mais, pois mesmo sendo alguém que não acreditava que o
povo geral possuía inteligência suficiente para tomar grandes decisões, ainda
sim, defendia a liberdade destes para tomar decisões a respeito de suas vidas,
e também que todos deveriam ser julgados igualmente, sendo um nobre,
membro do clero ou camponês.
Era também um propagandista de ideias liberais, individualismo, liberdade de
expressão e direitos iguais, critico da igreja como instituição de poder, não era
ateu, e sim deísta, ou seja, acreditava que Deus era presente na natureza e no
homem, e não que Deus era uma entidade cósmica super poderosa, desse
modo, o percurso para que o homem entrasse em contato com Deus era por
meio da razão e da sabedoria.
Em 1744, retornou para Paris, onde foi eleito para a Academia Francesa, além
de ter sido introduzido na corte, onde permaneceu por poucos anos, até que
em 1749 foi convidado por Frederico II da Prússia para integrar a corte de
Potsdam. Lá ficou até 1753, quando se desentendeu com o rei devido aos seus
ideais radicais, voltando para frança onde permaneceu até 1778, quando
faleceu no dia 30 de maio, em Paris. Podemos destacar algumas frases do
pensador para conseguir compreendermos melhor seus ideais como:
• Todo homem é culpado do bem que não fez.
• Todas as grandezas do mundo não valem um bom amigo.
• O mais competente não discute, domina a sua ciência e cala-se.
• O trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade.
• É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um
inocente.

REVOLUÇÃO FRANCESA
Até o século XVIII, a frança estava sob os domínios de um modelo absolutista
de governo, onde o até então rei francês Luís XIV, personificava o próprio
estado, e tinham os poderes de estado totalmente sob seu controle, de modo
em que o legislativo, executivo e judiciário, não eram divididos entre instituições
internas, e sim centralizadas no rei. Dito isso, é possível dizer que os franceses
não eram cidadãos de um estado democrático constitucional, como
conhecemos boa parte dos estados ocidentais modernos.
Na estrutura de poder absolutista, tínhamos algumas camadas, onde um seleto
grupo de pessoas podiam aconselhar ou opinar em decisões reais, entretanto,
é claro que não tinham poder para impedir ou mudar aquilo que vinha como a
palavra do monarca. Nessa estrutura podemos destacar:
• Primeiro Estado: era representado pelos bispos do Alto Clero;
• Segundo Estado: tinha como representantes a nobreza, ou a aristocracia
francesa – que desempenhava funções militares (nobreza de espada) ou
funções jurídicas (nobreza de toga);
• Terceiro Estado: por sua vez, era representado pela burguesia, que se dividia
entre membros do Baixo Clero, comerciantes, banqueiros, empresários, os
sans-cullotes (“sem calções”), trabalhadores urbanos e os camponeses,
totalizando cerca de 97% da população.
Vale ressaltar, que embora a nobreza e o alto clero estivessem mais próximos
do monarca, os mesmos não tinham autoridade alguma, apenas relações de
interesse comercial ou religioso. Ao longo da segunda metade do século XVIII,
a França se envolveu em vários conflitos como A Guerra dos sete anos (1756-
1763) contra a Inglaterra, e a Guerra da Independência em 1776 dando auxílio
aos Estados Unidos para a independência do país, e mesmo com a sua
monarquia sendo extremamente custosa e não renunciar a uma vida repleta de
luxo e regalias, financiaram com doses cavalares de dinheiro os Estados
Unidos com o intuito de desestabilizar seu oponente, a Inglaterra. O resultado
dessa atmosfera foi:
1) uma crise no campo, em razão das péssimas colheitas das décadas de 1770
e 1780, o que gerou uma inflação 62%; e
2) uma crise financeira, derivada da dívida pública que se acumulava,
sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de
investimento no setor industrial.
Os membros do Terceiro Estado (muitos deles influenciados pelo pensamento
iluminista e pelos panfletos que propagavam as ideias de liberdade e
igualdade, disseminados entre a população) passaram a ser os mais afetados
pela crise.
Já no fim da década de 1780, a burguesia, os trabalhadores urbanos e
camponeses, começaram a exigir soluções para a grande crise que assolava a
França, onde em determinados locais já era comum que se faltasse pão e
insumos básicos para a vida, surgindo um movimento que lutava por direitos da
população, de modo em que em julho de 1788 foi convocado uma reunião para
deliberação de assuntos relacionados à situação política da França, onde
membros do terceiro estado e do clero se juntaram à nobreza para discutir
sobre os interesses relacionados ao rei.
Após quase um ano de discussões a respeito dos rumos que a França iria
tomar, em 1789 foi convocado uma assembleia, onde representantes de
estados se uniram para criar um projeto, mas entenda representantes apenas
os membros da nobreza e do clero, fato que gerou extremo desconforto na
população comum, como burgueses e trabalhadores. A indignação não ficou
somente no campo do sentimento, e no dia 10 de junho, a burguesia, liderando
o terceiro estado, propuseram a formulação de uma nova Constituição para a
França, mas a proposta não foi somente recusada, mas totalmente ignorada
pelo rei e clero, que no dia 17 de junho se reuniram para iniciar um levante
popular, a partir da união entre burguesia, camponeses e trabalhadores.
É aqui que a primeira causa da Revolução Ganhou força, a insatisfação com os
privilégios da monarquia e do clero, que continuavam a gastar incansavelmente
mesmo com o país em crise, que no que lhe concerne, passava pelo rigoroso
inverno de 1788 e 1789, quando as colheitas foram fracas devido ao frio, e os
alimentos começaram a ficar escassos, algo que até então nunca havia
acontecido com tal intensidade, e os gastos reais eram bancados justamente
pelos altos impostos pagos pelos camponeses e povo comum, impostos esses,
que não abaixavam, muito pelo contrário. Em meio a esse caos, no dia 14 de
julho de 1789 iniciava-se de fato a chamada Revolução Francesa, quando a
massa de populares sem nenhum apoio ou amparo do estado se viu isolada,
se juntando para a tentativa que representava o único modo de serem ouvidas:
tomando o poder a força, e o primeiro ponto foi tomar a Bastilha, prisão símbolo
do Antigo Regime.
O estado por sua vez não teve poder de reação, pois dias antes, o povo havia
tomado armas e pólvora do governo, tomando as ruas e centros públicos não
somente com foices e martelos, mas também com artilharia, culminando na
Queda da Bastilha e estendendo-se por dez anos a fio, sendo somente
encerrada quando Napoleão assumiu o poder do país por meio do golpe de 18
de Brumário. Os ideais dos revolucionários eram inspirados no iluminismo,
sendo a liberdade e o constitucionalismo suas principais ideias, além de
obrigarem a separação da igreja com o estado.
A revolução alcançou o poder após sangrentas batalhas, e um dos primeiros
atos da mesma foi elaborar uma Assembléia Constituinte para dar inicio a nova
fase da revolução, que deixou de ser parcialmente no campo bélico e passou a
se dar no campo ideológico, como define o historiador Eric Hobsbawm:
Economicamente as perspectivas da Assembleia Constituinte eram
inteiramente liberais: sua política em relação aos camponeses era o cerco das
terras comuns e o incentivo aos empresários rurais; para a classe trabalhadora,
a interdição dos sindicatos; para os pequenos artesãos, a abolição dos grêmios
e corporações […]. A Constituição de 1791 rechaçou a democracia excessiva
através de um sistema de monarquia constitucional baseada em um direito de
voto censitário dos “cidadãos ativos” reconhecidamente bastante amplo..
A partir de 1791, a França passou a esboçar aquilo que seria seu modo de
governo por alguns meses, a Monarquia Constitucional, que durou de 1791 a
1792, tendo sido criada a partir de termos aceitados na Assembleia como a
igualdade de todos perante a lei, voto censitário, fim do dízimo e a constituição
civil do clero. Foi nesse momento em que a ala mais radical da revolução,
chamados Jacobinos (os revolucionários que se sentavam à esquerda, se
opondo aos girondinos que ficavam à direita) passou a defender uma
ampliação da perspectiva revolucionaria, e não aceitaria se submeter às
decisões da burguesia, que passou a se articular com nobres e clero ao chegar
ao poder, a proposta jacobina era simples, acabar com a nobreza e instituir
uma república revolucionaria, sem nenhum resquício de monarquia.
Nesse ponto, o rei já sabia dos possíveis rumos que a revolução tomaria, e
passou a articular um levante contrarrevolucionário com o apoio da Áustria e
Prússia. Em 1792, os austríacos invadiram a França, declarando guerra contra
a revolução, e assim que a população parisiense ficou sabendo dos planos do
rei, invadiram então o palácio de Tulleries, prendendo o rei e sua família, e
posteriormente, sendo levados a morte por guilhotina em 1793, dando fim a
monarquia constitucional. Com isso, houve também a dissolução da
Assembleia Constituinte, e os jacobinos iniciaram outra parte da revolução,
conhecida como Fase do Terror, marcada por centenas de condenações à
guilhotina todas as semanas, de pessoa parte da nobreza, apoiadores da
monarquia, membros do alto clero entre outros que desagradavam à opinião
revolucionária.
Nesse momento surgem figuras como Robespierre, Saint-just e Danton, como
lideres do movimento jacobino, e também a Áustria e Prússia intensificam os
ataques contra a frança, de modo a impedir que a revolução se espalhasse. No
processo nasce também o Exército Nacional Francês, que pela primeira vez
não era composto de mercenários ou aristocratas, e sim, pelo povo que se via
como uma nação. Mas como era de se esperar, a falta de organização jacobina
no poder e os milhares de mortes por execução se transformaram rapidamente
em um problema, a economia passou a ir de mal à pior, seus vizinhos se
recusavam a comercializar com os revolucionários radicais, e um novo plano
teve de entrar em ação para tentar organizar os rumos que a revolução havia
tomado.
Em 1795 o órgão chamado de Diretório, formado em sua maior parte por
burgueses que queriam reorganizar a economia francesa e, em simultâneo,
não eram a favor do retorno da monarquia. Um dos mais jovens generais
envolvidos na revolução, era Napoleão Bonaparte, que tinha apoio da
burguesia e, ao mesmo tempo, a admiração do povo comum, e ao se deparar
com o cenário repleto de caos e conspirações no diretório, deu o Golpe de 18
de Brumário, reivindicando o poder da França para acabar com a crise que
assolava a população, e reerguer a economia francesa. Acabava então o
período da revolução francesa, se iniciando o Período Napoleônico.

