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História Antiga Ocidental

Aula 5 - A Crise de sistema Políade e ascensão


dos Macedônios
INTRODUÇÃO

Nesta aula, começaremos discutindo um elemento que agride, mas encanta os historiadores: a guerra. A guerra do
Peloponeso é uma disputa intestina que vai mudando de maneira continua os centros de poder do mundo grego.

Veremos também o crescimento de Tebas como centro de poder no mundo grego e, principalmente, a expansão obtida
por Alexandre da Macedônica.

Em um primeiro momento, notamos a transformação do Bárbaro em principal representante da Hélade. Na busca de


sua afirmação, Ptolomeu nos conta sobre a ascensão de Alexandre e a sua busca de expansão no Oriente, em especial
o mundo Persa.
Neste sentido, Helenismo é a principal característica da expansão alexandrina, juntando aspectos do mundo grego e a
organização político-militar Persa. Uma nova forma de organização surge no mundo, expandindo-se desde o leste
Europeu até as fronteiras da China. Desde a África, até o extremo Oriente.

OBJETIVOS

Observar os aspectos da Guerra do Peloponeso.

Analisar as críticas de Aristóteles ao sistema democrático.

Identificar os aspectos que permitiram entender o crescimento dos macedônios.

Analisar o governo de Alexandre e o helenismo.

Estudar a relação entre Grécia e Roma.


GUERRA DO PELOPONESO
Antes de começarmos nossa aula, vamos refletir sobre as perguntas a seguir?

Fonte:

Como conhecemos a história da Guerra do Peloponeso?

Temos um cronista de guerra, alguém capaz de nos contar com detalhes das batalhas, dos feitos, realizados pelos
gregos. Será?

Será que estudar a história é isso? Achar o relato de um contemporâneo e usar o que ele nos conta para sabermos com
detalhes o que aconteceu no passado?

Isso passa pela compreensão do que é história, de qual é o seu objetivo.

ESPARTA

Antes de passarmos para a Guerra propriamente dita, vamos conhecer um pouco a grande opositora de Atenas:
Esparta?

Fonte: Lev Levin / Shutterstock

Esparta era uma pólis situada na região conhecida como Lacedemônia. Baseava seu modelo político em uma
oligarquia governada por dois reis. Após o século VI a.C, houve uma diminuição de sua produção cultural e
fortalecimento de um modelo militarista.
Os espartanos chamavam seus cidadãos de esparciatas. Sua educação iniciava-se por volta dos 7 anos, quando eram
obrigados a viver com os demais cidadãos da pólis em um regime de caserna. Eram fisicamente habilitados à luta,
aprendendo a sobreviver ao frio e à fome. As meninas também eram obrigadas à prática da atividade física para se
tornarem boas “parideiras”.

Ao nascerem, as crianças eram conduzidas aos éforos, que avaliavam suas características físicas. Caso possuíssem
algum tipo de deformidade, eram jogadas do Monte Taigeto por não servirem aos interesses da comunidade.

Para manter esse modelo, os espartanos submeteram populações vizinhas da Lacônia e constuitíram duas formas de
submissão: os periecos e os hilotas.

Fonte: Irina-PITTORE / Shutterstock

ATENAS
Atenas, como vimos na última aula, vem de um grande desenvolvimento cultural. A cidade (pólis) é construída em torno
da valorização da escrita.

Seus referenciais de poder passam necessariamente pelo desenvolvimento da filosofia e do pensamento escrito. Esse
elemento é central dentro de Atenas.

Após as vitórias diante dos persas, Atenas passa a ser o centro do poder grego,
a liderança da liga de Delos. Cobra impostos, o que garante sua posição
de representante máxima dos exércitos.

Maxim Maksutov / Shutterstock

Esparta, tradicional potência militar da região do Peloponeso, inicia uma sistemática resistência ao crescimento
ateniense. O ponto crítico se dá quando os Coríntios se recusam a permanecer na liga de Delos e os espartanos
afirmam que, se houvesse qualquer ataque a esses, a guerra começaria. E assim se fez. Certeza?

A guerra do Peloponeso é diferente de outras guerras da antiguidade, como afirma Finley. Ela se torna famosa não
pelos seus efeitos de maneira direta, mas sim pelo fato de ser narrada por Tucídides.
Comentário
,
Tucídides e os seus contemporâneos entendem que a história só pode ser escrita por aqueles que viveram a história, não existe
história pela observação do passado e o autor cumpre isso na prática. Seu trabalho, ao narrar os eventos da guerra do
Peloponeso, era manter informados seus contemporâneos e deixar para a posteridade a verdade dos fatos., , Claro que devemos
relativizar, Tucídides era um ateniense relatando os eventos da guerra do Peloponeso, financiado por um dos principais líderes
atenienses, Péricles. Finley, em O Uso e o Abuso da História, mais especificamente no artigo os gregos antigos e sua nação,
sinaliza para desconstruir a ideia de que a Guerra do Peloponeso foi uma guerra civil ou coisa que o valha. É essencial captar o
tom contextual exato. Todo grego antigo, vivendo numa sociedade complexa, pertencia a uma multiplicidade de grupos. Sabemos
que as poleis guardavam grande proximidade cultural, mas isso não fazia dela uma nação no sentido moderno.
Após a perda da última frota no final do extenuante conflito com Esparta, os atenienses concederam - num gesto sem
precedentes - a cidadania ática a Samos, o aliado mais fiel, isto é, fizeram uma tardia e desesperada tentativa para se
duplicar como comunidade.