O ABSOLUTISMO FRANCÊS
O Absolutismo foi um fenômeno político que teve como palco de sua ascensão
a Europa, como ponto de partida a emergência de um Estado Moderno e
desenvolvido, causado em grande parte por conflitos comerciais entre os
séculos XVI e XVIII. Dentre os mais importantes momentos desse período,
encontramos a formação do Absolutismo Francês, que mais tarde, seria um
dos principais motivos para um dos eventos mais importantes da história
humana, a Revolução Francesa. Mas devemos contextualizar o assunto, e
retrocedermos até chegar no Rei Luís XIV (1643-1715) conhecido como Rei
Sol, que caracterizou a centralização de poder em sua pessoa, sendo o
mesmo, a representação do próprio estado.
A França antes de Luís XIV, passava por conturbados momentos de revoltas,
crises e conflitos internos causados por diversos fatores, como um atraso por
parte do comércio marítimo em comparação à vizinhos próximos como
Inglaterra e Portugal, também era o apogeu dos conflitos entre católicos e
protestantes, com o surgimento recente do luteranismo e mais recente ainda o
Calvinismo, diversas monarquias que tinham sua moral ligada à alguma dessas
religiões acabavam por perseguir seus ‘’oponentes’’ morais, havendo uma
gama de vários reinos e estados que cada vez mais rompiam com a igreja,
separando-se de vez do poder religioso para conseguir governar com mais
abrangência.
A figura central para que o absolutismo imergisse no estado Francês foi o
Cardeal Richelieu (1585-1642) que era primeiro-ministro do rei Luís XIII, e era
um teórico de poder, que relacionava estados de sucesso ao decorrer da
história com o método absolutista de se governar, idealizando um modelo onde
aquele que tomasse o trono não tivesse contratempos na hora de tomar
decisões de estado. Richelieu preparou o terreno para essa centralização de
poder drenando a influência da nobreza nas decisões políticas e
administrativas, elaborando leis que tinham controle exclusivo do rei, o mesmo
denominou esse processo de ‘’razão de estado’’. Poucos anos depois, Jacques
Bossuet (1627-1704), um teólogo apoiador do absolutismo criou uma obra
intitulada de ‘’Política tirada das Sagradas Escrituras’’, nela, o autor aponta que
a tradição católica estabelecida por alguns santos da igreja como Santo
Agostinho, demonstrava que a autoridade real deveria ser considerada
sagrada, dotado do direito divino, só devendo obediência a Deus, essa obra
teve um grande admirador, o rei Luís XIV.
Para exemplificar a afirmação do poder absoluto do monarca Frances, o
historiador Antônio Lopes cita no trecho de seu livro: “O Estado absolutista
francês instalou-se no topo de uma complexa pirâmide de hierarquias sociais.
Se em sua "política externa" não admitia nenhuma potência acima de si
mesmo, no interior do reino sufocou qualquer discurso que fosse desfavorável
à propaganda monárquica, que foi estendida até aos campos de batalha. A lei
da mordaça imposta pelos príncipes absolutistas à História, que se tornou uma
"arte", foi muito criticada por autores setecentistas.” (Lopes, Marcos Antônio.
(2008). Ars Historica no Antigo Regime: a História antes da Historiografia. Varia
Historia, 24(40).p 653.)
Como sabemos hoje, a tentativa de controle total da população sob regime de
um rei absoluto não deu certo em vários momentos da história, e no caso da
frança em específico, gerou consequências que culminaram na famosa
revolução francesa, a qual mudou não somente a história francesa, mas
mundial.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram do
século XVII e XIX, com foco principal na Europa. A particularidade desse
período foi que essa revolução não teve como principio conflitos bélicos ou algo
no âmbito, algo comum nas revoluções ao longo da humanidade, e sim, ter seu
alvo em transformações econômicas, dando origem às famosas indústrias,
substituindo cada vez mais o trabalho artesanal pelo trabalho assalariado
industrial. Vale destacar que até o início do século XVII a maior parte da
Europa ainda residia nos campos, e grande parte do trabalho era feito a partir
do meio agrícola ou da pecuária, e de modo artesanal, a maioria das pessoas
produzia e vendiam aquilo que cultivavam, além de muitas vezes usar para o
próprio consumo.
Apesar de o trabalho artesanal ser predominante, nessa época surgiam em
países como França e Inglaterra as manufaturas, que eram locais grandes
onde diversos camponeses ou artesãos se reuniam para trabalhar sob o
comando de um proprietário. As manufaturas eram algo que estava se
popularizando naquela época, devido ao grande aumento de lucro obtido
quando diversas pessoas se reuniam para trabalhar no mesmo local,
aumentando também a produtividade da mão de obra. Os países citados
(França e Inglaterra) tinham algo em comum que facilitava esse
desenvolvimento comercial, que era uma rica burguesia e rotas marítimas sob
seus domínios, que os davam privilegio em comércios ultramarinos e não
dificultava seu financiamento, pois pessoas abastadas para erguer estes
mercados tinham o interesse.
O trabalho passou a sofrer grande alteração, embora na idade média ter um
trabalhador assalariado não fosse algo comum, e comércios e produções
feudais eram feitos a partir de escravos ou pessoas que trocavam a mão de
obra por comida/residência, com o ascender comercial europeu, os
empresários passaram a ver uma vantagem em remunerar seus trabalhadores,
e inicialmente, isso era feito de modo precário, onde na maioria das ocasiões, a
jornada média de trabalho era de 15 horas ao dia, e o salário suficiente apenas
para comprar o básico para sobrevivência, por esse motivo, muitas vezes
famílias inteiras tinham de trabalhar, contando mulheres grávidas e crianças. O
que era para ser uma evolução para a população média, já que passariam a
receber para trabalhar, passou a ser um regresso, pois a jornada de trabalho
aumentava enquanto as condições de vida ficavam estáticas no tempo.
Diante as péssimas condições de trabalho, algumas revoltas passaram a
acontecer, e alguns movimentos se iniciaram. Por exemplo, o movimento que
tinha como principal objetivo danificar o maquinário onde manuseavam, esses
ficaram conhecidos como ‘’os quebradores de máquinas’’. Enquanto alguns
buscavam dar prejuízos aos empresários como forma de ‘’mandar um recado’’
outros buscavam a criação de leis trabalhistas, nesse momento, se iniciaram os
primeiros agrupamentos de trabalhadores que mais tarde originariam os
sindicatos, onde o principal objetivo era reivindicar melhorias no trabalho, como
redução da jornada, aumentos salariais e fim do trabalho infantil.
A primeira etapa de Revolução industrial foi entre 1760 e 1860, onde a maioria
das transformações ficara limitada na Inglaterra, com o aparecimento de
indústrias de fabricação de tecidos, com o uso do tear mecânico. Vale
ressaltar, que foi no mesmo período onde as maquinas a vapor passaram a
exercer importância nas recentes indústrias, por facilitar o processo de
fabricação em grande escala. A segunda etapa da revolução aconteceu entre
1860 e 1900, onde países como Alemanha, França e Rússia se
industrializaram, e passaram a utilizar da energia elétrica e combustíveis
fosseis para produzir maquinários, e a terceira fase é considerada recente,
entre os séculos XX e XXI, com o advento dos computadores, fax, engenharia
genética, etc.
A primeira parte da Revolução Industrial mudou completamente a rota do
mundo moderno, com a criação de grandes indústrias, trabalho em massa,
trabalhos assalariados e um novo modo de vida baseado na produção em larga
escala. Foi a partir desse período que países como o ainda jovem Estados
Unidos, a Inglaterra, Alemanha dentre outros, passaram a ficar muito a frente
de seus vizinhos no que se diz respeito a economia, se transformando
definitivamente em grandes potências mundiais.

JOHN LOCKE
O fim da idade média e início da idade moderna foram marcados por diversos
acontecimentos, como a origem de novas classes sociais e políticas, modos de
governar e ideologias até então não nominadas ou conhecidas. Um desses
exemplos é o Iluminismo, que surge como um pensamento que reforçava o
direito do indivíduo e era contra repressões por parte do estado e da religião,
um dos mais famosos filósofos de tal ideologia John Locke, que não somente
deu forças ao iluminismo, mas também ao empirismo (o conhecimento através
da experiência) e do liberalismo.
Nascido em Somerset, na Inglaterra em 29 de agosto de 1632, Locke era filho
de advogado e capitão da cavalaria parlamentar, sendo considera uma pessoa
que tinha um alto padrão de vida para época. Com somente 14 anos, ingressou
na Wrstminster em Londres, de modo em que nos próximos anos passou
estudando nos melhores colégios ingleses como no Christ Church College e
em seguida na Universidade de Oxford, formando-se em 1656, e dois anos
depois iniciando seu mestrado. Em 1660 foi nomeado professor da instituição,
lecionando grego antigo e retórica, nesse período, continuou a estudar
matérias como a filosofia racionalista de Descartes, sendo nesse momento que
se torna secretario de Lord Ashley Cooper, chanceler da Inglaterra, onde
desenvolve seu ideal Liberal e trabalhar seu ponto de vista em discussões
filosóficas e políticas.
Passando toda sua vida adulta em cargos relacionados ou ao estado, ou a
academia, foi oponente ferrenho do Absolutismo monárquico da Inglaterra,
perseguido em 1683 pelo seu ideal que mais tarde foram denominados como
iluministas, defendendo o individualismo e direitos naturais, se refugiando nos
Países Baixos por cinco anos. Como sabemos, em 1689 teve fim o evento
conhecido como Revolução Gloriosa, onde Guilherme de Orange foi coroado, e
aceitou a chamada ‘’Declaração dos Direitos’’ apresentado pelo parlamento
como meio de não deixar o absolutismo emergir novamente, essa monarquia
constitucional teve a participação direta de Locke em seu desenvolvimento.
O Ideal teórico político de Locke, defendia que a monarquia deveria ser
Constitucional, onde os indivíduos que estivessem sob seu domínio deveriam
ter direitos tanto quanto teria suas obrigações, sendo considerado um
precursor da democracia liberal, dando ênfase em discussões como a
tolerância de visões distintas, como a religiosidade e ideologias políticas, tendo
desenvolvido a maioria de suas ideias entre 1682 e 1688 quando estava
exilado na Holanda. Em 1690 escreveu o ‘’Segundo Tratado Sobre o Governo
Civil’’ onde apresenta princípios de divisão de poderes no estado entre poder
Legislativo, Executivo e Judiciário.
Ainda na Holanda, escreveu também ‘’Cartas Sobre a Tolerância’’ onde
defende o debate de ideias sem o extremismo, dando também embasamento
na defesa da separação total entre igreja e estado, onde o estado deveria estar
encarregado de defender a vida, liberdade e propriedade de seus cidadãos.
Hoje pensamos que a ideia de igreja e estado estar separados é algo comum,
mas em sua época era considerado revolucionário. Locke faleceu em High
Lavre, na Inglaterra em 28 de outubro de 1704.
Algumas frases marcantes do Filósofo são:
• O que te preocupa, te escraviza.
• Onde não tem lei, não tem liberdade.
• É preciso metade do tempo para usar a outra.
• A felicidade é uma condição da mente e não das circunstâncias.
• Nossas ações são as melhores interpretações de nossos pensamentos.
• A necessidade de procurar a verdadeira felicidade é o fundamento da nossa
liberdade.
ILUMINISMO
Sabemos que durante a maioria da idade moderna, a Europa sofreu com
dezenas de governos absolutistas, que seguiam um estilo de pensamento
voltado para centralização de poderes e decisões estadistas nas mãos de um
único homem, o rei. Nesse período, por volta do século XVIII, alguns
pensadores e filósofos se uniram para criar um modo de observar o mundo,
fazendo mobilizações que pautavam renovação política para a Europa.
Esse novo pensamento, tinha como principio alguns pontos que já eram
discutidos desde a antiguidade, mas tinham se perdido no meio do caminho,
deixando o estado livre para agir como bem entendesse, esses pontos eram a
sistemática busca pela felicidade do povo, da justiça, liberdade e igualdade.
Desse modo, no início do movimento, os iluministas buscavam denunciar
injustiças religiosas e também por parte da nobreza, contra o estado absolutista
e suas regalias.
Segundo à visão desses pensadores, o homem tinha o direito natural à
felicidade e liberdade, esse direito estava sendo gradualmente drenado por um
estado que não considerava nada além do acúmulo de capital e poder de seus
domínios, deixando a população como apenas peões para alcançar seus
objetivos. Assim, nasceu a observação de que o estado tinha que ter o objetivo
primário de melhorar as condições de vida para aqueles que viviam em
sociedades, passando a buscar argumentos lógicos para que tal ponto de vista
fosse considerado, usando até mesmo a própria existência humana como
justificativa.
Tendo a base para o debate muito bem preparada, os pensadores iluministas
elegem a razão como principal instrumento para seus debates, no entanto,
encontrando grande dificuldade inicial para promover suas idéias, já que o
estado e a igreja fazia questão de boicotar ou perseguir boa parte dos
pensadores. A população também demorou para conseguir filtrar as
informações propagadas pelos idealizadores, já que a religião ainda era algo
levado bastante em conta para justificar atitudes absolutistas, encontrando
apoio nos religiosos, mesmo que os mesmos fossem constantemente
prejudicados.
Inspirados pelas leis elaboradas nas ciências naturais, os iluministas também
defendiam a existência de verdades. O homem, em seu estado originário,
possuía um conjunto de valores que fazia dele naturalmente afeito à bondade e
igualdade. Seriam as falhas cometidas no desenvolvimento das sociedades
que teria afastado o indivíduo destas suas características originais. Por isso,
instituições políticas preocupadas com a liberdade deveriam dar lugar às
injustiças promovidas pelo Estado Absolutista.
Por estas noções, fazia-se que uma visão mais positiva sobre o mundo viesse
a tona, tendo como principal oponente aqueles que a tentavam destruir, os
direitos naturais davam apoio para a diversidade de ideias, respeito e o debate
humano, algo fora de cogitação em governos absolutistas. Esse pensamento
moveu diversas revoluções em seu período, colocando fim a regimes
autoritários e instalando democracias ou governos de caráter liberal. Mas vale
ressaltar, que a Revolução Francesa foi fruto de ideais iluministas, mas acabou
indo de encontro com aquilo que mais buscava destruir, na chamada era do
terror, sendo o próprio Napoleão uma espécie de filho pródigo da Revolução
Francesa e do iluminismo ‘’mal praticado’’.
Destacam-se nesse movimento pensadores como John Locke, Voltaire e
Rousseau, e algumas frases desses sobre seu pensamento e modo de
entender o mundo são:
‘’Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos
os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta
ninguém tem qualquer direito, exceto ela.’’
-John Locke, a respeito do direito natural do Homem, que não pode ser negado
por ninguém além de si mesmo.
‘’Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.’’
-Voltaire, a respeito de propor que o homem é falho, logo, a centralização do
poder na mão do homem, poderia ser maléfico para sociedade.
‘’O povo, por ele próprio, quer sempre o bem, mas, por ele próprio, nem
sempre o conhece.’’
-Jean-Jacques Rousseau, sobre a dificuldade de fazer o povo entender que o
os deveres e responsabilidades deviam ser mútuos.

MAQUIAVEL
Nicolau Maquiavel é um nome que causou durante muito tempo um misto de
sensações em quem acompanhava sua obra, embora seja considerado um
pensador sobre assuntos que envolvam dinâmicas de poder, também foi
escritor de poemas e comedias. Sua personalidade é pouca conhecida, mas
relatos escritos de amigos de Maquiavel, de modo frequente o descrevia como
um homem irônico e bem-humorado, diferentemente da maior parte dos
assuntos que o rodeia. Não elaborou teorias políticas profundas, mas fez
explanações sobre o absolutismo e como o modo de governo deveria ser
gerido com punhos de aço.
Niccolò di Bernardo dei Machiavelli viveu durante a ascensão do renascimento
italiano. Nasceu em 1469 na frança, de uma família que tinha boa condição
financeira, e embora não fosse necessariamente um burguês de origem, atuou
como secretario de serviços externos, cargo equivalente a um diplomata nos
dias de hoje, e teve nesse momento de sua vida contato com pessoas
importantes da nobreza e burguesia, mantendo boa relação com às duas
classes.
Sempre se dedicou aos estudos, e o conturbado momento do local onde viveu
levou a Maquiavel ser indicado a serviço da República, quando já estava com
quase 30 anos de idade.
Após boa passagem em cargos expressivos de estado, em 1498 é nomeado
secretario pelo grande concelho, onde passa a ter importantes missões
diplomáticas devido ao seu elevado nível de conhecimento na área, e teve seu
grande feito em 1505, quando um conflito contra a cidade de Pisa estava
acontecendo, e a falta de um exército nacional fazia com que grande parte da
verba da cidade fosse para mercenários que lutavam pela cidade em troca de
dinheiro ou favores, ao meio do conflito, Maquiavel não somente apaziguou o
conflito, mas convenceu a cidade a investir sua verba para criação de um
exército fixo. A resolução desse conflito passou diretamente pelas suas mãos.
Em 1512 os Médici, rivais dos políticos que Maquiavel apoiava, e em 1513,
Nicolau Maquiavel foi envolvido em uma conspiração, sendo aprisionado em
uma cela próxima a onde costumava a trabalhar, e torturado. É liberado
algumas semanas depois, mas decide deixar Florença e se mudar para
Sant’Andrea, em Percussina. A perda de seu cargo juntamente aos
julgamentos injustos que sofrerá o deixou desanimado, mas o deu tempo para
escrever sobre suas reflexões políticas, seu longo tempo trabalhando em
relações de poder o deu grande escopo de ideias, onde o mesmo passou a
traçar alguns ideias que em seu ponto de vista, deveria ser seguido para
manutenção da paz e ordem.
Após lançar alguns livros, ganhou novamente certa notoriedade, retomando
trabalhos no estado, e realizando até mesmo algumas obras sob encomenda
de Júlio de Médici, o qual Maquiavel não tinha nenhum tipo de admiração, mas
realizou a encomenda, a História de Florença, concluída em cinco anos.
Mesmo com a queda dos Médici em 1527 e o retorno da república, continuou
trabalhando na elaboração de obras e reflexões que dessa vez sim, sobre
teorias de poder e a história regional de seu país. O filosofo e teórico político
faleceu em 1527, deixando duas obras para ser lançadas de modo póstumo
que foram o príncipe e discurso sobre a primeira década de Tito Lívio,
publicadas em 1531 e 1532 respectivamente.
Embora fosse um funcionário publico, diplomata de sucesso e uma pessoa
considerada bem humorada, não ficou conhecido por ser necessariamente
democrática, pelo contrário, como Florença era um antro de disputas políticas,
traições e absolutismo, Maquiavel foi um fruto de seu tempo, e em seus ideais
podemos destacar:
• Virtu e fortuna: é melhor ter a virtu do que contar apenas com a fortuna, isto é,
é melhor ter uma capacidade de provisão, uma força e, em alguma tradução,
até a virtude, do que contar apenas com a sorte. Virtu é toda a característica de
bom preparo do governante. Ter a boa sorte é bom, mas aquele que tem a boa
sorte, e está preparado para a sorte ruim, permanece no poder.
• Os fins justificam os meios: Maquiavel não disse essa frase, mas ela foi
atribuída à sua obra por estar alinhada com o seu pensamento. Um bom
governante, para manter o governo e a ordem social, precisa tomar medias
impopulares e até cruéis às vezes. Em nome da ordem, essas medidas são
justificáveis.
• Ser amado é bom, mas é preferível ser temido: o temor impede a revolta. O
amor é inconstante, e a confiança do amor permite a revolta. Não é de todo
ruim ter algum amor do povo, mas é melhor ser temido, pois o que teme não se
levanta contra.
• Ações populares e ações impopulares: as ações populares, aquelas que
agradam ao povo, que são boas para o povo, devem ser feitas lentamente. As
ações impopulares devem ser feitas de uma vez. Essa tática visa a manter a
popularidade do governante. Ele sempre será lembrado como bom, caso venha
de tempos em tempos soltando parte do resultado de sua ação popular, e será
rechaçado por um tempo (mas logo cairá no ostracismo), se tomar uma medida
impopular de uma vez.
Podemos destacar algumas frases de Maquiavel :
• “Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que
quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se
rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas;
mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.”
• “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para
os homens que tem à sua volta.”
• “Tornamo-nos odiados tanto fazendo o bem como fazendo o mal.”
• “Nunca foi sensata a decisão de causar desespero nos homens, pois quem
não espera o bem não teme o mal.”

A ASCENSÃO DO ABSOLUTISMO
O Absolutismo foi durante um longo período a principal forma de governo em
países da Europa, mais especificamente ente os séculos XVI e XIX, onde a
teoria de governo seguida era baseada no controle total do rei sob toda a
nação. Vale ressaltar que embora o sistema de governo baseado na existência
de um Rei já era bastante comum há muito tempo, entretanto, no período
medieval se defendia uma maior fragmentação desse poder em outras
instituições, enquanto no período moderno durante o Absolutismo, o rei era a
figura central sem competições de poder, dependendo da pratica que ficou
conhecido como Vassalagem, na qual a troca de favores entre rei, nobres e
burgueses garantiam o poder e influência real.
Como já citado antes, as nações modernas europeias acompanharam de perto
o desenvolvimento e apogeu da classe burguesa, classe essa que nos últimos
séculos de idade media e primeiros anos de idade moderna passou a ter
relevância social e política, já que era basicamente essa classe que movia a
economia na onde estava inserida, produzindo e comercializando os mais
diferentes ativos.
Nessa perspectiva, o estado como uma instituição que gerasse riqueza foi
perdendo seu sentido, e então o mesmo passa a apenas administrar os
impostos provenientes da produção de riqueza feita por sua população, e
nesse contexto, para a burguesia um país descentralizado e com poder
fragmentado passou a ser de extremo incomodo, pois tinham de ter permissões
para comercializar em diferentes regiões, pagando diferentes impostos e as
vezes até mesmo tendo de fazer troca de moedas, já que em algumas
províncias as moedas eram diferentes.
Foi nesse ponto onde o caminho das duas classes se cruzaram, a nobreza via
com bons olhos a concentração de poder no monarca, que poderia garantir o
controle de suas terras e manutenção de suas riquezas sem nenhuma espécie
de conselho que tivesse autoridade suficiente para o contradizer, sendo assim,
com forte apoio da classe burguesa, a concentração de poder no rei passou a
ser algo comum na Europa em seus primeiros anos da idade moderna. Com a
economia crescendo e se fortalecendo, o próximo passo foi garantir a
soberania da produção nacional, criando assim impostos alfandegários para
produtos importados, e o acumulo de capital da nobreza possibilitou a criação
de fortes exércitos com intuito de defender seus reinos.
Com a pratica, estava aberto na Europa uma nova era, a do absolutismo, com
reis que detinham influencia ilimitada para criação de leis e impostos que bem
entendesse, mas é claro, desde que fosse de encontro com as pessoas que
realmente financiavam aquele modo de governo, a burguesia. Alguns
intelectuais nobres surgiram e discorreram sobre o tema, tais como Nicolau
Maquiavel, Thomas Hobbes, Jean Bodin dentre outros, que ressaltavam a
importância do absolutismo e ainda traçava diretrizes para ser seguidas por um
rei que quisesse ter sucesso em seu governo, muitas vezes dando foco em
decisões tirânicas. O absolutismo só começa a declinar a partir do século XVIII
com o nascimento do iluminismo.

A ESCRAVIDÃO E O MERCADO MUNDIAL


Quando falamos de escravidão, não estamos discutindo exatamente uma
pratica que é ou foi uma novidade com as colonizações da América, pois o
modo de trabalho baseado em mão de obra não remunerada e involuntária já
se enquadra como Escravidão, e podemos observar tal tipo de relação a
milênios a fio na humanidade, desde os povos da antiguidade que usavam de
conquistas para escravizar populações inteiras, passando por tribos
germânicas, império romano e etc. a escravidão sempre foi, infelizmente, algo
comum ao decorrer da historia humana.
Tendo dito essa breve explicação, podemos dizer que houve algum tempo
onde a escravidão tenha sido algo incomum em aspectos de naturalidade ? sim
!, com o apogeu do período moderno, dá-se origem também a novas praticas
de mercado, e com a descoberta aos olhos europeus de grandes terras na
America, a mão de obra voluntaria não conseguiria suprir a necessidade de
acumular o Maximo de capital possível e transformar grandes faixas de terras
em territórios estratégicos para grandes nações e reinos, como Portugal,
Espanha, Inglaterra etc, e qual então seria o meio mais viável para essas
grandes potências conseguirem mão de obra fácil ? a compra de escravos.
É aqui que conseguimos distinguir com uma observação mais cuidadosa as
diferenças entre a escravidão praticada na antiguidade (Grécia, Roma e Egito
por exemplo), para a escravidão praticada no mundo moderno. Os escravos
antigos acabavam com o titulo geralmente após serem conquistados por algum
reino invasor, que ao invés de aniquilar a população do local conquistado, os
aprisionavam e faziam de serviçais, em alguns casos possuindo até certo nível
de liberdade, em outros sendo mantido totalmente em cárcere. Já no mundo
moderno, a escravidão vinha através de negociações com regiões mais pobres,
onde diversas pessoas com condições de vida extremamente precárias ou que
eram subordinadas a um líder, eram comercializadas com nações mais ricas, a
fim que aquela pessoa que era vendida não era mais uma pessoa, e sim um
produto.
Nesse ponto percebemos a principal diferença, enquanto em determinado
período da humanidade as pessoas adquiriam escravos pensando em
trabalhos domésticos ou serviços pessoais, a fim de garantir uma espécie de
empregado não remunerado para que o mesmo cuidasse de sua casa,
comercio, produção ou segurança, no período moderno os escravos eram
objetos comprados para fornecer Mão de obra e depois serem descartados,
visando somente o lucro daquele em que o comprou. Um grande exemplo
disso são países como EUA e Brasil, cujo a formação social e cultural possui
uma grande quantidade de influência de raízes africanas, mesmo que os
nativos sejam indígenas e os colonizadores europeus, a quantidade de
pessoas que vinham para trabalhar até a exaustão para gerar lucro aos
colonizadores eram em sua maior parte, de regiões pobres da áfrica.
Em suma, a escravidão moderna era baseada no lucro e acumulo de capital de
burgueses ou de coroas, enquanto a escravidão antiga tinha um caráter
doméstico. A associação desse modo de comercio voltado para humanos
tratados como objeto, coincide com o inicio do capitalismo, onde principalmente
o mesmo em sua forma mais densa e primitiva, buscava a todo custo o lucro
sem ter em mente relações de cunho moral ou ético, tudo valia desde que a
riqueza começasse a aparecer.
Essa pratica durou por séculos a fio, e se engana quem pensa que seu fim se
deu por humanismo ou algo do tipo, aqueles que eram contra moralmente à
escravidão eram silenciados a todo custo, e podemos dizer que um dos
principais fatores para que algumas potencias passassem a fazer pressão para
proibir a pratica foi o enfraquecimento de comercio interno de alguns países.
Um exemplo foi a Inglaterra, que principalmente a partir do século XVIII passou
a ter prejuízo interno devido a diminuição da necessidade de trabalhadores
ingleses remunerados, e o que a primeiro momento poderia não significar um
problema, passou a ser quando estas pessoas desempregadas devido a Mão
de obra escrava que trabalhava em seu lugar, deixou de consumir, e sem
consumo não existe razão para se produzir. Com o passar dos anos, outros
países começaram a ter o mesmo problema, e enquanto países orientais
cresciam exponencialmente em questões econômicos com muito pouco o
quase nada de trabalho escravo, o ocidente começou a entrar em crise.
Isso fez com que o modelo começasse a ser repensado, e a partir da segunda
metade do século XIX, os países europeus concordaram em dar um fim ao
comercio negreiro no oceano atlântico, acarretando na diminuição radical no
numero de escravos traficados. Como sabemos a pratica ainda continuou por
algum tempo por parte do Brasil, mas aos poucos foi acabando também, mas
não sem antes deixar sua mancha na historia. A mancha de que em
determinado período da nossa historia, homens, mulheres e crianças não eram
consideradas como humanos, simplesmente por ter uma cultura e cor de pele
diferente, ou uma condição de vida precária aos olhos do homem médio
europeu, e hoje as rotas de mercado e grandes países da America só existem
por conta da mão de obra de milhares de pessoas que morreram tendo vivido
uma vida curta, sofrida e triste.