A efêmera medida foi revertida pela rendição de Atenas em abril de 404 e pela expulsão, uns meses depois, dos
democratas de Samos por parte do golpista ateniense, Lisandro. Pouco tempo depois, foi de novo posta em prática
pela democracia restaurada no arcontado de Euclides. Era uma maneira de honrar os democratas exilados de Samos.

Setenta anos mais tarde, quando Filipe da Macedônia derrotou, em Queroneia, a coligação chefiada por Atenas e
pareceu por momentos que o vencedor, famoso por ser capaz de arrasar totalmente as cidades vencidas, se dirigia
para uma Atenas praticamente indefesa, um político chamado Hipérides, democrático tão irregular na militância como
original na sua vida privada, propôs a libertação de cento e cinquenta mil escravos agrícola e mineiros. Todavia, acabou
por se julgado pela sua ilegal iniciativa, acusado de ser agitador.

Fonte:

Cânfora sinaliza que, no final do século V, mais precisamente no último trintênio, iniciara-se no mundo grego uma fase
de conflitos extremamente sangrenta: uma guerra que envolvera quase todas as cidades deixando pouco espaço aos
neutrais - uma guerra entre todos as cidades estado da Grécia antiga, isto transforma os espaços da Grécia antiga,
trabalha com a própria concepção do poder no mundo ateniense.

Péricles, naturalmente, conhecia bem as etapas e os truques de uma carreira. Quando Ésquilo pôs em cena Os Persas,
a tragédia que exaltava Temístocles, foi ele quem se responsabilizou pelas despesas de instrução do coro.

A imagem corrente é que Péricles corrompeu as massas introduzindo pagamentos estatais para a participação nos
espetáculos e para a participação nos júris do tribunal, além de outras remunerações públicas e festas. A adoção
sistemática destas formas de salário estatal moldou a democracia ateniense no período de seu maior florescimento,
consolidando a imagem de liderança aristocrática.

Quando o Péricles de Tucídides descreve o sistema político ateniense, opõe democracia à liberdade: a falta de outro
termo - diz ele - costumamos atribuir a este regime a designação de democracia porque envolve a maioria na pleiteia:
trata-se, porém, de um sistema político livre.
Fonte:

Em certo sentido, o orador estabelece uma antítese entre


democracia e liberdade.

Então a própria guerra transforma e enfraquece a organização do mundo grego. As oligarquias estão ampliadas, a
relação com os estrangeiros será revista, uma vez que Macedônios, por exemplo, já estão incorporados à Hélade.

Mossé, em seu livro O Processo de Sócrates é bem dramático sobre esse momento:

Xenofontes, continuador do relato de Tucídides, comemora a vitória de Esparta como uma vitória da liberdade.

Não devemos entender que o domínio oligárquico espartano tenha sido melhor que o ateniense. No entanto, significou
o distanciamento de Atenas do centro de poder.

Claude Mossé demonstra a substituição dos modelos políticos da Hélade por centros oligárquicos e pela ascensão
dos macedônios no mundo grego.

MACEDÔNIA
Os macedônios não eram estranhos no mundo ateniense. Eles participavam no século V das Olimpíadas e
participaram em alguns momentos de batalhas do mundo grego.

Acontece que a Macedônia era uma região maior que as principais cidades Estado, tinha uma economia e um sistema
de guerra. No entanto, o mundo grego era referência cultural mais importante, tinha sistemas complexos e construções
que geravam admiração dos grupos tratados como bárbaros, como os macedônios.

Alexandre da Macedônia ganha notoriedade durante o período tebano, ou seja, após a derrota de Esparta em novo
embate entre as poleis gregas.

As tradicionais cidades-Estado estavam enfraquecidas,


empobrecidas e precisavam do apoio militar de Felipe.
Ele envia então, nobres para serem educados nos valores
do mundo grego. Um deles é seu filho, Alexandre.
Comentário
,
Felipe II da Macedônia apaixonou-se pela bela sacerdotisa tebana, a princesa Olímpia, no século IV. Boa parte da história sobre
Alexandre é escrita por Plutarco, grego do século II. A distância temporal em sua narrativa faz com que tenhamos cuidado em
apreciar seus relatos.
Alexandre, o Grande, é a figura do marco decisivo entre o período chamado helenístico (até o século II d.C.) e o que o
precedeu.