A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA DO NORTE


Todos sabemos que no mundo moderno, uma nação de suma importância para
o entendimento dos eventos que vêm moldando nossa história nos últimos
séculos é o Estados Unidos, mas poucos conhecem sua história. Esse é um
breve resumo sobre como se inicia a exploração do território Norte Americano
e sob qual contexto.
O século XV marcou o inicio do desenvolvimento rápido e desenfreado das
navegações marítimas, em sua maior parte, pelos países europeus, que
buscavam além de novas terras, traçar rotas comerciais com outros grandes
centros econômicos. Os pioneiros nesse tipo de empreitada foram Portugal e
Espanha, que iniciaram um processo de colonização em terras americanas
pouco tempo após sua descoberta, e aquilo que no inicio era considerado
apenas uma nova região, se transformou em uma rica e prospera região para
serventia de interesses europeus, como extração de ouro e pedras preciosas,
plantio, pecuária e extração de madeira e insumos encontrados na região.
Com a noticia do sucesso português e espanhol em diversas regiões mais ao
sul e ao centro da então nomeada America, outros países começaram a ter
interesses econômicos no local, e um deles fora a Inglaterra. É claro que a
maior potencia do período não ficaria muito tempo de fora dessa nova forma de
se fazer dinheiro, e em meados do século XVI, os ingleses, com o objetivo de
conquistar novas terras, iniciaram grandes investimentos em políticas navais
com objetivo puramente mercantilista e expansionista para o acumulo de
capital do reino. Foi nesse ponto onde houve a fusão de interesses da
burguesia e da nobreza, que provocou a fundação das companhias de
comércio, movidas principalmente a partir do interesse do acumulo de capital,
comungados pela coroa e pela burguesia.
As primeiras tentativas ocorreram entre os anos 1584 e 1587, quando uma
expedição sob o controle de sir Walter Raleigh tentou a conquista da América
do Norte, sem a expectativa de que os nativos norte americanos eram
organizados e estavam preparados para possíveis conflitos, a expedição
fracassou, sendo derrotada. Em 1607 uma companhia de comércio financiada
com muito mais dinheiro retornou à região, que estava fragilizada pelo combate
de anos antes, além do fato de que dessa vez os ingleses sabiam o que
encontrariam, e o resultado foi a conquista do território, e a fundação da
Virgínia, sendo a primeira região dominada pelos ingleses na América.
O inicio desse longo processo foi a criação de uma produção local de tabaco,
produto altamente lucrativo na Europa, e com o sucesso obtido através do lucro
na região, uma expansão começou em outras regiões, onde produtos agrícolas
passaram a ser fabricados e locais mais afastados da Virgínia foram pouco a
pouco conquistados pelos ingleses, como foram as colônias da Geórgia,
Carolina do Norte e do Sul, Maryland e Daleware. Esses novos pontos de
comércio inglês passaram a expandir suas produções para além da agricultura,
abrangendo a garimpagem, pecuária dentre outros modos de extrair lucro das
regiões recém conquistadas.
As regiões com diferentes características passaram a ter um diferente
tratamento. Ao norte, por exemplo, as colônias de Nova Jersey, Nova York e
Massachusetts adotaram um modo de colonização que ficou conhecido como
Povoação, e por conta do clima ruim para cultivo de plantas na região, esses
locais foram explorados com o intuito de se morar, dando origem também a
localidades que possuíam certa independência da coroa inglesa, que não se
atraia por locais inviáveis para lucro. Nesses, os habitantes estabeleciam vilas
e começaram a comercializar entre si, e os colonos que iam até a região, eram
em sua maior parte refugiados religiosos que fugiam da Inglaterra devido a
perseguição que a igreja realizava contra os protestantes no período do século
XVI, fato que pode ser notado até hoje devido ao grande numero de
protestantes que habitam estes locais.
A colonização inglesa foi bastante diferente da Portuguesa e Espanhola, pois a
passo que Portugal e Espanha buscavam uma produção mercantilista com
intuito de retirar as riquezas da America e levar as mesmas para Europa, o
sucesso obtido ao norte da America do Norte passou servir de exemplo para o
restante das colônias britânicas, desenvolvendo meios de gerar economia
interna, concentrando rapidamente seus esforços no fortalecimento político
colonial, enquanto a America central e do sul tinha características que os
afastavam dessa independência. Outra questão a ser abordada, é a maior
violência empregada contra os nativos, enquanto as principalmente os
portugueses tentavam em determinados momentos alianças com indígenas
com o intuito de troca de favores ou até mesmo a exploração da Mão de obra,
os ingleses não tinham este interesse, e a imensa parte das tribos norte
americanas foram dizimadas pelos ingleses.

AMÉRICO VESPÚCIO
A ascensão da Europa passou diretamente pelas mãos de homens estudiosos
e esforçados, e nem sempre esses homens eram reis ou conquistadores, e
uma grande parte das vezes estes eram navegadores, acadêmicos ou
exploradores. Um desses exemplos foi Américo Vespúcio (1451-1512) um
mercador, navegador e cartógrafo italiano, que tem seu nome marcado na
historia européia de modo indiscutível pelos seus descobrimentos. Um exemplo
de sua importância, fora a homenagem em seu nome nas chamadas terras do
Novo Mundo, hoje conhecemos como América.
Américo nasceu em Florença, na Itália, em 9 de março de 1451, sendo o
terceiro filho de Anastácio Vespúcio e Isabel Mimi. Foi educado por seu tio
Jorge Antonio Vespúcio, tendo como foco em sua aprendizagem a abordagem
humanística, e após terminar seu ensino fundamental, foi para frança onde
estudou Geografia, Astronomia e Cosmologia. Foi nesse período em que
conheceu os Médici, importante família da região da Espanha, que contrataram
Américo para ser auxiliar do armador Juanoto Bernardi, e passou a ter contato
frequente com navegadores da região de Sevilha, na Espanha.
Em 1495, com a morte de Bernardi, Américo assumiu seu posto e se
transformou em gerente da filial especializada em abastecimento de navios, e
foi nesse período onde surgiu a oportunidade de alinhar seus pensamentos e
conhecimentos na área de geografia e cosmologia com os conquistadores
espanhóis que conhecia. Após alguns anos demonstrando conhecimento acima
da media na área marítima, em 18 de maio de 1499, Vespúcio partiu de Cádiz,
na expedição liderada por Alonso Hojeda, em uma frota de 4 navios tendo
como objetivo explorar as terras descobertas por Colombo.
Atravessaram o atlântico graças aos elevados conhecimentos de Vespúcio,
chegando até a atual Guiana Francesa, e após algumas desavenças Alonso e
Américo se separaram, dividindo as embarcações em dois navios para cada.
Hojeda seguiu à norte e Vespúcio ao sul, mapeando toda costa do Brasil,
descobrindo o estuário do rio Amazonas e o cabo de São Roque, onde inverteu
sua rota e chegou até a Venezuela. Os dois navegantes se reencontraram no
Haiti, e regressaram juntos à Espanha em 1500. Convencido de que teria
encontrado e percorrido a Península do extremo leste da Ásia, Américo
convenceu D. Manuel I de Portugal a financiar novas expedições ao local, para
encontrar passagens para os mares da China.
Na sua segunda viagem, a expedição que era comandada por Vespúcio e
Gonçalo Coelho em 1501, chegou ao cabo de Santo Agostinho em
Pernambuco, passando pela foz do São Francisco, Bahia de todos os Santos e
em outros locais que foram pouco a pouco nomeados com nome de santos de
cada dia de seus descobrimentos. No final do mesmo ano, avistou a baía de
Guanabara e ultrapassou o estuário do rio da Prata, sendo o primeiro
navegador a não somente alcançar mas também registrar e mapear a costa da
Patagônia. Em 1502 quando regressou a Portugal, se convenceu de que na
realidade não tinha percorrido a península asiática, devido ao seu tamanho ao
sul, mas sim, um novo continente.
Em 1505 regressou em Sevilha, foi nomeado piloto-mor da corte, recebendo
cidadania italiana e um grande prestigio dentro da população e estado.
O grande ponto para importância de Américo, é a riqueza de detalhamento de
suas expedições, onde varias cartas e diários de bordo foram feitos, e ao
contrario de outros grandes exploradores que descobriram e apenas passaram
seu conhecimento de modo oral, deixando seus registros escritos para
terceiros fazerem, Américo cuidou de cada palavra registrada em seus textos,
as cartas nomeadas como ‘’Quatuor Americi Navigationes’’ e ‘’Mundus Novus’’
são de suma importância não somente para história, mas geografia e
cartografia, Américo não foi o primeiro a chegar na America, mas o primeiro a
catalogá-la e também entender que se tratava de um continente.

BARTOLOMEU DIAS
Dos navegadores que mudaram o curso da historia humana, talvez o mais
injustiçado seja o português Bartolomeu Dias, e embora seja sim considerado
um grande nome da história, principalmente européia, acaba não dividindo o
pódio de importância com nomes como Vasco da Gama e Pedro Álvares
Cabral, embora devesse, por ter sido o primeiro europeu a cruzar o cabo da
Boa Esperança, no sul da África. Seu nome não é tão popular dentro de países
que foram colonizados por portugueses, mas dentro da cultura de Portugal e da
Europa é bastante lembrado, chegando até mesmo a figurar em obras de Luiz
de Camões e Fernando Pessoa.
Bartolomeu Dias nasceu em 1450, na cidade de Mirandela, em Portugal.
Estudou Astronomia e Matemática na universidade de Lisboa, e por mais que
não fosse de uma família rica, tinha uma boa condição de vida, que o
possibilitou chegar até o posto de administrador do Armazém da Guiné,
servindo também como escudeiro da Casa Real, até que seu irmão, Diogo
Dias, passou a desenvolver interesse pela navegação, tornando-se em um
grande navegador em pouco tempo, levando Bartolomeu a seguir seus passos
e desenvolvendo seus novos estudos na área marítima.
Após um bom tempo desenvolvendo suas habilidades e sendo considerado um
exímio estudioso e aplicado em testar seus estudos na pratica, Dom João II o
nomeou como capitão de uma esquadra marítima que tinha objetivo
estabelecer relações diplomáticas com Prestes João, um rei africano, para que
facilitasse na realização de rotas marítimas para as índias, em 1486. Sendo
assim, o agora capitão Bartolomeu Dias partiu de Lisboa em 1487 no comando
de três navios. Nessa empreitada, em 1488, acabou descobrindo e
catalogando o Cabo da Boa Esperança, e além disso, contornou o continente
Africano e chegou ao Oceano Índico.
A grande questão a respeito dessa empreitada, é de que não existem registros
oficiais ou registros de bordo de Bartolomeu que provem sua façanha, e tudo
que sabemos chegou através de crônicas escritas por João de Barros e dos
discursos que o mesmo fazia. Registros oficiais sobre o contorno da áfrica e
chega nas índias foram somente feitos na viagem de Vasco da Gama, que
inclusive teve a ajuda de Bartolomeu para arrumar suas frotas adequadamente.
Juntamente a isso, também foi responsável por ajudar Pedro Álvares Cabral a
chegar até as chamadas ilhas de vera cruz, e posteriormente, no Brasil.
Bartolomeu Dias não ficou conhecido como grande descobridor, justamente
pela falta de registros de seus possíveis atos, mas ainda sim deteve grande
prestigio dentre os portugueses, estando presente em todas as grandes
viagens feitas até 1500, ano em que morreu fazendo o que amava, quando
teve sua caravela afundada em uma tempestade no Cabo da Boa Esperança,
onde afundo junto, no dia 29 de maio.

VASCO DA GAMA
Vasco da Gama nasceu em 1469 em Sines, em Portugal, e era filho do
navegador Estêvão da Gama e Isabel Sondré, que eram parte da nobreza se
sua região, possuindo uma condição financeira muito boa. Vasco estudou
matemática em Évora, e aprofundou-se em estudos marítimos para seguir a
profissão de seu pai, que de tão respeitado tinha até mesmo a confiança do
próprio Dom João II.
Como sua família não passava por dificuldades financeiras, seus estudos foram
muito tranquilos, e sempre teve o apoio de seus pais para tal. Assim que sei pai
acabou falecendo, Dom João II não pensou muito para decidir que o estudioso
filho de Estêvão, mesmo que ainda jovem, deveria assumir seu lugar em
explorações pelo Atlântico, e assim foi feito. Vasco não somente passou pelo
Atlântico, mas também traçou rotas pelo oceano indico e chegou às índias,
concretizando a busca por caminhos comerciais para passagem de
especiarias. Após tal feito, tornou-se um homem rico e respeitado em Portugal,
ganhando até mesmo mais fama que seu pai em tempos áureos.
Sua expedição mais famosa foi a que saiu de Lisboa em 8 de julho de 1497, e
contornou o continente africano até chegar nas índias, e vale ressaltar, que o
feito de contornar a África já era algo de extremo respeito dentre os
navegadores, algo nunca antes feito pelos portugueses, mas Vasco foi além, e
em 18 de maio de 1498, 6 meses após o inicio da sua expedição e 20 mil
quilômetros navegados, chegaram nas índias. Ao chegar em Calicute, na costa
ocidental da Índia, foi ao encontro de Samorim, que embora tenha sido
receptivo em seu primeiro encontro, o governo local passou a tratar os
portugueses com hostilidade.
Tendo visto a resistência daquele povo para acordos comerciais, a viagem que
deveria durar apenas alguns dias nas terras indianas para firmação de acordos,
durou 5 longos meses, mas com o fim desse tempo, conseguiu concluir seus
objetivos e demonstrar vantagens comerciais suficientes para firmar acordos.
Em outubro de 1498 deu inicio ao retorno para Portugal, chegando em Lisboa
em agosto de 1499. A partir desse marco, o monopólio comercial detido por
Gênova e Veneza começou a se alterar, tendo então Portugal um crescimento
exponencial, principalmente por parte da coroa e da burguesia.
Os portugueses não se contentavam apenas com o livre comercio com outros
reinos e países, e sempre faziam questão de realizar ataques quando fosse de
seu interesse, e é claro que com as índias não seria diferente. Em 1502 uma
frota com 20 embarcações lideradas por Vasco rumaram as índias, e após um
violento conflito, um tratado de paz foi realizado, além da aliança com os reis
Cochim e Cananor, estabelecendo feitorias e postos comerciais na África e nas
Índias. Dessa vez seu retorno veio seguido de mais sucessos, como
embarcações lotadas de jóias e ouro, e um processo de elevação do nome de
Vasco da Gama foi iniciado, até que vinte anos depois, o rei Dom João III o
nomeia Vice-rei da índia e Conde da Vidigueira.
Na sua terceira viagem para as índias acabou por contrair uma doença que o
matou na cidade de Cochim, em 24 de dezembro de 1524. Seus restos mortais
foram enviados para Portugal, e hoje estão localizados no mosteiro dos
Jerônimos, em Lisboa. Uma curiosidade é que a obra Os Lusíadas, de
Camões, foi inspirado na viagem de Vasco da Gama para as índias, como
pode ser observado no primeiro trecho:

PATRÍCIOS
Durante o período que engloba a chamada Roma Antiga, tivemos diversas
subdivisões temporais que se deram a partir de acontecimentos marcantes.
Dentre elas, a primeira foi a chamada era da Monarquia Romana, que durou de
aproximadamente 753 a.C. a 509 a.C., quando caiu após diversas revoltas e
crises, dando seu lugar a república romana. Mas não é possível entendermos
sua organização, apogeu e queda sem antes entendermos uma das classes
mais controversas de Roma: Os Patrícios.
Esses eram os cidadãos romanos de linhagem nobre, tendo sob seu domínio
diversas terras, riquezas e bens materiais em geral. Várias famílias ficaram
conhecidas na história, como os Servílios, Júlios, Emílios, Fábios, Cornélios,
etc. Sua origem remonta aos primórdios da fundação romana, pois a
monarquia sempre teve ao seu lado, os patrícios, até mesmo nos primeiros
registros de monarcas. Essa classe tinha voz politica, e eram uma espécie de
autoridade menor em Roma, podendo até mesmo executar leis através de sua
própria vontade.
Tal classe possuía poderes sociais que extrapolavam os limites morais da
plebe, e muitas vezes, usavam justificativas divinas para validar a autoridade
de seus nomes. Com a queda da monarquia e início da república, os patrícios
perderam alguma força, mas ainda, sim, mantiveram significativamente sua
influência. Entretanto, com a ascensão da Plebe em cargos específicos da
república, seus privilégios começaram a ruir, mas juntamente a isso, uma série
de conflitos entre as duas classes emergiram.
Uma das vantagens dos Patrícios em relação aos plebeus, era o modo de
mercado que os mesmos agiam dentro na república, onde pessoas comuns os
acolhiam como protetores, e em troca dessa proteção, trabalhavam ou
pagavam com bens uma espécie de taxa para tal. Isso fazia com que mesmo
dentro na classe mais popular, que era a plebe, algumas pessoas se
recusassem a se opor aos poderes quase ilimitados dos patrícios, com medo
de perder moradia ou proteção fornecida pelos mesmos.

O MITO RÔMULO E REMO


As civilizações que ascenderam ao posto de potências no mundo antigo,
tinham em sua base, uma série de mitos que justificavam seu crescimento
enquanto sociedade. Um dos maiores impérios que a humanidade já viu, o da
Roma Antiga, por exemplo, tinham um mito que justificavam o sentimento
compartilhado de superioridade social romana, o chamado mito de Rômulo e
Remo. De acordo com essa lenda, Rômulo e Remo eram filhos do deus grego
Ares, ou Marte, com uma mortal chamada de Rhea Silvia, filha do rei de Alba
Longa Numitor. O tio de Rhea, irmão de Numitor, Amúlio, teria dado um golpe
de estado apoderando-se da coroa e prendendo Numitor, e como forma de não
ter sua autoridade ameaçada, confiou a sua sobrinha Rhea a castidade,
impossibilitando então que uma sucessão real visse a luz do dia.
Ares, então, se apaixonou por Rhea, desposando-a, e dessa relação nasceram
duas crianças gêmeas: Rômulo e Remo. Amúlio, furioso com o nascimento dos
gêmeos, os atirou no rio Tibre, onde a correnteza os levou em segurança para
terra firme. Nas margens do rio, os gêmeos foram encontrados por uma loba,
que teria os amamentado e cuidado das crianças, até que fossem achados por
um pastor e sua esposa. As crianças então cresceram, se tornaram pastores, e
por circunstâncias de brigas com seus vizinhos, Remo acabou sendo preso.
Durante sua estadia na prisão, Fáustulo, seu pai adotivo, contou para Rômulo
as circunstâncias de seu nascimento, e revoltado com o que ficou sabendo,
rumou até o palácio, libertou seu irmão e avô sanguíneo, Numitor, em seguida,
enfrentou e matou Amúlio. Numitor retornou ao trono, e como recompensa para
seus netos, deu-lhes o direito de fundar uma cidade junto ao rio Tibre.
Os dois seguiram aquilo que consideraram presságios de glória, consultaram
as aves que sobrevoavam a colina da região, onde seria a nova cidade, e as
aves então voaram de volta para os irmãos, mais especificamente para
Rômulo, considerado o escolhido para governar a nova cidade. Remo,
enciumado, zombou de seu irmão e começou uma briga, terminada com a
morte de Remo pelas mãos do próprio Rômulo, que foi respeitosamente
enterrado sob o novo e sagrado território.
Em seguida, Rômulo povoou a cidade, incentivou seu povo a reproduzir, e
criou um capitólio para condenados, devedores e banidos de outras cidades,
com objetivo de atrair novos moradores. A notícia de um novo reino se
espalhou, e algumas batalhas entre o povo Sabino e Latino se iniciaram, e com
o tempo, um acordo foi firmado entre Rômulo e Tito Tácio, rei dos outros
povos, unificando todos os territórios como um novo e grande reino: Roma. Em
seguida, Rômulo teria instituído o Senado e as Cúrias como instituições do
estado.

CHINA ANTIGA
Várias foram as civilizações antigas a erguerem culturas e civilizações do zero,
de modo em que centenas de culturas ao redor do mundo que conhecemos
hoje, tiveram seu início milênios atrás. Uma dessas culturas foi a cultura
chinesa, que surgiu por volta do início do segundo milênio, e teve no mundo
antigo seu apogeu até por volta de 221 a.C. todas as três grandes dinastias
chinesas habitavam a Bacia do Rio Amarelo. Os Xia, Shang e Zhou, grandes
responsáveis pela ocupação do território chinês e formação étnica do país.
Vale ressaltar que mesmo antes deste período, quando a humanidade ainda
caminhava a pequenos passos para sua ascensão, é creditada a invenção de
importantes técnicas e avanços maquinários para os povos que viviam na
região chinesa. Como, por exemplo, a Roda oleira, modelagem de vasos e
técnicas em plantio, isso por volta de 2,9 mil anos a.C. Com ênfase na técnica
de produção de vasos de barro, é uma das mais usadas até os dias atuais.
O primeiro reinado da região foi o da dinastia Xia, a mais antiga, que começa
em 2200 a.C. e vai até 1750 a.C., existem poucas evidências sobre os
primeiros reinados da dinastia, acredita-se que o primeiro reinado tenha sido de
Yu, O Grande, que lutou e realizou obras para impedir os problemas das
inundações do rio amarelo, tendo sido bastante efetivo e ter idealizado ainda
naquela época as famosas barragens que conhecemos hoje. Ao mesmo
tempo, desenvolveu uma política econômica baseada na agricultura, e foram
grandes expoentes da medicina, desenvolveram também a seda a partir do
casulo do bicho-da-seda, e aprenderam a domesticar animais. Ao total foram
dezessete imperadores que reinaram nesse período dinástico. A dinastia Xia foi
de fundamental importância para organização social chinesa, responsável pela
instituição do casamento, trabalhos com escrita, dentre outros importantes
avanços de caráter social. Os maiores avanços foram dados pela dinastia
Shang, que se ascendeu em seguida da dinastia Xia, tendo permanecido de
1750 a.C. a 1040 a.C.
Estudiosos apontam que nessa dinastia, a sociedade tenha se fortalecido em
crescimento intelectual, melhorado questões de urbanização e crescimento de
polos comerciais. Foram desenvolvidas formas de escritas a partir de ossos de
animais, materiais forjados de bronze, e vasos mais complexos feitos a partir
da cerâmica. Os Shang se dividiam entre sociedade geral e nobres, a maioria
morava em centros comerciais, e o poder do líder estava restrito ao campo
religioso. De modo geral, eram politeístas, e acreditavam que os mortos eram
transformados em deuses após sua passagem. A última capital chinesa
pertencente a essa dinastia estava situada em Anyang, em 1300 a.C., e
evidências de sua existência foram descobertas apenas no século passado.
Os povos da China eram, assim como a maioria das civilizações antigas,
compostas por cidades-estado, e por volta dos anos de 1100 e 1050 a.C., um
famoso povo vizinho, chamados de Zhou, antes aliados dos Shang, decidiram
tomar o poder do imperador em uma batalha ocorrida em 1050 a.C., que
marcou a queda dos Shang e ascensão dos Zhou, no período conhecido como
idade do ouro. Essa nova dinastia deu continuidade no modo de governo
anterior, fortalecendo ainda mais a economia local, e mantendo seu poder por
quase três séculos. Em 771 a.C., quando o rei Zhou foi morto em batalha com
tribos de vassalos e seu filho teve de fugir para o leste para não ser capturado
e morto, deixando a dinastia fragilizada. Embora enfraquecida, é creditado aos
Zhou a criação de aparatos bélicos a partir de ferro, delimitações de fronteiras,
elaboração de defesas por muralhas e fortalecimento de capacidades de
mineração e fundição. Entre os muitos pontos que deixam os Zhou como uma
grande dinastia, está Confúcio, que nasceu por volta de 600 a.C., considerado
até hoje um dos maiores filósofos da humanidade, tendo sido ele um dos
principais pregadores do respeito hierárquico, piedade e respeito aos mais
velhos.
Em 221 a.C., quando Qin Shi Huangdi tornou-se imperador da China unificada
após 250 anos de guerra, uma série de novos medidas passaram a ser
empregadas na região como uma medida única, sistema de moeda única e
escrita. Também nesse mesmo período se iniciou a construção da grande
muralha da China. No ano de 210 a.C., quando Huangdi morreu, foi construído
um exército de guerreiros de cerâmica de 10 mil soldados, para proteger seu
tumulo, esses guerreiros ficaram conhecidos como Exército de Terracota, e
embora tenham sido produzidos ‘’em série’’ cada soldado possui uma feição
individual.