O relacionamento entre macedônios e gregos é historicamente complexo. Embora as cidades-Estados gregas fossem
primeiramente democracias ou oligarquias, Macedônia era um reino composto por cantões separados governados por
líderes locais poderosos.

Ao iniciar seu relacionamento com os Macedônios, os gregos começaram a repensar seus padrões culturais. Os
gregos esperaram determinados comportamentos para demonstrar que você era grego: participação nos jogos e
consulta aos oráculos, por exemplo.

Os macedônios participavam nesses eventos, mas eram geralmente os reis macedônios que afirmaram ser gregos.

Filipe II foi visto como o homem que transformou a Macedônia e fez dos macedônios, gregos.

Filipe certamente nunca esperou assentar ao trono de rei. Seu pai, Amyntas III (393-370 BC), tinha dois filhos mais
velhos que precederam Filipe II no trono.

Alexander II (370-368 BC), que foi assassinado por seu cunhado e Perdiccas III, que governou entre 360-359.

O reinado de Alexandre foi marcado por guerras nas fronteiras, em especial contra as tribos do norte que pacificou
usando técnicas bastante gregas: diplomacia, corrupção e aliança militar.

Após ter fixado as fronteiras do norte de seu reino, as ambições de Felipe se moveram para o sul e o leste. Uma vez
que tinha capturado as minas de ouro de Mt. Pangaion, a etapa seguinte era tratar das cidades do Chalcidice: Torone,
Olynthus, e Amphipolis.

Esse movimento acabou por envolvê-lo em um conflito com Atenas que considerava Amphipolis como sua própria
colônia.

Filipe II expandiu seu território ora apoiando, ora atacando as poleis gregas, valendo-se de suas próprias disputas, até
os limites de Termópolis.

Filipe torna-se um dos poderes mais importantes do mundo grego, a ponto de no século IV, Demóstenes, um orador
ateniense, defender claramente na Ágora a aliança com Felipe.

Em 338, o último exército livre dos gregos foi destruído pelos macedônios, com o Felipe comandando diretamente o
exército com seu filho de 16, Alexandre, na frente de batalha.
Arak Rattanawijittakorn / Shutterstock

Em Coríntios, Felipe estabelece a liga helênica, mas não reivindica um poder rela frente aos gregos. Dois anos mais
tarde, em 336, Felipe foi assassinado e sucedido por seu filho, Alexandre.

Fonte:

A vitória macedônica iniciaria uma era nova, em que os exércitos de Alexandre levariam elementos da cultura grega de
Atenas a Afeganistão, mas não até a guerra da independência de encontro aos turcos, 2.100 anos mais tarde, os
gregos estariam livres.

A construção mítica trabalha a ideia de que na noite de núpcias, antes de Felipe possuir Olímpia fisicamente, Zeus
desce como um raio e a engravida. Felipe, desconfiado, prende Olímpia em uma torre na floresta até que seu filho a
reconduz ao trono ao seu lado. Caros, não podemos pensar no mito de maneira dura, mas entender sua
representatividade.
Nesse sentido, é que entendemos a legitimidade alcançada por Alexandre. Sem dúvida um domínio aristocrático nas póleis, que
não representavam uma monarquia, como a compreendemos, mas um reconhecimento aristocrático do poder macedônico em
torno de Alexandre.
Vejamos:

Primeiro combateu vitoriosamente os Trácios que se opunham ao poder de Alexandre. Em uma assembleia em 335 a.C. em
Coríntios é escolhido como o líder militar dos gregos para uma nova campanha conta os persas.

Reprimiu ainda revoltas como Ilírios a norte e em Tebas contra seu domínio.

As vitórias sobre os persas foram emblemáticas, nas imediações de onde provavelmente era Troia cumpriu-se oferendas aos
guerreiros que por ali passaram, Dário III depois de uma série de derrotas militares foi vencido.
Alexandre, e o modelo de governo macedônico, bebeu de maneira singular na organização persa. Suas vitórias sobre a
Babilônia e Egito fazem com que o próprio Alexandre assuma o título de rei da Pérsia. O conceito de rei dos reis é
reformulado.

Para marcar seu poder, Alexandre manda construir grandes cidades no Oriente, sempre com a visão de dialogar com as
duas culturas.
Comentário
,
O helenismo sem dúvida nenhuma é a relação entre estes dois mundos. Existe muito de personificação neste momento, mas, por
favor, evitemos. Não é Alexandre capaz de tudo como Plutarco defendeu, nem tão pouco, outros heróis que a história inventa,
tenhamos sempre cuidado., , Vale a pena sinalizar que não devemos acreditar no discurso fílmico como verdade, é licença poética
e para o historiador ajuda a visualizar, pensar. O discurso do filme, por exemplo, é claramente afirmar que a opção sexual não
invalida ninguém de ser um herói... O que no mundo grego é uma prática bem diferente, uma leitura não sexualizada como
pensada na prática contemporânea.
Glossário

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