A GUERRA DE TRÓIA
As histórias e mitos de uma sociedade devem sempre ser olhadas com uma
compreensão para além daquilo que é contado, e interpretado conforme a
época em que foi feito. A guerra de troia teria sido uma guerra, que durou por
10 anos, e envolveu a cidade de troia e gregos, e teria acontecido entre os
séculos XIII ou XII a.C. Esse conflito teria se iniciado após uma viagem
diplomática de Paris Alexandre e Heitor, filhos de Períamo, rei de Troia, para
Esparta. Após chegaram à famosa cidade grega, Paris logo conheceu Helena,
mulher do rei espartano Menelau, a qual acabou se apaixonando, e após se
envolver com a rainha troiana, sequestrando-a e levando à Troia.
Tal ato impensável teria sido premeditado pela deusa do amor Afrodite, que era
a deusa protetora de Paris. Quando Menelau descobriu, declarou guerra ais
troianos, que ficavam localizados no Helesponto, atual Turquia, conhecida por
suas grandes muralhas, que até então, eram intransponíveis. O principal líder
do povo aqueu (como eram conhecidos os gregos) era Agamenon, irmão de
Menelau, e tinham como guerreiro o famoso Aquiles, conhecido por ser um
guerreiro imbatível. A grande dificuldade de entender essa história é que seu
relato é feito através do poema épico Ilíada, de Homero, que se trata de uma
obra literária cujo objetivo era simbolizar o fim da chamada era dos heróis, com
a luta entre o guerreiro Aquiles e Heitor, e marcar o início da era dos homens
comuns. O poema relata tal jornada, e a trajetória de vitórias dos gregos e o
desentendimento de Agamenon e Aquiles, causando uma reviravolta na guerra,
onde os troianos conseguiram uma série de vitórias após a retirada de Aquiles
da guerra.
Após o acontecimento, um primo de Aquiles, chamado de Pátroclo, entrou para
a guerra, se vestindo com a armadura de Aquiles, a semelhança física do
mesmo confundiu os troianos, e Heitor mata Pátroclo em batalha. A morte de
seu primo próximo causou a ira de Aquiles, que num ato de vingança retorna à
guerra e acaba matando Heitor. Mesmo com a morte de Heitor, ainda era difícil
a tarefa de entrar em Troia.
Nesse momento, Odisseu, uma famosa figura e central na guerra, tem uma
ideia, a elaboração de um enorme cavalo de madeira, que seria oco por dentro,
permitindo a entrada de vários guerreiros gregos, esse cavalo seria entregue
próximo aos portões de Troia, como um presente de paz por parte dos gregos,
e quando colocassem o cavalo para dentro reino, os guerreiros desceriam do
cavalo sorrateiramente, e dariam inicio a uma invasão de dentro para fora,
abrindo os portões para o restante do exército grego. A ideia foi um sucesso, e
Troia foi rapidamente subjugada, saqueada, destruída totalmente, e embora a
invasão tenha acabado com o total sucesso grego, Aquiles, o último herói
grego, padeceu com uma flechada envenenada que atingiu seu calcanhar. A
história nunca foi de fato comprovada, mas o mito permanece famoso até os
dias atuais.

MULHERES NA GRÉCIA ANTIGA


Dois polos econômicos e políticos da Grécia antiga, Atenas e Esparta não
somente protagonizavam em cenários bélicos, hora como aliados, hora como
inimigos, mas também foram as maiores cidades estado gregas e receberam
os maiores fluxos culturais devido ao poderio de mercado dessas duas
cidades. Atenas, sendo talvez a maior cidade da Grécia antiga tendo em vista
sua maior perpetuação hegemônica, recebeu uma grande abertura cultural e
intelectual em seus domínios, com diversos filósofos atuando até mesmo na
política. Sua trajetória, marcada pelos regimes monárquicos e aristocráticos,
teve como principal tese social a democracia, ou ‘’Governo do povo’’, uma
espécie de democracia primitiva exercida em território ateniense.
Consideramos hoje como uma democracia primitiva, pois não havia na época,
conceitos que usamos hoje nas repúblicas democráticas, pois havia vários
aspectos em Atenas que demonstravam que na realidade, o que existia era
uma democracia aristocrática, onde o corpo do estado de direito era composto
por somente cerca de 20% de sua população total, onde nessa porcentagem
se concentravam monarcas, nobres, sacerdotes e filósofos, excluindo do direito
democrático analfabetos, escravos e mulheres.
Já Esparta, não se valia da democracia como forma de governo, e sim, uma
diarquia, onde dois reis tomavam decisões politicas serem levadas por um
grupo de 28 homens, maiores de sessenta anos, que formavam uma instituição
conhecida como gerusia. Quando fazemos essas distinções politicam,
devemos lembrar serem distinções que abrangiam também o campo
econômico, sendo impossível dizer ao certo qual das duas civilizações era mais
desenvolvida, já que, as duas diferiam entre si em vários aspectos. Tendo em
mente esses fatores, ao analisarmos o papel da mulher nessas sociedades, é
possível que tomemos um suto, pois toda a ideia de sociedade civilizada e
intelectual que rodeia a Grécia antiga é tacada no chão. Em Atenas, famosa
por ser considerada o berço da democracia, a participação feminina era quase
nula, sem direito a voto e decisões políticas, tendo sua função resumida a vida
doméstica. Em Atenas, a aristocracia dominante era composta exclusivamente
de homens, e suas esposas, tinha função meramente de dar continuidade no
nome com a sua prole.
Quando olhamos então esparta, que não ficou famosa por ser um local onde a
democracia tinha sido empregada, pois não tinha, seguindo a contramão do
que a história mais senso comum prega, a mulher tinha papel de destaque.
Diversos filósofos, como Platão, questionaram o papel da mulher dentro no
sistema político, mas a sociedade que mais levou isso a sério foi, sem dúvidas,
Esparta valorizava a figura feminina como formadora de caráter de sua
sociedade, sendo a primeira disciplinadora de um homem e figura central em
sua vida. Para além do campo da criação da ética e moral espartana e sua
difusão dentre a sociedade, as mulheres tinham também papel político, sendo,
por exemplo, a Rainha sempre figura respeitável e obedecida pelas classes
militares e civis, como exemplo a mulher do rei Leônidas, a Rainha Gorgo,
lembrada por seu caráter ativo durante o mandato de seu marido. De forma
geral, ambas as sociedades eram pautadas no patriarcado e na divisão dos
homens e mulheres, mas em questões políticas, Esparta avançou mais em sua
representatividade.

GUERRAS PÚNICAS
Durante o período expansionista da Roma antiga, um setor de desejo dos
mesmos era a conquista total do mediterrâneo, primeiramente por questões
econômicas, e também pelo aspecto territorial. Um local cobiçado fora uma
antiga colônia fenícia, localizada no norte da África, chamado de Cartago. Ao
longo dos séculos III e II a.C., Roma e Cartago travaram uma série de 3
intensas batalhas, que ficaram marcados na história como um demonstrativo
alto do poder militar das duas cidades. Os conflitos ficaram conhecidos como
guerras púnicas, e tiveram como vencedores os romanos. ‘’Puni’’ é o termo
usado pelos romanos para definir os fenícios, por isso o nome guerras púnicas.
Durante a idade antiga, o principal centro de comércio marítimo foi
inegavelmente o Mediterrâneo, suas águas ligavam diferentes civilizações e
mercados como Grécia, Roma, Fenícia, península ibérica e norte da África. O
desejo de controle dessa região não significava somente um status de grande
império, mas sim, o domínio sobre a principal região de comércio da idade
antiga. Vale ressaltar que em meados do século III a.C., Roma já era uma
cidade em expansão com exército e territórios que extrapolavam o meio urbano
e era temido por seus vizinhos. Ao lado de Roma, tínhamos outra grande
potência no mundo antigo, o Cartago. Localizada no norte da África, de
colonização fenícia, dominava as técnicas marítimas e sabia comercializar com
todas as cidades ao redor, mas também almejava um maior controle sobre o
mediterrâneo, e esse ‘’objetivo em comum’’ de Roma e Cartago, fizeram com
que as relações comerciais das duas potencias foram rompidas, e nascesse ali
uma rivalidade pela corrida de conquista do mediterrâneo.
Quando Roma dominou a Magna Grécia, Cartago ficou sob ameaça, e ali
começaram a se organizar militarmente contra o avanço romano, entretanto
devido à falta de preparo militar mútuo fez com que romanos e cartaginenses
fizessem um acordo em 279 a.C., estabelecendo limites para as duas cidades
Estabeleceu-se o Estreito de Messina, que fazia a ligação entre a Sicília e a
Península Itálica. Porém, quando a cidade de Messina foi invadida pelos
samnios, povo que habitava a Península Itálica, os messânios pediram ajuda
militar a Cartago para expulsar os invasores. O exército cartaginense ocupou a
cidade, e Roma considerou essa medida uma ruptura do acordo firmado em
279 a.C.
O primeiro conflito armado entre Roma e Cartago começou em 264 a.C.,
quando as tropas romanas foram enviadas para a região da Sicília. A Primeira
Guerra Púnica demonstrou as táticas eficazes de ambos os exércitos.
Enquanto Cartago atacou os romanos por mar para ganhar vantagem, Roma
respondeu obtendo ajuda dos gregos para construir navios e pontes para
navios inimigos.
Os romanos conseguiram reverter as perdas sofridas no início da guerra, e os
cartagineses sofreram inúmeras derrotas nas batalhas que ocorreram na costa
da Sicília. Em 256 a.C., as tropas romanas desembarcaram pela primeira vez
no norte da África, iniciando o primeiro conflito fora da península italiana. Após
o desembarque em Cartago, os romanos tentaram capturar a cidade, mas
foram surpreendidos pelos mercenários e tiveram que fugir da África. A
liderança de Amílcar Barca revisitou na Primeira Guerra Púnica, e ele
comandou o exército cartaginês entre 249 e 241 a.C., derrotando os romanos
em várias batalhas. No entanto, em 241 a.C., o general romano Lutácio Catulo
conseguiu reverter a derrota e derrotou o exército cartaginês em outras
batalhas.
Ainda no ano de 241 a.C., romanos e cartaginenses, exaustos devido às
inúmeras batalhas travadas, entraram em um acordo. Cartago concordou com
o pagamento de tributos a Roma por 10 anos e em desocupar a região da
Sicília. Além disso, os cartaginenses tiveram que entregar os prisioneiros de
guerra e destruir grande parte de sua frota. Apesar do acordo de paz, Roma e
Cartago voltaram à guerra. Amílcar Barca derrotou com sucesso o exército
romano em algumas batalhas durante a Primeira Guerra Púnica, portanto, foi
enviado para a Península Ibérica para explorar a Hispânia, onde a Espanha
está agora. A exploração foi bem sucedida, e os cartagineses estabeleceram
cidades e assumiram o controle das minas de prata na área. Essa expansão de
Cartago ameaçou as duas cidades de Ampuri e Sagunto, fundadas pelos
gregos, que pediram ajuda a Roma. Quando Amílcar morreu em 229 a.C., seu
genro Asdrúbal, o Belo, assumiu a colônia hispânica e fortaleceu a presença
cartaginesa na região. Já incomodados com a presença cartaginesa na
Europa, os romanos decidiram chegar a um acordo para estabelecer uma
fronteira entre os dois reinos. Apesar do acordo, Asdrúbal fortaleceu a
presença militar de Cartago, fundando a cidade de Nova Cartago em 225 a.C.
O exército romano foi dividido em duas frentes para atacar o inimigo: o general
Puluius Cornelius Scipio levou seus soldados para a Hispânia, enquanto o
general Sempronius Langes avançou para a África. Quando o exército romano
foi organizado para combater o exército cartaginês, uma rebelião gaulesa no
norte da península italiana mudou os planos militares romanos. Cipião teve que
deixar a estrada para a Espanha e ir para a Gália para reprimir a rebelião.
Aníbal soube aproveitar a súbita mudança nos planos ofensivos romanos e
migrou com suas tropas para a Itália, passando pelos Pirineus e pelos Alpes.
Cipião deixou seu irmão Cneu e parte do exército romano na Espanha e foi
para a Itália, onde estava Aníbal. Em 218 a.C., a guerra eclodiu entre os
romanos e os cartagineses. Aníbal saiu vitorioso da batalha e estendeu sua
aliança com os romanos, prometendo liberdade do jugo de Roma.
Nessa batalha, foram usados elefantes como armas de guerra.
Esta foi a segunda vez que Roma e Cartago entraram em guerra, e os romanos
foram vitoriosos novamente. Apesar de perder os dois confrontos, os
cartagineses se mantiveram firmes e retomaram sua rotina, dando a impressão
de que derrotar Roma era inútil. Cartago desenvolveu a agricultura e ameaçou
a economia romana. Os romanos não aceitaram esse comportamento de
Cartago e decidiram que a vitória final só seria alcançada se a cidade do norte
da África fosse destruída. O senador romano Catão Sr. disse uma vez algo que
ficou na história como a grande força motriz da Terceira Guerra Púnica.
"Delenda est Carthago", ou "Cartago deve ser destruída". Se Roma não
aniquilar a cidade, novas guerras se seguirão que podem abalar o domínio
romano no Mediterrâneo.
Mesmo com uma superioridade ampla nesse momento do conflito, entre 149 e
146 a.C. os romanos não conseguiram definitivamente impor uma derrota
definitiva contra o Cartago, entretanto, com a atuação do general Públio
Cornélio Cipião Emiliano, neto de Cipião, acabou por cair com suas tropas, e
por volta de 146 a.C., Cartago foi destruída, e após três conflitos de grande
escala e milhares de baixas, os romanos saíram vitoriosos, dominando o
mediterrâneo e expandindo seus domínios do Norte da África até a Península
Ibérica. Nesse momento o exército romano se fortaleceu, tomou o posto de
principal instituição de Roma, e substituiu a república romana, pelo Império
Romano.

CÁRTAGO
Um importante momento para a antiguidade e as civilizações que
compreendem este período, é o surgimento e ascensão do Cartago. Alguns
estudos afirmam que sua fundação ocorreu por volta do ano de 814 a.C., e
seus fundadores foram em parte fenícios e semitas, que fugiram de suas
antigas regiões que eram invadidas, e chegaram ao litoral líbio, após fazer uma
escalada em Chipre. O mito de Cartago e sua fundação, diz que a princesa
Elisa, também conhecida como Dido, fugiu de seu irmão Pigmalión, que havia
matado seu marido, e comprou pedaços de terra na região do Cartago. Cerca
de um século mais tarde, após a povoação e início do comércio na região, o
Cartago já era uma potência marítima e comercial, e sua localização favorecia
um crescimento exponencial da civilização, pois seu território se estendia por
uma grande faixa de terra banhada pelo mediterrâneo.
Claro que esse crescimento iria ser notado em algum momento por outro
grande povo, e duas civilizações acabaram por se chocar ao perceber o
tamanho e poder daquela sociedade que emergia, como os gregos e romanos.
O Cartago era uma cidade-estado uma, e era muito bem governada
administrativamente, baseando-se em uma constituição mista de legislativo e
executivo, com o cargo de maior importância sendo a figura do Sufete,
equivalente ao cônsul romano, que inclusive chegou a ser desempenhado por
um herói de Cartago, Aníbal. A base do crescimento em Cartago fora o
comércio marítimo, dirigido por companhias da aristocracia local, entretanto
esse passa longe de ser o único fator para que a civilização cartaginense fosse
aquilo que foi, pois estudos modernos confirmam que várias práticas de arado
e plantio desenvolvidos na região, foram extremamente mais avançados que
em outros locais do mundo antigo.
O Cartago ocupava uma península em Tunísia e se dividia em vários bairros
com sedes portuárias, onde ficava o centro da vida econômica da alta
sociedade. Sua população era mesclada por fenícios e povos locais, onde se
havia grande tolerância cultural entre as religiões e costumes uns dos outros,
fato que pode ser creditado ao comércio forte da região, que recebia centenas
de povos em suas terras, aprendendo a conviver com diferenças individuais.
Eram três as línguas faladas em Cartago: o Fenício, grego e berbere, fato se
deve às diferentes áreas que o povo se alastrou. Os motivos para que outros
povos que estavam em crescimento na época se voltassem contra o Cartago
era simples, uma região bem situada, com estruturas já feitas em um ponto
estratégico do mundo antigo, com isso, a ilha da Sicília, ponto marítimo
estratégico na Antiguidade, foi conquistada após diversas guerras, entre os
séculos V a.C. e III a.C., contra os gregos. Os cartagineses foram expulsos da
ilha pelos romanos, após serem derrotados na Primeira Guerra Púnica (264
a.C. a 241 a.C.). O mais famoso general foi Aníbal (248 a.c. – 183 a.C.) que
conseguiu feitos notáveis em resistência nas guerras púnicas, e também a
inserção de elefantes como armas de guerra.
O Cartago chegou a se envolver em três guerras durante sua história,
chamadas três guerras púnicas, onde saiu vitoriosa em duas ocasiões, e após
muitos anos de conflitos contra gregos e romanos, em 146 a.C., a cidade-
estado foi arrasada até seus alicerces pelos romanos, onde as construções
foram destruídas, plantações queimadas, embarcações incendiadas e até
mesmo sua terra coberta por sal, transformando em uma terra infértil e erma, e
por fim seu povo foi escravizado.

BATALHA DE QUERONEIA
A Grécia antiga foi palco de diversas batalhas em seus períodos de ascensão,
dentre elas, a famosa Batalha de Queroneia, que aconteceu na cidade-estado
grega com o mesmo nome, em agosto de 338 a.C., durante o reinado do
Imperador Filipe II, da Macedônia, sendo essa, uma das mais importantes
batalha travada pelo mesmo. Tal feito era parte do plano expansionista
macedônico, que tinha o objetivo final de integrar a seu reinado todas as
cidades-estado gregas, unificando-as sob domínio do imperador da Macedônia.
Para entendermos um pouco mais a fundo essa batalha e sua importância na
campanha de Filipe II, devemos entender o contexto da era grega que se dava.
Filipe II havia assumido a macedônia em 359 a.C., e nesse período, a
macedônia vivia sob domínio do povo ilírios, um povo indo-europeu que havia
ocupado boa parte da península balcânica. A posse de Filipe foi seguida de
discursos bélicos de libertação de seu povo, e de fato, assim que ascendeu ao
poder, promoveu uma vitoriosa empreitada contra os ilírios. Após libertar seu
povo e reintegrar todo território de seu reino, Filipe II se viu sozinho no que se
diz respeito a seus vizinhos gregos, que não somente não o ajudaram nas
batalhas, como também passaram a ver seu reinado como uma ameaça. Tal
situação levou a uma das mais importantes decisões da história: uma guerra
contra Atenas e Tebas, duas das mais poderosas cidades gregas, com objetivo
de integrá-las a seu império e evitar uma investida dos mesmos.
Nesse período, as cidades-estado gregas estavam também se recuperando de
um longo conflito interno, a chamada Guerra do Peloponeso, que era
basicamente uma batalha pela hegemonia econômica e política da Grécia
antiga, tendo durado de 431 a.C. à 404 a.C. Esse recente conflito deixou as
estruturas da região abaladas, abrindo a possibilidade de sucesso para um
invasor externo. Aqui vale pontuar que, por mais que o macedônico,
estivessem tem território grego, os mesmos não eram considerados legítimos
para seus vizinhos, e sim, ‘’forasteiros’’. O cenário favorecia a macedônia, que
deu início ao processo de ocupação em cidades menores como a Elateia e
Anfissa, demonstrando que seu império poderia facilmente passar para uma
dificuldade de ocupação maior. Felipe II e seu exército então rumaram para
Queroneia, uma cidade pequena que ficava próximo de Tebas, tal fato
claramente deixou a cidade de Tebas assustada, e logo trataram de firmar um
acordo com Atenas, antiga rival da guerra do Peloponeso, para sai aliarem
contra os macedônicos.
Os exércitos de se encontraram no dia 3 de agosto de 338 a.C., e deu início a
uma sangrenta e importante batalha, a Batalha de Queroneia, que teve como
triunfo a vitória avassaladora de Filipe, que além de conseguir infligir um dano
arrebatador contra as defesas gregas, abrindo espaço para algo nunca feito: O
domínio de toda Grécia antiga. O passo dado por Filipe II foi grande, e abriu
espaço para que seu filho, Alexandre Magno, anos mais tarde, expandisse o
Império Macedônico para o posto de maior potência da antiguidade. Vale
ressaltar, que Alexandre Magno (futuramente Alexandre, O Grande) tinha 22
anos durante a batalha de Queroneia, e foi general de cavalaria durante a
batalha.

A REVOLTA DE ESPÁRTACO
Como já sabemos, um dos principais motivos para que o império ressurgisse
em Roma com força total, e colocasse a república a prova, foram as revoltas
escravistas ocorridas em Roma, principalmente a partir de 150 a.C., quando os
limites de Roma passaram a se transformar em dimensões maiores. Uma
dessas revoltas, que talvez seja a principal em termos de conhecimento geral,
seja a revolta de Espártaco (ou Spartacus) ocorrida entre 73 e 71 a.C.
Espártaco foi um famoso escravo que vivei na civilização romana, e contra ela
acabou se rebelando com um grupo de escravo, que em pouco tempo já
passavam de 70 mil revoltosos. Nascido na Trácia, Espártaco se tornou
escravo após ter servido ao exército romano, possivelmente, acabou por
desertar ou abandonar alguma batalha em percurso, e em seguida foi punido
tendo se transformado em um escravo. Foi vendido em Cápula para Lentulus
Batiatus, ex legionário e gladiador, que passou a ganhar a vida como lanista,
ou seja, um negociante de gladiadores.
Abrindo um parêntese aqui, as lutas de gladiadores eram apreciadas pelos
romanos, e tinha como característica central violentas lutas entre povos
conquistados e escravos. A maioria das vezes, o vencedor era quem acabava
vivo nessa luta, e o espetáculo fazia parte da estratégia de governo que estava
nascendo, do chamado ‘’pão e circo’’, onde para esquecer os problemas
econômicos e sociais, os governantes e posteriormente imperadores,
distribuíam pão e criavam eventos de entretenimento para a população, sendo
as lutas de gladiadores a mais popular na época. Espártaco lutou como
gladiador diversas vezes, saindo vitorioso e se tornando uma espécie de
celebridade entre os amantes de luta entre gladiadores, entretanto, passou a
tomar ressentimentos de seu senhor pelo tratamento recebido, muitas vezes
humilhando e violentando os seus companheiros de cativeiro, até que decidiu
fugir juntamente a alguns outros escravos, e iniciar a formação de um grupo de
revolta contra escravidão e contra o sistema abusivo de lutas da época. Não se
sabe ao certo quantos foram os escravos que fugiram junto a Espártaco, mas é
de conhecimento que em pouco mais de um ano, seu grupo já contava com
mais de 70 mil homens, se tornando de fato um exército, que botava medo até
mesmo no senado romano.
O segredo para o aumento brutal no número de soldados de Espártaco, era
que as notícias se espalharam pela Roma antiga de modo rápido, e o sistema
escravista empregado na época tornava a sociedade romana repleta de
escravos, e passou a ser comum que vários deles fugissem e se unissem com
Espártaco, saindo assim de um ambiente de humilhações e violência, para um
ambiente onde se fomentava a vingança contra o sistema que os subjugava.
Suas qualidade morais e militares eram notáveis, e a luta contra o sistema
escravista o deixava com muita moral entre o povo comum. Os escravos
rebelados viviam de pilhagens feitas em propriedades romanas, onde os
mesmos agiam como nômades, se descolando pela Península Itálica de modo
rápido, sendo difícil armar alguma emboscada contra os mesmos, e durante
vários momentos, tropas romanas foram enviadas para combater Espártaco e
seus homens, e acabaram brutalmente derrotadas. Geralmente, quando o
grupo passava pela Gália, acabava se dispersando para territórios vizinhos,
onde começavam sua vida do zero, e os que ficavam, retornavam com a
missão de recrutar mais homens e libertar mais escravos.
A partir de determinado momento, quando o número de escravos se tornou
grande demais, algumas discórdias passaram a acontecer, e o grupo passou a
se dividir em sub-grupos que atuavam de modo diferente, um exemplo teria
sido um grupo liderado por Crixus, que teria permanecido no Sul da Península
e acabou por ser dizimado pelos romanos. Nesse mesmo momento, Espártaco
e seu grupo tinha o objetivo de atravessar os Alpes, contornar Roma e chegar
até o mar, atravessando-o rumo à Sicília, onde finalmente se estabeleceriam e
recomeçariam suas vidas. O problema foi que os piratas que realizariam a
travessia junto/para com Espártaco, estavam também acertados com Crasso,
general romano que posteriormente se transformaria e um dos três
imperadores de Roma após a queda da república, e em 71 a.C. as tropas de
Crasso atacaram Espártaco e seus homens na Lâcania. A traição por parte dos
piratas havia custado a vida de milhares de escravos, e provavelmente a morte
de Espártaco em batalha, e outros 6 mil revoltosos foram crucificados ao longo
de 200 km da via Ápia de Cápula, com objetivo de atemorizar aqueles que
buscavam o caminho da revolta. A história de Espártaco ficou famosa por
simbolizar uma ameaça real conta Roma, além de ter sido símbolo da luta
contra escravidão e injustiça social do período.

ROMA ANTIGA
O texto a seguir se trata de uma explanação sobre um tema muito complexo e
com vários acontecimentos, tais acontecimentos vão ser abordados por
postagens separadas futuramente, contendo aqui apenas um resumo da
origem, ascensão e queda da Roma antiga. Boa leitura. Quando falamos sobre
Roma, estamos falando sobre uma das maiores e mais importantes civilizações
que ascenderam durante a história humana. Nascida de uma pequena aldeia, e
mais tarde ocupando o posto de um dos maiores impérios da antiguidade,
situada na Península itálica, centro do mediterrâneo europeu, Roma foi o
centro da vida política e econômica de toda sua região.
Voltando um pouco no tempo, um mistério que cerca a história romana é o de
sua fundação. Cercado de lendas e narrativas fantasiosas, o poeta Virgílio, em
sua obra Eneida, conta que os romanos descendem de Enéas, herói troiano,
que teria em tese fugido para Itália depois da destruição de troia pelos gregos
em 1400 a.C. conforme a lenda contada localmente, os gêmeos Rômulo e
Remo, descendentes de Enéas, foram jogados no rio Tibre, por ordem de
Amúlio, usurpador do trono.
Ao chegarem em terra firme, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e
criados por um camponês até sua fase adulta, quando voltaram para destronar
Amúlio. Com a missão de fundar o império de Roma, em 753 a.C., após uma
série de desentendimentos com Remo, Rômulo acabou por dar corda da vida
de seu irmão, transformando-se no primeiro rei de Roma. Essa, é claro, é a
história mítica do povo romano, mas o que se sabe é que Roma foi formada
pela fusão de várias pequenas aldeias situadas às margens do rio Tibre, e
após ser conquistada pelos etruscos, chegaram a ser de fato uma verdadeira
cidade-estado, crescendo a partir daí.
A partir desse momento, onde o crescimento acaba por ser algo notável na
sociedade romana, por volta de 753 a.C., criou-se uma monarquia local, e sua
organização passou a funcionar a partir de três classes sociais:
°Os patrícios, que eram Nobres e proprietários de terras;
°Os plebeus, constituídos por artesãos, comerciantes e camponeses, essa era
a classe mais comum em Roma.
°Os clientes, que eram quem vivia nas dependências de patrícios e plebeus,
geralmente trabalhando como prestadores de serviços menores.
Na monarquia romana, o rei exercia funções administrativas e judiciais, além
de ser assistido pela assembleia curiatã, que era formada por trinta chefes de
famílias do povo, essa teve diversas funções ao longo de sua história como,
por exemplo, elaborar leis e ratificar eleições, e em momentos específicos da
história romana, chegou a deter mais poder que o próprio senado.
O senado, no que lhe concerne, era composto pelos Patrícios, e tinham a
principal função de assessorar o rei, ajudando com decisões e tendo também o
poder de vetar leis monárquicas. O senado romano é alvo de constantes
estudos a seu respeito, por ser uma instituição que tinha poderes onde alguns
historiadores acreditam serem maiores que o do próprio rei, e um fato que pode
iterar essa discussão, é de que em 509 a.C., houve uma aproximação do rei
com a plebe, que já vinha acontecendo há algum tempo, e descontente com tal
ato, o último rei etrusco foi deposto por um golpe político, marcando o fim da
monarquia. Dava início então a implantação da república romana, e significava
que o senado era o maior órgão de poder entre a classe política romana, criado
também o cargo de executivo, dado às magistraturas, ocupada pelos patrícios.
A república romana (509 a.C. a 27 a.C.) foi marcada pela luta entre patrícios e
plebeus, pois enquanto patrícios tentavam aumentar sua dominância em cima
de classes mais pobres, retirando direitos e aumentando impostos, os plebeus
se recusavam a aceitar passivamente.
Entre 449 e 287 a.C. os plebeus organizaram cinco revoltas que resultaram em
várias conquistas: tribunos da plebe, leis das XII tábuas, Leis Licínias e Lei
Canuleia. Com essas medidas, as duas classes praticamente se igualaram.
Mas vale a pena ressaltar, que Roma já era um enorme império nesse
momento, e como todos outros impérios ao redor, decidiu dar início a uma
grande campanha de conquistas, marcada pelo domínio da Península Ibérica,
a partir do século IV a.C., e após isso, deram-se inicio as guerras de Roma
contra o Cartago, chamadas de guerras púnicas (264 a 146 a.C.) tendo êxito
de Roma como resultado, dominando toda bacia do Mediterrâneo.
Na republicam as coisas começaram a ruir quando algo que conhecemos bem
começou a acontecer. Fazendo um paralelo com o que houve no Brasil mais de
um milênio depois, o número de escravos, quando começa a ultrapassar o
número de homens livres, passa a ser um evento que pode tomar proporções
revoltosas em qualquer sociedade, não diferindo em Roma. Entre 73 e 71 a.C.,
uma grande rebelião de escravos, liderada por Espártaco, sacudiu e abalou as
estruturas políticas de Roma. Essa não foi a única, e dezenas de rebeliões se
tornaram normais em Roma, e para equilibrar a situação, em 60 a.C., o Senado
indicou três lideres políticos para o consulado, Pompeu, Crasso e Júlio César,
que formaram o primeiro Triunvirato.
O período foi conturbado, e acabou por obrigar as forças políticas a
repensarem a distribuição de poderes, e a insatisfação popular levou a classe
política a concordar que um império seria a melhor forma de conseguir
governar um território tão extenso e com ânimos tão aflorados em sua
população. Em 27 a.C. houve então a transformação da república romana em
império romano, tendo como imperador Otávio Augusto (27 a.C. a 14 d.C.)
onde o mesmo reorganizou toda sociedade romana, ampliando a distribuição
de pão e trigo para classes menos abastadas, redução dos poderes do
Senado, que estava em conflito com a plebe há muito tempo,e a criação de
divertimentos públicos como teatros e lutas com intuito de entreter e distrair a
população, posteriormente, acabamos por nomear essa política como política
do pão e circo.
Após Otavio e a reorganização muito bem sucedida do império romano, houve
outros vários imperadores, sendo eles:
• Tibério (14 a 37);
• Calígula (37 a 41);
• Nero (54 a 68);
• Tito (79 a 81);
• Trajano (98 a 117);
• Adriano (117-138);
• Marco Aurélio (161 a 180).
A partir do ano de 235 d. C, o império começou a ser governado por
imperadores-soldados, o motivo para isso era de que nessa época vários
conflitos estavam acontecendo, e soldados com vasto conhecimento em
batalhas eram escolhidos para guiar Roma, tal período com ênfase no século
III, foi marcado por uma anarquia militar, onde no período de meio século,
Roma teve 26 imperadores, nos quais 24 foram assassinados, e com a morte
de Teodósio em 395 d.C, Roma foi dividida entre os seus filhos Honório e
Arcádio. A partir desse ponto, Honório fica com o Império Romano do Ocidente,
com capital em Roma, e Arcádio com o Império Romano do Oriente, com
capital em Constantinopla.
Finalmente, em 476 d.C, acaba acontece o fim do império Romano do
Ocidente, e tal fato acaba sendo usado até hoje por historiadores para
podermos definir o início de um novo período, a chamada Idade Média, dando
fim ao período da Antiguidade, com o fim da poderosa Roma, sobrando apenas
o império Romano do Oriente.

A GUERRA DE RECONQUISTA DA PENÍNSULA IBÉRICA

O processo de ascensão política e econômica da Europa passa por diversos


fatores, e um deles fora o processo de reconquista da península ibérica, que
até o século XV era dominada pelos chamados Mouros, uma sociedade que
professava a fé islâmica, e não mantinha boas relações com reinos cristãos e
povos visigodos que estavam na região, muito devido a conflitos e domínios
pelos quais as coroas passaram com os Mouros. Não existiu de fato uma única
guerra para a reconquista da região, mas sim uma serie de conflitos ao longo
de pelo menos dois séculos, que culminaram na expulsão dos Mouros e
proibição do islamismo nos domínios das coroas europeias. A península ibérica
foi invadida e conquistada no ano de 711, durante os movimentos de expansão
islâmica, sob o comando de Tarik Ibn-Zyiad, invadiram a região a partir do
norte da África e atacaram os visigodos que La viviam, obrigando-os a fugirem
para as montanhas das Astrúrias onde teriam uma melhor condição de defesa.
Nesse contexto, pouco tempo depois do assentamento islâmico ser
consolidado, em 718 iniciou-se um movimento de resistência cristã contra os
muçulmanos. A luta era mais do que uma simples disputa territorial, e o caráter
de guerra religiosa logo passou a ser evidente para continuidade do conflito, e
esse primeiro momento de revoltas e conflitos recebe o nome de revolta de
Pelágio.

Porém, as revoltas não conseguiram impedir o avanço Mouro, tendo somente


atrasando um pouco sua caminhada, e entre os séculos VIII e XI quase todo
território da península ibérica foi dominado e um novo império tinha se formado,
o Emirado de Córdoba. Tal dominância veio a perder força somente no século
XII quando o movimento das cruzadas começou a ganhar forma, e uma maior
união entre os reinos cristãos passou a ser necessário para impedir avanços de
seus rivais muçulmanos, destaca-se nesse período vários conflitos que tiveram
sucesso das coroas de reinos católicos, sendo criados vários novos reinos a
partir disso como por exemplo: O Condado de Portucalense, Reino de Aragão,
Reino de Castela, Reino de Navarra e Reino de Leão.

O surgimento desses novos reinos passou a possibilitar uma melhor


organização geográfica para batalhas. A maior conseqüência imediata desses
conflitos foi a criação de dois novos estados nacionais : Portugal e Espanha. A
formação de Portugal, por exemplo, ocorreu a partir da união entre o Condado
Portucalense e territórios ao noroeste da Península Ibérica, a partir de
conquistas feitas sob áreas urbanas e comerciais antes dominadas pelos
Mouros. Esse novo reino tinha como líder em seu período de apogeu Afonso
Henrique, auxiliado por cruzados ingleses, que em 1147 dominou a região de
Lisboa e a fez de capital de seu novo estado. Essa situação fortaleceu Afonso
e sua dinastia, Borgonha, que veio a governar Portugal até 1383, quando
acabaram por ser derrotados na revolução de Avis. Entretanto, o fator de ter
sido o primeiro Estado Nacional europeu após a reconquista das regiões
Ibéricas deu a Portugal grande vantagens econômicas e principalmente na
área marítima, que mais tarde levou as grandes descobertas devido às
expansões marítimas europeias. A reconquista pelos espanhóis foi mais
demorada, e sua formação ocorreu a partir da unificação de diversos reinos
cristãos que estavam fragmentados, e com a série de derrotas que sofriam os
mouros, em 1031 o califado de Córdoba estava extremamente fragilizados. E
foi então que no século XV, que os mouros sofreram sua derrota definitiva,
quando as campanhas de Aragão e Castela, Fernando e Isabel rumaram sobre
os territórios fragilizados dos muçulmanos, conquistando territórios, expulsando
os islâmicos e convertendo suas mesquitas em igrejas católicas, e em 1492,
com a tomada do Reino de Granada, os cristãos que haviam formado o Estado
da Espanha expulsaram os últimos lideres mouros da península Ibérica,
consumando a sua unificação e adquirindo os poderes de um Estado Nacional
em definitivo.

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